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MAPA-MÚNDI DOS BLOCOS ECONÔMICOS
Conheça a seguir as características de alguns dos principais blocos
econômicos do mundo
APEC
União Europeia
TPP
Nafta
Liga Árabe
Aliança do Pacífico
Mercosul
SADC
9.096,8
6.139,6
4.376,4
2.490,5
1.284,6
617,6
391,4
204,2
Comércio dentro do
grupo com % das
exportações totais
Total do comércio exterior
dos países participantes
(em US$ bilhões), 2014
PIB total(2015)
Ativo desde
Tipo
COMÉRCIO
INTRABLOCO
(US$ TRILHÕES)
União aduaneira – além de reduzir
ou eliminar tarifas alfandegárias,
define regras para o comércio com
nações de fora do bloco, como o
estabelecimento de uma tarifa
MERCOSUL
(Mercado Comum do Sul)
1991
US$ 2,7 TRILHÕES
Fórum econômico para promover a
integração comercial e estimular
os investimentos entre os
países-membros, com redução de
tarifas e barreiras alfandegárias
APEC (Cooperação Econômica
Ásia-Pacífico)
1989
US$ 42,9 TRILHÕES
União política e monetária –
integração de parte da legislação e
da moeda, com livre circulação de
mercadorias, capitais, serviços e
pessoas
UE
(União Europeia)
1993
US$ 16,2 TRILHÕES
Zona de livre-comércio, com
redução ou eliminação de tarifas
alfandegárias entre membros
NAFTA (Tratado Norte-Americano
de Livre Comércio)
1994
US$ 20,6 TRILHÕES
Acordo multilateral de livre-
comércio, com redução e eliminação
de tarifas alfandegárias de comércio,
serviços e patentes e unificação de
leis trabalhistas
TPP
(Tratado Trans-Pacífico)
2016 (assinado)
US$ 27,4 TRILHÕES
Pacto intergovernamental – inclui
área de livre-comércio, tráfego
sem visto, integração de mercados
financeiros e representações
comerciais conjuntas
ALIANÇA
DO PACÍFICO
2012
US$ 3,6 TRILHÕES
Pacto intergovernamental – inclui
área de livre-comércio, com
redução e eliminação de tarifas
alfandegárias, e tráfego sem visto
LIGA
ÁRABE
1945
US$ 3,6 TRILHÕES
ALIANÇA DO
PACÍFICO
5 PAÍSES: Chile, Colômbia,
Costa Rica, México e Peru
NAFTA
3 PAÍSES: Canadá, Estados
Unidos e México
SADC
15 MEMBROS: África do Sul, Angola,
Botswana, Rep. Democrática do Congo,
Lesoto, Madagascar, Malawi, Ilhas Maurício,
Moçambique, Namíbia, Seichelles,
Suazilândia, Tanzânia, Zâmbia e Zimbábue
Grupo
68%
63%
48%
50%
10%
3%
12%
19%
LIGA ÁRABE
21 MEMBROS: Arábia Saudita, Argélia,
Barein, Comoros, Djibouti, Egito, Emirados
Árabes Unidos, Iraque, Jordânia, Kuwait,
Líbano, Líbia, Mauritânia, Marrocos, Oman,
Qatar, Somália, Sudão, Síria e Tunísia
APEC
21 MEMBROS: Austrália, Brunei, Canadá,
Chile, China, Cingapura, Coreia do Sul,
Estados Unidos, Hong Kong, Indonésia,
Japão, Malásia, México, Nova Zelândia,
Papua-Nova Guiné, Peru, Filipinas, Rússia,
Taiwan, Tailândia e Vietnã
TPP
12 MEMBROS: Austrália, Brunei, Canadá,
Chile, Cingapura, Estados Unidos, Japão,
Malásia, México, Nova Zelândia, Peru e
Vietnã
UNIÃO EUROPEIA (UE)
28 MEMBROS: Alemanha, Áustria, Bélgica,
Bulgária, Croácia, Chipre, Rep. Tcheca,
Dinamarca, Eslováquia, Eslovênia, Espanha,
Estônia, Finlândia, França, Grécia, Holanda,
Hungria, Irlanda, Itália, Letônia, Lituânia,
Luxemburgo, Malta, Polônia, Portugal,
Reino Unido*, Romênia e Suécia
* Em 23 de junho, os britânicos votaram
pela saída do bloco. Mas as negociações
dos termos de transição podem durar até
dois anos.
