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Secretaria de rstado ~os Negócios da [ducacão e Cultura
.. ARQUIVO PúBLICO DE ALAGOAS
MOACIR MEDEIROS DE SANT'ANA
CMA ASSOCIAvAO· CENTENARIA
... " ..,
'.
- 1966 -
·. MACEI()
,,
Governador do Estado
LAMENHA FILHO
Vice Governador
MANOEL SAMPAIO LUZ
Secretário da Educação e Cultura
Bel. BENEDITO HIBY CERQUEIRA
Diretor do Arquivo .Público de Alagoas
Bel. MOACIR MEDEIROS DE S.ANT'A..rJA
"l'lltlLICA<,:m:s J)() AR<~UIVO pl)JlLJC
Rua Ruy Barbosa, 15-B
Salvador· BA. •Cep 40.020-070
leis.: (71) 3243-538313322-4809
www.livbrandaosebo.com.br
e-mail: lbsebo@terra.com.br
UMA ASSOCIAÇÃO CENTENARIA
JOSÉ: JOAQUIM DE OLIVEIRA - o fundador da As-
sociação Comercial de Maceió. (Da fototeca do A. P.A.)
Sccret1ia ~e fstai is lelicios nfic1C11e Clltn
ARQUIVO PúBLICO DE ALAGOAS
MOACIR MEDEIROS DE SANT'ANA
UMA ASSOCIA~ÃO CENTENÁRIA
- 1966 -
MACEI O
.~..;..~·:,: ·.· :··· . .-·.
. ' ,.
. '
;.
SUMA Rio
NOTA INTRODUTóRIA . . . . . . . . . . 7
A MACEió DE 1866 . . . . . . . . . . . . . . . . 9
A ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DE lIACEló
ANTECEDENTES . . . . . . . . . . 53
SURGE UMA ASSOCIAÇÃO . . . . . . 59
DIRETORIAS DE 1866 A 1966 . . . . . . . . . . 69
NOTAS & FATOS
A CONSTRUÇÃO DO «PALACIO DO COMÉRCIO::. 83
O BOLETIM UA ASSOCIAÇÃO COMERCIAL . . . . 87
A BôLSA DE VALORES . . . . . . . . . . . . . . . . 89
NOTA INTRODUTõRIA
A história da centenária ASSOCIAÇÃO COMERCIAL
DE MACEió é a própria história do açúcar e do algodão
em Alagoas. Principalmente a do açúcar, que tem sempre
se constituído o termômetro das finanças do nosso Es-
tado, , _. ,_i. :r~l
Judiciosa, pois, é a afirmativa do economista con-
terrâneoHÚmberto Bastos, de que «os alagoanos vivem
a mercê das variações do mercado açucareiro, que regula
as f:!pocas ae fartura e iíe crise», e ainda, que «as revi-
ravoltas climatéricas, os golpes nos mercados, o vai-e-
vem da concorrência - tudo determina o sorriso ou a
caTa fecha.da, desde o usineiro, trabalhador e perseveran-
te, ao sertanejo analfabeto, estóico e esquecido». (*)
Abrangendo campo de pesquisa tão vasto, como é
o da história daqueles dois produtos, não poderíamós,
dentro do ano centenário da nossa Associação Comercial,
levantar o material, proceder a buscas e escrever um
trabalho substancial acêrca do assunto, mesmo porque,
no seu arquivo, a exemplo do que infelizmente acontece
com outras entidades, por incúria ou desinterêsse de Di-
reções do passado, nada mais resta do documentário
comprobatório da sua existência de lutas em prol dos
t•)• BASTOS Humberto. Açúcar e Algodií.o . Maceió, Casa Ra,.
malho Edit01'a1 1988, P • 7 . 8 .
interêsses dos seus associados e de tôda a coletividade
alagoana1 a não ser os livros de atas de 1921 até os
dias atuais e alguns relatórios também da fase mais re-
cente.
Daí havermos evoluído para a idéia da reconstitui-
ção tanto quanto possível completa e exata da capital
maceioense naquele longínquo aho de 1866, quando a
ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DE MACEió surgiu, se-
guida de um histórico dos seus primeiros anos de funcio-
namento, bem assim de alguns outros acontecimentos
posteriores, de maior vulto.
Apresentando aos possíveis leitores, o resultado das
nossas pesquisas, achamos de dever salientar que, jamais
poderia ser tentada esta emprêsa, não existisse o acêrvo
documental do iA:rquivo Público de Alagooas, onde fomos
encontrar todos os preciosos e indispensáveis elementos
utilizados na elaboração dêste ensaio retrospectivo.
·. -:",'.:
M.M.S.
A MACEIÓ DE 1866
,,,..
6
No ano que José Joaquim de Oliveira. fundou a nos-
sa. Associação Comercial, era de apen~. 437 habitan-
tes a população livre da cidade de Maceió, (1) distri-
buída ainda em área multo restrjta.
,,
Os atuais bairros de .@r(!gyá, Trª2_iche da Barra,
Pô~o, Bebedouro e Mangabeiras, - ainda não se falava
no Farol - -eram povoações ou arrabaldes afastados !32
perímetro urbano da capitª1, composto das ruas do Co-
mércio, a única então calçada, da Boa Vista, (atual Con-
selheh·o Lourenço de Albuquerque) Largo da Matriz,
(Praça D. Pedro II), ruas dia Rosário, (João Pessoa)
do Sol, (prolongamento da antiga do Rosário até desem-
bocar no Largo dos Martírios) ruas da Cambona, (Ge-
neral Hermes) da Afegria, (Joaquim Távora) do Açou·
gne, (Av. Moreira Lima) Pra~.a. do Mercado, (local onde
hoje se acha edificado o Ginásio do Colégio Estadual de
Alagoas) ruas Nova, (Barão de Penedo) do Livramento,
(Senador Mendonça) do Macena, (Cincinato Pinto) Pra-
r.a. da Continguiba., (Praça Deodoro da Fonseca) ruas
do Hiaspital, (Barão de Maceió) do Jôgo, (Voluntários da
( 1) MAPA geral dos alunos de instrução pública elementar...
datado de Sl jan. 1867, Anexo ao ReJ.a,t-Orio com que o
Exmo. sr. José Martins Pereira de Alencastre entregou a.
Presidência da Provir.:;.'a. das Alagoas no dia 10 de junho
de 18G7. . . Maceió, Tip. do Jornal Alaguano, 1868.
Pátria) dos Olhos d'Agua, (Cel. Mendes da Fonseca) do
Rêguinho, (Dias Cabral) do Cemitério, (Av. Santos Pa-
checo) Santa Maria, (Dr. Guedes Gondim) Augusia,
(Ladislau Neto) da Floresta, (Fernandes de Barros) do
Alecrim, (Barão de Alagoas) do Davi; (Melo Moraes) do
Palácio, (a do Comércio nas alturas dos prédios do IPA-
SE e IAPETC) da Bôca de Maceió, (Barão de Anadia,
em frente da estação da RFN) do Imperador e da Praia,
(Libertadora AJagoana) sem falar nos bêcos e travessas
esconsas da cidade, bem assim das ruas da Levada e da
Ponta Grossa, então habitadas quase por desordeiros e
assaltantes.
lAs principais ruas do atual bairro de Jaraguá eram
as da Saraiva, (atual Av. Duque de Caxias) da. Alfânde-
ga, (Sá e Albuquerque) da Igreja, (Barão de Jaraguá)
São Félix, (Silvério Jorge) Santo Amaro, (Uruguai) do
Amorim, (Cel. Pedro Lima) do Cafundó, (Padre IAmâ~­
cio) do Araçá, (Dr. Epaminondas Gracinda) do Jasmim,
(Praça Dr. Manoel Duarte) do Oitiuiro, (Avenida Ma-
ceió) da Cacimba, (Pernambuco) e do Bom Retiro, (Melo
e Póvoas).
Através de uma estatística difundida por 'Iomaz Es·
píndola, vem-se a saber que seis anos antes, em 1860,
contava o centro de Maceió com 74 ruas, 17 travessas e
2.398 casas, sendo 1.658 de telha e 545 de palha, acres-
centando ainda que das casas de telha apenas 53 eram
assobradadas.
Das mencionadas ruas «são sõmente dignas de se-
rem mencionadas a da Matriz ou de Pedro II. a do Co-
mércio, da Boa Vista, Augusta, Alegria e Martírios». (2)
( 2) ESPINDOLA, Tomaz do Bomfim. Geographi:i physiéa, p<>-
litica, história. e adminis:Xativa da Proincia das Ala-
goas... Maceió, Tip. do Jornal de Maceió, 1860, p. 24.
-10-
Na mesma fonte fomos encontrar os dados sôbre o
bairro de Jaraguá:
As ruas do bairro de Jaraguá são tôdas parale·
las ao Oceano; a da. Praia é a melhor e a única
que se acha calçada; calça.Jl!ento êste_ que foi feito
à custa dos proprietários do ..mes!JlO, lugfl.r.; são em
número de 9J contando 4 travessas, com 830 casas
178 de telha, sendo apenas 14 sobrados, e- 152
de palha.
Devia ser êste o mesmo quadro do ano de 1866, haja
vista ter até havido um decréscimo no número de edi-
fícios no periodo de 1860 a 1871, conforme poderá ser
comprovado cotejando-se aquêles dados com uma infor-
mação estatística concernente a êsse último ano, na qual
consta o número de 2.196 casas - 1.696 de telha e
500 de palha - em Maceió, excetuando-se Jaraguá, (3)
bairro oue em 1871 sofrera acréscimo no numero de ca-
sas - 350 - e- tãmbém no de ruas.
Das casas térreas e dos sobrados da nossa velha ca·
pital, nenhum dêles vinha do período colonial.
«Maceió - é Manuel Diégues Júnior quem escla-
rece - não chegou a conhecer de verdade a vida colo-
nlnl. Sua existência :nleSma começa com o fÍ:npério»:-de
forma que as linhas arauitetônicas das suas edificações
Etáo caracterlsticas do Segundo Reinado: «o gôsto pelo
nzulejo nas fachadas; nos enfeites no alto das casas -
rui pinhas, as figuras mitológicas, os abacaxis; as casas
Imprensadas umas nas outras quase sem ar, sem venti-
lação, contrastando com aquelas casas largas e cheias
( 3) ESP!NDOLA, Tomaz do Bomfim. Geographla alagoana.
ou descrição physica, política e histórica da Província das
Alagóas. Maceió Tip. do Liberal, 1871, p. 185.
-11-
de janelas do tempo da colônia; eis alguns dos traços
mais evidentes nos tipos de construção em Maceió». (4)
Acêrca de normas de edificação é esta postura da
Câmara Municipal de Maceió, (5) extraída do seu pri-
meiro Código de Posturas, aprovado por Lei provincial
n. 32, de 3 de dezembro de 1845, ainda em pleno vigor
no ano de 1866:
Tôda casa que de hora em diante se edificar ou
reedificar terá pelo menos dezoito palmos de altura.
As portas que se abrirem, bem como as janelas de
sacadas, treze palmos de vivo em altura e cinco e
meio de vivo em largura. As janelas de peitoril terão
oito palmos e meio de vivo em altura e cinco e meio
de vivo em largura.
Atravessando o município de Maceió, apenas exis-
tiam duas estradas gerais: a de Maceió à então Impera-
triz, hoje União dos Palmares. que se esticava quase
numa linha reta, e a mais importante das duas, a que
se dirigia desta cidade para Quebrangulo, internando-se
em Pernambuco, através da qual se fazia o movimento
comercial dos municípios por ela servidos: Pilar, Santa
Luzia do Norte, íAtalaia, Palmeira dos Indios e Assem-
bléia, a Viçosa dos dias atuais.
O seu estado de conservação era na época tão pre-
cário, que a Câmara Municipal de Maceió, em ofício de 19
( 4) DlltGUES Jt:TNIOR, Manuel. dl,lvolução urbana e social
de Maceió no período republicano>, in CRAVEIRO COS.
TA. Maceió. Rio de Janeiro, 1939, p. 200·2)1.
( 5). GALVÃO, Olimpio Eusébio de Arroxeias e ARAUJO, Ti-
búreio Valeriano de. Compilação das leis provinci.ail; daS
Alagoas de 1835 a 1872, Tomo II, Legislação e atos dos
anos de 1843 a 1850, p . 157 .
-12-
de dezembro de 1866, (6) declarava: - «Os melhora-
mentos que carecem essas estradas, e máxime da que
Rr dirige até o interior da Província de Pernambuco
Não inúmeros porque ela. só t.em de estrada o nome. (o
grifo é nosso)
Os pântanos proliferavam na cidade e, «pelo inverno
é um gôsto vê-los de diversas formas, gêneros e espécies
nus ruas Augusta, parte da do Macena, Alecrim, e outras
referidas nas posturas da ilustríssima», comentava irâ-
nicamente um repórter da época. {7)
Sery!çQ. de lir:!!peza públic~, como coleta de lixo,
por exemplo, !1ª2..hav.ia.
Os dejetQ_s humanos, que antes eram carregados em
barricas, principalmente pelos escravos, enterrados nos
fundos dos quintais ou atirad~ao mar, em 1866 já não
podiam ~r jogadqs em....qualquer ..canto, ao capriêliOãos
negros cativos. Em janeiro dêsse ano, Rafael Arcanjo
dn Silva Antunes, tenente reformado da. Guarda. Nacio-
nal e Fiscal da Câmara. Municipal de MMeió, em aviso
publicado em jornal da época, em que f.êz questão de
divulgar os seus «títulos», comunicava a todos os habi-
tantes da capital, sujeitos a posturas municipais, que
('Ontinuava proibido «o depósito de imundices e matérias
f<'cais dentro da cidade>, já que para isto havia_lugares
designados -«que são, no mar além do Hospital Militar em
procura dos Páus Sêcos, n'Agntl Ne_gra. em direção à
Ponta Gro~ depois da linha da Levada, ou serão se~
pultadoscõm a profundidade de um palmo, pelo menos,
1 0) CAMARAS MUNICIPAIS. 1865-1866 (Correspondência re-
cebida) Maço 23, Est. 18, do Arquivo Público de Alagoas
(A.P.A.)
f 7) O PROGRESSISTA. Maceió, 21 nov. 1866, Seção 4:Comu.
nicado>, p. 1.
-13-
e cobertos com terra no campo à margem do riacho
Maceió» . (8)
Era o que preceituava o artigo 12 da Resolução n.
386, de 8 de agôsto de 1861, que aprovava várias postu-
ras da Câmara Municipal de Maceió, de cujo artigo cons-
tava ainda o seguinte:
Os lixos poderão ser conduzidos a qualquer hora
do dia; as imundices e matérias fecais só à noite
dentro de vasos bem cobertos, para não incomodar o
público.
E vinham em seguida as penalidades para os que
infringissem o regulamento:
. ''
Os infratore.9 que forem forros serão multados
na quantia de cinco mil réis, e na falta do pagamen-
to dentro de quarenta e oito horas em dois dias de
prisão, e sendo escravos sofrerão doze palma.toadas e
o duplo na reincidência.. (9)
A limpeza das ruas estava a cargo dos seus habitan-
tes. É o que se depreende de uma postura (10) igualmente
em vigor naquele ano de 1866:
Os moradores desta cidade e seu têrmo serão
obrigados a ter limpos as testadas de suas casas,
sítios e fazendas até ao meio da rua. Os infratores
serão multados em dois mil ré:s.
( 8) O PROGRESSISTA. Maceió, 9 jan. 1866, p. 4.
( 9) GALVÃO, Olimpio Eusébio de Arroxelas. Op. cit. tomo
IV, Legislação e atos dos anos de 1860 a l867. Maceió,
Tip. Comercial de A. J. da Costa, 1872, p. 178.
(10) - -- Op. cit., tomo II, p. 160.
-14-
Agora uma outra pos~u.:;.:l, t~:1t~m curiosa, (11) a
~!"IJ>cito de incêndios:
• • .~ ti" - ,.._,... ~ "tl~,!l'~"'k-W(r.. 1
......... - 4N~;.~4~ • , ... •
. .· Quando haJa mccnd10 será. ob:igado cada vizi·
nho do quarteirão em que êle fôr e dos quatro la-
dos a mandar imediatamente, os qt~e -tiverem, um
esc~avo com um b:-ir r il ce água a. apagar o i;ncên·
<Uo; os quais se 11;1·c:;e:ita1ão a qualquer dos inSpe-
tores dos três quarteirões, que tor..u:.:·ão a rol o no-
me do escravo e do· senhor. Findo o ~ncêndio, o fis-
cal respectivo receberá do.9 inspetores de quarteirões,
os róis que tiverem feito e os que por êles constar
que não mand~ram um ,escravo, serã:o multados em
quatro ~il réis, salvo mostrando que tiveram justo
impedimento para assim fazerem.
E mais uma outra,, <;la mesma origem, e acêrca do
M1unto em foco:
Logo que fôr público o incêndio, estando a.s l1lAl!
às .escuras, deverão tôdas as janelas iluminarem-se.
desde o lugar onde principiar o concw·so destinado a
apagar o !õgo, sob pena de dois mil rêis de mulia.
A~ construções eram poucas ou nenhuma. já que
t «Prtlha de co~eiro é. Coisa econômica:-e de-.f.ácil _aqui-
t~lo~, ·prosseguia em irônicos comentários, o repórter
rn~nrionado linhas acima.
A edificação do prédio cuja pedra fundamental fô-
rtt lnnçada em 2 .de dezembro de 1847, a casa.. da _De-
~ft(.'Õ.0, depojs crismada com os nomes de Cadeia e Pe- ,
nltf'nciária, estava em andamento. A 9 de março de
HUifi a. Tesouraria da Fazenda da Província chamava
1111 GALVÃO, Olimpio Eusébio de Arroxelas. Op. cit. , tomo
II, cit. p. 169.
-15-
por edital, fornecedores para um alqueire de cal, areia
e tijolos de «11 polegadas de comprimento, 5 1/2 em
linha de largura e 1 1/2 de grossura>, (12) destinados
à conclusão da referida obra.
Na parte da frente do magestoso edifício, já então
concluída, funcionava a Câmara Munlclpe.1 de Maceió
e a denominada Casa do Júri.
Edificado se achava um raio do prédio do Hospital
de Caridade, depois conhecido como Santa Casa de
Misericórdia, sob a invocação de São Vicente de Paula,
cuja pedra fundamental fôra lançada em 7 de setem-
bro de 1851, a esforços do padre João Barbosa Oordeiro.
O Jardim Público do Largo da Matriz, inaugurado
nos fins da administração de José Martins Pereira de
Alencastre, em 1867, estava ainda sendo nivelado, pre-
parando-se o terreno para ser plantado, logradouro êste
que viria a ser <o único ponto de reunião e recreio que
se proporciona à população desta capital>. (13)
O serviço de encanamento d'água potávd do riacho
Bebedouro. cujo contrato fôra celebrado em 12 de mar-
ço de 1863, encontrava-se ainda em seu prin..:ír-10 «e a-
meaçado, de em princípio ficar. a não tomar·se sérias
providências», alertava um jornal da províncla (14)
E enquanto não chegava a ãgua do cenear.umento>,
os moradores de Maceió iam se servindo «d'áb•na das ca-
cibas do Pôço, da Cambona e dos arredores do ca-
nal da Ponta Grossa., dos rios Bebedouro e Fernão Vdho»,
(12) O PROGRESSISTA. Maceió, 12 mar. 1868. p. 4.
(lS) ALENCASTRE. José Martins Pereira de. Relat6rlo com
que entregou a Presidência da Provlncta das Alagnas no
dia 10 de junho de 1867. . • Maceió, Tip. do Jornal Alagoa.-
no, 1869, p. 14.
(14) O PROGRESSISTA. Maceió, 21 nov. 1866, p. 1.
-16-
) srndo que «de tõdas estas águas a melhor é a ~o
t'tnl.o Velho; segue·se a do B~bedouro, tou<.'..::: as d~ma1s
o 11orlvas» . (15)
lr.m virtude «das distâncias só a alta classe se sery!a
.. Agua do Fernão Velh<!..Jt do )lebedo~ro;. ~ clai;;.;e méd!~
ela Agua da Cambona. mediante a contnbmça0 de dez reis
r pote, mandando-a buscar por pessoa sua .:? ( • •• ) a
~ baixa bebe a do Pôço e dos arredores do canal
Ponta. Gross:t». (16)
As ruas da cidade, inclusive as do bali·:1.• de Jara-
pl, l'l'am iluminadas apenas por 120 lampeü-~; a .q;.iero-
1 nc, n «gaz kerosem», como V<'m grafado r;c ~dilal da
1~•ouraria da Província cm que chama os m~i;r~s~ados
Alll'rt•matação do custeamento cos mesmos, c.; ...·vmc.:o de
mensal para cada um lampeão a quanL" ck }í$500
IM». (17)
Cada um dos mencionados lampeões tkh:t a fôrça
ct cdez velas de cêra de seis em libra» ( ... 1 com ~tor­
rld 1 de polegada de largura,.. ( ... ) <corn;.'lvando-o~
1 rontratador bem limpos e acêsos, desde o e'5.:w·ccer ate
no ralar da aurora, e nas noite.; de luar tôd !. a ve: que
11111 estiver sôbre o horizonte». E' o QUt? <.:onsta do
Contrato da iluminação pública de Maceió (' Jaraguá»,
1 hmdo por Boaventura José de Castro e 1h.~'CÔ.>, em
l7 dP julho de 1866. (18)
11n1 ESPINDOLA, Tomaz do Bomfim. Geographla physle&,
clt. p. 27.
lltll - - Op. e loc. cit. nota anterior.
ltTJ O PROGRESSISTA. Maceió, 2 mar. 1866, p. 4.
081 RELATõRIO da Comissã.o de e:i.."rune da Tesourarln Pro-
vincial, anexo ao R·elntório com que ao Exm. Sr. Dr.
