Este documento descreve um projeto de uma escola em Palmela, Portugal para recriar historicamente o Passeio Público na década de 1920 como parte das comemorações do centenário da República Portuguesa. O projeto inclui pesquisa histórica, concepção de guarda-roupa e cenários, sensibilização da comunidade escolar e ligação à comunidade local para participar no evento e recriar a vida social e política da época.
O desenvolvimento é um conceito mais amplo, pode ter um contexto biológico ou...
Projecto passeiopublico
1. Escola Básica dos 2º e 3º Ciclos Hermenegildo Capelo – Palmela
Ano Lectivo 2010 / 2011
VIAGEM PELA HISTÓRIA DE PALMELA na
1ª república
O PASSEIO PÚBLICO EM 1920
Um Projecto do Departamento Curricular de Ciências Sociais e Humanas
2. INTRODUÇÃO
O projecto «O Passeio Público em 1920» terá lugar no dia 9 de Junho de 2011 e tem
como principal objectivo a comemoração do centenário da República.
A nossa escola pretende levar a cabo, no Largo S. João, a recriação histórica do
Passeio Público, no primeiro quartel do século XX. O Passeio Público correspondia à
zona nobre das localidades – uma avenida, um largo, um jardim – e era, por excelência,
o ponto de encontro da população.
É neste cenário que pretendemos reviver o dia 5 de Outubro de 1920, feriado
nacional, comemorando 10 anos da implantação do regime republicano.
À tarde, o local enche-se de gente: gente do campo que vem passear, ataviada
com os seus melhores trajes e que se cruza com a gente da vila; trabalhadores rurais e
proprietários, comerciantes, industriais e figuras relevantes da localidade encontram-se
neste espaço.
A pé, a cavalo, de charrete e até de automóvel, todos se dirigem ao mesmo local
– o Largo de São João. Uns param a conversar, as crianças brincam e fazem rodas, as
mulheres elegantes desfilam como na passerelle, magalas e sopeiras iniciam e terminam
namoricos. A este convívio social, juntam-se outras atracções: música, dança, pequenos
espaços de venda de comida/guloseimas, pequenas recordações, registos fotográficos,
venda de jornais, entre outros.
Queremos transformar este dia num dia de festa, onde alunos, professores,
funcionários, encarregados de educação e restante população do concelho de Palmela
participem activamente, demonstrando que, com a colaboração de todos, um projecto de
escola pode transformar-se num evento de grande qualidade que atraia forasteiros e
contribua para o conhecimento e valorização de uma vila tão bonita como Palmela.
Finalmente e como esta é uma actividade pensada essencialmente para os nossos
alunos, pretendemos, através do seu envolvimento no projecto, promover o gosto pela
pesquisa histórica, desenvolver a imaginação empática, valorizar o património e
desenvolver o espírito de cooperação com a comunidade, contribuindo, desta forma,
para atingir as metas de escola.
3. CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA
Portugal enfrentara o final da I Grande Guerra com uma guerra civil, alimentada
pelas divisões em torno da participação de Portugal nesse conflito e pela permanência
do recurso à violência como método de luta política. No plano económico mantinha-se a
tendência inflacionista que, juntamente com o desemprego, geravam grande
descontentamento social, sobretudo nos meios urbanos. A guerra trouxera a carestia e a
especulação e acentuara as desigualdades sociais.
A instabilidade política era enorme e os partidos não mostravam ser capazes de,
por si, a resolver. Só em 1920 tomaram posse 7 novos governos. O presidente da
República, nesse ano, era António José de Almeida
Palmela era uma freguesia do concelho de Setúbal, desde 1855. Em 1911 tem 12.829
habitantes, na sua larga maioria presos à terra, dependentes do trabalhos das jornas que
as grandes herdades oferecem, mas responsáveis também pelas pequenas courelas que
arrendam, não só como suplemento para os magros vencimentos, mas para salvaguarda
da, sempre presente, ameaça do desemprego.
Apesar disso, há progresso económico. Existe trabalho nas grandes herdades
como Rio Frio, Quinta da Torre e Algeruz . O trabalho atrai gente de fora, que vem
conferir vida e desenvolvimento a todo o território de Palmela. Em 1910, a freguesia de
S. Pedro de Palmela é uma das mais prósperas do concelho de Setúbal, facto que
reacende, em muitos, o desejo de reconquistar a autonomia administrativa. É com esse
propósito que, em 1914, é constituído o Grupo Pró-Restauração do Concelho de
Palmela.
No entanto, apesar do progresso económico, o progresso social não acontece.
