Este documento apresenta um estudo sobre a percepção ambiental da comunidade escolar sobre a Reserva Ecológica do Taim no Rio Grande do Sul. O estudo analisa as representações sociais dos moradores locais sobre o meio ambiente através de entrevistas e questionários aplicados. A pesquisa busca entender como a comunidade enxerga a relação entre o homem e a natureza na região da Reserva.
1. A PERCEPÇÃO AMBIENTAL SOBRE A RESERVA
ECOLÓGICA DO TAIM: UM ESTUDO A PARTIR DAS
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DA COMUNIDADE
ESCOLAR.
Marcelo Gomes de Oliveira1, Vilmar Alves Pereira2.
Introdução
No contexto atual de um mundo globalizado, o ser humano deixa de ser
elemento do meio natural e passa a ser dominante da Natureza. O equilíbrio do meio
natural sofre grande mudança insensível. A conservação e funcionamento dos
ecossistemas crescentemente depende da relação entre o homem e meio em que está
inserido. Dialogar as questões ecológicas e ambientais no contexto da comunidade
escolar é buscar entender como se dá essa relação entre o sujeito e o ecossistema que o
cerca.
Esta pesquisa teve como objetivo escutar a voz daqueles sujeitos que vivem na
Reserva Ecológica do Taim, na Vila da Capilha e assim pensar a partir disso com os
saberes empíricos pode ser de extrema valias para buscarmos alternativas sustentáveis e
coerentes para alguns problemas que hoje comprometem a biodiversidade do Banhado
do Taim, Assim como coletar dados para uma análise da multiplicidade das realidades
dos sujeitos envolvidos no contexto em questão, tendo em vista que o trabalho
pedagógico com a questão ambiental concentra-se no desenvolvimento de atitudes e
posturas éticos e no domínio de procedimentos mais do que na aprendizagem restrita de
conceitos, a escola se torna um ponto chave em todo esse processo. Discutir a relação
homem-natureza é a principal investigação dessa proposta. A região ocupa uma estreita
faixa da Planície Costeira do Rio Grande do Sul, entre Laguna Mirim e Oceano
Atlântico. Uma área com cerca de 33.800 hectares constitui a Estação Ecológica do
1
Acadêmico do Curso de Ciências Biológicas Licenciatura da Universidade Federal do Rio Grande –
FURG. (marcelobiosul@hotmail.com)
2
Doutor em Educação, Professor e Pesquisador no Instituto de Educação e nos Programas de Pós-
Graduação em Educação e Ciências e Educação Ambiental da Universidade Federal do Rio Grande –
Brasil. (vilmar1972@gmail.com)
1
2. Taim, criada em 1978. Área prioritária à conservação da biodiversidade (MMA, 2000),
núcleo da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (UNESCO), loca de grande
diversidade ecológica e cultural. Para conservado é importante despertar nas
comunidades que ali vivem a emoção e a responsabilidade de tornarem-se guardiã a
todos elemento ali presentes e que dão sentido as suas vidas. Logo se percebe que o
olhar sobre Áreas de Preservação, é uma demanda atual. É consenso na comunidade
internacional que a educação ambiental deve estar presente em todos os espaços que
educam os cidadãos.
O Taim destaca-se como a zona mais rica de aves migratórias aquáticas da
América do Sul, disponibilizando abrigo para alimentação e reprodução dessas espécies.
No Taim há mais de 200 espécies de vegetais, que convivem com as 220 espécies de
aves, 21 répteis, 51 peixes, 28 mamíferos, diversos crustáceos, moluscos e insetos que
interagem com microorganismos indispensáveis para a manutenção da vida (NEMA
2004).
Nesse estudo levantam-se as seguintes hipóteses: Uma delas é de que a
comunidade escolar desconhece o significado do termo meio ambiente, ou sabem
apenas o conceito do livro didático. A outra é de que as pessoas acabam criando um
siguinificado próprio e vago para meio ambiente e que muitas vezes é àquele
reproduzido na mídia e meios de comunicações, ou seja, são as representações sociais
que dão origem a nossa forma de interpretar o que é meio ambiente. A falta de
estratégias e projetos em Educação Ambiental também estaria afetando de forma
significativa essa realidade.
Esta análise será apresentada em três momentos; um primeiro momento este
trabalho terá um enfoque teórico onde serão consultados vários autores e pensadores
sobre a temática como: Marcos Reigota, Ricklefes, Duvigneud, Pierre George. Depois a
pesquisa será voltada para o estudo da Vila da Capilha, e a realidade que se encontra
atualmente. No terceiro momento colocaremos as diversas interpretações das entrevistas
e relatos vindos dos atores dessa narrativa. Por fim, considerações finais e proposta de
intervenção.
