Este documento discute a longa luta das mulheres brasileiras para alcançar a cidadania plena. A educação é vista como fundamental para que as mulheres possam conquistar seus direitos civis, políticos e sociais, já que historicamente tiveram pouco acesso à educação e enfrentaram muitas limitações. Apesar dos avanços legais nas últimas décadas, as mulheres, especialmente das classes populares, ainda enfrentam desigualdades educacionais e dificuldades para completar seus estudos.
1. emancipação CIDADANIA FEMININA:
UM LONGO E TORTUOSO CAMINHO
Walfrido Nunes de Menezes1
RESUMO: O presente trabalho tem a finalidade de discutir a questão da cidadania no
contexto de gênero no feminino, diante do Estado e de uma sociedade que têm como
princípios um viés masculino, que implica múltiplas exclusões além do privado – como
excluir as mulheres dos aspectos políticos, sociais e econômicos - , limitações e
privações políticas, econômicas e sociais. Aqui, em específico, tratamos dos direitos
sociais, no tocante à educação, como estruturas básicas para o alcance dos demais
direitos, sejam os civis, os políticos ou sociais. Para tanto, estaremos analisando tais
características à luz do conceito de cidadania ativa adotado por Benevides (1991),
dada a sua proposta de participação popular como possibilidade de criação, transfor-
mação e controle sobre o poder, ou os poderes.
PALAVRAS-CHAVE: cidadania, gênero, mulheres, políticas sociais, educação
Introdução
A temática gênero no feminino, no contexto da cidadania, via
as políticas públicas educacionais, foi por nós adotada face à constatação
das imposições e limites impostos às mulheres ao longo da história da
humanidade. No Brasil, hoje, a situação ainda é mais complexa tendo
1
Mestre e Doutorando em Serviço Social – Universidade Federal de Pernambuco – UFPE; Profes-
sor da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Caruaru - FAFICA e da Faculdade Integrada do
Recife – FIR e-mail: walfridomenezes@uol.com.br
2. Menezes, Walfrido Nunes de. Cidadania feminina: um longo e tortuoso caminho
em vista que, diante do neoliberalismo, são nítidas as lacunas que en-
contramos para trabalharmos gênero, uma vez que a população brasilei-
ra, em sua maioria, não tem um sistema de atendimento à saúde ade-
quado, apresenta baixo nível de escolaridade, não conta com creches
suficientes e trabalha, na grande maioria, sem carteira assinada – setor
informal da economia.
Além disso, 71,3% da população feminina ocupada estão con-
centrados nas classes de rendimento mais baixo, de até 2 salários mí-
nimos; e 35% das 27,3 milhões de famílias que tinham pelo menos uma
criança de até 14 anos de idade – e em média de 4,8 a 2,8 filhos -, em
2001, tinham rendimento per capita de meio salário mínimo, de acordo
com os Indicadores Sociais do Instituto Brasileiro de Geografia e Esta-
tística (IBGE, 2003).
Assim, concordamos com Arcoverde, quando diz:
Embora explicitamente reconhecidas, a exploração, violência e
injustiças cometidas contra índios, negros e, sobretudo, mulheres
de todas as classes sociais, permanecem insuficientemente
problematizadas e enfrentadas pelos setores concernentes, uma
vez que as formas de resistências e lutas limitam-se ao plano da
reivindicação de direitos, mantendo os sujeitos atingidos excluídos
de decisões e da elaboração das leis (ARCOVERDE, 2000, p.
82).
Nesse sentido, fica faltando aqui a problematização da ques-
tão da discriminação de gênero, dificultando ou fragilizando o processo
da cidadania. Aspecto que, em nosso entender, viria através da política
educacional, haja vista a importância que o ensino tem para promover a
cidadania em termos do desenvolvimento humano, bem como, por per-
cebermos que as mulheres das classes populares, na maioria das ve-
zes, têm mínima ou nenhuma escolaridade. Pobres e excluídas, sem
acesso à educação, a tendência será sempre aprofundarem-se a pobre-
za e a exclusão subjacente.
Portanto, entendemos ser a educação a base para a aquisi-
ção dos demais direitos: civis, políticos e os outros da área social, além
de poder proporcionar a autonomia para as mulheres, uma vez que re-
presenta a capacidade de cada uma ser protagonista de sua história.
