O documento discute a importância dos grupos bíblicos em família como uma forma de evangelização e presença da Igreja nas casas. Ele descreve os grupos bíblicos como um meio de valorizar a vida e a dignidade humana, promovendo a solidariedade e o testemunho cristão. O texto também explica como esses grupos ajudam as pessoas a descobrirem seus dons e a colocá-los a serviço da comunidade, seguindo o modelo das primeiras comunidades cristãs.
1. CEBs - Informação e Formação para animadores 1
Lá vem o Trem das CEBs...
Formação e Informação para animadores
Diocese de São José dos Campos - SP - Informativo das CEBs - Ano VI - Setembro de 2010 - Nº 60
1º Grito dos Excluídos
na Diocese de São José dos Campos - SP
Promovido pelas CEBs
e Pastorais Sociais
Vida em primeiro lugar:
Onde estão nossos direitos?
Vamos às ruas para construir
um projeto popular.
ÍNDICE
2 Palavra do Assessor 3 CEBs, Igreja nas Casas
Vidas pelo Reino
4 Notícias da CNBB 5 Ezequiel Ramin
6 Veias Finas da Igreja 7 Fique Ligado
10 Grito dos Excluídos 11 Pastoral Social
15 Festa nas Colinas 16 Mãos na Massa
2. 2 CEBs - Informação e Formação para animadores
PALAVRA DO ASSESSOR
Foto: Bernadete Mota
Leitura Orante da Bíblia
Estimado(a) Animador(a) de Pe- Isso era importante para permitir a mim, muito pessoalmente para mim, e fanatismo e a uma religião sem Deus
quenas Comunidades, olá! cada um encontrar sua resposta. Não tem uma mensagem para mim”. e sem compromisso. Pelo contrário, o
Tradicionalmente setembro é o dei respostas prontas, somente ofere- Esta experiência ele a fazia em co- próprio Jesus Cristo assim o viveu, le-
mês da Bíblia e sabemos da importân- ci um impulso inicial para que todos munidade e atingia todos e cada um vando-o até as últimas consequências,
cia e da necessidade de Leitura como escutassem a Palavra, com cuidadosa dos participantes. Por isso, venho nes- numa dimensão libertadora e livre.
escuta de Deus diariamente. Cardeal atenção. Não dei muitas explicações te mês reanimar a você, animador de Converse com seu coordenador pa-
Martini foi entrevistado sobre muitos nem apresentei muitos conhecimen- Pequenos Grupos de nossa Diocese a roquial sobre as dificuldades encontra-
temas num livro entitulado “Diálogos tos exegéticos. Só pro- dedicar o melhor pos- das nos encontros nas casas. Lembre-
noturnos em Jerusalém”, o qual reco- curei que os jovens se sível para que nosso se: não é para partilhar temas fora do
mendo a leitura a todos, e em certo confrontassem dire- método de encontros evangelho rezado naquele dia, nem
momento ele dá uma resposta que é tamente com o texto. nas casas chegue ao para alguém dar suas “lições de moral”
o tema desta minha reflexão: sobre a Assim chegaram a uma seu objetivo. Chamo ou sua mensagem do Evangelho. As re-
Leitura Orante da Bíblia. intimidade com Jesus. a atenção de que a flexões devem ir muito além disso...
Na Catedral de Milão (Itália), ele fa- Entenderam que Deus simplicidade e o si- Que Deus nos atraia e nos faça cada
zia catequese mensal com mais de 5 mil os questionava. Ainda lêncio atento levam a vez mais solidários e irmãos.
pessoas, na maioria jovens, e nesta ex- anos mais tarde, diver- uma experiência que Paz e bem!
periência simplesmente fazia a Leitura sos participantes me só Deus pode explicar.
Orante da Palavra de Deus, sem dar escreveram que esta Cabe a cada um de nós Pe. Ronildo Aparecido da Rosa
respostas diretas às questões da vida escuta comum os aju- a disposição para que Assessor Diocesano das CEBs
e da fé. Simplesmente (e entenda esta dou a tomarem uma esta experiência acon-
palavra não como algo simplório) mo- decisão. Aprenderam teça, pois Deus sem- Bibliografia: MARTINI, Carlo M. Cardeal;
tivava a leitura e releitura e convidava a orar com a Sagrada pre quer manter diálo- SPORSCHILL, Georg, Diálogos noturnos em Je-
a todos para o silêncio. Afirma o tex- Escritura e chegaram go com suas criaturas. rusalém - sobre o risco da fé, p.69. 2* edição,
to na íntegra: “Líamos uma passagem a um momento de re- Não pense que a Lei- Paulus, 2009.
e depois todos ficávamos em silêncio. conhecerem: esta palavra foi dita para tura Orante da Bíblia leva a pessoa ao
DINAMIZANDO O ENCONTRO DE COMUNIDADE
Simbologia do Cartaz da Campanha Missionária de 2010 Oração Missionária 2010
Ó Deus, Pai de todos os povos,
Vós que nos abraçais com a ter-
A Campanha Missionária, promovi- O cartaz traz um fundo verde, sinal medo... Avancem para águas mais pro- nura de uma mãe, Ouvi o clamor
da e coordenada pelas Pontifícias Obras de esperança. A Missão alimenta, forta- fundas!” (cf. Mt 4,18). Ao mesmo tempo das multidões da Amazônia e do
Missionárias, propõe lece nossa fé, esperança aponta para o horizonte amplo e univer- mundo inteiro, Desejosas de Vos
para este ano de 2010 e caridade, mantém-nos sal da Missão, que é o mundo, a humani- conhecer e Vos amar. Ensinai-nos a
o tema Missão e Parti- no caminho da fidelidade dade. A Missão não tem fronteiras! Vos servir, Na partilha da Fé e dos
lha, e, como lema, Ouvi a Deus e à humanidade, Destaca-se ainda a figura dos índios, Bens, Que Vós mesmos nos destes.
o Clamor do Meu Povo Povo de Deus (LG 2). etnias vivas e presentes na realidade Amém.
(cf. Ex 3,7b). A água remete ao va- amazônica, do Brasil e de outros países.
O tema Missão e lor e a dignidade da vida Povos que nos acolheram, abrindo-se
Partilha remete à Cam- como elemento vital para à Boa-Nova do Evangelho, e que preci- Intenção Missionária do
panha da Fraternidade o planeta, onde vive e sam ser respeitados e valorizados, como Mês de Setembro de 2010
deste ano, a qual todo está inserida a humani- portadores de valores evangélicos já A fim de que, abrindo o coração ao
ano buscamos resgatar, dade. Aqui, especifica- presentes, quais “sementes do Verbo En- amor, se dê fim às inúmeras guerras
com enfoque e dimen- mente, remete-nos à re- carnado” que estabeleceu morada defini- e aos conflitos que ainda cobrem de
são missionária. O lema alidade amazônica, com tiva junto à humanidade e que, portanto, sangue o mundo.
Ouvi o Clamor do Meu sua rica biodiversidade. chegou lá muito antes que o missionário.