MERCOSUL
5 PAÍSES: Brasil, Argentina,
Paraguai, Uruguai e Venezuela
SADC (Comunidade para o
Desenv. da África Austral)
1992
US$ 1,2 TRILHÕES
Pacto intergovernamental – inclui
área de livre-comércio, com
redução e eliminação de tarifas
alfandegárias, e união aduaneira
com uma tarifa externa comum
0,051
20100,95
2010
1,25
2014
3,4
2010
3,8
20144,9
2010
6,2
2014 1,7
2010 2,1
2014
0,051
2014
0,018
201o
0,021
2014 0,031
2010
0,039
2014 0,097
2010
0,133
2014
SOBRE A PROJEÇÃO
DESTE MAPA
A projeção deste mapa
é diferente dos
planisférios, utilizados
com mais frequência. O
mapa Dymaxion, ou
projeção de Fuller, é
projetado na superfície
de um poliedro. Note
que, se você cortar a
superfície delimitada
pela cor azul, é possível
formar um mapa
tridimensional, que
retém boa parte da
integridade
proporcional relativa
do mapa-múndi. A
projeção foi criada por
Buckminster Fuller,
que a patenteou em
1946.
MULTIBLOCOS
O México é membro de quatro dos principais blocos econômicos do
mundo: TPP, Apec, Nafta e Aliança do Pacífico. Isso se deve muito à
sua localização privilegiada, com o forte mercado dos EUA ao norte,
os hermanos latinos ao sul, e a costa voltada para o Pacífico
PESOS PESADOS
Assinado em 4 de fevereiro de
2016, o TPP ainda não está em
vigor, pois depende da aprovação
dos Legislativos dos países-
membros. Seus 12 signatários
também são membros da Apec
Fontes: Aliança do Pacífico, Apec, União Europeia, Nafta, TPP, Mercosul, SADC, Liga Árabe, FMI, Unctad
22 GE atualidades | 2º semestre 2016 23GE atualidades | 2º semestre 2016
No estudo e no dia a dia, gráficos, mapas e tabelas trazem muitas informações.
destrinchando E
m 2014, os países somados ex-
portaram quase 19 trilhões de
dólares. Boa parte desse co-
mércio é impulsionada pelos blocos
econômicos, ou clubes de países que
compartilham regras para facilitar
transações multilaterais. Essas regras
podem incluir desde a ausência de ta-
xas alfandegárias e exigência de pas-
saporte dentro do bloco, como ocorre
no Mercosul, até a união das políticas
econômicas dos países-membros, como
ocorre na União Europeia (UE).
Aintegração
do comércio
mundial
Com o apoio dos blocos
econômicos, as exportações
são importantes fontes de
receitas para os países
Por Marcelo Soares e Mario Kanno/MultiSP
Masparticipardeblocoseconômicos
pode criar desvantagens para negociar
com outros países. A facilitação das
importações, por exemplo, pode pre-
judicar setores vitais da indústria ou da
agricultura local ao abrir o mercado à
concorrência externa. Como se viu nos
últimosanosnocasodaUE,aunificação
das políticas econômicas também faz
com que turbulências em alguns países
doblocoafetemtodos.Conheçaaseguir
ascaracterísticasdealgunsdosprincipais
blocos econômicos do mundo.
O COMÉRCIO DENTRO DO MERCOSUL
fluxo de comércio entre os países, em US$ milhões, 2014
LINHA DO TEMPO
Os fatos mais marcantes da história do Mercosul
COMÉRCIO NO BLOCO
Em US$ bilhões
PRINCIPAIS PRODUTOS DE EXPORTAÇÃO NO MERCOSUL
Em % do total, em 2014
EXPORTAÇÕES
NOMERCOSUL
Em
US$bilhões,2014
1979 – Assinado o
primeiro acordo entre
Brasil, Argentina e
Paraguai
1984 – Inauguração
da usina de Itaipu,
localizada na
tríplice fronteira
entre os países
1986 – Os presidentes José
Sarney (Brasil) e Raúl
Alfonsín (Argentina) assinam
acordo de cooperação
econômica
1991 – Tratado de Assunção
estabelece a criação do
Mercosul, determinando um
mercado comum entre Brasil,
Argentina, Paraguai e Uruguai
1994 – Protocolo de Ouro
Preto transforma a área de
livre-comércio em união
aduaneira a partir do
início de 1995
1995-1999 – Regime automotivo torna atraente a
instalação de montadoras no Brasil e na
Argentina, com incentivos fiscais. Os carros se
tornaram os principais produtos da pauta de
exportação dos dois países no Mercosul
2001 – Em dezembro,
a Argentina tem
cinco presidentes em
12 dias, devido à crise
econômica
2002 – Brasil tem
eleição presidencial
sob forte crise
econômica; dólar
chega a R$ 4
2007 – Formado o
Parlamento do
Mercosul, localizado
em Montevidéu
2009 – No auge da crise
econômica global, o
dólar chega a R$ 2,35.
