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CEBs - Informação e Formação para animadores                                                        1

         Lá vem o Trem das CEBs...
         Formação e Informação para animadores
Diocese de São José dos Campos - SP - Informativo das CEBs - Ano VI - Setembro de 2010 - Nº 60



                                                1º Grito dos Excluídos
                                                      na Diocese de São José dos Campos - SP
                                                                              Promovido pelas CEBs
                                                                                 e Pastorais Sociais

                                                                   Vida em primeiro lugar:
                                                                            Onde estão nossos direitos?
                                                                        Vamos às ruas para construir
                                                                                            um projeto popular.

                                                                                                  ÍNDICE

                                                                            2 Palavra do Assessor     3 CEBs, Igreja nas Casas
                                                                                                           Vidas pelo Reino
                                                                            4 Notícias da CNBB        5    Ezequiel Ramin




                                                                            6 Veias Finas da Igreja   7 Fique Ligado

                                                                        10 Grito dos Excluídos        11 Pastoral Social


                                                                        15 Festa nas Colinas          16 Mãos na Massa
2                                                                   CEBs - Informação e Formação para animadores

                                                                      PALAVRA DO ASSESSOR
Foto: Bernadete Mota

                                                             Leitura Orante da Bíblia
    Estimado(a) Animador(a) de Pe-           Isso era importante para permitir a          mim, muito pessoalmente para mim, e         fanatismo e a uma religião sem Deus
quenas Comunidades, olá!                     cada um encontrar sua resposta. Não          tem uma mensagem para mim”.                 e sem compromisso. Pelo contrário, o
    Tradicionalmente setembro é o            dei respostas prontas, somente ofere-           Esta experiência ele a fazia em co-      próprio Jesus Cristo assim o viveu, le-
mês da Bíblia e sabemos da importân-         ci um impulso inicial para que todos         munidade e atingia todos e cada um          vando-o até as últimas consequências,
cia e da necessidade de Leitura como         escutassem a Palavra, com cuidadosa          dos participantes. Por isso, venho nes-     numa dimensão libertadora e livre.
escuta de Deus diariamente. Cardeal          atenção. Não dei muitas explicações          te mês reanimar a você, animador de             Converse com seu coordenador pa-
Martini foi entrevistado sobre muitos        nem apresentei muitos conhecimen-            Pequenos Grupos de nossa Diocese a          roquial sobre as dificuldades encontra-
temas num livro entitulado “Diálogos         tos exegéticos. Só pro-                                      dedicar o melhor pos-       das nos encontros nas casas. Lembre-
noturnos em Jerusalém”, o qual reco-         curei que os jovens se                                       sível para que nosso        se: não é para partilhar temas fora do
mendo a leitura a todos, e em certo          confrontassem dire-                                          método de encontros         evangelho rezado naquele dia, nem
momento ele dá uma resposta que é            tamente com o texto.                                         nas casas chegue ao         para alguém dar suas “lições de moral”
o tema desta minha reflexão: sobre a         Assim chegaram a uma                                         seu objetivo. Chamo         ou sua mensagem do Evangelho. As re-
Leitura Orante da Bíblia.                    intimidade com Jesus.                                        a atenção de que a          flexões devem ir muito além disso...
    Na Catedral de Milão (Itália), ele fa-   Entenderam que Deus                                          simplicidade e o si-            Que Deus nos atraia e nos faça cada
zia catequese mensal com mais de 5 mil       os questionava. Ainda                                        lêncio atento levam a       vez mais solidários e irmãos.
pessoas, na maioria jovens, e nesta ex-      anos mais tarde, diver-                                      uma experiência que             Paz e bem!
periência simplesmente fazia a Leitura       sos participantes me                                         só Deus pode explicar.
Orante da Palavra de Deus, sem dar           escreveram que esta                                          Cabe a cada um de nós               Pe. Ronildo Aparecido da Rosa
respostas diretas às questões da vida        escuta comum os aju-                                         a disposição para que                Assessor Diocesano das CEBs
e da fé. Simplesmente (e entenda esta        dou a tomarem uma                                            esta experiência acon-
palavra não como algo simplório) mo-         decisão. Aprenderam                                          teça, pois Deus sem-          Bibliografia: MARTINI, Carlo M. Cardeal;
tivava a leitura e releitura e convidava     a orar com a Sagrada                                         pre quer manter diálo-      SPORSCHILL, Georg, Diálogos noturnos em Je-
a todos para o silêncio. Afirma o tex-       Escritura e chegaram                                         go com suas criaturas.      rusalém - sobre o risco da fé, p.69. 2* edição,
to na íntegra: “Líamos uma passagem          a um momento de re-                                          Não pense que a Lei-                        Paulus, 2009.
e depois todos ficávamos em silêncio.        conhecerem: esta palavra foi dita para       tura Orante da Bíblia leva a pessoa ao

                                                     DINAMIZANDO O ENCONTRO DE COMUNIDADE

    Simbologia do Cartaz da Campanha Missionária de 2010                                                                                     Oração Missionária 2010

                                                                                                                                          Ó Deus, Pai de todos os povos,
                                                                                                                                          Vós que nos abraçais com a ter-
      A Campanha Missionária, promovi-           O cartaz traz um fundo verde, sinal      medo... Avancem para águas mais pro-           nura de uma mãe, Ouvi o clamor
 da e coordenada pelas Pontifícias Obras     de esperança. A Missão alimenta, forta-      fundas!” (cf. Mt 4,18). Ao mesmo tempo         das multidões da Amazônia e do
 Missionárias,    propõe                                     lece nossa fé, esperança     aponta para o horizonte amplo e univer-        mundo inteiro, Desejosas de Vos
 para este ano de 2010                                       e caridade, mantém-nos       sal da Missão, que é o mundo, a humani-       conhecer e Vos amar. Ensinai-nos a
 o tema Missão e Parti-                                      no caminho da fidelidade     dade. A Missão não tem fronteiras!             Vos servir, Na partilha da Fé e dos
 lha, e, como lema, Ouvi                                     a Deus e à humanidade,           Destaca-se ainda a figura dos índios,     Bens, Que Vós mesmos nos destes.
 o Clamor do Meu Povo                                        Povo de Deus (LG 2).         etnias vivas e presentes na realidade                        Amém.
 (cf. Ex 3,7b).                                                  A água remete ao va-     amazônica, do Brasil e de outros países.
      O tema Missão e                                        lor e a dignidade da vida    Povos que nos acolheram, abrindo-se
 Partilha remete à Cam-                                      como elemento vital para     à Boa-Nova do Evangelho, e que preci-              Intenção Missionária do
 panha da Fraternidade                                       o planeta, onde vive e       sam ser respeitados e valorizados, como          Mês de Setembro de 2010
 deste ano, a qual todo                                      está inserida a humani-      portadores de valores evangélicos já         A fim de que, abrindo o coração ao
 ano buscamos resgatar,                                      dade. Aqui, especifica-      presentes, quais “sementes do Verbo En-      amor, se dê fim às inúmeras guerras
 com enfoque e dimen-                                        mente, remete-nos à re-      carnado” que estabeleceu morada defini-      e aos conflitos que ainda cobrem de
 são missionária. O lema                                     alidade amazônica, com       tiva junto à humanidade e que, portanto,               sangue o mundo.
 Ouvi o Clamor do Meu                                        sua rica biodiversidade.     chegou lá muito antes que o missionário.
 Povo recorda o Êxodo                                        Lembramos que a última       Contudo, este poderá, sim, ajudar no pro-
 do povo de Israel, e os                                     semana do outubro, de-       cesso de explicitação da Verdade e Pes-
 muitos “êxodos” dos                                         dicada à Amazônia, vem       soa de Jesus Cristo, como nosso Senhor e
 povos atuais. Também nos remete ao          inserida no contesto do Mês das Missões.     Salvador, já atuante e presente na histó-
 tema da migração, mobilidade huma-              O barco faz alusão à figura bíblica      ria salvífica da humanidade.
 na, do ser peregrinos, lembrando-nos        da Igreja Peregrina que “navega” pe-
 permanentemente que o horizonte da          los mares da história da humanidade.                              Padre Daniel Lagni,
 Missão é o mundo, a humanidade no           Nela se destaca a figura de Jesus Cristo.         diretor Nacional das POM do Brasil.
 seu todo.                                   É Ele quem dá segurança: “Não tenham                                     Fonte: POM
CEBs - Informação e Formação para animadores                                                                    3
                                                                                                  IDENTIDADE DAS CEBs

                                                                                     CEBs, Igreja nas Casas
                             Os grupos bíblicos em família são a      mana. Nesses grupos, as pessoas são va-        esse impulso dado pelo Espírito Santo a       sava necessidade (cf At 4,32-37).
                         presença do Evangelho e da Igreja nas        lorizadas, conhecidas pelo nome, onde as       diversas dioceses do Brasil para se cria-                   Igreja nas Casas
                         casas!                                       pessoas se sentem Igreja, onde fazem a         rem pessoas se reúnem para a oração, a            A casa era o lugar da ação e da prega-
                             “É preciso que a Igreja vá aonde o       experiência de serem iguais, filhos e filhas   reflexão e a ação, ao redor da leitura e      ção de Jesus e das primeiras comunida-
                         povo está, que o Evangelho seja levado       do mesmo Pai.                                  meditação da Palavra de Deus. São muitos      des cristãs. Grandes acontecimentos da
                         aonde o povo vive. Daí, esse impulso             Os grupos bíblicos em família são uma      os fiéis que descobrem a beleza e a força     salvação aconteceram nas casas. Maria
                         dado pelo Espírito Santo”                    manifestação de resistência profética, de      que lhes dá a leitura cotidiana da Bíblia.    recebe o anúncio do Salvador em sua
                             O documento conclusivo da V Confe-       construção da cidadania, de descoberta              Nos grupos bíblicos em família, vive-    casa (Lc 1,26ss). A casa foi lugar funda-
                         rência do Episcopado Latino- Americano,      de novos caminhos de vida cristã e ação        se à semelhança da Santíssima Trindade,       mental na missão de Jesus (Mc 2,1- 2;
                         em Aparecida, de 2007, sugere que um         social, de solidariedade e de testemu-         que é comunidade e unidade na diversi-        7,17.24; 9,33; 10,10; Mt 13,36). Jesus
                         dos meios modernos de evangelização é        nho de vida. São um meio privilegiado de       dade de pessoas. Nesses grupos, todos         entrou em diversas casas: na de Simão
                         a criação de pequenos grupos, onde os        evangelização e de valorização da vida,        se encontram iguais enquanto pessoas          Pedro e André, onde cura a sogra de
                         fiéis possam fazer, de modo bem con-         um meio que se tem mostrado conve-             humanas, mas distintos nos dons e caris-      Pedro (Mc 1,29-33); na casa de Jairo, o
                         creto, a experiência de Deus e firmar sua    niente também no mundo urbano. Nes-            mas que cada qual vai descobrindo em          chefe da sinagoga, onde cura a menina
                         conversão a Cristo. “Como resposta às        ses grupos surgem novas lideranças, onde       si e qualificando-se nos serviços e minis-    filha Talita (Mc 5,35-43); na de Simão, o
                         exigências da evangelização, junto com       as pessoas descobrem seus dons e caris-        térios mais diversos, tanto no interior da    leproso (Mc 14,3-9); na do fariseu Simão
                         as comunidades eclesiais de base, exis-      mas, para colocá-los a serviço da comu-        Igreja quanto no meio do mundo. Um            (Lc 7,36ss); na casa de Marta e Maria (Lc
                         tem outras formas válidas de pequenas        nidade, através dos diversos ministérios,      grupo bíblico é experiência de comunhão,      10,38-42); na de Zaqueu (Lc 19,1-10). Je-
                         comunidades, e inclusive redes de co-        pastorais, organismos etc. Através deles, a    de vida comunitária, de união das pes-        sus visitava as famílias, entrava em suas
                         munidades, de movimentos, grupos de          Igreja busca viver conforme o modelo das       soas, no mesmo modo da união entre as         casas, fazia refeições nas casas do povo,
                         vida, de oração e de reflexão da Palavra     primeiras comunidades cristãs: Igreja que      pessoas divinas: “Eu e o Pai somos um”        inclusive na casa de pecadores (Levi e
                         de Deus” (DAp 180). Os grupos bíblicos       vai ao encontro das pessoas; Igreja nas        (Jo 10,30). Nos grupos bíblicos em família    Zaqueu, por exemplo). Os evangelhos
                         em família são também um meio bas-           casas, nos condomínios, nas ruas; Igreja       realiza-se a Igreja dos primeiros tempos:     relatam 18 parábolas sobre a vida do-
                         tante criativo e ousado para fazer dos       Povo de Deus; Igreja que liga Palavra, fé      os primeiros cristãos viviam em comuni-       méstica, valorizando a evangelização nas
                         católicos verdadeiros missionários, que      e vida.                                        dade e perseveravam unidos na doutrina        casas.
                         se dispõem a enfrentar o grande desafio             Por que criar Grupos Bíblicos           dos apóstolos; nas reuniões em comum;             Jesus manda celebrar a Páscoa numa
                         da evangelização nas cidades.                                em Família?                    na fração do pão e nas orações; eram          casa (Mt 26,17-20). O Pentecostes acon-
                                O que são os Grupos Bíblicos              A Igreja dos nossos tempos não con-        unidos e colocavam em comum todas as          teceu em uma casa (At 2,1-2). A primeira
                                         em Família?                  segue chegar a todas as pessoas com os         coisas; vendiam suas propriedades e seus      evangelização se deu nas casas, abrindo-
                             São grupos de pessoas que se reú-        meios dos tempos passados. É necessá-          bens e repartiam o dinheiro entre todos,      se assim para o mundo. No Templo, as
                         nem nas casas, para rezar, refletir, par-    rio que todos os católicos assumam a fé        conforme a necessidade de cada um; to-        pessoas ficavam de fora, havia exclusão.
                         tilhar, à luz da Palavra de Deus, a reali-   recebida no batismo e se tornem verda-         dos juntos frequentavam o Templo e nas        A Igreja primitiva evangelizava nas casas:
                         dade que os cerca, com o compromisso         deiros discípulos de Cristo e missionários     casas partiam o pão, tomando alimento         “de casa em casa não cessavam de en-
                         de ações práticas para a transformação       anunciadores de seu Evangelho, que pre-        com alegria e simplicidade de coração;        sinar” (At 5,42). Paulo evangelizava “de
                         dessa realidade. Essas pessoas querem        cisa chegar a todos os corações, famílias,     juntos louvavam a Deus (cf At 2,42-47); vi-   casa em casa” (At 20,20). A Igreja dos
                         fazer a experiência do encontro com          instituições e estruturas. Não se pode            viam unidos e tinham tudo em comum;        nossos tempos também precisa voltar a
                         Deus, que é Amor e Vida; são pessoas         esperar que as pessoas venham às                     formavam um só coração e uma só         evangelizar nas casas. Os grupos bíblicos
                         que querem aprender a prática da ora-        nossas igrejas. É preciso que a                         alma; tudo era posto em comum        em família são um meio atual e criativo
                         ção em comum, da vivência fraterna, da       Igreja vá aonde o povo está,                               entre eles; davam testemunho      de fazer que o Evangelho chegue a um
                         vida cristã; pessoas que se encontram        que o Evangelho seja leva-                                    da ressurreição do Senhor      número cada vez maior de pessoas.
                         para partilhar a vida, a fé e a oração, na   do aonde o povo vive.                                            Jesus; gozavam de gran-
                         ligação entre Bíblia e vida, revelação e     O povo se encontra                                                  de aceitação; entre                      Pe. Vitor Galdino Feller
                         realidade, Palavra de Deus e ação hu-        nas casas. Daí,                                                        eles ninguém pas-        Fonte: Arquidiocese de Florianópolis




                                                                                                                                                                                                                Foto: Pedro Henrique Luvizotto
Foto: Maria Matsutacke
4                                                                         CEBs - Informação e Formação para animadores