Gracillano Aristides do Prado Pimentel entregou a admini.11·
tração da Provincia. das Alagoas no dia 22 de maio de
1868 o Exm. Sr. Dr. Antônio Moreira de Barro:.l. Ma-
ceió, Tip. do Jornal Alagoa.no, 1868.
-17-
Mas, convenhamos! já era um progresso. e gr.md
co~parando-se com a epoca dos lampeões ali nt•nta<.los
azeite de peixe, substituídos pelos de «gás líquidoq e
1857.
: No ~no de 1866, além de serem poucos o~ l:;impeões
muitas vezes conservavam-se apagados, mesn.o llas noi
tes sem lua, mergulhando na e8curidão trechos inteiro
da ci~ade, da~d<? ori~em a reclamações dos que se aven
turavall? ~sair a noite naqueles tempos de re•.n:tament
cvoluntar10» para a Guerra do Paraguai, arris-..ando-se
encontraz: com o capitão Almeida ou com o.s majore
~Aea ~ Pmto, «dualidade recrutadora» a que aiu<le cert
JO~al1~ta da «Crônica hebdomadária» de o"!1:i:cJico d
capital·:·· (19) ·
~ ..... '
De ~~ ~os prejudicados pela escuridão, que se assi
nou <O_ .~mmigo das trevas», é o apêlo estamrado em O
Progr.essist.a de 19 de junho daquele ano de 2.~·~6:
JUSTO PEDIDO
.Ao Sr. Chefe de Policia, pedimos que: t1:11ce suas
~stas sôbre o péssimo serviço de iluT'1..<.o::ç!í.o desta
·cidade, po~ue há ruas inteiras que s.. t-1'nservam
durante tôda a noite às escutas e nAo .sabe.nos se é
por economia do arrematante ou se por tsUa dos en.
carregados de acender os lampeões, e como d"'seja.
mos andar sem perigo de quebrar as pernil.: ~1as gran.
des escavações de algumas ruas. . . Por i'•so não po.
demos ser indiferentes às faltas que todos n:-tam no
serviço, de iluminação.
O Palácio. ~o Govêmo e a sua Secretaria funcio-
navam em préd10 alugado, um palacete ilertt!nc.cnte ao
(19) O ~~O<;lRESSISTA, Maceió, 10 set. 1866, p. 2.
-18-
lt 1r.t0 de Jaraguá, demolido em 1940 para n.o local ~~!fi­
e •1··se o prédio do Instituto de Aposentadot-ia e r ensoes
<'loti Empregados em Transportes e Cargas (IAPETC? ,:-
Mas não era somente êste o único prédi•) a ·mere~r
umn referência. Outros existiam, dignos de regi$tro, ~o­
tn() o Palacete do Barão de Ja.raguá, no Largo da Maµ;iz,
1111t· servira de paço imperial em 1859, onde hoj.: i:~ ~chatn
111 lnla.dos o Arquh10 Público de ,Alagoas e a B•bliot.eca
1ublica Estadual; o do Mercado Públic.o, cuja P•~dra fun-
fl(lmcntal fôra lançada a l° de novembro de B48; e_ qu~
huJ<· não mais existe; o do Quartel da Trops ~:, ~~
mul:' atualmente se acha aquartelada a nossa l c.·ua" ~·
lltur vindo da época de Melo e Póvoas; o da Assemblem.
1A1gl~laLiva Pri;)vinc~, então ct:-nomin3:do «O Palacete»,
Pm cujo andar térreo funcionava igualmente a· Te-
mraria d~ Província - qu::! teve sua pedra in!cial lan-
lJ tla no dia 14 de março de 1850; o do Quartel de Polícia,
11
1lll1<.:lo onde estivera a Inspe~ií>a do Algodão,_ {pc.d~a fui;i-
d 1nwntal em 11 de março de 1851) em cup ~1l10 ho3e
1 1•rgue a Escola de Engenharia da Universij<tdz de Ala..'.'
t: 1·1; o da Cu.pit.a.nia_ do Pôrlio e Depósito ~e lla1!ei.ra_s do
11 "tu.do, concluído em 1859, ambos localrzad[ls eni_ Ja·..
1 11.'1; o da Alfândega,, que funcionava tamoc·t~: e;~ Ja;
1 1 tl''.I, em prédio alugado, já que de velho e ~wnvna~o
Iliido retirara-:>c cm 1865, e o do antigo farol, hoje
1 111nlido, que deu o nome no b<iirro do planalto U') Ja-
ut111!~n, e cuja primeira pedra fôra lançada a :2 do?. de·
lltbl'O de 1851.
CJnan~o à.:; ig:ejas, as principais eram a 'Mati~z de
Nns~t. 'Senhora dos P1~eres, qu<" teve a sua peJrq. fun-:-
fl uw•ntal lançada em 1840, pç-rmanecendo put.éJJ•. em
llct>rces até 1850, quando foram reiniciados 03 serviços,
11 1•n nove anos depois ser solenemente inaugut>lda. com
um Tc-Dcum, na ocasião da chegada de D. P<'Jro II a
M1c~ió a 31 de dezembro de 1859; a Igreja .J" Nos~a Se·
nhora da Rosário,:reconstruída em 1853; a de N0&sa Se- · ·
-19-
nhora do Livramenlo, então modesta capela e fi:;.almen
a de Nosso Senhor Bom J·esus dos Martírios.
Vale contudo esclarecer que não era e~t::t úfürna
magestoso templo dos nossos ruas, somente inaugura
e~ ~O, ~e outubro de_ 1881. Era uma pequenu c~pel
CUJO ~~1c10 da construçao datava de 1836, erigida no me
mo sitio onde se ergue a igreja atual, de onde e.n 11
março de 1~66 saiu uma procissão, que petcLrreu
~as da capital, com «um grande côro de an~o:, d m •
s1ca dos senhores caixeiros, uma guarda de homa e nã
pequeno número de fiéis». (20)
. ~avia ainda u~ outro prédio digno de r~::;1stro,
do ~n~co te~tro da cidade, - localizado na cniã,> i·11a d
Rosar~o~ hOJe terreno baldio - pertencente à Soci·:>dad
D~amat1ca P_articular Maeeioeme, o velho Tcutro
ceroense, entao em obras, já existente no a.~CJ de 183
conforme deixa transparecer o ofício dirigido a 5 de mar
ço do ref:rido ~no1 ao negociante inglês Diogo l>u;:ne
po; Francisco l>ias Cabral, Inspetor da Alfândega dt: Ma
ce~ó, no qual m~nciona haver sido vendido por .Ju~é Hei
(s1c) a Francisco Vieira. da Silva Lessa, «o theatr i qu
se acha colocado na rua do Rosário desta v::la.~. (21
E pensar que a cidade já tivera tr'3s i•_:,tro,.:;. «n·
efervescência dramática em Maceió! ( ... ) q1mndo tra
balharam ao mesmo tempo - o Maceioense. :mne:rv·
e Aurora . . .» (22) ·
{20) O PROGRESSISTA . Maceió, 12 mar. 1866
(21) REGISTRO do expediente da Alfândega de Maceió 1827
1841, apud. SANT'ANA, Moacir Medeiros de. Benedi
Silva e sua é1>0ea. Maceió, Ed. do A.P.A., 1966, p. 12.
{22) GALVÃO, Ollmpio Eusébio de Arroxelas. «Mace:r e
número 3». Ulário do Comércio. Maceió, 9 dez. 1861, p .
S (sob as iniciais G.A.E.O., inversão das iniciais do no-
me do autor.
-20-
Nos comentários ~nteriormente aludido~, dv j~rna­
lllita da «Crônica hebdomadária>, ao tratar _e1E rla ::.1tua-
cto do teatro de Maceió, le~brou a possib1h~:H'e ae s~
ujudar aquela sociedade particular, «para ~ª"...r a<> me
nos uma distração todos os meses para o pubhcc. - mas
qual! Basta-nos as descomposturas jornalísti2as para
roubar-nos 0 melhor tempo do nosso «spleen~, <•rr~mata
o chistoso jornalista.
E, por falar em diversão, lembramo-nos do Carna-
vnl, que, em Maceió do ano de 186_6 quase que apenas _se
limitara ao desfile pelas ruas da cidade, de ~~guns mas-
<•urus, de entre os quais uns bem car~c.te~izados e. d~
t'lr.gantes fantasias», deplorando o notic1ansta de JOr
mil da época, «que um festejo que tanto ~grada o povo
não estivesse compatível com a nossa capital, que J?Ode
'"'sta parte muito melhor desenvolver-se», aludindo
ndiante a um «baile mascarado que correu com a 1,!lC-
lhor ordem possível, finalizando às 2 horas da manhã».
(Z3)
A animação do Carnaval desapare:era com ~ .en-
lrudo então proibido por postura da Camara Mun~cipal
(24) 'aprovada por Resolução n. 262, de 8 de maio de
1854, da Presidência da Província:
(23)
(2~)
Flca vedado o prejudicial costume de entrudo,
sendo só permitido em substituição, o uso de másca-
ras pelas ruas nos três dias de carnaval com as far-
ças do costume, e bailes mascarados em casas, pre-
cedendo para as reuniões do:s bailes, permiss~o da
policia na forma da lei; os contraven'.ores e vende-
O PROGRESSISTA. Maceió, lS !ev. 1866, p. 2).
GALVÃO, Olímpio Eusébio de Arroxelas. Op. cit. Tomo
III, Legislaçãe e atos dos anos de 1851 a 1859. Maceió,
Tip. Comercial de A. J. da Costa, 1871, p. 370.
-21-
dores de e.laranjinhas> pelas ruas, ou que n:; expu.
serem à venda em casal!, pagarão a multa de cinoo
mll réí~ da cadeia. . . e o duplo nas relncld~nc~as .
- ... .. :
Mas o fato .é que, a desi'>eito da proibição, continua-
va-se a jogar, mesmo em desconhecidos, os limões de
cêra e as laranjinhas de que fala a centenária postura
municipal.
No dia 13 d~ fevereiro de 1866, houve quem criti-
casse, nas colunas do Diário das Alagou..~, o restabeleci-
mento do entrudo, apesar de prnibido pelas autoridades,
declarando qu~ no sábado, à noite, êsse «harba.rlsmo
fomava uma. atitude medonha.; Ilrincipalmente na. Dôca.
de Maceió, ruas do Imperador, Pra.ia e do Saraiva». (25)
Sómente as festividades religiosas, como as procis-
sões e as novenas no interior dos templos, seguidas dos
leilões de prendas, abrilhantados com as músicas das fi-
larmônicas, a queima de fogos de artifícios e outros di-
vertimentos no páteo da igreja, reservado aos cham3dos
festejos profanos, tiravam as recatadas e bem guarda-
das sinhàzinhas do aco::chêgo dos lares, levando-as a
misturarem-se com o povaréu anônimo da cidadezinha
mais do que provincian:i. Sim, porque a nta ficava
para os moleques! Era o pen.sarnento da época.
Já então existiam os famosos festejos extc:nos em
louvor ao Senhor Bom Jesus dos Martírios, a •Festa
dos Martírios>, a mais concorrida dentre as festas de
porta de igreja da capital, depois celebrizada em versos,
pelo poeta conterrâneo Virgílio Guedes, (26) naquele
(25) DttGUES Jú1'."IOR, Manuel. «Um século de vida social>,
ln Maceió ----: Cem anos de vida. da capital. Maceió, Oaso.
Ramalho Editôra 1989, p. 68.
(26) GUEDES, Virgflio. A Fe:ota dos Marti,rios. Ma~c 6, 'Im.
prensa Oficial, 193!, 23. p.
- 22
,f, '
• - ' u, ;_. - ~ l
. I j dt) Nossa Scnhnra do Ro~:ádo, existente
;ntiJ?a fotogra.ha da gre a. 'Himo plano à r.s·
cm 1866. O velho lampeão que apucc.e ciuase cm n . l A' P A.)
"nt1ruidade Jcl'ta loto (Da fototeca to ..quo•da, atesta a 0 "
•·'otografia do antigo farol dc.molitfo pouco depois de 1ª49, cuja !>edra
lunctamental fôra lançada em ~ de dezembro de ~e que em 1866
já guiava a-0s navegantes. (Da fototeca do A.P .A.)
no de 1866 iniciada com o novenário no dia 19 de
1gôsto. - .,
De tais festejos fomos encontrar saborosa descri-
~Cio por jornalista que escrevia em um dos periódicos
mnccioenses.
Depois de descrever a iluminação no páteo onde se
1 11llzavam os festejos externos, iluminação que enchia
de «luz o vasto quadrilátero, por onde se derramam on-
dnR de harmonia de uma banda de música», o nosso
cronista alude às «facécias do leiloeiro, o riso, a graça,
1 rachinada da molecagem a acotovelar-se, a assobiar, a
pt'l•clpitar-s.e em ondas paro. qualquer parte a que os
uuh o seu chefe; o farfalhar das sêdas que se roçam;
o rumorejar dos balões que se chocam; o cheiro dos per-
rum,•s que se aspiram; o chiste das pilhérias que se jo-
nm; o ondular das cabeças que se atopetam; a alegria
QUl' ~e divis::i. em milhares de semblantes; todo êsse pouco
dt tudo que se vê nas grandes festas, inebria o coração
<ln homem mais apático e misantropo, e enche-o de um
nulo prazer; porque santo é o motivo dêle». (27)
O piano era então o instrumento da moda, o prefe-
1lo, e de imprescindível p:csença nas residências mais
IJrtstadas.
Para suprir o repertório musical das sinhàzinhas,
1 cstwa. na rua do Comércio, n. 39, a loja do portu-
1't~s José Gonçalves Guimurãcs, onde podiam ser encon-
t1•odas «walsas, polcas, schottischs e outras músicas de
õ to , conforme anúncio de dezembro de 1866. (28)
E, se o pi.ano desafinava. em janeiro de 1866, pelo
nwnos, podia-se recorrer a Alberto Grnnfcld, que se di-
0171 O PROGRESSISTA. Maceió, 27 a.gô. 1866, p. 2.
t:IR) Idem. Maceió, 11 dez. 1866, p. 4.
-23-
4!:ia fabricante e afinador de pianos, e que avisava en·
contrar-sc em Maceió, «para os misteres da sua profis-
são>, podendo ser procurado a qualquer hora na loja
n. 42, do relojoeiro Albert-O Ascoff, (29) de nacionali-
dade alemã, que em junho seguinte associou-se com ou-
tro colega de profissão, o francês Antônio Fabvre .
...uo piano - mforma Manuel Diégues Júnior - a
influência em Maceió foi grande. Aprendia·se em tôdas
as casas; mocinhas tocavam valsas românticas, polcas
sentimentais. Êle trouxe à vida de Maceió uma verda-
deira revolução . Sua entrada nas salas provincianas
marcou uma êpcca. E surgem então os recitativos ao
som da «Dalila»; as môças cantam árias ou mesmo val-
sas acompanhadas pelo seu professor ou por algum pia-
nista», arremata o historiador da nossa vida social. (30)
Em 1866 não existiam os chamados fortes de São
Joio e São Pedro, construídos no Govêrno llek> e Póvoas,
o primeiro dêles cm a pedra fundamental lançada em
13 de maio de 1819.
Em 3· :ie aezembro do citado ano de 1866 foram
expostos à arrematação pública «os diversos reparos das
peças que se achavam no forte>, bem como <trinta quin·
tais d2 carvão de pedra existentes no forte de S. Pe~J.·o
cm Pajussara», conforme edital da Tesouraria da. Fa-
zenda Provincial. {31)
O tradicional Liceu Alagoa.J:.t:>, na época ora deno-
minado Liceu de Maceió, ora Liceu Provincial, contava
17 anos, criado que fôra em 5 de maio de 1849, e fun-
cionava em um velho edifício de taipa, no Largo da
(29)
(80)
(81)
O PROGRESSISTA. M-aceió, 2 jan. 1866. p. 4.
D~GUES JúNIOR, Manuel. «Um século de vida sozlai>,
clt. p. 71.
O PROGRESSISTA. Maceió, 81 dez. 1866, p. 4
-24-
t bém alojadas a Biblioteca
~!ntriz, onde _se. achava~ ~ria Geral dos Estudos da
l 'úbli.ca. Prov1~Cial e a ns:.':sentemente se encontra ecli-
Provincia, ~º. 1ocal on
1
de. P. Fiscal do Tesouro Nacional.
ficado o oredio da De egac1a
- eis os lentes do Liceu nesse período: Dr.
..t!.f".UU s · d 1 (Geografia) ; Padre Manoel
Tomaz do Bomfim ~i;:n .
0
a.(Latim) . Dr. Possidônio de
Amâncio das ~ores 3.;s . Dr Jo~é Alexandrino Dias
Carvalho More.tra (Frances) • : s (Português)
r ). J sé FranctSCo oares
d~ Moura. (Ing :s. • B~l.. d Cunb.a (Geometria). (32)
l' Dr. Jose Antôruo iM•L'il. a . .
. 1866 unicamente exlStlam
De caráter particular, e~ , io Nossa. Senhora
dois educandários ei:i Mace10, ºar~ol~cninas fundado a
da. Conceição, excl~~~~me~~~i~do pela Professôra Afra
7 a.~ setembro de d : lecionado o português, fran-
Pe"eira Branco, on e eia . . S"o Domina-os desti-• · · · o Colcgto ... ~ ,
cês, geografia e mu~1ca, e 5 a· 'sto de 1863 e diri-
. os criado em e ago
nado a merunh ' .d Professor Domingos Bento da Moe-
gido pelo con e.c1 0
d li 0
português latim, fran-
da e Silva, lec1onan o-se a ' '
c·ês, inglês e música· , .
•ht de 1866 êssc último educandar10 c~-
A 5 de ª?º"' 0
u 39 aniversário, com lada1-
nll'morou festivamente o seuza Frnncisc1;> Peixoto Duar-
nha cantada ~los padres CSo ta , asslS·tida por inúmeras
ln, · Jn<>nwm da os 1 al ·
te e a.e.•:> ..,_. , • ntrc elas o Presidente, em
outoridades da Provincia, e . dadc Após o ato reli-
. "ssoas de nossa soc1e < • • •
cl<' outras P" ._ nl antaram diversas arias e cava-
gloso, «muitas se 1or%s c. alrrumas quadrilhas e lan-
tlnas», dan~~ndo·se. cyo~a ~prensa da época. {33)
cciros», noticia um orgao
(Corrcsp . Recebi-INSTRUÇÃO PúBLICA. .l!365/1866.
<32) p A
da). Maço 16, Est. 5, do A. . .
(S3) O PROGRESSIS'rA, Mncció, 6 o.gõ. 1866. p. 2)
-25-
Escolo.s publicas de primeiras letra · dentro do pe-
rímetro urbano da cidade, funcionavam seis, sendo três
para o sexo masculino e as três restantes para o femi-
nino.
Os meninos estuciavam com Camilo Lel-es Pereira
da. Oasta, na ma do Livramento, que tinha 189 alunos
matriculados na sua escola, ou com lU:mocl Joaquim de
Mora.es, na rua Augusta, com uma matrícula de 159 alu-
nos, ou então com SHvesfre Antôn'.1:> dos Sanfos Júnior,
no Largo dos Martírios, que lecionava a 69 meninos.
Já as meninas frequentavam a escola da profcssô-
ra '.l'crezi Marla cb O:>sta Espinoza, na rua da Boa Vista,
cujas sa,Jas de aula eram frequentadas por 68 alunas; a
de Jooof2, Pereira Bastos, na rua do Macena, com 67 nlu-
no.s matriculadas, ou finalmente a de Rit~ 1.-eopoldina de
Mesquita Soa:.-cs, onde se achavam m:itriculadas 58 alu-
nas. (34)
Como seria o mobiliário de urna desso.s escolas pri-
márias?
Em um antir:o Rclat6rio do Insoetor dos Estudos
da Província o D·r. Tomaz do Bamfhn Espínciola, (35)
fomos encontrar, dcvidzmente rclacion:.idos, todo:; cos
objetos que devem compor a mobília de uma escola pú-
plica de primeiras l~trGS:.>:
(34) MAPA geral <las ccco!as do e-:i!:lr.o pr·már:o da Prov·ncia...
d:i.tado de 31 j:m. 1867, in RELATôRIO com que o oxmo.
~r. Jocé Martins Perefra de Ale!lc-ns~re c:1.rcgou :i Pre-
sidênch da Província das Alagoas no dia 10 do jtmho de
1867, cit.
(85) RELATôRIO da Inspeto1ia Geral dos Entado.':1 da Provfn-
cia, 31 do janeiro de 18G7, in Relatório crun que o oxm. sr.
José Martins Pcre:ra de Alcncastre entregou a pre11tdancia
da Pz·ovfncia d;;i.s Alagoas no dia. 10 de junho de 1867 cit.).
- 26
m uma carteira.lº - Um estrado de louro, co
de amarelo .:. uma. cadeira de brac;o também de ama-
relo e de palhinha; 5 alu
20 _ Mesões de louro para cada grupo de ·
la .-uperior terminará pornos sendo que <-O seu P no V •
inc{inaçã.o de 1 polegada. e S linhas na parte ma1s ~-
. na qual haverá. um r.,-levada, que será. a postenor, .
go longitudinal para colocar lápis e penas, ( ... ) _e
-sas ao seu bordo posterior 5 estantes para mu-
~:~ para nelas se prende:em os traslados>; ..
B os de louro tantos quantos os mesões,s• - anc . al
4• - Cabides com 10 tornos em número igu
à metade dos mesões;
5• - Uma. tábua envernizada de prôto par~ l!el'-
vir de pedra para as opel'ações aritméticas, e.e.;
6• - Um pequeno relógio de parede;
7• - Uma <taboinha para. salda>;
8• _ Uma campainha; .
9• - Três cadeiras de amarelo e de palhmha pa·
ra as autoridades inspecionadoras;
10• - Um quadro <com a Eflgie de Nossa Se.
nhora da Conceição>;
11• - Um quadro <com o retrato de S. Mages-
tade o Imperador o !'cnhor D. Pedro ll>.
