O documento discute a educação a distância e suas perspectivas, apresentando:
1) A necessidade de repensar o ensino superior considerando a educação a distância e focando no desenvolvimento de habilidades dos estudantes.
2) Os benefícios da educação a distância, como flexibilidade espaço-temporal e custo-benefício, mas também seus desafios como acesso e resistência cultural.
3) As competências necessárias para educadores na educação a distância, como habilidades técnicas e sociais para mediar comunidades online.
O que é arte. Definição de arte. História da arte.
Educação a Distância: Panorama e Tendências
1. Educação a Distância (EAD)
Panoramas e Perspectivas
Prof. Dr. Marcelo Sabbatini
Centro de Educação
Universidade Federal de Pernambuco
2. Objetivo
• O objetivo desta aula é promover uma
reflexão no aluno sobre a importância e
a necessidade de repensar o ensino
superior frente a Educação a Distância
(EAD)
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9. Mudando o Ensino Superior
• É necessário mudar o foco e as
práticas do ensino graduado:
– ajudar os estudantes a desenvolverem
estratégias para lidarem com o grande e
cambiante volume de informação,
conceitos, princípios e habilidades;
– obter um melhor equilíbrio curricular entre
obtenção de informação, formação e
socialização
10. Albert Einstein sobre o Pensador
Independente
Se uma pessoa domina o
fundamental no seu campo
de estudo e aprendeu a
pensar e a trabalhar
independentemente, ela
será mais capaz de adaptar-
se ao progresso e às
mudanças do que a pessoa
cujo treinamento consiste
principalmente na aquisição
de conhecimento detalhado.
11. A Tecnologia como
Paradigma
• Como a EAD pode oferecer subsídios para um novo
modelo de ensino superior?
• Onde está a “educação” da educação a distância?
• Substituição de grande parte do ensino presencial
por ensino a distância, independente e
individualizado
• Uso de novas tecnologias para suporte e extensão
do ensino presencial
• Compartilhamento de conteúdos educacionais entre
instituições: o surgimento dos consórcios
educacionais
12.
13. Educação versus Informação
• A instrução é oferecida de forma estruturada,
e otimizada para facilitar o auto-aprendizado;
• Existe intensa interação entre professor e
aluno, e entre alunos;
• Existe um gerenciamento do processo
instrucional, ou seja, o controle da
progressão do aluno, e a avaliação do seu
aprendizado e do desempenho em curso,
etc.
14. EAD na Educação Superior
• São flexíveis quanto ao espaço e ao tempo
• Não exigem os custos nem o tempo gasto com
viagens e estadias
• Podem ser seguidos a partir de qualquer lugar do
planeta, bastando possuir um computador portátil
e acesso à Internet;
• Permitem uma grande individualização do ensino;
ao permitir que cada um escolha o que quer
aprender, até que nível de profundidade, em
quanto tempo, e em que ritmo.
• Permitem também o acesso direto ao instrutor, e
a avaliação do aluno à distância
15. O que é a EAD
• Possibilidade de combinação com
ensino presencial
• Comunicação em várias vias:
– professor estudante
– estudante professor
– professor professor
– estudante estudante
16. Evolução das Tecnologias da
EAD
Geração Textual (1890-1960)
EAD Geração Analógica (1960-1980)
Geração Digital (desde 1980)
18. A Mudança de Paradigma:
Ensino Aprendizagem
•Fornecer instrução • Ajudar a aprender
•Transferir conhecimento do •Estimular a descoberta do
professor para o estudante estudante e a construção do
conhecimento
•Oferecer cursos e •Oferecer ricos ambientes de
programas aprendizagem
•Modelo Livro-Dependente •Modelo Trabalho/Pesquisa
(busca orientada do
conhecimento/informação)
19. Benefícios da EAD
• Independência geográfica
• Independência temporal
•Boa relação custo-benefício
• Aprendiz dirige o seu aprendizado
• Comunicação aumentada
•Material mais estimulante
• Caminhos inovadores
20. Problemas da EAD
• Dificuldades de acesso
• Custos específicos da tecnologia
• Alfabetização digital
• Resistência cultural
• Formação docente
• Pedagogia convencional não se aplica
• Direito autoral, privacidade, segurança
• Tradicionalismo
21.