Em 1911, entre os cidadãos residentes na freguesia de Palmela, apenas 14% sabem ler.
A maioria da população é analfabeta, vive alheada das questões políticas e está
preocupada, sobretudo, em sobreviver.
No estrangeiro, pelo contrário, o progresso avança. Reúne pela primeira vez, em
Genebra, a Sociedade das Nações. Nos EUA, é concedido o direito de voto às mulheres,
em todos os Estados. Na moda, é lançado o 1º número da revista francesa Vogue. Em
Agosto realizam-se os Jogos Olímpicos de Antuérpia. Em Inglaterra é introduzido o
subsídio de desemprego na indústria. Em Pittsburgh (EUA) dá-se início à primeira
emissão regular de Rádio.
4. ETAPAS DO PROJECTO
Investigação Histórica Vida quotidiana – alimentação, passatempos,
vestuário , adereços…
Contexto político, social e económico
Folclore: danças, cantares, folguedos
Linguagem; termos utilizados
Estrutura da sociedade e relacionamento entre
estratos sociais
Estrutura mental e ideológica da época
Elaboração de um guião final
Concepção de Guarda- Desenho dos modelos de vestuário que poderão ser
Roupa, Cenários e usados, adaptando os modelos e materiais, tendo
Adereços em conta a facilidade da sua obtenção e a
simplicidade da confecção
Distribuição dos modelos por todos os
participantes, com indicações sobre o tipo de
materiais
Confecção e aquisição de adereços
Adaptação do espaço disponível para o desenrolar
da acção e distribuição dos grupos no local
Disposição, no espaço, do mobiliário e adereços
adequados
Sensibilização da A sensibilização será feita nas reuniões:
Comunidade Escolar
de Conselho Pedagógico, de Departamentos e de
Conselhos de Turma;
Com funcionários da escola;
Com encarregados de educação.
Ligação à Comunidade Será solicitada a colaboração de várias entidades locais:
Autarquia e Juntas de Freguesia
Museu Municipal
5. Sociedades Filarmónicas e Recreativas:
Humanitária e Loureiros
Grupo de Teatro «O Bando»
Escuteiros
Forças de Segurança
Entidades económicas: Confraria Gastronómica,
produtores locais de gastronomia, Palartes:
confecção e venda de artigos artesanais,
produtores de vinho, Casa-Mãe rota dos vinhos,
restauração, ranchos folclóricos.
GUIÃO DA ACÇÃO
Volvidos dez anos após a implantação da República, os portugueses perderam a
esperança numa vida melhor. O novo regime não conseguiu criar riqueza nem melhorar
as condições de vida dos mais desfavorecidos. Para agravar este panorama, Portugal
participara na I Guerra Mundial e a situação económica, social e política do País
degradara-se de forma acentuada. Palmela, por seu lado, anseia ser concelho.
Ora, neste dia, enquanto os republicanos cantam o hino e dão vivas à República,
outros manifestam-se contra o regime, havendo até quem defenda o regresso da
Monarquia. Trocam-se provocações, o que torna necessária a intervenção da Guarda
Nacional Republicana.
Indiferente a essas situações a população passeia-se, a banda toca no coreto,
conversa-se, namora-se, as crianças brincam, tomam-se bebidas e comem-se doces e
goluseimas. As famílias tiram o retrato ou fazem compras junto dos vendedores que por
ali circulam.
Distribuídas pelo recinto do Largo, encontram-se barraquinhas que vendem
vinho, queijo e enchidos, pão, doces, bolos, licores, chás e limonadas. Outras vendem
produtos de artesanato.
6. Pelo meio encontram-se personalidades importantes da época em Palmela:
O Presidente da Câmara (de Setúbal) – Sr José António de Azevedo
Sr. Joaquim Preto Brandão – nascido em Sesimbra, membro da primeira
comissão administrativa da Câmara de Setúbal e do Parlamento
Republicano; empenhou-se na restauração do concelho de Palmela desde
1914. Colaborou em jornais como o semanário «Folhas de Setúbal».
O Padre
O Professor Primário
A Médica – Sra D. Sofia Afreixo
E ainda outras personagens:
Polícias
Burgueses
Gente do povo
Ardinas
O Fotógrafo «À la minute»
O Engraxador
As Beatas
Animadores de rua – troupe de ciganos
Vendedores: laranjas, maçã riscadinha, fava rica, mexilhão, morangos, queijo
saloio, azeitonas, tremoço saloio e pevides, capilé.
O galego dos barquilhos
O cauteleiro
O aguadeiro