• Circulavam na cidade quatro jornais de vult<:>,~
li . d Ala oas Jornal de Maceió, O Progressis '
gi~~~ca!':u de ~~oas, além de outros de menor porte.
(36)
O mais ant!go então· em circulação era o Elário
cb&it Alagoas, surgido e~ 1•_de ~a~·ço de 1858, e nosso
primeiro jornal de pubhcaçao diana.
(30) Para os informes a respeito do assunto aqui t~a.tado, ser.
vimo-nos de livro de nossa autoria., ainda inédito: A 1Jn.
século nn.sf!OOo. (Prômio cidade deprensa. nmceloense no •-
Maceió - 1959) .
-Zl-
;1'ertencente ao cônego Antô . •
publicado ininterruptamente d ~ mo Jose da Costa, foi
pressa na Tipografia Comer .: :1te 35 anos, e era im-
talada na rua do Comérci c1 e Mo_raes & Costa, ins-
mente mudada para Tipo'ir::n 6~ razao. social posterior-
Costa, depois que a uêl a omerc1al de A. J . da
sócios da firma delaq pa: sacerdote, .~ dos primitivos
, sou a proprietário exclusivo.
De 1860, 1• de junho . .
de Maceió, substituto d'O ; o apar_eci:rien~ do Jornal
rado. empo, orgao liberal mode·
Ao surgir o Partido Pro ·
que o próprio Partido Liber l ~res~1st~. nada mais do
~ue.pudesse, acima dos anti a, mais hberal, mais forte,
mstltuições monárquicas» (~~~· to~nar-se o baluarte das
~ou-se órgão oficial daqu~le .° ornai de Maceió tor-
1mpresso na Tipografia p pa~do, passando então a ser
ta
37
rogress1sta na rua d B .
, n. , tendo sido substit 'd ' a oa Vis·
pelo Partido Liberal. ur o, em setembro de 1867,
O Mercantil das Ala oas
se publicaram no decorre~ d outro dos periódicos que
de setembro de 18
63
e 1866, apareceu no dia 2
êle também surgiu ~ac~~ 0
• n?me de Mercantil e com
publicac--~o de um jornal ~v1~~1a_; a. tentativa inicial da
. e1çao mdependente .
~ra impresso às segundas
na Tipografia Imparcial AI ' qu~s e sextas-feiras
adquirida no Rio de J ~goana, CUJa maquinaria fôr~
Ca.stro Aze aneiro, por Boave tur J '
e vedo, seu proprietár· n a ose de10.
Em julho de 1865 é ue
para O Mercantil das Ai alterou a sua denominação
uma cláusula do contrato ~:i:~admudança imi:osta por
o com o governo pro-
(87) DIJDGUES, .:Joaquim «0 . .
Rev. lnt!I~. Arch. e~ ~~e1ro diário em Alagoas:..
gr. ,,.oano. Maceió, v . .XII, 1927.
-28-
llll, a 8 do citado mês e ano, para a publicação do
1111 txpediente.
P'..ste jornal, que se retirou da circulação ainda no
aludldo ano de 1866, possuiu o primeiro prelo mecânieo
• Província, do conhecido fabricante Alanzet, importa-
.. da Europa pelo seu dono.
Aparecido em novembro de 1865, O Progressista era
Wo do partido de idêntico nome, e se publicava dià·
fiamente, sob a direção de Joaquim José Vieira da. Fon-
Impresso na Tipografia Progressista, na rua da Boa
Vlata, n. 37, pertencente ao proprietârio dêste es-
tabelecimento, o Bacharel Félix da Costa Moraes, era
redlgldo pelo Dr. Mariano ;Joaquim da Silva.
Dissolvido o Partido Progressista em julho de 1868,
o jornal alterou a sua denominação para União Liberal,
1 25 de agôsto daquele ano .
Dentre os periódicos de menor porte, que circula-
ram no ano de 1866, destacamos O Bípede, cujo primeiro
n(amc>ro data de 2 de setembro do mencionado ano.
Dizendo-se crítico e joco-sério, era impresso na Ti-
pografia Popular, de A. G. da R. Algarrão - Antônio
Qrldano da Boob& Algarrio - instalada na rua do Li-
vramento, n. 12, de onde saiu apenas durante os cinco
domingos de setembro de 1866.
Pertencia ao proprietário daquele estabelecimento
tipográfico, que acumulava igualmente as funções de re-
dator.
Custava a sua assinatura mensal a quantia de 500
rols, cpaga adiantadamente>, e a fôlha avulsa, 120 réis,
tendo sido o primeiro órgão da imprensa alagoana a uti·
llzar a xilogravura.
I' -29-
Ao alto da primeira página do seu exemplar n 5,
do ano I, de 30 de setembro de 1866, com o qual retirou·
se da arena jornalística, por cima do titulo, estampava
um busto de homem, com a cabeça de burro, entre duas
«charges:. políticas, em versoos, endereçadas, ao Dr. Ma·
ri.ano Joaquim da Silva, redator-chefe de O Progressista,
que transcrevemos como amostra da violência do jorna-
lismo político da épaca .
«Dai-me passagem, senhores,
Que eu sou rapaz AFAMADO,
Embora por desabrido
Me tenham vis faladores,
Eu tenho imensos primores
De envolta com safadezas,
E por tamanhas proezas
Sigo à Côrte em comissão
Para1 lá na exposição
Praticar mil GENTILEZAS:.
«Não serve nem para carga
Por ser um burro safado,
Infame, vil, desbriado
QUEM TEM A CARA TÃO l<ARGA,
Ser bacharel não !'embarga,
Que tome da besta a ronha,
E que à tal caratonha
Jamais lhe suba o rubor,
E pois, hão tendo pudor
DECERTO NÃO TEM VERGONHA».
Os anúncios de escravos fugidos eram uma constan-
te nos jornais do tempo.
-30
Existenie em 1866, o "Palacete Barão de Jaraguá", em cuja ala direita. a.cha·se instalado o
.Arquiv0 Público dE' Alagoas, serviu de paço imperial quando da visita de D. Pedro li a
!'laceió, em 1859. Era êste, sem nenhuma modificação, o aspecto dêste logradouro no
citado ano de 1866 (Da fotot.eca do A P. A. )
•
VelJJO aspecto da I'taça D , Pedro ll, destacando·S<' os prédios onde se acham instalados
o Arquivo Público de Alagoas e a Assembléia f,ei;jslativa Estadual. Data de 1851 o lança·
mento 1<.-i pedra fwhl:nnental dêstt' último e de 1917 a inauguraçã-0 dos doi'! pavilhões qu.!
Lamhé.n aparecem nu foto, construidos para as comemorações do centenário da nossa
emancipação política (Da fototeca do A P A ')
Em um dêles, Américo Netto Finniano de Mo~.
lo fundador e um dos Presidentes da ASSOCIAÇÃO
MERCIAL DE MACEIÓ, avisava ao público a fuga,
5
l'tendo recompensa pela captui'a, do seu escravo
ndo, de «18 a 20 anos, mulato e bonita figura, sa-
o ler e escrever». (38)
Visando reduzir ao mínimo a fuga dos escravos,
'n-se de vários artüícios. Um dêles era o t~e
olhcr, às -9 horas da_poite, anunciado pelo sino da
trlz de Nossa, Senhora. dos Pra.zeros.
E, todo o escravo que fôssc encontrado após aquele
.-iu", «semescritoãe seu senhor datado do mesmo diA.,
1'0 qual declare o fim a que vai, será recolhido à prisão e
'1Ultndo o se;ibo:r_em 3$000; e caso recuse pagar sofrerá
90 açoites o escravo e será sôlto». Era o que estipulava
p~ró.grafo 4• do titulo 79 das Posturas Municipais em
110r.. ·
F.xcetuava-se, no caso, apenas quanto à dafa do a-
Wldo ·escrito, « eséravo ou escravos cujos senhores mo-
rem fopa da cidade e seus subúrbios>, conforme cons-
' tnmbém do aviso da Secretaria de Polícia da Pro-
n<•la, inserido a 7 de agôsto de 1866 nas colunas de
P~essista .
1-;, por falar em escravos, vamos agora travar co-
fthóclmento com um realmente <muito habilidoso>, se-
91ndo iremos comprovar através de anúncio do único
ltlk>ch·o público da época, Numa. Pompilio Pa.s.Ws, estam-
,ado no aludido periódico a 16 de novembro daquele
ano etc 1866.
o PROGRESSISTA. Maceió, 2 jan. 1866, p .•.
-31-
LEILAO
de
um escravo
Sábado 17 do conente
Numa Pompilio Passos, competentemente
rizado, venderá em leilão no
mulato Pedro, que foi do padre Wanderley, tem
anos de idade, sadio e muito habilidoso, coz'nha
um grande jantar em que haja assados, mass
dõces, engoma perfeitamente bem, é boleeiro,
peiro, o que aprendeu em Pernambuco, onde es
alguns anos, e finalmente trabalha de pedreiro e
'tor.
No mês de fevereiro dêsse ano de 1866, José
cisco da Silva Braga, farmacêutico formado pela Es
la de Medicina da Bahia, estabeleceu-se com uma bo
na rua do Comércio, no prédio de n. 214; «junto ~ l
do sr. Eugênio», segundo curiosamente registra o
anúncio estampado em jornal de Maceió. (39)
Silva Braga, contudo, não se achava só no mercad
Jâ existia a Pharmácia 'llnperial de outro fàrmacêutt'
formado naquela mesma faculdade baiana - Clau •
Falcão Dias, em cujo esabelecimento, localizaqo na
do Comércio, n. 55, podiam ser encontrados rnedicarne
tos franceses e americanos, além· de «-colares elec
magnéticos contra os males da dentição» e os ·seus p
parados «Extrato de Leite Virginal'> e o <Rob An
Boubático:., êste último destinado ao .:tratamento d
boubas, cravos e moléstias venéreas antigas», confo
asseverava em anúncio da sua farmâcia. (40)
(59) O PROGRESSISTA. Maceió, 19 dez. 1866, p. 4,
(40) Idem. Maceió, SO nov. p. 4.
-32-
b por falar em boticário, aí vai um~ ~ostura, em
Yl&&i.H' 'na época, extraída do já citad~ «Código de Pos·
tlU'llK da Câmara Municipal de Mace10», (41) aprovado
m :~ de dezembro de 1845: .
o boticário que vender i·emédio sem receita de
professor <autorizado para curar,. pagará seis .mil
réis de multa, salvo se o remédio for de natureza mo.
centfss!ma. Os vendedores de drogas que, sem serem
boticários aprovados, vendere.m em doses miudas su~.
tâncias venenosas e suspeitas, ou remédios muito at1.
vos, quer sem receita de professor, quer co~1. ela; ai!.
sim como os individuos que venderem as d1.as irub8·
tâncias em grande porção (ainda que boticários tt·
jam) a escravos e pessoas desconhe_cidas, suspeitas,
ou que não prec'.sem delas no exerc elo da sua pro·
· ttssão sofrerão a multa de dez a trinta mil réis, sem
,· .. prejuizo das penas mais graves qtie puderem .sofrer
· das justiças criminais, na conformidade das le1s.
ó zêio· m~nicipal ia mais ~lém..Vejamos um~ outr~
ttu turn, (~2)aesta sôbre. a obr1gator1edade da vacma nas
ri 111c;as:
,..,
Tõda pessoa do têrmo da cidade que tiver a t.eu
cargo a educação de alguma criança .!!_e qualquer côr
que seja, será obrigada a mandá-la à casa d~ vacma
·para "er vacinada até pegar ou fazê-la vacmar em
casa ~odendo-o dentro de um ano de seu nascimento
e tr~s meses depois que a tiver a seu cargo, pal!sando
desta idade e es'.ando em sa11de para receber o re·
· médio. os que se acharem em contra·enção ~r&o
multados. em seis mil réis.
C".iALVAO, Olimpio Eusébio de Arroxelas. Op. cit. tom-0
rt clt., p. 149.150.
_ op. e tômo cit. nota anterior, p. 171.
-33-
. Eram sete, ao que parece, os médicos aqui es
c1dos naquele afastado ano de 1866: Dr. João
Dias Cabral, o futuro sócio fundador e Secretárl
pétuo do Instituto Arqueológico e Geográfico Ala
fundado a 2 de dezembro de 1869, formado pela
dade de Medicina da Bahia desde o ano de 1856 e
' a estudos históricos; Dr. José tAntônr•o Bahia da
formado igualmente pela mesma Faculdade e len
Geometria do antigo Liceu Alagoano; Francisco J
Pereira da ~fofa, médico da Enfermaria Militar da
pa de Linha; Dr. Policarpo José de Souza· Dr. T
do Bomfim ,Espíndola, na época também Presiden
Câmara Municipal de Maceió, Inspetor da Saúde Pú
e Provedoria do Pôrto, Inspetor Geral dos Estud
Província e lente de Geografia do Liceu conhecido
.da primeira geografia publicada em Afagoas, por
·goano - a Geografia física. política, hist-Orica e
trativa. da Província das Alagoas, impressa em Ma
no ano de 1860; Dr. R•oberto Calheiros de Meto. fo
na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, em
dez~mbro de 1848, deputado geral por Alagoas na
... legislatura (1857 a 1860), deputado provincial nas
e 15a. legislaturas, coITespondentes ao período 1850-1
e· 1864-1865, Vice-Presidente da Província em exe11
da Presidência por inúmeras vezes. dentro do perí
compreendido entre 1854 e 1865 e Inspetor da Alfând
- de Maceió, a partir de 1866, <o que parece demo
o seu afastamento da política, após o ano de 1865:. (
e o Dr. J~into Paes Pinto da Silva, deputado provin
na 15a. legislatura (1864-1865), irmão do conhecido
lítico. o Bacharel José Ãngelo Márcio da Silva, form
desde 1849, pela Faculdade de Medicina da Bahia.
(48) FALCAO. Renan. <Contribuição para a história da
dicfna em AlagoaS> Rev. Arq. P6bl. Alagoas.
1, 1962, p. 185.
-34-
, t~ eram ~ntão os mais c?n~ecidos: o
,Joo.quim da Silva, espec1al1zado em
ln't·lu, do cível e do crime, com banca .de·
a•anc;u D. Pedro n, «em uma casa que fica
•tcu1our1u·ia Provincial», como ':ªg~mente
anurll'lo da época; o Bacharel Eut1qu10 Car-
o Oam.ll:t promotor público da Comarca,
Ya no l'ÍVcl e comercial, podendo ser procur~­
dl Ah•gria e, finalmente, o Advogado Lu~
(judoy o V~oncel2,S, que i~almente exercia
no ruro de Maceió, e podia «ser procurado ·
lltt 1•1·1 un sua profissão, no .bê~o do sobrado
plllo Leite na rua do Comerc101 ou na casa
ild~ndu, n~ rua do Davi. (44}
. rlv '° ck órfãos era Antônio Januário de Car- ·
au11.1lna uma «Declaração» datada _de 22 ~e
M ·l8GH, cm que avisava a arrem:itaçao, ~o _dia
Í'olhi seguinte, <à porta do Ju1zo de ?rfaos,·
04t dut.11 'c:tdeirJ.s por 48$000 rs., duas ditas dê
, tKar J2$000, duas ditas de balanço por 20$000,
olnH -por 20$000, uma mesa redond3: por 15$000,
por :lf>$000. .. », além de «Um~ ca1~a conte~do
lute11 .pt•ças de roupa de uso; três palltores (s1c)
tt, ti11w camisas, cinco calças b~·ancas,~ duas d1-
ln hn 11.1rcto, uma dita de casenura, o·es coletes
, t1olN.1litos pardos, e um dito prêto, sete ceroulas,
a U't cll' meias, três gravatas, um p~r de lu~as
lllI chapéu de pêlo, um dito do Chile, um dito
lhklhf t' um bonet», todo o ~arda-roupa, com~
cu e l'lnuclo Inácio Lopes da. Silva Ü:)mcs que vm
l>fl1·a pagamento de credores . (45}
1 ntlNl:t, o mais conhecido era Francisco :r,onc~no
lll&nto,., que em 8 de junho de 1866 anunciavà ein
'.
O )'ltOURESSISTA. Maceió, 26 mar. 1866, p. 4.
ldtn , Maceió, 22 jan. 1866, p. S.
-35-
O ~ta que acabava «de be
sortunento de dentes e m ~ece r um completo
ra chwnbar os mesmos· assas de d1v~rsas finalidades pa-
habilltado a exercer a' :ro: este_Ja competentemente
colocando dentes por m . d o acuna mencionada já
de pressão de ar a todose100" e colchetes, já por ~eio
ed
. • .1.erece seu rum·m 1ante paga razoável pod d muto prestimo
curado a qualquer hora ,d ~n o ser para tal fim pro-
RO-CABELEREIRO . o dia e~ s~a loja de BARBEI-
, a rua Comerc10, n. 49»
O dentista ciêste anúnci ·
do seu colega José An 1 t o er~ uma versão meJhorada
oito anos antes em 18~~e o, emigrado do Recife, que há
ta cidade, na 'rua do A~~contrava-se estabelecido nes-
<procurado a qualquer h~ragl,:t· n_., 27, onde podia se;·
fo~·m~ difundia em periódico 1° ª;ª ou da .noite», con-
a.lem da profissão de ª" t• t oca ' (46) ali exercendo
(
"'n is a a de b ·b · · '
atual flebotomista) amol' d : d ª1
eno, sangrador
dentrifícios e vendedor de~ o1 .;f navalha, fabricante d~
tes, autêntico representantee~e ods c~ntra a do.r de den-
. _ os entistas da cpoca .
Amda nao existiam na Pro •í .
tos fotográficos fixos Os fot. 'fnc..a, os estabclecimcn-
publicavam anúncio ~os jo ~gr~ os que aqui apareciam
velmente constavam as f rnrus ª terra, do qual invarià~
Pernambuco » ott De rases - «De passagem para
· · · · • « morando-se al
capital".. > executavam al ns gum tempo nesta
freguesia, arriba•am para guotr trabalhos e, esgotada a
u as plagas.
Em julho de 1866 tem or. .
um dêsses em Ma~ió 0
fot P anamente estabeleceu-se
u~a.oficina aonde tir~ retra~fs'~~ Albert~ Cohen, «com
ate as 5 horas da tarde no LA~G~ os dias de meio dia
pegada ao sobrado do sr Ba ,- d DA M~TRIZ, casa
· mo e Jaragua». (47)
l,4.6) DIA.RIO DAS ALAGOA .
(47) O P.R.OGRESSISTA M S,. Maceió, 1• mar. 1858.
. ace1ó, 4 jul. 1866, p. 4.
-36-- ·
A '1.7 de novembro o citado jornal ainda publicava
~I anúncio. Logo após Albert.o Cohen fêz uma viagem
•. l'~rn<imbuco. De volta, participou através daquele pe-
flildlt'o, a 30 de janeiro de 1867, que acabava <de fazer
bastante despeza, uma nova oficina de tirar retra-
•, tendo para lSSO, mandado buscar em Paris, «S me-
l'Cli productos chimicos e competente material novo>,
wnmdo ao mesmo tempo às pessoas que se quisessem
truhu· que procurassem o seu Atelier no Largo da Ma-
li, 11. 14, antes do dia 20 de fevereiro, pois nessa data
part•h•ndia retirar-se para fora da capital a serviço da
profissão.
No ano de 1877 êle se achava em São Paulo e dêle
f u-nrn apresentadas na Exposiçiiia de Hist.ória. do Bra-
M&, n•aliz~da em dezembro de 1881 no Rio de Janeiro,
lt• fotografias de São Paulo, tiradas naquele ano de
11171;.Qertencentes à coleção do Barão Homem de Melo.
(4Mi .
A. prirneir~mprêsa a explorar regularmente os
t~unspQrtes urbanosemMãCe1õ tõt a Comj)111lhla.'Bilúana
lél avega~ que, a 24 de março de 1866 firnlou confra-
1 f[ql a~ navegação a vapor das la_goas do Norte (Man-
1 iha) e ão:Sül {Mundaú).
Dêsse mesmo contrato constava uma cláusula para
1 onstrução de uma estrada de f~rro entre o pôrto de
Jnrnguá_g_JLentão povoaçao do TraplChe da BaITa, com
um ram~l ligando também o bairro de Jaraguá ao cen-
tro da cid~de derifaceió._ · - -
Todavia, o ramal Jaragl,lá-Maceió somente foi inau-
1111mdo dois anos depois, a 25 de março de 1868, e o de
!4111 . CATALOGO da Exposição de H'stórla do Brasil. o.pud. LA.
VENERE, L. e SANT'ANA, Moaclr Medeii·os de ~/, Foto-
g rafia em Maceió, (1858-1918) Rev. Ai'<). Públ. Alagoas.
Maceió, n. 1, 1962, p. 124.
-37-
Jaruguá Trapiche da Barra no dia 27 do mc.~mo
ano.
E antes, - é de se perguntar - como se locomovia
mos maceioenses? Em cavalos ou em carrua~
meThor, emca1~os, como então chamavam às viatUI
puxadas por êsscs animais, como os da «emprêsa> d
major Manoel Ma.rtins de Miranda, que anunciava e
março de 1859 encontrar-se com os seus carros cm con
dições de atender às «pessoas que dêles se quizesse
utilizar», (... ) procurando-os «a qualquer hora que s
rão prontamente servidos». (49)
Anúncio assinado por W. Gních, comunicava n par•
tida «para as Mangabeiras», em dezembro de 1860, dos
veículos Porguesso e ~fa.chambomba, (sic) sem dúvid<
para os que iam passar ali os festejos nutullnos.