                                                                                 NOTÍCIAS DA CNBB
    Mutirão para a Superação da Miséria e da Fome                                                             Votar Bem - Orientação da CNBB aos
           Participa de Campanha da ONU                                                                    Católicos sobre o Voto nas Eleições de 2010
     A Food and Agriculture Organization      mo de redução da fome, o Objetivo de                     Os Bispos do Regional Sul 1, da CNBB
(FAO), um departamento da Organização         Desenvolvimento do Milênio de reduzir                (Estado de São Paulo), no cumprimento
das Nações Unidas (ONU), responsável          pela metade o percentual de pessoas                  de sua missão pastoral, oferecem as se-
pela erradicação da fome no mundo, aca-       com fome até 2015 não será alcançado.                guintes orientações aos seus fiéis para a
ba de lançar uma campanha mundial de          De cerca de um bilhão de pessoas com                 participação consciente e responsável no
                                                                                                   processo político-eleitoral deste ano:
coleta de assinaturas para pressionar a       fome, 642 milhões vivem na Ásia, 265 mi-
                                                                                                       1. O poder político emana do povo.
própria ONU, sobre a existência de 1 bi-      lhões na África Subsaariana, 53 milhões
                                                                                                   Votar é um exercício importante de cida-
lhão e 200 milhões de pessoas vivendo         na América Latina e Caribe, 42 no Oriente            dania; por isso, não deixe de participar
em situação de fome crônica. A campa-         Médio e Norte da África e 15 milhões em              das eleições e de exercer bem este poder.
nha se chama “1billionhungry” ou em           países desenvolvidos.                                Lembre-se de que seu voto contribui para
português “1 bilhão de pessoas vivem               Segundo José Graziano, diretor da               definir a vida política do País e do nosso
com fome crônica e eu estou louco de          FAO para a América Latina e Caribe, esta             Estado.
raiva”.                                       é a única região do Mundo que retroce-                   2. O exercício do poder é um serviço     toridades competentes. Questione tam-
     O Conselho de Segurança Alimentar e      deu em número de pessoas com fome                    ao povo. Verifique se os candidatos estão    bém se os candidatos estão dispostos a
Nutricional (CONSEA) assumiu o compro-        por causa da crise econômica. Nesta re-              comprometidos com as grandes questões        administrar ou legislar de forma transpa-
misso de divulgar esta campanha. Dom          gião, “quem não trabalha não come”. O                que requerem ações decididas dos gover-      rente, aceitando mecanismos de controle
Guilherme Werlang, bispo referencial          único país que gerou empregos durante                nantes e legisladores: a superação da po-    por parte da sociedade. Candidatos com
do Mutirão para a Superação da Miséria        a crise foi o Brasil. “É um milagre”. Hoje,          breza, a promoção de uma economia vol-       um histórico de corrupção ou má gestão
e da Fome da CNBB, juntamente com o           América Latina e Caribe têm mais po-                 tada para a criação de postos de trabalho    dos recursos públicos não devem receber
secretário do Mutirão, padre Ne-                       bres e miseráveis que nos anos              e melhor distribuição da renda, educação     nosso apoio nas eleições.
                                                                                                   de qualidade para todos, saúde, moradia,          7. Voto consciente não é troca de
lito Dornelas e a irmã Graça                               oitenta. São 53 milhões de
                                                                                                   saneamento básico, respeito à vida e de-     favores, mas uma escolha livre. Procure
Apolinário, do Conselho                                       famintos quando eram 45
                                                                                                   fesa do meio ambiente.                       conhecer os candidatos, sua historia pes-
de Religiosos do Brasil                                         milhões em números ab-                 3. Governar é promover o bem co-
(CRB) e conselheira do                                           solutos. “Perdemos em                                                          soal, suas idéias e as propostas defendi-
                                                                                                   mum. Veja se os candidatos e seus par-       das por eles e os partidos aos quais estão
CONSEA, se compro-                                                três anos o que leva-            tidos estão comprometidos com a justiça      filiados. Vote em candidatos que repre-
meteram em divulgar                                               mos quinze para avan-            e a solidariedade social, a segurança pú-    sentem e defendam, depois de eleitos,
a campanha nas co-                                                çar”. Na Guatemala, há           blica, a superação da violência, a justiça   as convicções que você também defende.
munidades religiosas.                                             uma criança desnutri-            no campo, a dignidade da pessoa, os               8. A religião pertence à identidade
“Para tanto, solicita-                                            da para cada duas. Ao            direitos humanos, a cultura da paz e o       de um povo. Vote em candidatos que
mos o empenho de                                                mesmo tempo, aumenta               respeito pleno pela vida humana desde        respeitem a liberdade de consciência, as
todos na mesma. A cam-                                        o sobrepeso. “Comemos                a concepção até à morte natural. São va-     convicções religiosas dos cidadãos, seus
panha está disponível na in-                               pouco e comemos mal.”                   lores fundamentais irrenunciáveis para o     símbolos religiosos e a livre manifestação
ternet. As pessoas pedem fazer                             Quem tem fome, tem pres-                convívio social. Isso também supõe o re-     de sua fé.
a assinatura via internet ou por meio de      sa, dizia Betinho. Por isso, a urgência da           conhecimento à legítima posse de bens e           9. A Família é um patrimônio da hu-
                                                                                                   à dimensão social da propriedade.            manidade e um bem insubstituível para a
uma lista. Esta assinatura é simples. Não     campanha lançada pela FAO em todo o
                                                                                                       4. O bom governante governa para         pessoa. Ajude a promover, com seu voto,
necessita de documentos de identifica-        mundo, que deve recolher um milhão de
                                                                                                   todos. Observe se os candidatos repre-       a proteção da família contra todas as
ção”, destacou o padre Nelito.                assinaturas até o dia 16 de outubro, Dia             sentam apenas o interesse de um grupo
     O padre ressalta ainda o envio das as-   Mundial da Alimentação. O CONSEA está                                                             ameaças à sua missão e identidade natu-
                                                                                                   específico ou se pretendem promover          ral. A sociedade que descuida da família,
sinaturas à CNBB ou a CRB. “Estamos so-       engajado. Falta engajar governos e so-               políticas que beneficiem a sociedade         destrói as próprias bases.
licitando também que quem abraçar esta        ciedade. As assinaturas podem ser feitas             como um todo, levando em conta, espe-             10. Votar é importante, mas ain-
campanha, tenha a bondade de remeter          por meios eletrônicos assim como haverá              cialmente, as camadas sociais mais frá-      da não é tudo. Acompanhe, depois das
as listas preenchidas para a CNBB ou para     listas de assinaturas circulando em todos            geis e necessitadas da atenção do Poder      eleições, as ações e decisões políticas e
a CRB até o dia 08 de setembro. Elas se-      os lugares.                                          público.                                     administrativas dos governantes e parla-
rão encaminhadas ao CONSEA, que as                                          Fonte: CNBB                5. O homem público deve ter ido-         mentares, para cobrar deles a coerência
enviará à FAO, para chegarem a ONU até                                                             neidade moral. Dê seu voto apenas a          para com as promessas de campanha e
o dia 16 de outubro, dia mundial da ali-                      Para assinar a petição:              candidatos com “ficha limpa”, dignos de      apoiar as decisões acertadas.
mentação”.                                            www.1billionhungry.org/faobrasil/            confiança, capazes de governar com pru-
     O símbolo da campanha é um apito            Informações: ascom@consea.planalto.gov.br         dência e equidade e de fazer leis boas e
                                                                                                                                                                                Fonte: CNBB
amarelo. A idéia é encorajar as pessoas a       As assinaturas sejam enviadas para a CNBB Na-      justas para o convívio social.
                                              cional no seguinte endereço: A/C Pe. Nelito Nona-        6. Voto não é mercadoria. Fique aten-             Aparecida, 29 de junho de 2010
apitar contra a fome. “Deveríamos estar
                                               to Dornelas – Setor das Embaixadas Sul - Quadra     to à prática da corrupção eleitoral, ao      CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL
furiosos com o vergonhoso fato de que
                                                801 – Conjunto B – CEP 70 200 014 - Brasília DF.   abuso do poder econômico, à compra             73ª Assembleia dos Bispos do Regional Sul 1 -
seres humanos ainda sofram de fome”,                                                               de votos e ao uso indevido da máquina          Aparecida-SP, 29, 30 de junho e 1 de julho de
                                               Também para a CRB Nacional, no seguinte ende-
disse o Diretor Geral da FAO, Jacques           reço: A/C Ir. Maria das Graças Apolinário – SDS    administrativa na campanha eleitoral. Fa-                 2010. Doc. 15/73ªAB
Diouf.                                                                                                                                          Dom Nelson Westrupp, scj/ Presidente do CONSER
                                                  Bloco H, 26 – Sala 507 – Edifício Venâncio II    tos como esses devem ser denunciados          Dom Benedito Beni dos Santos/ Vice-Presidente
     Se o mundo continuar no mesmo rit-                  CEP 70 393 900 – Brasília DF.             imediatamente, com testemunhas, às au-         Dom Airton José dos Santos/ Secretário-Geral
CEBs - Informação e Formação para animadores                                                                                      5


                                                   Mártires: Vidas pela vida, vidas pelo Reino
                                                                                                                                                                     Caminhada Penitencial - 12º Intereclesial
                                                                                                                  tina. Os padres acompanha-
                                                                                                                  vam, realizando encontros
                                                                                                                  com as famílias para orientá-
                                                                                                                  las. A linha de ação era esta:




                                                                                                                                                                                                                 Foto: Maria Matsutacke
                                                                                                                  que permanecessem na ter-
                                                                                                                  ra, mas evitando agressões e
                                                                                                                  confrontos.
                                                                                                                      24 DE JULHO DE 1985
Foto de divulgação.




                                                                                                                      Às 5.30h da manhã do
                                                                                                                  dia 24 de julho, Padre Eze-
                                                                                                                  quiel saiu, junto com o ami-
                                                                                                                  go Adilio de Souza, para a
                                                                                                                  Fazenda Catuva. Quando
                                                                                                                  chegaram ao posto indí-
                              DA MORTE PARA A VIDA                  entrada’.
                                                                                                                  gena Lourdes, um funcionário da FUNAI
                          Pe. Ezequiel Ramin tinha 33 anos,             As terras que as famílias trabalhavam
                                                                                                                  quis impedir a passagem. Tinha ordem de
                      quando foi assassinado em 24 de julho         há mais de dois anos, bem relacionadas
                                                                                                                  não deixar passar ninguém. Mas chegou         padres a uma hora da madrugada do
                      de 1985, na fazenda Catuva, município         com os índios suruí, que podiam se dizer
                                                                                                                  um carro vindo do interior da fazenda,        dia seguinte. Estava ensangüentado e
                      de Aripuanã, por jagunços dos fazen-          os únicos verdadeiros proprietários, esta-
                                                                                                                  com um pessoal desconhecido, pedindo          exausto. Contou o que tinha aconteci-
                      deiros da região. Nasceu na Itália, em        vam sendo reivindicadas por dois fazen-
                                                                                                                  que a entrada fosse liberada. Foi o que       do. Não sabia dizer se Ezequiel estava
                      1953. Missionário da diocese de Ji-Pa-        deiros. Eles eram proprietários de 2.500
                                                                                                                  o funcionário fez. Os dois alcançaram a       vivo ou morto... Era preciso correr para
                      raná, Rondônia. Membro da Congrega-           hectares e tentavam abocanhar 50 mil
                                                                                                                  porteira sem qualquer problema. Che-          lá imediatamente.
                      ção dos Combonianos, veio ao Brasil em        hectares, passando por cima tanto dos
                                                                                                                  garam rapidamente ao barraco onde se               Na mesma hora os dois padres foram
                      meados de 1983. Assumiu a causa dos           índios como das 250 famílias e de suas
                                                                                                                  encontravam os posseiros, onze ao todo,       à delegacia: o delegado estava ausente
                      trabalhadores sem-terra e dos índios.         roças.
                                                                                                                  que os aguardavam para acompanhá-los          e os policiais mostraram pouca disposi-
                      Ganhou a confiança dos povos indíge-              Tudo começou com uma chegada dis-
                                                                                                                  na vistoria da área. O acampamento dos        ção de ajudar. Os padres então avisaram
                      nas Suruí que iam procurá-lo para expor       creta, mas depois vieram a placa, a cerca
                                                                                                                  jagunços estava muito próximo, a não          o bispo e se dirigiram a Ji-Paraná, onde
                      os problemas da aldeia.                       e os jagunços para não deixar dúvidas em
                                                                                                                  mais de 100 metros de distância.              chegaram por volta das 4.00 horas.
                               O QUE ACONTECEU EM                   relação às reais intenções dos fazendei-
                                                                                                                      Ezequiel e Adílio conversaram com os           Finalmente às 8.00 horas, com mais
                                24 DE JULHO DE 1985                 ros.
                                                                                                                  posseiros. Pediram que desocupassem a         dois carros da polícia na frente, saíram,
                          Prontidão de missionário, Ezequiel                  ROTINA DE VIOLÊNCIAS
                                                                                                                  área porque a situação estava tensa. Eze-     e às 11h30 cruzaram a porteira da fa-
                      era uma pessoa extrovertida, de fáceis            Em relação a tudo isso Padre Ezequiel
                                                                                                                  quiel puxou da sacola a máquina fotográ-      zenda. Mais 5 minutos e chegaram ao
                      relações humanas. Tinha sido ordenado         mostrava-se profundamente incomoda-
                                                                                                                  fica, tirou algumas fotos, inclusive da fa-   local. O carro de Ezequiel estava ainda
                      em 1981 e destinado, depois da ordena-        do. Ele dizia:
                                                                                                                  zenda e dos jagunços. Adilio fez algumas      no meio da estrada, com as portas aber-
                      ção, para um trabalho no mundo juvenil            ‘Não aprovamos violências nem que-
                                                                                                                  anotações. Pouco depois das 11 horas,         tas, os vidros quebrados.
                      em sua própria terra. Estava começando        remos reivindicações irreais. É irreal pe-
                                                                                                                  Ezequiel entrou no carro para pegar o ca-          O corpo logo foi avistado 50 metros
                      a entrar nele quando um terremoto sa-         dir comida para a própria família? Ou só
                                                                                                                  minho de volta...                             adiante, caído à beira da estrada. Ne-
                      cudiu o sul da Itália. Ele não teve dúvi-     quem é poderoso tem filhos que preci-
                                                                                                                               RAJADA DE BALAS                  nhum sinal de violência, a não ser as
                      das: aquele era o lugar do missionário.       sam comer? Aqui muita gente tinha ter-
                                                                                                                      Depois de dois quilômetros, na saída      perfurações das balas e dos chumbos:
                      Deixou tudo e lá foi ele para socorrer as     ra, foi vendida. Tinha casa, foi destruída.
                                                                                                                  de uma curva, teve o ataque. Sete ho-         havia sinais de um tiro de espingar-
                      vítimas e ajudar na reconstrução.             Tinha filhos, foram mortos. Tinha aberto
                                                                                                                  mens armados, em posição de tiro, es-         da em pleno rosto; os braços abertos,
                       A CHEGADA EM CACOAL, RONDÔNIA                estradas, foram fechadas!’.
                                                                                                                  tavam esperando a passagem do carro.          como se tivesse sido crucificado.
                          Quando, em 1984, Padre Ezequiel               Na Fazenda Catuva o confronto entre
                                                                                                                  Dois deles abriram fogo. Veio uma pri-             A família quis o corpo, mas a camisa
                      Ramin chegou a Cacoal, encontrou co-          posseiros e jagunços começou a virar ro-
                                                                                                                  meira rajada de balas. Ainda dentro do        ensanguentada ficou em Cacoal.
                      munidades consolidadas em todo lugar.       Foto de divulgação.                                       carro Pe. Ezequiel foi atingido.         Os padres estavam providenciando
                      Não teve dificuldade de se inserir. Com
                                                                                                                            Disse: ‘Pára, pára pelo amor de     o enterro em Cacoal. Parecia-lhes lógi-
                      pouco mais de 30 anos, ele tinha o en-
                                                                                                                            Deus’.                              co que o corpo do colega descansasse
                      tusiasmo necessário para entrar logo na
                                                                                                                                Depois saiu do carro, pelo      na terra que tinha recebido seu sangue.
                      realidade e as experiências anteriores,
                                                                                                                            lado do motorista, afastando-se     Mas chegou um telefonema da Itália:
                      feitas na vida, o habilitavam a ser um
                                                                                                                            dos atiradores. Adilio saiu em      um superior informava que os pais e os
                      bom padre para todo aquele povo.
                                                                                                                            direção contrária, ganhando a       irmãos queriam ter o corpo de volta, na
                              ‘PROIBIDA A ENTRADA!’
                                                                                                                            mata. Ezequiel caiu uns 50 me-      Itália. A camisa ensangüentada de Pa-
                          Pouco tempo depois da chegada de
                                                                                                                            tros depois. Alguém chegou e        dre Ezequiel ficou exposta na igreja ma-
                      Ezequiel a Cacoal, em uma região en-
                                                                                                                            descarregou nele a espingarda à     triz de Cacoal por muito tempo...
                      tre Mato Grosso e Rondônia, em terras
                                                                                                                            queima-roupa.
                      ocupadas por 250 famílias, apareceu
                                                                                                                             NA MADRUGADA SEGUINTE...                 Fonte: www.combonianos.org.br
                      uma placa: ‘Fazenda Catuva: proibida a
                                                                                                                                Adílio bateu na casa dos               Colaboração: Maria Matsutacke
6                                                                                            CEBs - Informação e Formação para animadores



