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Curso de Tradutor Intérprete de LIBRAS
                                                           Linguística Geral
                                                      Prof.ª Mariana Correia
                                              Parte 2 – Teorias Linguísticas
                            Chomsky x Vygotsky

                                                        Adair Vieira Gonçalves

      No curto espaço desse artigo, vou tentar diferenciar a corrente inatista,
defendida por Chomsky, linguista americano, e a corrente sócio-interacionista,
defendida por Vygotsky. Para o primeiro, o ser humano é biologicamente
programado e, portanto, as capacidades básicas (pensar) são inatas,
consequentemente, seu desempenho também o é. Vygotsky defende a ideia da
aprendizagem baseada na interação do homem com o meio sociocultural.
Chomsky argumenta em favor das capacidades prontas/potencialmente
determinadas que se manifestariam apenas no amadurecimento.

       Vygotsky, por sua vez, afirma que o conhecimento se constrói
socialmente, na relação com os outros. O homem constitui-se por meio das
interações sociais com o meio (mundo físico e social, incluindo dimensões
interpessoais e culturais) mediados pela linguagem. O aluno amadurece
porque conhece.

      Para o americano, o desenvolvimento humano é pré-requisito para o
aprendizado. De modo contrário, o psicólogo russo acredita que a
aprendizagem acelera o desenvolvimento. Os processos de desenvolvimento
são impulsionados pelo aprendizado.

       E as implicações na sala de aula para as duas concepções de ensino?
Para a primeira, a educação pouco altera aquelas determinações que são
inatas. Para a segunda, as atividades educacionais é que possibilitam o acesso
ao conhecimento formal/científico/institucional.

       Chomsky afirma que os processos de ensino só se realizam quando o
indivíduo estiver pronto para aprender. O sucesso/fracasso, portanto,
dependem do talento/aptidão/dom/ maturidade.

      O russo chega à conclusão que, ao interagir com o conhecimento, o
aluno transforma-se, constrói sentidos. As interações sociais, na escola,
tornam-se vitais no diálogo, na cooperação e troca de informações mútuas, no
confronto de pontos de vista discordantes. O sucesso está em partir do que o
estudante traz e ampliar novos conhecimentos.

       Para Vygotsky, as características humanas não são resultado da
pressão do meio externo, tampouco são inatas. Há, para ele, uma interação do
homem com seu meio sociocultural que deve se basear na interação verbal, no
diálogo com o adulto e, nesse sentido, o desenvolvimento da linguagem e do
pensamento tem origens sociais, externas, nas trocas comunicativas entre os
dois interlocutores.

       Todo conhecimento se constrói socialmente, pela aprendizagem nas
relações. O que queremos com tal discussão? Apenas o de constatar que,
quando o docente trabalha determinadas atividades, exercícios e a forma como
ele vê a avaliação, acaba revelando mais do que acredita: revela como entende
o processo de ensino/aprendizagem e, enfim, como entende o ser humano.

Disponível em:
http://www.folhadaregiao.com.br/Materia.php?id=111734Acessado em:
07/10/2012

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Chomsky x vygotsky

  • 1. Curso de Tradutor Intérprete de LIBRAS Linguística Geral Prof.ª Mariana Correia Parte 2 – Teorias Linguísticas Chomsky x Vygotsky Adair Vieira Gonçalves No curto espaço desse artigo, vou tentar diferenciar a corrente inatista, defendida por Chomsky, linguista americano, e a corrente sócio-interacionista, defendida por Vygotsky. Para o primeiro, o ser humano é biologicamente programado e, portanto, as capacidades básicas (pensar) são inatas, consequentemente, seu desempenho também o é. Vygotsky defende a ideia da aprendizagem baseada na interação do homem com o meio sociocultural. Chomsky argumenta em favor das capacidades prontas/potencialmente determinadas que se manifestariam apenas no amadurecimento. Vygotsky, por sua vez, afirma que o conhecimento se constrói socialmente, na relação com os outros. O homem constitui-se por meio das interações sociais com o meio (mundo físico e social, incluindo dimensões interpessoais e culturais) mediados pela linguagem. O aluno amadurece porque conhece. Para o americano, o desenvolvimento humano é pré-requisito para o aprendizado. De modo contrário, o psicólogo russo acredita que a aprendizagem acelera o desenvolvimento. Os processos de desenvolvimento são impulsionados pelo aprendizado. E as implicações na sala de aula para as duas concepções de ensino? Para a primeira, a educação pouco altera aquelas determinações que são inatas. Para a segunda, as atividades educacionais é que possibilitam o acesso ao conhecimento formal/científico/institucional. Chomsky afirma que os processos de ensino só se realizam quando o indivíduo estiver pronto para aprender. O sucesso/fracasso, portanto, dependem do talento/aptidão/dom/ maturidade. O russo chega à conclusão que, ao interagir com o conhecimento, o aluno transforma-se, constrói sentidos. As interações sociais, na escola, tornam-se vitais no diálogo, na cooperação e troca de informações mútuas, no confronto de pontos de vista discordantes. O sucesso está em partir do que o estudante traz e ampliar novos conhecimentos. Para Vygotsky, as características humanas não são resultado da pressão do meio externo, tampouco são inatas. Há, para ele, uma interação do homem com seu meio sociocultural que deve se basear na interação verbal, no diálogo com o adulto e, nesse sentido, o desenvolvimento da linguagem e do
  • 2. pensamento tem origens sociais, externas, nas trocas comunicativas entre os dois interlocutores. Todo conhecimento se constrói socialmente, pela aprendizagem nas relações. O que queremos com tal discussão? Apenas o de constatar que, quando o docente trabalha determinadas atividades, exercícios e a forma como ele vê a avaliação, acaba revelando mais do que acredita: revela como entende o processo de ensino/aprendizagem e, enfim, como entende o ser humano. Disponível em: http://www.folhadaregiao.com.br/Materia.php?id=111734Acessado em: 07/10/2012