1) A autora nasceu na Holanda em 1977 de mãe portuguesa e pai inglês, dando-lhe tripla nacionalidade.
2) Em 1980, mudou-se com a família para a Inglaterra onde o pai abandonou a família em 1982, deixando a mãe sozinha com dois filhos.
3) Em 1987, a mãe recebeu um emprego no Algarve e mudaram-se para Portugal, onde a autora completou o ensino básico.
1. AUTOBIOGRAFIA
O meu nome é Nina Jane Duarte Abbott, nasci em Leiderdorp, Holanda a 23
de Setembro de 1977. Sou filha do primeiro casamento da minha mãe, Maria Estela
Ventura Duarte Abbott e filha de Christopher Reid Abbott. Aminha mãe é natural
de Figueiros, concelho do Cadaval e o meu pai de Hitchen –Hentfordshire. Por ser
natural da Holanda e sendo a minha mãe Portuguesa e o meu pai Inglês, tenho por
direito tripla nacionalidade.(Anexo certificados de nascimento)
A minha mãe com apenas14 anos,trabalhou como ama de 5 crianças de uma
família espanhola que vivia em Cascais.Com 24 anos imigrou para a Holanda para
trabalhar no Hotel “Hilton” em Amsterdão, onde conheceu o meu pai. O meu avô
paterno, trabalhou na sede da “Shell” em Amsterdão, assim o meu pai passou maior
parte da sua infância na Holanda. Depois de casarem, nasceu em 1975 o meu irmão
mais velho Michael James Duarte Abbott e como já referi eu em 77.
Em 1980 regressamos para o Reino Unido, o meu avô paterno adquiriu uma
quinta enorme em Derbyshire, chamava-se “ThickwithinsFarm” e funcionava como
Centro Hípico. Apesar de a quinta ser do meu avô, ele não habitava lá, os meus pais
geriam a quinta e o negócio. Tenho muito boas recordações, sempre adorei animais,
e viver lá em criança… bem…estava no meu mundo! Quem me dera hoje poder ter
aqui, o espaço e os animais que lá tínhamos. Lembro-me imensas vezes do nosso cão,
o Ricky, um pastor alemão lindo, o pónei Bootsy e a Persy, uma égua linda.
Em 23 de Setembro de 1982, no dia do meu quinto aniversário, o meu pai
saiu de casa. Ele trabalhava também no Hotel “TheHadden Hall” em Buxton, lá
envolveu-se com uma colega de trabalho, e foi viver com ela e os seus filhos. Foram
dias muito difíceis, principalmente para a minha mãe. Eu e o meu irmão eramos
muito novos e confesso que não me recordo de tudo ao pormenor, penso que
bloqueei muita coisa inconscientemente para me proteger. Eu era muito agarrada
ao meu pai. A minha mãe, uma lutadora, começou a trabalhar desde muito nova, não
teve uma infância nada fácil, só tinha a quarta classe, e encontrava-se sozinha num
país estrangeiro, com duas crianças pequenas, sem ajuda de ninguém e a viver numa
casa que não era dela. A quinta apesar de ser fantástica, era localizada no norte da
Inglaterra, o inverno lá era duro, nevava tanto que ficávamos isolados, houve
alturas em que as tropas britânicas foram de helicóptero largar comida prós
animais.
O meu avô queria que a minha mãe abandonasse a quinta para a poder
vender, a minha mãe sabia que por lei na Inglaterra ele não podia exigir que ela sai-
2. se, porque tinha os dois filhos menores, então recusou-se. Começaram então os
dias difíceis, não havia dinheiro, e o meu avô mandou desligar o aquecimento. Na
Inglaterra a maior parte das habitações utilizam aquecimento central que funciona
com um tanque de petróleo. A certa altura já não havia electricidade, vivíamos
resumidos a um dos quartos paratentarmo-nos manter quentes, e sei que a minha
mãe passou fome, lembro-me que um dia tivemos uma banana para dividir pelos
três.
Em fins de 1983 abandonamos a casa, a minha mãe tinha 3 empregos e
conseguiu comprar uma casa nos arredores de Buxton em Heithfeild, era geminada
tinha um pequeno jardim à frente e outro atrás, tudo o que precisávamos A minha
mãe continuava com os 3 empregos, e nós passávamos muitos fins-de-semana na
casa dos vizinhos da quinta, pessoas que hoje tenho no coração como família.
Em 83 entrei para a escola primária “St. Ann’sCathlicSchool” em Buxton,
onde completei o nível básico de escolaridade. Correu tudo na normalidade.
Em 1987 a minha mãe recebeu uma oferta de trabalho em Portugal, no
“Parque da Floresta” campo de golfe que estava prestes a abrir em Budens,Algarve.
E assim começou uma nova etapa, viemos para Figueiros a terra onde nasceu a
minha mãe e reside a maior parte da minha família materna. A minha mãe partiu
para o Algarve para iniciar o trabalho e organizar a casa para nos mudarmos,
entretanto ficamos com as nossas tias.Eu vivia na casa da minha Tia Júlia em
Palhoça, 2km de Figueiros e o meu irmão na casa da minha Tia Juliana. Ficamos em
casas separadas porque, a Júlia tinha um casal de filhos Carla e Graciano, então eu
dividia quarto com a minha prima, a Juliana tinha em casa dois rapazes Jorge e
Nuno, o meu irmão dividia com os primos. Andávamos todos na mesma escola no
Cadaval.Ingressei no 5º Ano, não falava português, posso dizer que foi uma
experiencia interessante. A minha primeira aula de português, lembro-me como se
fosse ontem, quando entrei na sala de aula e o professor pediu-me para ler um
texto do livro, pensei que ele estivesse a brincar, mas não tive sorte, e lá comecei
a ler, os meus colegas adoraram, foram 50min de risota. Foi a minha primeira e
ultima aula de português na escola do Cadaval. Fiz uma escolha, as aulas que
frequentava eram: Inglês (claro ), matemática, Ed. visual e Ed. física. O meu
primo Jorge não era muito dado a frequentar as aulas, por onde ele andava eu ia
atrás. Sabia-se de início que não falando português nunca iria passar de ano, servia
sim para aprender a língua, e esse objectivo foi conseguido com distinção.
Verão 1988, destino Falfeira, Lagos, Algarve. Lembro-me bem, o primeiro
passeio da Falfeira até ao centro da cidade de Lagos, quando cheguei a meio da Av.
3. dos Descobrimentos, tive que parar e olhar bem para o que estava a ver, foi amor à
primeira vista, era sem dúvida o sítio mais bonito que tinha visto até á data.
Depois das férias de verão, mudamos de casa. Fomos viver para Budens,
muito mais perto do trabalho da minha mãe e entretanto começou mais um ano
lectivo, desta vez em Lagos, onde completei o 5º ano. No ano seguinte abriu uma
nova escola em Vila do Bispo, passei a frequenta-la porque ficava no concelho de
residência. Completei lá o 9º ano.