Povo recorda o Êxodo Lembramos que a última Contudo, este poderá, sim, ajudar no pro-
do povo de Israel, e os semana do outubro, de- cesso de explicitação da Verdade e Pes-
muitos “êxodos” dos dicada à Amazônia, vem soa de Jesus Cristo, como nosso Senhor e
povos atuais. Também nos remete ao inserida no contesto do Mês das Missões. Salvador, já atuante e presente na histó-
tema da migração, mobilidade huma- O barco faz alusão à figura bíblica ria salvífica da humanidade.
na, do ser peregrinos, lembrando-nos da Igreja Peregrina que “navega” pe-
permanentemente que o horizonte da los mares da história da humanidade. Padre Daniel Lagni,
Missão é o mundo, a humanidade no Nela se destaca a figura de Jesus Cristo. diretor Nacional das POM do Brasil.
seu todo. É Ele quem dá segurança: “Não tenham Fonte: POM
3. CEBs - Informação e Formação para animadores 3
IDENTIDADE DAS CEBs
CEBs, Igreja nas Casas
Os grupos bíblicos em família são a mana. Nesses grupos, as pessoas são va- esse impulso dado pelo Espírito Santo a sava necessidade (cf At 4,32-37).
presença do Evangelho e da Igreja nas lorizadas, conhecidas pelo nome, onde as diversas dioceses do Brasil para se cria- Igreja nas Casas
casas! pessoas se sentem Igreja, onde fazem a rem pessoas se reúnem para a oração, a A casa era o lugar da ação e da prega-
“É preciso que a Igreja vá aonde o experiência de serem iguais, filhos e filhas reflexão e a ação, ao redor da leitura e ção de Jesus e das primeiras comunida-
povo está, que o Evangelho seja levado do mesmo Pai. meditação da Palavra de Deus. São muitos des cristãs. Grandes acontecimentos da
aonde o povo vive. Daí, esse impulso Os grupos bíblicos em família são uma os fiéis que descobrem a beleza e a força salvação aconteceram nas casas. Maria
dado pelo Espírito Santo” manifestação de resistência profética, de que lhes dá a leitura cotidiana da Bíblia. recebe o anúncio do Salvador em sua
O documento conclusivo da V Confe- construção da cidadania, de descoberta Nos grupos bíblicos em família, vive- casa (Lc 1,26ss). A casa foi lugar funda-
rência do Episcopado Latino- Americano, de novos caminhos de vida cristã e ação se à semelhança da Santíssima Trindade, mental na missão de Jesus (Mc 2,1- 2;
em Aparecida, de 2007, sugere que um social, de solidariedade e de testemu- que é comunidade e unidade na diversi- 7,17.24; 9,33; 10,10; Mt 13,36). Jesus
dos meios modernos de evangelização é nho de vida. São um meio privilegiado de dade de pessoas. Nesses grupos, todos entrou em diversas casas: na de Simão
a criação de pequenos grupos, onde os evangelização e de valorização da vida, se encontram iguais enquanto pessoas Pedro e André, onde cura a sogra de
fiéis possam fazer, de modo bem con- um meio que se tem mostrado conve- humanas, mas distintos nos dons e caris- Pedro (Mc 1,29-33); na casa de Jairo, o
creto, a experiência de Deus e firmar sua niente também no mundo urbano. Nes- mas que cada qual vai descobrindo em chefe da sinagoga, onde cura a menina
conversão a Cristo. “Como resposta às ses grupos surgem novas lideranças, onde si e qualificando-se nos serviços e minis- filha Talita (Mc 5,35-43); na de Simão, o
exigências da evangelização, junto com as pessoas descobrem seus dons e caris- térios mais diversos, tanto no interior da leproso (Mc 14,3-9); na do fariseu Simão
as comunidades eclesiais de base, exis- mas, para colocá-los a serviço da comu- Igreja quanto no meio do mundo. Um (Lc 7,36ss); na casa de Marta e Maria (Lc
tem outras formas válidas de pequenas nidade, através dos diversos ministérios, grupo bíblico é experiência de comunhão, 10,38-42); na de Zaqueu (Lc 19,1-10). Je-
comunidades, e inclusive redes de co- pastorais, organismos etc. Através deles, a de vida comunitária, de união das pes- sus visitava as famílias, entrava em suas
munidades, de movimentos, grupos de Igreja busca viver conforme o modelo das soas, no mesmo modo da união entre as casas, fazia refeições nas casas do povo,
vida, de oração e de reflexão da Palavra primeiras comunidades cristãs: Igreja que pessoas divinas: “Eu e o Pai somos um” inclusive na casa de pecadores (Levi e
de Deus” (DAp 180). Os grupos bíblicos vai ao encontro das pessoas; Igreja nas (Jo 10,30). Nos grupos bíblicos em família Zaqueu, por exemplo). Os evangelhos
em família são também um meio bas- casas, nos condomínios, nas ruas; Igreja realiza-se a Igreja dos primeiros tempos: relatam 18 parábolas sobre a vida do-
tante criativo e ousado para fazer dos Povo de Deus; Igreja que liga Palavra, fé os primeiros cristãos viviam em comuni- méstica, valorizando a evangelização nas
católicos verdadeiros missionários, que e vida. dade e perseveravam unidos na doutrina casas.
se dispõem a enfrentar o grande desafio Por que criar Grupos Bíblicos dos apóstolos; nas reuniões em comum; Jesus manda celebrar a Páscoa numa
da evangelização nas cidades. em Família? na fração do pão e nas orações; eram casa (Mt 26,17-20). O Pentecostes acon-
O que são os Grupos Bíblicos A Igreja dos nossos tempos não con- unidos e colocavam em comum todas as teceu em uma casa (At 2,1-2). A primeira
em Família? segue chegar a todas as pessoas com os coisas; vendiam suas propriedades e seus evangelização se deu nas casas, abrindo-
São grupos de pessoas que se reú- meios dos tempos passados. É necessá- bens e repartiam o dinheiro entre todos, se assim para o mundo. No Templo, as
nem nas casas, para rezar, refletir, par- rio que todos os católicos assumam a fé conforme a necessidade de cada um; to- pessoas ficavam de fora, havia exclusão.
tilhar, à luz da Palavra de Deus, a reali- recebida no batismo e se tornem verda- dos juntos frequentavam o Templo e nas A Igreja primitiva evangelizava nas casas:
dade que os cerca, com o compromisso deiros discípulos de Cristo e missionários casas partiam o pão, tomando alimento “de casa em casa não cessavam de en-
de ações práticas para a transformação anunciadores de seu Evangelho, que pre- com alegria e simplicidade de coração; sinar” (At 5,42). Paulo evangelizava “de
dessa realidade. Essas pessoas querem cisa chegar a todos os corações, famílias, juntos louvavam a Deus (cf At 2,42-47); vi- casa em casa” (At 20,20). A Igreja dos
fazer a experiência do encontro com instituições e estruturas. Não se pode viam unidos e tinham tudo em comum; nossos tempos também precisa voltar a
Deus, que é Amor e Vida; são pessoas esperar que as pessoas venham às formavam um só coração e uma só evangelizar nas casas. Os grupos bíblicos
que querem aprender a prática da ora- nossas igrejas. É preciso que a alma; tudo era posto em comum em família são um meio atual e criativo
ção em comum, da vivência fraterna, da Igreja vá aonde o povo está, entre eles; davam testemunho de fazer que o Evangelho chegue a um
vida cristã; pessoas que se encontram que o Evangelho seja leva- da ressurreição do Senhor número cada vez maior de pessoas.
para partilhar a vida, a fé e a oração, na do aonde o povo vive. Jesus; gozavam de gran-
ligação entre Bíblia e vida, revelação e O povo se encontra de aceitação; entre Pe. Vitor Galdino Feller
realidade, Palavra de Deus e ação hu- nas casas. Daí, eles ninguém pas- Fonte: Arquidiocese de Florianópolis
Foto: Pedro Henrique Luvizotto
Foto: Maria Matsutacke
4. 4 CEBs - Informação e Formação para animadores
NOTÍCIAS DA CNBB
Mutirão para a Superação da Miséria e da Fome Votar Bem - Orientação da CNBB aos
Participa de Campanha da ONU Católicos sobre o Voto nas Eleições de 2010
A Food and Agriculture Organization mo de redução da fome, o Objetivo de Os Bispos do Regional Sul 1, da CNBB
(FAO), um departamento da Organização Desenvolvimento do Milênio de reduzir (Estado de São Paulo), no cumprimento
das Nações Unidas (ONU), responsável pela metade o percentual de pessoas de sua missão pastoral, oferecem as se-
pela erradicação da fome no mundo, aca- com fome até 2015 não será alcançado. guintes orientações aos seus fiéis para a
ba de lançar uma campanha mundial de De cerca de um bilhão de pessoas com participação consciente e responsável no
processo político-eleitoral deste ano:
coleta de assinaturas para pressionar a fome, 642 milhões vivem na Ásia, 265 mi-
1. O poder político emana do povo.
própria ONU, sobre a existência de 1 bi- lhões na África Subsaariana, 53 milhões
Votar é um exercício importante de cida-
lhão e 200 milhões de pessoas vivendo na América Latina e Caribe, 42 no Oriente dania; por isso, não deixe de participar
em situação de fome crônica. A campa- Médio e Norte da África e 15 milhões em das eleições e de exercer bem este poder.
