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LEMBRANDO  MANUEL BANDEIRA Michèle Christine (pesquisa e formatação) Avançar
Na literatura brasileira, Manuel Bandeira (1886-1968), consagrou o nome Pasárgada como um lugar ironicamente ideal, em  Vou-me embora pra Pasárgada Avançar
Em Pasárgada, o Paraíso é uma projeção, um objeto de desejo do sujeito- enunciador, que se vale dos atributos paradisíacos por ainda não ser experienciado, vivenciado. Por ter vida, e sobretudo sentido, apenas no imaginário do sujeito-enunciador e por não ter sido ainda confrontada com a realidade é que podemos considerar Pasárgada um lugar perfeito, como nos mostra os tempos verbais no futuro em trechos como “na cama que escolherei”. Justamente por só ter representação dentro do universo onírico e ser constituída também a partir desses elementos é que não há a possibilidade de frustrar-se. A frustração só se configura no momento que esse objeto de desejo passa a existir também no plano real, ou seja, a partir do momento que o Paraíso pode ser experimentado. (por Hugo Maior) Avançar
Rosa: mulata que serviu de ama-seca a Manuel Bandeira e a seus irmãos quando meninos.  alcalóide: substância química encontrada  nas plantas que, entre outros fins, serve para a fabricação de drogas.  É o próprio Bandeira quem explica:  “Vou-me embora pra Pasárgada” foi o poema de mais longa gestação em toda minha obra. Vi pela primeira vez esse nome de Pasárgada quando tinha os meus dezesseis anos e foi num autor grego. [...] Esse nome de Pasárgada, que significa “campo dos persas”, suscitou na minha imaginação uma paisagem fabulosa, um país de delícias [...]. Mais de vinte anos depois, quando eu morava só na minha casa da Rua do Curvelo, num momento de fundo desânimo, da mais aguda doença, saltou-me de súbito do subconsciente esse grito estapafúrdio: “Vou-me embora pra Pasárgada!”. Senti na redondilha a primeira célula de um poema [...]. (Estrela da vida inteira, cit., p. 127-8.)   O que é "Pasárgada"? Avançar
Pasárgada   era uma cidade da antiga Pérsia e é atualmente um sítio arqueológico na província de Fars, no Irã, situado 87 km a nordeste de Persépolis. Foi a primeira capital da Pérsia Aqueménida, no tempo de Ciro II da Pérsia, e coexistiu com as demais, dado que era costume persa manter várias capitais em simultâneo, em função da vastidão do seu império: Persépolis, Echátana, Susa ou Sardes. É hoje um Patrimônio Mundial da UNESCO. Avançar
Vou-me Embora pra Pasárgada Manuel Bandeira "... o sol tão claro lá fora o sol tão claro, Esmeralda, e em minhalma... anoitecendo." Avançar
Vou-me embora pra Pasárgada Lá sou amigo do rei Lá tenho a mulher que eu quero Na cama que escolherei Vou-me embora pra Pasárgada Vou-me embora pra Pasárgada Aqui eu não sou feliz Lá a existência é uma aventura De tal modo inconseqüente Que Joana a Louca de Espanha Rainha e falsa demente Vem a ser contraparente Da nora que nunca tive E como farei ginástica Andarei de bicicleta Montarei em burro brabo Subirei no pau-de-sebo Tomarei banhos de mar! E quando estiver cansado Deito na beira do rio Mando chamar a mãe-d'água Pra me contar as histórias Que no tempo de eu menino Rosa vinha me contar Vou-me embora pra Pasárgada   Em Pasárgada tem tudo É outra civilização Tem um processo seguro De impedir a concepção Tem telefone automático Tem alcalóide à vontade Tem prostitutas bonitas Para a gente namorar   E quando eu estiver mais triste Mas triste de não ter jeito Quando de noite me der Vontade de me matar — Lá sou amigo do rei — Terei a mulher que eu quero Na cama que escolherei Vou-me embora pra Pasárgada. Texto extraído do livro " Bandeira a Vida Inteira ", Editora Alumbramento – Rio de Janeiro, 1986, pág. 90  (crédito da poesia) Avançar
lá sou amigo do rei Avançar
" Espera o BRASIL Que todos cumprais Com o vosso dever". (Américo de Moura 1879/1880) FIM Fechar

