Este documento discute a pedagogia de projetos e a brincadeira no contexto da educação infantil. Ele apresenta uma entrevista com uma professora onde ela descreve como o trabalho por projetos acrescenta valor pois parte do conhecimento prévio das crianças e estimula sua pesquisa e participação ativa, ampliando a aprendizagem de todos. O documento também discute a importância das brincadeiras nesta fase e fornece exemplos de projetos que podem ser implementados.
1. A pedagogia de projetos e a brincadeira
no contexto da educação infantil
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2. Organizadoras:
Ailana Arrais
Gabrielle Brum
Gelcinete Lopes
Natália Belchior
Valéria Coelho
Viviane Barros
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3. Apresentação
Trabalhar com projetos não é fácil, mas também não é uma tarefa impossível. O trabalho por
projetos possibilita a abordagem de diversos tipos de conhecimento e tem como ponto de partida o
interesse dos alunos.
Este livro tem como foco a pedagogia de projetos no contexto da educação infantil, oferecendo
exemplos para subsidiar o trabalho do educador, além de mostrar através de entrevista, como uma
escola de educação infantil do município de Niterói tem realizado este trabalho, e que mudanças a
pedagogia de projetos trouxe para a escola, os educadores e seus alunos. Também será apresentado
um resumo sobre a importância das brincadeiras nesse fase e alguns exemplos que podem ser
inseridos pelo professor no contexto educativo.
“Pipas, peões, bolas, balões, skates e patins
Vovó, vovô, mamãe, papai, família
É fácil imaginar uma aventura
Dentro de uma selva escura
Com perigos e armadilhas
Viagens para encontrar minas de ouro
Piratas e um tesouro enterrado numa ilha
Imagens, games, bate-papos no computador
O tempo é cada vez mais apressado
E mesmo com todo esse imenso interativo amor
O mundo da criança é abençoado
O mundo da criança é abençoado”.
Mundo da criança (Toquinho)
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4. Sumário
1 Pedagogia de projetos, 9
2 Entrevista, 13
3 Escola da Ponte, 21
4 A importância da brincadeira para as crianças, 27
5 Com a mão na massa, 31
6 Para saber mais, 32
7 Bibliografia, 33
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5. Capítulo 1
Pedagogia de projetos
Os Projetos de trabalho contribuem para
uma resignificação dos espaços de
aprendizagem de tal forma que eles se
voltem para a formação de sujeitos ativos,
reflexivos, atuantes e participantes
(HERNANDEZ, 1998).
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6. Pedagogia de projetos
A discussão sobre pedagogia de
projetos surge no início do século XX, com
John Dewey que postulava que a educação
é um processo de vida e que a escola deve
representar a vida presente. Trabalhar com
projetos possibilita aprender um sentido
novo; pois os projetos de trabalho geram
situações de aprendizagem reais e
diversificadas, além de permitir que os
alunos, ao decidirem, opinarem e Fonte: getty images
debaterem construam sua autonomia,
formando-se como sujeitos culturais.
Trabalhar com projetos é ser convidado a
mudar, e mais, é transgredir com toda uma
concepção de trabalho, e mais amplamente,
com a educação como um todo, com uma
sociedade e com o processo de formação
das crianças. Falar em projetos não é falar
em uma metodologia, em um “como fazer”,
pronto e dado, mas sim em uma alternativa
que vai sendo construída, que permite
formar o ser em uma esfera de totalidade.
Deixa-se de ser passivo, aquele que tudo
recebe pronto e acabado, e passa-se a ser
Fonte: getty images
autor, construtor do processo.
Fonte: getty images
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7. O projeto ajuda a formar o ser, a buscar, pesquisar e
possibilita a vontade e a liberdade do querer saber. Nele, a
dúvida, o questionamento deixa de ser um ponto negativo
pertencente ao campo do não-saber e passa a ser um dos
principais motores para que o desenvolvimento e o
aprendizado se desenvolvam. Parte-se do que sabemos e
do que desejamos saber, de nossas perguntas, ou seja, os
problemas ou temáticas podem surgir de um aluno em
particular, de um grupo de alunos, da turma, do professor
ou da própria conjuntura. O que se faz necessário garantir é
que esse problema passe a ser de todos.