                                                                                                                Veias Finas da Igreja
                             São Paulo compara a Igreja ao Corpo                               Deus para alimentar todo o corpo.                                  zados por certos dirigentes da Igreja. Mas                            tudo isso podemos cantar com a música
                         de Cristo. Nós somos muitos, mas for-                                     O corpo possui as artérias que são                             são os Grupos de Reflexão que levam e                                 “Eu sou feliz na comunidade”.
                         mamos um só corpo (cf. 1Cor 12,1-12).                                 aquelas veias mais grossas que distri-                             fazem a Palavra de Deus correr através                                Grupos de Reflexão / faz o sangue circular
                         O corpo para se manter vivo precisa ter                               buem o sangue. São as veias que apare-                             das casas e chegar até aos mais afasta-                               Vai fazendo a Palavra, / chegar em todo
                         o sangue correndo em suas veias. A Pa-                                cem mais. Podemos comparar estas veias                             dos. Por isso os Grupos de Reflexão con-                              lugar.
                         lavra de Deus é como o sangue que cor-                                mais grossas com o trabalho das pasto-                             seguem reforçar a comunidade trazen-
                         re nas veias da Igreja. Sem a Palavra de                              rais, com o trabalho da catequese e dos                            do novos participantes e reconduzindo                                            Fonte: Movimento Boa Nova
                         Deus a Igreja perde a sua vitalidade.                                 cursos de formação nas comunidades.                                aqueles que se afastaram. Eles também
                             Se a Igreja é o Corpo de Cristo e a                               São trabalhos que aparecem mais, rece-                             oxigenam a comunidade com gestos con-
                         Palavra de Deus o sangue que corre em                                 bem mais formação, têm mais apoio dos                              cretos e com a solidariedade aos neces-
                         suas veias, podemos comparar a liturgia                               dirigentes e até uma maior atenção por                             sitados. Eles também despertam novos
                         como o coração da Igreja. A liturgia é que                            parte da Igreja.                                                   animadores e novas pessoas para ingres-
                         faz a Igreja viver. Sendo o centro da vida                                Mas no corpo, também são indispen-                             sar nas pastorais e fortalecem assim toda




                                                                                                                                                                                                               Foto: Bernadete Mota
                         da Igreja, é na liturgia que celebramos as                            sáveis aquelas veias finas, que não apare-                         a comunidade.
                         alegrias e as vitórias, as dores e os sofri-                          cem tanto, mas que levam o sangue até                                  É através deste trabalho simples e
                         mentos de Jesus. Na liturgia celebramos                               aos lugares mais afastados e distantes do                          despretensioso que toda a comunidade
                         a nossa vida nos mistérios da vida de                                 corpo. Estas veias finas são os Grupos de                          se fortalece e até a liturgia, o coração
                         Jesus. Assim, é a liturgia que constante-                             Reflexão. Geralmente seu trabalho não                              da Igreja, bate mais forte e feliz fazendo
                         mente bombeia o sangue da Palavra de                                  aparece muito e, às vezes, não são valori-                         sentir ali a presença do Ressuscitado. Por                                    Comunidade Pinheirinho




                                                                                                                                                                                                               Foto: Maria Matustacke
Foto: Arquivo das CEBs




                                                                        Foto: Bernadete Mota




                                                                                                                                            Foto: Madalena Mota




                                Comunidade Gallo Branco                                               Com. Campo dos Alemães                                               Comunidade Santana                                                  Comunidade Santa Cecília


                                                                 AS CEBs NO DOCUMENTO CONCLUSIVO DO I SÍNODO DIOCESANO
                            Como nos pede Dom Moacir Silva, de-                                   Pequenas Comunidades Eclesiais                                  mimos com a Conferência de Aparecida                                  Eclesiais de Base) merecem uma atenção
                         vemos olhar o Documento Conclusivo em                                    81. Com o Documento de Aparecida,                               as pequenas comunidades eclesiais, que                                especial. O tempo de dedicação à missão
                         sua totalidade e acolhê-                                                               “constata-se que nos úl-                          são “um ambiente propício para se es-                                 e o número de pessoas envolvidas, por
                         lo de forma criativa e                                                                 timos anos está crescen-                          cutar a Palavra de Deus, para viver a fra-                            meio da setorização de nossas paróquias,
                         nos alerta “O espírito do                                                              do a espiritualidade de                           ternidade, para animar na oração, para                                tem trazido resultados satisfatórios. Com
                         Sínodo vai muito além                                                                  comunhão e que, com                               aprofundar processos de formação na fé                                o Documento de Aparecida, afirmamos:
                         de um ou outro projeto:                                                                diversas metodologias,                            e para fortalecer o exigente compromis-                               “As comunidades eclesiais de base, no
                         é uma mentalidade nova                                                                 não poucos esforços têm                           so de ser apóstolos na sociedade de hoje.                             seguimento missionário de Jesus, têm a
                         para homens e mulheres                                                                 sido feitos para levar os                         São lugares de experiência cristã e evan-                             Palavra de Deus como fonte de sua espi-
                         novos.” E nos pede, com                                                                leigos a se integrarem                            gelização que, em meio à situação cultu-                              ritualidade e a orientação de seus pasto-
                         alegria, conforme o Do-                                                                nas pequenas comuni-                              ral que nos afeta, secularizada e hostil à                            res como guia que assegura a comunhão
                         cumento de Aparecida:                                                                  dades eclesiais, que vão                          Igreja, se fazem muito mais necessários”                              eclesial. Demonstram seu compromisso
                         “Conservemos a doce                                                                    mostrando frutos abun-                            . Com essas pequenas comunidades ecle-                                evangelizador e missionário entre os
                         e confortadora alegria                                                                 dantes. Nas pequenas                              siais, a paróquia vai se tornando comu-                               mais simples e afastados e são expres-
                         de evagelizar, inclusive                                                               comunidades eclesiais                             nidade de comunidades, uma rede de                                    são visível da opção preferencial pelos
                         quando é necessário se-                                                                temos um meio privi-                              comunidades, “capazes de se articular                                 pobres. [...] as CEBs se convertem em um
                         mear entre lágrimas, [...]                                                             legiado para chegar à                             conseguindo que seus membros se sin-                                  sinal de vitalidade na Igreja particular.” .
                         que o mundo atual [...] possa assim rece-                             Nova Evangelização e para chegar a que                             tam realmente discípulos e missionários
                         ber a Boa Nova, não através de evageliza-                             os batizados vivam como autênticos dis-                            de Jesus Cristo em comunhão” .                                         Fonte: Documento Conclusivo do I Síno-
                         dores tristes e desalentados, impacientes                             cípulos e missionários de Cristo” .                                    83. Como experiência de pequenas                                  do Diocesano – Disponível para downlo-
                         e ansiosos”.                                                             82. Na estruturação paroquial, assu-                            comunidades, as CEBs (Comunidades                                       ad em: www.sinododiocesano.com.br
CEBs - Informação e Formação para animadores                                                                7

                                                                              FIQUE LIGADO

                      Semana Brasileira sobre a Missão Continental
           Centro Cultural Missionário (CCM) - Comissão Episcopal para a Missão Continental
                                                                                                  “Vocês são testemunhas
                                                                                                                  destas coisas” (Lc 24,48)
                                                                                          objetivo de afunilar a reflexão em torno    agindo no mundo, abrindo os corações,
                                                                                          de três grandes temas do Documento de       dispondo as pessoas a receber o anún-
                                                                                          Aparecida: a espiritualidade missionária,   cio do Evangelho. A Igreja é chamada a
                                                                                          dimensão essencial para a formação mis-     perceber essa ação divina através dos
                                                                                          sionária; a paróquia missionária, exigên-   sinais dos tempos participando dessa
                                                                                          cia de conversão das nossas estruturas;     mesma ação: saindo de seus ambien-
    Brasília, 5 a 11 de setembro de 2010.   tos “missionários” para arrebanhar fiéis,     os projetos para uma nova evangelização,    tes, tornando-se hospede na casa dos
    Um dos mais importantes legados         para uma Igreja em estado permanente          caminhos para uma aproximação aos ou-       outros. É um deslocamento fundamen-
da V Conferência Geral do Episcopado        de missão. Isso equivale a reconhecer         tros e para uma ação evangelizadora sig-    tal que necessita de uma continua, pro-
latino-americano em Aparecida foi as-       o contexto de pluralismo no qual se en-       nificativa em todo Brasil.                  gressiva, profunda e diligente conversão
sumir o compromisso de uma grande           contra o mundo de hoje. Esse pluralismo           A Semana Brasileira sobre a Mis-        interior.
Missão Continental. Contudo, a recep-       é a propria “casa” dos nossos povos na        são Continental tem como lema bíblico                       Fonte: www.ccm.org.br
ção inicial desta proposta não foi a de     América e no mundo, onde temos que            o mandato missionário de Lucas: “Vo-
realizar uma gigantesca mobilização         entrar tirando as sandálias, para anunciar    cês são testemunhas dessas coisas” (Lc       Da Diocese de São José dos Campos
eclesial, tampouco a de articular um        permanentemente o Evangelho ali onde          24,48). O Espírito que conduz a missão       irão participar deste evento, Padre
projeto missionário em nível de toda        o povo se encontra.                           desperta um olhar contemplativo nos          Edinei Evaldo Batista, coordenador
igreja do Continente.                           Para concretizar pedagogicamente          discípulos missionários. Eles são teste-        Diocesano de Pastoral, Padre
    Se existe uma novidade na perspec-      esse intuito, o Centro Cultural Missioná-     munhas das coisas que vêem. A teste-          Rogério Félix, Pároco da Paróquia
tiva da Missão Continental, essa con-       rio e a Comissão Episcopal para a Missão      munha não protagoniza a ação, ela não           Coração de Jesus, Tianinha e
siste num decisivo salto de passar de       Continental promovem uma Semana Bra-          faz nada: apenas aponta o que Deus está           Isalete Silva, do Comidi e
uma Igreja que promove alguns even-         sileira sobre a Missão Continental, com o     fazendo. Deus com seu Espírito já está             Luiz Marinho, das CEBs.


                                    CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
 1. Domingo, 5 de setembro, 20h00: “Vocês são testemunhas destas coisas” (Lc 24,48).
 Acolhida e abertura da Semana Brasileira sobre Missão Continental.

 2. Segunda, 6 de setembro: ELEMENTOS BÍBLICOS DA ESPIRITUALIDADE MISSIONÁRIA.
 Para uma formação missionária moldada pelo estudo e pela leitura orante da Sagrada Escritura
 Pe. Sérgio Bradanini, PIME, biblista e missiologo, diretor do ITELSE (Instituto de Teologia da Região Sé) de São Paulo, SP.

 3. Terça, 7 de setembro: PARÓQUIA MISSIONÁRIA, UM PROJETO POSSÍVEL? Mudanças estruturais rumo a um novo pa-
 drão pastoral - Pe. José Carlos Pereira, CP, sociólogo e teólogo pastoralista, pároco da paróquia São José e Nossa Senhora
 das Dores, Rio de Janeiro, RJ.

 4. Quarta, 8 de setembro: PROJETOS E MÉTODOS PARA UMA NOVA EVANGELIZAÇÃO. Memória, seguimento e perspec-
 tivas - Pe. Manoel Godoy, diretor executivo do ISTA (Instituto Santo Tomás de Aquino) de Belo Horizonte, MG.

 5. Quinta, 9 de setembro: MISSÃO JUNTO À JUVENTUDE PARA UMA JUVENTUDE PROTAGONISTA DA MISSÃO. O desafio de descobrir com os jovens a vocação de ser ami-
 gos e discípulos de Jesus – Pe. Jorge Boran, CSSp, coordenador do Centro de Capacitação da Juventude (CCJ) de São Paulo, SP.

 6. Sexta, 10 de setembro: A DIMENSÃO CONTINENTAL NO MEIO DE NÓS. Para uma missão inter gentes na América Latina e Caribe junto aos migrantes
 Pe. Sidnei Dornellas, CS, sociólogo e teólogo, diretor do Centro de Estudos Migratórios, em São Paulo, SP.

 7. Sábado, 11 de setembro, até 12h00: “Permanecei na cidade até que sejais revestidos da força do alto” (Lc 24,49).
 Conclusões, articulação e encaminhamentos.
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                                                                                 FORMAÇÃO
Fotos: Bernadete Mota




                              A Bíblia nos Interpela
                           Carlos Mesters    ficiências da atitude libertadora frente à    De um lado, ela traz uma LUZ.                 ligiões da Ásia, mais antigas que a nossa,
                        Francisco Orofino    Bíblia?                                            Neste sentido, ela pode contribuir       levantam estas mesmas perguntas há vá-
                                                 Será que não vem de algo ainda mais       para clarear as idéias, desmascarar as fal-   rios anos. Qual o valor da nossa história e
             5ª E ÚLTIMA PARTE               profundo que está mudando no subcons-         sas ideologias e comunicar uma consci-        da nossa cultura.
                                             ciente da humanidade? Pois, a realidade       ência mais crítica. De outro lado, ela traz       Será que elas não poderiam valer
     CAMINHOS NOVOS APARECEM,                do fundamentalismo não existe só nas          uma FORÇA. Neste sentido, ela pode ani-       como o nosso Antigo Testamento, onde
      PROBLEMAS NOVOS SURGEM                 igrejas cristãs, mas também nas outras        mar as pessoas, comunicar coragem, tra-       estão escondidas as promessas que Deus
                                             religiões: judaica, muçulmana, budista...     zer alegria, pois ela é força criadora que    fez aos nossos antepassados e onde exis-
     1. A Leitura feminista ou leitura de    Existem até formas de um fundamenta-          produz o novo, gera o povo, cria os fatos,    te a nossa lei como “nosso pedagogo para
 gênero                                      lismo secularizado. “O fundamentalismo        faz amar. Infelizmente, muitas vezes, na      Jesus Cristo” (Gál 3,24)? O Evangelho não
     Esta leitura questiona e relativiza a   é um perigo”.                                 prática pastoral, estes dois aspectos da      veio eliminar nem substituir
 secular leitura masculinizada feita pelas       Ele separa o texto do resto da vida e     Palavra estão separados. De um lado, os       o Antigo Testamento,
 igrejas para manter o sistema patriar-      da história do povo e o absolutiza como       movimentos carismáticos; de outro lado,       mas sim comple-
 cal. Ela não pode ser descartada como       a única manifestação da Palavra de Deus.      os movimentos de libertação. Os caris-        tá-lo e expli-
 um fenômeno passageiro nem como             A vida, a história do povo, a comunida-       máticos têm muita oração, mas muitas          citar todo
 uma das muitas curiosidades exegéticas      de, já não teriam mais nada a dizer sobre     vezes carecem de visão crítica e tendem       o seu
 sem maiores conseqüências. Ela é uma        Deus e a sua Vontade. O fundamentalis-        para uma interpretação fundamentalista,       signi-
 das características mais importantes        mo anula a ação da Palavra de Deus na         moralizante e individualista da Bíblia. Por   fi-
 que vem surgindo de dentro da leitura       vida. É a ausência total de consciência       isso, a sua oração, muitas vezes, carece
 popular da Bíblia. O seu alcance é mui-     crítica. Ele distorce o sentido da Bíblia e   de fundamento real no texto e na reali-
 to maior do que poderia parecer à pri-      alimenta o moralismo, o individualismo e      dade. Os movimentos de libertação, por
 meira vista. No Brasil ela adquire uma      o espiritualismo na interpretação. É uma      sua vez, têm muita consciência crítica,
 importância maior ainda por causa da        visão alienada que agrada aos opressores      mas, às vezes, carecem de perseverança
 esmagadora maioria de mulheres que          do povo, pois ela impede que os oprimi-       e de fé, quando se trata de enfrentar situ-
 participam ativamente nos grupos bíbli-     dos tomem consciência da iniqüidade do        ações humanas e relacionamentos entre
 cos e sustentam a luta do povo em mui-      sistema montado e mantido pelos pode-         pessoas que, dentro da análise científica
 tos lugares. No CEBI é grande o número      rosos” (Coleção: Tua Palavra é Vida, Vol      da realidade, em nada contribuem para
 de assessoras que se formaram nos úl-       I: A Leitura Orante da Bíblia, Publicações    a transformação da sociedade. Às vezes,
 timos anos e que estão aprofundando a       CRB, 1990, p. 22). Na Igreja Católica, pela   eles têm uma certa dificuldade para en-
 leitura de gênero não como                                                                xergar a utilidade de longas horas gas-
 um novo setor, mas como                                                                   tas em oração sem resultado imediato.         ca-
 uma característica que deve                                                               Já existem várias iniciativas importantes     d o
 marcar toda a leitura popular                                                             que procuram enfrentar e superar este         ( M t
 que fazemos.                                                                              problema para além das divergências: o        5,17).
     2. Como enfrentar a rea-                                                              projeto Tua Palavra é Vida, (Projeto de       O Antigo
 lidade do fundamentalismo?                                                                formação bíblica para religiosos e religio-   Testamento
     Nos encontros de massa                                                                sas, promovido pela CRB - Conferência         do povo de Is-
 promovidos pelas redes de                                                                 dos Religiosos do Brasil); A equipe de es-    rael é o cânon ou
 televisão, padres cantores                                                                piritualidade do CEBI (Centro Ecumênico       a norma inspirada que
 aparecem. Nos encontros bí-                                                               de Estudos Bíblicos), a iniciativa da CNBB    nos ajuda a perceber e a re-
 blicos promovidos pelo CEBI,                                                              (Conferência Nacional dos Bispos do Bra-      velar esta dimensão mais profunda
 abertos a pessoas dos vários                                                              sil) de valorizar os quatro evangelhos e os   da nossa cultura e história, do nosso An-
 setores da vida das igrejas,                                                              Atos em preparação do jubileu do Novo         tigo Testamento. Neste sentido são muito
 aparece cada vez mais o se-                                                               Milênio, etc.                                 importantes as diferentes iniciativas da
 guinte fenômeno. O estudo e                                                                    4. A cultura dos nossos povos            leitura indígena, negra e de gênero.
 a interpretação da Bíblia são                                                                  No mito do Tucumã, que explica aos           5. Necessidade de um estudo mais
 feitos numa linha claramente libertado-     primeira vez, o documento O Uso da Bí-        índios da região amazônica a origem do        aprofundado da Bíblia na América Latina
 ra.                                         blia na Igreja critica fortemente o funda-    mal no mundo, o culpado pelos males               A caminhada das Comunidades avan-
     Mas nas celebrações, nas conversas      mentalismo como uma coisa nefasta que         não é a mulher, mas sim o homem. Num          ça e se aprofunda. Aos poucos, do cora-
 de grupos, nas perguntas, aparece uma       não respeita suficientemente o sentido        encontro bíblico, alguém perguntou: “Por      ção desta prática popular está surgindo
 atitude interpretativa diferente, em        da Bíblia.                                    que não usamos os nossos mitos em vez         uma nova atitude interpretativa que não
 que se mistura fundamentalismo com              3. A busca de Espiritualidade e o nos-    dos mitos do povo hebreu?” Não houve          é nova, mas muito antiga. Ela tem neces-
 teologia da libertação. Sobretudo nos       so método de interpretação                    resposta. A mesma pergunta foi feita num      sidade de ser legitimada tanto a partir
 jovens! Como explicar este fenômeno?            Em todo canto se ouve e se sente o        curso bíblico na Bolívia em Maio de 1991.     da Tradição das igrejas como a partir da
 Vem de onde? Do contato com a linha         desejo de maior profundidade, de mís-         Os participantes, quase todos Aymaras,        pesquisa exegética. A leitura que se faz a
 conservadora, com a linha carismática,      tica, de. A Bíblia, de fato, pode ser uma     perguntavam: “Por que usar só a Bíblia?       partir dos pobres e a partir da causa dos
 com os pentecostais?                        resposta a este desejo. Pois, a Palavra de    As nossas histórias são mais bonitas, me-     pobres tem suas exigências próprias. Na
     Será que também não vem das de-         Deus tem duas dimensões fundamentais.         nos machistas e mais conhecidas!” As re-      medida em que se avança, cresce o de-
CEBs - Informação e Formação para animadores                                                                     9