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3. Metodologia:
Podemos atribuir inúmeras definições sobre o que é meio ambiente. Entretanto
devemos distanciar brevemente o radical meio do sufixo Ambiente. Segundo o autor
Reigota, ambiente é “Um lugar determinado e/ou percebido onde estão em relações
dinâmicas e em constante interação os aspectos naturais e sociais. Essas relações
acarretam processos de criação cultural e tecnológica e processos históricos e políticos
de transformação da natureza e da sociedade”.(REIGOTA, 1995)
Nesta definição fica implícito que:
1 - Ele é "determinado", quando se trata de delimitar as fronteiras e os momentos
específicos que permitem um conhecimento mais aprofundado. Ele é "percebido"
quando cada indivíduo o limita em função de suas representações sociais, conhecimento
e experiências cotidianas.
2 - As relações dinâmicas e interativas indicam que o meio ambiente está em
constante mutação, como resultado da dialética entre o homem e o meio natural.
3 - Isto implica um processo de criação que estabelece e indica os sinais
de uma cultura que se manifesta na arquitetura, nas expressões artísticas e literárias, na
tecnologia, etc.
4 - Em transformando o meio, o homem é transformado por ele. Todo processo de
transformação implica uma história e reflete as necessidades, a distribuição, a
exploração e o acesso aos recursos de uma sociedade.
A definição de ambiente para o ecólogo Ricklefs (1984) permeia os campos de
saberes das Ciências biológicas, pois define meio ambiente como: “o que circunda o
organismo, incluindo as plantas e os animais, com os que ele interage”. Podemos
observar que para a o ecólogo o ambiente é o lócus onde possibilita a existência da vida.
Neste local as plantas, os animais e os microorganismos representam diferentes papéis
nos sistemas ecológicos. (RICKLEFS, 2003).
Nesse contexto o ecólogo Duvigneud (1984), diz que: “é evidente que meio
ambiente se compõe de dois aspectos. Meio Ambiente abiótico físico/químico e meio
ambiente biótico.
Já o dicionário Enciclopédia de Psicologia define o meio ambiente: o que circunda o
indivíduo ou grupo. A noção de meio ambiente engloba ao mesmo o meio cósmico,
geográfico, físico e o meio social, com suas instituições, sua cultura, seus valores. Esse
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4. conjunto constitui um sistema de forças que exerce sobre o indivíduo e nas quais ele
reage de forma particular, segundo seus interesses e suas capacidades.
Para o geógrafo Pierre George (in Giollito, 1984) o meio ambiente é ao mesmo
tempo uma realidade científica, um tema de agitação, objeto de grande medo, uma
diversão e uma especulação.
A partir do exposto, pode se afirmar que a definição de meio ambiente é ampla e
interdisciplinar, e que a problemática ambiental não pode se reduzir só aos aspectos
geográficos e biológicos de um lado, ou só os aspectos econômicos e sociais de outro.
Nenhum deles isolados possibilitará o aprofundamento do conhecimento sobre essa
problemática.
A Constituição Federal de 1988 prevê, em seu artigo 225, o direito de todos ao
meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo, essencial à
sadia qualidade de vida, impondo ao poder público, e a Coletividade o dever de
defendê-lo para as presentes e futuras gerações. Assim como o Artigo 170, inciso III e
VI instituem a livre iniciativa e a defesa do meio ambiente, que são aspectos do
desenvolvimento sustentável, cuja definição clássica baseia-se, no desenvolvimento que
atenda as necessidades do presente, sem comprometer a capacidade de as futuras
gerações atenderem suas próprias necessidades.
Para Marcos Reigota a educação ambiental deve orientar-se para a comunidade,
deve procurar incentivar o indivíduo a participar ativamente da resolução dos problemas
no contexto de realidades específicas. Os cidadãos do mundo atuando nas suas
comunidades, é a proposta traduzida na frase de muitos ambientalistas.
“PENSAMENTO GLOBAL E ATUAÇÃO LOCAL.” Assim a Educação ambiental
deixa de estar inserida nas áreas biológicas, e passa a cooperar com as diversas áreas do
conhecimento. Conforme o que o autor coloca a educação ambiental deve ser entendida
como educação política, no sentido que ela reivindica e prepara os cidadãos, para exigir
justiça social cidadania nacional e planetária, autogestão e ética nas relações sociais e
com a natureza.
