1. A HORA DA LUTA, DE ÁLVARO CARDOSO GOMES
A obra A Hora da Luta, de Álvaro Cardoso, publicado em 1999, é uma simbólica
remontagem da juventude estudantil brasileira no início da década de 60, que se
achava fortalecida por ideais revolucionários, imaginando uma transformação
mundial, sem miséria ou qualquer tipo de opressão.
Em sua desilusão com a falta de perspectiva que lhe era ofertada pela cidade de
Americana, no interior paulistano, em meados desta década, Roberto, um jovem que
apresentava 17 à 18 anos, decide mudar para a Capital de São Paulo, onde
coincidentemente também vai morar sua namorada Lúcia Helena. Órfão de mãe,
deixara seu pai em Americana, e tinha um irmão, Lelo, com residência nos Estados
Unidos.
Inicialmente vai morar com um amigo, o Batata, em uma academia de ginástica onde
este trabalhava, mas logo arruma um emprego extremamente burocrático no antigo
Banco Nacional, e resolve mudar-se para uma pensão. Sua namorada vai morar na
casa de sua tia Olívia, uma senhora muito séria e bastante conservadora. Lúcia presta
vestibular, e consegue obter o primeiro lugar no curso de Letras na USP. Roberto, ou
Beto, como queiram, começa a estudar no curso secundário, hoje conhecido como
ensino médio, no Colégio Caetano de Campos, onde conhece Valentim, um jovem
completamente revolucionário.
O estado de São Paulo enfrenta turbulências de todo país, às vésperas do golpe militar
de 1964. Beto passa a freqüentar a Universidade de São Paulo (USP), na Rua Maria
Antônia, lugar dos estudantes de esquerda, e com sua curiosidade, começa a
participar das reuniões secretas estudantis, mas sem perceber, aos poucos passa a
colocar a luta política dos estudantes, acima de sua vida pessoal, fazendo-o perder o
interesse pela escola, pelo trabalho, e impulsivamente, romper o seu namoro
com Lúcia. Conhece então a Fernanda, uma moça de idéias também revolucionárias,
que resolve iniciar perseguições pelo DOPS (polícia), por causa do seu engajamento
na luta estudantil.
Beto é despedido do banco, e tempos depois, encontra-se sozinho, sem emprego e
sem a garota que ama, daí, resolve então repensar sua vida... Passa a trabalhar
na Apostilaria do grêmio estudantil do colégio, e mais tarde, já conscientizado,
finalmente reata seu namoro com Lúcia Helena.
As imposições do sistema militar, realmente geraram crises discrepantes na sociedade
jovem da época, portanto, em sua linguagem convencional e estética, Álvaro
Cardoso, foi feliz conseguindo driblar algumas questões de caráter político, mas
evidenciando com classe, uma realidade de muitos jovens brasileiros nesse período.
Créditos: Sandro Nadine