Diante do exposto, partimos de três concepções que refle-
tem, no âmbito social, a importância e o significado que tem a educação
para o desenvolvimento humano e social, no contexto da cidadania ple-
54 emancipação, 5(1): 53-69, 2005.
3. Menezes, Walfrido Nunes de. Cidadania feminina: um longo e tortuoso caminho
na, aqui em específico para as mulheres.
Primeira, porque, em princípio, a educação
... é definida como direito social mas tem sido historicamente um
pré-requisito para a expansão dos outros direitos. (...). Foi ela que
permitiu às pessoas tomarem conhecimento de seus direitos e
se organizarem para lutar por eles. A ausência de uma população
educada tem sido sempre um dos principais obstáculos à
construção da cidadania civil e política (CARVALHO, 2002, p. 11).
Segunda, por partimos da concepção de Hobsbawm (1995),
quando nos aponta ser o acesso à educação um dos princípios básicos
de todo o desenvolvimento dos seres humanos para a vivência do pro-
cesso de cidadania, através do movimento de visibilidade e emancipa-
ção das mulheres.
E terceira, seguindo os princípios de Benevides (1991), da
importância da existência de uma educação política para o desenvolvi-
mento humano e para o engrandecimento das pessoas, para que pos-
sam crescer e romper com o modelo capitalista; é preciso “sobrelevar-
se a importância da educação política como condição inarredável para a
cidadania ativa – numa sociedade republicana e democrática” (p. 194).
Aspectos reforçados por Mészáros (2004), na conferência de
abertura do Fórum Social Mundial: a “construção de uma concepção e
de uma prática de educação para além do capital deve andar de mãos
dadas com a luta por uma transformação radical do atual modelo políti-
co-econômico global” (p. 02). A ruptura com o neoliberalismo, a partir da
democratização do contexto social, abre a possibilidade de integração
dos seres humanos em ações mais participativas – vivência da cidada-
nia.
A situação da mulher no contexto da educação
No inicio da colonização, qualquer forma de aprendizagem das
mulheres ocorria apenas de maneira muito limitada no espaço privado
da casa e na classe abastada; assim foi por aproximadamente 308 anos.
Embora, apesar das dificuldades para alcançá-la, em um processo len-
emancipação, 5(1): 53-69, 2005. 55
4. Menezes, Walfrido Nunes de. Cidadania feminina: um longo e tortuoso caminho
to e gradativo – o lento e tortuoso caminho -, nunca tenha deixado de
ocorrer, pois desde a colonização as mulheres enfrentaram obstáculos
e vieram conquistando espaços.
Apenas em 1809 foi permitido às mulheres – as da elite, as
das classes populares não tinham este direito – freqüentarem uma es-
cola – e só em 1827, surgem as escolas elementares, com o direito
extensivo a todas as mulheres de estudarem nas instituições públicas,
e, mesmo assim, para aprenderem os trabalhos manuais, francês, mú-
sica, etc., que tinham a finalidade de prepará-las para o bom casamento
e a maternidade, reforçando a discriminação de gênero e fragmentando
a cidadania, de acordo com o apontado por Gabriel (2004).
E somente no final desse século ocorre a ampliação da
escolarização feminina, quando finalmente, em 1879, as mulheres pu-
deram freqüentar os cursos superiores no Brasil, o que abre novas pos-
sibilidades a serem consolidadas no tempo. As mulheres eram e o são,
em muitas situações, criadas e educadas para não fazerem perguntas,
não serem ativas e para não terem autodeterminação, como nos apon-
tou Paternostra (1999).
Mas o caminho já trilhado é irremediável, pois as mulheres
cada vez mais entravam na luta pelos seus direitos e, em 1922 é conso-
lidada a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, dirigida por Bertha
Luz, “que tinha como objetivos principais elevar o nível de instrução femi-
nina, proteger as mães e a infância, obter garantias para o trabalho
feminino, estimular o interesse das mulheres pelas questões sociais,
(...)” (GABRIEL, 2004, p.02).