«0.s billletes de passagem custão 400 réis a dinhcir
vivo bolindo no escritório da estação m ladeira do AJ..
garve (rua do Imperador, nas alturas da Catedr<tl) en
frente à casa do l!irindonga», acrcscenta'a o referido
anúncio. (50)
Em 1864 os maceioenscs podiam encontrar «c:uTos
dt! aluguel na cocheira de Félix Bc2erra. Guedes .!Uont"-
negro, na rua do Davi, (atual Melo 1loracs) defronte
do sr. Abreu Farias», onde também se podiam alugai·
cavalos.
«Os carros puxados a 2, 4 e 6», (cavalos) esclare·
eia o boleciro M. C . B~.ga no anúncio estampado em
órgão da imprensa local, eram <tpróprios para passeios
nos arrabaldes da cidade». (51) ·
<•9) DIA.RIO DAS ALAGOAS, :Maceió, 17 mar. 1859, p. 4 .
(50> CORREIO OFICIAL. Maceió, 21 dez. 1860, p. 4.
(õl) JORNAL DE MACEió, Maceió, 15 a br. 1864, p. 4.
-38-
J-:m 1866 era {:str o Quartel da Trnpa d-. Linha Atu:dn'ent1-, com modifka.çõt.s em .•;n~
Jinhas .i111uitt"ti111!ca~.. uo mcMuo pré:.tfa eu~or:tra ~e aquartela<la a Polícia Militat de
JUa;;oas (Da folt>teca !o A P. A )
Prédio do Hospital de São Vicente na primeira década do século atual. Era êste um dos
poucos edifícios de vulto ex.istentes em .:laceió no ano de 1866. (Da fototeca do A.P .A )
•,
A 2 de abril de 1865 o citado Félix Bezerra publicou
••m «Aviso aos Assinantes do Omnibus e ao público des-
1n cidade» {... ) que tinha <alterado, a contar de hoje
1•111 diante, para quinze mil réis as assinaturas mensais
do ornnibus e para quinhentos réis as viagens avulsas
dinheiro à vista - visto a dificuldade do trânsito do
llll'smo pelas ruas por falta de nivelamento e calçamento
dl•las». (52)
Há ceni anos, precisamente no dia 27 de setembro
dt• 1866, José de Melo Lima Barbosa, «proprietário dos
UMNIBUS», avisava ao público maceioense que daquela
d111t1 em diante partiriam «do lugar do costume, para
Jnrnguá às 2 horas da tarde, os omnibus que se acham
mnpletamente renovados, e bem assim que nos sábados
5 ho.r~ da tarde partirão para o Bebedouro, para
lide também seguirão nos domingos às 6 horas da ma-
lhl ·a às 5 da tarde».
Acrescentava ainda no referido aviso, que «O preço
; o ·da tabela com que andaram sempre>, - fazendo
llt•stão de frisar - «e sempre a dinheiro à vista, pois
. riados está com o livro cheio>. (53)
·Barbosa participava, em 3 de novembro seguinte <ao
iijieirá.vel público desta cidade e, principalmente aos
. ~mpregados de Jaraguá, que de amanhã em diante
""1-•irú o OMNIBUS para ali por 320 réis e que se não
ltl>U'l'r fnfluência (sic) até o dia 10 do corrente, deixará
t'J~uir para êsse lugar», participando igualmente que
•Hl'llS carros estavam «decentemente ornados, capa~es
• undar neles qualquer pessoa, e por muito cômodo
~o• . (54)
IJIARIO DAS ALAGOAS. Maceió, 3 abr. 1865.
o PROGRESSISTA. Maceió. 27 set. 1866, p. 4.
Idem: Maceió, 8 nov. 1866, p. 4.
-39-
I
A 22 de dezembro, «O proprietário do OMNIBUS>
avisava que, a pedido de várias pessoas, faria seguir na-
quele dia às 3 horas da tarde, «o OMNIBUS-BEBEDOU-
RO para o FERNÃO VELHO levando· nesta ocasião os
passage~os que têm de ficar no Bebedouro», cobrando
a quantia de Cr$ 3$000 por pessoa, da capital para Fer-
não Velho e 2$000 para Bebedouro». (55)
Para se aquilatar o quanto era caro o preço das
passagens para Bebedouro, - 2$000 - ou sejam dois
cruzeiros na moeda atual - basta-se cotejá-lo com 0
cobrado no mesmo ano para o percurso Maceió-Jaraguá
que era de 320 réis. '
É que para aquêle aprazível sítio apenas se transpor-
tavam os abastados, que nêle iam passar os fins de sema-
na, ou a «galharda-rapaziada, amiga de gozar ps·perfu-
mes e encantos naturais da bela povoação do Bebedouro»
conforme adiantava liricamente em anúncio d,e agôs.t~
de 1870, o sr. Manoel Cabral ·Bo.rges, proprietáriO ·de
um estabelecimento de carros de aluguel, entãq"o ·«único
dêste gênero nesta capital», no qual comtmicava- ;tam-
bém a diminuição do aluguel de um carró p..1:ra.~uma
até quatro pessoas, destinado àquele arrabalde pãrà.>«a
insignificante quantia de 100$000 por mês, pagos· Pcilan-
tadamente». (56) : ' .
··' -· '. ..
* * *
' .; .~
...
Com um tiro de canhão postado no alto do oiteiro
do farol, o comêrcio de lVIaMió .tomJ.va conhecimento, em
1866, da chegada dos vapôres no ancoradouro de Jq~
raguá.
(55) O PROGRESSISTA. Maceió, 22 dez. 1806, p. 4.
(56) DIARIO DAS ALAGOAS. Mii.cei6, 29 agô. 1870, p. 3 ..
-40-
.: ...
Anos depois, no dia 19 de março de 1877, contudo,
tiro de peça foi substituído por uma inovação - o
ligl'afo ótico .
·Acostumada de longo tempo a população da capital
ater conhecimento da chegada dos vapôres neste pôrto
filo meio até hoje empreg~do, muito tem :_stranhado o
9'(>vo sistema adotado e diversas reclamaçoes nos tem
o dirigidas no sentido de representarmos a V. Exa.
ntm a extinção dos tiros de peça dados no alto do
rol para assinalarem a entrada dos vapôres», oficiava
Prl•sidência da Província, em 8 de março daquele ano
1877, a ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DE MACEió.
Cl'f)
•Achando justas as reclamações que· nos tem sido
ltn11, - prosseguia o ofício citado - resolvemos rog_ar
v:, Excia. que se digne pedir ao Govêrno Imperial
•fltlHfação de tão justo reclamo, uma vez que a popu-
Ao por êl~, tanto se interessa».
· As autoridades imperiais, contudo, não atenderam
t1t•dlclo, tanto que já em pleno regime republicano, em
J continuava aquêle serviço a funcionar, no morro
'h1l, porém com outra denominação: «telégrafo se-
rko». (58)
•
i•'m número de ~eram as e!!}PrêsGs nacionais de
suçao. costeira cujos navios, em 186 , fazlam esca-
no põrto de Jaraguá: a Companhia Brasileira de_ Pa-
tr.11 1t Vapor, Companltla, Bahia.na de Navega~ao e
1,,.nhla Pernambucana de Navega~ão.
• 1856-1877 (Correspondência rec~bida).
M11'r,o 13, Est. 2, do APA.
t Al~MANAK do Estado das Alagoas. Maceió. Tip. do Gu.
~bl•a·g~ 1891, p. 157.
-41-
'
Através. dos .jornais da época pode-se acompanhar
quase que dia-a-dia a chegada dos vapôres ao nosso pôr-
t?, os seus .nomes, nacionalidade, emprêsa a que perten-
c1~m e, mais da vezes, até a tonelagem e 0 número de
tripulantes: Tocantins, de 750 toneladas e 50 tripulantes·
Cruzeiro (b Sul, de 1.100 toneladas; Paraná e Guam;
todos pertencei;tes à Companhia Brasileira de Paquetes
a Vapor; Para1ba, de 104 toneladas e 20 tripulantes
Mamanguape e Pcrsinunga, da Companhia Pernambuca~
na de Navegação; Valéria de Sanimbu, Cotinguiba e San-
!ª Cruz, da Com12anhia Bahiana de Navegação, todos
eles a vapor. E nao só dos vapôres, mas de outras em-
barcaçõe~ n8:_cionais, bem assim das estrangeiras, como
a barca inglesa Izabell!t Raidley, de 336 toneladas e 13
tripulantes; Sateliti. gale.ra. igualmente inglêsa, de 1.006
toneladas e 20 tripulantes; Emília, escuna portuguêsa
de 108 toneladas e 8 tripulantes; l~tiaso; 1ugre també~
português, _?e 216 toneladas e 10 tripulantes; Kepler,
b
ba.rca alema dde 449 toneladas f! 11 tripulantes; Mary,
í'1gue sueco e 280 toneladas e 11. tripµlantes· Newton
va~or inglês de 698 toneladas e 35 trinulAIJt@s, entr~
muitas outras embarcações .dos mais variados/ tipos e
tamanhos. . · • . :·;.. .
Todavia, através dos «Mapas sôbre · a .n~~;e(Yação
desta Província, com referência ao ano . de 1866t re-
metidos pelo Capitão do Pôrto, João Manuel )le l'foraes
e Vale à Presidência da Província, capeados do .ôfício
de 30 de abril de 1867, (59) é possível saber não· só a
nacionalidade das embarcações, como o dia da entrada
e o da saída do pôrto, tipo de embarcação,,. proceêlência,
destino, tonelagem e equipagem, com a indicação do nú-
mero de tripulantes livres e escravos: .
(59) CAPITANIA DO PôR'l'O. 1866-1871 (Cor~espondência re-
bida) Maço 20, Est. 9, APA.
-42-
São extraídos daquêles Mapas os informes concer-
n<lntes às embarcações estrangeiras. que se seguem.
Durante o ano de 1866, daqui saíram para portos es-
trangeiros, 53 embarcações inslês,ás, 4 portuguêsa~t 2
bremenses, lãíemãs) 2 suecas; 1 dinamarquesa.-i fran-
cesa e 1 holandesa, num total de 64 embarcações, sendo
que destas 13 eram a vapor e o restante a vela: 21 bar-
rns, 14 brigues, 8 galeras, 5 patachos e 3 escunas, num
total de 34.430 toneladas, incluindo-se os vapôres e com
uma equipagem de 1.071 pessoas.
Vindas de portos estrangeiros, apenas 2 embarca-
ções, de nacionalidade portuguêsa.
.. - - --·- ·--·--· -· .
Quanto às nacionais, de Jaraguá zarparam para
portos do Império, 851 embarcações, sendo 60 vapôres,
2 'J)arcos, 8 cúteres, 1 brigue, 4 patachos, 1 sumaca, 3
01runas, 3 iates e 769 barcaças totalizando 43. 685 to-
.neladas, e com 4.659 tripulantes, dos quais 95 eram t?s-
cravos. ·
. Das informações transcritas salta-nos logo à vista o
}'Omero diminuto de embarcações - duas para sermos
C
r~cJso --:-·provenientes de-12.Qrto~ estr_.êngeiros. É que a
ll(nção diret'ã<t._e Alaggas_com as nra.gas da~uropa, ve-
lha _a.spiracãó da nosso comé.rcio.JU®A pãQ se c.pnc~t.!:_
Pra.
.Somente doze anos depois, a 13 de dezembro de
1R78, inaugurou-se tal ligação, quando pela primeira vez
tocou em nosso pôrto o vapor «Minho», da Royal Mail
ltoam Packet Company, (Mala Real Inglesa), de Sou-
thnpton, graças à intercessão cre um dos sócios mais proe-
minentes da ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DE MACEió,
o negociante Ma.noel de Vasconce~s, que conseguira in-
torcssar aquela companhia de navegação de longo curso
1 escalar em suas viagens ao Brasil, no pôrto de Jara-
IUA, _mediante uma subvenção da Província.
' -43-
•
Feito o contacto através daquele comerciante,
nossa Associação Comercia] enviou sugestões ao Co
lheiria Francisco Carvalho Soares Brandão, Presidente
Província, remetendo inclusive uma minuta de contra
a ser celebrado, como de fato foi, entre a Província
a Real Mala, capeado do ofício de 6 de maio de 187
(60)
Tornou-se, assim, possível, aos nossos comerciant
importarem as mercadorias que necessitassem da Eu
pa, sem ser através de outras praças do Império, e se
o pagamento de onerosas comissões.
.._ E os preços das mercadorias na· época, daquel
velhos e saudosos tempos? ·
Acompanhemos, através dos pitorescos anúncios e
tampados em periódicos do passado, os preços vigent
naquele longínquo ano de 1866. ·
Em janeiro dêsse ano, o negociante Mf!,noot Te
xeira. Pinto anunciava a venda em seu estat>elecimen
localizado na rua da Boa Vista, n. 5, «de- um nomple
sortimento de novos gêneros: batatas muito novas a ·i
réis a libra; frascos de amendoas cobertâs 2$200; p
sas 600 réis a libra; figos 240 réis a libra; vilahos~tla
gueira, superior, 600 réis, 560 e 500 réis a garrafa, ca
nadas por ajuste. ..> (61)
Francino T2wares da. Costa, que viria a instalar do'
anos depois, em 1868, a nossa primeira livraria, -
Livraria Francino - vendia em seu estabelecimento c
mercial, na rua do Comércio, n. 108, ao lado de fazen
das e quinquilharias, entre outros o Dicionário de med
cina. doméstica e popular, de Langgaard; os Elemcn
(60) ASSOCIAÇÕES. 1878·1885 (Correspondência
Maço 14, Est. 2, do APA.
(61) O PROGRESSISTA. Maceió, 2 jan. 1866, p. 4.
-44-
rithmetica, de Bizout e os MetoO:os completos para
erol~o e flauta, de Devienne e Carcassi. (62)
- ~- p dro <livros de sortes en·
E para São Joao e ...,ao e - ' · arates e acertos
acraçados - Jogos de conver::;ªi~ta~IS~ cartas fatídi-
rngraçados de perguntas e tas ~om todos os problemas
cns para perguntas e res~~:va Francino cm junho de
ctn vida humana», anun
1866. (63) .
~ ão é dos nossos dias ·
O comércio de confecçoes _n certo órgão da im-
JI cm fever~iro de 18~ ~:~1
~:i~mento de roupas fei-
pn•nsa mace10ense,,o « ~ª. urenço de Souza, em Ja-
btM na Loja. de Jose Antomo Lontrados «palitós de casi-
raguâ», onde podiam _ser e~~$ooo· Ditos de brim de li-
mlrn de diversos padr~es ª . 'ta a 5$000· Ditos de
~ 5$000· Ditos de gazme • d ~
nho de cor.a . ' 3$SOO· Chapéus franceses, ~ pe·
alpnca irara menmo ª ' 9$000. Ditos do Chile a
lo, de 'copa alta, .m;.iern~~ :01 de sêda de 16 hastes a
MOOO ate. 12$009' 1
os reta de 12 hastes a
Ul$000; Ditos de sollide mªlui~~~afi~as de gôsto moderno
l$O<)O e _Chitas perca as
1 440·.até 560 réis: (64)
·· ' - fi ·a1 a ePauta Semanal>
Agora1 uma publicaçao o c1 - d 1866 divulgada
1tr~rcnte à primeira semana do ano e '
ln nossa Alfândega. (65)
" .
O PROGRESSISTA. Maceió, 2 jan. 1866, p. 4.
wcm. M~ceió, 13 jun. 1866, P· 4.
4ldcn. Maceió, 8 fev. 1866, p. .
Idem. Maceió, 2 jan. 1866, p. 4.
-45-
PAUTA SEMANAL
·- . "'"· t~;;!tf.~ ';"'~
.r~,,:.··..:v:~~~
dos preços dos gêneros nacionais sujeitos a direitos de
exportação na semana de 19 de janeiro a 6 do mesmo ano
Aguardente de cana . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . canada
Dita de dita ou cachaça ............... .
Algodão em caroço ou descaroçado imper. !lrroba
feitamente .. ' , ...•..... . .............
Dito em rama ou em lã . . .... ,. ....... .
Arroz em casca ....................... .
Dito descascado ou pilado .............. .
ã.çúcar branco .... .. ................. .
Oito refinado ......................... .
Dito mascavo ou mascavado ... : ........ .
Café bom ............................. .
Dito torrado ...................., .. :... .
Carne sêca (xarque) .......... ., ..... ~.
Cêra em velas ............. . ..........:.1 •
Chá ••.•......•...•..•••..•...•.• . .. : • ..
Charutos sõltos ...............,......... .
Ditos encaixados ................. . .... .
Cigarros de palha ................ • ... ".
Ditos de papel ..................•..... i
"
"
libra
arroba
libra
"
Côcos de comer ........................ · . cento
Couros de boi ......................... · libra
Ditos salgados ............ . ............ · 'úm
Esteiras para fõrro ou estivas.de navios..
Esteiras de periperi ...................•.
Farinha de mandioca ................ .
Feijão de qualquer qualidade •..........
Fumo e miôlha, bom .................. .
1'enha em achas ................... :.. .
Mel ou melaço ........................ .
lilh~ ..................... . ...........•
")leo de mamona ou ricino
46
cento
uma ·
.arroba
cento
libra
arroba
lib_ra
~
D'.::rio O.as Alagcc.~ .l.l' 7 de setemlno de 1865, um ano antes da instalação da ASSOCL..·
ÇAO CO.Mf.ltClAI, DE l1ACEl0, data. em que éste diário ainda circulava.
(Da hemeroteca do A.P.A.)
1 do dito puro . . . • . . . . . . . . . . . •..•..
ftlu de cabra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . uma
&,lltas de carneiro . ..................... .
f61vora . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . libra
"pé .... ....................... ... .. .. .
..bão comum ou de lavagem ......... .
.., comum ou de cozinha . . . . . . . . . . . . . . . '3.lquelre
..b<> em velas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . libra
loln. da terra ......... ... ..... .. .. .... .
r1bACO em pó . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . arroba
faploca ............................... .
Unhas de boi ... . ............. • ... . ... .
'1'1111clnho ou banha salgada ou em snlmora cento
S50'l
S400
sioo
1$GOO
1$200
SlOO
S600
S400
$400
!OSOOJ
9$000
10$000
1$280
Alfê.ndega. de Alagoas, 80 de dezembto de 1866. O Ins·
~or - José Antônio de Ma.galhães Basto~.
Dos gêneros constantes da Pauta transcrita, apenas
omel ou melaço e as unhas de boi aparecem com os pre-
ces majorados na «Pauta Semanal> atinente ao período
dl' 2;? a 29 de de7.embro de 1866, já que ali foram cota-
dos a $140 réis a libra e 2$000 o cento, respectivame~tc
Quanto à quedas de p1·eço, as maiores acorreram com
o algod~o em caroço; algodão em rama ou em lã e com
t> açúcar branco, cotados em dezembro de 1866, respec-
tivamente a 3$000, 12$500 e 2$100 a arroba.
João de Almeida Monteiro, mais de uma vez inte-
irante 'da Diretoria da nossa .Alssociação Comercial,
ulém de Agente da Companhia. Bahiana. de Na,rcga.çâo,
Ma proprietário de uma refinaria e torrefação, na qual
l'm março dé 1866 vendia, conforme anúncio estampado
eim jornal da te1Ta, «açµcar refinado branco a 4$800
réis a arroba e o mascavo a 3$800; e café moldo a 12$000
a arroba».
-47-
peças) l guarda.louça, consolos, bancas, mesa
donda, canapé, cadelra.$ simples e de braço,
bros, mangas, espelhos, l cortinado, além de
tea de mesa.
As 11 boraa do dia.
Falamos até agora em preços de mercadorias.
salários dos trabalhadores naquele ano de 1866?
Um documento coevo, ofício dirigido à Presidê
da Províri.cia em 19 de dezembro do mencionado
pela CiDlal'a Municipal de M.aeeió, veio permitir fi
mos a par dos salários dos trabalhadores da época,
· clusive do trabalhador rural, e não só também do o
rárJo comum, como igualmente do especializado.
Naquela correspondência a nossa Câmara Mu
pai teve o ensejo de informar que «o salário dos ope
rios que se empregam nas obras públicas e partlcul
regula de um a quatro mil réis, e os dos serventes e
balhadores que se empregam nas mesmas obras e
agricultura regula de 800 a 1$200 réis>, por sem(71)
(71) <iA.M.ARAs MUNICIPAIS. 1865-1866 (Correspondên1:la
cebida) .Maço 23, Est. 18, do A.P.A.
-50-
A ASSOCIAÇÃO COMERCIAL
DE MACEIÕ
. ANTECEDENTES
Ao iniciar-se 1866, ano da fundação da ASSOCl.Ar
l) COMERCIAL DE MACEI:ó, a então Província das
lu~oas era presidl.cla pelo Dr. Esperidião Elói de Bar-
t'imentel, nomeado a 8 de julho do ano anterior, e
ui chegado a 29 do mesmo mês, para tomar posse do
1·1:0 d(ns dias após.
·O Império do Brasil há um ano e três meses acha-
1&-sc eo.golfado na Guerra do Paraguai, e as suas armas
~aviam colhido os triunfos de Riachuelo, Paissandu e
ruguaiana.
A grande república americana do norte lutava ainda
m grandes dificuldades para a reorganização dos es-
tAdOs sulistas, cujos exércitos haviam sido batidos numa
l't.'hida guerra civil de quatro anos - a Guerra ja Se-
ressão.
Mais em decorrência desta guerra civil, na década
dt• 1859 a 1869 não só o comércio de Maceió como o de
toda Província das Alagoas, que gravitavam principal-
mente em tôrno do açúcar e do algodão, teve um gran-
de desenvolvimento, mais acentuado de 1862 a 1868, jus-
1tlmehte no período daquela guerra e nos primeiro<; anos
após o seu término, de verdadeiro caos para a agricul-
Hira americana, quando se intensíficou a procura do al-
godão em nosso mercado, destinado a alimentar os tea-
res inglêses, trazendo -em consequencia a elevação
preço do produto e o aumento do seu plantio.