Brasil anuncia medidas
para expansão do
consumo
2012 – A Venezuela
entra oficialmente
no Mercosul, e o
Paraguai é suspenso
do bloco
2013 – O Paraguai
retorna ao Mercosul
2014 – Agrava-se a
crise econômica na
Venezuela
2015 – Mercosul aprova o
ingresso da Bolívia. A
oficialização depende agora da
aprovação dos Parlamentos
dos países-membros
ARGENTINABRASIL
23
37
13
14
43
30
14
2227
15
15
44
57 81
19 8
5
67
17
VENEZUELAPARAGUAI
URUGUAI
25,1
Brasil
18,6
Argentina
3,3
Paraguai
2,6
Uruguai
1,5
Venezuela
O principal produto de exportação do Paraguai
dentro do Mercosul é a energia que não usa da sua
cota da hidrelétrica de Itaipu. O país vende essa
energia para o Brasil, sócio na hidrelétrica
A dependência da Venezuela em
relação às exportações do petróleo
está na raiz dos seus problemas
políticos e econômicos.
Quanto menor a porcentagem do produto
mais exportado por um país, mais variada
tende a ser sua pauta de exportação e mais
complexa tende a ser sua economia
2010 2014
2005
2000
1995
US$ 42,5 BI
Só os quatro
países originais
US$ 51,0 BI
Mercosul completo
44,0
21,9
18,5
14,9
14.281
1.984
2.323
1.611
1.095
740
440
1.562
1.214
13.881
4.632
3.193
2.945
Do Brasil para
a Argentina
Da Argentina
para o Brasil
BRASIL
PARAGUAI
URUGUAI
VE
N.
ARGENTIN
A
Os25,1bilhõesde
dólaresqueoBrasil
arrecadoucom
as
exportaçõesao
Mercosulem
2014
respondem
por
58,4%
dasvendas
externasdopaís
Manufaturassimples
(borracha,couro,papel,têxteis)
Produtosquímicos
(excetoorgânicos)
Alimentoseanimaisvivos
Oleaginosas
PetróleoecorrelatosEletricidade
Outros
Veículos
PARCERIA EFETIVA
Brasil e Argentina, as duas
maiores economias do
Mercosul concentram mais
da metade do comércio
dentro do Mercosul. Já a
Venezuela quase não
se bica com o
Paraguai e o
Uruguai
2009
33,5
2002
11,1
24 GE atualidades | 2º semestre 2016 25GE atualidades | 2º semestre 2016
destrinchando
Mercosul:hermanos,
apesardascrises
O Mercosul completa 25 anos, promovendo
maior integração entre os países-membros,
mas o comércio pode evoluir mais
H
á 25 anos, o leite e o vinho ar-
gentinosficaramcomunsnos
supermercados brasileiros.
Sem carimbo no passaporte para visitar
o Brasil, as placas pretas dos “herma-
nos” invadiam as praias catarinenses.
Parte desses carros vinha do Brasil, sob
um acordo que estimulou a instalação
de montadoras nos dois países. Eram
os efeitos mais visíveis da criação do
Mercado Comum do Sul (Mercosul),
inaugurado em 26 de março de 1991.
OMercosuléfilhodanecessidadecom
a política de boa vizinhança. Em 1985,
recém-saídos de ditaduras militares e
comonomesujonoFMI,BrasileArgen-
tinaassinaramumacordoparaaumentar
ocomérciobilateral.Issoevoluiuparaa
criação de uma zona de livre-comércio
englobandoBrasil,Argentina,Paraguai
e Uruguai. O bloco cortou restrições à
circulação de mercadorias, serviços e
pessoas, além de unificar as condições
comerciais com outros países.
Vaivéns da política e da economia
sempre afetam o bloco. Em 2001, a cri-
se pegou a Argentina em cheio. Depois,
aproximidadeentreosgovernosLulae
KirchnerimpulsionouoMercosul.Aí,a
criseglobalde2008-2010tirouumalasca
dastransações.Em2012,comoParaguai
suspenso, a Venezuela entrou no bloco
paracomprarmaisbaratodepaísespara
ondevendepetróleo.Em2015,aBolívia
iniciouprocessoparasejuntaraogrupo.
Até hoje, porém, o comércio dentro
do Mercosul não chega a 14% do que
importam e exportam seus países. Dois
terços desse volume ainda se concen-
tram entre Brasil e Argentina.