Nas ciências sociais o estudo das representações sociais remonta ao estudo do
século passado e fundamentadas no trabalho de Émile Durkhein. Autor considerado
marco na sociologia. Segundo ele nada ou quase nada escapa das configurações sociais,
ou seja, a sociedade age sobre seus indivíduos e por conseguinte sobre o meio ambiente
independente da vontade desses. Seguindo esse raciocínio estudar as representações
sociais sobre a concepção de meio ambiente da comunidade escolar do Taim, é
4
5. desvendar o modo de pensar, e as próprias práticas dos alunos, dos professores e dos
moradores diante suas ações na Reserva Ecológica. Para isso a importância de
definirmos o que é meio ambiente, conforme seus diferentes olhares.
O que vem em mente quando falamos em Taim?
Um lugar de imensa beleza paisagística e cheio de vida. Na sua imensa gama de
diversidade de formas e adaptações. Um ecossistema peculiar cuja manutenção depende
de um ambiente vivo, em uma dança de modificações contínuas e de inter-relações no
fluxo e refluxo de energia da Mãe-Terra. Ventos sopram do Nordestes. Ventos sopram
do Sul trazendo o ar gelado do Uruguai. A Lagoa Mirim, fonte de riqueza e alimento
para a comunidade que ali vive. Fonte de água para a agricultura e produção de grãos.
Lagoa Mangueira, que serve de abrigo e refúgio de milhares de aves que migratórias
que delas tiram o nutriente para seguir em sobrevoada. Areia. Dunas. Marismas. Flora e
fauna em harmonia. Atividade humana. O potencial biológico é fantástico.
A Vila da Capilha, município de Rio Grande, é um dos maiores agrupamentos
humanos mais antigos da região. Os testemunhos da história e da vida das pessoas,
estão registrados na Igreja da Capilha, nas casas Comunitárias, na comida, no linguajar,
nas vestimentas, nas lendas e mitos, nos botes que colhem as redes, nas taipas dos
campos de arroz, na lida com o gado, no golpe do matungo, no grunhido do capincho e
na liberdade da vida selvagem.
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6. Os moradores que vivem na Capilha são extremamente hospitaleiros e
compreensíveis. A maioria deles tem ciência e juízo claro que habitam um lugar de
importância ecológica a nível global. Já estão habituados a receberem pesquisadores e
estudantes de muitas universidades que por ali passam e ficam maravilhados com o pôr-
do-sol na Lagoa Mirim, e principalmente com a mística e segredos que a Igreja nos
revela quando a avistamos pela primeira vez. Revelo que fui uma das vítimas
hipnotizadas pela magia desse amigo lugar no Sul do Brasil, e motivo pelo qual nos
instigou a realizar a presente pesquisa.
Figura 1: Igreja da Capilha
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7. Contextos da Reserva, realidade atual.
A IUCN (União Mundial para a Conservação) recomenda que sejam protegidos,
pelo menos, 10% do território de cada país pra que se assegure minimamente a
conservação da biodiversidade no médio e longo prazo. Segundo informações do
ICMBIO, o Brasil mantém 8,2% (77 milhões de hectares) do seu território protegido
sob forma de Unidade de Conservação.
A Reserva Ecológica do TAIM sobrevive aos impactos da pecuária extensiva.
Essa forma de produção acarreta no pisoteamento do solo com vegetação nativa que
serve de abrigo para aves que nidificação no chão, além disso, esse bioma é habitado
por peixes anuais que depositam suas ovas e que também dependem dos ciclos de cheia
e seca do banhado.
A Lagoa Mirim é largamente utilizada como fontes hídricas para aguar os
arrozais, esses que por sua vez, são contaminada pelos pesticidas, agrotóxicos e
desfolhantes sintéticos amplamente utilizados pela agricultura convencional. Esses
produtos químicos têm elevado espectro de atuação. Apresenta efeito genotóxicos e
causa diversos problemas para a saúde de quem os consome, neste caso a espécies de
Plantas e animais pois integram a Teia ecológica.