nha se chama “1billionhungry” ou em países desenvolvidos. Lembre-se de que seu voto contribui para
português “1 bilhão de pessoas vivem Segundo José Graziano, diretor da definir a vida política do País e do nosso
com fome crônica e eu estou louco de FAO para a América Latina e Caribe, esta Estado.
raiva”. é a única região do Mundo que retroce- 2. O exercício do poder é um serviço toridades competentes. Questione tam-
O Conselho de Segurança Alimentar e deu em número de pessoas com fome ao povo. Verifique se os candidatos estão bém se os candidatos estão dispostos a
Nutricional (CONSEA) assumiu o compro- por causa da crise econômica. Nesta re- comprometidos com as grandes questões administrar ou legislar de forma transpa-
misso de divulgar esta campanha. Dom gião, “quem não trabalha não come”. O que requerem ações decididas dos gover- rente, aceitando mecanismos de controle
Guilherme Werlang, bispo referencial único país que gerou empregos durante nantes e legisladores: a superação da po- por parte da sociedade. Candidatos com
do Mutirão para a Superação da Miséria a crise foi o Brasil. “É um milagre”. Hoje, breza, a promoção de uma economia vol- um histórico de corrupção ou má gestão
e da Fome da CNBB, juntamente com o América Latina e Caribe têm mais po- tada para a criação de postos de trabalho dos recursos públicos não devem receber
secretário do Mutirão, padre Ne- bres e miseráveis que nos anos e melhor distribuição da renda, educação nosso apoio nas eleições.
de qualidade para todos, saúde, moradia, 7. Voto consciente não é troca de
lito Dornelas e a irmã Graça oitenta. São 53 milhões de
saneamento básico, respeito à vida e de- favores, mas uma escolha livre. Procure
Apolinário, do Conselho famintos quando eram 45
fesa do meio ambiente. conhecer os candidatos, sua historia pes-
de Religiosos do Brasil milhões em números ab- 3. Governar é promover o bem co-
(CRB) e conselheira do solutos. “Perdemos em soal, suas idéias e as propostas defendi-
mum. Veja se os candidatos e seus par- das por eles e os partidos aos quais estão
CONSEA, se compro- três anos o que leva- tidos estão comprometidos com a justiça filiados. Vote em candidatos que repre-
meteram em divulgar mos quinze para avan- e a solidariedade social, a segurança pú- sentem e defendam, depois de eleitos,
a campanha nas co- çar”. Na Guatemala, há blica, a superação da violência, a justiça as convicções que você também defende.
munidades religiosas. uma criança desnutri- no campo, a dignidade da pessoa, os 8. A religião pertence à identidade
“Para tanto, solicita- da para cada duas. Ao direitos humanos, a cultura da paz e o de um povo. Vote em candidatos que
mos o empenho de mesmo tempo, aumenta respeito pleno pela vida humana desde respeitem a liberdade de consciência, as
todos na mesma. A cam- o sobrepeso. “Comemos a concepção até à morte natural. São va- convicções religiosas dos cidadãos, seus
panha está disponível na in- pouco e comemos mal.” lores fundamentais irrenunciáveis para o símbolos religiosos e a livre manifestação
ternet. As pessoas pedem fazer Quem tem fome, tem pres- convívio social. Isso também supõe o re- de sua fé.
a assinatura via internet ou por meio de sa, dizia Betinho. Por isso, a urgência da conhecimento à legítima posse de bens e 9. A Família é um patrimônio da hu-
à dimensão social da propriedade. manidade e um bem insubstituível para a
uma lista. Esta assinatura é simples. Não campanha lançada pela FAO em todo o
4. O bom governante governa para pessoa. Ajude a promover, com seu voto,
necessita de documentos de identifica- mundo, que deve recolher um milhão de
todos. Observe se os candidatos repre- a proteção da família contra todas as
ção”, destacou o padre Nelito. assinaturas até o dia 16 de outubro, Dia sentam apenas o interesse de um grupo
O padre ressalta ainda o envio das as- Mundial da Alimentação. O CONSEA está ameaças à sua missão e identidade natu-
específico ou se pretendem promover ral. A sociedade que descuida da família,
sinaturas à CNBB ou a CRB. “Estamos so- engajado. Falta engajar governos e so- políticas que beneficiem a sociedade destrói as próprias bases.
licitando também que quem abraçar esta ciedade. As assinaturas podem ser feitas como um todo, levando em conta, espe- 10. Votar é importante, mas ain-
campanha, tenha a bondade de remeter por meios eletrônicos assim como haverá cialmente, as camadas sociais mais frá- da não é tudo. Acompanhe, depois das
as listas preenchidas para a CNBB ou para listas de assinaturas circulando em todos geis e necessitadas da atenção do Poder eleições, as ações e decisões políticas e
a CRB até o dia 08 de setembro. Elas se- os lugares. público. administrativas dos governantes e parla-
rão encaminhadas ao CONSEA, que as Fonte: CNBB 5. O homem público deve ter ido- mentares, para cobrar deles a coerência
enviará à FAO, para chegarem a ONU até neidade moral. Dê seu voto apenas a para com as promessas de campanha e
o dia 16 de outubro, dia mundial da ali- Para assinar a petição: candidatos com “ficha limpa”, dignos de apoiar as decisões acertadas.
mentação”. www.1billionhungry.org/faobrasil/ confiança, capazes de governar com pru-
O símbolo da campanha é um apito Informações: ascom@consea.planalto.gov.br dência e equidade e de fazer leis boas e
Fonte: CNBB
amarelo. A idéia é encorajar as pessoas a As assinaturas sejam enviadas para a CNBB Na- justas para o convívio social.
cional no seguinte endereço: A/C Pe. Nelito Nona- 6. Voto não é mercadoria. Fique aten- Aparecida, 29 de junho de 2010
apitar contra a fome. “Deveríamos estar
to Dornelas – Setor das Embaixadas Sul - Quadra to à prática da corrupção eleitoral, ao CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL
furiosos com o vergonhoso fato de que
801 – Conjunto B – CEP 70 200 014 - Brasília DF. abuso do poder econômico, à compra 73ª Assembleia dos Bispos do Regional Sul 1 -
seres humanos ainda sofram de fome”, de votos e ao uso indevido da máquina Aparecida-SP, 29, 30 de junho e 1 de julho de
Também para a CRB Nacional, no seguinte ende-
disse o Diretor Geral da FAO, Jacques reço: A/C Ir. Maria das Graças Apolinário – SDS administrativa na campanha eleitoral. Fa- 2010. Doc. 15/73ªAB
Diouf. Dom Nelson Westrupp, scj/ Presidente do CONSER
Bloco H, 26 – Sala 507 – Edifício Venâncio II tos como esses devem ser denunciados Dom Benedito Beni dos Santos/ Vice-Presidente
Se o mundo continuar no mesmo rit- CEP 70 393 900 – Brasília DF. imediatamente, com testemunhas, às au- Dom Airton José dos Santos/ Secretário-Geral
5. CEBs - Informação e Formação para animadores 5
Mártires: Vidas pela vida, vidas pelo Reino
Caminhada Penitencial - 12º Intereclesial
tina. Os padres acompanha-
vam, realizando encontros
com as famílias para orientá-
las. A linha de ação era esta:
Foto: Maria Matsutacke
que permanecessem na ter-
ra, mas evitando agressões e
confrontos.
24 DE JULHO DE 1985
Foto de divulgação.