Assim, de lutas em lutas, os movimentos feministas vão abrindo
caminho. Devido à amplitude dos dados, promovemos um recorte no
tempo – com as lutas contínuas – que nos leva para 1979, ano em que
a Organização das Nações Unidas (ONU), na luta pela paridade femini-
na, promove a Convenção para a Eliminação de Discriminação contra a
Mulher, e no mesmo ano acontece a II Conferência Mundial sobre a
Mulher em Copenhague, que mostrou, dentre várias questões, que “en-
tre os analfabetos 2/3 são mulheres” (id., p. 01). E aqui referendada pela
Constituição de 1988, em seu Capítulo II sobre os Direitos Sociais, e
especificamente em seu Artigo 205, segundo o qual a educação é um
direito de todas/todos.
Por sua vez, tendo o Brasil como país signatário, a educação
também é referendada pela Organização das Nações Unidas, Para a
56 emancipação, 5(1): 53-69, 2005.
5. Menezes, Walfrido Nunes de. Cidadania feminina: um longo e tortuoso caminho
Educação, Ciências e Cultura (UNESCO, 1960), e pela Quarta Confe-
rência Mundial sobre as Mulheres: Ação para Igualdade, Desenvolvimento
e Paz, em 1995, que aponta em seu artigo 27, dentre outros, que o
crescimento econômico sustentado ocorre através da educação básica,
educação durante toda a vida, alfabetização e capacitação, etc.
Com avanços significativos chegamos ao fim de um século e
início do século XXI, que amplia o diálogo com o Estado, mas ainda
longe de ter uma resposta significativa para as mulheres, em relação
aos antigos preconceitos estruturados no imaginário social, com pouca
e pequena participação delas nas estruturas públicas do Estado.
Mesmo as mulheres sendo maioria, como podemos constatar
nos dados do Censo Escolar, desenvolvido pelo Ministério da Educa-
ção/ Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio
Teixeira (MEC/INEP, 2002), isto é, dos 9.072.942 alunos regularmente
matriculados no Ensino Médio, 54,1% são mulheres, não está garantida
uma educação de qualidade, e mais, que possa superar a discrimina-
ção de gênero, uma vez que não mexe com os elementos implícitos no
próprio processo educacional e pessoal.
No Brasil, a média de anos de estudo entre as mulheres é de
6,7, maior que a dos homens que fica com 6,4, para a população de 15
anos ou mais, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
(PNAD) de 2002, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Porém, tal situação não é reflexo de grandes mudanças na
prática de vida das pessoas, principalmente, nas classes populares,
nas quais, mesmo quando aparece maior escolarização, podemos ques-
tionar este maior número, bem como sua eficácia diante da precarização
apontada a seguir pelos dados do próprio Ministério da Educação.
Anualmente, de acordo com os dados do MEC/INEP (2004),
1.598.833 de mulheres ingressam no Ensino Médio, oriundas do Ensino
Fundamental; no entanto, só 1.050.843 chegam a concluir o nível mé-
dio, evidenciando a exclusão – diante da repetência, reprovação e eva-
são -, hoje existente nas escolas brasileiras, para as mulheres das clas-
ses populares.
De acordo com a pesquisa da Fundação Perseu Abramo (2001),
grande parte do abandono, repetência e/ou evasão ocorrem não por op-
ção pessoal – embora isso aconteça em algumas situações -, mas sim,
diante de um mundo onde o capital financeiro fala mais alto e, nas co-
emancipação, 5(1): 53-69, 2005. 57
6. Menezes, Walfrido Nunes de. Cidadania feminina: um longo e tortuoso caminho
munidades populares, fica difícil viver só para estudar; isso, claro, para
os dois sexos, porém, em relação às mulheres, encontramos nesta
pesquisa que 30% disseram terem parado de estudar por necessidade
de trabalhar e de se manterem, o que também restringe suas possibili-
dades em um mercado cada vez mais especializado, isto é, o trabalho
mais vulnerável das atividades produtivas.
Os dados publicados pela Organização das Nações Unidas,
Para a Educação, Ciências e Cultura (UNESCO) sobre o Fórum Mundial
sobre Educação em Dacar (2000) – Gênero e Educação para Todos/ o
salto rumo à igualdade -, mostram-nos que em nenhuma sociedade –
incluindo o Brasil - as mulheres desfrutam das mesmas oportunidades
educacionais oferecidas aos homens. Sua jornada de trabalho é mais
longa e seu salário é menor, e em geral desqualificado. Suas oportuni-
dades e opções de vida são mais restritas que as dos homens. Portan-
to, a desigualdade de acesso e de desempenho das meninas, em ter-
mos educacionais, é tanto causa quanto conseqüência dessas
disparidades, o que nos mostra a importância e a necessidade de uma
educação com qualidade somada à contextualização de gênero.
