1. Cada indivíduo participa de forma limitada de sua cultura, dependendo de fatores como sexo e idade.
2. As culturas possuem suas próprias lógicas e racionalidades que não devem ser julgadas por outra cultura.
3. É importante respeitar as diferentes perspectivas culturais na odontologia, tanto entre profissionais quanto com pacientes.
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Cultura e indivíduo
1. FICHA #2
Segunda parte – 3. Os indivíduos participam diferentemente de sua cultura e 4. A cultura tem
uma lógica própria.
Referência bibliográfica
LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. 14. ed. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar, 2001.
Resumo
Nota-se que a participação de cada indivíduo em uma sociedade é sempre bastante
limitada. Isso ocorre devido a diversos fatores, impostos pelos próprios membros dessa
cultura, como o sexo e a idade, por exemplo.
Em maior parte das culturas, os homens, o homem é permitido uma ampla
participação social. Já as mulheres não possuem tanta liberdade. Em diversas culturas, a
mulher é submetida apenas ao trabalho doméstico, pois trabalhar fora de casa seria
inconveniente para o sexo feminino.
Também ocorrem restrições decorrentes das categorias etárias, a participação do
indivíduo depende de sua idade. Esses impedimentos normalmente são resultados da
incapacidade física de desempenhar diversas funções como ter agilidade e exercer força física.
Já há funções que dependem do acúmulo de experiência, como ocupar um cargo político por
exemplo.
Essas divisões, citadas anteriormente, são impostas sem levar em consideração seus
efeitos contrários, criando barreiras que acabam por distanciar e excluir muitos indivíduos de
sua própria cultura.
Como afirmou Marion Levy Jr. “nenhum sistema de socialização é idealmente
perfeito, em nenhuma sociedade são todos os indivíduos perfeitamente socializado”. Ou seja,
ninguém tem conhecimento de todos os aspectos de sua sociedade. Um indivíduo não tem
como dominar todos os aspectos de sua sociedade, mas há um mínimo de participação que
este deve ter na pauta de conhecimento de sua cultura para que haja uma interação com os
demais membros.
Quando um indivíduo não conhece ou não sabe manejar as regras de uma cultura,
pode ocorrer uma socialização inadequada e ele acaba sendo isolado pelos próprios membros
estando, de certa forma, impossibilitado de operar dentro do mesmo.
Cada cultura tem uma lógica própria e tentar inserí-la em outra cultura devido ao fato
de considerá-la irracional é um ato etnocêntrico. Isso ocorre bastante quando se tenta explicar
o início e o fim da vida. Há culturas em que se considera que apenas a mulher é responsável
pela concepção do nascimento, outras que apenas uma relação sexual não é o suficiente para
formar completamente a criança, são necessárias várias relações e outras em que a mulher é
apenas o recipiente onde a criança se desenvolve.
Portanto, a lógica de um sistema cultural só poder ser julgada lógica ou ilógica por um
membro do mesmo.
2. Crítica
Existem vária regras a serem seguidas em uma sociedade. Deve-se primeiramente
conhecê-las para só então poder aplicá-las.
Há estudiosos que defendem que todos os membros devem utilizar-se dessas normas,
mas outros dizem que os mais bem sucedidos não estão obrigados a isto. Por exemplo, há
pessoas que tratam seus empregados sem cortesia e com grosserias, pois dizem que os patrões
estão acima dos empregados nas classes sociais e que os empregados recebem um salário e
por isso estão obrigados a acatar com a falta de educação dos patrões.
Há uma grande diversidade cultura, cada cultura tem sua lógica e a mesma deve ser
respeitada mesmo que não concorde. Roque de Barros defende que a lógica de cada cultura só
pode ser julgada ilógica ou não por um membro dessa cultura. Já, certos estudiosos defendem
que apenas a lógica de sua sociedade é correta e que as outras são erradas, ilógicas.
Relevância à Odontologia
É importante compreender que cada cultura tem sua própria lógica, ou seja, um modo
de pensar e ver o mundo diferente. Deve-se aprender a respeitar aqueles com opiniões
diferentes da nossa e não tentar forçá-los a aceitar e concordar com as nossas opiniões.
Isso pode ocorrer tanto entre profissionais da mesma área, a respeito da melhor
maneira de corrigir um problema, quanto entre o profissional e o paciente. O profissional
expõe o melhor tratamento e o paciente deve estar livre para aceitá-lo ou não.
Portanto, não somos forçados a concordar com as decisões dos pacientes nem com
todos os profissionais, mas temos o dever de respeitar suas opiniões e deve-se procurar
entender o porquê das mesmas.