BRASIL
Cresce a dependência de grãos
e minério na década de 2000
CHINA
Roupas e tênis dos anos 90 perdem
importância para smartphones
MÉXICO
Automóveis puxam as vendas
de manufaturados
RÚSSIA
Cada vez mais, o petróleo domina a
pauta de exportação
O QUE O BRASIL VENDE
O QUE O BRASIL COMPRA
0
50
100
150
200
250
20152011200520001997
0
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40
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201520051995
0
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201520051995
0
20
40
60
80
100
201520051995
4,3veículos
1,1cereais
0,4máquinas e motores
0,4outros produtos químicos
0,5plásticos e derivados
5,3 veículos
0,7 plásticos e derivados
1,3 máquinas e motores
0,6 eletroeletrônicos
0,6 ferro e aço
O QUE ENTRA E O QUE SAI DOS CONTÊINERES BRASILEIROS (EM BILHOES DE DÓLARES)
8,5eletroeletrônicos
5,2máquinas e motores
1,0navios e barcos
2,0produtos químicos orgânicos
5,9máquinas e motores
1,8plásticos e derivados
1,9produtos químicos orgânicos
3,9petróleo e derivados
1,8aparelhos médicos,
ópticos e fotográficos
0,9ferro e aço
17,0 oleaginosas (soja)
12,8 produtos minerais
5,3 petróleo e derivados
2,5 papel e celulose
4,8 petróleo e derivados
1,7 máquinas e motores
2,7 outras commodities
3,0 aviões e peças
3 ferro e aço
1,0 carnes e derivados
ARGENTINA
CHINA
ESTADOS
UNIDOS
O PROBLEMA DA COMPLEXIDADE TECNOLÓGICA
O economista Sanjaya Lall (1940-2005), professor de Oxford, classificou a pauta comercial de países em desenvolvimento
com base no grau de complexidade tecnológica dos produtos. Quanto mais primária a pauta, maior a dependência de
outros países. Veja uma escala adaptada desse índice, comparando Brasil, Rússia, Índia e México:
Fonte: Unctad
Produtos primários
Grãos, minérios,
petróleo, madeira, e
recursos naturais
processados, como
sucos, óleos vegetais,
metais básicos,
cimento e vidro
Baixa tecnologia
Tecidos, roupas,
calçados,
estruturas simples
de metais, móveis,
joias, brinquedos
Média tecnologia
Automóveis e
autopeças, fibras
sintéticas, produtos
químicos, tintas,
fertilizantes, plástico,
aço, relógios, navios,
maquinário
Alta tecnologia
Computadores, TVs,
transistores,
turbinas, geradores
de energia, produtos
farmacêuticos,
aeronaves, câmeras,
smartphones
Não classificados
Eletricidade, filme
para cinema,
material
impresso, ouro,
obras de arte,
animais
domésticos
%dasexportações
%dasexportações
NEGÓCIO DA CHINA
Evolução das exportações brasileiras entre os principais destinos (em bilhões de dólares)
NOVA RETRAÇAO
Em dólares, as exportações
brasileiras caíram 25% desde
2011. O queda se agravou a
partir da desaceleração da
China, após 2013. Depois de
dois anos, as exportações
para o país caíram 23%
CRISE GLOBAL
As vendas de commodities e
a intensifcação da parceria
com o Mercosul alavancou
as exportações brasileiras
nos anos 2000. Mas a crise
global, iniciada em 2008,
prejudicou o comércio
exterior do Brasil
CRISE GLOBAL
Pouco mais de 20 anos
depois, a China ultrapassou
os EUA e tornou-se o
principal destino de nossas
exportações. Entre 1997 e
2015, as vendas para a
China saltaram de 1,1 bilhão
para 35,6 bilhões
68%
Produtos
primários
84%
Produtos
primários
44%
Média tecnologia
32%
Baixa tecnologia
24%
Média tecnologia
32%
Alta tecnologia
18,6%
CHINA
12,6%
EUA
6,7%
Argentina
5,3%
Holanda
2,7%
Alemanha
54,1%
Outros
6,84,0
2,6
1,1
9,3
29,2
6,2
2,8
2,5
1,1
13,2
29,3
140,6
44,3
25,8
22,7
13,6
9,0
103,4
24,1
12,8
10,0
5,2
35,6
O PESO DOS
PRINCIPAIS
PARCEIROS NAS
EXPORTAÇÕES
BRASILEIRAS
Outros
Estados Unidos
Argentina
Holanda
Alemanha
China
53,0 55,1
118,5
256,0
191,1
Total
69
6,8
22,5
9,9
5,3
5,0
26 GE atualidades | 2º semestre 2016 27GE atualidades | 2º semestre 2016
destrinchando
A
alquimiadocomércioexterior
transforma minério de ferro
em automóveis, café em me-
dicamentos e derivados do plástico em
smartphones.Naúltimadécada,oBrasil
aumentou sua dependência das com-
modities em sua pauta de exportação
e passou a comprar cada vez mais itens
tecnológicos. Atualmente, os produtos
de baixo valor agregado e com preços
OBrasilea
dependênciadas
commodities
Os produtos primários representam 40% das
exportações brasileiras, sobretudo devido ao
apetite chinês por minério de ferro e soja
instáveis,determinadospelosmercados
internacionais,representamquase40%
do cardápio de vendas do Brasil.
Boa parte das vendas de produtos
minerais, como o minério de ferro, vai
paraaChina.Em1997,oschinesescom-
pravam menos do que o Paraguai. Hoje,
o país mais populoso do mundo virou
o maior parceiro comercial do Brasil,
levando 18% de tudo o que o Brasil ex-
porta, especialmente commodities. Por
sua vez, nós compramos dos chineses
produtos de média e alta tecnologia –
muitos deles fabricados com o minério
de ferro que vendemos à China.