sejo de maior aprofundamento científico.       Fundado em 1978, cresceu e se expandiu        (2Cor 3,6). Para Paulo, a letra era a his-     a descobrir e a criticar atitudes e leis
Há muitos assessores e assessoras popu-        rapidamente. Agora existe organizado          tória do povo descrita no Antigo Testa-        religiosas repressivas contra a vida. Até
lares que gostariam de ter um conheci-         em praticamente todos os Estados do           mento. O Espírito era o rumo que exis-         chegar a Jesus que é, para nós cristãos
mento das línguas bíblicas; gostariam de       Brasil, prestando o seu serviço a um nú-      te dentro da história e cujo objetivo ou       e cristãs, revelação plena de Deus e do
conhecer melhor o contexto econômi-            mero cada vez maior de igrejas. Além dis-     ponto final fica para além da história. No     sentido da vida. Tudo isso está come-
co, político, social e ideológico em que       so, recebe solicitações de vários países da   tempo de Paulo, alguns judeus se fecha-        çando a nascer como uma semente de
nasceu a Bíblia; gostariam de levar para       América Latina, África e Europa para um       vam dentro da sua própria história (letra)     mostarda.
dentro da Bíblia as perguntas que hoje         intercâmbio deste tipo de leitura bíblica.    e não aceitavam que ela estivesse orien-           4. Humanizando o relacionamento,
angustiam o povo na vivência da sua fé.                                                      tada para desembocar na Boa Nova de            a vida humana se diviniza!
Existe uma escassez de assessores e de                HISTÓRIAS PARALELAS QUE SE             Deus que Jesus nos revelou (2Cor 3,13).            A imagem verdadeira de Deus é o
assessoras acadêmicos capazes de res-                   ILUMINAM MUTUAMENTE                  Por isso, assim afirma Paulo, a letra já não   ser humano, pois Deus nos fez à sua
ponder a esta demanda crescente de for-                 PARA ALEGRIA DE MUITOS               lhes comunicava a vida. Até hoje, a letra      imagem e semelhança, Ele nos fez ho-
mação bíblica dos assessores populares              1. A Revelação de um novo rosto de       mata, quando a pessoas se fecham no            mem e mulher (Gn 1,27). Por isso, a
e de fazer frente ao problema novo que         Deus                                          seu próprio pensamento e não querem            experiência do Deus verdadeiro só é
está se criando por causa do crescimento            Numa roda de amigos alguém mos-          perceber que dentro da nossa história          verdadeira quando ela gera um relacio-
imenso do fundamentalismo (muito mais          trou uma fotografia, onde se via um           existe o fio de ouro da ação do Espírito de    namento que humaniza as pessoas e
        perigoso do que qualquer outro         homem de rosto severo, com o dedo le-         Deus que nos orienta para a vida plena. A      as torna acolhedoras esolidárias, com-
               -ismo).                         vantado, quase agredindo o público. To-       letra mata quando reduzimos a imagem           preensivas e amigas. Pois, se Deus nos
                        A prática da leitura   dos ficaram com a idéia de se tratar de       de Deus ao tamanho das nossas idéias ou        fez humanos, o que mais honra a Deus
                        bíblica, feita nas     uma pessoa inflexível, antipática, que        das nossas igrejas. Ao contrário, a letra      e mais reflete a sua imagem é a huma-
                           Comunidades         não permitia intimidade. Nesse momen-         desabrocha e revela o Espírito que co-         nização progressiva da vida. Para nós,
                              Eclesiais de     to, chegou um rapaz, viu a fotografia e       munica vida quando as pessoas se abrem         cristãos e cristãs, Jesus é o modelo. O
                                Base      da   exclamou: “É meu pai!” Os outros olha-        para além de si mesmas, do seu próprio         Papa Leão Magno disse a respeito dele:
                                  América      ram para ele e, apontando a fotografia,       mundo e da sua própria igreja, e procu-        “Jesus foi tão humano, mas tão huma-
                                    Latina,    comentaram: “Pai severo, hein!” Ele res-      ram descobrir o rumo para o qual as con-       no como só Deus pode ser humano”. A
                                     já ad-    pondeu: “Não! Não é não! Ele é muito          duzem a sua história, a sua cultura, a sua     experiência sempre renovada de Deus
                                       qui-    carinhoso. Meu pai é advogado. Aquela         igreja. Aí, o seu horizonte se abre para a     deve gerar novas relações entre nós. A
                                        riu    fotografia foi tirada no tribunal, na hora    experiência sempre renovada de Deus e          última frase do AT que faz a transição
                                               em que ele denunciava o crime de um           da vida. Aí, a letra da Bíblia está se tor-    para o NT exprime a esperança messiâ-
                                               latifundiário que queria despejar uma fa-     nando para elas a gramática que as ajuda       nica de todo ser humano: reconduzir o
                                               mília pobre que estava morando num ter-       a ler o que o Espírito nos fala pela nossa     coração dos pais para os filhos e o cora-
                                               reno baldio da prefeitura há vários anos!     vida e pela história dos nossos povos. Ela     ção dos filhos para os pais, para que a
                                               Meu pai ganhou a causa.                       ajuda a relativizar as confissões religiosas   terra não seja destruída (Ml 3,24). É o
                                                    Os pobres não foram despejados!”         em vista do Reino de Deus.                     que a humanidade pode e deve espera
                                               Todos olharam de novo e disseram: “Que             3. Superando os preconceitos, a ima-      da ação de nós cristãos que seguimos o
                                               fotografia simpática!” Como por um mi-        gem de Deus se purifica                        ensinamento de Jesus. As comunidades
                                               lagre, ela se iluminou e tomou um outro            A experiência de Deus, a imagem de        procuram ser uma resposta a este de-
                                               aspecto. Aquele rosto tão severo adqui-       Deus, transmite-se não tanto pelo que in-      sejo mais profundo do coração huma-
                                     uma       riu os traços de uma grande ternura! As       formamos sobre Deus através das doutri-        no. Procuram ser, como Jesus, uma Boa
                                    certa      palavras do filho, mudaram tudo, sem          nas que ensinamos, mas muito mais pelo         Nova de Deus para todos, sobretudo
                                  reper-       mudar nada! As palavras e gestos de Je-       que transmitimos das atitudes que to-          para os pobres.
                               cussão em       sus, nascidas da sua experiência de filho,    mamos. Mesmo sem falar de Deus, dele
                            todas as Igre-     sem mudar uma letra ou vírgula sequer,        somos um reflexo. Algo se comunica. A                Fonte: Centro de Estudos Bíblicos
                        jas, pois está pro-    mudaram o sentido do Primeiro Testa-          imagem do Deus-Juiz-que-condena pro-
                    vocando discussões,        mento (Mt 5,17-18). O Deus, que parecia       duz gente medrosa. A imagem do Deus-
              reações e adesões em mui-        tão distante e severo, a ponto de o povo      todo-poderoso-só-nosso pode produzir                                       formação
       tos lugares. Isto se viu claramente     não ter mais coragem de pronunciar o          gente intolerante. A imagem de Deus-               Encerramos este mês a
                                                                                                                                                Sobre a Leitura Popu lar da Bíblia
nos encontros intereclesiais, realizados       seu Nome, adquiriu os traços de um Pai        ternura-mãe-e-pai gera pessoas acolhe-
desde os anos 70, no Encontro Mundial          bondoso de grande ternura! O mesmo            doras e solidárias. A experi-
da Igreja Luterana, realizado em Curitiba      acontece hoje nas Comunidades Eclesiais       ência de Deus se reflete no
em janeiro de 1990, e no Encontro Mun-         de Base. A experiência humanizadora da        relacionamento humano. A
dial da FEBIC, realizado em Bogotá em          convivência comunitária e da luta em          Bíblia pode ajudar-nos a pu-
julho de 1990. Há muitos outros sinais do      prol da justiça e da fraternidade gera uma    rificar nossa imagem de Deus
interesse que existe nos outros Continen-      nova experiência de Deus e da vida que        e a humanizar nossa vida. Ao
tes pela leitura que se faz da Bíblia aqui     se transmite através da participação das      longo das suas páginas corre
na América Latina. Por tudo isso, é im-        pessoas nos Círculos Bíblicos e encontros     a expressão de uma dupla
portante que se comece a pensar seria-         comunitários e lhes comunica um critério      experiência. De um lado,
mente na criação de centros de pesquisa        novo de interpretação. Aqui está a fonte      uma experiência sempre re-
e de formação bíblica que se orientem a        escondida e geradora do processo da lei-      novada da vida, que leva as
partir dos problemas reais que sentimos        tura popular da Bíblia na América Latina.     pessoas a descobrir e a cri-
por aqui nas nossas comunidades.                    2. Ultrapassando a letra, o espírito     ticar as imagens erradas de
    O CEBI, Centro Ecumênico de Estudos        comunica vida                                 Deus. De outro lado, uma ex-
Bíblicos, é uma tentativa que procura ser           O apóstolo Paulo dizia: “A letra mata,   periência sempre renovada
uma resposta a este “Sinal dos Tempos”.        mas é o Espírito que comunica vida”           de Deus, que leva as pessoas
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                1º Grito dos Excluídos na Diocese de São José dos Campos
     Tema: “Onde estão nossos direitos? Vamos às ruas para construir um projeto popular.”
                   Dia 07 de setembro,             A 16ª edição do Grito dos/as Excluí-       ter presente, porém, que direitos não se      com outros países, especialmente nossos
                às 15h30, na Praça. Pe.        dos /as pretende resgatar as condições         confundem com migalhas e mudança é            vizinhos latino-americanos, conforme
                João Marcondes ( Matriz        reais e efetivas da vida. Pretende tam-        muito mais que mero ajuste ao mercado         sublinham o Grito Continental, a Rede
                de São José, no centro         bém retomar a esperança e a utopia do          mundial ou programas pontuais.                Jubileu Sul, a Assembléia Popular, entre
                 da cidade de São José         projeto popular, fundamentado na justi-            Entre as mudanças,                                         outras iniciativas.
                      dos Campos – SP,
                                               ça e no direito. Nisto radica-se a mística     vale destacar uma re-                                              Direitos, soberania e
                       ao lado da Rodo-
                                               de todo caminheiro: aquele que tem os          forma agrária e agríco-                                        relações livres são pres-
                        viária Velha). To-
                                               pés firmes num chão marcado por so-            la que leve em conta o                                         supostos indispensá-
                         das as Pastorais,
                         movimentos e          nhos e contradições, as mãos solidárias        limite da propriedade                                          veis para a construção
                         Espiritualidades      para a luta e a construção de caminhos         da terra rural e urbana;                                       de um projeto popular.
                         estão convida-        alternativos, e os olhos postos no hori-       melhorias substanciais                                         Um projeto que leve
 dos a participar.                             zonte de uma sociedade renovada, tan-          nos sistemas de saúde,                                         em conta as necessida-
     Sairemos em caminhada rumo à Ca-          to nas relações pessoais e comunitárias        educação e transpor-                                           des fundamentais dos
 tedral São Dimas, coroando este evento        quanto nas relações sociais, políticas,        te público, habitação;                                         setores mais pobres e
 com a Renovação da aliança de Jesus           econômicas e ecológicas.                       uma nova convivência                                           excluídos da população,
 Cristo pela Humanidade, celebrando a              O respeito e a defesa, a conquista,        com o planeta terra,                                           fugindo da mera mate-
 Eucaristia (Santa Missa) às 17h30.            ampliação e universalização dos direi-         preservando as diver-                                          mática do crescimento
     Vamos lá! Leve sua família, seu gru-      tos básicos de cada cidadão ou cidadã          sas formas de vida e um                                        e do lucro. Somente
 po, seus amigos, sua paróquia. Mar-           exigem uma base sólida no sentido de           desenvolvimento justo,                                         um povo autônomo
 quemos presença diante da sociedade,          preservar “a vida em primeiro lugar”. É        solidário e sustentável; espaço aberto à      pode estabelecer laços com outros povos
 como Igreja, para dizermos que quere-         a coluna vertebral do Grito, desde sua         comunicação e à participação popular.         igualmente autônomos.
 mos que todos tenham vida em abun-            primeira edição em 1995. Essa base, por            Na origem do Grito está também a
 dância...                                     sua vez, requer hoje mudanças urgen-           idéia de soberania nacional e internacio-                     Coordenação Nacional
                               Pe. Ronildo     tes e profundas da sociedade. Convém           nal, a qual não exclui relações solidárias                 www.gritodosexcluidos.org