Às 5.30h da manhã do
dia 24 de julho, Padre Eze-
quiel saiu, junto com o ami-
go Adilio de Souza, para a
Fazenda Catuva. Quando
chegaram ao posto indí-
DA MORTE PARA A VIDA entrada’.
gena Lourdes, um funcionário da FUNAI
Pe. Ezequiel Ramin tinha 33 anos, As terras que as famílias trabalhavam
quis impedir a passagem. Tinha ordem de
quando foi assassinado em 24 de julho há mais de dois anos, bem relacionadas
não deixar passar ninguém. Mas chegou padres a uma hora da madrugada do
de 1985, na fazenda Catuva, município com os índios suruí, que podiam se dizer
um carro vindo do interior da fazenda, dia seguinte. Estava ensangüentado e
de Aripuanã, por jagunços dos fazen- os únicos verdadeiros proprietários, esta-
com um pessoal desconhecido, pedindo exausto. Contou o que tinha aconteci-
deiros da região. Nasceu na Itália, em vam sendo reivindicadas por dois fazen-
que a entrada fosse liberada. Foi o que do. Não sabia dizer se Ezequiel estava
1953. Missionário da diocese de Ji-Pa- deiros. Eles eram proprietários de 2.500
o funcionário fez. Os dois alcançaram a vivo ou morto... Era preciso correr para
raná, Rondônia. Membro da Congrega- hectares e tentavam abocanhar 50 mil
porteira sem qualquer problema. Che- lá imediatamente.
ção dos Combonianos, veio ao Brasil em hectares, passando por cima tanto dos
garam rapidamente ao barraco onde se Na mesma hora os dois padres foram
meados de 1983. Assumiu a causa dos índios como das 250 famílias e de suas
encontravam os posseiros, onze ao todo, à delegacia: o delegado estava ausente
trabalhadores sem-terra e dos índios. roças.
que os aguardavam para acompanhá-los e os policiais mostraram pouca disposi-
Ganhou a confiança dos povos indíge- Tudo começou com uma chegada dis-
na vistoria da área. O acampamento dos ção de ajudar. Os padres então avisaram
nas Suruí que iam procurá-lo para expor creta, mas depois vieram a placa, a cerca
jagunços estava muito próximo, a não o bispo e se dirigiram a Ji-Paraná, onde
os problemas da aldeia. e os jagunços para não deixar dúvidas em
mais de 100 metros de distância. chegaram por volta das 4.00 horas.
O QUE ACONTECEU EM relação às reais intenções dos fazendei-
Ezequiel e Adílio conversaram com os Finalmente às 8.00 horas, com mais
24 DE JULHO DE 1985 ros.
posseiros. Pediram que desocupassem a dois carros da polícia na frente, saíram,
Prontidão de missionário, Ezequiel ROTINA DE VIOLÊNCIAS
área porque a situação estava tensa. Eze- e às 11h30 cruzaram a porteira da fa-
era uma pessoa extrovertida, de fáceis Em relação a tudo isso Padre Ezequiel
quiel puxou da sacola a máquina fotográ- zenda. Mais 5 minutos e chegaram ao
relações humanas. Tinha sido ordenado mostrava-se profundamente incomoda-
fica, tirou algumas fotos, inclusive da fa- local. O carro de Ezequiel estava ainda
em 1981 e destinado, depois da ordena- do. Ele dizia:
zenda e dos jagunços. Adilio fez algumas no meio da estrada, com as portas aber-
ção, para um trabalho no mundo juvenil ‘Não aprovamos violências nem que-
anotações. Pouco depois das 11 horas, tas, os vidros quebrados.
em sua própria terra. Estava começando remos reivindicações irreais. É irreal pe-
Ezequiel entrou no carro para pegar o ca- O corpo logo foi avistado 50 metros
a entrar nele quando um terremoto sa- dir comida para a própria família? Ou só
minho de volta... adiante, caído à beira da estrada. Ne-
cudiu o sul da Itália. Ele não teve dúvi- quem é poderoso tem filhos que preci-
RAJADA DE BALAS nhum sinal de violência, a não ser as
das: aquele era o lugar do missionário. sam comer? Aqui muita gente tinha ter-
Depois de dois quilômetros, na saída perfurações das balas e dos chumbos:
Deixou tudo e lá foi ele para socorrer as ra, foi vendida. Tinha casa, foi destruída.
de uma curva, teve o ataque. Sete ho- havia sinais de um tiro de espingar-
vítimas e ajudar na reconstrução. Tinha filhos, foram mortos. Tinha aberto
mens armados, em posição de tiro, es- da em pleno rosto; os braços abertos,
A CHEGADA EM CACOAL, RONDÔNIA estradas, foram fechadas!’.
tavam esperando a passagem do carro. como se tivesse sido crucificado.
Quando, em 1984, Padre Ezequiel Na Fazenda Catuva o confronto entre
Dois deles abriram fogo. Veio uma pri- A família quis o corpo, mas a camisa
Ramin chegou a Cacoal, encontrou co- posseiros e jagunços começou a virar ro-
meira rajada de balas. Ainda dentro do ensanguentada ficou em Cacoal.
munidades consolidadas em todo lugar. Foto de divulgação. carro Pe. Ezequiel foi atingido. Os padres estavam providenciando
Não teve dificuldade de se inserir. Com
Disse: ‘Pára, pára pelo amor de o enterro em Cacoal. Parecia-lhes lógi-
pouco mais de 30 anos, ele tinha o en-
Deus’. co que o corpo do colega descansasse
tusiasmo necessário para entrar logo na
Depois saiu do carro, pelo na terra que tinha recebido seu sangue.
realidade e as experiências anteriores,
lado do motorista, afastando-se Mas chegou um telefonema da Itália:
feitas na vida, o habilitavam a ser um
dos atiradores. Adilio saiu em um superior informava que os pais e os
bom padre para todo aquele povo.
direção contrária, ganhando a irmãos queriam ter o corpo de volta, na
‘PROIBIDA A ENTRADA!’
mata. Ezequiel caiu uns 50 me- Itália. A camisa ensangüentada de Pa-
Pouco tempo depois da chegada de
tros depois. Alguém chegou e dre Ezequiel ficou exposta na igreja ma-
Ezequiel a Cacoal, em uma região en-
descarregou nele a espingarda à triz de Cacoal por muito tempo...
tre Mato Grosso e Rondônia, em terras
queima-roupa.
ocupadas por 250 famílias, apareceu
NA MADRUGADA SEGUINTE... Fonte: www.combonianos.org.br
uma placa: ‘Fazenda Catuva: proibida a
Adílio bateu na casa dos Colaboração: Maria Matsutacke
6. 6 CEBs - Informação e Formação para animadores
Veias Finas da Igreja
São Paulo compara a Igreja ao Corpo Deus para alimentar todo o corpo. zados por certos dirigentes da Igreja. Mas tudo isso podemos cantar com a música
de Cristo. Nós somos muitos, mas for- O corpo possui as artérias que são são os Grupos de Reflexão que levam e “Eu sou feliz na comunidade”.
mamos um só corpo (cf. 1Cor 12,1-12). aquelas veias mais grossas que distri- fazem a Palavra de Deus correr através Grupos de Reflexão / faz o sangue circular
O corpo para se manter vivo precisa ter buem o sangue. São as veias que apare- das casas e chegar até aos mais afasta- Vai fazendo a Palavra, / chegar em todo
o sangue correndo em suas veias. A Pa- cem mais. Podemos comparar estas veias dos. Por isso os Grupos de Reflexão con- lugar.
lavra de Deus é como o sangue que cor- mais grossas com o trabalho das pasto- seguem reforçar a comunidade trazen-
re nas veias da Igreja. Sem a Palavra de rais, com o trabalho da catequese e dos do novos participantes e reconduzindo Fonte: Movimento Boa Nova
Deus a Igreja perde a sua vitalidade. cursos de formação nas comunidades. aqueles que se afastaram. Eles também
Se a Igreja é o Corpo de Cristo e a São trabalhos que aparecem mais, rece- oxigenam a comunidade com gestos con-
Palavra de Deus o sangue que corre em bem mais formação, têm mais apoio dos cretos e com a solidariedade aos neces-
suas veias, podemos comparar a liturgia dirigentes e até uma maior atenção por sitados. Eles também despertam novos
como o coração da Igreja. A liturgia é que parte da Igreja. animadores e novas pessoas para ingres-
faz a Igreja viver. Sendo o centro da vida Mas no corpo, também são indispen- sar nas pastorais e fortalecem assim toda
Foto: Bernadete Mota
da Igreja, é na liturgia que celebramos as sáveis aquelas veias finas, que não apare- a comunidade.