Segundo o Ministério do Desenvol-
vimento, o Brasil vendeu para mais de
200 parceiros em 2015, da Argentina
ao Zimbábue. Ao final daquele ano,
porém, as exportações do país haviam
regredido a um nível inferior ao de
2008,antesdacrisemundial.Aretração
das vendas externas também tem influ-
ência da desaceleração da economia
chinesa, a partir de 2013. O peso ganho
no comércio brasileiro pelo parcei-
ro oriental faminto por commodities,
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Destrinchando - Comércio exterior (2016)

  • 1. MAPA-MÚNDI DOS BLOCOS ECONÔMICOS Conheça a seguir as características de alguns dos principais blocos econômicos do mundo APEC União Europeia TPP Nafta Liga Árabe Aliança do Pacífico Mercosul SADC 9.096,8 6.139,6 4.376,4 2.490,5 1.284,6 617,6 391,4 204,2 Comércio dentro do grupo com % das exportações totais Total do comércio exterior dos países participantes (em US$ bilhões), 2014 PIB total(2015) Ativo desde Tipo COMÉRCIO INTRABLOCO (US$ TRILHÕES) União aduaneira – além de reduzir ou eliminar tarifas alfandegárias, define regras para o comércio com nações de fora do bloco, como o estabelecimento de uma tarifa MERCOSUL (Mercado Comum do Sul) 1991 US$ 2,7 TRILHÕES Fórum econômico para promover a integração comercial e estimular os investimentos entre os países-membros, com redução de tarifas e barreiras alfandegárias APEC (Cooperação Econômica Ásia-Pacífico) 1989 US$ 42,9 TRILHÕES União política e monetária – integração de parte da legislação e da moeda, com livre circulação de mercadorias, capitais, serviços e pessoas UE (União Europeia) 1993 US$ 16,2 TRILHÕES Zona de livre-comércio, com redução ou eliminação de tarifas alfandegárias entre membros NAFTA (Tratado Norte-Americano de Livre Comércio) 1994 US$ 20,6 TRILHÕES Acordo multilateral de livre- comércio, com redução e eliminação de tarifas alfandegárias de comércio, serviços e patentes e unificação de leis trabalhistas TPP (Tratado Trans-Pacífico) 2016 (assinado) US$ 27,4 TRILHÕES Pacto intergovernamental – inclui área de livre-comércio, tráfego sem visto, integração de mercados financeiros e representações comerciais conjuntas ALIANÇA DO PACÍFICO 2012 US$ 3,6 TRILHÕES Pacto intergovernamental – inclui área de livre-comércio, com redução e eliminação de tarifas alfandegárias, e tráfego sem visto LIGA ÁRABE 1945 US$ 3,6 TRILHÕES ALIANÇA DO PACÍFICO 5 PAÍSES: Chile, Colômbia, Costa Rica, México e Peru NAFTA 3 PAÍSES: Canadá, Estados Unidos e México SADC 15 MEMBROS: África do Sul, Angola, Botswana, Rep. Democrática do Congo, Lesoto, Madagascar, Malawi, Ilhas Maurício, Moçambique, Namíbia, Seichelles, Suazilândia, Tanzânia, Zâmbia e Zimbábue Grupo 68% 63% 48% 50% 10% 3% 12% 19% LIGA ÁRABE 21 MEMBROS: Arábia Saudita, Argélia, Barein, Comoros, Djibouti, Egito, Emirados Árabes Unidos, Iraque, Jordânia, Kuwait, Líbano, Líbia, Mauritânia, Marrocos, Oman, Qatar, Somália, Sudão, Síria e Tunísia APEC 21 MEMBROS: Austrália, Brunei, Canadá, Chile, China, Cingapura, Coreia do Sul, Estados Unidos, Hong Kong, Indonésia, Japão, Malásia, México, Nova Zelândia, Papua-Nova Guiné, Peru, Filipinas, Rússia, Taiwan, Tailândia e Vietnã TPP 12 MEMBROS: Austrália, Brunei, Canadá, Chile, Cingapura, Estados Unidos, Japão, Malásia, México, Nova Zelândia, Peru e Vietnã UNIÃO EUROPEIA (UE) 28 MEMBROS: Alemanha, Áustria, Bélgica, Bulgária, Croácia, Chipre, Rep. Tcheca, Dinamarca, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Estônia, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Hungria, Irlanda, Itália, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Polônia, Portugal, Reino Unido*, Romênia e Suécia * Em 23 de junho, os britânicos votaram pela saída do bloco. Mas as negociações dos termos de transição podem durar até dois anos. MERCOSUL 