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Manuel Bandeira Vou Me Embora Pra Pasárgada

  • 1. LEMBRANDO MANUEL BANDEIRA Michèle Christine (pesquisa e formatação) Avançar
  • 2. Na literatura brasileira, Manuel Bandeira (1886-1968), consagrou o nome Pasárgada como um lugar ironicamente ideal, em Vou-me embora pra Pasárgada Avançar
  • 3. Em Pasárgada, o Paraíso é uma projeção, um objeto de desejo do sujeito- enunciador, que se vale dos atributos paradisíacos por ainda não ser experienciado, vivenciado. Por ter vida, e sobretudo sentido, apenas no imaginário do sujeito-enunciador e por não ter sido ainda confrontada com a realidade é que podemos considerar Pasárgada um lugar perfeito, como nos mostra os tempos verbais no futuro em trechos como “na cama que escolherei”. Justamente por só ter representação dentro do universo onírico e ser constituída também a partir desses elementos é que não há a possibilidade de frustrar-se. A frustração só se configura no momento que esse objeto de desejo passa a existir também no plano real, ou seja, a partir do momento que o Paraíso pode ser experimentado. (por Hugo Maior) Avançar
  • 4. Rosa: mulata que serviu de ama-seca a Manuel Bandeira e a seus irmãos quando meninos. alcalóide: substância química encontrada nas plantas que, entre outros fins, serve para a fabricação de drogas. É o próprio Bandeira quem explica: “Vou-me embora pra Pasárgada” foi o poema de mais longa gestação em toda minha obra. Vi pela primeira vez esse nome de Pasárgada quando tinha os meus dezesseis anos e foi num autor grego. [...] Esse nome de Pasárgada, que significa “campo dos persas”, suscitou na minha imaginação uma paisagem fabulosa, um país de delícias [...]. Mais de vinte anos depois, quando eu morava só na minha casa da Rua do Curvelo, num momento de fundo desânimo, da mais aguda doença, saltou-me de súbito do subconsciente esse grito estapafúrdio: “Vou-me embora pra Pasárgada!”. Senti na redondilha a primeira célula de um poema [...]. (Estrela da vida inteira, cit., p. 127-8.) O que é "Pasárgada"? Avançar
  • 5. Pasárgada era uma cidade da antiga Pérsia e é atualmente um sítio arqueológico na província de Fars, no Irã, situado 87 km a nordeste de Persépolis. Foi a primeira capital da Pérsia Aqueménida, no tempo de Ciro II da Pérsia, e coexistiu com as demais, dado que era costume persa manter várias capitais em simultâneo, em função da vastidão do seu império: Persépolis, Echátana, Susa ou Sardes. É hoje um Patrimônio Mundial da UNESCO. Avançar
  • 6. Vou-me Embora pra Pasárgada Manuel Bandeira "... o sol tão claro lá fora o sol tão claro, Esmeralda, e em minhalma... anoitecendo." Avançar
  • 7. Vou-me embora pra Pasárgada Lá sou amigo do rei Lá tenho a mulher que eu quero Na cama que escolherei Vou-me embora pra Pasárgada Vou-me embora pra Pasárgada Aqui eu não sou feliz Lá a existência é uma aventura De tal modo inconseqüente Que Joana a Louca de Espanha Rainha e falsa demente Vem a ser contraparente Da nora que nunca tive E como farei ginástica Andarei de bicicleta Montarei em burro brabo Subirei no pau-de-sebo Tomarei banhos de mar! E quando estiver cansado Deito na beira do rio Mando chamar a mãe-d'água Pra me contar as histórias Que no tempo de eu menino Rosa vinha me contar Vou-me embora pra Pasárgada   Em Pasárgada tem tudo É outra civilização Tem um processo seguro De impedir a concepção Tem telefone automático Tem alcalóide à vontade Tem prostitutas bonitas Para a gente namorar   E quando eu estiver mais triste Mas triste de não ter jeito Quando de noite me der Vontade de me matar — Lá sou amigo do rei — Terei a mulher que eu quero Na cama que escolherei Vou-me embora pra Pasárgada. Texto extraído do livro " Bandeira a Vida Inteira ", Editora Alumbramento – Rio de Janeiro, 1986, pág. 90 (crédito da poesia) Avançar
  • 8. lá sou amigo do rei Avançar
  • 9. " Espera o BRASIL Que todos cumprais Com o vosso dever". (Américo de Moura 1879/1880) FIM Fechar