22. Cenário Nacional
• Crescimento explosivo
• “Arapuca ou mina de ouro”?
• Legislação favorável (LDBE), mas
ainda com regulamentação incompleta
• Ofertas em todos os níveis (graduação,
pós-graduação e extensão)
• Formação de consórcios públicos e
privados
23. Percepção social
• Culturalmente negativa: baixa
qualidade
• Utopicamente positiva: sem
dificuldades, resolução dos problemas
educacionais
• Conceitualmente equivocada: aprender
sem professor?
• Politicamente carregada: vide USP
24. Novas configurações do
ambiente educacional
• Novos “espaços e tempos” no processo de
ensino e aprendizagem
– Mais além da sala de aula: recursos de
informação e comunicação, laboratórios e
atividades externas (experimentais, profissionais e
culturais)
• Tendências: mobilidade (m-learning), TV digital,
personalização
– Reorganização dos ambientes presenciais
– O presencial “conectado”: telepresença, realidade
aumentada
– Os Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVAs)
• Apropriação da tecnologia pelos usuários
25. Competências e habilidades do
educador na EAD
• Competência tecnológica
– Habilidades técnicas (versus fobia
tecnológica)
– Conhecimento e uso dos recursos na rede
– Experiência na mediação de comunidades
online
– As questões do acesso à tecnologia e da
ubiquidade
26. • Competências sociais
– Gerenciamento de equipes e de pessoas
– Empatia e alteridade
– Comunição interpessoal
– Liderança e motivação
– Ética e comprometimento
• O “estar junto virtual” como modelo baseado
na interação social e construção pessoal do
conhecimento (VALENTE, 2008)
27. • Competências criativas e de planejamento
– O professor-autor
– Design instrucional
• Modelos teóricos e pedagógicos
• Definição de público-alvo e objetivos
• Criação e adaptação de conteúdos para distribuição
online
• Previsão das atividades de integração da aprendizagem,
interação e avaliação
• A centralidade do planejamento em EAD
melhora o ensino presencial? (Hipótese
Moran)
28. Novos desafios da práxis pedagógica
• Ctrl T, Ctrl C, Ctrl V, Ctrl P...o problema do
plágio
– A recomendação subversiva de Umberto Eco já
não vale mais: Milão e Catania são equidistantes
nos nodos da rede mundial de computadores
– A cultura da “pesquisa” como cópia e reprodução
livresca
– Um “jogo de gato e rato” ou mudança de
paradigma?
– Como estabelecer uma relação de identidade e
envolver o aluno-autor na atividade?
29. • A manutenção dos modelos
intrucionistas e a passividade da
geração Web: “na rede sim, na escola
não”.
• A eliminação do especialista na ótica do
“prossumo”: a mais-valia revisitada?
• Privacidade e controle social no meio
digital: novas formas de “vigiar e punir”?
• A “escola dualista”: EAD é para
“pobre”?
30. Considerações
• O impacto das tecnologias de informação e
comunicação não se resumem à “educação à
distância”
• Cada vez mais os espaço de aulas se virtualizam e
os espaços virtuais se “realizam”
• Competências e habilidades técnicas, sociais,
criativas e de planejamento devem ser desenvolvidas
no educador
• As mudanças trazem consigo impactos na relação da
atividade docente enquanto trabalhador
• Estas competências e habilidades se desenvolvem
em um quadro mais amplo do educador como
transformador de sua realidade
31. Questões para debate
• As competências e habilidades para a EAD
são fundamentais na formação do docente
ou temas de especialização?
• Por que não existe (ainda) o mestrado a
distância no Brasil?
