Este documento apresenta uma coleção de poemas curtos sobre temas afro-brasileiros e a cultura africana, incluindo a diáspora, a escravidão, a liberdade, as tradições e os valores. Os poemas celebram a herança africana e promovem o debate sobre questões sociais relacionadas à raça e identidade. A introdução descreve o objetivo do concurso de poemas de promover esses debates por meio da arte e da poesia.
2. iniciativa, organização:
- Odé Amorim (AfroEscola Laboratório Urbano, OFICINATIVA),
projetooficinativa@hotmail.com, 11 4425 4458
- Claudia Silva (coordenadora de projetos Biblioteca do CEU 3 Pontes),
claudiaceu3pontes@gmail.com, 11 3397 6432
- Madeline Cecim (Bibliotecária do CEU 3 Pontes,
madelinececim@gmail.com)
Ano de vários e significativos passos
adiante, por mais dignidades,
liberdades, criatividades,
comunidades. E mais consciências
e mais ciências sempre!!!
AfroAbraços
Odé Amorim
Texto da primeira publicação AfroPoemas, em novembro de 2011 (ainda atual):
“É crescente a necessidade de falar sobre temáticas sociais que ainda hoje são nós
pessoais e coletivos na constituição psicológica de nossa nação. E se conseguimos fazê-
lo por caminhos artísticos / poéticos, acreditamos que tais debates e reflexões podem
experimentar processos e resultados impressionantes. Essa foi justamente a proposta
do concurso solidário AfroPoemas e agora apresentamos a publicação que nos dá
muito orgulho. E certamente vontade de fazer outras...”
3. Eu era de lá!
Sim eu era!
Tinha minha família
minha esposa, mulher, muito bela e forte
e minha filha, linda dos olhos pretinhos feito jabuticaba!
Eu era feliz lá!
Mas um dia eles chegaram
com redes, chicotes, porretes e me prenderam
me jogaram em um barco grande!
com vários como eu, reis, príncipes e guerreiros
Foram dias navegando, com fome, sede, medo
muitos não aguentaram e foram lançados no mar
descanso com Iemanjá!
Até que chegamos
vários homens como eu mas com a pele cor de algodão
gritavam, batiam, me levaram para uma casa!
Nessa casa trabalhei muitos anos
sempre com muita Saudade de lá!
Até que um dia me libertaram
disseram que uma tal de princesa
foi bondosa o bastante pra isso
E me deixaram
numa terra que não era minha
com um povo que não era o meu
e uma religião que não era a minha
mas a Saudade essa sim era minha
mas toda vez que me lembro da minha filha
olho para a noite e lembro dos seus olhinhos
pretinhos como jabuticaba.
Pedro Augusto Souza da Cunha
África em todos os sentidos
na dança do som do tambor
no sabor da pimenta
no perfume do dendê
com seu aroma e cor
na memória
com seus cantos cheios de ensinamentos
nas histórias das princesas
negras e guerreiras
que os livros não contam...
Gosto do cheio forte
e marcante do negro
sou uma mulher de cor parda
cabelos cacheados que carrego
na minha essência
o gosto e a paixão por África
principalmente o paladar
Obrigada Mãe África!
Maria Dias
AfroPoemas 2015 # 3AfroPoemas 2015 # 10
4. Negra Virtuosa, seu coração é de ouro
seu amor é do tamanho do universo
falo para você, tu és guerreira
tu és princesa vencendo batalhas
tu és negra, na luta pela liberdade
e na escravidão não se calou
És filha da África – tens seus valores
com sabedoria venceu
Negra que não fugiu da luta
com atitude lutou
venceu e salvou
Viva Zacimba Gaba!
Fábio Pererê
A ALMA
DA RAÇA HUMANA
Assim como eu,
você nasceu do ventre da patroa
não é tramóia
é paranóia do pensamento do negro
Assim
como o negro precisa nanar
o branco precisa ninir,
despertar para a vida
é como nascer da noite
Claudia Pererê
AfroPoemas 2014 # 9AfroPoemas 2015 # 4
5. Eu venho de um quilombo distante...
Lá o berimbau é o rei
e o atabaque ressoa nos quatro cantos da terra
Eu venho de um quilombo distante
onde as mulheres usam pérolas nos cabelos
e as crianças brincam livremente,
Lá não existe opressão,
e é a fruta pão que nos alimenta,
lá os homens lutam pela liberdade
e semeiam a terra
Eu venho de um quilombo distante,
onde as folhas sagradas nutrem o húmus da vida,
Lá os corpos vibram felicidade
e dançam com agogôs, gonguês e xequerês
Ah! Minha Aruanda querida,
que saudades do seu rio sereno,
das suas águas abundantes
e suas músicas de paz
Que soe o seu canto através do tempo!
Infinitamente viva!!!
Mariana Aguiar
Tinha calombo na cacunda da vovó
catinga branca, mironga em meu xodó
quibungo sacana não permite xaxaxá
zabumba e quitute, moleque faz saravá
Oh Calunga
samba é bom mas faz fuçar
Oh Calunga
dá cafuné pra cochilar
Odé
AfroPoemas 2015 # 5AfroPoemas 2015 # 8
Calunga tá me chamando
patota para brincar
reco-reco tá tocando
pra todo Ibeji dançar
Odé
Iohana
Aisha
6. Como una flor,
la Reina Carabalí baila la Conga
contra la esclavitud,
los Orishas tocaban tambor
la Jirafa y el Elefante
cantan sus derechos por la liberación
mientras gritan ASÉ!
el Hipopotamo y el León
criação coletiva no Festival de AfroContação
de Histórias HADITHI NJOO
Fiesta del Fuego, julho de 2013,
em Santiago de Cuba
AFROmais
Escolhendo os excluídos
deixando entrar os incluídos
nossos olhos, cabelos e cor
a mistura que a alma faz por amor
saber que “eu” não sou “eu” só
pois cada conhecido se mistura ao meu suor
o respeito e a tolerância mudará tudo
fazendo com que mude nosso mundo
sou poucos, sou você e sou muitos
nascendo todos os dias
todos os dias morremos
pois somos a soma
de todas pessoas que conhecemos
Negro, lindo negro
cheiro, sabores, olhar profundo
forte, negro forte
sorte, que sorte a minha
Conhecer história
a minha história
através de ti
negro, lindo negro
Juliana de Favari Stangorlini
AfroPoemas 2015 # 7AfroPoemas 2015 # 6
Vesti meu abadá, distribui AXÉ
e toquei meu agogô
Ganhei um cafuné, agradeci com acarajé
e recebi mojubá
Oxalá meu amigo criolo,
pra todos nós saravá
Mesmo com caxumba e dor na cacunda
com Olodum fui brincar
criação coletiva com professoras na assessoria
lei 10.639 em Ribeirão Pires, 3 de agosto de 2015
Martin