Diante de todos esses aspectos, a UNESCO (id.) apontou
que a desigualdade educacional é uma das grandes infrações dos direi-
tos das mulheres e também uma barreira importante ao desenvolvimen-
to social e econômico, uma vez que a educação, por si só, reforça a
cidadania, conferindo às mulheres conhecimentos sobre como influen-
ciar a natureza e os rumos da sociedade e, quando adultas, as incentiva
a se engajarem na vida política.
Por outro lado, percebemos que mesmo com a garantia na
Constituição de 1988, a escolaridade no Brasil apresenta um perfil total-
mente excluidor no sentido geral para ambos os sexos e em de todas
as idades, mas atinge, prioritariamente, as classes populares e as mu-
lheres. Além de que, as leis e as propostas que regem a educação, em
geral, são contraditórias.
Portanto, a discriminação de gênero já tem início na Lei de
Diretrizes de Bases da Educação Nacional – LDB e nos novos Parâmetros
Curriculares, bem como nos Temas Transversais do Ministério da Edu-
cação (MEC, 2003) nos quais, logo em sua leitura inicial, percebemos
uma quase totalidade da linguagem androcêntrica que os permeia, a
exemplo de seu primeiro documento, “Carta ao Professor”, como o pró-
prio título já o sugere; aparecem apenas algumas pequenas mudanças
58 emancipação, 5(1): 53-69, 2005.
7. Menezes, Walfrido Nunes de. Cidadania feminina: um longo e tortuoso caminho
em seus textos, tais como: “professoras e professores”, “alunas e alu-
nos”, etc.
São estruturas que balizam a escola que, como o segundo
local de socialização – depois e junto com a família -, também estruturou
e estrutura, reforçou e reforça a construção da identidade social de gê-
nero, tendo como base estruturas assimétricas nas relações sociais
entre mulheres e homens. Por identidade social de gênero, estamos
nos referindo ao processo educacional seja na família, escola ou socie-
dade, que impõe modelos de ser homem e de ser mulher aos seres
humanos. Assim, a desigualdade de gênero é respaldada pela educa-
ção.
As mulheres e os homens
... apreendem o mundo social e suas arbitrárias divisões, a
começar pela divisão socialmente construída – nas estruturas
cognitivas e sociais -, entre os sexos, como naturais, evidentes, e
adquirem, assim, todo um reconhecimento de legitimação (...),
funcionando como sistemas de esquemas de percepção, de
pensamento e de ação (BOURDIEU, 1999, pp. 44 -17).
Por sua vez, na escola encontramos na linguagem, no discur-
so e até mesmo e principalmente, nas brincadeiras infantis, em sala de
aula, ou na hora do recreio, as atividades desenvolvidas em separado
entre meninos e meninas. Tanto uns quanto as outras reclamam de
brincadeiras conjuntas: as meninas dizendo que os meninos são gros-
sos e estúpidos e esses, que as garotas são bobocas e não sabem
brincar.
Na escola as meninas têm liberdade para ser cozinheiras,
cabeleireiras, fadas madrinhas, mães que limpam seus filhos, enfermei-
ras, etc., o que reproduz a idéia da escola como uma extensão da casa,
da maternidade e do afeto.
E os meninos são livres para serem índios, policiais, ladrões
de gado, bandidos, ‘super-homens’, leões ferozes ou qualquer outro ele-
mento significativamente agressivo; estimulados à visão do poder, da
fortaleza e do provedor e, assim capazes de lidar com o espaço público
e social.
Esse processo é também reforçado através dos livros didáti-
cos, em sua maioria, pois os mesmos apresentam características
discriminatórias como as apontadas, por exemplo, por Toscano (2000)
emancipação, 5(1): 53-69, 2005. 59
8. Menezes, Walfrido Nunes de. Cidadania feminina: um longo e tortuoso caminho
e Moreno (1999), tais como: um modelo lingüístico androcêntrico – o
homem sempre em primeiro -; uma históriografia machista – os homens
aparecem nas lutas e guerras, as mulheres, quando chegam a apare-
cer, é atrás de um fogão, etc.; afirmações e imagens estereotipadas –
mulher com medo de barata.