O trabalho com projetos nos permite romper com o
modelo tradicional que diz trabalhar com a totalidade e com
uma interdisciplinaridade quando, na verdade, apenas
disfarça-se o modelo existente. Com os projetos de trabalho
há uma possibilidade de “evitar” que os alunos entrem em
contato com os conteúdos disciplinares, a partir de
conceitos abstratos e de modo teórico; nessa mudança de
perspectiva, os conteúdos deixam de ter um fim em si
mesmos e passam a ser meios para ampliar a formação dos
alunos e sua interação com a realidade de forma crítica e
dinâmica. Os conteúdos disciplinares passam a ganhar
significados diversos, a partir das experiências sociais dos
alunos, envolvidos nos projetos.
Assim, vemos que os projetos de trabalho não se
inserem apenas numa proposta de renovação de atividades,
tornando estas mais criativas, e sim numa mudança de
postura, o que exige um repensar sobre a prática, e
portanto, uma quebra de paradigma. A Pedagogia de
projetos é um caminho para transformar a escola em um
espaço aberto à construção de aprendizagens significativas
Fonte: getty images para todos que dele participam. Por meio de ambientes de
aprendizagem colaborativa, auxiliará bastante na
construção de conhecimentos, habilidades e valores dos
alunos de hoje.
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8. COMO SURGEM OS PROJETOS
DE TRABALHO?
Existem posições diferenciadas em relação ao
surgimento de um projeto. Alguns educadores se posicionam a
favor de projetos elaborados de acordo com o interesse total dos
alunos. Outros, porém, concordam com o pressuposto de que o
próprio professor pode indicar os temas e iniciar os projetos
levando em conta os seus objetivos pedagógicos.
A lógica desse trabalho é que haja um envolvimento de
toda a turma. Mesmo surgindo do interesse dos alunos, sempre
há o risco de a temática não conseguir estimular todos os
integrantes do grupo e desenvolver-se desfavoravelmente. Essa
é a questão. Então, mesmo que o projeto nasça de uma
intenção do professor ou de um aluno, o importante é promover
uma problemática que seduza os pequenos.
Fonte: getty images
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9. CARACTERÍSTICAS DE UM PROJETO
Um ponto forte quando se trabalha com projetos é o posicionamento do aluno no processo de aprendizagem.
Ele deixa de ser um mero receptor, como em uma pedagogia tradicional, e passa a construir os conhecimentos
juntamente com seus colegas e seu professor. Este, por sinal, tem ganhos significativos em matéria de saberes:
aprende na problematização, na procura e nas discussões promovidas pela turma.
Outro fator é relativo ao aspecto cultural e individual dos educandos. É impossível desconsiderar que cada
um deles tem uma história de vida, modos de viver e experiências culturais distintas. Nesse contexto, a
homogeneização da turma com conhecimentos já estruturados e vistos como neutros não faz parte dessa
pedagogia. É preciso pensar os conteúdos inserindo-lhes no contexto sócio-histórico.
Abrantes (1995) aponta características fundamentais para o trabalho com projetos:
- Um projeto é uma atividade intencional: o envolvimento dos alunos é uma característica-chave do trabalho de
projetos, o que pressupõe um objetivo que dá unidade e sentido às várias atividades, bem como um produto final
que pode assumir formas muito variadas, mas procura responder ao objetivo inicial e reflete o trabalho realizado.
- Num projeto, a responsabilidade e autonomia dos alunos são essenciais: os alunos são co-responsáveis pelo
trabalho e pelas escolhas ao longo do seu desenvolvimento. Em geral, fazem-no em equipe, motivo pelo qual a
cooperação está também quase sempre associada ao trabalho.
-A autenticidade é uma característica fundamental de um projeto: o problema a resolver é relevante e tem um
caráter real para os alunos. Não se trata de mera reprodução de conteúdos prontos. Além disso, não é
independente do contexto sociocultural, e os alunos procuram construir respostas pessoais e originais.
-Um projeto envolve complexidade e resolução de problemas: o objetivo central do projeto constitui um problema
ou uma fonte geradora de problemas que exige uma atividade para sua resolução.
-Um projeto percorre várias fases: escolha do objetivo central, formulação dos problemas, planejamento,
execução, avaliação, e divulgação dos trabalhos.