E tal desenvolvimento poderia ter sido maior,
estivesse a Província encravada entre os dois cent
comerciais que a comprimiam - Pernambuco e Bahia
e não viesse também a se ressentir com a falta de b
ços na lavoura, agravada pela Gu~rra do Paraguai, pa
cujos campos de batalha contribuiu a pequenina .!
co povoada Alagoas, em várias administl"ações, a p
tir da presidência do Dr. Joã1> Batista Gonçalves Cam
com quase 4. 000 homens.
No tocante ao comércio de Maceió existia um f
tor prejudicial ao seu completo desenvolvimento: -
concorrência que lhe movia a florescente vila do Pilar
- /ocalizada em. ponto central, em comunicação com
mar através das lagoas e canais da região - aond
chegavam mercadorias vindas de Pernambuco, não su
jeitas ali à tributação imposta na capital, dando Juga
a que o comércio. de Maceió, notadamente o reta~hista,
fôssc paradoxalmente menos movimentado do que o da-
quela vila, para onde convergiam os negociantes d
principais pontos comerciais da Província, a começar
pelos de Maceió, seguindo-se os de Penedo, Camal'agibe
e São Miguel dos Campos, para ali suprirem-se de mer-
cadorias mais ~m conta.
Clamava principalmente o comerçiante maceioense,
contra a cobrança do impôsto sôbre bebidas alcoólicas,
apenas exigido na capital.
O nosso comércio igualmente se achavu a braços
com o problema da inexistência de estradas de forro e
de boas estradas de rodagem para escoar os produtos da
Província, haja vista a grande quantidade de algodão
que saía dos nossos centros de produção diretamente
para Pernambuco, já que os agricultores alagoano.:J atin-
giam com mais facilidade e menos despe3a a capital
-54-
.,,,i crédito e o Wüco
, ~ro est.abelecunento c:'MEllCIAL - é êste
Do nosso P 1866 - a CllXA •A-..1ro de 1856.
. msiente em ._..º de 2'2 de ........aqw. --a-1uvo, ela- )
Estatuto, o v•- U ......o. do A.P.A.
(Da bib o..,-
Anúncio comercial de 1866, - O progressista, 3 fev.•
1866 - por onde se vê que o colllércio de confec·
ções não é do!I nossos dias (})& bemeroteca
--- do A..P .A.) ___.--
,·
mbucana, servida por ferrovia, do que o ancora-
ra de Jaraguá, aonde chegavam os produtos onera-
t>elas despesas resultantes das viagens atra.éS de
1,les veredas, pomposamente denominadas esn·adas.
A carência de estradas de rodagem, entretanto, cau-
ra da dificuldade de ligação dos centros pr >duto-
nos portos de embarque do litoral, não era apenas
orrente dos minguados recursos financeiros da Pro-
ncla. A descontinuidade administrativa, oriund" das
rvitantes substituições dos nossos administradores, tra-
como funesta conseqüência, a paralisação, pelo Che-
do Poder Executivo substituto, dos serviços de cons-
trução de estradas por ventura iniciados pelo anterior,
,.,. em seguida atacar em outros pontos, dando ensejo
1 ll' perder o que com sacrifício já fõra começado.
Ê de se acrescer ainda o fato de que «a administra-
GAo ~elas (de estradas e outras obras públicas) nesta
.província tem servido de meio de esbanjar dinhebo pe-
la• influências locais,., declarava a Cã.mara. Municipal de
,....ió, em oficio de 19 de dezembro de 1866, erviado
tm resposta a uma Circular da Presidência, datada de
:I: d~ agôsto do citado ano, (1) por onde se comprova
que o mal é antigo; a corrupção não é dos dias atuais.
Quanto à indústria, destacava-se pelo vulto de em-
11rt.'Cndimento. a fábrica de tecidos da Companhia União
•ercan~ que comeÇara a fazer funcionar os sem. tea-
rt~ em 1864, com uma produção de 3.592 peças ue pa-
nos grossos, de algodão, aumentada para 4.773 peças,
rro ano de 1866.
A referida Companhia fôrü fundada em Maceió em
:1 de janeiro de 1857, por Jllsé Antônio de Mendonça,
11l cA.?vtARAS MUNICIPAIS. 1865-1866 lcorrespondência re·
cebl.do.) Maço 2S, Est. J.8, do Arquivo P(lblico de A'agoas.
-55-
Barão de Jaraguá, com o capital fixo de cento e cin-
quenta contos - cento e cinquenta mil cruzeiros em moe-
da atual - dividido em 50 ações de Cr$ 3:000$000 réis.
Com o início do funcionamento da fábrica, na loca-
lidade de Fernão Velho, inaugurou-se a indústria têxtil
em Alagoas.
Foi ela igualmente o ~rimeiro estabelecimento in-
dustrial alagoano de vulto, pois na época, afora os en-
genhos de açúcar, eXistlam apenas, disseminadas pela
Província, as chamadas «fábricas de pilar arroz», a va-
por; as de extração de óleo de mamona e alambiques
de destilar aguardente, do qual o mais afamado era o
do ca.pitão Macárlo da Costa Moraes, situado na Bôca
da Caixa, ilhota da lagoa Manguaba.
Podiam ser ainda encontrados, espalhados pelo ter-
ritório alagoano, pequenos fabricas caseiros que, dada a
insignificância da produção, não justificam maiores in-
formações a respeito. É o caso da «quase primitiva in-
dústria das classes mais pobres de fiar e tecer algodão
para panos grosseiros, da qual nos fala José ALexanch'i-
no Dias de Moura - de torcer os filamentos do tucurri
para linhas e rêdes de pescar, de fazer azeite de carra~
pato (mamona) e dos frutos dos coqueiros e palmeir.:is..·
de fazer farinha de mandioca, d2 araruta, etc.> (2)
'Estabelecimentos de crédito na. época apena.; cxis:.
tia um - a C2.ixa Comercial, instalada em Maceió em
(2) MOURA, José Alexandrino Di'as de. «Apont'lmentos sôbre
diversos assuntos geográfico-administrativos da Prov·ncia
das Alagoas», in Reta.:ório lido perante a Assemb'éla Le-
gislativa da Provincia das Alagoas... em 16 de maio de
1869 pelo Presidente da mc;.ma o Exmo. Sr. Dr. José
Bento da Cunha Figueiredo Júnior. Maceió, Tip. Comercial
de A. J. da Costa, 1869.
-56-
. Econômica da.
com o nome d~ ~~finalidade. cfa-
ro de 185~,, tendo como prmc1~a meios fáceis de
t~ de ~ia.ce1~ classes da soc1edad~omércio líci~o·~ e
ltnr a tôdas itais reunidos ~m d e à previden-
mular seus capr do trabalho, a ordemseus Eshtutos
bltuá-las ao ~~tava do artigo lal
9
• º~a em 27 de ja-
' conforme tsembléia Geral re rza
rovados em .
h0 de 1856. (3) . a.d de llaceió foi o pri-
~ · da. c1d e tendo co-
Carixa. Econonn~ ário de Alagoas, ·nstala-
lro estabelecimentolQb~~~unho do ano de sua u
d Perar em
'' ~11 o a o . ho
o (4) 807 de 18 de JUn
. erial de n. 2 ·- d• esmo estabe-
Por Decreto i~P a «a conversao ~ m .1xa. Comer-
... 1861 foi autor1zad denominar-se-a Ca Banco
"'' ' outro que tro nome -
t'lmento em . funcion:mdo com ou
""' ainda hoJe
n, Mercantil S/A. osta dos srs.
A~trQ Diretoria era comp de Abneida
Em 1866 a ~a(Diretor-Gar~nte)' ~:::. Joaquim ~
lk&r:l-0 de Jara~ da. Costa. J.>ere1~ C~ . Prado, FraJCl~­
MonteiN, ~lnoe llanoel do Na.sc•lmJenn~Úlll Duarte Gm-
1,unha. )lerre es, "~de e itanoe o-1
" . de Anw-aiu
10 Ferreira. bt1'dos
- lucros 0
ltt.raes. do aludido ano, o~ <de 18:333$840
No 1Q semestre tingiu a quantia
t de letras al) >l' descon o
re.. Cidade de Maceió,
Econômi.: a da. . ei.ro de 1856.
TUTOS da Caixa. d 27 de )an
131 Es'fA Assembléia. Geral e S.
aproa.dos em . 1 do Tempo, 1856, P· ·a' da. cidi!de de
T'p Libera . comerei · G
Maceió, l . Direção da Caixa em Assembleia e·
l ·l RELATóRIO da s seus acionistas . A<:!~OCIAÇõES.
·esenlado ao (mS) 1n "o::> d
:Maceió, apl verciro de 18G6. . MMº lS, Est. 2, o
ral de 7 de fc dênc:a ieccbida)
7 , corrcsp0111856-187 . 
A.P.A.
- 57-
Doca ·t
estatut PI al de 500·()()()
252 os, apen . $000:700$000 (d as havia sid consignado -
tos cruzeil' uzeentos .o realizada então em
os). (5) e cmquenta e d~ qu~ntia de
Era
4
oIS mil · •
cio i·nd. es~e, em linhas e setecen.
• ustri ger ·ASSOCIAÇ a e agricult ais, o estadÃO COMERCIALura,quando doº do nosso r:>méDE aparec. r-
MACEiô. ime1.to da
RELATôRIO
...em As da Direção
CI sembléia da Caixa
AÇl)ES. 1856-18 Geral de 15 d . Comercial ap77, cít e Janeiro d re-.-entado
·· e 1857· ASSO.
-58-
As 12 horas do dia 22 de julho de 1866, na sede da
Soci"1aA1e ])r"1nática l'~ -1..-. no prédio
• do Teatro MaceioeJlSO• na antiga rua do RosàriO, desta
cidade, atual João pessoa, reuniu-se cgrande número de
.1iomerc1antes convidados pelo negociante JOSE JOAQUIM
·DE oLJVEIRA para o fim de tratar-se da criação de uma
AssQCiaçâO Comercial nesta província, tendo por sede
··.esta Capital~. (1)
Exf)OSto o fim da reunião ce sendo por todos apro·
• vada a idéia iniciada, - consignou a ata da referida
reunião - tratou-se de promover a assinatura de todos
os presentes que a ela aderirall• os quais ac!atnaralD
para p,.esldente provlsõriO da mesma AssOCiac;ão ao mes·
mo José J-olm de ()lh'elra, para Secr<târio Josó Vlr-
ginio TeJnlra d• Ara6Jo e para Tesoureiro FrancillCO d•
VOSCOiioe}oll Moudon<;a. os quais tomando os respecti·
vos assentos. proced<U-50 à leitura. dlsCUSSio e aprova·
çâO do establt.OS que têm de reger a mesma AssOCÍ"çâO>·
( 1) ATA .. - .............. ..__..... come<clal....
tada de 22 de julho de 1866, apud. BERNARDES JttNIOR.
<A ABSOCiação cornerclal ae }.{aceló~ seus expoentes e seus
fetos>. O Dl6rfto. }.{aceló, 21> set. 19SO·
Achava-se o açúcar, então relegado a um
~~~ºâ~~~~antado pelo algodão', que atravessav:ca
Não é pois de se estranhar d ·
aºâiantes exportadores de algod~ogr~~ ~u~~~er~o~e
a ?res. da ASSOCIAÇÃO COMERCIAIL DE MACE
:ss~m e que, dentre os seus 28 sócios fundadores ape
m~~~rerpa:iiaemxport~dores ~aquele produto agríc~la.
. • a e negociar com êle po · -
~~r;: assinado ~ «Contrato de Inspeção' do ~I;od~~~
- de 22 de Julho de 1866, justamente do dia da f
daçao d_aquela Associação, por intermédio do q 1
gamos aquele raciocínio. (2) ua
. Bem merecem ser aqui consi nados
sócios fundadores .da ASSOCIAÇf.o CO~~R~~~
MACEI_?, dos quais apenas os últimos oito ao que
~~~ªJ
0~efc1~v~ c~m.algodão: José J,~quim de
da. M . trg1~~ Teixeira de Araúj:>, João de AI
de A o~tell'O, Antôruo Ferreira Prado, Antônio Teixe
xeira.~~~G~~~~ ':!!ª~ Wucherer, José 1Antônk>
ça, Fra . ' p· º ncisco Soares, João·J'psé da. G
nc1SCO ll'eS Carneiro Félix P . d
!i3~°:ic~~y~doJ1't:tta, jos~ ~anô~r~iist!, 8.:n
José de Farias ~ a.clmFto J«?se N~es ~itb, Domin
. , oe errema Gwmaraes Jo • An
ruo de Mendonça (Barão de Jar!lD"ná) Ma ' I Cse
da. Bocha Júni vai· . . """'... ' n•ae asem
Rocha Silv or, . eno José da Graça, Fortuna.to
noel de Va~=ncJS~ _de Vasconcelos Mendon~a.
tôniq) Pereira. Les:-~:1
.ºj~· Rodolfo·Finck, João A
Manool Martins d Mi e r<1,Uc~ .dos Santos Carre
Moraes. . e randa e Amenco Neto Firmiano
( 2) O PROGRESSISTA. Maceió, 27 de j 1u . 1866, p.
-60-
Logo após a fundação da referida entidade de elas-
' os seus dirigentes promoveram a assinatura dos ne-
lnntes que não compareceram à reunião inicial, con-
lndo obter cnesta capital, na vila do Pilar e nas ci·
s de São Miguel e Penedo o número de 100 acionis·
, os quais pagaram a competente jóia marcada pelos
tatutos>, na importância total de 2:000$000 réis, ou se-
m, 20$000 rs. cada associado.
Necessitavam também conseguir logo uma «casa
d'• pudesse funcionar a Associação, à qual reunisse os
modos necessários, e achar-se no centro do comércio» .
E foi encontrada uma, pertencente ao negociante
6Ux Pereira. da Silva, membro da nova associação, que
a nlugou por 30$000 réis mensais, pelo período de dois
lftO!t, cépoca suficiente para gozarmos as benfeitorias
euci n~la fizemos>. (3)
Foi despendida, na limpeza e decoração da sede so-
ai, inclusive com a aquisição do mobiliário, livros e
outros objetos indispensáveis, a importância de 1:576$590
b1, incluindo-se 156$000 réis gastos com a Carta de
Ubc•rdade da pardinha Benvinda, <ato êste que tem por
fUn solenizar e perpetuar a memória do dia de hoje>. (4)
Dezesseis dias depois da realização daquela primei-
n.•união, a 7 de setembro de 1866 ocorreu a instala-
º solene da ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DE MACEiô.
A sua Diretoria provisória já havia também toma-
do outras providências de caráter administrativo, entre
lll11 o envio dos estatutos sociais a Pernambuco, ao Tri-
RELATôRIO da Assoclação Comercial de Maceió, apre·
sentado pela Diretoria Provisória, no dia 7 de setembro
de 1866. O PROGRESSISTA. Maceió, 12 set. 1866, p. 1.2.
RELATORIO, cit. nota S.
-61-
bunal do Comércio, mandando-o depois de registrado,
bir <a presença do Govêrno de S. M. o Imperador
intermédio da Presidência da Província, para o fim
serem êles aprovados»; as nomeações dos srs. Man
Antônio Lopes da Silva Muritiba e Jacinto Manoel
Silva, para exercerem o cargo de guarda-livros o p
meiro, com os vencimentos de 600$000 anuais, e de
xeiro o segundo, com o ordenado de 400$000 anua
redigido coITespondências «para diversas praças da
ropa, da América e para tôdas as do litoral do Irnpé
pedindo a remessa de preços correntes», bem assim p
videnciado a assinatura de jornais comerciais de vári
países e das capitais mais importantes do Brasil, «a f
de termos notícias de tudo quanto é necessárío p
maior desenvolvimento do nosso comércio», (5) naquel
tempo em que os jornais da Província estampavam n
ticias transcritas de outros órgãos do país, de dias
dias atrás.
•
Afinal ,de contas, convém I~mbrar, não, gozávam
ainda dos benefícios dó telégrafo, já que a inauguraçã
da estação 'telegráfica de Maceip sómente ocorreu no ·
12 de ab~il .de 1873. ., .
Abrindo a aludida sessão so~rie de instalação
nossa Associação .Comercial,· JOSÉ JOAQUIM DE OLI
VEIRA pronunciou um discurso, . sem nenhum favor,
primoroso. Decorridos hóje cem anos daquela soleni·
dade, ainda assim permanece atualizada em seus con
ceitos, aquela «peça em que brilham, ào mesmo tem-
po, o observador. e o profeta, o estudioso e o burilador
de frases, o agitador e o evangelista». (6)
Não será fora de propósito escutar as suas própria~
palavras:
( 5) RELATôRIO cit. nota 3.
( 6) BERNARDES .TúNIOR,· tr. cít.
-62-
MACEIÓ assinado por José Joa·
Ofírio da ASSOCIAÇ.AO COMERC~AL DEJosé Vir~io Teixeira de Ara.ujo,
, fundado•· - e A )
uim de Oliveira. - seu . . t · (Do aeervo do A.P. ·
q ..~ sua primeira Dire ona.membros...,. .
A Z<! de julho de Jfi6'i. neste edifício, cnliio sede d)1 Sociedade Dramática Particular Macelo·
ense, foi rundacla a ·.~SOC>'.AÇAO CO!lERClAL DE MACEló. Hoje é terreno baldio da rua
J&,ão Pessoa, defronte üo pl·edio <los Correios e Telégrafos (Da fototeca do A.l' A.)
1
..
Ne:sle l'tli[ício, demolido ~ll 194. t1tncionou a .SSOCJAÇAO COMERCIAL DE MACEJO,
:mo:.; após a sua rondaç!ío Locnl'1t1clo ontt~ lw1e H' acl,~ o "Ponto Central", 11a esquina da
.roa do Comércio rorn u s.-nauor Mt•nJonça, foi a residência oficial de !ielo e Póvoas, nos·
so udmeiro 1:0,crnantl', dl' 1819 a llt!l (Da fototeca do A.P .A )
_,
1ntígo a<;pccto da rua Sá e ..lhlll!Ucrq_ue, vcutlo ::e ~m :,,eg1mdo 11la110, i1 esq_uenla, com
'wna tabuleta, um dnS prédios onde po1 muitos wos eskvc .i. ASSOCIAÇÃO ·.:or.U:RCl.ll.
Jfü MACEl.Ü, e que tem 1n:cs~ntemene o n 5úú. tDa fotl'teca do A P A )
Meus senhores, não posso, nem comporta & oca-
sião, di&ertar-vos sôbre a utilidade e vantagem do
comércio. Vós, melhor do que eu, .sabei.'! que ixw
êle o império das ciências dilata suas ballzas, ram1.
ficam-se as artes, trocam.l:le os conhecimentos hum.a.
nos, e os gênios mais ilustres, dectacados por di~
tâncias imensas, acham entre si um ponto de eon·
tacto. Tiro e Babilônia, o Egito e a Grécia, o Bnt-
sil e a Nova Zelândia, os pa!ses que nos ficam maie
próximoi;i, e os que nos são mais longínquos, saúdam·
se, cumprimentam-se, e mutuamente i;e aux:iltam. O
comércio faz, pois, do Universo, uma familia de a-
migos.
Sob outra face, os Estados assentam e repou~m
sôbre a base do comércio, nesse manancial perene
de prosperidade pública: julga-se um povo por aquilo
que ê!e pode.
«Modesto, cavalheiresco; José Joaquim de Ofü-ein
. reparte a glória do seu ato magnânimo - o de libertar
uma escrava do cativeiro, 22 anos antes da «Lei Aurea» -
• com todos os seus companheiros .Atribui também a in·
tenção dêles a todos os seus associados, alguns, talvez,
atê bons escravistas, o que, naqueles tempos, era co-
mum, desde que o negro, constitufdo como objeto de pro.
priedade privada para a serventia dos que o adquiram
a pêso de ouro, como o boi e o cavalo, nem sempre me·
recia a estima e os cuidados que se dispensava a êstes»:
(7)
Eu e meus_ co.mpanl1eiros membros da Dire~oria
provisória que hoje finaliza seu mandato, - · prosee-
gUia o Presidente - torna ndo-nos intérpretes do!!
vossos sentimentos, quizemos dar mais uma prova
( 7). BERNARDES Jtl'NIOR, tr. cit.
- 63
:-· ...
·''
•.r
• • • •.' H '
·.·....
...... ·'
.. .,..
de que a Associa9ã-0 C-Omcrclal de l'tacel6 começa
tir'lcln·o selando-o com um alo de raridade, o
liberdade.
Eis, meus senhores, o objeto sôbre quem
lhdistintamente nos.."38 -atenções. A inocel'lte Be
da, menor de 10 meses de idade, deve sua liberdn
Associação Comercial de 1laec;ó! O sol que
dardeja brilhante esclarece o arrebatamento de
vlt!ma das garras da escravidão!
Não nos ordenastes êsse ato; mas penetr
em vossos corações, e reconhecemos que tal era
sa louvável intensão. Fique portanto assinalada
bertura de nossa Associação no dia 7 de setembr
1866 com um ato de benemerência, a fim de qu
gerações vindouras possam abençoar, apreciando
benefícios desta Associação a seus auto1es.
· : · Adiante, em seu discurso, o fundador da ASSO
..·ÇÃO COMERCIAL DE MACEió «traveste-se no sol
rizador das classes laboriosas para as conquistas su
res, conclamando, em gestos de eloquência, - o a
vos uns {los outros, a frase bendita que divinisaria e
· se jã não fôra divino antes de pronunciá-la.
Aténtai, senhores, na magnificência destas
vras>: (8)
'·:.
Haja a maior união entre nós, lrmanenio·nos
pensamento de nosso comércío, que teremos a glórl
ver os frutos de nossa abastança transporem
m~ior abundância os mares, e serem levados às
giões mais afastadas.
Devemo.s empregar todos os esforços para qu
intrigá, o enrêdo ou a desconfiança nã.o quebre
união que deve reinar entre nós. Haja
( 8) BERNARDES JONIOR, tr. cit.