5 PAÍSES: Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Venezuela SADC (Comunidade para o Desenv. da África Austral) 1992 US$ 1,2 TRILHÕES Pacto intergovernamental – inclui área de livre-comércio, com redução e eliminação de tarifas alfandegárias, e união aduaneira com uma tarifa externa comum 0,051 20100,95 2010 1,25 2014 3,4 2010 3,8 20144,9 2010 6,2 2014 1,7 2010 2,1 2014 0,051 2014 0,018 201o 0,021 2014 0,031 2010 0,039 2014 0,097 2010 0,133 2014 SOBRE A PROJEÇÃO DESTE MAPA A projeção deste mapa é diferente dos planisférios, utilizados com mais frequência. O mapa Dymaxion, ou projeção de Fuller, é projetado na superfície de um poliedro. Note que, se você cortar a superfície delimitada pela cor azul, é possível formar um mapa tridimensional, que retém boa parte da integridade proporcional relativa do mapa-múndi. A projeção foi criada por Buckminster Fuller, que a patenteou em 1946. MULTIBLOCOS O México é membro de quatro dos principais blocos econômicos do mundo: TPP, Apec, Nafta e Aliança do Pacífico. Isso se deve muito à sua localização privilegiada, com o forte mercado dos EUA ao norte, os hermanos latinos ao sul, e a costa voltada para o Pacífico PESOS PESADOS Assinado em 4 de fevereiro de 2016, o TPP ainda não está em vigor, pois depende da aprovação dos Legislativos dos países- membros. Seus 12 signatários também são membros da Apec Fontes: Aliança do Pacífico, Apec, União Europeia, Nafta, TPP, Mercosul, SADC, Liga Árabe, FMI, Unctad 22 GE atualidades | 2º semestre 2016 23GE atualidades | 2º semestre 2016 No estudo e no dia a dia, gráficos, mapas e tabelas trazem muitas informações. destrinchando E m 2014, os países somados ex- portaram quase 19 trilhões de dólares. Boa parte desse co- mércio é impulsionada pelos blocos econômicos, ou clubes de países que compartilham regras para facilitar transações multilaterais. Essas regras podem incluir desde a ausência de ta- xas alfandegárias e exigência de pas- saporte dentro do bloco, como ocorre no Mercosul, até a união das políticas econômicas dos países-membros, como ocorre na União Europeia (UE). Aintegração do comércio mundial Com o apoio dos blocos econômicos, as exportações são importantes fontes de receitas para os países Por Marcelo Soares e Mario Kanno/MultiSP Masparticipardeblocoseconômicos pode criar desvantagens para negociar com outros países. A facilitação das importações, por exemplo, pode pre- judicar setores vitais da indústria ou da agricultura local ao abrir o mercado à concorrência externa. Como se viu nos últimosanosnocasodaUE,aunificação das políticas econômicas também faz com que turbulências em alguns países doblocoafetemtodos.Conheçaaseguir ascaracterísticasdealgunsdosprincipais blocos econômicos do mundo.
  • 2. O COMÉRCIO DENTRO DO MERCOSUL fluxo de comércio entre os países, em US$ milhões, 2014 LINHA DO TEMPO Os fatos mais marcantes da história do Mercosul COMÉRCIO NO BLOCO Em US$ bilhões PRINCIPAIS PRODUTOS DE EXPORTAÇÃO NO MERCOSUL Em % do total, em 2014 EXPORTAÇÕES NOMERCOSUL Em US$bilhões,2014 1979 – Assinado o primeiro acordo entre Brasil, Argentina e Paraguai 1984 – Inauguração da usina de Itaipu, localizada na tríplice fronteira entre os países 1986 – Os presidentes José Sarney (Brasil) e Raúl Alfonsín (Argentina) assinam acordo de cooperação econômica 1991 – Tratado de Assunção estabelece a criação do Mercosul, determinando um mercado comum entre Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai 1994 – Protocolo de Ouro Preto transforma a área de livre-comércio em união aduaneira a partir do início de 1995 1995-1999 – Regime automotivo torna atraente a instalação de montadoras no Brasil e na Argentina, com incentivos fiscais. Os carros se tornaram os principais produtos da pauta de exportação