                O que é?                         to de manifestações realizadas no Dia da     nuidade à reflexão da Campanha da Fra-        tura laços internacionais e implementa
    O Grito dos Excluídos é uma mani- Pátria, 7 de setembro, tentando chamar à                ternidade de 1995, cujo lema – Eras tu,       políticas públicas de forma autônoma e
festação popular carregada de simbolis- atenção da sociedade para as condições                Senhor – abordava o tema Fraternidade         livre, não sob o constrangimento da dívi-
mo, é um espaço de animação e profe- de crescente exclusão social na socieda-                 e Excluídos.                                  da externa, por exemplo. Relações eco-
cia, sempre aberto e plural de pessoas, de brasileira. Não é um movimento nem                     De outro lado, brotou da necessidade      nomicamente solidárias e justiça social
grupos, entidades, igrejas e movimen- uma campanha, mas um espaço de par-                     de concretizar os debates da 2ª Semana        são dois requisitos indispensáveis para
tos sociais com-                                                    ticipação livre e po-     Social Brasileira, realizada nos anos de      uma verdadeira independência.
prometidos com                                                      pular, em que os pró-     1993 e 1994, com o tema Brasil, alterna-          Nada melhor que o dia 7 de setem-
as causas dos ex-                                                   prios excluídos, junto    tivas e protagonistas. Ou seja, o Grito é     bro para refletir sobre a soberania na-
cluídos.                                                            com os movimentos e       promovido pela Pastoral Social da Igreja      cional. É esse o eixo central das mobi-
    O Grito dos                                                     entidades que os de-      Católica, mas, desde o início, conta com      lizações em torno do Grito. A proposta
Excluídos, como                                                     fendem, trazem à luz      numerosos parceiros ligados às demais         é trazer o povo das arquibancadas para
indica a própria                                                    o protesto oculto nos     Igrejas do CONIC (Conselho Nacional de        a rua. Ao invés de um patriotismo pas-
expressão, cons-                                                    esconderijos da so-       Igrejas Cristãs), aos movimentos sociais,     sivo, que se limita a assistir o desfile
titui-se    numa                                                    ciedade e, ao mesmo       entidades e organizações.                     de armas, soldados e escolares, o Grito
mobilização com                                                     tempo, o anseio por           Nos dois casos, podemos afirmar que       propõe um patriotismo ativo, disposto a
três sentidos:                                                      mudanças.                 a iniciativa não é propriamente criada,       pôr a nu os problemas do país e debater
    • Denunciar o                                                       As atividades são     mas descoberta, uma vez que os agentes        seriamente seu destino. É um momento
                               Foto: Maria Matsutacke
modelo político e                                                   as mais variadas: atos    e lideranças apenas abrem um canal para       oportuno para o exercício da verdadeira
econômico que, ao mesmo tempo, con- públicos, romarias, celebrações espe-                     que o Grito sufocado venha a público.         cidadania.
centra riqueza e renda e condena mi- ciais, seminários e cursos de reflexão,                  A bem dizer o Grito brota do chão e en-
lhões de pessoas à exclusão social;              blocos na rua, caminhadas, teatro, mú-       contra em seus organizadores suficiente            Fonte: www.gritodosexcluidos.org
    • Tornar público, nas ruas e praças, o sica, dança, feiras de economia solidária,         sensibilidade para dar-lhe forma e visibi-
                                                                                                                                                              DICA
rosto desfigurado dos grupos excluídos, acampamentos – e se estendem por todo                 lidade.
                                                                                                                                              Para a participação efetiva dos ex-
vítimas do desemprego, da miséria e da o território nacional.                                          Por que 7 de setembro?
                                                                                                                                              cluídos, as manifestações do Grito
fome;                                             Como nasceu e quem promove o Grito              Desde 1995 foi escolhido o dia 7 de
                                                                                                                                                devem priorizar a simbologia, a
    • Propor caminhos alternativos ao                          dos Excluídos?                 setembro para as manifestações do Grito
                                                                                                                                             criatividade e a mística. As imagens
modelo econômico neoliberal, de forma                 O Grito nasceu de duas fontes distin-   dos Excluídos. A idéia era aproveitar o Dia
a desenvolver uma política de inclusão tas, mas, complementares. De um lado,                  da Pátria para mostrar que não basta uma        falam mais que textos e discursos.
social, com a participação ampla de to- teve origem no Setor Pastoral Social da               independência politicamente formal. A            A linguagem simbólica deve ser
dos os cidadãos.                                 CNBB (Conferência Nacional dos Bispos        verdadeira independência passa pela so-          priorizada a linguagem escrita e
    O Grito se define como um conjun- do Brasil), como uma forma de dar conti-                berania da nação. Um país soberano cos-                     discursiva.
Informativo das CEBs - setembro 2010
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Informativo das CEBs - setembro 2010