-64-
quo esta Assoc:açào produzirá O!( bciief'.cios que dela
só devem esperar: nem !'emp:-e no principio ee co-
lhem flôres .
Registrados se acham, aqui, os conceitos do inspi-
rador da entidade centenária, ainda atuais, como se viu,
a despeito do passar de um século.
' :.,!;é
Uma das primeiras providências - se não a pri-
meira - tomada pela então recentemente fundada ASSO·
CIAÇÃO COMERCIAL DE MACEió, com a finalidade
de salvaguardar os interêsses dos comerciantes maceioen·
ses, foi a reclamação - cujo original, a exemplo de tan-
tos outros documeentos dessa velha entidade, fomos en-
contrar no Arquivo Públio!> de Alagoas - dirigida ao
então Presidente da nossa Província, José Martins Pe-
reira de Alencastre, em forma de requerimento, «contra
~ prática que seguem as Mesas de Rendas Provinciais
de S. Miguel e de Penedo de cobrarem direitos de ex-
portação dos gêneros nacionais que saem para esta pra·
• ça, cuja prática traz grandes desvantagens e prejuízos
ao comércio, razão que fundamenta a presente redama-
ção>. (9)
• * •
Baldado o intento do Govêrno da Pro'íncia, através
da inspeção pública do algodão, no sentido de evitar
fraudes nos embarques do produto, de pôr fim à falsifi-
cação que foi ao ponto de se encontrar pedras, barro, sa-
cos de areia e outros materiais em fardos de algodão,
chegando a baixar em 5$000 - quantia de vulto na épo·
ca - a cotação daquela mercadoria em relação a Per·
nambuco, a 22 de julho de 1866 um grupo de quarenta
e três negociantes exportadores, todos estabelecidos em
( 9~ ASSOCIAÇõES. 1856·1877, ma~o cit.
-65-
.Maceió, firmaram um convênio para a inspeção pa
·· lar' de todo o algodão que tivesse de ser adquirido
signatários do aludido convênio.
A restauração da antiga Inspeção de Algodão,
partição pública então extinta, chegara a ser preco
da· pelo Vice-Presidente da Província das Alagoas,
exercício da Presidência, o Dr. Galdino Augusto da
tividade e Silva, em Fala de 4 de maio de 1866, em ·
de do «depreciamento, em que está o nosso algod
o modo pouco escrupuloso de muitos vendedores e
pradores o tem levado a um grau considerável de
bição a ponto de infelizmente presenciarmos quase t
os dias apreensões em sacas, a péssima qualidade
· quais atribui-se à falta de tal repartição; único re
ou meio capaz de restabelecer no mercado estrange·
fama que outrora merecia êsse gênero de mercad
desta Província». (10)
Seis anos após, - então já havíamos perdido o
cado inglês de algodão - em reunião realizada na
SOCIAÇÃO COMERCIAL DE MACEIÓ no dia 1
outubro de 1872, a Junta de Direção e alguns s
da entidade, num total de doze entraram em desac
com a maioria dos presentes, quando da escolha de
mais eficazes para sustarem os motivos das . repe
reclamações dirigidas por comerciantes do mercado
ropeu; principalmente em virtude de avaria e quebra
pêso em fardos de algodão.
Não se chegando a um acôrdo, a referida J
de Direção demitiu-se e, juntamente com .outros
ciantes exportadores que pelo mesmo motívo ha
(10) NATIVIDADE E SILVA, Dr. Galdino Augusto da.
. dlrigida à Assembléia Legisla'tva das Alagoas...
Ylce-Presidente da Província... Maceió, Tip. do Bel.
da Costa Moraes, 1866, p. 3.
-66-
• retirado dos quadros sociais daquela Associação, fir-
11u'dlll um outro convênio p..trticwar, em ~8 de outu- ··
bro de UH.:::?, (llJ para a iru~ao do algodão, que fun-
ionou ate Janeiro de 18't;:s. ·
Posteriormente, reconhecendo que tal estado de coi~
traria, como de fato trouxe, sérias dlf1cuidades e
•svantagens ao comércio, reuni.rdm·se por mútuo acôr-
>, .ficana.o como dantes, e mais aperfeiçoada, uma úni-
mspeçao daquele produto, pernutmdo assim que vol-
asse o mesmo a ser melhor cotado nos mercados da
uropa,. a par com o mesmo produto ormndo das demais
11>v111c1as do imptr.ó e acuna do provemente dos Es-
dos Unidos.
O m~smo, infelizmente, não acontecia com o açúcar,
1J.t quahdade era const.mtemente objeto de reclamações
H mercados consumidores, prmc1p.:1.1mente contra a es-
111tosa quebra de pe;o cu.it:uladu entre 15 a 25%.
Visando acabar com as citadas reclamações e o
tíse.g_üente desprestígio do açúcar de Alagoas no m~r-
L(jjo mternac1onul, e que a A~:::sOCIAÇÃO COMERCIAL
l·~ MACEió, a exemplo do que já fizera com o algodão
10~ _em ~872 uma Inspeção do Açúcar, providênci~
lll' . nao foi.bem compreendida, levantando-se contra ela
manha gnta que o mencionado órgão de classe resol-
•u extinguir tal serviço.
As vantagens a se-·em colhidas com o estabeleci-
Pnto d': nova_medida transp..treceram logo nos dias ini-
1~l~ da msf)'2çao1 «ta_nto que os primeiros açúcares que
1~1 am ao mercado mspec1onados, se não foram como
1ria de desejar, não foram mel ensacado.» (12)
JJ!Ã.P..IO DAS ALAGOAS. Maceió, 30 out. 1872. p. 1.
RELATóRIO de 5 de março de 1873, diligido pela As·
sociaçLo Comercial de Maceió ª'·' p . e. i<.!en e da Provlnci~,
in ASSOCIAÇõES. 185f-1877, M"<?ço cit.
-67-
Os fatos revelados no presente histórico, a respeit
dos primeiros anos de funcionamento da ASSOCIAÇÃO
COMERCIAL DE MACEIÓ ratificam plenamente a nos-
~ª firmativa, exarada na Nota IntJ:odutárla de que a his
tória daquela Associação é a própria história do a.çúca
e do algodão em Alagoas, à qual está intimamente vin-
culada.
-68-
.·... '..;.:.' ,"';.: :
:.'... •·••.. ''!.. 4 . ~ •
... .._
. .. ...
' ...... ,,
DffiETORIAS DE 186G a 1966
..
-· .rr•sidente
lc·c-Pre::;idente
•t·retário
soureiro
1·11sidcnte
lc·~-Pre::;idente
eretário
l'soureiro
1c•sidoznte
Ice-Presidente
c•retário
1866/67
José Joaquim de Oliveira
Fortunato da Rocha Silva
• . .. . • ~ 4 •• •
' .. ;' ' • 1"' , ·.•:,
Jo3é Virginio Teixeira de Araújo
Francisco de Vasconcelos Me.ndq.q~a..:·
1867/68
Manoel de Vasconcelos
C. Rodolfo Finck
''..
Antônio Teixeira de Aguiar.
Jo:;;é Gonçalves Guimarães .
1868/69
.•.:
.~ .;..
,:: ... ,..~ .
.....;.
Gustavo Guilherme Wucherer.·. ·:. ·'·
Manoel José Batista ... ·~ . : :~ (
Cündido Venâncio dos Santos
João de Almeida Monteiro
' 1869/70
Amérlco Netto Firmiano de Moraes .
W. W. Robilhard ·· ··:··"·"
José de Araújo Rangel . · ,. :"~.."
José Virgínio Teixeira de Araújo··
Presidente
Vfce.-Presidentc
Secretário
Tesoureiro
Presidente
Vice-Presidente
Secretário
Tusourelro
Presidente
Vice-Presidente
Secretário
'l'esouretro
1870/71
Peter Borstelmann
João de Almeida Monteiro
João de Almeida Monteiro Filho
José Virgínio Teixeira de Araújo
1871/72
Manoel de Vasconccllos
Vicente Alves de Aguiar
João de Almeida Monteiro Filho
José Virgínio Teixeira de Araújo
1872/ 73
Tibúrcio Alves de Carvalho
Llewelyn Jones
Manoel José Alves Tosta
José Virgínio Teixeira de Araújo
Obs. : Esta Diretoria funcionou de 22 de agôsto a 4 d
novembro de 1872, quando renunciou, sendo elei
ta a seguinte:
P1-esicl-~nte
Secretário
Tesoureiro
Américo Netto Firmiano de Moraes
José Joaquim Tavares da Costa
Vicente Alves de Aguiar
Obs. : Renuncinndo êstes dirigentes, em março de 18
foram substituídos pelos que seguem:
Presidente
Secretário
Tesour-eiro
Joaquim da Cunha Meireles
Justino José de Souza e Silva
Manoel Alves de Aguiar
-70-
Presidente
Vice-Presidente
Secretário
Tesoureire
Presidente
Vice-Presidente
Secretário
Tesoureiro
Presidente
Vice-Presidente
Secretário
Tesoureiro
1873/ 74
Manoel de Vasconcelos.
João de Almeida Monte.iro .
João de Almeida Montell'O Filho
Justino Esteves Alves
1874/75
José Virgínio Teixeira de A:raúj~
Manoel Joaquim Duarte Gurmaraes
Manoel José Alves Tost~
Bwto Joaquim de Medeiros
1875/76
José Virgínlo Teixeira d: Araújo
Félix de Moracs Brandao
Cândido Venâncio dos Santos
Francisco Ferreira de .Amdrade
1876/ 77
Obs. : Reeleita a Direto: ia anterior
1877/ 78
Presidente
Vice-Presidente
Secretário
Tesoureiro
Presid.ente
Vice-Presidente
Secretãrlo
Tesoureiro
Antônio Teixeira de Aguiar
Antônio Ulisses de Carvalho
Manoel Ramalho
Justino Esteves Alves
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-71-
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Sant'ana uma associação centenária

  • 1. Secretaria de rstado ~os Negócios da [ducacão e Cultura .. ARQUIVO PúBLICO DE ALAGOAS MOACIR MEDEIROS DE SANT'ANA CMA ASSOCIAvAO· CENTENARIA ... " .., '. - 1966 - ·. MACEI() ,,
  • 2. Governador do Estado LAMENHA FILHO Vice Governador MANOEL SAMPAIO LUZ Secretário da Educação e Cultura Bel. BENEDITO HIBY CERQUEIRA Diretor do Arquivo .Público de Alagoas Bel. MOACIR MEDEIROS DE S.ANT'A..rJA "l'lltlLICA<,:m:s J)() AR<~UIVO pl)JlLJC Rua Ruy Barbosa, 15-B Salvador· BA. •Cep 40.020-070 leis.: (71) 3243-538313322-4809 www.livbrandaosebo.com.br e-mail: lbsebo@terra.com.br
  • 4. JOSÉ: JOAQUIM DE OLIVEIRA - o fundador da As- sociação Comercial de Maceió. (Da fototeca do A. P.A.) Sccret1ia ~e fstai is lelicios nfic1C11e Clltn ARQUIVO PúBLICO DE ALAGOAS MOACIR MEDEIROS DE SANT'ANA UMA ASSOCIA~ÃO CENTENÁRIA - 1966 - MACEI O
  • 5. .~..;..~·:,: ·.· :··· . .-·. . ' ,. . ' ;. SUMA Rio NOTA INTRODUTóRIA . . . . . . . . . . 7 A MACEió DE 1866 . . . . . . . . . . . . . . . . 9 A ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DE lIACEló ANTECEDENTES . . . . . . . . . . 53 SURGE UMA ASSOCIAÇÃO . . . . . . 59 DIRETORIAS DE 1866 A 1966 . . . . . . . . . . 69 NOTAS & FATOS A CONSTRUÇÃO DO «PALACIO DO COMÉRCIO::. 83 O BOLETIM UA ASSOCIAÇÃO COMERCIAL . . . . 87 A BôLSA DE VALORES . . . . . . . . . . . . . . . . 89
  • 6. NOTA INTRODUTõRIA A história da centenária ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DE MACEió é a própria história do açúcar e do algodão em Alagoas. Principalmente a do açúcar, que tem sempre se constituído o termômetro das finanças do nosso Es- tado, , _. ,_i. :r~l Judiciosa, pois, é a afirmativa do economista con- terrâneoHÚmberto Bastos, de que «os alagoanos vivem a mercê das variações do mercado açucareiro, que regula as f:!pocas ae fartura e iíe crise», e ainda, que «as revi- ravoltas climatéricas, os golpes nos mercados, o vai-e- vem da concorrência - tudo determina o sorriso ou a caTa fecha.da, desde o usineiro, trabalhador e perseveran- te, ao sertanejo analfabeto, estóico e esquecido». (*) Abrangendo campo de pesquisa tão vasto, como é o da história daqueles dois produtos, não poderíamós, dentro do ano centenário da nossa Associação Comercial, levantar o material, proceder a buscas e escrever um trabalho substancial acêrca do assunto, mesmo porque, no seu arquivo, a exemplo do que infelizmente acontece com outras entidades, por incúria ou desinterêsse de Di- reções do passado, nada mais resta do documentário comprobatório da sua existência de lutas em prol dos t•)• BASTOS Humberto. Açúcar e Algodií.o . Maceió, Casa Ra,. malho Edit01'a1 1988, P • 7 . 8 .
  • 7. interêsses dos seus associados e de tôda a coletividade alagoana1 a não ser os livros de atas de 1921 até os dias atuais e alguns relatórios também da fase mais re- cente. Daí havermos evoluído para a idéia da reconstitui- ção tanto quanto possível completa e exata da capital maceioense naquele longínquo aho de 1866, quando a ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DE MACEió surgiu, se- guida de um histórico dos seus primeiros anos de funcio- namento, bem assim de alguns outros acontecimentos posteriores, de maior vulto. Apresentando aos possíveis leitores, o resultado das nossas pesquisas, achamos de dever salientar que, jamais poderia ser tentada esta emprêsa, não existisse o acêrvo documental do iA:rquivo Público de Alagooas, onde fomos encontrar todos os preciosos e indispensáveis elementos utilizados na elaboração dêste ensaio retrospectivo. ·. -:",'.: M.M.S. A MACEIÓ DE 1866 ,,,.. 6 No ano que José Joaquim de Oliveira. fundou a nos- sa. Associação Comercial, era de apen~. 437 habitan- tes a população livre da cidade de Maceió, (1) distri- buída ainda em área multo restrjta. ,, Os atuais bairros de .@r(!gyá, Trª2_iche da Barra, Pô~o, Bebedouro e Mangabeiras, - ainda não se falava no Farol - -eram povoações ou arrabaldes afastados !32 perímetro urbano da capitª1, composto das ruas do Co- mércio, a única então calçada, da Boa Vista, (atual Con- selheh·o Lourenço de Albuquerque) Largo da Matriz, (Praça D. Pedro II), ruas dia Rosário, (João Pessoa) do Sol, (prolongamento da antiga do Rosário até desem- bocar no Largo dos Martírios) ruas da Cambona, (Ge- neral Hermes) da Afegria, (Joaquim Távora) do Açou· gne, (Av. Moreira Lima) Pra~.a. do Mercado, (local onde hoje se acha edificado o Ginásio do Colégio Estadual de Alagoas) ruas Nova, (Barão de Penedo) do Livramento, (Senador Mendonça) do Macena, (Cincinato Pinto) Pra- r.a. da Continguiba., (Praça Deodoro da Fonseca) ruas do Hiaspital, (Barão de Maceió) do Jôgo, (Voluntários da ( 1) MAPA geral dos alunos de instrução pública elementar... datado de Sl jan. 1867, Anexo ao ReJ.a,t-Orio com que o Exmo. sr. José Martins Pereira de Alencastre entregou a. Presidência da Provir.:;.'a. das Alagoas no dia 10 de junho de 18G7. . . Maceió, Tip. do Jornal Alaguano, 1868.