O modelo em nossa educação escolar colaborou e colabora para
que a identidade de gênero seja internalizada com papéis diferenciados
... em etapas de nossa infância em que não temos desenvolvido
ainda nenhum mecanismo de crítica que permita colocá-las sob
suspeita. Uma vez instaladas, tornam-se de difícil modificação,
precisamente porque ignoramos sua existência e porque
esquecemos completamente a forma pela qual as adquirimos
(MORENO, 1999, p. 67 - 8).
Por outro lado, a qualidade do ensinado deixa bastante a de-
sejar, tendo em vista que na análise do Ministério da Educação/ Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (MEC/
INEP, 2004), o desempenho dos (as) alunos (as) do Ensino Médio no
Brasil apresenta um perfil bastante precário; por exemplo, 42% dessas
alunas/alunos encontram-se num estado muito crítico no domínio da
Língua Portuguesa, apresentando dificuldades em leitura e interpreta-
ção de textos de gêneros variados e apenas 5% aparecem em situação
adequada para leituras mais complexas; os demais encontram-se nas
faixas intermediárias.
Mesmo aparecendo nos dados do MEC/INEP (id.) uma maior
escolaridade das mulheres em relação aos homens em termos de tem-
po, a situação não é extensiva a toda a população de uma maneira geral
- não é um processo uniforme, principalmente, nas classes populares.
Na pesquisa nacional desenvolvida pela Fundação Perseu
Abramo (op. cit., 2001), aparece o seguinte retrato acerca da educação
feminina: a maior parte das mulheres entrevistadas – 73% - estudaram e
já pararam de estudar; 20% ainda estão estudando; e 7% nunca chega-
ram a ir à escola. Sendo assim, o nível de instrução das mulheres brasi-
leiras é baixo: um quarto não possui sequer o primário completo – atual
Ensino Fundamental de 1ª a 4ª série -; 18% foram à escola mas cursa-
ram até, no máximo, a 3ª série do Ensino Fundamental; outras 13%
completaram o primário e mais 18% ingressaram no ginásio – atual
Ensino Fundamental de 5ª a 8ª série – mas não chegaram a concluí-lo.
21% possuem o 1º grau completo; 16% completaram o 2º grau; apenas
60 emancipação, 5(1): 53-69, 2005.
9. Menezes, Walfrido Nunes de. Cidadania feminina: um longo e tortuoso caminho
6% ingressaram no Ensino Superior e somente 3% o concluíram.
E, o que é pior nessa pesquisa citada acima: 59% não sabem
ler e escrever; 18% sabem ler e escrever apenas o próprio nome e ape-
nas 22% conseguem ler e escrever - embora destas 17% ainda a con-
sideram uma atividade difícil. A partir de constantes reprovações, os
seres humanos terminam por deixar de acreditar em si mesmos, além
de que muitas e muitos não têm estímulos da família, pois seus pais
nunca chegaram à escola ou não passaram da 4ª série, reflexo da ex-
clusão social promovida pelo capitalismo, como nos mostram Guima-
rães (2004) e Menezes (2002).
É por tudo isso que o Relatório do Fundo das Nações Unidas
Para a Infância (UNICEF) aponta que:
Apesar dos milhares de projetos bem-sucedidos em países de
todo o mundo, a igualdade de gênero na educação – no acesso à
escola, sucesso no aprendizado e conclusão dos cursos – é
cada vez mais ilusória, e as meninas continuam em desvantagem
em relação aos benefícios que a educação proporciona (UNICEF,
2004, p. 01).
Assim, estabelecendo uma relação deste aspecto com a ques-
tão de gênero veremos que tal quadro nos mostra, por exemplo, que a
existência de filhos – e a conseqüente responsabilidade por seu cuida-
do e manutenção – se constituem em mais um fator de dificuldade para
a inserção da mulher no mercado de trabalho e/ou continuidade de seus
estudos, com base nos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE, 2003).