Figura 2: Biodiversidade local
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8. Pesquisa de campo
A pesquisa qualitativa trabalha com siguinificado, motivações, valores e crenças
e estes não podem ser simplesmente reduzido as questões quantitativa, pois respondem
a noções muito particulares. Entretanto os dados quantitativos e qualitativos acabam se
complementando dentro da pesquisa. (MINAYO, 1996)
Nesta análise estaremos apresentando os resultados da pesquisa de campo,
realizada na Vila da Capilha, comunidade que vive na Reserva Ecológica do Taim. O
objetivo da aplicação dos questionários foi a compreensão e o estudo contextualizado
das percepções ambientais da comunidade. Foram desenvolvidos dois tipos de
questionário; O primeiro direcionado a crianças da Escola Municipal de Ensino
Fundamental Profº Aurora Ferreira Cadaval, o qual engloba uma questão, e propicia que
a criança se expresse em forma de desenho. O segundo questionário para os morados
com três questões que permite aos colaboradores expressem suas opiniões.
2.1. Questionário direcionado a Escola:
1) O que você entende por meio ambiente?
2) Desenhe o ambiente em que você vive:
2.1.1 Meio Ambiente para as crianças
Considerável número das crianças pesquisadas possui opinião sobre meio
ambiente ligada aos animais da do local. Para elas meio ambiente são os pássaros que
vivem ali, são os peixe pescados, gatos, cavalinhos e vaquinhas. Notamos que desses
animais que eles possuem no plano das idéias são animais domesticados, e que os
animais selvagens não estão ainda familiarizados ao contexto ambiental. Podemos
perceber uma opinião que confirma nossa primeira hipótese, Algumas crianças
apresentam dificuldades em conceituar meio ambiente, todavia outra menininha não
define o que é. Ana Julia fica em silêncio quando questionada sobre o que entende por
meio ambiente. A professora estimula que ela diga que meio ambiente seja a água da
lagoa e os bichinhos que vivem lá. Ana Julia comenta que “há muito tempo houve uma
queimada ali Taim, então ficaram alguns dias as cinzas e as nuvens de fumaça no céu, e
8
9. isso não era bom para as capivaras e filhotes de capivara, pois o fogo havia queimado o
pasto que servia de alimento para a capivara.”
Quando Cardosinho foi questionado o que para ele é o meio ambiente,
respondeu: “- A Gauga, cachorrinha lá de casa, está amamentando a 10 filhotinhos,
você, você pode ir lá tirar uma foto ou entrevistar meu pai”.
Foi constatado que a percepção que as crianças têm de meio ambiente ainda é
distante de uma natureza incluída em um espaço histórico e produto das atividades
humanas. Percebemos que ainda há distância siguinificativa de projetos em Educação
Ambiental para essa comunidade e que abracem principalmente as crianças que ali
vivem.
2.1.2 Desenhando o ambiente
Ao solicitarmos que as crianças desenhassem o siguinificado de meio ambiente,
Ana Julia foi a educanda que se destacou entre as demais coleguinhas. Rapidamente
entregou-nos sua obra em uma folha com a sua assinatura.
Ao analisarmos o trabalho dedicado da pequena menina, notamos que na base de
seu desenho está as águas da uma lago, que possivelmente seja a Lagoa Mirim.
Notamos a presença de Peixinhos na água e um barco sob as águas com ondinhas. As
ondas representam a agitação das águas da Lagoa Mirim, que por ostentar uma lâmina
d’água de extremamente grande, em dias de vento forte a Lagoa Mirim parece formar
ondas semelhantes as do Mar. Percebemos logo acima um helicóptero perto de seu
nome. Logo notamos alguns rabiscos que representam uma linda flor e uma bonita
árvore com seus frutos.
Visualizamos no desenho da Pequena Artista alguns pássaros sobrevoando o
cenário imaginado pela criança, e a presença de um Sol, Astro-Rei, sorridente e
irradiante no centro superior da folha, representado a energia suprema fonte da vida.
Percebemos que as crianças possuem uma visão coerente de meio ambiente
através de desenhos e esquemas, pois nesta análise notamos a relação dos elementos da
Natureza juntamente com elementos humanos. Constatamos que o trabalho lúdico é
uma importante forma para pensarmos novas formas pedagógicas para aplicarmos uma
educação ambiental que traga-nos belos resultados.
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10. Questionário direcionado aos moradores
1) Quais os pontos positivos de viver em uma reserva Ecológica
2) Quais os pontos que você considera negativo da Reserva?