• O planejamento e concepção de materiais
para a EAD pode melhorar o ensino
presencial
• Os desafios da inclusão digital são técnicos e
econômicos ou incluem também o educativo,
cultural e social?
O desenvolvimento da capacidade geral de pensamento e julgamento independentes, sempre deveria ser colocado em primeiro lugar, e não a aquisição de conhecimento especializado. Adaptabilidade, flexibilidade, multiplicidade: estas são as características do profissional de sucesso em qualquer época e em qualquer área. Mas elas são cada vez mais necessárias à medida em que aumenta vertiginosamente a taxa de progresso do conhecimento na sociedade.
A EAD pode (e muitas vezes, deve, chegando a existirem regras regulatórias claras a esse respeito, impostas pelo MEC) ser combinada com o ensino presencial, em várias gradações. Dessa forma pode-se aproveitar o melhor de cada forma na composição e na pedagogia de um curso. A definição da EAD deve necessariamente abranger as várias vias de comunicação entre os dois principais protagonistas do processo educacional, o estudante (ou aprendiz) e o professor.
A EAD tem sido utilizada há mais de um século, desde que William Harper, Reitor e fundador da Universidade de Chicago, ofereceu em 1881 um bem sucedido curso de Hebraico por correspondência. Em 1889 o Queen’s College do Canadá começou a oferecer uma série bem sucedida de cursos remotos e de baixo custo, como forma de compensar as grandes distâncias entre os centros urbanos daquele país. Desde então a EAD tem crescido vertiginosamente através do uso de uma larga gama de ferramentas pedagógicas e tecnológicas que foram surgindo e se viabilizando ao longo do tempo. Em função das tecnologias adotadas para a transmissão da informação, a evolução da educação a distância pode ser dividida em três fases, ou gerações não mutuamente excludentes. A primeira pode ser denominada de GERAÇÃO TEXTUAL (1890 a 1960), que foi baseada numa atitude isolada de auto-aprendizado e suportada apenas por textos impressos. A Segunda pode ser denominada de GERAÇÃO ANALÓGICA (1960 a 1980), que foi baseada numa atitude de auto-aprendizado com suporte, não somente por textos impressos, mas também por tecnologias de mídia tais como recursos de áudio e vídeo. A terceira e atual pode ser denominada de GERAÇÃO DIGITAL, que é baseada numa atitude de auto-aprendizado fortemente suportada por recursos tecnológicos altamente diferenciados, que podem ser balizados pelos seguintes fatores: o alto grau de interatividade através dos computadores pessoais, o baixo custo de aquisição dos computadores pessoais, a grande amplitude e o baixo custo de acesso às redes de computadores locais e remotas (Internet , Intranets e Extranets) e a eficiência e o baixo custo dos modernos satélites e da telecomunicação digital. Fonte : Loyola, W e Prates, M. Curso de Ensino Mediado por Computador (EMDC), 2000.
Mas a EAD não só imita aspectos do ensino presencial tradicional. Ela também cria novos paradigmas, como mostra este slide: O aluno não está mais confinado no espaço e no tempo para se habilitar a receber os conteúdos educacionais. Ao invés de ser um aluno (conceito ligado à passividade em relação ao professor), ele passa a ser um aprendiz (conceito ligado à autonomia no aprendizado) O professor passa a ser um facilitador, e perde o papel tradicional de “válvula” de toda a informação que chega ao aluno A classe (no sentido tradicional) é destruida, e o aprendizado passa a ser um projeto do aluno e professor. O conjunto de classes, que é o campus, também é destruído. No seu lugar, aparece o crédito educacional, que pode ser tomado em qualquer lugar, não necessariamente na mesma instituição educacional, ou num campus específico (físico) Finalmente, o conceito de que a educação é intimamente associada ao conceito de tempo (tantas horas de duração de uma disciplina, tantos anos de duração de um curso…), é substituido pela ênfase da aquisição de conhecimento. Fonte: Adaptado de Fuchs, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.