O que é lamentável, uma vez que, quanto maior a escolarida-
de, melhores condições de vida tem uma sociedade em todos os aspec-
tos. Dados do IBGE (id.) nos apontam que a mortalidade infantil era de
40,2 mortes por mil crianças de menos de um ano, cujas mães tinham
até três anos de estudo, mas caía para 16,7 por mil entre aquelas cujas
mães tinham nível de instrução superior a oito anos, o que representava
um diferencial de 140%.
No Nordeste, a situação ainda é pior: mais de 57% de óbitos
de menores de um ano de idade por 1.000 nascidos vivos, equivalente
ao dobro do observado para as regiões Sudeste e Sul – que sempre
apresentaram maior índice de escolaridade de sua população.
Fato também apontado nos Indicadores Sociais do IBGE (id.),
emancipação, 5(1): 53-69, 2005. 61
10. Menezes, Walfrido Nunes de. Cidadania feminina: um longo e tortuoso caminho
segundo os quais o nível de escolaridade das mulheres é determinante
para prevenir a gravidez não planejada e não desejada, fazer um planeja-
mento familiar adequado, ter acesso às condições e controle das doen-
ças, tais como verminoses e diarréia que, no país, ainda são responsá-
veis pelo elevado número de óbitos de crianças, principalmente, nos
primeiros anos de vida. Embora importantes e inegáveis, tais referênci-
as à mulher não deixam de reproduzir uma cultura bastante androcêntrica,
em que os homens, em sua grande maioria, se colocam à margem de
participação junto com as mulheres; chamamos a atenção de que essa
concepção não deixa de reproduzir, também, os antigos papéis atribuí-
dos às mulheres – portanto, discriminatórios.
O mesmo é também apontado pelo Fundo das Nações Uni-
das Para a Infância (UNICEF), quando diz que:
A educação de meninas está tão intrinsecamente ligada a outros
aspectos do desenvolvimento humano que fazer dela uma
prioridade é também efetuar mudanças numa outra gama de
frentes, desde a saúde e o status da mulher até cuidados na
primeira infância; desde nutrição, água e saneamento até
capacitação comunitária; desde a redução do trabalho infantil, e
outras formas de exploração, até a resolução pacífica de conflitos
(UNICEF, 2004, p. 11-12).
E acrescenta que a escola traz
... às meninas e suas famílias proteções múltiplas, e sua ausência
significa múltiplas exposições a riscos (...). Por exemplo, crianças
que freqüentam a escola são mais propensas a aprender o que
necessitam para permanecer saudáveis, inclusive como se
proteger de doenças – exemplo a prevenção do HIV/Aids (id., pp.
08 - 19).
Mulheres com maior escolarização cuidam mais de si, de sua
saúde, do seu bem-estar; não se sujeitam aos comandos masculinos,
não se acomodam quando tratadas com discriminação em relação aos
homens, têm maior qualificação para o trabalho e, assim, ocupam me-
lhores funções nos setores produtivos e não são tão exploradas quanto
aquelas com menor ou quase nenhuma escolaridade, que são constan-
temente desprezadas e excluídas do desenvolvimento.
62 emancipação, 5(1): 53-69, 2005.
11. Menezes, Walfrido Nunes de. Cidadania feminina: um longo e tortuoso caminho
Algumas palavras...
Mesmo com os avanços conquistados pelo universo feminino,
o país não realizou as mudanças significativas e necessárias para as
mulheres resolverem a questão da vivência da cidadania, pois o universo
masculino patriarcal domina, ainda hoje, as esferas públicas no Execu-
tivo, no Legislativo, no Judiciário e a maioria das ações e políticas
adotadas, relegando a segundo plano as questões de gênero.
No sentido mais geral:
As mulheres ainda são impedidas (ou gentilmente
desaconselhadas) de desenvolver certas qualidades de
liderança, certas habilidades cognitivas e práticas. Há poucas
(...) juízas do Supremo Tribunal, empresárias, vereadoras,
deputadas, governadoras, ministras e ainda não tivemos
nenhuma presidenta da república (CARVALHO, 2000, p.18).
No Brasil, tal situação é um reflexo de uma cultura
androcêntrica; de acordo com Heilborn (1996, p.96) “o trabalho em torno
da mulher gira nas rubricas de papéis sexuais, familiares, divisão sexual
do trabalho, (...)”. Falta, em suas observações, especificar a temática
gênero em si mesma – que também é vista como algo menor pelo con-
texto social e pelo Estado - e em nossa concepção no âmbito da cida-
dania ativa.
