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O PATINHO FEIO




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O PATINHO FEIO

 
Lá embaixo, na campina, escondido pela grama alta, havia
um ninho cheio de ovos. Mamãe Pata deitava-se nele, toda
feliz, aquecendo os ovinhos. Ela esperava com paciência
que seus patinhos saíssem da casca.

Foi uma alegria doida no ninho. Craque! Craque! Os ovinhos
começaram a abrir.

Os patinhos , um a um, foram pondo suas cabecinhas pra
fora, ainda com as peninhas molhados. No meio da ninha-
da, havia um patinho meio estranho, bem diferente dos
outros.

Uma pata gorda, a linguaruda do quintal, foi logo dizendo:

- Mas o que é muito cinzenta e feia?

Mamãe Pata ficou triste com o comentário da linguaruda.
Aí ela falou:

- Não vejo nada de errado com o meu patinho!

- Eu vejo - disse a linguaruda, completando: - Nenhum dos
outros patinhos é assim!



                                                        4
 
Alguns dias depois, Mamãe Pata foi se balançando lá para
as águas do lago, com os patinhos atrás. Plaft! Ela pulou na
água - e um por um, os patinhos pularam também.

Nadaram que foi uma beleza. Até o patinho feio nadou com
eles também.
 
Mas aí eles foram pro cercado dos patos. Os outros patos
pararam e disseram:

- Olha só, ai vem outra ninhada - como se nós fôssemos
poucos!

A pata gordo foi logo dizendo:

- E como é feio o patinho do fim da fila! Olha só como anda
todo desengonçado. Nós não queremos essa cosa feia aqui
perto dos nossos filhos! Vai acabara pegando feiura em
todo mundo!

Um por um os patinhos avançaram pro patinho feio com ar
de desprezo.

Beliscaram do seu pescoço e depois o empurraram para
fora do cercado.

Até as galinhas vieram para ver e começaram os pintinhos
a implicar com o patinho feio. Coitado do patinho feio.

- Feio não! Horroroso! - gritava a pata gordo pra todo
mundo.

Mamãe pata sempre vinha defender o seu patinho feio.
Xingava todas as aves que implicava com patinho, mas de



                                                          5
nada adiantava.

Cada vez mais os bichos caçoavam de seu filhinho.

Todo dia era a mesma coisa. Era muito difícil para o patinho
Feio escapar das gozações e implicâncias.
 
Aí chegou o inverno. Os dias iam esfriando e o patinho feio
teve que nadar na água gelada porque tudo era gelo em
volta dele.

Ninguém veio dar carinho pra ele, a não ser sua mãe, e aí
ele, muito triste, comeu muito pouquinho e ficou muito fra-
co.

Poucas penas cresceram pelo seu corpo magrelo.

Ficou de corpo encurvado e pescoço pelado. Até parceria
que a natureza estava contra ele naquele inverno.
 
Mas com a primavera, quando o sol começou a brilhar quen-
te outra vez, o patinho feio sentiu que suas asas estavam
mais fortes.

Poderia sair dali. Ir para bem longe.

Disse para si mesmo:

- Ninguém sentirá a minha falta, não ser minha mãe. Mas
também será um alívio pra ela. Não precisará brigar com
meus irmãos por causa de mim. Acho que, se eu for em-
bora, todo mundo vai gostar.

E decidido, o patinho feio bateu as asas e saiu voando.

Foi voando, voando, voaaaando... Cada vez ficando mais



                                                          6
distante da sua terra natal.

Lá longe, viu que tinha chegado a um grande jardim. Três
lindos cisnes estavam nadando num lago. O Patinho feio
ficou olhando horas e horas a fio os cisnes.

Bem baixinho, resmungou:

- Eu queria ficar por aqui só pra ser amigo deles. São tão
bonitos.

Mas é capaz deles não quererem porque eu sou muito feio.

Ficou nesta indecisão até que teve coragem e disse:

- Mas não faz mal. Tenho que tentar. Se eu não tentar
nunca ficarei sabendo se eles vão ou não vão me aceitar.

Aí ele voou para a água e nadou bem ligeiro até os cisnes.

Mas também foi a sua surpresa quando ele olhou para bai-
xo, para o espelho da água e viu seu corpo refletido nela.

Que surpresa! Sua imagem nada tinha a ver com aquele
patinho feio, cinzento e desajeito que um dia tinha partido
da sua terra natal.

Na verdade, agora ele era tão branco e elegante como os
cisnes.

Sim, ele era um cisne. Pousou nas águas cristalinas do lado
e nadou feliz da vida! Todos orgulhos, não, deixava de olhar
sua imagem refletida na água. Era um lindo e elegante cis-
ne que nadava pelo lago, junto de outros cisnes.
 




                                                          7
As criancinhas chegaram no jardim e gritaram:



- Chegou um cisne novo!- exclamou a menina.



- Olha só como ela nada bonito - comentou o meni-
no de boné.



E aí a menina voltou a exclamar:



- Este que chegou agora é o mais lindo de todos!



O Patinho feio, que não era mais patinho feio, mas
um novo cisne, ficou até meio envergonhado com
os comentários das crianças e virou a cabecinha pro
lado; mas ele estava muito feliz.