De acordo com essas características, o projeto constitui-se em um instrumento educativo que dá outro
sentido à aprendizagem: com situações diversificadas, o educando decide, opina debate e constrói sua
autonomia, formando, assim, o sujeito cultural e ativo.
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10. Etapas de um projeto
Quando pensamos em realizar um projeto, devemos pensar também nas etapas que o mesmo terá. Existem três
etapas imprescindíveis para o desenvolvimento de um projeto, que são: problematização, desenvolvimento e síntese.
Problematização
A problematização é o início do projeto. Nessa etapa os alunos vão expor suas idéias, dúvidas, anseios além
de revelar seus conhecimentos prévios sobre a temática. Nesta fase é necessário que o professor fique atento às
expressões dos alunos, pois elas serão de grade valia para o desenvolvimento do projeto, já que as hipóteses
levantadas pelos alunos é que possibilitarão a intervenção pedagógica.
Desenvolvimento
Este momento é ideal para organizar grupos de trabalho para pesquisar sobre o tema em questão, pois esta
segunda etapa é a fase onde se inicia a criação de estratégias com o objetivo de responder às questões
levantadas na etapa anterior.
No desenvolvimento é importante que os alunos comecem a encontrar ocasiões onde eles necessitem
comparar pontos de vista, rever suas hipóteses, colocar-se novas questões, etc. Desta forma os alunos
confrontarão suas idéias com as novas hipóteses levantadas e poderão estabelecer relações entre elas.
Síntese
Em todo esse processo de realização do projeto, os alunos verão suas convicções iniciais sendo superadas
e outras mais complexas sendo construídas. Com isso, os alunos adquirem novos conhecimentos que vão servir
de conhecimento prévio para outras situações de aprendizagem.
Embora tenhamos destacado três etapas do desenvolvimento de um projeto, vale ressaltar que os projetos
são processos contínuos e não podem ser reduzidos a uma lista de objetivos e etapas. Os projetos de trabalho
refletem uma concepção de conhecimento como produção coletiva, fazendo com que a experiência vivida e
a produção cultural sistematizada se entrelacem, dando o significado às aprendizagens construídas.
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11. O trabalho por projetos propicia um grande envolvimento dos alunos, pois na maioria das vezes são eles
os indicadores dos temas.
O professor deve estar sensível aos interesses dos alunos, valorizando os conhecimentos prévios, e
apresentando-os a novos conhecimentos. Através dos projetos os alunos desenvolvem a autonomia e são
impulsionados a novas descobertas.
Uma das principais questões trabalhadas nos projetos é o interesse do aluno, e quando se trata de um assunto de
relevância para eles a participação e o desempenho são nítidos.
È indispensável que haja um envolvimento de todos os agentes da escola: alunos, professor, pais e outros. O projeto é
um caminho a ser trilhado em conjunto, as respostas não estão prontas, exige uma busca para as indagações
geradas.
“Se o professor não sabe nada sobre o que o aluno pensa
a respeito do conteúdo que quer que ele aprenda,
o ensino que oferece não tem”com o que dialogar”.
Restará a ele atuar como numa brincadeira de cabra-cega
, tateando e fazendo sua parte, na esperança de que
o outro faça a parte dele: aprenda”
(Telma Weisz,2000)
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12. Capítulo 2
Entrevista
Fonte: getty images
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13. “O trabalho com projetos acrescenta muito porque é um trabalho mais significativo para a criança, porque
quando você desenvolve um projeto, a linha que você estabelece parte do conhecimento prévio deles, daquilo que
eles sabem sobre determinado assunto que pode ser surgido na sala ou não. Ou pode ser uma sugestão dada pela
professora de acordo com algum interesse que ela observou, alguma necessidade que ela pôde observar. O projeto
dá um retorno maior porque a criança está sempre interagindo. O conhecimento não vem de cima para baixo, a
criança vai buscar também esse conhecimento se for uma coisa, um tema significativo para o aluno. Ele vai
pesquisar e trazer um retorno, e você tenta, você estabelece alguns procedimentos na hora de desenvolver o projeto,
mas a medida que ele vai sendo desenvolvido outras coisas vão surgindo, então é uma gama de informações ao
mesmo tempo. O projeto possibilita isso, essa gama de informação, amplia nossa visão, desenvolve o espírito de
pesquisa na criança e no professor também. Os alunos trazem questões muito interessantes, então eu acho que sua
participação é muito mais ativa dentro de um trabalho com projeto. Não adianta só estudar, é preciso acreditar. Quem
não consegue não fica, porque aqui agente não para. Trabalhar com projeto não é ficar sentada dando massinha o
tempo todo pro aluno brincar”
(Profª Sandra – UMEI Portugal Pequeno).