alegrias e as vitórias, as dores e os sofri- cem tanto, mas que levam o sangue até É através deste trabalho simples e
mentos de Jesus. Na liturgia celebramos aos lugares mais afastados e distantes do despretensioso que toda a comunidade
a nossa vida nos mistérios da vida de corpo. Estas veias finas são os Grupos de se fortalece e até a liturgia, o coração
Jesus. Assim, é a liturgia que constante- Reflexão. Geralmente seu trabalho não da Igreja, bate mais forte e feliz fazendo
mente bombeia o sangue da Palavra de aparece muito e, às vezes, não são valori- sentir ali a presença do Ressuscitado. Por Comunidade Pinheirinho
Foto: Maria Matustacke
Foto: Arquivo das CEBs
Foto: Bernadete Mota
Foto: Madalena Mota
Comunidade Gallo Branco Com. Campo dos Alemães Comunidade Santana Comunidade Santa Cecília
AS CEBs NO DOCUMENTO CONCLUSIVO DO I SÍNODO DIOCESANO
Como nos pede Dom Moacir Silva, de- Pequenas Comunidades Eclesiais mimos com a Conferência de Aparecida Eclesiais de Base) merecem uma atenção
vemos olhar o Documento Conclusivo em 81. Com o Documento de Aparecida, as pequenas comunidades eclesiais, que especial. O tempo de dedicação à missão
sua totalidade e acolhê- “constata-se que nos úl- são “um ambiente propício para se es- e o número de pessoas envolvidas, por
lo de forma criativa e timos anos está crescen- cutar a Palavra de Deus, para viver a fra- meio da setorização de nossas paróquias,
nos alerta “O espírito do do a espiritualidade de ternidade, para animar na oração, para tem trazido resultados satisfatórios. Com
Sínodo vai muito além comunhão e que, com aprofundar processos de formação na fé o Documento de Aparecida, afirmamos:
de um ou outro projeto: diversas metodologias, e para fortalecer o exigente compromis- “As comunidades eclesiais de base, no
é uma mentalidade nova não poucos esforços têm so de ser apóstolos na sociedade de hoje. seguimento missionário de Jesus, têm a
para homens e mulheres sido feitos para levar os São lugares de experiência cristã e evan- Palavra de Deus como fonte de sua espi-
novos.” E nos pede, com leigos a se integrarem gelização que, em meio à situação cultu- ritualidade e a orientação de seus pasto-
alegria, conforme o Do- nas pequenas comuni- ral que nos afeta, secularizada e hostil à res como guia que assegura a comunhão
cumento de Aparecida: dades eclesiais, que vão Igreja, se fazem muito mais necessários” eclesial. Demonstram seu compromisso
“Conservemos a doce mostrando frutos abun- . Com essas pequenas comunidades ecle- evangelizador e missionário entre os
e confortadora alegria dantes. Nas pequenas siais, a paróquia vai se tornando comu- mais simples e afastados e são expres-
de evagelizar, inclusive comunidades eclesiais nidade de comunidades, uma rede de são visível da opção preferencial pelos
quando é necessário se- temos um meio privi- comunidades, “capazes de se articular pobres. [...] as CEBs se convertem em um
mear entre lágrimas, [...] legiado para chegar à conseguindo que seus membros se sin- sinal de vitalidade na Igreja particular.” .
que o mundo atual [...] possa assim rece- Nova Evangelização e para chegar a que tam realmente discípulos e missionários
ber a Boa Nova, não através de evageliza- os batizados vivam como autênticos dis- de Jesus Cristo em comunhão” . Fonte: Documento Conclusivo do I Síno-
dores tristes e desalentados, impacientes cípulos e missionários de Cristo” . 83. Como experiência de pequenas do Diocesano – Disponível para downlo-
e ansiosos”. 82. Na estruturação paroquial, assu- comunidades, as CEBs (Comunidades ad em: www.sinododiocesano.com.br
7. CEBs - Informação e Formação para animadores 7
FIQUE LIGADO
Semana Brasileira sobre a Missão Continental
Centro Cultural Missionário (CCM) - Comissão Episcopal para a Missão Continental
“Vocês são testemunhas
destas coisas” (Lc 24,48)
objetivo de afunilar a reflexão em torno agindo no mundo, abrindo os corações,
de três grandes temas do Documento de dispondo as pessoas a receber o anún-
Aparecida: a espiritualidade missionária, cio do Evangelho. A Igreja é chamada a
dimensão essencial para a formação mis- perceber essa ação divina através dos
sionária; a paróquia missionária, exigên- sinais dos tempos participando dessa
cia de conversão das nossas estruturas; mesma ação: saindo de seus ambien-
Brasília, 5 a 11 de setembro de 2010. tos “missionários” para arrebanhar fiéis, os projetos para uma nova evangelização, tes, tornando-se hospede na casa dos
Um dos mais importantes legados para uma Igreja em estado permanente caminhos para uma aproximação aos ou- outros. É um deslocamento fundamen-
da V Conferência Geral do Episcopado de missão. Isso equivale a reconhecer tros e para uma ação evangelizadora sig- tal que necessita de uma continua, pro-
latino-americano em Aparecida foi as- o contexto de pluralismo no qual se en- nificativa em todo Brasil. gressiva, profunda e diligente conversão
sumir o compromisso de uma grande contra o mundo de hoje. Esse pluralismo A Semana Brasileira sobre a Mis- interior.
Missão Continental. Contudo, a recep- é a propria “casa” dos nossos povos na são Continental tem como lema bíblico Fonte: www.ccm.org.br
ção inicial desta proposta não foi a de América e no mundo, onde temos que o mandato missionário de Lucas: “Vo-
realizar uma gigantesca mobilização entrar tirando as sandálias, para anunciar cês são testemunhas dessas coisas” (Lc Da Diocese de São José dos Campos
eclesial, tampouco a de articular um permanentemente o Evangelho ali onde 24,48). O Espírito que conduz a missão irão participar deste evento, Padre
projeto missionário em nível de toda o povo se encontra. desperta um olhar contemplativo nos Edinei Evaldo Batista, coordenador
igreja do Continente. Para concretizar pedagogicamente discípulos missionários. Eles são teste- Diocesano de Pastoral, Padre
Se existe uma novidade na perspec- esse intuito, o Centro Cultural Missioná- munhas das coisas que vêem. A teste- Rogério Félix, Pároco da Paróquia
tiva da Missão Continental, essa con- rio e a Comissão Episcopal para a Missão munha não protagoniza a ação, ela não Coração de Jesus, Tianinha e
siste num decisivo salto de passar de Continental promovem uma Semana Bra- faz nada: apenas aponta o que Deus está Isalete Silva, do Comidi e
uma Igreja que promove alguns even- sileira sobre a Missão Continental, com o fazendo. Deus com seu Espírito já está Luiz Marinho, das CEBs.
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
1. Domingo, 5 de setembro, 20h00: “Vocês são testemunhas destas coisas” (Lc 24,48).
Acolhida e abertura da Semana Brasileira sobre Missão Continental.
2. Segunda, 6 de setembro: ELEMENTOS BÍBLICOS DA ESPIRITUALIDADE MISSIONÁRIA.
Para uma formação missionária moldada pelo estudo e pela leitura orante da Sagrada Escritura
Pe. Sérgio Bradanini, PIME, biblista e missiologo, diretor do ITELSE (Instituto de Teologia da Região Sé) de São Paulo, SP.
3. Terça, 7 de setembro: PARÓQUIA MISSIONÁRIA, UM PROJETO POSSÍVEL? Mudanças estruturais rumo a um novo pa-
drão pastoral - Pe. José Carlos Pereira, CP, sociólogo e teólogo pastoralista, pároco da paróquia São José e Nossa Senhora
das Dores, Rio de Janeiro, RJ.
4. Quarta, 8 de setembro: PROJETOS E MÉTODOS PARA UMA NOVA EVANGELIZAÇÃO. Memória, seguimento e perspec-
tivas - Pe. Manoel Godoy, diretor executivo do ISTA (Instituto Santo Tomás de Aquino) de Belo Horizonte, MG.