A Metodologia em EAD se baseia fortemente na abordagem pedagógica construtivista, já que a mesma se presta a ser aplicada com máxima eficiência em relação às metodologias presenciais convencionais. Dessa forma, estimulam-se diversas características de aprendizado atualmente exigida pela moderna educação profissional, uma vez que o foco é orientado ao binômio aluno/aprendizado , ao invés do binômio convencional professor/ensino . Esta abordagem permite liberar o aluno das restrições do conhecimento pronto (apostilas, p. ex.), passando a levá-lo a buscar de forma orientada o conhecimento de que precisa. Como diz o famoso ditado chinês “melhor ensinar a pescar ao invés simplesmente dar o peixe”. As conseqüências são diversas e positivas, tais como estimular o uso do método de pesquisa, induzir o trabalho em grupo e permitir a articulação entre teoria e prática (tão criticada no ensino convencional).
Independência geográfica - Estudantes podem estudar em qualquer lugar. Isto significa que as atividades instrucionais sejam dadas obrigatoriamente na mesma área física. Independência temporal - A combinação de possibilidades de distribuição de informação, comunicação assíncrona e pedagogia apropriada não depende do tempo. Por exemplo, um estudante pode assistir a uma aula gravada na Web ou em videocassete na hora em que quiser, e não quando o professor determinar uma data e horário. Plataforma independente - Muitas aplicações existentes como CD Roms, treinamento baseado em computador, etc. são específicas a uma plataforma particular (Windows ou Mac, marcas de computador, etc.). A natureza plataforma-independente da web remove este problema, exceto alguns sistemas multimídia como shockwave (não-Unix) Comunicação aumentada - falam um com o outro, individualmente ou em grupo, enviam questões. É comumente reportado que que pessoas falam mais eletronicamente por email, chat do que face-a-face. Educação não é mais privilégio de poucos.Qualquer um se beneficia e ganha conhecimento e experiência Dirige o seu aprendizado. Ele necessita de um guia, um conselheiro, mas ele deve ter a responsabilidade para participar em programas, fazer avaliações, desenvolver habilidades Alta relação de custo-benefício, pois pode treinar um maior número de pessoas e com maior freqüência, reduz custos de deslocamentos de pessoal, e Novos alunos podem ser incluídos no sistema sem custo adicional;
Aulas baseadas na Internet, como qualquer meio tem um número de limitações que devem ser consideradas Acesso e recursos - Em muitas áreas do país o acesso ainda é difícil e lento, ou não existe. Custo - Para alguns estudantes não vinculados a uma instituição que farão o curso em casa, o custo da conexão pode limitar o acesso do estudante, principalmente em localidades muito remotas. Treinamento - Muitos estudantes ainda não sabem como usar o ferramental da EAD, principalmente devido a problemas de tecnologia (uso eficiente de computadores). Além disso, os alunos precisam se adaptar aos novos métodos úsados pela EAD, o que muitas vezes é demorado e encontra resistências Copyright, privacidade, segurança e autenticação - ainda não existem soluções para estes problemas. As leis são inconsistentes ao se aplicarem ao mundo eletrônico, não existe jurisprudência, os legisladores não entendem do assunto A segurança dos dados e a necessidade de autenticacao do usuário de forma inambígua ainda são difíceis e podem causar probelmas
No Brasil, talvez em função de uma cultura de concepção educacional muito conservadora e obsoleta, amplamente disseminada em nosso meio acadêmico, a EAD está longe de atender às reais necessidades do país. Apesar disso, tem se notado um franco crescimento nas iniciativas de EAD em todo o país, crescimento este que tem sido alavancado recentemente pelo surgimento de consórcios educacionais em EAD. A oferta se distribui por todos os níveis de ensino, com predominância para os cursos de extensão e de pós-graduação lato-sensu. A legislação brasileira sobre EAD, balizada pela LDBE, ainda está incompleta quanto à regulamentação e reconhecimento dos cursos ministrados a distância.