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14. “O projeto traz essa riqueza, possibilita esse respeito à diversidade, cada um tem a possibilidade de falar e
sugerir, porque eles sugerem e criticam o tempo todo, então acho que o projeto não é uma coisa amarrada,
ele dá liberdade pra caminhar esses ricos conteúdos, até porque a educação infantil é voltada pra isso, eles
são trabalhados de uma forma significativa, então assim o projeto fica muito mais rico. Quando você trabalha
com projetos vê que a criança sente muito mais prazer porque ela participa mais... Eles não faltam e esse é
o maior termômetro. Estão sempre alegres, são muito participativos, buscam informações e tem autonomia”.
(Coord. Rosário – UMEI Portugal Pequeno).
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15. “O trabalho com projetos...Eu acho que é o ideal para se trabalhar com criança. Eu acho que é através da troca que a
gente trabalha com criança, você não chega e joga tudo em cima dela. Com certeza ela não aprende nada quando a
gente faz assim, em uma via de mão única, professor-aluno. O projeto possibilita essa troca, essa aproximação. Você
conhece mais o aluno, você sabe, acaba aprendendo, o que ele pensa, mesmo com os pequenos”.
(Profª Juliana – Creche UFF).
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16. “Eu tenho como definição a seguinte: é um trabalho muito rico que tem a participação do professor, a participação
dos alunos, a participação dos pais, da família, interagindo com a comunidade quando a gente faz essa
aula-passeio, numa padaria, numa madeireira... então acho que eu defino como um trabalho enriquecedor e
construtivo, né? Que a gente tem a base ali, o que a criança sabe sobre determinado conteúdo e o que elas
querem aprender, e a gente finaliza essas descobertas que elas fizeram sobre o conteúdo estudado”.
(Coord. Luciana – Creche-escola Edificar).
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17. Capítulo 3
Escola da ponte
Fonte: google images
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18. Escola da ponte: um referencial em matéria
de trabalho com projetos
"Contei sobre a escola com que
sempre sonhei, sem imaginar que
pudesse existir. Mas existia, em
Portugal...Quando a vi, fiquei alegre e
repeti, para ela, o que Fernando
Pessoa havia dito para uma mulher
amada: 'Quando te vi, amei-te já muito
antes...' " (Rubem Alves)
A Escola da Ponte é uma instituição pública, localizada em Portugal, que foi fundada na década de 1970. Possui
uma filosofia de educação voltada pra a inclusão e objetiva trabalhar com as diferenças individuais dos alunos,
portanto, sua metodologia de trabalho segue essa lógica de respeito às particularidades de cada um.
A escola não possui turmas divididas, nem salas de aulas determinadas. Utilizam-se espaços abertos e
ambientes diversificados. O trabalho acontece com agrupamentos heterogêneos de alunos, já que não possui divisão
por idade, e os orientadores educativos, promotores da educação, encarregam-se de todos os alunos, não havendo
um professor por turma como no modelo de escola convencional.
A organização se dá por meio de núcleos (Iniciação; Consolidação e Aprofundamento) e os orientadores atuam
em certas dimensões: Artística; Identitária; Linguística; Lógico-matemática; Naturalista.
Como instrumentos pedagógicos, são realizados debates, caixinhas de textos inventados, caixinhas dos
segredos, “eu já sei”, “eu preciso de ajuda”, grupos de responsabilidade, assembléia de escola, grupo de ajuda,
professor tutor, etc.
A característica marcante da escola é pensar a interdisciplinaridade e o envolvimento dos alunos em diferentes
contextos sócio-educativos, sendo utilizadas situações formais e informais na busca por uma identificação com a
realidade. A utilização dos projetos, nesse contexto, é ideal.