Agitou as asas, curvou o pescoço fino e disse:



-Quando eu era um patinho feio nunca sonhei com
   tanta felicidade!
 
                     FIM




                                                      8
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  • 4. O PATINHO FEIO   Lá embaixo, na campina, escondido pela grama alta, havia um ninho cheio de ovos. Mamãe Pata deitava-se nele, toda feliz, aquecendo os ovinhos. Ela esperava com paciência que seus patinhos saíssem da casca. Foi uma alegria doida no ninho. Craque! Craque! Os ovinhos começaram a abrir. Os patinhos , um a um, foram pondo suas cabecinhas pra fora, ainda com as peninhas molhados. No meio da ninha- da, havia um patinho meio estranho, bem diferente dos outros. Uma pata gorda, a linguaruda do quintal, foi logo dizendo: - Mas o que é muito cinzenta e feia? Mamãe Pata ficou triste com o comentário da linguaruda. Aí ela falou: - Não vejo nada de errado com o meu patinho! - Eu vejo - disse a linguaruda, completando: - Nenhum dos outros patinhos é assim! 4
  • 5.   Alguns dias depois, Mamãe Pata foi se balançando lá para as águas do lago, com os patinhos atrás. Plaft! Ela pulou na água - e um por um, os patinhos pularam também. Nadaram que foi uma beleza. Até o patinho feio nadou com eles também.   Mas aí eles foram pro cercado dos patos. Os outros patos pararam e disseram: - Olha só, ai vem outra ninhada - como se nós fôssemos poucos! A pata gordo foi logo dizendo: - E como é feio o patinho do fim da fila! Olha só como anda todo desengonçado. Nós não queremos essa cosa feia aqui perto dos nossos filhos! Vai acabara pegando feiura em todo mundo! Um por um os patinhos avançaram pro patinho feio com ar de desprezo. Beliscaram do seu pescoço e depois o empurraram para fora do cercado. Até as galinhas vieram para ver e começaram os pintinhos a implicar com o patinho feio. Coitado do patinho feio. - Feio não! Horroroso! - gritava a pata gordo pra todo mundo. Mamãe pata sempre vinha defender o seu patinho feio. Xingava todas as aves que implicava com patinho, mas de 5
  • 6. nada adiantava. Cada vez mais os bichos caçoavam de seu filhinho. Todo dia era a mesma coisa. Era muito difícil para o patinho Feio escapar das gozações e implicâncias.   Aí chegou o inverno. Os dias iam esfriando e o patinho feio teve que nadar na água gelada porque tudo era gelo em volta dele. Ninguém veio dar carinho pra ele, a não ser sua mãe, e aí ele, muito triste, comeu muito pouquinho e ficou muito fra- co. Poucas penas cresceram pelo seu corpo magrelo. Ficou de corpo encurvado e pescoço pelado. Até parceria que a natureza estava contra ele naquele inverno.   Mas com a primavera, quando o sol começou a brilhar quen- te outra vez, o patinho feio sentiu que suas asas estavam mais fortes. Poderia sair dali. Ir para bem longe. Disse para si mesmo: - Ninguém sentirá a minha falta, não ser minha mãe. Mas também será um alívio pra ela. Não precisará brigar com meus irmãos por causa de mim. Acho que, se eu for em- bora, todo mundo vai gostar. E decidido, o patinho feio bateu as asas e saiu voando. Foi voando, voando, voaaaando... Cada vez ficando mais 6
  • 7. distante da sua terra natal. Lá longe, viu que tinha chegado a um grande jardim. Três lindos cisnes estavam nadando num lago. O Patinho feio ficou olhando horas e horas a fio os cisnes. Bem baixinho, resmungou: - Eu queria ficar por aqui só pra ser amigo deles. São tão bonitos. Mas é capaz deles não quererem porque eu sou muito feio. Ficou nesta indecisão até que teve coragem e disse: - Mas não faz mal. Tenho que tentar. Se eu não tentar nunca ficarei sabendo se eles vão ou não vão me aceitar. Aí ele voou para a água e nadou bem ligeiro até os cisnes. Mas também foi a sua surpresa quando ele olhou para bai- xo, para o espelho da água e viu seu corpo refletido nela. Que surpresa! Sua imagem nada tinha a ver com aquele patinho feio, cinzento e desajeito que um dia tinha partido da sua terra natal. Na verdade, agora ele era tão branco e elegante como os cisnes. Sim, ele era um cisne. Pousou nas águas cristalinas do lado e nadou feliz da vida! Todos orgulhos, não, deixava de olhar sua imagem refletida na água. Era um lindo e elegante cis- ne que nadava pelo lago, junto de outros cisnes.   7
  • 8. As criancinhas chegaram no jardim e gritaram: - Chegou um cisne novo!- exclamou a menina. - Olha só como ela nada bonito - comentou o meni- no de boné. E aí a menina voltou a exclamar: - Este que chegou agora é o mais lindo de todos! O Patinho feio, que não era mais patinho feio, mas um novo cisne, ficou até meio envergonhado com os comentários das crianças e virou a cabecinha pro lado; mas ele estava muito feliz. Agitou as asas, curvou o pescoço fino e disse: -Quando eu era um patinho feio nunca sonhei com tanta felicidade!   FIM 8
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