  • 1. CEBs - Informação e Formação para animadores 1 Lá vem o Trem das CEBs... Formação e Informação para animadores Diocese de São José dos Campos - SP - Informativo das CEBs - Ano VI - Setembro de 2010 - Nº 60 1º Grito dos Excluídos na Diocese de São José dos Campos - SP Promovido pelas CEBs e Pastorais Sociais Vida em primeiro lugar: Onde estão nossos direitos? Vamos às ruas para construir um projeto popular. ÍNDICE 2 Palavra do Assessor 3 CEBs, Igreja nas Casas Vidas pelo Reino 4 Notícias da CNBB 5 Ezequiel Ramin 6 Veias Finas da Igreja 7 Fique Ligado 10 Grito dos Excluídos 11 Pastoral Social 15 Festa nas Colinas 16 Mãos na Massa
  • 2. 2 CEBs - Informação e Formação para animadores PALAVRA DO ASSESSOR Foto: Bernadete Mota Leitura Orante da Bíblia Estimado(a) Animador(a) de Pe- Isso era importante para permitir a mim, muito pessoalmente para mim, e fanatismo e a uma religião sem Deus quenas Comunidades, olá! cada um encontrar sua resposta. Não tem uma mensagem para mim”. e sem compromisso. Pelo contrário, o Tradicionalmente setembro é o dei respostas prontas, somente ofere- Esta experiência ele a fazia em co- próprio Jesus Cristo assim o viveu, le- mês da Bíblia e sabemos da importân- ci um impulso inicial para que todos munidade e atingia todos e cada um vando-o até as últimas consequências, cia e da necessidade de Leitura como escutassem a Palavra, com cuidadosa dos participantes. Por isso, venho nes- numa dimensão libertadora e livre. escuta de Deus diariamente. Cardeal atenção. Não dei muitas explicações te mês reanimar a você, animador de Converse com seu coordenador pa- Martini foi entrevistado sobre muitos nem apresentei muitos conhecimen- Pequenos Grupos de nossa Diocese a roquial sobre as dificuldades encontra- temas num livro entitulado “Diálogos tos exegéticos. Só pro- dedicar o melhor pos- das nos encontros nas casas. Lembre- noturnos em Jerusalém”, o qual reco- curei que os jovens se sível para que nosso se: não é para partilhar temas fora do mendo a leitura a todos, e em certo confrontassem dire- método de encontros evangelho rezado naquele dia, nem momento ele dá uma resposta que é tamente com o texto. nas casas chegue ao para alguém dar suas “lições de moral” o tema desta minha reflexão: sobre a Assim chegaram a uma seu objetivo. Chamo ou sua mensagem do Evangelho. As re- Leitura Orante da Bíblia. intimidade com Jesus. a atenção de que a flexões devem ir muito além disso... Na Catedral de Milão (Itália), ele fa- Entenderam que Deus simplicidade e o si- Que Deus nos atraia e nos faça cada zia catequese mensal com mais de 5 mil os questionava. Ainda lêncio atento levam a vez mais solidários e irmãos. pessoas, na maioria jovens, e nesta ex- anos mais tarde, diver- uma experiência que Paz e bem! periência simplesmente fazia a Leitura sos participantes me só Deus pode explicar. Orante da Palavra de Deus, sem dar escreveram que esta Cabe a cada um de nós Pe. Ronildo Aparecido da Rosa respostas diretas às questões da vida escuta comum os aju- a disposição para que Assessor Diocesano das CEBs e da fé. Simplesmente (e entenda esta dou a tomarem uma esta experiência acon- palavra não como algo simplório) mo- decisão. Aprenderam teça, pois Deus sem- Bibliografia: MARTINI, Carlo M. Cardeal; tivava a leitura e releitura e convidava a orar com a Sagrada pre quer manter diálo- SPORSCHILL, Georg, Diálogos noturnos em Je- a todos para o silêncio. Afirma o tex- Escritura e chegaram go com suas criaturas. rusalém - sobre o risco da fé, p.69. 2* edição, to na íntegra: “Líamos uma passagem a um momento de re- Não pense que a Lei- Paulus, 2009. e depois todos ficávamos em silêncio. conhecerem: esta palavra foi dita para tura Orante da Bíblia leva a pessoa ao DINAMIZANDO O ENCONTRO DE COMUNIDADE Simbologia do Cartaz da Campanha Missionária de 2010 Oração Missionária 2010 Ó Deus, Pai de todos os povos, Vós que nos abraçais com a ter- A Campanha Missionária, promovi- O cartaz traz um fundo verde, sinal medo... Avancem para águas mais pro- nura de uma mãe, Ouvi o clamor da e coordenada pelas Pontifícias Obras de esperança. A Missão alimenta, forta- fundas!” (cf. Mt 4,18). Ao mesmo tempo das multidões da Amazônia e do Missionárias, propõe lece nossa fé, esperança aponta para o horizonte amplo e univer- mundo inteiro, Desejosas de Vos para este ano de 2010 e caridade, mantém-nos sal da Missão, que é o mundo, a humani- conhecer e Vos amar. Ensinai-nos a o tema Missão e Parti- no caminho da fidelidade dade. A Missão não tem fronteiras! Vos servir, Na partilha da Fé e dos lha, e, como lema, Ouvi a Deus e à humanidade, Destaca-se ainda a figura dos índios, Bens, Que Vós mesmos nos destes. o Clamor do Meu Povo Povo de Deus (LG 2). etnias vivas e presentes na realidade Amém. (cf. Ex 3,7b). A água remete ao va- amazônica, do Brasil e de outros países. O tema Missão e lor e a dignidade da vida Povos que nos acolheram, abrindo-se Partilha remete à Cam- como elemento vital para à Boa-Nova do Evangelho, e que preci- Intenção Missionária do panha da Fraternidade o planeta, onde vive e sam ser respeitados e valorizados, como Mês de Setembro de 2010 deste ano, a qual todo está inserida a humani- portadores de valores evangélicos já A fim de que, abrindo o coração ao ano buscamos resgatar, dade. Aqui, especifica- presentes, quais “sementes do Verbo En- amor, se dê fim às inúmeras guerras com enfoque e dimen- mente, remete-nos à re- carnado” que estabeleceu morada defini- e aos conflitos que ainda cobrem de são missionária. O lema alidade amazônica, com tiva junto à humanidade e que, portanto, sangue o mundo. Ouvi o Clamor do Meu sua rica biodiversidade. chegou lá muito antes que o missionário. Povo recorda o Êxodo Lembramos que a última Contudo, este poderá, sim, ajudar no pro- do povo de Israel, e os semana do outubro, de- cesso de explicitação da Verdade e Pes- muitos “êxodos” dos dicada à Amazônia, vem soa de Jesus Cristo, como nosso Senhor e povos atuais. Também nos remete ao inserida no contesto do Mês das Missões. Salvador, já atuante e presente na histó- tema da migração, mobilidade huma- O barco faz alusão à figura bíblica ria salvífica da humanidade. na, do ser peregrinos, lembrando-nos da Igreja Peregrina que “navega” pe- permanentemente que o horizonte da los mares da história da humanidade. Padre Daniel Lagni, Missão é o mundo, a humanidade no Nela se destaca a figura de Jesus Cristo. diretor Nacional das POM do Brasil. seu todo. É Ele quem dá segurança: “Não tenham Fonte: POM
  • 3. CEBs - Informação e Formação para animadores 3 IDENTIDADE DAS CEBs CEBs, Igreja nas Casas Os grupos bíblicos em família são a mana. Nesses grupos, as pessoas são va- esse impulso dado pelo Espírito Santo a sava necessidade (cf At 4,32-37). presença do Evangelho e da Igreja nas lorizadas, conhecidas pelo nome, onde as diversas dioceses do Brasil para se cria- Igreja nas Casas casas! pessoas se sentem Igreja, onde fazem a rem pessoas se reúnem para a oração, a A casa era o lugar da ação e da prega- “É preciso que a Igreja vá aonde o experiência de serem iguais, filhos e filhas reflexão e a ação, ao redor da leitura e ção de Jesus e das primeiras comunida- povo está, que o Evangelho seja levado do mesmo Pai. meditação da Palavra de Deus. São muitos des cristãs. Grandes acontecimentos da aonde o povo vive. Daí, esse impulso Os grupos bíblicos em família são uma os fiéis que descobrem a beleza e a força salvação aconteceram nas casas. Maria dado pelo Espírito Santo” manifestação de resistência profética, de que lhes dá a leitura cotidiana da Bíblia. recebe o anúncio do Salvador em sua O documento conclusivo da V Confe- construção da cidadania, de descoberta Nos grupos bíblicos em família, vive- casa (Lc 1,26ss). A casa foi lugar funda- rência do Episcopado Latino- Americano, de novos caminhos de vida cristã e ação se à semelhança da Santíssima Trindade, mental na missão de Jesus (Mc 2,1- 2; em Aparecida, de 2007, sugere que um social, de solidariedade e de testemu- que é comunidade e unidade na diversi- 7,17.24; 9,33; 10,10; Mt 13,36). Jesus dos meios modernos de evangelização é nho de vida. São um meio privilegiado de dade de pessoas. Nesses grupos, todos entrou em diversas casas: na de Simão a criação de pequenos grupos, onde os evangelização e de valorização da vida, se encontram iguais enquanto pessoas Pedro e André, onde cura a sogra de fiéis possam fazer, de modo bem con- um meio que se tem mostrado conve- humanas, mas distintos nos dons e caris- Pedro (Mc 1,29-33); na casa de Jairo, o creto, a experiência de Deus e firmar sua niente também no mundo urbano. Nes- mas que cada qual vai descobrindo em chefe da sinagoga, onde cura a menina conversão a Cristo. “Como resposta às ses grupos surgem novas lideranças, onde si e qualificando-se nos serviços e minis- filha Talita (Mc 5,35-43); na de Simão, o exigências da evangelização, junto com as pessoas descobrem seus dons e caris- térios mais diversos, tanto no interior da leproso (Mc 14,3-9); na do fariseu Simão as comunidades eclesiais de base, exis- mas, para colocá-los a serviço da comu- Igreja quanto no meio do mundo. Um (Lc 7,36ss); na casa de Marta e Maria (Lc tem outras formas válidas de pequenas nidade, através dos diversos ministérios, grupo bíblico é experiência de comunhão, 10,38-42); na de Zaqueu (Lc 19,1-10). Je- comunidades, e inclusive redes de co- pastorais, organismos etc. Através deles, a de vida comunitária, de união das pes- sus visitava as famílias, entrava em suas munidades, de movimentos, grupos de Igreja busca viver conforme o modelo das soas, no mesmo modo da união entre as casas, fazia refeições nas casas do povo, vida, de oração e de reflexão da Palavra primeiras comunidades cristãs: Igreja que pessoas divinas: “Eu e o Pai somos um” inclusive na casa de pecadores (Levi e de Deus” (DAp 180). Os grupos bíblicos vai ao encontro das pessoas; Igreja nas (Jo 10,30). Nos grupos bíblicos em família Zaqueu, por exemplo). Os evangelhos em família são também um meio bas- casas, nos condomínios, nas ruas; Igreja realiza-se a Igreja dos primeiros tempos: relatam 18 parábolas sobre a vida do- tante criativo e ousado para fazer dos Povo de Deus; Igreja que liga Palavra, fé os primeiros cristãos viviam em comuni- méstica, valorizando a evangelização nas católicos verdadeiros missionários, que e vida. dade e perseveravam unidos na doutrina casas. se dispõem a enfrentar o grande desafio Por que criar Grupos Bíblicos dos apóstolos; nas reuniões em comum; Jesus manda celebrar a Páscoa numa da evangelização nas cidades. em Família? na fração do pão e nas orações; eram casa (Mt 26,17-20). O Pentecostes acon- O que são os Grupos Bíblicos A Igreja dos nossos tempos não con- unidos e colocavam em comum todas as teceu em uma casa (At 2,1-2). A primeira em Família? segue chegar a todas as pessoas com os coisas; vendiam suas propriedades e seus evangelização se deu nas casas, abrindo- São grupos de pessoas que se reú- meios dos tempos passados. É necessá- bens e repartiam o dinheiro entre todos, se assim para o mundo. No Templo, as nem nas casas, para rezar, refletir, par- rio que todos os católicos assumam a fé conforme a necessidade de cada um; to- pessoas ficavam de fora, havia exclusão. tilhar, à luz da Palavra de Deus, a reali- recebida no batismo e se tornem verda- dos juntos frequentavam o Templo e nas A Igreja primitiva evangelizava nas casas: dade que os cerca, com o compromisso deiros discípulos de Cristo e missionários casas partiam o pão, tomando alimento “de casa em casa não cessavam de en- de ações práticas para a transformação anunciadores de seu Evangelho, que pre- com alegria e simplicidade de coração; sinar” (At 5,42). Paulo evangelizava “de dessa realidade. Essas pessoas querem cisa chegar a todos os corações, famílias, juntos louvavam a Deus (cf At 2,42-47); vi- casa em casa” (At 20,20). A Igreja dos fazer a experiência do encontro com instituições e estruturas. Não se pode viam unidos e tinham tudo em comum; nossos tempos também precisa voltar a Deus, que é Amor e Vida; são pessoas esperar que as pessoas venham às formavam um só coração e uma só evangelizar nas casas. Os grupos bíblicos que querem aprender a prática da ora- nossas igrejas. É preciso que a alma; tudo era posto em comum em família são um meio atual e criativo ção em comum, da vivência fraterna, da Igreja vá aonde o povo está, entre eles; davam testemunho de fazer que o Evangelho chegue a um vida cristã; pessoas que se encontram que o Evangelho seja leva- da ressurreição do Senhor número cada vez maior de pessoas. para partilhar a vida, a fé e a oração, na do aonde o povo vive. Jesus; gozavam de gran- ligação entre Bíblia e vida, revelação e O povo se encontra de aceitação; entre Pe. Vitor Galdino Feller realidade, Palavra de Deus e ação hu- nas casas. Daí, eles ninguém pas- Fonte: Arquidiocese de Florianópolis Foto: Pedro Henrique Luvizotto Foto: Maria Matsutacke
  • 4. 4 CEBs - Informação e Formação para animadores NOTÍCIAS DA CNBB Mutirão para a Superação da Miséria e da Fome Votar Bem - Orientação da CNBB aos Participa de Campanha da ONU Católicos sobre o Voto nas Eleições de 2010 A Food and Agriculture Organization mo de redução da fome, o Objetivo de Os Bispos do Regional Sul 1, da CNBB (FAO), um departamento da Organização Desenvolvimento do Milênio de reduzir (Estado de São Paulo), no cumprimento das Nações Unidas (ONU), responsável pela metade o percentual de pessoas de sua missão pastoral, oferecem as se- pela erradicação da fome no mundo, aca- com fome até 2015 não será alcançado. guintes orientações aos seus fiéis para a ba de lançar uma campanha mundial de De cerca de um bilhão de pessoas com participação consciente e responsável no processo político-eleitoral deste ano: coleta de assinaturas para pressionar a fome, 642 milhões vivem na Ásia, 265 mi- 1. O poder político emana do povo. própria ONU, sobre a existência de 1 bi- lhões na África Subsaariana, 53 milhões Votar é um exercício importante de cida- lhão e 200 milhões de pessoas vivendo na América Latina e Caribe, 42 no Oriente dania; por isso, não deixe de participar em situação de fome crônica. A campa- Médio e Norte da África e 15 milhões em das eleições e de exercer bem este poder. nha se chama “1billionhungry” ou em países desenvolvidos. Lembre-se de que seu voto contribui para português “1 bilhão de pessoas vivem Segundo José Graziano, diretor da definir a vida política do País e do nosso com fome crônica e eu estou louco de FAO para a América Latina e Caribe, esta Estado. raiva”. é a única região do Mundo que retroce- 2. O exercício do poder é um serviço toridades competentes. Questione tam- O Conselho de Segurança Alimentar e deu em número de pessoas com fome ao povo. Verifique se os candidatos estão bém se os candidatos estão dispostos a Nutricional (CONSEA) assumiu o compro- por causa da crise econômica. Nesta re- comprometidos com as grandes questões administrar ou legislar de forma transpa- misso de divulgar esta campanha. Dom gião, “quem não trabalha não come”. O que requerem ações decididas dos gover- rente, aceitando mecanismos de controle Guilherme Werlang, bispo referencial único país que gerou empregos durante nantes e legisladores: a superação da po- por parte da sociedade. Candidatos com do Mutirão para a Superação da Miséria a crise foi o Brasil. “É um milagre”. Hoje, breza, a promoção de uma economia vol- um histórico de corrupção ou má gestão e da Fome da CNBB, juntamente com o América Latina e Caribe têm mais po- tada para a criação de postos de trabalho dos recursos públicos não devem receber secretário do Mutirão, padre Ne- bres e miseráveis que nos anos e melhor distribuição da renda, educação nosso apoio nas eleições. de qualidade para todos, saúde, moradia, 7. Voto consciente não é troca de lito Dornelas e a irmã Graça oitenta. São 53 milhões de saneamento básico, respeito à vida e de- favores, mas uma escolha livre. Procure Apolinário, do Conselho famintos quando eram 45 fesa do meio ambiente. conhecer os candidatos, sua historia pes- de Religiosos do Brasil milhões em números ab- 3. Governar é promover o bem co- (CRB) e conselheira do solutos. “Perdemos em soal, suas idéias e as propostas defendi- mum. Veja se os candidatos e seus par- das por eles e os partidos aos quais estão CONSEA, se compro- três anos o que leva- tidos estão comprometidos com a justiça filiados. Vote em candidatos que repre- meteram em divulgar mos quinze para avan- e a solidariedade social, a segurança pú- sentem e defendam, depois de eleitos, a campanha nas co- çar”. Na Guatemala, há blica, a superação da violência, a justiça as convicções que você também defende. munidades religiosas. uma criança desnutri- no campo, a dignidade da pessoa, os 8. A religião pertence à identidade “Para tanto, solicita- da para cada duas. Ao direitos humanos, a cultura da paz e o de um povo. Vote em candidatos que mos o empenho de mesmo tempo, aumenta respeito pleno pela vida humana desde respeitem a liberdade de consciência, as todos na mesma. A cam- o sobrepeso. “Comemos a concepção até à morte natural. São va- convicções religiosas dos cidadãos, seus panha está disponível na in- pouco e comemos mal.” lores fundamentais irrenunciáveis para o símbolos religiosos e a livre manifestação ternet. As pessoas pedem fazer Quem tem fome, tem pres- convívio social. Isso também supõe o re- de sua fé. a assinatura via internet ou por meio de sa, dizia Betinho. Por isso, a urgência da conhecimento à legítima posse de bens e 9. A Família é um patrimônio da hu- à dimensão social da propriedade. manidade e um bem insubstituível para a uma lista. Esta assinatura é simples. Não campanha lançada pela FAO em todo o 4. O bom governante governa para pessoa. Ajude a promover, com seu voto, necessita de documentos de identifica- mundo, que deve recolher um milhão de todos. Observe se os candidatos repre- a proteção da família contra todas as ção”, destacou o padre Nelito. assinaturas até o dia 16 de outubro, Dia sentam apenas o interesse de um grupo O padre ressalta ainda o envio das as- Mundial da Alimentação. O CONSEA está ameaças à sua missão e identidade natu- específico ou se pretendem promover ral. A sociedade que descuida da família, sinaturas à CNBB ou a CRB. “Estamos so- engajado. Falta engajar governos e so- políticas que beneficiem a sociedade destrói as próprias bases. licitando também que quem abraçar esta ciedade. As assinaturas podem ser feitas como um todo, levando em conta, espe- 10. Votar é importante, mas ain- campanha, tenha a bondade de remeter por meios eletrônicos assim como haverá cialmente, as camadas sociais mais frá- da não é tudo. Acompanhe, depois das as listas preenchidas para a CNBB ou para listas de assinaturas circulando em todos geis e necessitadas da atenção do Poder eleições, as ações e decisões políticas e a CRB até o dia 08 de setembro. Elas se- os lugares. público. administrativas dos governantes e parla- rão encaminhadas ao CONSEA, que as Fonte: CNBB 5. O homem público deve ter ido- mentares, para cobrar deles a coerência enviará à FAO, para chegarem a ONU até neidade moral. Dê seu voto apenas a para com as promessas de campanha e o dia 16 de outubro, dia mundial da ali- Para assinar a petição: candidatos com “ficha limpa”, dignos de apoiar as decisões acertadas. mentação”. www.1billionhungry.org/faobrasil/ confiança, capazes de governar com pru- O símbolo da campanha é um apito Informações: ascom@consea.planalto.gov.br dência e equidade e de fazer leis boas e Fonte: CNBB amarelo. A idéia é encorajar as pessoas a As assinaturas sejam enviadas para a CNBB Na- justas para o convívio social. cional no seguinte endereço: A/C Pe. Nelito Nona- 6. Voto não é mercadoria. Fique aten- Aparecida, 29 de junho de 2010 apitar contra a fome. “Deveríamos estar to Dornelas – Setor das Embaixadas Sul - Quadra to à prática da corrupção eleitoral, ao CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL furiosos com o vergonhoso fato de que 801 – Conjunto B – CEP 70 200 014 - Brasília DF. abuso do poder econômico, à compra 73ª Assembleia dos Bispos do Regional Sul 1 - seres humanos ainda sofram de fome”, de votos e ao uso indevido da máquina Aparecida-SP, 29, 30 de junho e 1 de julho de Também para a CRB Nacional, no seguinte ende- disse o Diretor Geral da FAO, Jacques reço: A/C Ir. Maria das Graças Apolinário – SDS administrativa na campanha eleitoral. Fa- 2010. Doc. 15/73ªAB Diouf. Dom Nelson Westrupp, scj/ Presidente do CONSER Bloco H, 26 – Sala 507 – Edifício Venâncio II tos como esses devem ser denunciados Dom Benedito Beni dos Santos/ Vice-Presidente Se o mundo continuar no mesmo rit- CEP 70 393 900 – Brasília DF. imediatamente, com testemunhas, às au- Dom Airton José dos Santos/ Secretário-Geral
