O documento discute a antropologia cultural norte-americana e os estudos de Margaret Mead sobre como a cultura molda os papéis de gênero. Mead mostrou que comportamentos considerados masculinos ou femininos variam entre culturas e são socialmente construídos, não determinados biologicamente. Seu trabalho desafiou visões essencialistas sobre diferenças entre os sexos.
2. Antropologia
Cultural Norte-americana:
Fundador: Franz Boas (1858-1942). Ele rejeita
a ligação tradicional entre raça e cultura. Crítico
ao evolucionismo.
Elabora o conceito de cultura como uma estrutura
relativista, pluralista, integrada e historicamente
condicionada para o estudo da determinação do
comportamento humano.
Mostra as inúmeras possibilidades de
variação cultural produzidas social e
historicamente
3. Antropologia cultural norte-americana
estabeleceu profundas relações com a
história e a psicologia social – adquire uma
dimensão prática e política. Desenvolve
duas áreas de estudo:
-Estudos sobre cultura e personalidade:
Ruth Benedict, Margaret Mead
- Estudos dos contatos culturais: Robert
Redfield, Oscar Lewis, Melville Herskowitz
4. Escola de Cultura e Personalidade
A partir dos anos 20 do século XX
A formação dos padrões de personalidade e
temperamento baseiam-se nos condicionantes da
cultura, da história e da psicologia
Pesquisa de Ruth Benedict (1887-1948): Padrões de
cultura (1934): fala dos estilos de personalidades
desenvolvidos nas culturas humanas.
Entende a cultura como um “grande arco” sob o qual se
colocam os interesses e as possibilidades humanas. O
sentido dado aos fenômenos depende da escolha e da
organização produzida pelos homens, dos elementos e
instituições depositados no fundo do arco.
5. Escola de Cultura e Personalidade
Pesquisa de Margaret Mead (1901-1978)
com adolescentes das ilhas Samoa e Manu.
Livros importantes: Coming of age in
Samoa (1928); Growing up in New Guinea
(1930); Sexo e Temperamento (1935) e
Macho e fêmea (1947): contribuíram na
formulação do campo da antropologia da
criança e a antropologia da educação
6. Características principais dessa
“escola”
Enfase no estudo das especificidades
culturais locais em termos de uma
totalidade coerente e integrada
Enfase na interdisciplinaridade, sobretudo
com a psicologia
Enfase na relação indivíduo-sociedade
resultando na caracterização de
configuraçõesculturais e tipos psicológicos
Enfase nos processos de socialização,em
particular, a educação infantil
7. Antropólogos e psicólogos: estudos sobre
cultura e personalidade, principalmente
estudos de formação do “caráter nacional”
de um povo ou país
Impacto da Segunda Guerra mundial
nesses estudos
8. Ciências sociais postulam que as diferenças
entre os gêneros são socialmente construídas
Não há um padrão universal para
comportamentos sexuais ou de gênero que seja
considerado normal, certo ou superior
Arbitrariedade cultural: o gênero só pode ser
compreendido em relação a uma cultura
específica
Na cultura ocidental, supoe-se que o masculino
seja dotado de maior agressividade e o feminino
de maior suavidade e delicadeza
9. Margaret Mead, na década de 193O, estudou
esta questão em outras culturas e
descobriu que não existe relação direta
entre sexo, conduta social e personalidade
10. Demonstrou que os papéis sexuais eram
determinados pelas expectativas sociais
Exemplo: 3 culturas de Nová Guiné:
- Arapesh: “cultura maternal”
-Mundugumor: comportamento agressivo
-Tchambuli: personalidades invertidas em
relação ao padrão ocidental
11. “Aqui, procurando reconhecidamente alguma luz sobre a
questão das diferenças sexuais, encontrei três tribos,
todas convenientemente situadas dentro de uma área
de cem milhas. Numa delas, homens e mulheres
agiam como esperamos que as mulheres ajam: de
um suave modo parental e sensível; na segunda,
ambos agiam como esperamos que os homens
ajam: com bravia iniciativa; e na terceira, os homens
agem segundo o nosso estereótipo para as
mulheres, são fingidos, usam cachos e vão às
compras, enquanto as mulheres são enérgicas,
administradoras, parceiros desadornados”. (1969;
10)
12. A proposta, segundo Mead, era o estudo do
“condicionamento das personalidades sociais dos
dois sexos”. (1969; 09).
Em outras palavras, podemos dizer que Margaret Mead
estava interessada em saber como uma sociedade
poderia moldar os comportamentos de homens e
mulheres, o que significa dizer que os
comportamentos de homens e mulheres podem
variar de acordo com seu contexto social.
O modo como homens e mulheres se comportam em
sociedade corresponde a um intenso aprendizado
sociocultural que nos ensina a agir conforme as
prescrições de cada gênero
13. O papel que a biologia desempenha na determinação
dos comportamentos humanos é fraco. Contudo, de
acordo com o senso comum, as condutas de homens
e mulheres originam-se de uma dimensão natural
inscrita nos corpos
A natureza humana é incrivelmente maleável,
respondendo diferentemente a condições
culturais contrastantes
As diferenças entre indivíduos de diferentes
culturas devem ser atribuídas às diferenças de
condicionamento, em particular durante a
primeira infância
14. As pessoas nascem pertencendo a um dos
sexos, mas elas só passam a pertencer ao
gênero masculino ou feminino através de
um processo de aprendizado, ou seja, de
socialização. O sexo, neste sentido, é um
conceito biológico, ao passo que o gênero é
um conceito que enfatiza os aspectos sócio-
culturais, sendo, portanto, sociológico.