Os pais, também tidos como encarregados da educação, têm presença na instituição, formando uma associação
e contribuem na avaliação dos projetos.
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19. Atualmente, a escola possui cerca de 175 alunos, de uma faixa etária de 5 a 16 anos, contando também
com estudantes mais velhos; e 29 orientadores educativos.
A experiência da escola pode ser uma contribuição para os educadores brasileiros na medida em que serve
de exemplo como um projeto bem elaborado de método educativo. Mais detalhes podem ser obtidos no site
oficial da escola: http://www.eb1-ponte-n1.rcts.pt/. Vale a pena se aprofundar no assunto. Os pais, também tidos
como encarregados da educação, têm presença na instituição, formando uma associação e contribuem na
avaliação dos projetos.
Atualmente, a escola possui cerca de 175 alunos, de uma faixa etária de 5 a 16 anos, contando também com
estudantes mais velhos; e 29 orientadores educativos.
A experiência da escola pode ser uma contribuição para os educadores brasileiros na medida em que serve
de exemplo como um projeto bem elaborado de método educativo. Mais detalhes podem ser obtidos no site
oficial da escola: http://www.eb1-ponte-n1.rcts.pt/. Vale a pena se aprofundar no assunto.
Fonte: getty images
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Veja também um vídeo com José Pacheco no cd deste livro.
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20. Capítulo 3
A importância da brincadeira para as
crianças
Fonte: getty images
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21. A importância da brincadeira para as
crianças
As brincadeiras servem como instrumentos de estruturação do indivíduo. Elas não trabalham apenas uma
capacidade, e sim várias como: percepção motora, equilíbrio, orientação espacial, memória, imitação e
imaginação. Ao brincar, as crianças exploram e refletem sobre a realidade e a cultura na qual estão inseridas,
interiorizando-as e, ao mesmo tempo, questionando a regras e papéis sociais. O brincar potencializa o
desenvolvimento da criança, além de estimular a curiosidade, a autoconfiança e a autonomia, proporciona o
desenvolvimento da linguagem, do pensamento da concentração e da atenção.
O ato de brincar é importante e necessário na vida da criança e esse momento pode ser aproveitado
com atividades ricas para o desenvolvimento, como as cantigas de roda, em que a criança trabalha o equilíbrio e
desenvolve também outras competências ao repetir as ordens emitidas nas letras das músicas.
A brincadeira tem importância fundamental para o desenvolvimento infantil na medida em que a criança pode
transformar e produzir novos significados. É possível observar que que na brincdeira de faz-de-conta a criança
rompe com a relação de subordinação ao objeto, atribuindo-lhe um novo significado, o que expressa seu caráter
ativo, no curso de seu próprio desenvolvimento.
Para Vygotsky (1998), a criação de situações imaginárias na brincadeira surge da tensão entre o indivíduo e
a sociedade e a brincadeira libera a criança das ligações da realidade imediata, dando-lhe oportunidade para
controlar uma situação existente. As crianças usam objetos para representar coisas diferentes do que realmente
são, um objeto simples que para um adulto pode não ter a mínima importância, para a criança pode ter diversas
representações e significações. Elas dão outros sentidos aos objetos e jogos, seja a partir de sua própria ação ou
imaginação, seja na trama de relações que estabelece com os amigos com os quais produz novos sentidos e os
compartilha.
A brincadeira não significa apenas recreação, ela é a forma mais completa que acriança tem de comunicar-se
consigo mesma e com o mundo. Ao brincar é possível perceber que as crianças exploram as diferentes
linguagens que a brincadeira possibilita (musical, corporal, gestual e escrita), fazendo com que desenvolvam a
sua criatividade e imaginação.
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22. Agora vamos ver algumas dicas de
brincadeiras:
Roda:
Todas as crianças ficam em círculo de mãos
dadas, cantando cantigas antigas e rodando. Em
seguida, elas repetem os gestos sugeridos pela
canção. Sugestão de músicas: Atirei o Pau no
Gato, Ciranda-Cirandinha, A Canoa Virou, Eu
Entrei na Roda, Pirulito que Bate Bate, Sambalelê,
Se Esta Rua Fosse Minha, Eu Sou Pobre, Pobre.