5. Quinta, 9 de setembro: MISSÃO JUNTO À JUVENTUDE PARA UMA JUVENTUDE PROTAGONISTA DA MISSÃO. O desafio de descobrir com os jovens a vocação de ser ami-
gos e discípulos de Jesus – Pe. Jorge Boran, CSSp, coordenador do Centro de Capacitação da Juventude (CCJ) de São Paulo, SP.
6. Sexta, 10 de setembro: A DIMENSÃO CONTINENTAL NO MEIO DE NÓS. Para uma missão inter gentes na América Latina e Caribe junto aos migrantes
Pe. Sidnei Dornellas, CS, sociólogo e teólogo, diretor do Centro de Estudos Migratórios, em São Paulo, SP.
7. Sábado, 11 de setembro, até 12h00: “Permanecei na cidade até que sejais revestidos da força do alto” (Lc 24,49).
Conclusões, articulação e encaminhamentos.
8. 8 CEBs - Informação e Formação para animadores
FORMAÇÃO
Fotos: Bernadete Mota
A Bíblia nos Interpela
Carlos Mesters ficiências da atitude libertadora frente à De um lado, ela traz uma LUZ. ligiões da Ásia, mais antigas que a nossa,
Francisco Orofino Bíblia? Neste sentido, ela pode contribuir levantam estas mesmas perguntas há vá-
Será que não vem de algo ainda mais para clarear as idéias, desmascarar as fal- rios anos. Qual o valor da nossa história e
5ª E ÚLTIMA PARTE profundo que está mudando no subcons- sas ideologias e comunicar uma consci- da nossa cultura.
ciente da humanidade? Pois, a realidade ência mais crítica. De outro lado, ela traz Será que elas não poderiam valer
CAMINHOS NOVOS APARECEM, do fundamentalismo não existe só nas uma FORÇA. Neste sentido, ela pode ani- como o nosso Antigo Testamento, onde
PROBLEMAS NOVOS SURGEM igrejas cristãs, mas também nas outras mar as pessoas, comunicar coragem, tra- estão escondidas as promessas que Deus
religiões: judaica, muçulmana, budista... zer alegria, pois ela é força criadora que fez aos nossos antepassados e onde exis-
1. A Leitura feminista ou leitura de Existem até formas de um fundamenta- produz o novo, gera o povo, cria os fatos, te a nossa lei como “nosso pedagogo para
gênero lismo secularizado. “O fundamentalismo faz amar. Infelizmente, muitas vezes, na Jesus Cristo” (Gál 3,24)? O Evangelho não
Esta leitura questiona e relativiza a é um perigo”. prática pastoral, estes dois aspectos da veio eliminar nem substituir
secular leitura masculinizada feita pelas Ele separa o texto do resto da vida e Palavra estão separados. De um lado, os o Antigo Testamento,
igrejas para manter o sistema patriar- da história do povo e o absolutiza como movimentos carismáticos; de outro lado, mas sim comple-
cal. Ela não pode ser descartada como a única manifestação da Palavra de Deus. os movimentos de libertação. Os caris- tá-lo e expli-
um fenômeno passageiro nem como A vida, a história do povo, a comunida- máticos têm muita oração, mas muitas citar todo
uma das muitas curiosidades exegéticas de, já não teriam mais nada a dizer sobre vezes carecem de visão crítica e tendem o seu
sem maiores conseqüências. Ela é uma Deus e a sua Vontade. O fundamentalis- para uma interpretação fundamentalista, signi-
das características mais importantes mo anula a ação da Palavra de Deus na moralizante e individualista da Bíblia. Por fi-
que vem surgindo de dentro da leitura vida. É a ausência total de consciência isso, a sua oração, muitas vezes, carece
popular da Bíblia. O seu alcance é mui- crítica. Ele distorce o sentido da Bíblia e de fundamento real no texto e na reali-
to maior do que poderia parecer à pri- alimenta o moralismo, o individualismo e dade. Os movimentos de libertação, por
meira vista. No Brasil ela adquire uma o espiritualismo na interpretação. É uma sua vez, têm muita consciência crítica,
importância maior ainda por causa da visão alienada que agrada aos opressores mas, às vezes, carecem de perseverança
esmagadora maioria de mulheres que do povo, pois ela impede que os oprimi- e de fé, quando se trata de enfrentar situ-
participam ativamente nos grupos bíbli- dos tomem consciência da iniqüidade do ações humanas e relacionamentos entre
cos e sustentam a luta do povo em mui- sistema montado e mantido pelos pode- pessoas que, dentro da análise científica
tos lugares. No CEBI é grande o número rosos” (Coleção: Tua Palavra é Vida, Vol da realidade, em nada contribuem para
de assessoras que se formaram nos úl- I: A Leitura Orante da Bíblia, Publicações a transformação da sociedade. Às vezes,
timos anos e que estão aprofundando a CRB, 1990, p. 22). Na Igreja Católica, pela eles têm uma certa dificuldade para en-
leitura de gênero não como xergar a utilidade de longas horas gas-
um novo setor, mas como tas em oração sem resultado imediato. ca-
uma característica que deve Já existem várias iniciativas importantes d o
marcar toda a leitura popular que procuram enfrentar e superar este ( M t
que fazemos. problema para além das divergências: o 5,17).
2. Como enfrentar a rea- projeto Tua Palavra é Vida, (Projeto de O Antigo
lidade do fundamentalismo? formação bíblica para religiosos e religio- Testamento
Nos encontros de massa sas, promovido pela CRB - Conferência do povo de Is-
promovidos pelas redes de dos Religiosos do Brasil); A equipe de es- rael é o cânon ou
televisão, padres cantores piritualidade do CEBI (Centro Ecumênico a norma inspirada que
aparecem. Nos encontros bí- de Estudos Bíblicos), a iniciativa da CNBB nos ajuda a perceber e a re-
blicos promovidos pelo CEBI, (Conferência Nacional dos Bispos do Bra- velar esta dimensão mais profunda
abertos a pessoas dos vários sil) de valorizar os quatro evangelhos e os da nossa cultura e história, do nosso An-
setores da vida das igrejas, Atos em preparação do jubileu do Novo tigo Testamento. Neste sentido são muito
aparece cada vez mais o se- Milênio, etc. importantes as diferentes iniciativas da
guinte fenômeno. O estudo e 4. A cultura dos nossos povos leitura indígena, negra e de gênero.
a interpretação da Bíblia são No mito do Tucumã, que explica aos 5. Necessidade de um estudo mais
feitos numa linha claramente libertado- primeira vez, o documento O Uso da Bí- índios da região amazônica a origem do aprofundado da Bíblia na América Latina
ra. blia na Igreja critica fortemente o funda- mal no mundo, o culpado pelos males A caminhada das Comunidades avan-
Mas nas celebrações, nas conversas mentalismo como uma coisa nefasta que não é a mulher, mas sim o homem. Num ça e se aprofunda. Aos poucos, do cora-
de grupos, nas perguntas, aparece uma não respeita suficientemente o sentido encontro bíblico, alguém perguntou: “Por ção desta prática popular está surgindo
atitude interpretativa diferente, em da Bíblia. que não usamos os nossos mitos em vez uma nova atitude interpretativa que não
que se mistura fundamentalismo com 3. A busca de Espiritualidade e o nos- dos mitos do povo hebreu?” Não houve é nova, mas muito antiga. Ela tem neces-
teologia da libertação. Sobretudo nos so método de interpretação resposta. A mesma pergunta foi feita num sidade de ser legitimada tanto a partir
jovens! Como explicar este fenômeno? Em todo canto se ouve e se sente o curso bíblico na Bolívia em Maio de 1991. da Tradição das igrejas como a partir da
Vem de onde? Do contato com a linha desejo de maior profundidade, de mís- Os participantes, quase todos Aymaras, pesquisa exegética. A leitura que se faz a
conservadora, com a linha carismática, tica, de. A Bíblia, de fato, pode ser uma perguntavam: “Por que usar só a Bíblia? partir dos pobres e a partir da causa dos
com os pentecostais? resposta a este desejo. Pois, a Palavra de As nossas histórias são mais bonitas, me- pobres tem suas exigências próprias. Na
Será que também não vem das de- Deus tem duas dimensões fundamentais. nos machistas e mais conhecidas!” As re- medida em que se avança, cresce o de-
9. CEBs - Informação e Formação para animadores 9
sejo de maior aprofundamento científico. Fundado em 1978, cresceu e se expandiu (2Cor 3,6). Para Paulo, a letra era a his- a descobrir e a criticar atitudes e leis
Há muitos assessores e assessoras popu- rapidamente. Agora existe organizado tória do povo descrita no Antigo Testa- religiosas repressivas contra a vida. Até
lares que gostariam de ter um conheci- em praticamente todos os Estados do mento. O Espírito era o rumo que exis- chegar a Jesus que é, para nós cristãos
mento das línguas bíblicas; gostariam de Brasil, prestando o seu serviço a um nú- te dentro da história e cujo objetivo ou e cristãs, revelação plena de Deus e do
conhecer melhor o contexto econômi- mero cada vez maior de igrejas. Além dis- ponto final fica para além da história. No sentido da vida. Tudo isso está come-
co, político, social e ideológico em que so, recebe solicitações de vários países da tempo de Paulo, alguns judeus se fecha- çando a nascer como uma semente de
nasceu a Bíblia; gostariam de levar para América Latina, África e Europa para um vam dentro da sua própria história (letra) mostarda.