  • 8. Pátria) dos Olhos d'Agua, (Cel. Mendes da Fonseca) do Rêguinho, (Dias Cabral) do Cemitério, (Av. Santos Pa- checo) Santa Maria, (Dr. Guedes Gondim) Augusia, (Ladislau Neto) da Floresta, (Fernandes de Barros) do Alecrim, (Barão de Alagoas) do Davi; (Melo Moraes) do Palácio, (a do Comércio nas alturas dos prédios do IPA- SE e IAPETC) da Bôca de Maceió, (Barão de Anadia, em frente da estação da RFN) do Imperador e da Praia, (Libertadora AJagoana) sem falar nos bêcos e travessas esconsas da cidade, bem assim das ruas da Levada e da Ponta Grossa, então habitadas quase por desordeiros e assaltantes. lAs principais ruas do atual bairro de Jaraguá eram as da Saraiva, (atual Av. Duque de Caxias) da. Alfânde- ga, (Sá e Albuquerque) da Igreja, (Barão de Jaraguá) São Félix, (Silvério Jorge) Santo Amaro, (Uruguai) do Amorim, (Cel. Pedro Lima) do Cafundó, (Padre IAmâ~­ cio) do Araçá, (Dr. Epaminondas Gracinda) do Jasmim, (Praça Dr. Manoel Duarte) do Oitiuiro, (Avenida Ma- ceió) da Cacimba, (Pernambuco) e do Bom Retiro, (Melo e Póvoas). Através de uma estatística difundida por 'Iomaz Es· píndola, vem-se a saber que seis anos antes, em 1860, contava o centro de Maceió com 74 ruas, 17 travessas e 2.398 casas, sendo 1.658 de telha e 545 de palha, acres- centando ainda que das casas de telha apenas 53 eram assobradadas. Das mencionadas ruas «são sõmente dignas de se- rem mencionadas a da Matriz ou de Pedro II. a do Co- mércio, da Boa Vista, Augusta, Alegria e Martírios». (2) ( 2) ESPINDOLA, Tomaz do Bomfim. Geographi:i physiéa, p<>- litica, história. e adminis:Xativa da Proincia das Ala- goas... Maceió, Tip. do Jornal de Maceió, 1860, p. 24. -10- Na mesma fonte fomos encontrar os dados sôbre o bairro de Jaraguá: As ruas do bairro de Jaraguá são tôdas parale· las ao Oceano; a da. Praia é a melhor e a única que se acha calçada; calça.Jl!ento êste_ que foi feito à custa dos proprietários do ..mes!JlO, lugfl.r.; são em número de 9J contando 4 travessas, com 830 casas 178 de telha, sendo apenas 14 sobrados, e- 152 de palha. Devia ser êste o mesmo quadro do ano de 1866, haja vista ter até havido um decréscimo no número de edi- fícios no periodo de 1860 a 1871, conforme poderá ser comprovado cotejando-se aquêles dados com uma infor- mação estatística concernente a êsse último ano, na qual consta o número de 2.196 casas - 1.696 de telha e 500 de palha - em Maceió, excetuando-se Jaraguá, (3) bairro oue em 1871 sofrera acréscimo no numero de ca- sas - 350 - e- tãmbém no de ruas. Das casas térreas e dos sobrados da nossa velha ca· pital, nenhum dêles vinha do período colonial. «Maceió - é Manuel Diégues Júnior quem escla- rece - não chegou a conhecer de verdade a vida colo- nlnl. Sua existência :nleSma começa com o fÍ:npério»:-de forma que as linhas arauitetônicas das suas edificações Etáo caracterlsticas do Segundo Reinado: «o gôsto pelo nzulejo nas fachadas; nos enfeites no alto das casas - rui pinhas, as figuras mitológicas, os abacaxis; as casas Imprensadas umas nas outras quase sem ar, sem venti- lação, contrastando com aquelas casas largas e cheias ( 3) ESP!NDOLA, Tomaz do Bomfim. Geographla alagoana. ou descrição physica, política e histórica da Província das Alagóas. Maceió Tip. do Liberal, 1871, p. 185. -11-
  • 9. de janelas do tempo da colônia; eis alguns dos traços mais evidentes nos tipos de construção em Maceió». (4) Acêrca de normas de edificação é esta postura da Câmara Municipal de Maceió, (5) extraída do seu pri- meiro Código de Posturas, aprovado por Lei provincial n. 32, de 3 de dezembro de 1845, ainda em pleno vigor no ano de 1866: Tôda casa que de hora em diante se edificar ou reedificar terá pelo menos dezoito palmos de altura. As portas que se abrirem, bem como as janelas de sacadas, treze palmos de vivo em altura e cinco e meio de vivo em largura. As janelas de peitoril terão oito palmos e meio de vivo em altura e cinco e meio de vivo em largura. Atravessando o município de Maceió, apenas exis- tiam duas estradas gerais: a de Maceió à então Impera- triz, hoje União dos Palmares. que se esticava quase numa linha reta, e a mais importante das duas, a que se dirigia desta cidade para Quebrangulo, internando-se em Pernambuco, através da qual se fazia o movimento comercial dos municípios por ela servidos: Pilar, Santa Luzia do Norte, íAtalaia, Palmeira dos Indios e Assem- bléia, a Viçosa dos dias atuais. O seu estado de conservação era na época tão pre- cário, que a Câmara Municipal de Maceió, em ofício de 19 ( 4) DlltGUES Jt:TNIOR, Manuel. dl,lvolução urbana e social de Maceió no período republicano>, in CRAVEIRO COS. TA. Maceió. Rio de Janeiro, 1939, p. 200·2)1. ( 5). GALVÃO, Olimpio Eusébio de Arroxeias e ARAUJO, Ti- búreio Valeriano de. Compilação das leis provinci.ail; daS Alagoas de 1835 a 1872, Tomo II, Legislação e atos dos anos de 1843 a 1850, p . 157 . -12- de dezembro de 1866, (6) declarava: - «Os melhora- mentos que carecem essas estradas, e máxime da que Rr dirige até o interior da Província de Pernambuco Não inúmeros porque ela. só t.em de estrada o nome. (o grifo é nosso) Os pântanos proliferavam na cidade e, «pelo inverno é um gôsto vê-los de diversas formas, gêneros e espécies nus ruas Augusta, parte da do Macena, Alecrim, e outras referidas nas posturas da ilustríssima», comentava irâ- nicamente um repórter da época. {7) Sery!çQ. de lir:!!peza públic~, como coleta de lixo, por exemplo, !1ª2..hav.ia. Os dejetQ_s humanos, que antes eram carregados em barricas, principalmente pelos escravos, enterrados nos fundos dos quintais ou atirad~ao mar, em 1866 já não podiam ~r jogadqs em....qualquer ..canto, ao capriêliOãos negros cativos. Em janeiro dêsse ano, Rafael Arcanjo dn Silva Antunes, tenente reformado da. Guarda. Nacio- nal e Fiscal da Câmara. Municipal de MMeió, em aviso publicado em jornal da época, em que f.êz questão de divulgar os seus «títulos», comunicava a todos os habi- tantes da capital, sujeitos a posturas municipais, que ('Ontinuava proibido «o depósito de imundices e matérias f<'cais dentro da cidade>, já que para isto havia_lugares designados -«que são, no mar além do Hospital Militar em procura dos Páus Sêcos, n'Agntl Ne_gra. em direção à Ponta Gro~ depois da linha da Levada, ou serão se~ pultadoscõm a profundidade de um palmo, pelo menos, 1 0) CAMARAS MUNICIPAIS. 1865-1866 (Correspondência re- cebida) Maço 23, Est. 18, do Arquivo Público de Alagoas (A.P.A.) f 7) O PROGRESSISTA. Maceió, 21 nov. 1866, Seção 4:Comu. nicado>, p. 1. -13-
  • 10. e cobertos com terra no campo à margem do riacho Maceió» . (8) Era o que preceituava o artigo 12 da Resolução n. 386, de 8 de agôsto de 1861, que aprovava várias postu- ras da Câmara Municipal de Maceió, de cujo artigo cons- tava ainda o seguinte: Os lixos poderão ser conduzidos a qualquer hora do dia; as imundices e matérias fecais só à noite dentro de vasos bem cobertos, para não incomodar o público. E vinham em seguida as penalidades para os que infringissem o regulamento: . '' Os infratore.9 que forem forros serão multados na quantia de cinco mil réis, e na falta do pagamen- to dentro de quarenta e oito horas em dois dias de prisão, e sendo escravos sofrerão doze palma.toadas e o duplo na reincidência.. (9) A limpeza das ruas estava a cargo dos seus habitan- tes. É o que se depreende de uma postura (10) igualmente em vigor naquele ano de 1866: Os moradores desta cidade e seu têrmo serão obrigados a ter limpos as testadas de suas casas, sítios e fazendas até ao meio da rua. Os infratores serão multados em dois mil ré:s. ( 8) O PROGRESSISTA. Maceió, 9 jan. 1866, p. 4. ( 9) GALVÃO, Olimpio Eusébio de Arroxelas. Op. cit. tomo IV, Legislação e atos dos anos de 1860 a l867. Maceió, Tip. Comercial de A. J. da Costa, 1872, p. 178. (10) - -- Op. cit., tomo II, p. 160. -14- Agora uma outra pos~u.:;.:l, t~:1t~m curiosa, (11) a ~!"IJ>cito de incêndios: • • .~ ti" - ,.._,... ~ "tl~,!l'~"'k-W(r.. 1 ......... - 4N~;.~4~ • , ... • . .· Quando haJa mccnd10 será. ob:igado cada vizi· nho do quarteirão em que êle fôr e dos quatro la- dos a mandar imediatamente, os qt~e -tiverem, um esc~avo com um b:-ir r il ce água a. apagar o i;ncên· <Uo; os quais se 11;1·c:;e:ita1ão a qualquer dos inSpe- tores dos três quarteirões, que tor..u:.:·ão a rol o no- me do escravo e do· senhor. Findo o ~ncêndio, o fis- cal respectivo receberá do.9 inspetores de quarteirões, os róis que tiverem feito e os que por êles constar que não mand~ram um ,escravo, serã:o multados em quatro ~il réis, salvo mostrando que tiveram justo impedimento para assim fazerem. E mais uma outra,, <;la mesma origem, e acêrca do M1unto em foco: Logo que fôr público o incêndio, estando a.s l1lAl! às .escuras, deverão tôdas as janelas iluminarem-se. desde o lugar onde principiar o concw·so destinado a apagar o !õgo, sob pena de dois mil rêis de mulia. A~ construções eram poucas ou nenhuma. já que t «Prtlha de co~eiro é. Coisa econômica:-e de-.f.ácil _aqui- t~lo~, ·prosseguia em irônicos comentários, o repórter rn~nrionado linhas acima. A edificação do prédio cuja pedra fundamental fô- rtt lnnçada em 2 .de dezembro de 1847, a casa.. da _De- ~ft(.'Õ.0, depojs crismada com os nomes de Cadeia e Pe- , nltf'nciária, estava em andamento. A 9 de março de HUifi a. Tesouraria da Fazenda da Província chamava 1111 GALVÃO, Olimpio Eusébio de Arroxelas. Op. cit. , tomo II, cit. p. 169. -15-
  • 11. por edital, fornecedores para um alqueire de cal, areia e tijolos de «11 polegadas de comprimento, 5 1/2 em linha de largura e 1 1/2 de grossura>, (12) destinados à conclusão da referida obra. Na parte da frente do magestoso edifício, já então concluída, funcionava a Câmara Munlclpe.1 de Maceió e a denominada Casa do Júri. Edificado se achava um raio do prédio do Hospital de Caridade, depois conhecido como Santa Casa de Misericórdia, sob a invocação de São Vicente de Paula, cuja pedra fundamental fôra lançada em 7 de setem- bro de 1851, a esforços do padre João Barbosa Oordeiro. O Jardim Público do Largo da Matriz, inaugurado nos fins da administração de José Martins Pereira de Alencastre, em 1867, estava ainda sendo nivelado, pre- parando-se o terreno para ser plantado, logradouro êste que viria a ser <o único ponto de reunião e recreio que se proporciona à população desta capital>. (13) O serviço de encanamento d'água potávd do riacho Bebedouro. cujo contrato fôra celebrado em 12 de mar- ço de 1863, encontrava-se ainda em seu prin..:ír-10 «e a- meaçado, de em princípio ficar. a não tomar·se sérias providências», alertava um jornal da províncla (14) E enquanto não chegava a ãgua do cenear.umento>, os moradores de Maceió iam se servindo «d'áb•na das ca- cibas do Pôço, da Cambona e dos arredores do ca- nal da Ponta Grossa., dos rios Bebedouro e Fernão Vdho», (12) O PROGRESSISTA. Maceió, 12 mar. 1868. p. 4. (lS) ALENCASTRE. José Martins Pereira de. Relat6rlo com que entregou a Presidência da Provlncta das Alagnas no dia 10 de junho de 1867. . • Maceió, Tip. do Jornal Alagoa.- no, 1869, p. 14. (14) O PROGRESSISTA. Maceió, 21 nov. 1866, p. 1. -16- ) srndo que «de tõdas estas águas a melhor é a ~o t'tnl.o Velho; segue·se a do B~bedouro, tou<.'..::: as d~ma1s o 11orlvas» . (15) lr.m virtude «das distâncias só a alta classe se sery!a .. Agua do Fernão Velh<!..Jt do )lebedo~ro;. ~ clai;;.;e méd!~ ela Agua da Cambona. mediante a contnbmça0 de dez reis r pote, mandando-a buscar por pessoa sua .:? ( • •• ) a ~ baixa bebe a do Pôço e dos arredores do canal Ponta. Gross:t». (16) As ruas da cidade, inclusive as do bali·:1.• de Jara- pl, l'l'am iluminadas apenas por 120 lampeü-~; a .q;.iero- 1 nc, n «gaz kerosem», como V<'m grafado r;c ~dilal da 1~•ouraria da Província cm que chama os m~i;r~s~ados Alll'rt•matação do custeamento cos mesmos, c.; ...·vmc.:o de mensal para cada um lampeão a quanL" ck }í$500 IM». (17) Cada um dos mencionados lampeões tkh:t a fôrça ct cdez velas de cêra de seis em libra» ( ... 1 com ~tor­ rld 1 de polegada de largura,.. ( ... ) <corn;.'lvando-o~ 1 rontratador bem limpos e acêsos, desde o e'5.:w·ccer ate no ralar da aurora, e nas noite.; de luar tôd !. a ve: que 11111 estiver sôbre o horizonte». E' o QUt? <.:onsta do Contrato da iluminação pública de Maceió (' Jaraguá», 1 hmdo por Boaventura José de Castro e 1h.~'CÔ.>, em l7 dP julho de 1866. (18) 11n1 ESPINDOLA, Tomaz do Bomfim. Geographla physle&, clt. p. 27. lltll - - Op. e loc. cit. nota anterior. ltTJ O PROGRESSISTA. Maceió, 2 mar. 1866, p. 4. 081 RELATõRIO da Comissã.o de e:i.."rune da Tesourarln Pro- vincial, anexo ao R·elntório com que ao Exm. Sr. Dr. Gracillano Aristides do Prado Pimentel entregou a admini.11· tração da Provincia. das Alagoas no dia 22 de maio de 1868 o Exm. Sr. Dr. Antônio Moreira de Barro:.l. Ma- ceió, Tip. do Jornal Alagoa.no, 1868. -17-
  • 12. Mas, convenhamos! já era um progresso. e gr.md co~parando-se com a epoca dos lampeões ali nt•nta<.los azeite de peixe, substituídos pelos de «gás líquidoq e 1857. : No ~no de 1866, além de serem poucos o~ l:;impeões muitas vezes conservavam-se apagados, mesn.o llas noi tes sem lua, mergulhando na e8curidão trechos inteiro da ci~ade, da~d<? ori~em a reclamações dos que se aven turavall? ~sair a noite naqueles tempos de re•.n:tament cvoluntar10» para a Guerra do Paraguai, arris-..ando-se encontraz: com o capitão Almeida ou com o.s majore ~Aea ~ Pmto, «dualidade recrutadora» a que aiu<le cert JO~al1~ta da «Crônica hebdomadária» de o"!1:i:cJico d capital·:·· (19) · ~ ..... ' De ~~ ~os prejudicados pela escuridão, que se assi nou <O_ .~mmigo das trevas», é o apêlo estamrado em O Progr.essist.a de 19 de junho daquele ano de 2.~·~6: JUSTO PEDIDO .Ao Sr. Chefe de Policia, pedimos que: t1:11ce suas ~stas sôbre o péssimo serviço de iluT'1..<.o::ç!í.o desta ·cidade, po~ue há ruas inteiras que s.. t-1'nservam durante tôda a noite às escutas e nAo .sabe.nos se é por economia do arrematante ou se por tsUa dos en. carregados de acender os lampeões, e como d"'seja. mos andar sem perigo de quebrar as pernil.: ~1as gran. des escavações de algumas ruas. . . Por i'•so não po. demos ser indiferentes às faltas que todos n:-tam no serviço, de iluminação. O Palácio. ~o Govêmo e a sua Secretaria funcio- navam em préd10 alugado, um palacete ilertt!nc.cnte ao (19) O ~~O<;lRESSISTA, Maceió, 10 set. 1866, p. 2. -18- lt 1r.t0 de Jaraguá, demolido em 1940 para n.o local ~~!fi­ e •1··se o prédio do Instituto de Aposentadot-ia e r ensoes <'loti Empregados em Transportes e Cargas (IAPETC? ,:- Mas não era somente êste o único prédi•) a ·mere~r umn referência. Outros existiam, dignos de regi$tro, ~o­ tn() o Palacete do Barão de Ja.raguá, no Largo da Maµ;iz, 1111t· servira de paço imperial em 1859, onde hoj.: i:~ ~chatn 111 lnla.dos o Arquh10 Público de ,Alagoas e a B•bliot.eca 1ublica Estadual; o do Mercado Públic.o, cuja P•~dra fun- fl(lmcntal fôra lançada a l° de novembro de B48; e_ qu~ huJ<· não mais existe; o do Quartel da Trops ~:, ~~ mul:' atualmente se acha aquartelada a nossa l c.·ua" ~· lltur vindo da época de Melo e Póvoas; o da Assemblem. 1A1gl~laLiva Pri;)vinc~, então ct:-nomin3:do «O Palacete», Pm cujo andar térreo funcionava igualmente a· Te- mraria d~ Província - qu::! teve sua pedra in!cial lan- lJ tla no dia 14 de março de 1850; o do Quartel de Polícia, 11 1lll1<.:lo onde estivera a Inspe~ií>a do Algodão,_ {pc.d~a fui;i- d 1nwntal em 11 de março de 1851) em cup ~1l10 ho3e 1 1•rgue a Escola de Engenharia da Universij<tdz de Ala..'.' t: 1·1; o da Cu.pit.a.nia_ do Pôrlio e Depósito ~e lla1!ei.ra_s do 11 "tu.do, concluído em 1859, ambos localrzad[ls eni_ Ja·.. 1 11.'1; o da Alfândega,, que funcionava tamoc·t~: e;~ Ja; 1 1 tl''.I, em prédio alugado, já que de velho e ~wnvna~o Iliido retirara-:>c cm 1865, e o do antigo farol, hoje 1 111nlido, que deu o nome no b<iirro do planalto U') Ja- ut111!~n, e cuja primeira pedra fôra lançada a :2 do?. de· lltbl'O de 1851. CJnan~o à.:; ig:ejas, as principais eram a 'Mati~z de Nns~t. 'Senhora dos P1~eres, qu<" teve a sua peJrq. fun-:- fl uw•ntal lançada em 1840, pç-rmanecendo put.éJJ•. em llct>rces até 1850, quando foram reiniciados 03 serviços, 11 1•n nove anos depois ser solenemente inaugut>lda. com um Tc-Dcum, na ocasião da chegada de D. P<'Jro II a M1c~ió a 31 de dezembro de 1859; a Igreja .J" Nos~a Se· nhora da Rosário,:reconstruída em 1853; a de N0&sa Se- · · -19-
  • 13. nhora do Livramenlo, então modesta capela e fi:;.almen a de Nosso Senhor Bom J·esus dos Martírios. Vale contudo esclarecer que não era e~t::t úfürna magestoso templo dos nossos ruas, somente inaugura e~ ~O, ~e outubro de_ 1881. Era uma pequenu c~pel CUJO ~~1c10 da construçao datava de 1836, erigida no me mo sitio onde se ergue a igreja atual, de onde e.n 11 março de 1~66 saiu uma procissão, que petcLrreu ~as da capital, com «um grande côro de an~o:, d m • s1ca dos senhores caixeiros, uma guarda de homa e nã pequeno número de fiéis». (20) . ~avia ainda u~ outro prédio digno de r~::;1stro, do ~n~co te~tro da cidade, - localizado na cniã,> i·11a d Rosar~o~ hOJe terreno baldio - pertencente à Soci·:>dad D~amat1ca P_articular Maeeioeme, o velho Tcutro ceroense, entao em obras, já existente no a.~CJ de 183 conforme deixa transparecer o ofício dirigido a 5 de mar ço do ref:rido ~no1 ao negociante inglês Diogo l>u;:ne po; Francisco l>ias Cabral, Inspetor da Alfândega dt: Ma ce~ó, no qual m~nciona haver sido vendido por .Ju~é Hei (s1c) a Francisco Vieira. da Silva Lessa, «o theatr i qu se acha colocado na rua do Rosário desta v::la.~. (21 E pensar que a cidade já tivera tr'3s i•_:,tro,.:;. «n· efervescência dramática em Maceió! ( ... ) q1mndo tra balharam ao mesmo tempo - o Maceioense. :mne:rv· e Aurora . . .» (22) · {20) O PROGRESSISTA . Maceió, 12 mar. 1866 (21) REGISTRO do expediente da Alfândega de Maceió 1827 1841, apud. SANT'ANA, Moacir Medeiros de. Benedi Silva e sua é1>0ea. Maceió, Ed. do A.P.A., 1966, p. 12. {22) GALVÃO, Ollmpio Eusébio de Arroxelas. «Mace:r e número 3». Ulário do Comércio. Maceió, 9 dez. 1861, p . S (sob as iniciais G.A.E.O., inversão das iniciais do no- me do autor. -20- Nos comentários ~nteriormente aludido~, dv j~rna­ lllita da «Crônica hebdomadária>, ao tratar _e1E rla ::.1tua- cto do teatro de Maceió, le~brou a possib1h~:H'e ae s~ ujudar aquela sociedade particular, «para ~ª"...r a<> me nos uma distração todos os meses para o pubhcc. - mas qual! Basta-nos as descomposturas jornalísti2as para roubar-nos 0 melhor tempo do nosso «spleen~, <•rr~mata o chistoso jornalista. E, por falar em diversão, lembramo-nos do Carna- vnl, que, em Maceió do ano de 186_6 quase que apenas _se limitara ao desfile pelas ruas da cidade, de ~~guns mas- <•urus, de entre os quais uns bem car~c.te~izados e. d~ t'lr.gantes fantasias», deplorando o notic1ansta de JOr mil da época, «que um festejo que tanto ~grada o povo não estivesse compatível com a nossa capital, que J?Ode '"'sta parte muito melhor desenvolver-se», aludindo ndiante a um «baile mascarado que correu com a 1,!lC- lhor ordem possível, finalizando às 2 horas da manhã». (Z3) A animação do Carnaval desapare:era com ~ .en- lrudo então proibido por postura da Camara Mun~cipal (24) 'aprovada por Resolução n. 262, de 8 de maio de 1854, da Presidência da Província: (23) (2~) Flca vedado o prejudicial costume de entrudo, sendo só permitido em substituição, o uso de másca- ras pelas ruas nos três dias de carnaval com as far- ças do costume, e bailes mascarados em casas, pre- cedendo para as reuniões do:s bailes, permiss~o da policia na forma da lei; os contraven'.ores e vende- O PROGRESSISTA. Maceió, lS !ev. 1866, p. 2). GALVÃO, Olímpio Eusébio de Arroxelas. Op. cit. Tomo III, Legislaçãe e atos dos anos de 1851 a 1859. Maceió, Tip. Comercial de A. J. da Costa, 1871, p. 370. -21-
  • 14. dores de e.laranjinhas> pelas ruas, ou que n:; expu. serem à venda em casal!, pagarão a multa de cinoo mll réí~ da cadeia. . . e o duplo nas relncld~nc~as . - ... .. : Mas o fato .é que, a desi'>eito da proibição, continua- va-se a jogar, mesmo em desconhecidos, os limões de cêra e as laranjinhas de que fala a centenária postura municipal. No dia 13 d~ fevereiro de 1866, houve quem criti- casse, nas colunas do Diário das Alagou..~, o restabeleci- mento do entrudo, apesar de prnibido pelas autoridades, declarando qu~ no sábado, à noite, êsse «harba.rlsmo fomava uma. atitude medonha.; Ilrincipalmente na. Dôca. de Maceió, ruas do Imperador, Pra.ia e do Saraiva». (25) Sómente as festividades religiosas, como as procis- sões e as novenas no interior dos templos, seguidas dos leilões de prendas, abrilhantados com as músicas das fi- larmônicas, a queima de fogos de artifícios e outros di- vertimentos no páteo da igreja, reservado aos cham3dos festejos profanos, tiravam as recatadas e bem guarda- das sinhàzinhas do aco::chêgo dos lares, levando-as a misturarem-se com o povaréu anônimo da cidadezinha mais do que provincian:i. Sim, porque a nta ficava para os moleques! Era o pen.sarnento da época. Já então existiam os famosos festejos extc:nos em louvor ao Senhor Bom Jesus dos Martírios, a •Festa dos Martírios>, a mais concorrida dentre as festas de porta de igreja da capital, depois celebrizada em versos, pelo poeta conterrâneo Virgílio Guedes, (26) naquele (25) DttGUES Jú1'."IOR, Manuel. «Um século de vida social>, ln Maceió ----: Cem anos de vida. da capital. Maceió, Oaso. Ramalho Editôra 1989, p. 68. (26) GUEDES, Virgflio. A Fe:ota dos Marti,rios. Ma~c 6, 'Im. prensa Oficial, 193!, 23. p. - 22 ,f, ' • - ' u, ;_. - ~ l . I j dt) Nossa Scnhnra do Ro~:ádo, existente ;ntiJ?a fotogra.ha da gre a. 'Himo plano à r.s· cm 1866. O velho lampeão que apucc.e ciuase cm n . l A' P A.) "nt1ruidade Jcl'ta loto (Da fototeca to ..quo•da, atesta a 0 "
  • 15. •·'otografia do antigo farol dc.molitfo pouco depois de 1ª49, cuja !>edra lunctamental fôra lançada em ~ de dezembro de ~e que em 1866 já guiava a-0s navegantes. (Da fototeca do A.P .A.)