Isso porque, embora
... existam diversas políticas públicas voltadas para as mulheres,
o grande problema, em várias esferas de governo é que
geralmente estas políticas se reduzem a ações de órgãos
subordinados a secretarias que se ocupam de assuntos diversos,
e entre eles, a questão das mulheres. Assim, quando a dimensão
gênero chega a ser incorporada, os órgãos encarregados de
elaborar políticas de atenção à mulher não dão unidades de
gerenciamento, não têm autonomia, não têm poder político próprio,
inviabilizando a efetividade e continuidade das ações (MATTOS,
2003, p. 01).
Quando o Estado desenvolve propostas voltadas para as mu-
lheres, o que observamos no trabalho do Instituto Pólis apresentado por
Suarez (et al.) é que:
De um total de 182 programas, somente 66 – 36,3% levam em
consideração as diferenças de gênero, seja de forma explícita ou
implícita. (...) A consideração da diferença de gênero está ausente
emancipação, 5(1): 53-69, 2005. 63
12. Menezes, Walfrido Nunes de. Cidadania feminina: um longo e tortuoso caminho
em 116 programas, que representam 63,7% do total, ou seja, a
maior parte deles (SUAREZ, et al., 2001, p.64).
Além de que, os gastos do Estado com programas voltados
para as mulheres têm encontrado oscilações constantes, uma vez que,
ora aumentam, ora diminuem, isto é:
O orçamento mulher - saúde da mulher, combate à violência,
assistência alimentar às famílias, creches, até aqueles dirigidos
para políticas de emprego - eram 0,2% do orçamento em 1995, e
tiveram uma elevação para 0,3% nos anos seguintes, até 1998.
Em 1999, novos programas foram incluídos no orçamento mulher,
provocando um aumento do percentual de 0,3% para 0,4%. Mas,
em seguida, esses gastos se contraem e voltam a ter peso de
0,3% em 2002 (GRAÇA e MALAGUTI, 2004, p. 277).
Portanto, as “políticas públicas em nível macroeconômico ig-
noram questões de igualdade e bem-estar, mas a manutenção da de-
mocracia só se garantirá se a cidadania for igualmente distribuída sem
distinção de gênero, etnia e idade” (BLAY, 1999, p. 145).
Oficialmente, todos têm direitos e deveres iguais. Porém, neste
trabalho, tendo como foco as classes populares e as mulheres, perce-
bemos uma distância entre a teoria e a prática de vida, uma vez que,
pobres e excluídas, com baixa ou pouca escolarização e sem acesso
pleno a uma educação de qualidade e não discriminatória, a tendência
será sempre aprofundar a pobreza e a exclusão subjacente – ausência
de cidadania -, como reflexo do não investimento do Estado em políticas
sociais, as quais, quando desenvolvidas, não passam de processos
compensatórios, excluidores e limitados a ações pontuais, para amorti-
zar o conflito, gerando uma pseudo-paz social, para garantir a “coesão
social”.
São políticas que visam a “atividades que mutilam a sensibili-
dade, alimentam a passividade, limitam o conhecimento e a reflexão
crítica no presente imediato” (SAWAIA, 1999, p.115). São, pois, resulta-
do de investimentos desenvolvidos através da
... política de inserção que é destinada à população dos excluídos.
Ela se volta para um público ou várias categorias de público. Mas,
por enquanto, quando se consegue conceber algumas vantagens
materiais, ainda falta muito para se chegar à troca simbólica
(XIBERRAS, 1999, p. 23, tradução nossa).
Assim, o Estado, como instituição responsável pelo bem-es-
64 emancipação, 5(1): 53-69, 2005.
13. Menezes, Walfrido Nunes de. Cidadania feminina: um longo e tortuoso caminho
tar de sua população, termina por não investir em ações voltadas para a
promoção, por exemplo, da educação com qualidade, e que atenda as
múltiplas diversidades: locais, gerais, urbanas, rurais, de gênero, de
etnia, etc., e sonega o direito das mulheres, portanto, de participar da
concepção, do planejamento e da implementação, etc. das políticas
sociais como proposto por Júlio (2000) -, comuns a todas as cidadãs e
aos cidadãos.