dentro da Bíblia as perguntas que hoje intercâmbio deste tipo de leitura bíblica. e não aceitavam que ela estivesse orien- 4. Humanizando o relacionamento,
angustiam o povo na vivência da sua fé. tada para desembocar na Boa Nova de a vida humana se diviniza!
Existe uma escassez de assessores e de HISTÓRIAS PARALELAS QUE SE Deus que Jesus nos revelou (2Cor 3,13). A imagem verdadeira de Deus é o
assessoras acadêmicos capazes de res- ILUMINAM MUTUAMENTE Por isso, assim afirma Paulo, a letra já não ser humano, pois Deus nos fez à sua
ponder a esta demanda crescente de for- PARA ALEGRIA DE MUITOS lhes comunicava a vida. Até hoje, a letra imagem e semelhança, Ele nos fez ho-
mação bíblica dos assessores populares 1. A Revelação de um novo rosto de mata, quando a pessoas se fecham no mem e mulher (Gn 1,27). Por isso, a
e de fazer frente ao problema novo que Deus seu próprio pensamento e não querem experiência do Deus verdadeiro só é
está se criando por causa do crescimento Numa roda de amigos alguém mos- perceber que dentro da nossa história verdadeira quando ela gera um relacio-
imenso do fundamentalismo (muito mais trou uma fotografia, onde se via um existe o fio de ouro da ação do Espírito de namento que humaniza as pessoas e
perigoso do que qualquer outro homem de rosto severo, com o dedo le- Deus que nos orienta para a vida plena. A as torna acolhedoras esolidárias, com-
-ismo). vantado, quase agredindo o público. To- letra mata quando reduzimos a imagem preensivas e amigas. Pois, se Deus nos
A prática da leitura dos ficaram com a idéia de se tratar de de Deus ao tamanho das nossas idéias ou fez humanos, o que mais honra a Deus
bíblica, feita nas uma pessoa inflexível, antipática, que das nossas igrejas. Ao contrário, a letra e mais reflete a sua imagem é a huma-
Comunidades não permitia intimidade. Nesse momen- desabrocha e revela o Espírito que co- nização progressiva da vida. Para nós,
Eclesiais de to, chegou um rapaz, viu a fotografia e munica vida quando as pessoas se abrem cristãos e cristãs, Jesus é o modelo. O
Base da exclamou: “É meu pai!” Os outros olha- para além de si mesmas, do seu próprio Papa Leão Magno disse a respeito dele:
América ram para ele e, apontando a fotografia, mundo e da sua própria igreja, e procu- “Jesus foi tão humano, mas tão huma-
Latina, comentaram: “Pai severo, hein!” Ele res- ram descobrir o rumo para o qual as con- no como só Deus pode ser humano”. A
já ad- pondeu: “Não! Não é não! Ele é muito duzem a sua história, a sua cultura, a sua experiência sempre renovada de Deus
qui- carinhoso. Meu pai é advogado. Aquela igreja. Aí, o seu horizonte se abre para a deve gerar novas relações entre nós. A
riu fotografia foi tirada no tribunal, na hora experiência sempre renovada de Deus e última frase do AT que faz a transição
em que ele denunciava o crime de um da vida. Aí, a letra da Bíblia está se tor- para o NT exprime a esperança messiâ-
latifundiário que queria despejar uma fa- nando para elas a gramática que as ajuda nica de todo ser humano: reconduzir o
mília pobre que estava morando num ter- a ler o que o Espírito nos fala pela nossa coração dos pais para os filhos e o cora-
reno baldio da prefeitura há vários anos! vida e pela história dos nossos povos. Ela ção dos filhos para os pais, para que a
Meu pai ganhou a causa. ajuda a relativizar as confissões religiosas terra não seja destruída (Ml 3,24). É o
Os pobres não foram despejados!” em vista do Reino de Deus. que a humanidade pode e deve espera
Todos olharam de novo e disseram: “Que 3. Superando os preconceitos, a ima- da ação de nós cristãos que seguimos o
fotografia simpática!” Como por um mi- gem de Deus se purifica ensinamento de Jesus. As comunidades
lagre, ela se iluminou e tomou um outro A experiência de Deus, a imagem de procuram ser uma resposta a este de-
aspecto. Aquele rosto tão severo adqui- Deus, transmite-se não tanto pelo que in- sejo mais profundo do coração huma-
uma riu os traços de uma grande ternura! As formamos sobre Deus através das doutri- no. Procuram ser, como Jesus, uma Boa
certa palavras do filho, mudaram tudo, sem nas que ensinamos, mas muito mais pelo Nova de Deus para todos, sobretudo
reper- mudar nada! As palavras e gestos de Je- que transmitimos das atitudes que to- para os pobres.
cussão em sus, nascidas da sua experiência de filho, mamos. Mesmo sem falar de Deus, dele
todas as Igre- sem mudar uma letra ou vírgula sequer, somos um reflexo. Algo se comunica. A Fonte: Centro de Estudos Bíblicos
jas, pois está pro- mudaram o sentido do Primeiro Testa- imagem do Deus-Juiz-que-condena pro-
vocando discussões, mento (Mt 5,17-18). O Deus, que parecia duz gente medrosa. A imagem do Deus-
reações e adesões em mui- tão distante e severo, a ponto de o povo todo-poderoso-só-nosso pode produzir formação
tos lugares. Isto se viu claramente não ter mais coragem de pronunciar o gente intolerante. A imagem de Deus- Encerramos este mês a
Sobre a Leitura Popu lar da Bíblia
nos encontros intereclesiais, realizados seu Nome, adquiriu os traços de um Pai ternura-mãe-e-pai gera pessoas acolhe-
desde os anos 70, no Encontro Mundial bondoso de grande ternura! O mesmo doras e solidárias. A experi-
da Igreja Luterana, realizado em Curitiba acontece hoje nas Comunidades Eclesiais ência de Deus se reflete no
em janeiro de 1990, e no Encontro Mun- de Base. A experiência humanizadora da relacionamento humano. A
dial da FEBIC, realizado em Bogotá em convivência comunitária e da luta em Bíblia pode ajudar-nos a pu-
julho de 1990. Há muitos outros sinais do prol da justiça e da fraternidade gera uma rificar nossa imagem de Deus
interesse que existe nos outros Continen- nova experiência de Deus e da vida que e a humanizar nossa vida. Ao
tes pela leitura que se faz da Bíblia aqui se transmite através da participação das longo das suas páginas corre
na América Latina. Por tudo isso, é im- pessoas nos Círculos Bíblicos e encontros a expressão de uma dupla
portante que se comece a pensar seria- comunitários e lhes comunica um critério experiência. De um lado,
mente na criação de centros de pesquisa novo de interpretação. Aqui está a fonte uma experiência sempre re-
e de formação bíblica que se orientem a escondida e geradora do processo da lei- novada da vida, que leva as
partir dos problemas reais que sentimos tura popular da Bíblia na América Latina. pessoas a descobrir e a cri-
por aqui nas nossas comunidades. 2. Ultrapassando a letra, o espírito ticar as imagens erradas de
O CEBI, Centro Ecumênico de Estudos comunica vida Deus. De outro lado, uma ex-
Bíblicos, é uma tentativa que procura ser O apóstolo Paulo dizia: “A letra mata, periência sempre renovada
uma resposta a este “Sinal dos Tempos”. mas é o Espírito que comunica vida” de Deus, que leva as pessoas
10. 10 CEBs - Informação e Formação para animadores
1º Grito dos Excluídos na Diocese de São José dos Campos
Tema: “Onde estão nossos direitos? Vamos às ruas para construir um projeto popular.”