  • 5. CEBs - Informação e Formação para animadores 5 Mártires: Vidas pela vida, vidas pelo Reino Caminhada Penitencial - 12º Intereclesial tina. Os padres acompanha- vam, realizando encontros com as famílias para orientá- las. A linha de ação era esta: Foto: Maria Matsutacke que permanecessem na ter- ra, mas evitando agressões e confrontos. 24 DE JULHO DE 1985 Foto de divulgação. Às 5.30h da manhã do dia 24 de julho, Padre Eze- quiel saiu, junto com o ami- go Adilio de Souza, para a Fazenda Catuva. Quando chegaram ao posto indí- DA MORTE PARA A VIDA entrada’. gena Lourdes, um funcionário da FUNAI Pe. Ezequiel Ramin tinha 33 anos, As terras que as famílias trabalhavam quis impedir a passagem. Tinha ordem de quando foi assassinado em 24 de julho há mais de dois anos, bem relacionadas não deixar passar ninguém. Mas chegou padres a uma hora da madrugada do de 1985, na fazenda Catuva, município com os índios suruí, que podiam se dizer um carro vindo do interior da fazenda, dia seguinte. Estava ensangüentado e de Aripuanã, por jagunços dos fazen- os únicos verdadeiros proprietários, esta- com um pessoal desconhecido, pedindo exausto. Contou o que tinha aconteci- deiros da região. Nasceu na Itália, em vam sendo reivindicadas por dois fazen- que a entrada fosse liberada. Foi o que do. Não sabia dizer se Ezequiel estava 1953. Missionário da diocese de Ji-Pa- deiros. Eles eram proprietários de 2.500 o funcionário fez. Os dois alcançaram a vivo ou morto... Era preciso correr para raná, Rondônia. Membro da Congrega- hectares e tentavam abocanhar 50 mil porteira sem qualquer problema. Che- lá imediatamente. ção dos Combonianos, veio ao Brasil em hectares, passando por cima tanto dos garam rapidamente ao barraco onde se Na mesma hora os dois padres foram meados de 1983. Assumiu a causa dos índios como das 250 famílias e de suas encontravam os posseiros, onze ao todo, à delegacia: o delegado estava ausente trabalhadores sem-terra e dos índios. roças. que os aguardavam para acompanhá-los e os policiais mostraram pouca disposi- Ganhou a confiança dos povos indíge- Tudo começou com uma chegada dis- na vistoria da área. O acampamento dos ção de ajudar. Os padres então avisaram nas Suruí que iam procurá-lo para expor creta, mas depois vieram a placa, a cerca jagunços estava muito próximo, a não o bispo e se dirigiram a Ji-Paraná, onde os problemas da aldeia. e os jagunços para não deixar dúvidas em mais de 100 metros de distância. chegaram por volta das 4.00 horas. O QUE ACONTECEU EM relação às reais intenções dos fazendei- Ezequiel e Adílio conversaram com os Finalmente às 8.00 horas, com mais 24 DE JULHO DE 1985 ros. posseiros. Pediram que desocupassem a dois carros da polícia na frente, saíram, Prontidão de missionário, Ezequiel ROTINA DE VIOLÊNCIAS área porque a situação estava tensa. Eze- e às 11h30 cruzaram a porteira da fa- era uma pessoa extrovertida, de fáceis Em relação a tudo isso Padre Ezequiel quiel puxou da sacola a máquina fotográ- zenda. Mais 5 minutos e chegaram ao relações humanas. Tinha sido ordenado mostrava-se profundamente incomoda- fica, tirou algumas fotos, inclusive da fa- local. O carro de Ezequiel estava ainda em 1981 e destinado, depois da ordena- do. Ele dizia: zenda e dos jagunços. Adilio fez algumas no meio da estrada, com as portas aber- ção, para um trabalho no mundo juvenil ‘Não aprovamos violências nem que- anotações. Pouco depois das 11 horas, tas, os vidros quebrados. em sua própria terra. Estava começando remos reivindicações irreais. É irreal pe- Ezequiel entrou no carro para pegar o ca- O corpo logo foi avistado 50 metros a entrar nele quando um terremoto sa- dir comida para a própria família? Ou só minho de volta... adiante, caído à beira da estrada. Ne- cudiu o sul da Itália. Ele não teve dúvi- quem é poderoso tem filhos que preci- RAJADA DE BALAS nhum sinal de violência, a não ser as das: aquele era o lugar do missionário. sam comer? Aqui muita gente tinha ter- Depois de dois quilômetros, na saída perfurações das balas e dos chumbos: Deixou tudo e lá foi ele para socorrer as ra, foi vendida. Tinha casa, foi destruída. de uma curva, teve o ataque. Sete ho- havia sinais de um tiro de espingar- vítimas e ajudar na reconstrução. Tinha filhos, foram mortos. Tinha aberto mens armados, em posição de tiro, es- da em pleno rosto; os braços abertos, A CHEGADA EM CACOAL, RONDÔNIA estradas, foram fechadas!’. tavam esperando a passagem do carro. como se tivesse sido crucificado. Quando, em 1984, Padre Ezequiel Na Fazenda Catuva o confronto entre Dois deles abriram fogo. Veio uma pri- A família quis o corpo, mas a camisa Ramin chegou a Cacoal, encontrou co- posseiros e jagunços começou a virar ro- meira rajada de balas. Ainda dentro do ensanguentada ficou em Cacoal. munidades consolidadas em todo lugar. Foto de divulgação. carro Pe. Ezequiel foi atingido. Os padres estavam providenciando Não teve dificuldade de se inserir. Com Disse: ‘Pára, pára pelo amor de o enterro em Cacoal. Parecia-lhes lógi- pouco mais de 30 anos, ele tinha o en- Deus’. co que o corpo do colega descansasse tusiasmo necessário para entrar logo na Depois saiu do carro, pelo na terra que tinha recebido seu sangue. realidade e as experiências anteriores, lado do motorista, afastando-se Mas chegou um telefonema da Itália: feitas na vida, o habilitavam a ser um dos atiradores. Adilio saiu em um superior informava que os pais e os bom padre para todo aquele povo. direção contrária, ganhando a irmãos queriam ter o corpo de volta, na ‘PROIBIDA A ENTRADA!’ mata. Ezequiel caiu uns 50 me- Itália. A camisa ensangüentada de Pa- Pouco tempo depois da chegada de tros depois. Alguém chegou e dre Ezequiel ficou exposta na igreja ma- Ezequiel a Cacoal, em uma região en- descarregou nele a espingarda à triz de Cacoal por muito tempo... tre Mato Grosso e Rondônia, em terras queima-roupa. ocupadas por 250 famílias, apareceu NA MADRUGADA SEGUINTE... Fonte: www.combonianos.org.br uma placa: ‘Fazenda Catuva: proibida a Adílio bateu na casa dos Colaboração: Maria Matsutacke
  • 6. 6 CEBs - Informação e Formação para animadores Veias Finas da Igreja São Paulo compara a Igreja ao Corpo Deus para alimentar todo o corpo. zados por certos dirigentes da Igreja. Mas tudo isso podemos cantar com a música de Cristo. Nós somos muitos, mas for- O corpo possui as artérias que são são os Grupos de Reflexão que levam e “Eu sou feliz na comunidade”. mamos um só corpo (cf. 1Cor 12,1-12). aquelas veias mais grossas que distri- fazem a Palavra de Deus correr através Grupos de Reflexão / faz o sangue circular O corpo para se manter vivo precisa ter buem o sangue. São as veias que apare- das casas e chegar até aos mais afasta- Vai fazendo a Palavra, / chegar em todo o sangue correndo em suas veias. A Pa- cem mais. Podemos comparar estas veias dos. Por isso os Grupos de Reflexão con- lugar. lavra de Deus é como o sangue que cor- mais grossas com o trabalho das pasto- seguem reforçar a comunidade trazen- re nas veias da Igreja. Sem a Palavra de rais, com o trabalho da catequese e dos do novos participantes e reconduzindo Fonte: Movimento Boa Nova Deus a Igreja perde a sua vitalidade. cursos de formação nas comunidades. aqueles que se afastaram. Eles também Se a Igreja é o Corpo de Cristo e a São trabalhos que aparecem mais, rece- oxigenam a comunidade com gestos con- Palavra de Deus o sangue que corre em bem mais formação, têm mais apoio dos cretos e com a solidariedade aos neces- suas veias, podemos comparar a liturgia dirigentes e até uma maior atenção por sitados. Eles também despertam novos como o coração da Igreja. A liturgia é que parte da Igreja. animadores e novas pessoas para ingres- faz a Igreja viver. Sendo o centro da vida Mas no corpo, também são indispen- sar nas pastorais e fortalecem assim toda Foto: Bernadete Mota da Igreja, é na liturgia que celebramos as sáveis aquelas veias finas, que não apare- a comunidade. alegrias e as vitórias, as dores e os sofri- cem tanto, mas que levam o sangue até É através deste trabalho simples e mentos de Jesus. Na liturgia celebramos aos lugares mais afastados e distantes do despretensioso que toda a comunidade a nossa vida nos mistérios da vida de corpo. Estas veias finas são os Grupos de se fortalece e até a liturgia, o coração Jesus. Assim, é a liturgia que constante- Reflexão. Geralmente seu trabalho não da Igreja, bate mais forte e feliz fazendo mente bombeia o sangue da Palavra de aparece muito e, às vezes, não são valori- sentir ali a presença do Ressuscitado. Por Comunidade Pinheirinho Foto: Maria Matustacke Foto: Arquivo das CEBs Foto: Bernadete Mota Foto: Madalena Mota Comunidade Gallo Branco Com. Campo dos Alemães Comunidade Santana Comunidade Santa Cecília AS CEBs NO DOCUMENTO CONCLUSIVO DO I SÍNODO DIOCESANO Como nos pede Dom Moacir Silva, de- Pequenas Comunidades Eclesiais mimos com a Conferência de Aparecida Eclesiais de Base) merecem uma atenção vemos olhar o Documento Conclusivo em 81. Com o Documento de Aparecida, as pequenas comunidades eclesiais, que especial. O tempo de dedicação à missão sua totalidade e acolhê- “constata-se que nos úl- são “um ambiente propício para se es- e o número de pessoas envolvidas, por lo de forma criativa e timos anos está crescen- cutar a Palavra de Deus, para viver a fra- meio da setorização de nossas paróquias, nos alerta “O espírito do do a espiritualidade de ternidade, para animar na oração, para tem trazido resultados satisfatórios. Com Sínodo vai muito além comunhão e que, com aprofundar processos de formação na fé o Documento de Aparecida, afirmamos: de um ou outro projeto: diversas metodologias, e para fortalecer o exigente compromis- “As comunidades eclesiais de base, no é uma mentalidade nova não poucos esforços têm so de ser apóstolos na sociedade de hoje. seguimento missionário de Jesus, têm a para homens e mulheres sido feitos para levar os São lugares de experiência cristã e evan- Palavra de Deus como fonte de sua espi- novos.” E nos pede, com leigos a se integrarem gelização que, em meio à situação cultu- ritualidade e a orientação de seus pasto- alegria, conforme o Do- nas pequenas comuni- ral que nos afeta, secularizada e hostil à res como guia que assegura a comunhão cumento de Aparecida: dades eclesiais, que vão Igreja, se fazem muito mais necessários” eclesial. Demonstram seu compromisso “Conservemos a doce mostrando frutos abun- . Com essas pequenas comunidades ecle- evangelizador e missionário entre os e confortadora alegria dantes. Nas pequenas siais, a paróquia vai se tornando comu- mais simples e afastados e são expres- de evagelizar, inclusive comunidades eclesiais nidade de comunidades, uma rede de são visível da opção preferencial pelos quando é necessário se- temos um meio privi- comunidades, “capazes de se articular pobres. [...] as CEBs se convertem em um mear entre lágrimas, [...] legiado para chegar à conseguindo que seus membros se sin- sinal de vitalidade na Igreja particular.” . que o mundo atual [...] possa assim rece- Nova Evangelização e para chegar a que tam realmente discípulos e missionários ber a Boa Nova, não através de evageliza- os batizados vivam como autênticos dis- de Jesus Cristo em comunhão” . Fonte: Documento Conclusivo do I Síno- dores tristes e desalentados, impacientes cípulos e missionários de Cristo” . 83. Como experiência de pequenas do Diocesano – Disponível para downlo- e ansiosos”. 82. Na estruturação paroquial, assu- comunidades, as CEBs (Comunidades ad em: www.sinododiocesano.com.br
  • 7. CEBs - Informação e Formação para animadores 7 FIQUE LIGADO Semana Brasileira sobre a Missão Continental Centro Cultural Missionário (CCM) - Comissão Episcopal para a Missão Continental “Vocês são testemunhas destas coisas” (Lc 24,48) objetivo de afunilar a reflexão em torno agindo no mundo, abrindo os corações, de três grandes temas do Documento de dispondo as pessoas a receber o anún- Aparecida: a espiritualidade missionária, cio do Evangelho. A Igreja é chamada a dimensão essencial para a formação mis- perceber essa ação divina através dos sionária; a paróquia missionária, exigên- sinais dos tempos participando dessa cia de conversão das nossas estruturas; mesma ação: saindo de seus ambien- Brasília, 5 a 11 de setembro de 2010. tos “missionários” para arrebanhar fiéis, os projetos para uma nova evangelização, tes, tornando-se hospede na casa dos Um dos mais importantes legados para uma Igreja em estado permanente caminhos para uma aproximação aos ou- outros. É um deslocamento fundamen- da V Conferência Geral do Episcopado de missão. Isso equivale a reconhecer tros e para uma ação evangelizadora sig- tal que necessita de uma continua, pro- latino-americano em Aparecida foi as- o contexto de pluralismo no qual se en- nificativa em todo Brasil. gressiva, profunda e diligente conversão sumir o compromisso de uma grande contra o mundo de hoje. Esse pluralismo A Semana Brasileira sobre a Mis- interior. Missão Continental. Contudo, a recep- é a propria “casa” dos nossos povos na são Continental tem como lema bíblico Fonte: www.ccm.org.br ção inicial desta proposta não foi a de América e no mundo, onde temos que o mandato missionário de Lucas: “Vo- realizar uma gigantesca mobilização entrar tirando as sandálias, para anunciar cês são testemunhas dessas coisas” (Lc Da Diocese de São José dos Campos eclesial, tampouco a de articular um permanentemente o Evangelho ali onde 24,48). O Espírito que conduz a missão irão participar deste evento, Padre projeto missionário em nível de toda o povo se encontra. desperta um olhar contemplativo nos Edinei Evaldo Batista, coordenador igreja do Continente. Para concretizar pedagogicamente discípulos missionários. Eles são teste- Diocesano de Pastoral, Padre Se existe uma novidade na perspec- esse intuito, o Centro Cultural Missioná- munhas das coisas que vêem. A teste- Rogério Félix, Pároco da Paróquia tiva da Missão Continental, essa con- rio e a Comissão Episcopal para a Missão munha não protagoniza a ação, ela não Coração de Jesus, Tianinha e siste num decisivo salto de passar de Continental promovem uma Semana Bra- faz nada: apenas aponta o que Deus está Isalete Silva, do Comidi e uma Igreja que promove alguns even- sileira sobre a Missão Continental, com o fazendo. Deus com seu Espírito já está Luiz Marinho, das CEBs. CONTEÚDO PROGRAMÁTICO 1. Domingo, 5 de setembro, 20h00: “Vocês são testemunhas destas coisas” (Lc 24,48). Acolhida e abertura da Semana Brasileira sobre Missão Continental. 2. Segunda, 6 de setembro: ELEMENTOS BÍBLICOS DA ESPIRITUALIDADE MISSIONÁRIA. Para uma formação missionária moldada pelo estudo e pela leitura orante da Sagrada Escritura Pe. Sérgio Bradanini, PIME, biblista e missiologo, diretor do ITELSE (Instituto de Teologia da Região Sé) de São Paulo, SP. 3. Terça, 7 de setembro: PARÓQUIA MISSIONÁRIA, UM PROJETO POSSÍVEL? Mudanças estruturais rumo a um novo pa- drão pastoral - Pe. José Carlos Pereira, CP, sociólogo e teólogo pastoralista, pároco da paróquia São José e Nossa Senhora das Dores, Rio de Janeiro, RJ. 4. Quarta, 8 de setembro: PROJETOS E MÉTODOS PARA UMA NOVA EVANGELIZAÇÃO. Memória, seguimento e perspec- tivas - Pe. Manoel Godoy, diretor executivo do ISTA (Instituto Santo Tomás de Aquino) de Belo Horizonte, MG. 5. Quinta, 9 de setembro: MISSÃO JUNTO À JUVENTUDE PARA UMA JUVENTUDE PROTAGONISTA DA MISSÃO. O desafio de descobrir com os jovens a vocação de ser ami- gos e discípulos de Jesus – Pe. Jorge Boran, CSSp, coordenador do Centro de Capacitação da Juventude (CCJ) de São Paulo, SP. 6. Sexta, 10 de setembro: A DIMENSÃO CONTINENTAL NO MEIO DE NÓS. Para uma missão inter gentes na América Latina e Caribe junto aos migrantes Pe. Sidnei Dornellas, CS, sociólogo e teólogo, diretor do Centro de Estudos Migratórios, em São Paulo, SP. 7. Sábado, 11 de setembro, até 12h00: “Permanecei na cidade até que sejais revestidos da força do alto” (Lc 24,49). Conclusões, articulação e encaminhamentos.