Fonte: google images
Pula corda:
Duas crianças rodam a corda, enquanto
uma terceira pula. Enquanto isso, a garotada
canta: “um dia um homem bateu na minha porta
e disse assim: senhora, senhora põe a mão no
chão; senhora, senhora pule de um pé só;
senhora, senhora dê uma rodadinha, e vá pro
meio da rua”. A criança que está pulando deve
fazer gestos em referência à música até sair da
Fonte: google images corda sem errar.
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23. Amarelinha:
As crianças desenham no chão quadradinhos seguidos com os números de
1 a 7, sendo que o 3 e 4 e 6 e 7 devem ficar um ao lado do outro, como um
retângulo dividido em duas partes. O primeiro participante deve jogar a pedrinha
na casa 1 e, em seguida, pular com um pé só na casa 2, sem tocar na 1. O
jogador deve seguir pulando, sendo que nas casas 3 e 4 e 6 e 7 pode pisar com
um pé em cada espaço ao mesmo tempo. Ao chegar no céu (6 e 7), o
participante vira e volta pulando até chegar na casa 2, quando se abaixa e pega a
pedra. Em seguida, ele joga a pedra no quadrado 2 e segue pulando, sempre
sem pisar na casa que está com a pedra. Ganha quem completar o caminho até
a casa 7 sem desequilibrar, sem pisar na linha, fora do quadrado ou jogar a pedra
fora do espaço certo. Se errar, é a vez do outro.
Benefícios: desenvolvimento do raciocínio, coordenação motora, atenção,
equilíbrio, noção de espaço e tempo, conhecimento dos números e habilidade
para lidar com regras e limites.
Fonte: google images
Escravos de Jó:
Duas crianças cantam a cantiga “escravos de Jó, jogavam caxangá, tira, põe, deixa ficar, guerreiros com
guerreiros fazem zigue, zigue, zá”. Enquanto isso,vão seguindo, cada uma com uma pedrinha na mão, o que diz a
música.
Benefícios: A brincadeira tem o objetivo de desenvolver a coordenação viso-motora, atenção, a concentração, o
ritmo e a expressão vocal.
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24. Cabra-cega:
Uma criança é escolhida para ser a cabra-cega.
Ela terá os olhos vendados com um lenço ou com a
camisa e depois será rodada (o local da brincadeira
não deve ter obstáculos perigosos, como pontas e
batentes). Em seguida, as crianças devem falar:
“Cabra-cega, de onde você veio?”. A cabra-cega
responde: “vim lá do moinho”, Todos dizem: “O que
você trouxe?”. A cabra-cega responde: “um saco de
farinha”. Todos: “Me dá um pouquinho?”. Cabra-
cega: “não”. Em seguida, todas as crianças devem
se espalhar pelo espaço, enquanto a cabra-cega
tenta pegar alguém. Quando conseguir, a cabra-
cega deve acertar o nome de quem pegou. Se Fonte: google images
acertar, a criança presa será a cabra-cega, caso
contrário continua a mesma criança do início. A Chicotinho queimado:
parte da historinha é importante para orientar a Faz-se uma roda em seguida define quem vai
criança que é a cabra-cega de onde está cada
criança do grupo, trabalhando com a percepção de ser o jogador que vai colocar o chicotinho
espaço e audição. queimado. O escolhido corre em volta da roda
Benefícios: desenvolvimento da coordenação cantando o seguinte refrão: “ Chicotinho
motora, atenção e sentido de localização, queimado é muito bom, quem olhar pra trás leva
percepção e discriminação tátil e auditiva. chicotada um beliscão. Chicotinho está na mão?
Eu acho que é sabão! Chicotinho está no pé? Eu
acho que é chulé! Chicotinho está na cabeça? Eu
acho que é piolho! Chicotinho pode correr?
Pode!” Todos os jogadores devem se manter
olhando para frente, o chicotinho queimado deve
ser colocado sutilmente atrás de um jogador, se
estiver atento ele perceberá e correrá atrás do
jogador que colocou o chicotinho queimado, caso
não consiga pegá-lo, o jogador ocupará na roda
o seu lugar e ele o do jogador, assim a
brincadeira recomeça.