3) Qual é sua definição de meio Ambiente
2.2.1 Pontos positivos de uma Reserva
Percebemos que as sujeitos entrevistados têm uma paixão e um sentimento de
pertença em viver na Reserva. Tânia destaca como pontos positivos “a tranqüilidade e
hospitalidade do povo, também que está em contato direto com a Natureza. Não
conseguiria viver em uma cidade com trânsito de ônibus e poluição dos carros. O
colaborador Pedro diz que “na Lagoa Mirim está o sustento da sua família, seu avô foi
pescador, seu pai , e ele também é pescador.” Juraci relata que mora na Capilha há mais
de 50 anos e é coordenador da Associação dos Pescadores, para ele morar na Reserva do
Taim é ver a presença de Deus todos os dias quando desperta para suas atividades
diárias.
Foram observadas várias opiniões, entretanto destacamos que os sujeitos
sentem-se ligados com o local que nasceram, viveram e criaram seus filhos. A maioria
deles(as) são pescadores e dependem da fartura da Lagoa Mirim
Figura 3: A pesca artesanal
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11. 2.2.2 Pontos negativos de viver em uma Reserva Ecológica
Foi escutado o relato de alguns pescadores que dependem da Lagoa. Eles
reclamam de problemas com o órgão fiscalizador. Relatam que os lavoreiros que
retiram água da Lagoa para os arrozais, não colocam a tela que impede a entrada de
alevinos e peixes pequenos, acarretando na sucção dos filhotes de traíra e jundiá para as
os campos, muitas vezes acabam morrendo no barro das lavouras por falta de oxigênio.
Relatam que o IBAMA muitas vezes acaba proibindo o pequeno pescador e
apreendendendo suas redes. Contudo não fiscaliza as bombas de sucção de água que
causa nocivo impacto ambiental a comunidade de peixe e em conseqüência disso a toda
a cadeia trófica.
Luiz Carlos declarou que a questão climática vem afetando o ciclo hídrico de
cheia e rasa da Mirim, que no inverno está calor e que esse quadro acaba cada vez mais
se agravando. Afirma que o homem não deveria provocar queimadas, ao contrário disso
deveria preservar a mata virgem.
Notamos que os sujeitos entrevistados têm profunda preocupação com Lagoa
Mirim, e que lutam por sua preservação.
Ao contrário dos demais, Maria diz que “as pessoas deveriam ter consciência ao
acelerarem seus carros na estrada que cruza pelo Taim, pois é inconcebível que não
visualizem as enormes capivaras atravessam a rodovia. Relata também a
responsabilidade do ICMBio em colocar as telas para que impeçam a travessia dos
animais.
Talita relata o descaso do Estado para com a Reserva, pois deveria haver mais
placas na estrada, e pessoas capacitadas e qualificadas para trabalharem na Taim.
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12. Figura 4: Atropelamento de capivaras
2.2.3 Qual é a sua definições de meio ambiente
Considerável número dos sujeitos pesquisados não apresenta definição clara
sobre meio ambiente. Assim para elas meio ambiente é Preservar a Natureza. Notamos
dessa forma que o siguinificado para a comunidade é semelhante aos slogans e
chamadas da televisão. Nesse sentido constatamos que são essas formas de pedagogias
culturais que acabam dando origem subconscientemente a nossa forma de interpretar e
ver o mundo em que vivemos.
Para Giroux (2003. P128) “a mídia produz imagens que preenchem a vida das
pessoas, especialmente crianças e jovens, de forma que condicionam seus desejos e
percepções. Na cultura contemporânea, em um panorama marcado pela onipresença da
mídia, estaríamos presenciando um processo permanente de regulação de significados,
valores e gostos, enfim, estaríamos sujeitos a processos educativos postos em ato pela
mídia, na medida em que ela “estabelece as normas e as convenções que oferecem e
legitimam determinadas posições de sujeitos.”.
Constatamos que os sujeitos da comunidade entrevistados desconhecem o que é
Educação Ambiental, alguns não possuem escolaridade e poucos sabem ler e escrever.
Quando Gilson é questionado sobre o que é educação ambiental logo solicita que
o não façamos perguntas referente a escola, pois freqüentou até a quarta série.
Podemos perceber uma opinião que confirma nossa primeira hipótese, pois todos
entrevistados relacionam meio ambiente a alguma elemento da flora e/ou fauna.