  • 8. 8 CEBs - Informação e Formação para animadores FORMAÇÃO Fotos: Bernadete Mota A Bíblia nos Interpela Carlos Mesters ficiências da atitude libertadora frente à De um lado, ela traz uma LUZ. ligiões da Ásia, mais antigas que a nossa, Francisco Orofino Bíblia? Neste sentido, ela pode contribuir levantam estas mesmas perguntas há vá- Será que não vem de algo ainda mais para clarear as idéias, desmascarar as fal- rios anos. Qual o valor da nossa história e 5ª E ÚLTIMA PARTE profundo que está mudando no subcons- sas ideologias e comunicar uma consci- da nossa cultura. ciente da humanidade? Pois, a realidade ência mais crítica. De outro lado, ela traz Será que elas não poderiam valer CAMINHOS NOVOS APARECEM, do fundamentalismo não existe só nas uma FORÇA. Neste sentido, ela pode ani- como o nosso Antigo Testamento, onde PROBLEMAS NOVOS SURGEM igrejas cristãs, mas também nas outras mar as pessoas, comunicar coragem, tra- estão escondidas as promessas que Deus religiões: judaica, muçulmana, budista... zer alegria, pois ela é força criadora que fez aos nossos antepassados e onde exis- 1. A Leitura feminista ou leitura de Existem até formas de um fundamenta- produz o novo, gera o povo, cria os fatos, te a nossa lei como “nosso pedagogo para gênero lismo secularizado. “O fundamentalismo faz amar. Infelizmente, muitas vezes, na Jesus Cristo” (Gál 3,24)? O Evangelho não Esta leitura questiona e relativiza a é um perigo”. prática pastoral, estes dois aspectos da veio eliminar nem substituir secular leitura masculinizada feita pelas Ele separa o texto do resto da vida e Palavra estão separados. De um lado, os o Antigo Testamento, igrejas para manter o sistema patriar- da história do povo e o absolutiza como movimentos carismáticos; de outro lado, mas sim comple- cal. Ela não pode ser descartada como a única manifestação da Palavra de Deus. os movimentos de libertação. Os caris- tá-lo e expli- um fenômeno passageiro nem como A vida, a história do povo, a comunida- máticos têm muita oração, mas muitas citar todo uma das muitas curiosidades exegéticas de, já não teriam mais nada a dizer sobre vezes carecem de visão crítica e tendem o seu sem maiores conseqüências. Ela é uma Deus e a sua Vontade. O fundamentalis- para uma interpretação fundamentalista, signi- das características mais importantes mo anula a ação da Palavra de Deus na moralizante e individualista da Bíblia. Por fi- que vem surgindo de dentro da leitura vida. É a ausência total de consciência isso, a sua oração, muitas vezes, carece popular da Bíblia. O seu alcance é mui- crítica. Ele distorce o sentido da Bíblia e de fundamento real no texto e na reali- to maior do que poderia parecer à pri- alimenta o moralismo, o individualismo e dade. Os movimentos de libertação, por meira vista. No Brasil ela adquire uma o espiritualismo na interpretação. É uma sua vez, têm muita consciência crítica, importância maior ainda por causa da visão alienada que agrada aos opressores mas, às vezes, carecem de perseverança esmagadora maioria de mulheres que do povo, pois ela impede que os oprimi- e de fé, quando se trata de enfrentar situ- participam ativamente nos grupos bíbli- dos tomem consciência da iniqüidade do ações humanas e relacionamentos entre cos e sustentam a luta do povo em mui- sistema montado e mantido pelos pode- pessoas que, dentro da análise científica tos lugares. No CEBI é grande o número rosos” (Coleção: Tua Palavra é Vida, Vol da realidade, em nada contribuem para de assessoras que se formaram nos úl- I: A Leitura Orante da Bíblia, Publicações a transformação da sociedade. Às vezes, timos anos e que estão aprofundando a CRB, 1990, p. 22). Na Igreja Católica, pela eles têm uma certa dificuldade para en- leitura de gênero não como xergar a utilidade de longas horas gas- um novo setor, mas como tas em oração sem resultado imediato. ca- uma característica que deve Já existem várias iniciativas importantes d o marcar toda a leitura popular que procuram enfrentar e superar este ( M t que fazemos. problema para além das divergências: o 5,17). 2. Como enfrentar a rea- projeto Tua Palavra é Vida, (Projeto de O Antigo lidade do fundamentalismo? formação bíblica para religiosos e religio- Testamento Nos encontros de massa sas, promovido pela CRB - Conferência do povo de Is- promovidos pelas redes de dos Religiosos do Brasil); A equipe de es- rael é o cânon ou televisão, padres cantores piritualidade do CEBI (Centro Ecumênico a norma inspirada que aparecem. Nos encontros bí- de Estudos Bíblicos), a iniciativa da CNBB nos ajuda a perceber e a re- blicos promovidos pelo CEBI, (Conferência Nacional dos Bispos do Bra- velar esta dimensão mais profunda abertos a pessoas dos vários sil) de valorizar os quatro evangelhos e os da nossa cultura e história, do nosso An- setores da vida das igrejas, Atos em preparação do jubileu do Novo tigo Testamento. Neste sentido são muito aparece cada vez mais o se- Milênio, etc. importantes as diferentes iniciativas da guinte fenômeno. O estudo e 4. A cultura dos nossos povos leitura indígena, negra e de gênero. a interpretação da Bíblia são No mito do Tucumã, que explica aos 5. Necessidade de um estudo mais feitos numa linha claramente libertado- primeira vez, o documento O Uso da Bí- índios da região amazônica a origem do aprofundado da Bíblia na América Latina ra. blia na Igreja critica fortemente o funda- mal no mundo, o culpado pelos males A caminhada das Comunidades avan- Mas nas celebrações, nas conversas mentalismo como uma coisa nefasta que não é a mulher, mas sim o homem. Num ça e se aprofunda. Aos poucos, do cora- de grupos, nas perguntas, aparece uma não respeita suficientemente o sentido encontro bíblico, alguém perguntou: “Por ção desta prática popular está surgindo atitude interpretativa diferente, em da Bíblia. que não usamos os nossos mitos em vez uma nova atitude interpretativa que não que se mistura fundamentalismo com 3. A busca de Espiritualidade e o nos- dos mitos do povo hebreu?” Não houve é nova, mas muito antiga. Ela tem neces- teologia da libertação. Sobretudo nos so método de interpretação resposta. A mesma pergunta foi feita num sidade de ser legitimada tanto a partir jovens! Como explicar este fenômeno? Em todo canto se ouve e se sente o curso bíblico na Bolívia em Maio de 1991. da Tradição das igrejas como a partir da Vem de onde? Do contato com a linha desejo de maior profundidade, de mís- Os participantes, quase todos Aymaras, pesquisa exegética. A leitura que se faz a conservadora, com a linha carismática, tica, de. A Bíblia, de fato, pode ser uma perguntavam: “Por que usar só a Bíblia? partir dos pobres e a partir da causa dos com os pentecostais? resposta a este desejo. Pois, a Palavra de As nossas histórias são mais bonitas, me- pobres tem suas exigências próprias. Na Será que também não vem das de- Deus tem duas dimensões fundamentais. nos machistas e mais conhecidas!” As re- medida em que se avança, cresce o de-
  • 9. CEBs - Informação e Formação para animadores 9 sejo de maior aprofundamento científico. Fundado em 1978, cresceu e se expandiu (2Cor 3,6). Para Paulo, a letra era a his- a descobrir e a criticar atitudes e leis Há muitos assessores e assessoras popu- rapidamente. Agora existe organizado tória do povo descrita no Antigo Testa- religiosas repressivas contra a vida. Até lares que gostariam de ter um conheci- em praticamente todos os Estados do mento. O Espírito era o rumo que exis- chegar a Jesus que é, para nós cristãos mento das línguas bíblicas; gostariam de Brasil, prestando o seu serviço a um nú- te dentro da história e cujo objetivo ou e cristãs, revelação plena de Deus e do conhecer melhor o contexto econômi- mero cada vez maior de igrejas. Além dis- ponto final fica para além da história. No sentido da vida. Tudo isso está come- co, político, social e ideológico em que so, recebe solicitações de vários países da tempo de Paulo, alguns judeus se fecha- çando a nascer como uma semente de nasceu a Bíblia; gostariam de levar para América Latina, África e Europa para um vam dentro da sua própria história (letra) mostarda. dentro da Bíblia as perguntas que hoje intercâmbio deste tipo de leitura bíblica. e não aceitavam que ela estivesse orien- 4. Humanizando o relacionamento, angustiam o povo na vivência da sua fé. tada para desembocar na Boa Nova de a vida humana se diviniza! Existe uma escassez de assessores e de HISTÓRIAS PARALELAS QUE SE Deus que Jesus nos revelou (2Cor 3,13). A imagem verdadeira de Deus é o assessoras acadêmicos capazes de res- ILUMINAM MUTUAMENTE Por isso, assim afirma Paulo, a letra já não ser humano, pois Deus nos fez à sua ponder a esta demanda crescente de for- PARA ALEGRIA DE MUITOS lhes comunicava a vida. Até hoje, a letra imagem e semelhança, Ele nos fez ho- mação bíblica dos assessores populares 1. A Revelação de um novo rosto de mata, quando a pessoas se fecham no mem e mulher (Gn 1,27). Por isso, a e de fazer frente ao problema novo que Deus seu próprio pensamento e não querem experiência do Deus verdadeiro só é está se criando por causa do crescimento Numa roda de amigos alguém mos- perceber que dentro da nossa história verdadeira quando ela gera um relacio- imenso do fundamentalismo (muito mais trou uma fotografia, onde se via um existe o fio de ouro da ação do Espírito de namento que humaniza as pessoas e perigoso do que qualquer outro homem de rosto severo, com o dedo le- Deus que nos orienta para a vida plena. A as torna acolhedoras esolidárias, com- -ismo). vantado, quase agredindo o público. To- letra mata quando reduzimos a imagem preensivas e amigas. Pois, se Deus nos A prática da leitura dos ficaram com a idéia de se tratar de de Deus ao tamanho das nossas idéias ou fez humanos, o que mais honra a Deus bíblica, feita nas uma pessoa inflexível, antipática, que das nossas igrejas. Ao contrário, a letra e mais reflete a sua imagem é a huma- Comunidades não permitia intimidade. Nesse momen- desabrocha e revela o Espírito que co- nização progressiva da vida. Para nós, Eclesiais de to, chegou um rapaz, viu a fotografia e munica vida quando as pessoas se abrem cristãos e cristãs, Jesus é o modelo. O Base da exclamou: “É meu pai!” Os outros olha- para além de si mesmas, do seu próprio Papa Leão Magno disse a respeito dele: América ram para ele e, apontando a fotografia, mundo e da sua própria igreja, e procu- “Jesus foi tão humano, mas tão huma- Latina, comentaram: “Pai severo, hein!” Ele res- ram descobrir o rumo para o qual as con- no como só Deus pode ser humano”. A já ad- pondeu: “Não! Não é não! Ele é muito duzem a sua história, a sua cultura, a sua experiência sempre renovada de Deus qui- carinhoso. Meu pai é advogado. Aquela igreja. Aí, o seu horizonte se abre para a deve gerar novas relações entre nós. A riu fotografia foi tirada no tribunal, na hora experiência sempre renovada de Deus e última frase do AT que faz a transição em que ele denunciava o crime de um da vida. Aí, a letra da Bíblia está se tor- para o NT exprime a esperança messiâ- latifundiário que queria despejar uma fa- nando para elas a gramática que as ajuda nica de todo ser humano: reconduzir o mília pobre que estava morando num ter- a ler o que o Espírito nos fala pela nossa coração dos pais para os filhos e o cora- reno baldio da prefeitura há vários anos! vida e pela história dos nossos povos. Ela ção dos filhos para os pais, para que a Meu pai ganhou a causa. ajuda a relativizar as confissões religiosas terra não seja destruída (Ml 3,24). É o Os pobres não foram despejados!” em vista do Reino de Deus. que a humanidade pode e deve espera Todos olharam de novo e disseram: “Que 3. Superando os preconceitos, a ima- da ação de nós cristãos que seguimos o fotografia simpática!” Como por um mi- gem de Deus se purifica ensinamento de Jesus. As comunidades lagre, ela se iluminou e tomou um outro A experiência de Deus, a imagem de procuram ser uma resposta a este de- aspecto. Aquele rosto tão severo adqui- Deus, transmite-se não tanto pelo que in- sejo mais profundo do coração huma- uma riu os traços de uma grande ternura! As formamos sobre Deus através das doutri- no. Procuram ser, como Jesus, uma Boa certa palavras do filho, mudaram tudo, sem nas que ensinamos, mas muito mais pelo Nova de Deus para todos, sobretudo reper- mudar nada! As palavras e gestos de Je- que transmitimos das atitudes que to- para os pobres. cussão em sus, nascidas da sua experiência de filho, mamos. Mesmo sem falar de Deus, dele todas as Igre- sem mudar uma letra ou vírgula sequer, somos um reflexo. Algo se comunica. A Fonte: Centro de Estudos Bíblicos jas, pois está pro- mudaram o sentido do Primeiro Testa- imagem do Deus-Juiz-que-condena pro- vocando discussões, mento (Mt 5,17-18). O Deus, que parecia duz gente medrosa. A imagem do Deus- reações e adesões em mui- tão distante e severo, a ponto de o povo todo-poderoso-só-nosso pode produzir formação tos lugares. Isto se viu claramente não ter mais coragem de pronunciar o gente intolerante. A imagem de Deus- Encerramos este mês a Sobre a Leitura Popu lar da Bíblia nos encontros intereclesiais, realizados seu Nome, adquiriu os traços de um Pai ternura-mãe-e-pai gera pessoas acolhe- desde os anos 70, no Encontro Mundial bondoso de grande ternura! O mesmo doras e solidárias. A experi- da Igreja Luterana, realizado em Curitiba acontece hoje nas Comunidades Eclesiais ência de Deus se reflete no em janeiro de 1990, e no Encontro Mun- de Base. A experiência humanizadora da relacionamento humano. A dial da FEBIC, realizado em Bogotá em convivência comunitária e da luta em Bíblia pode ajudar-nos a pu- julho de 1990. Há muitos outros sinais do prol da justiça e da fraternidade gera uma rificar nossa imagem de Deus interesse que existe nos outros Continen- nova experiência de Deus e da vida que e a humanizar nossa vida. Ao tes pela leitura que se faz da Bíblia aqui se transmite através da participação das longo das suas páginas corre na América Latina. Por tudo isso, é im- pessoas nos Círculos Bíblicos e encontros a expressão de uma dupla portante que se comece a pensar seria- comunitários e lhes comunica um critério experiência. De um lado, mente na criação de centros de pesquisa novo de interpretação. Aqui está a fonte uma experiência sempre re- e de formação bíblica que se orientem a escondida e geradora do processo da lei- novada da vida, que leva as partir dos problemas reais que sentimos tura popular da Bíblia na América Latina. pessoas a descobrir e a cri- por aqui nas nossas comunidades. 2. Ultrapassando a letra, o espírito ticar as imagens erradas de O CEBI, Centro Ecumênico de Estudos comunica vida Deus. De outro lado, uma ex- Bíblicos, é uma tentativa que procura ser O apóstolo Paulo dizia: “A letra mata, periência sempre renovada uma resposta a este “Sinal dos Tempos”. mas é o Espírito que comunica vida” de Deus, que leva as pessoas
  • 10. 10 CEBs - Informação e Formação para animadores 1º Grito dos Excluídos na Diocese de São José dos Campos Tema: “Onde estão nossos direitos? Vamos às ruas para construir um projeto popular.” Dia 07 de setembro, A 16ª edição do Grito dos/as Excluí- ter presente, porém, que direitos não se com outros países, especialmente nossos às 15h30, na Praça. Pe. dos /as pretende resgatar as condições confundem com migalhas e mudança é vizinhos latino-americanos, conforme João Marcondes ( Matriz reais e efetivas da vida. Pretende tam- muito mais que mero ajuste ao mercado sublinham o Grito Continental, a Rede de São José, no centro bém retomar a esperança e a utopia do mundial ou programas pontuais. Jubileu Sul, a Assembléia Popular, entre da cidade de São José projeto popular, fundamentado na justi- Entre as mudanças, outras iniciativas. dos Campos – SP, ça e no direito. Nisto radica-se a mística vale destacar uma re- Direitos, soberania e ao lado da Rodo- de todo caminheiro: aquele que tem os forma agrária e agríco- relações livres são pres- viária Velha). To- pés firmes num chão marcado por so- la que leve em conta o supostos indispensá- das as Pastorais, movimentos e nhos e contradições, as mãos solidárias limite da propriedade veis para a construção Espiritualidades para a luta e a construção de caminhos da terra rural e urbana; de um projeto popular. estão convida- alternativos, e os olhos postos no hori- melhorias substanciais Um projeto que leve dos a participar. zonte de uma sociedade renovada, tan- nos sistemas de saúde, em conta as necessida- Sairemos em caminhada rumo à Ca- to nas relações pessoais e comunitárias educação e transpor- des fundamentais dos tedral São Dimas, coroando este evento quanto nas relações sociais, políticas, te público, habitação; setores mais pobres e com a Renovação da aliança de Jesus econômicas e ecológicas. uma nova convivência excluídos da população, Cristo pela Humanidade, celebrando a O respeito e a defesa, a conquista, com o planeta terra, fugindo da mera mate- Eucaristia (Santa Missa) às 17h30. ampliação e universalização dos direi- preservando as diver- mática do crescimento Vamos lá! Leve sua família, seu gru- tos básicos de cada cidadão ou cidadã sas formas de vida e um e do lucro. Somente po, seus amigos, sua paróquia. Mar- exigem uma base sólida no sentido de desenvolvimento justo, um povo autônomo quemos presença diante da sociedade, preservar “a vida em primeiro lugar”. É solidário e sustentável; espaço aberto à pode estabelecer laços com outros povos como Igreja, para dizermos que quere- a coluna vertebral do Grito, desde sua comunicação e à participação popular. igualmente autônomos. mos que todos tenham vida em abun- primeira edição em 1995. Essa base, por Na origem do Grito está também a dância... sua vez, requer hoje mudanças urgen- idéia de soberania nacional e internacio- Coordenação Nacional Pe. Ronildo tes e profundas da sociedade. Convém nal, a qual não exclui relações solidárias www.gritodosexcluidos.org O que é? to de manifestações realizadas no Dia da nuidade à reflexão da Campanha da Fra- tura laços internacionais e implementa O Grito dos Excluídos é uma mani- Pátria, 7 de setembro, tentando chamar à ternidade de 1995, cujo lema – Eras tu, políticas públicas de forma autônoma e festação popular carregada de simbolis- atenção da sociedade para as condições Senhor – abordava o tema Fraternidade livre, não sob o constrangimento da dívi- mo, é um espaço de animação e profe- de crescente exclusão social na socieda- e Excluídos. da externa, por exemplo. Relações eco- cia, sempre aberto e plural de pessoas, de brasileira. Não é um movimento nem De outro lado, brotou da necessidade nomicamente solidárias e justiça social grupos, entidades, igrejas e movimen- uma campanha, mas um espaço de par- de concretizar os debates da 2ª Semana são dois requisitos indispensáveis para tos sociais com- ticipação livre e po- Social Brasileira, realizada nos anos de uma verdadeira independência. prometidos com pular, em que os pró- 1993 e 1994, com o tema Brasil, alterna- Nada melhor que o dia 7 de setem- as causas dos ex- prios excluídos, junto tivas e protagonistas. Ou seja, o Grito é bro para refletir sobre a soberania na- cluídos. com os movimentos e promovido pela Pastoral Social da Igreja cional. É esse o eixo central das mobi- O Grito dos entidades que os de- Católica, mas, desde o início, conta com lizações em torno do Grito. A proposta Excluídos, como fendem, trazem à luz numerosos parceiros ligados às demais é trazer o povo das arquibancadas para indica a própria o protesto oculto nos Igrejas do CONIC (Conselho Nacional de a rua. Ao invés de um patriotismo pas- expressão, cons- esconderijos da so- Igrejas Cristãs), aos movimentos sociais, sivo, que se limita a assistir o desfile titui-se numa ciedade e, ao mesmo entidades e organizações. de armas, soldados e escolares, o Grito mobilização com tempo, o anseio por Nos dois casos, podemos afirmar que propõe um patriotismo ativo, disposto a três sentidos: mudanças. a iniciativa não é propriamente criada, pôr a nu os problemas do país e debater • Denunciar o As atividades são mas descoberta, uma vez que os agentes seriamente seu destino. É um momento Foto: Maria Matsutacke modelo político e as mais variadas: atos e lideranças apenas abrem um canal para oportuno para o exercício da verdadeira econômico que, ao mesmo tempo, con- públicos, romarias, celebrações espe- que o Grito sufocado venha a público. cidadania. centra riqueza e renda e condena mi- ciais, seminários e cursos de reflexão, A bem dizer o Grito brota do chão e en- lhões de pessoas à exclusão social; blocos na rua, caminhadas, teatro, mú- contra em seus organizadores suficiente Fonte: www.gritodosexcluidos.org • Tornar público, nas ruas e praças, o sica, dança, feiras de economia solidária, sensibilidade para dar-lhe forma e visibi- DICA rosto desfigurado dos grupos excluídos, acampamentos – e se estendem por todo lidade. Para a participação efetiva dos ex- vítimas do desemprego, da miséria e da o território nacional. Por que 7 de setembro? cluídos, as manifestações do Grito fome; Como nasceu e quem promove o Grito Desde 1995 foi escolhido o dia 7 de devem priorizar a simbologia, a • Propor caminhos alternativos ao dos Excluídos? setembro para as manifestações do Grito criatividade e a mística. As imagens modelo econômico neoliberal, de forma O Grito nasceu de duas fontes distin- dos Excluídos. A idéia era aproveitar o Dia a desenvolver uma política de inclusão tas, mas, complementares. De um lado, da Pátria para mostrar que não basta uma falam mais que textos e discursos. social, com a participação ampla de to- teve origem no Setor Pastoral Social da independência politicamente formal. A A linguagem simbólica deve ser dos os cidadãos. CNBB (Conferência Nacional dos Bispos verdadeira independência passa pela so- priorizada a linguagem escrita e O Grito se define como um conjun- do Brasil), como uma forma de dar conti- berania da nação. Um país soberano cos- discursiva.