dos dois países no Mercosul 2001 – Em dezembro, a Argentina tem cinco presidentes em 12 dias, devido à crise econômica 2002 – Brasil tem eleição presidencial sob forte crise econômica; dólar chega a R$ 4 2007 – Formado o Parlamento do Mercosul, localizado em Montevidéu 2009 – No auge da crise econômica global, o dólar chega a R$ 2,35. Brasil anuncia medidas para expansão do consumo 2012 – A Venezuela entra oficialmente no Mercosul, e o Paraguai é suspenso do bloco 2013 – O Paraguai retorna ao Mercosul 2014 – Agrava-se a crise econômica na Venezuela 2015 – Mercosul aprova o ingresso da Bolívia. A oficialização depende agora da aprovação dos Parlamentos dos países-membros ARGENTINABRASIL 23 37 13 14 43 30 14 2227 15 15 44 57 81 19 8 5 67 17 VENEZUELAPARAGUAI URUGUAI 25,1 Brasil 18,6 Argentina 3,3 Paraguai 2,6 Uruguai 1,5 Venezuela O principal produto de exportação do Paraguai dentro do Mercosul é a energia que não usa da sua cota da hidrelétrica de Itaipu. O país vende essa energia para o Brasil, sócio na hidrelétrica A dependência da Venezuela em relação às exportações do petróleo está na raiz dos seus problemas políticos e econômicos. Quanto menor a porcentagem do produto mais exportado por um país, mais variada tende a ser sua pauta de exportação e mais complexa tende a ser sua economia 2010 2014 2005 2000 1995 US$ 42,5 BI Só os quatro países originais US$ 51,0 BI Mercosul completo 44,0 21,9 18,5 14,9 14.281 1.984 2.323 1.611 1.095 740 440 1.562 1.214 13.881 4.632 3.193 2.945 Do Brasil para a Argentina Da Argentina para o Brasil BRASIL PARAGUAI URUGUAI VE N. ARGENTIN A Os25,1bilhõesde dólaresqueoBrasil arrecadoucom as exportaçõesao Mercosulem 2014 respondem por 58,4% dasvendas externasdopaís Manufaturassimples (borracha,couro,papel,têxteis) Produtosquímicos (excetoorgânicos) Alimentoseanimaisvivos Oleaginosas PetróleoecorrelatosEletricidade Outros Veículos PARCERIA EFETIVA Brasil e Argentina, as duas maiores economias do Mercosul concentram mais da metade do comércio dentro do Mercosul. Já a Venezuela quase não se bica com o Paraguai e o Uruguai 2009 33,5 2002 11,1 24 GE atualidades | 2º semestre 2016 25GE atualidades | 2º semestre 2016 destrinchando Mercosul:hermanos, apesardascrises O Mercosul completa 25 anos, promovendo maior integração entre os países-membros, mas o comércio pode evoluir mais H á 25 anos, o leite e o vinho ar- gentinosficaramcomunsnos supermercados brasileiros. Sem carimbo no passaporte para visitar o Brasil, as placas pretas dos “herma- nos” invadiam as praias catarinenses. Parte desses carros vinha do Brasil, sob um acordo que estimulou a instalação de montadoras nos dois países. Eram os efeitos mais visíveis da criação do Mercado Comum do Sul (Mercosul), inaugurado em 26 de março de 1991. OMercosuléfilhodanecessidadecom a política de boa vizinhança. Em 1985, recém-saídos de ditaduras militares e comonomesujonoFMI,BrasileArgen- tinaassinaramumacordoparaaumentar ocomérciobilateral.Issoevoluiuparaa criação de uma zona de livre-comércio englobandoBrasil,Argentina,Paraguai e Uruguai. O bloco cortou restrições à circulação de mercadorias, serviços e pessoas, além de unificar as condições comerciais com outros países. Vaivéns da política e da economia sempre afetam o bloco. Em 2001, a cri- se pegou a Argentina em cheio. Depois, aproximidadeentreosgovernosLulae KirchnerimpulsionouoMercosul.Aí,a criseglobalde2008-2010tirouumalasca dastransações.Em2012,comoParaguai suspenso, a Venezuela entrou no bloco paracomprarmaisbaratodepaísespara ondevendepetróleo.Em2015,aBolívia iniciouprocessoparasejuntaraogrupo. Até hoje, porém, o comércio dentro do Mercosul não chega a 14% do que importam e exportam seus países. Dois terços desse volume ainda se concen- tram entre Brasil e Argentina.