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13. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao expormos o desenvolvimento desta narrativa, nosso objetivo principal foi
escutarmos os diversos sujeitos e atores que vivem na Reserva Ecológica do Taim e
assim buscar uma postura dialógica para pensarmos futuros projetos eficientes em
Educação Ambiental. Deste modo levamos algumas hipóteses e suspeitas sobre o tema
que foram confirmadas ao longo do decorrer da pesquisa
Estamos convencidos que necessitamos de uma iniciativa em educação
ambiental condizente frente a importância da Reserva Ecológica do Taim como reserva
da Biosfera da Mata Atlântica (UNESCO),
Estamos propícios a acreditar que muitos dos entrevistados(as) não
compreendem o real siguinificado de meio ambiente, e acabam se referindo com uma
fala Preservacionista. Por esse motivo suas concepções acabam reproduzindo as
ideologias da mídia vigente.
Em relação aos questionários aplicados as crianças observamos que relacionam
meio ambiente a um animal domesticável que possuem contato. Notamos todavia que é
mais produtivo trabalharmos as questões lúdicas das crianças.
Estamos convictos da importância d a Lagoa Mirim para a sobrevivência da
Comunidade da Capilha.
Concordamos uniformemente com o Autor Marcos Reigota em que a educação
ambiental deve orientar-se para a comunidade e deve procurar incentivar o indivíduo a
participar ativamente da resolução dos problemas no contexto de realidades locais.
Acenamos positivamente para o sociólogo Durkhein quando nos diz que “as
representações coletivas traduzem a maneira como o grupo se pensa nas suas relações
com os objetos que o afetam. Para compreender como a sociedade se representa a si
próprio e ao mundo que a rodeia, precisa considerar a natureza da sociedade e não a dos
indivíduos. Constituem objeto de estudo tanto quanto as estruturas e as instituições: são
todas elas maneiras de agir, pensar e sentir, exteriores ao indivíduo e dotadas de um
poder coercitivo em virtude do qual se lhes impõe” Assim a temática da representação
social comparece ordinariamente na análise das ciências sociais referindo-se à imagem
do social, através da qual os indivíduos elaboram a compreensão do seu universo. As
construções do imaginário humano sobre o real exigem repensar de maneira constante o
caráter atribuído à relação entre mundo material e simbólico, entre o objetivo e o
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14. subjetivo, entre os fatos e a respectiva compreensão. Pensarmos o meio ambiente é
pensarmos o Eu.
3.1 Proposta de Intervenção
Definir meio ambiente junto a Comunidade escolar do Taim, facilitar oficinas de
educação ambiental para a Comunidade e principalmente junto a Associação de
Pescadores. Desta maneira pode-se realizar um trabalho de profunda relevância no
contexto da Reserva Ecológica.
Estreitarmos a distância entre Universidade e Comunidade, criarmos projeto de
extensão que viabilizem a atuação acadêmica na Vila da Capilha, principalmente com a
Ação Pedagógica voltada para a Educação Ambiental.
Buscar estratégias viáveis via poder público para a melhoria das Condições dos
Órgãos de fiscalização da Lagoa Mirim, impedindo que danos a biodiversidade do local
continuem acontecendo.
Enfoque da ação Pedagógica nas crianças da Escola da Capilha assim de fato
estaremos pensando/fazendo um futuro promissor com base nos princípios de ética,
pluralidade e sustentabilidade.
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15. OBRAS CONSULTADAS
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica.
Parâmetros curriculares nacionais: ensino médio.Brasília, DF, 1999.
GRAMSCI, Antonio. Concepção dialética da história. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 1986.
PORTAL BRASIL. Situação do Meio Ambiente. www.brasil.gov.br
MINAYO, Maria Cecília de Souza (org). Pesquisa Social: Teoria, Método e
Criatividade. 6a Edição. Petrópolis: Editora Vozes, 1996.
GIROUX, Henry. Atos impuros: a prática política dos estudos culturais. Trad.
Ronaldo CataldoCosta. Porto Alegre: Artmed, 2003.
DURKHEIM, Emil. As regras do método sociológico. Coleção Pensadores. São Paulo:
Abril, 1978.
LEONARDO BOFF. Ecologia – Grito da Terra, Grito dos Pobres. Editora Sextante.
JACOBI – Cidade, Meio Ambiente e Sustentabilidade.
LOVELOCK, JAMES – Gaia, cura para um planeta doente – Hipótese Gaia.
REIGOTA, MARCOS – Meio ambiente e representações sociais. Editora Cortez. São
Paulo. 1995.
FREIRE, PAULO. Pedagogia da Indiguinação
PENTEADO, HELOÍSA DUPA – Meio ambiente e formação de Professores
SATO, MICHELE. Biorregionalismo: Identidade histórica e caminhos para a
cidadania.
INTERATIONAL UNION FOR CONSERVATION OF NATURE -www.iucn.org
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