O documento é uma compilação de trechos da obra do escritor Caio Fernando Abreu que abordam temas como solidão, amor, saudade e a condição humana. Os trechos expressam sentimentos de perda, falta e desejo por conexão em meio ao vazio e à dor existencial. O documento também fornece informações biográficas sobre o autor, destacando sua obra que retrata de forma dramática a fragmentação do mundo moderno.
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Dor, saudade e amor em textos de Caio Fernando Abreu
1.
2. “Hoje eu queria um abraço daqueles que te sufoca de tão apertado e te protege de tudo. Hoje eu só queria ouvir “Eu te procurei pra saber se você tá bem”.
3. “Nada mais distanciado do que o que está por perto, porque o que está longe se faz compacto numa atitude assumida frente ao que já aconteceu.”
4. “Derramei três lágrimas: a primeira escorreu pela face e perdeu-se na boca; a segunda morreu achatada contra o assoalho; a terceira caiu na tua mão. E foi a que mais doeu.”
5. “As pessoas suportam tudo, as pessoas às vezes procuram exatamente o que será capaz de doer ainda mais fundo, o verso justo, a música perfeita, o filme exato, punhaladas revirando um talho quase fechado, cada palavra, cada acorde, cada cena, até a dor esgotar-se autofágica, consumida em si mesma, transformada em outra coisa que não saberia dizer qual era.”
6. “Eu sentia profunda falta de alguma coisa que não sabia o que era. Sabia só que doía, doía. Sem remédio.”
7.
8. “Como pode? Duas pessoas tão diferentes se amarem a ponto de não conseguirem desviar os pensamentos um do outro? Certo dia me perguntaram: Porque você se apaixonou? Eu respondi: Não sei. E talvez continue não sabendo. Eu simplesmente amo, acordo e vou dormir com ele nos meus pensamentos.”
9. “Durante algum tempo fiz coisas antigas como chorar e sentir saudade da maneira mais humana possível: fiz coisas antigas e humanas como se elas me solucionassem. Não solucionaram. “
10. “Para seu próprio bem guarde este recado: alguma coisa sempre faz falta. Guarde sem dor, embora doa, e em segredo.”
11. “Olho tudo isso que vejo e não tem outra magia além dessa, a de ser real, e vou dizendo lento, como quem tem medo de quebrar a rija perfeição das coisas, e vou dizendo leve, então, no seu ouvido duro, na tua alma fria, e vou dizendo louco, e vou dizendo longo sem pausa - gosto muito de você gosto muito de você gosto muito de você.”
12. “Não fosse amor, não haveria desejo, nem medo da solidão. Se não fosse amor não haveria saudade, nem o meu pensamento o tempo todo em você.”
13. “Chorei três horas, depois dormi dois dias. Parece incrível ainda estar vivo quando já não se acredita em mais nada. Olhar, quando já não se acredita no que se vê. E não sentir dor nem medo porque atingiram seu limite. E não ter nada além deste amplo vazio que poderei preencher como quiser ou deixá-lo assim, sozinho em si mesmo, completo, total.”
14. “A vida tem caminhos estranhos, tortuosos às vezes difíceis: um simples gesto involuntário pode desencadear todo um processo. Sim, existir é incompreensível e excitante. Às vezes que tentei morrer foi por não poder suportar a maravilha de estar vivo e de ter escolhido ser eu mesmo e fazer aquilo que eu gosto - mesmo que muitos não compreendam ou não aceitem.”
15. “Vai passar, tu sabes que vai passar. Talvez não amanhã, mas dentro de uma semana, um mês ou dois, quem sabe? O verão está aí, haverá sol quase todos os dias, e sempre resta essa coisa chamada 'impulso vital'.
16. Pois esse impulso ás vezes cruel, porque não permite que nenhuma dor insista por muito tempo, te empurrará quem sabe para o sol, para o mar, para uma nova estrada qualquer e, de repente, no meio de uma frase ou de um movimento te surpreenderás pensando algo assim como 'estou contente outra vez‘.”
17. Caio Fernando Loureiro de Abreu (Santiago, 12 de setembro de 1948, Porto Alegre, 25 de fevereiro de 1996, foi um jornalista, dramaturgo e escritor Apontado como um dos expoentes de sua geração, a obra de Caio Fernando Abreu, escrita num estilo econômico e bem pessoal, fala de sexo, de medo, de morte e, principalmente, de angustiante solidão. Apresenta uma visão dramática do mundo moderno e é considerado um “fotógrafo da fragmentação contemporânea”.