Dia 07 de setembro, A 16ª edição do Grito dos/as Excluí- ter presente, porém, que direitos não se com outros países, especialmente nossos
às 15h30, na Praça. Pe. dos /as pretende resgatar as condições confundem com migalhas e mudança é vizinhos latino-americanos, conforme
João Marcondes ( Matriz reais e efetivas da vida. Pretende tam- muito mais que mero ajuste ao mercado sublinham o Grito Continental, a Rede
de São José, no centro bém retomar a esperança e a utopia do mundial ou programas pontuais. Jubileu Sul, a Assembléia Popular, entre
da cidade de São José projeto popular, fundamentado na justi- Entre as mudanças, outras iniciativas.
dos Campos – SP,
ça e no direito. Nisto radica-se a mística vale destacar uma re- Direitos, soberania e
ao lado da Rodo-
de todo caminheiro: aquele que tem os forma agrária e agríco- relações livres são pres-
viária Velha). To-
pés firmes num chão marcado por so- la que leve em conta o supostos indispensá-
das as Pastorais,
movimentos e nhos e contradições, as mãos solidárias limite da propriedade veis para a construção
Espiritualidades para a luta e a construção de caminhos da terra rural e urbana; de um projeto popular.
estão convida- alternativos, e os olhos postos no hori- melhorias substanciais Um projeto que leve
dos a participar. zonte de uma sociedade renovada, tan- nos sistemas de saúde, em conta as necessida-
Sairemos em caminhada rumo à Ca- to nas relações pessoais e comunitárias educação e transpor- des fundamentais dos
tedral São Dimas, coroando este evento quanto nas relações sociais, políticas, te público, habitação; setores mais pobres e
com a Renovação da aliança de Jesus econômicas e ecológicas. uma nova convivência excluídos da população,
Cristo pela Humanidade, celebrando a O respeito e a defesa, a conquista, com o planeta terra, fugindo da mera mate-
Eucaristia (Santa Missa) às 17h30. ampliação e universalização dos direi- preservando as diver- mática do crescimento
Vamos lá! Leve sua família, seu gru- tos básicos de cada cidadão ou cidadã sas formas de vida e um e do lucro. Somente
po, seus amigos, sua paróquia. Mar- exigem uma base sólida no sentido de desenvolvimento justo, um povo autônomo
quemos presença diante da sociedade, preservar “a vida em primeiro lugar”. É solidário e sustentável; espaço aberto à pode estabelecer laços com outros povos
como Igreja, para dizermos que quere- a coluna vertebral do Grito, desde sua comunicação e à participação popular. igualmente autônomos.
mos que todos tenham vida em abun- primeira edição em 1995. Essa base, por Na origem do Grito está também a
dância... sua vez, requer hoje mudanças urgen- idéia de soberania nacional e internacio- Coordenação Nacional
Pe. Ronildo tes e profundas da sociedade. Convém nal, a qual não exclui relações solidárias www.gritodosexcluidos.org
O que é? to de manifestações realizadas no Dia da nuidade à reflexão da Campanha da Fra- tura laços internacionais e implementa
O Grito dos Excluídos é uma mani- Pátria, 7 de setembro, tentando chamar à ternidade de 1995, cujo lema – Eras tu, políticas públicas de forma autônoma e
festação popular carregada de simbolis- atenção da sociedade para as condições Senhor – abordava o tema Fraternidade livre, não sob o constrangimento da dívi-
mo, é um espaço de animação e profe- de crescente exclusão social na socieda- e Excluídos. da externa, por exemplo. Relações eco-
cia, sempre aberto e plural de pessoas, de brasileira. Não é um movimento nem De outro lado, brotou da necessidade nomicamente solidárias e justiça social
grupos, entidades, igrejas e movimen- uma campanha, mas um espaço de par- de concretizar os debates da 2ª Semana são dois requisitos indispensáveis para
tos sociais com- ticipação livre e po- Social Brasileira, realizada nos anos de uma verdadeira independência.
prometidos com pular, em que os pró- 1993 e 1994, com o tema Brasil, alterna- Nada melhor que o dia 7 de setem-
as causas dos ex- prios excluídos, junto tivas e protagonistas. Ou seja, o Grito é bro para refletir sobre a soberania na-
cluídos. com os movimentos e promovido pela Pastoral Social da Igreja cional. É esse o eixo central das mobi-
O Grito dos entidades que os de- Católica, mas, desde o início, conta com lizações em torno do Grito. A proposta
Excluídos, como fendem, trazem à luz numerosos parceiros ligados às demais é trazer o povo das arquibancadas para
indica a própria o protesto oculto nos Igrejas do CONIC (Conselho Nacional de a rua. Ao invés de um patriotismo pas-
expressão, cons- esconderijos da so- Igrejas Cristãs), aos movimentos sociais, sivo, que se limita a assistir o desfile
titui-se numa ciedade e, ao mesmo entidades e organizações. de armas, soldados e escolares, o Grito
mobilização com tempo, o anseio por Nos dois casos, podemos afirmar que propõe um patriotismo ativo, disposto a
três sentidos: mudanças. a iniciativa não é propriamente criada, pôr a nu os problemas do país e debater
• Denunciar o As atividades são mas descoberta, uma vez que os agentes seriamente seu destino. É um momento
Foto: Maria Matsutacke
modelo político e as mais variadas: atos e lideranças apenas abrem um canal para oportuno para o exercício da verdadeira
econômico que, ao mesmo tempo, con- públicos, romarias, celebrações espe- que o Grito sufocado venha a público. cidadania.
centra riqueza e renda e condena mi- ciais, seminários e cursos de reflexão, A bem dizer o Grito brota do chão e en-
lhões de pessoas à exclusão social; blocos na rua, caminhadas, teatro, mú- contra em seus organizadores suficiente Fonte: www.gritodosexcluidos.org
• Tornar público, nas ruas e praças, o sica, dança, feiras de economia solidária, sensibilidade para dar-lhe forma e visibi-
DICA
rosto desfigurado dos grupos excluídos, acampamentos – e se estendem por todo lidade.
Para a participação efetiva dos ex-
vítimas do desemprego, da miséria e da o território nacional. Por que 7 de setembro?
cluídos, as manifestações do Grito
fome; Como nasceu e quem promove o Grito Desde 1995 foi escolhido o dia 7 de
devem priorizar a simbologia, a
• Propor caminhos alternativos ao dos Excluídos? setembro para as manifestações do Grito
criatividade e a mística. As imagens
modelo econômico neoliberal, de forma O Grito nasceu de duas fontes distin- dos Excluídos. A idéia era aproveitar o Dia
a desenvolver uma política de inclusão tas, mas, complementares. De um lado, da Pátria para mostrar que não basta uma falam mais que textos e discursos.
social, com a participação ampla de to- teve origem no Setor Pastoral Social da independência politicamente formal. A A linguagem simbólica deve ser
dos os cidadãos. CNBB (Conferência Nacional dos Bispos verdadeira independência passa pela so- priorizada a linguagem escrita e
O Grito se define como um conjun- do Brasil), como uma forma de dar conti- berania da nação. Um país soberano cos- discursiva.