Benefícios: A atividade trabalha a coordenação
motora, colaborando para o desenvolvimento da
atenção e para a redução do tempo de reação.
Fonte: google images
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25. Com a mão na massa
Uma dica para você professor é trabalhar com a “hora das notícias”.
Acontece da seguinte maneira:
Em uma segunda –feira, arrume a sala de maneira circular e peça
que os alunos contem o que aconteceu no fim de semana.
O professor deve estimular para que os alunos relatem os fatos
ocorridos. Através da conversa o mesmo tem a possibilidade de
perceber o que chama atenção dos alunos, podendo,
posteriormente, desenvolver uma tarefa de acordo com o
interesse deles através de um projeto.
Objetivos:
► Desenvolver a interação;
►Trabalhar a comunicação.
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26. Para saber mais
Transgressão e mudança na educação: os projetos de trabalho, Fernando Hernandez, 152
págs, Editora Artmed, R$ 44.
Este livro é um convite à transgressão das amarras que impedem o indivíduo de pensar por si mesmo,
de construir uma nova relação educativa baseada na colaboração em sala de aula, na escola e com a
comunidade. Um convite a soltar a imaginação, a paixão e o risco para explorar novos caminhos que
permitam que as escolas deixem de ser formadas por compartimentos fechados, horários fragmentados,
arquipélagos de docentes e passe a converter-se numa comunidade de aprendizagem, onde a paixão pelo
conhecimento seja a divisa, e a educação de melhores cidadãos horizonte ao qual se dirigir.
-A organização do currículo por projetos de trabalho, Fernando Hernandez / Montsserrat
Ventura, 195 págs, Editora Artmed, R$ 46.
A organização do currículo por projetos de trabalho, 5 a edição, reflete a experiência de organizar o currículo a partir de projetos, bem
como apresenta as reflexões e o interesse de um grupo de professores para tornar comunicável o sentido de sua própria prática.
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27. Bibliografia
• ABRANTES, P. Trabalho de projetos e aprendizagem da matemática. In: Avaliação e Educação. Matemática,
RJ:MEM/USU – GEPEM, 1995
• COLINVAUX, D. “Projetos” ou o trabalho por projetos ou pedagogia de projetos. IN: Cadernos Creche UFF: textos
de formação e prática.
• CORSINO,P. Educação Infantil: cotidiano e práticas. Autores Associados, 2009. Texto 7 (p. 105-116)
• HERNANDEZ, F. e VENTURA, M. Os projetos de trabalho: uma forma de organizar os conhecimentos escolares.
In: HERNANDEZ, F. e VENTURA, M. A organização do currículo por projetos de trabalho. Porto Alegre: Artes
Médicas, 1998. p.71-84.
Site:
• http://www.eb1-ponte-n1.rcts.pt/.
– OBS: Os vídeos que estão no cd deste livro foram retirados de www.youtube.com
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28. A coleção Universo Infantil é uma obra que traz para você, educador, uma fonte
inspiradora para desenvolver aspectos pedagógicos desejados. Nele você pode encontrar
um vasto material que tanto pode auxiliá-lo na construção de um objetivo pedagógico
orientado, como na escolha de outras atividades livres.
Tem como objetivo instrumentalizar o educador como ferramenta de assessoramento e
apoio técnico, para seu planejamento, desenvolvimento e avaliação no processo de ensino-
aprendizagem. Para atingir esse objetivo, incluímos a definição dos objetivos específicos,
sugestões de atividades extras, subsídio teórico, indicações bibliográficas, além da caixa
multimídia, para ser trabalhado em cada conteúdo.
Tendo em vista os tempos da grande velocidade das inovações tecnológicas e do
mesmo intenso renascimento cultural, o indivíduo é a unidade básica de mudança. É ele
quem administra a tecnologia do mundo de complexidades em que as relações são
fundamentais para os bons resultados. O desenvolvimento pleno da pessoa para a vida
passa por sua capacidade de lidar com seus sentimentos e elaborar suas experiências em
busca de competência individual e em equipe.
Somos todos educadores e estamos sempre aprendendo a adquirir novas habilidades.
Assim através dessa leitura coloca-se em prática a intenção de facilitar o cotidiano do
educador, através desse assessoramento técnico.
www.colecaouniversoinfantil.blogspot.com
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