De acordo com os dados apresentados e a partir da concep-
ção de Benevides (1991), que tomamos como referência para este tra-
balho – cidadania como participação popular, como possibilidade de
criação, transformação e controle sobre o poder, ou os poderes -, pode-
mos considerar que, conseqüentemente, as mulheres estão longe de
vivenciarem plenamente a cidadania, principalmente aquelas que se
encontram inseridas nas classes populares, com menos ou pouca es-
colaridade e maior pobreza.
Diante do exposto, são significativas as dificuldades das mu-
lheres das classes populares para alcançarem espaços para além dos
direitos civis, políticos e sociais que juntos proporcionam a emancipa-
ção, e podem conduzi-las à plena vivência real do processo da cidada-
nia ativa como pontua Benevides (1994).
No Brasil
... partindo de critérios como renda, origem étnica, gênero, não se
pode imaginar igualdade, ainda mais porque esses mesmos
critérios têm função de código, de valor, nas mentalidades e que
a discriminação é presente em todos os tipos de situações e de
comportamentos (DURAND, 1993, p. 335, tradução da autora).
Portanto, a
... luta pela emancipação, a paridade conquistada, talvez
duramente, não significou o fim da ambigüidade para as mulheres,
divididas entre o mundo feminino rejeitado na sua subalternidade
e um mundo masculino no qual encontram lugar, mas nem
sempre aceitável (MELUCI, p. 108).
Para viabilizar uma mudança no quadro de desigualdade soci-
al promotora da pobreza, principalmente feminina - devido a pouca ou
quase nenhuma escolaridade, além da baixa qualidade e de seus mode-
los discriminatórios – seria importante o desenvolvimento, por parte do
Estado, das políticas sociais voltadas para a educação em sentido
emancipação, 5(1): 53-69, 2005. 65
14. Menezes, Walfrido Nunes de. Cidadania feminina: um longo e tortuoso caminho
irrestrito, somado a outros aspectos como a ampliação e viabilização de
creches para atender as comunidades populares; definição do pré-esco-
lar como ponto inicial da aprendizagem; criação de alternativas mais
delineadas para quem trabalha e tem que estudar, etc.
Portanto, diante do que podemos perceber no discorrer histó-
rico da participação feminina, da colonização até os nossos dias, fica-
nos bastante claro que é a escolaridade que permite o desenvolvimento
feminino, e é sua falta o obstáculo para a completa integração das mu-
lheres em seus direitos plenos na sociedade, para atingir o processo da
cidadania, visto que a mesma proporciona não só mudanças, mas influ-
encia novas concepções de vida para as mulheres.
Pois “a educação é, essencialmente, um espaço permanente
de transformação, um espaço que representa uma possibilidade aberta
para cada pessoa reconhecer-se como sujeito de ação e criação”
(WEISSHEIMER, 2004, p.01). Ação e criação são o que nos permite
autonomia, participação e vivência do processo de cidadania, diante da
possibilidade de os seres humanos estarem à frente de seu crescimen-
to e desenvolvimento – princípio de cidadania.
Dessa maneira, estaríamos caminhando para a construção
do processo do Ser Cidadão e cidadã: participante, interativo, dinâmico
e construtor de sua história político-social, ideológica e cultural.
O Ser Sujeito transforma e é transformado em seu processo
histórico, mas consciente e atuante nessas transformações, sendo ele
mesmo o sujeito do seu crescimento e desenvolvimento e, assim, atin-
ge o pleno exercício da Cidadania Ativa.
ABSTRACT: The purpose of the work is to discuss the concern for citizenship from
the female context faced with a State and a society whose principles are male oriented,
implying multiple exclusions together with hardships – such as the exclusion of women
from political, social, and economic aspects; limitations; and politic, economic, and
social hardships. Here, we specifically deal with social rights in the search for basic
education structures capable of helping to attain the other rights, be they civil, political,
or social. To this end we will be analyzing such characteristics in the light of the
concept of active citizenship adopted by Benevides (1991), given his proposal of
public participation as a possibility for creation, transformation, and control over power,
or powers.
KEY WORDS: citizenship, gender, women, social policies, education
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15. Menezes, Walfrido Nunes de. Cidadania feminina: um longo e tortuoso caminho
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