  • 3. BRASIL Cresce a dependência de grãos e minério na década de 2000 CHINA Roupas e tênis dos anos 90 perdem importância para smartphones MÉXICO Automóveis puxam as vendas de manufaturados RÚSSIA Cada vez mais, o petróleo domina a pauta de exportação O QUE O BRASIL VENDE O QUE O BRASIL COMPRA 0 50 100 150 200 250 20152011200520001997 0 20 40 60 80 100 201520051995 0 20 40 60 80 100 201520051995 0 20 40 60 80 100 201520051995 0 20 40 60 80 100 201520051995 4,3veículos 1,1cereais 0,4máquinas e motores 0,4outros produtos químicos 0,5plásticos e derivados 5,3 veículos 0,7 plásticos e derivados 1,3 máquinas e motores 0,6 eletroeletrônicos 0,6 ferro e aço O QUE ENTRA E O QUE SAI DOS CONTÊINERES BRASILEIROS (EM BILHOES DE DÓLARES) 8,5eletroeletrônicos 5,2máquinas e motores 1,0navios e barcos 2,0produtos químicos orgânicos 5,9máquinas e motores 1,8plásticos e derivados 1,9produtos químicos orgânicos 3,9petróleo e derivados 1,8aparelhos médicos, ópticos e fotográficos 0,9ferro e aço 17,0 oleaginosas (soja) 12,8 produtos minerais 5,3 petróleo e derivados 2,5 papel e celulose 4,8 petróleo e derivados 1,7 máquinas e motores 2,7 outras commodities 3,0 aviões e peças 3 ferro e aço 1,0 carnes e derivados ARGENTINA CHINA ESTADOS UNIDOS O PROBLEMA DA COMPLEXIDADE TECNOLÓGICA O economista Sanjaya Lall (1940-2005), professor de Oxford, classificou a pauta comercial de países em desenvolvimento com base no grau de complexidade tecnológica dos produtos. Quanto mais primária a pauta, maior a dependência de outros países. Veja uma escala adaptada desse índice, comparando Brasil, Rússia, Índia e México: Fonte: Unctad Produtos primários Grãos, minérios, petróleo, madeira, e recursos naturais processados, como sucos, óleos vegetais, metais básicos, cimento e vidro Baixa tecnologia Tecidos, roupas, calçados, estruturas simples de metais, móveis, joias, brinquedos Média tecnologia Automóveis e autopeças, fibras sintéticas, produtos químicos, tintas, fertilizantes, plástico, aço, relógios, navios, maquinário Alta tecnologia Computadores, TVs, transistores, turbinas, geradores de energia, produtos farmacêuticos, aeronaves, câmeras, smartphones Não classificados Eletricidade, filme para cinema, material impresso, ouro, obras de arte, animais domésticos %dasexportações %dasexportações NEGÓCIO DA CHINA Evolução das exportações brasileiras entre os principais destinos (em bilhões de dólares) NOVA RETRAÇAO Em dólares, as exportações brasileiras caíram 25% desde 2011. O queda se agravou a partir da desaceleração da China, após 2013. Depois de dois anos, as exportações para o país caíram 23% CRISE GLOBAL As vendas de commodities e a intensifcação da parceria com o Mercosul alavancou as exportações brasileiras nos anos 2000. Mas a crise global, iniciada em 2008, prejudicou o comércio exterior do Brasil CRISE GLOBAL Pouco mais de 20 anos depois, a China ultrapassou os EUA e tornou-se o principal destino de nossas exportações. Entre 1997 e 2015, as vendas para a China saltaram de 1,1 bilhão para 35,6 bilhões 68% Produtos primários 84% Produtos primários 44% Média tecnologia 32% Baixa tecnologia 24% Média tecnologia 32% Alta tecnologia 18,6% CHINA 12,6% EUA 6,7% Argentina 5,3% Holanda 2,7% Alemanha 54,1% Outros 6,84,0 2,6 1,1 9,3 29,2 6,2 2,8 2,5 1,1 13,2 29,3 140,6 44,3 25,8 22,7 13,6 9,0 103,4 24,1 12,8 10,0 5,2 35,6 O PESO DOS PRINCIPAIS PARCEIROS NAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS Outros Estados Unidos Argentina Holanda Alemanha China 53,0 55,1 118,5 256,0 191,1 Total 69 6,8 22,5 9,9 5,3 5,0 26 GE atualidades | 2º semestre 2016 27GE atualidades | 2º semestre 2016 destrinchando A alquimiadocomércioexterior transforma minério de ferro em automóveis, café em me- dicamentos e derivados do plástico em smartphones.Naúltimadécada,oBrasil aumentou sua dependência das com- modities em sua pauta de exportação e passou a comprar cada vez mais itens tecnológicos. Atualmente, os produtos de baixo valor agregado e com preços OBrasilea dependênciadas commodities Os produtos primários representam 40% das exportações brasileiras, sobretudo devido ao apetite chinês por minério de ferro e soja instáveis,determinadospelosmercados internacionais,representamquase40% do cardápio de vendas do Brasil. Boa parte das vendas de produtos minerais, como o minério de ferro, vai paraaChina.Em1997,oschinesescom- pravam menos do que o Paraguai. Hoje, o país mais populoso do mundo virou o maior parceiro comercial do Brasil, levando 18% de tudo o que o Brasil ex- porta, especialmente commodities. Por sua vez, nós compramos dos chineses produtos de média e alta tecnologia – muitos deles fabricados com o minério de ferro que vendemos à China. Segundo o Ministério do Desenvol- vimento, o Brasil vendeu para mais de 200 parceiros em 2015, da Argentina ao Zimbábue. Ao final daquele ano, porém, as exportações do país haviam regredido a um nível inferior ao de 2008,antesdacrisemundial.Aretração das vendas externas também tem influ- ência da desaceleração da economia chinesa, a partir de 2013. O peso ganho no comércio brasileiro pelo parcei- ro oriental faminto por commodities, aliado à desvalorização do real e a ou- tras instabilidades internas, agravou a situação da economia nacional. •