  • 16. no de 1866 iniciada com o novenário no dia 19 de 1gôsto. - ., De tais festejos fomos encontrar saborosa descri- ~Cio por jornalista que escrevia em um dos periódicos mnccioenses. Depois de descrever a iluminação no páteo onde se 1 11llzavam os festejos externos, iluminação que enchia de «luz o vasto quadrilátero, por onde se derramam on- dnR de harmonia de uma banda de música», o nosso cronista alude às «facécias do leiloeiro, o riso, a graça, 1 rachinada da molecagem a acotovelar-se, a assobiar, a pt'l•clpitar-s.e em ondas paro. qualquer parte a que os uuh o seu chefe; o farfalhar das sêdas que se roçam; o rumorejar dos balões que se chocam; o cheiro dos per- rum,•s que se aspiram; o chiste das pilhérias que se jo- nm; o ondular das cabeças que se atopetam; a alegria QUl' ~e divis::i. em milhares de semblantes; todo êsse pouco dt tudo que se vê nas grandes festas, inebria o coração <ln homem mais apático e misantropo, e enche-o de um nulo prazer; porque santo é o motivo dêle». (27) O piano era então o instrumento da moda, o prefe- 1lo, e de imprescindível p:csença nas residências mais IJrtstadas. Para suprir o repertório musical das sinhàzinhas, 1 cstwa. na rua do Comércio, n. 39, a loja do portu- 1't~s José Gonçalves Guimurãcs, onde podiam ser encon- t1•odas «walsas, polcas, schottischs e outras músicas de õ to , conforme anúncio de dezembro de 1866. (28) E, se o pi.ano desafinava. em janeiro de 1866, pelo nwnos, podia-se recorrer a Alberto Grnnfcld, que se di- 0171 O PROGRESSISTA. Maceió, 27 a.gô. 1866, p. 2. t:IR) Idem. Maceió, 11 dez. 1866, p. 4. -23-
  • 17. 4!:ia fabricante e afinador de pianos, e que avisava en· contrar-sc em Maceió, «para os misteres da sua profis- são>, podendo ser procurado a qualquer hora na loja n. 42, do relojoeiro Albert-O Ascoff, (29) de nacionali- dade alemã, que em junho seguinte associou-se com ou- tro colega de profissão, o francês Antônio Fabvre . ...uo piano - mforma Manuel Diégues Júnior - a influência em Maceió foi grande. Aprendia·se em tôdas as casas; mocinhas tocavam valsas românticas, polcas sentimentais. Êle trouxe à vida de Maceió uma verda- deira revolução . Sua entrada nas salas provincianas marcou uma êpcca. E surgem então os recitativos ao som da «Dalila»; as môças cantam árias ou mesmo val- sas acompanhadas pelo seu professor ou por algum pia- nista», arremata o historiador da nossa vida social. (30) Em 1866 não existiam os chamados fortes de São Joio e São Pedro, construídos no Govêrno llek> e Póvoas, o primeiro dêles cm a pedra fundamental lançada em 13 de maio de 1819. Em 3· :ie aezembro do citado ano de 1866 foram expostos à arrematação pública «os diversos reparos das peças que se achavam no forte>, bem como <trinta quin· tais d2 carvão de pedra existentes no forte de S. Pe~J.·o cm Pajussara», conforme edital da Tesouraria da. Fa- zenda Provincial. {31) O tradicional Liceu Alagoa.J:.t:>, na época ora deno- minado Liceu de Maceió, ora Liceu Provincial, contava 17 anos, criado que fôra em 5 de maio de 1849, e fun- cionava em um velho edifício de taipa, no Largo da (29) (80) (81) O PROGRESSISTA. M-aceió, 2 jan. 1866. p. 4. D~GUES JúNIOR, Manuel. «Um século de vida sozlai>, clt. p. 71. O PROGRESSISTA. Maceió, 81 dez. 1866, p. 4 -24- t bém alojadas a Biblioteca ~!ntriz, onde _se. achava~ ~ria Geral dos Estudos da l 'úbli.ca. Prov1~Cial e a ns:.':sentemente se encontra ecli- Provincia, ~º. 1ocal on 1 de. P. Fiscal do Tesouro Nacional. ficado o oredio da De egac1a - eis os lentes do Liceu nesse período: Dr. ..t!.f".UU s · d 1 (Geografia) ; Padre Manoel Tomaz do Bomfim ~i;:n . 0 a.(Latim) . Dr. Possidônio de Amâncio das ~ores 3.;s . Dr Jo~é Alexandrino Dias Carvalho More.tra (Frances) • : s (Português) r ). J sé FranctSCo oares d~ Moura. (Ing :s. • B~l.. d Cunb.a (Geometria). (32) l' Dr. Jose Antôruo iM•L'il. a . . . 1866 unicamente exlStlam De caráter particular, e~ , io Nossa. Senhora dois educandários ei:i Mace10, ºar~ol~cninas fundado a da. Conceição, excl~~~~me~~~i~do pela Professôra Afra 7 a.~ setembro de d : lecionado o português, fran- Pe"eira Branco, on e eia . . S"o Domina-os desti-• · · · o Colcgto ... ~ , cês, geografia e mu~1ca, e 5 a· 'sto de 1863 e diri- . os criado em e ago nado a merunh ' .d Professor Domingos Bento da Moe- gido pelo con e.c1 0 d li 0 português latim, fran- da e Silva, lec1onan o-se a ' ' c·ês, inglês e música· , . •ht de 1866 êssc último educandar10 c~- A 5 de ª?º"' 0 u 39 aniversário, com lada1- nll'morou festivamente o seuza Frnncisc1;> Peixoto Duar- nha cantada ~los padres CSo ta , asslS·tida por inúmeras ln, · Jn<>nwm da os 1 al · te e a.e.•:> ..,_. , • ntrc elas o Presidente, em outoridades da Provincia, e . dadc Após o ato reli- . "ssoas de nossa soc1e < • • • cl<' outras P" ._ nl antaram diversas arias e cava- gloso, «muitas se 1or%s c. alrrumas quadrilhas e lan- tlnas», dan~~ndo·se. cyo~a ~prensa da época. {33) cciros», noticia um orgao (Corrcsp . Recebi-INSTRUÇÃO PúBLICA. .l!365/1866. <32) p A da). Maço 16, Est. 5, do A. . . (S3) O PROGRESSIS'rA, Mncció, 6 o.gõ. 1866. p. 2) -25-
  • 18. Escolo.s publicas de primeiras letra · dentro do pe- rímetro urbano da cidade, funcionavam seis, sendo três para o sexo masculino e as três restantes para o femi- nino. Os meninos estuciavam com Camilo Lel-es Pereira da. Oasta, na ma do Livramento, que tinha 189 alunos matriculados na sua escola, ou com lU:mocl Joaquim de Mora.es, na rua Augusta, com uma matrícula de 159 alu- nos, ou então com SHvesfre Antôn'.1:> dos Sanfos Júnior, no Largo dos Martírios, que lecionava a 69 meninos. Já as meninas frequentavam a escola da profcssô- ra '.l'crezi Marla cb O:>sta Espinoza, na rua da Boa Vista, cujas sa,Jas de aula eram frequentadas por 68 alunas; a de Jooof2, Pereira Bastos, na rua do Macena, com 67 nlu- no.s matriculadas, ou finalmente a de Rit~ 1.-eopoldina de Mesquita Soa:.-cs, onde se achavam m:itriculadas 58 alu- nas. (34) Como seria o mobiliário de urna desso.s escolas pri- márias? Em um antir:o Rclat6rio do Insoetor dos Estudos da Província o D·r. Tomaz do Bamfhn Espínciola, (35) fomos encontrar, dcvidzmente rclacion:.idos, todo:; cos objetos que devem compor a mobília de uma escola pú- plica de primeiras l~trGS:.>: (34) MAPA geral <las ccco!as do e-:i!:lr.o pr·már:o da Prov·ncia... d:i.tado de 31 j:m. 1867, in RELATôRIO com que o oxmo. ~r. Jocé Martins Perefra de Ale!lc-ns~re c:1.rcgou :i Pre- sidênch da Província das Alagoas no dia 10 do jtmho de 1867, cit. (85) RELATôRIO da Inspeto1ia Geral dos Entado.':1 da Provfn- cia, 31 do janeiro de 18G7, in Relatório crun que o oxm. sr. José Martins Pcre:ra de Alcncastre entregou a pre11tdancia da Pz·ovfncia d;;i.s Alagoas no dia. 10 de junho de 1867 cit.). - 26 m uma carteira.lº - Um estrado de louro, co de amarelo .:. uma. cadeira de brac;o também de ama- relo e de palhinha; 5 alu 20 _ Mesões de louro para cada grupo de · la .-uperior terminará pornos sendo que <-O seu P no V • inc{inaçã.o de 1 polegada. e S linhas na parte ma1s ~- . na qual haverá. um r.,-levada, que será. a postenor, . go longitudinal para colocar lápis e penas, ( ... ) _e -sas ao seu bordo posterior 5 estantes para mu- ~:~ para nelas se prende:em os traslados>; .. B os de louro tantos quantos os mesões,s• - anc . al 4• - Cabides com 10 tornos em número igu à metade dos mesões; 5• - Uma. tábua envernizada de prôto par~ l!el'- vir de pedra para as opel'ações aritméticas, e.e.; 6• - Um pequeno relógio de parede; 7• - Uma <taboinha para. salda>; 8• _ Uma campainha; . 9• - Três cadeiras de amarelo e de palhmha pa· ra as autoridades inspecionadoras; 10• - Um quadro <com a Eflgie de Nossa Se. nhora da Conceição>; 11• - Um quadro <com o retrato de S. Mages- tade o Imperador o !'cnhor D. Pedro ll>. • Circulavam na cidade quatro jornais de vult<:>,~ li . d Ala oas Jornal de Maceió, O Progressis ' gi~~~ca!':u de ~~oas, além de outros de menor porte. (36) O mais ant!go então· em circulação era o Elário cb&it Alagoas, surgido e~ 1•_de ~a~·ço de 1858, e nosso primeiro jornal de pubhcaçao diana. (30) Para os informes a respeito do assunto aqui t~a.tado, ser. vimo-nos de livro de nossa autoria., ainda inédito: A 1Jn. século nn.sf!OOo. (Prômio cidade deprensa. nmceloense no •- Maceió - 1959) . -Zl-
  • 19. ;1'ertencente ao cônego Antô . • publicado ininterruptamente d ~ mo Jose da Costa, foi pressa na Tipografia Comer .: :1te 35 anos, e era im- talada na rua do Comérci c1 e Mo_raes & Costa, ins- mente mudada para Tipo'ir::n 6~ razao. social posterior- Costa, depois que a uêl a omerc1al de A. J . da sócios da firma delaq pa: sacerdote, .~ dos primitivos , sou a proprietário exclusivo. De 1860, 1• de junho . . de Maceió, substituto d'O ; o apar_eci:rien~ do Jornal rado. empo, orgao liberal mode· Ao surgir o Partido Pro · que o próprio Partido Liber l ~res~1st~. nada mais do ~ue.pudesse, acima dos anti a, mais hberal, mais forte, mstltuições monárquicas» (~~~· to~nar-se o baluarte das ~ou-se órgão oficial daqu~le .° ornai de Maceió tor- 1mpresso na Tipografia p pa~do, passando então a ser ta 37 rogress1sta na rua d B . , n. , tendo sido substit 'd ' a oa Vis· pelo Partido Liberal. ur o, em setembro de 1867, O Mercantil das Ala oas se publicaram no decorre~ d outro dos periódicos que de setembro de 18 63 e 1866, apareceu no dia 2 êle também surgiu ~ac~~ 0 • n?me de Mercantil e com publicac--~o de um jornal ~v1~~1a_; a. tentativa inicial da . e1çao mdependente . ~ra impresso às segundas na Tipografia Imparcial AI ' qu~s e sextas-feiras adquirida no Rio de J ~goana, CUJa maquinaria fôr~ Ca.stro Aze aneiro, por Boave tur J ' e vedo, seu proprietár· n a ose de10. Em julho de 1865 é ue para O Mercantil das Ai alterou a sua denominação uma cláusula do contrato ~:i:~admudança imi:osta por o com o governo pro- (87) DIJDGUES, .:Joaquim «0 . . Rev. lnt!I~. Arch. e~ ~~e1ro diário em Alagoas:.. gr. ,,.oano. Maceió, v . .XII, 1927. -28- llll, a 8 do citado mês e ano, para a publicação do 1111 txpediente. P'..ste jornal, que se retirou da circulação ainda no aludldo ano de 1866, possuiu o primeiro prelo mecânieo • Província, do conhecido fabricante Alanzet, importa- .. da Europa pelo seu dono. Aparecido em novembro de 1865, O Progressista era Wo do partido de idêntico nome, e se publicava dià· fiamente, sob a direção de Joaquim José Vieira da. Fon- Impresso na Tipografia Progressista, na rua da Boa Vlata, n. 37, pertencente ao proprietârio dêste es- tabelecimento, o Bacharel Félix da Costa Moraes, era redlgldo pelo Dr. Mariano ;Joaquim da Silva. Dissolvido o Partido Progressista em julho de 1868, o jornal alterou a sua denominação para União Liberal, 1 25 de agôsto daquele ano . Dentre os periódicos de menor porte, que circula- ram no ano de 1866, destacamos O Bípede, cujo primeiro n(amc>ro data de 2 de setembro do mencionado ano. Dizendo-se crítico e joco-sério, era impresso na Ti- pografia Popular, de A. G. da R. Algarrão - Antônio Qrldano da Boob& Algarrio - instalada na rua do Li- vramento, n. 12, de onde saiu apenas durante os cinco domingos de setembro de 1866. Pertencia ao proprietário daquele estabelecimento tipográfico, que acumulava igualmente as funções de re- dator. Custava a sua assinatura mensal a quantia de 500 rols, cpaga adiantadamente>, e a fôlha avulsa, 120 réis, tendo sido o primeiro órgão da imprensa alagoana a uti· llzar a xilogravura. I' -29-
  • 20. Ao alto da primeira página do seu exemplar n 5, do ano I, de 30 de setembro de 1866, com o qual retirou· se da arena jornalística, por cima do titulo, estampava um busto de homem, com a cabeça de burro, entre duas «charges:. políticas, em versoos, endereçadas, ao Dr. Ma· ri.ano Joaquim da Silva, redator-chefe de O Progressista, que transcrevemos como amostra da violência do jorna- lismo político da épaca . «Dai-me passagem, senhores, Que eu sou rapaz AFAMADO, Embora por desabrido Me tenham vis faladores, Eu tenho imensos primores De envolta com safadezas, E por tamanhas proezas Sigo à Côrte em comissão Para1 lá na exposição Praticar mil GENTILEZAS:. «Não serve nem para carga Por ser um burro safado, Infame, vil, desbriado QUEM TEM A CARA TÃO l<ARGA, Ser bacharel não !'embarga, Que tome da besta a ronha, E que à tal caratonha Jamais lhe suba o rubor, E pois, hão tendo pudor DECERTO NÃO TEM VERGONHA». Os anúncios de escravos fugidos eram uma constan- te nos jornais do tempo. -30
  • 21. Existenie em 1866, o "Palacete Barão de Jaraguá", em cuja ala direita. a.cha·se instalado o .Arquiv0 Público dE' Alagoas, serviu de paço imperial quando da visita de D. Pedro li a !'laceió, em 1859. Era êste, sem nenhuma modificação, o aspecto dêste logradouro no citado ano de 1866 (Da fotot.eca do A P. A. )
  • 22. • VelJJO aspecto da I'taça D , Pedro ll, destacando·S<' os prédios onde se acham instalados o Arquivo Público de Alagoas e a Assembléia f,ei;jslativa Estadual. Data de 1851 o lança· mento 1<.-i pedra fwhl:nnental dêstt' último e de 1917 a inauguraçã-0 dos doi'! pavilhões qu.! Lamhé.n aparecem nu foto, construidos para as comemorações do centenário da nossa emancipação política (Da fototeca do A P A ')
  • 23. Em um dêles, Américo Netto Finniano de Mo~. lo fundador e um dos Presidentes da ASSOCIAÇÃO MERCIAL DE MACEIÓ, avisava ao público a fuga, 5 l'tendo recompensa pela captui'a, do seu escravo ndo, de «18 a 20 anos, mulato e bonita figura, sa- o ler e escrever». (38) Visando reduzir ao mínimo a fuga dos escravos, 'n-se de vários artüícios. Um dêles era o t~e olhcr, às -9 horas da_poite, anunciado pelo sino da trlz de Nossa, Senhora. dos Pra.zeros. E, todo o escravo que fôssc encontrado após aquele .-iu", «semescritoãe seu senhor datado do mesmo diA., 1'0 qual declare o fim a que vai, será recolhido à prisão e '1Ultndo o se;ibo:r_em 3$000; e caso recuse pagar sofrerá 90 açoites o escravo e será sôlto». Era o que estipulava p~ró.grafo 4• do titulo 79 das Posturas Municipais em 110r.. · F.xcetuava-se, no caso, apenas quanto à dafa do a- Wldo ·escrito, « eséravo ou escravos cujos senhores mo- rem fopa da cidade e seus subúrbios>, conforme cons- ' tnmbém do aviso da Secretaria de Polícia da Pro- n<•la, inserido a 7 de agôsto de 1866 nas colunas de P~essista . 1-;, por falar em escravos, vamos agora travar co- fthóclmento com um realmente <muito habilidoso>, se- 91ndo iremos comprovar através de anúncio do único ltlk>ch·o público da época, Numa. Pompilio Pa.s.Ws, estam- ,ado no aludido periódico a 16 de novembro daquele ano etc 1866. o PROGRESSISTA. Maceió, 2 jan. 1866, p .•. -31-
  • 24. LEILAO de um escravo Sábado 17 do conente Numa Pompilio Passos, competentemente rizado, venderá em leilão no mulato Pedro, que foi do padre Wanderley, tem anos de idade, sadio e muito habilidoso, coz'nha um grande jantar em que haja assados, mass dõces, engoma perfeitamente bem, é boleeiro, peiro, o que aprendeu em Pernambuco, onde es alguns anos, e finalmente trabalha de pedreiro e 'tor. No mês de fevereiro dêsse ano de 1866, José cisco da Silva Braga, farmacêutico formado pela Es la de Medicina da Bahia, estabeleceu-se com uma bo na rua do Comércio, no prédio de n. 214; «junto ~ l do sr. Eugênio», segundo curiosamente registra o anúncio estampado em jornal de Maceió. (39) Silva Braga, contudo, não se achava só no mercad Jâ existia a Pharmácia 'llnperial de outro fàrmacêutt' formado naquela mesma faculdade baiana - Clau • Falcão Dias, em cujo esabelecimento, localizaqo na do Comércio, n. 55, podiam ser encontrados rnedicarne tos franceses e americanos, além· de «-colares elec magnéticos contra os males da dentição» e os ·seus p parados «Extrato de Leite Virginal'> e o <Rob An Boubático:., êste último destinado ao .:tratamento d boubas, cravos e moléstias venéreas antigas», confo asseverava em anúncio da sua farmâcia. (40) (59) O PROGRESSISTA. Maceió, 19 dez. 1866, p. 4, (40) Idem. Maceió, SO nov. p. 4. -32- b por falar em boticário, aí vai um~ ~ostura, em Yl&&i.H' 'na época, extraída do já citad~ «Código de Pos· tlU'llK da Câmara Municipal de Mace10», (41) aprovado m :~ de dezembro de 1845: . o boticário que vender i·emédio sem receita de professor <autorizado para curar,. pagará seis .mil réis de multa, salvo se o remédio for de natureza mo. centfss!ma. Os vendedores de drogas que, sem serem boticários aprovados, vendere.m em doses miudas su~. tâncias venenosas e suspeitas, ou remédios muito at1. vos, quer sem receita de professor, quer co~1. ela; ai!. sim como os individuos que venderem as d1.as irub8· tâncias em grande porção (ainda que boticários tt· jam) a escravos e pessoas desconhe_cidas, suspeitas, ou que não prec'.sem delas no exerc elo da sua pro· · ttssão sofrerão a multa de dez a trinta mil réis, sem ,· .. prejuizo das penas mais graves qtie puderem .sofrer · das justiças criminais, na conformidade das le1s. ó zêio· m~nicipal ia mais ~lém..Vejamos um~ outr~ ttu turn, (~2)aesta sôbre. a obr1gator1edade da vacma nas ri 111c;as: ,.., Tõda pessoa do têrmo da cidade que tiver a t.eu cargo a educação de alguma criança .!!_e qualquer côr que seja, será obrigada a mandá-la à casa d~ vacma ·para "er vacinada até pegar ou fazê-la vacmar em casa ~odendo-o dentro de um ano de seu nascimento e tr~s meses depois que a tiver a seu cargo, pal!sando desta idade e es'.ando em sa11de para receber o re· · médio. os que se acharem em contra·enção ~r&o multados. em seis mil réis. C".iALVAO, Olimpio Eusébio de Arroxelas. Op. cit. tom-0 rt clt., p. 149.150. _ op. e tômo cit. nota anterior, p. 171. -33-
  • 25. . Eram sete, ao que parece, os médicos aqui es c1dos naquele afastado ano de 1866: Dr. João Dias Cabral, o futuro sócio fundador e Secretárl pétuo do Instituto Arqueológico e Geográfico Ala fundado a 2 de dezembro de 1869, formado pela dade de Medicina da Bahia desde o ano de 1856 e ' a estudos históricos; Dr. José tAntônr•o Bahia da formado igualmente pela mesma Faculdade e len Geometria do antigo Liceu Alagoano; Francisco J Pereira da ~fofa, médico da Enfermaria Militar da pa de Linha; Dr. Policarpo José de Souza· Dr. T do Bomfim ,Espíndola, na época também Presiden Câmara Municipal de Maceió, Inspetor da Saúde Pú e Provedoria do Pôrto, Inspetor Geral dos Estud Província e lente de Geografia do Liceu conhecido .da primeira geografia publicada em Afagoas, por ·goano - a Geografia física. política, hist-Orica e trativa. da Província das Alagoas, impressa em Ma no ano de 1860; Dr. R•oberto Calheiros de Meto. fo na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, em dez~mbro de 1848, deputado geral por Alagoas na ... legislatura (1857 a 1860), deputado provincial nas e 15a. legislaturas, coITespondentes ao período 1850-1 e· 1864-1865, Vice-Presidente da Província em exe11 da Presidência por inúmeras vezes. dentro do perí compreendido entre 1854 e 1865 e Inspetor da Alfând - de Maceió, a partir de 1866, <o que parece demo o seu afastamento da política, após o ano de 1865:. ( e o Dr. J~into Paes Pinto da Silva, deputado provin na 15a. legislatura (1864-1865), irmão do conhecido lítico. o Bacharel José Ãngelo Márcio da Silva, form desde 1849, pela Faculdade de Medicina da Bahia. (48) FALCAO. Renan. <Contribuição para a história da dicfna em AlagoaS> Rev. Arq. P6bl. Alagoas. 1, 1962, p. 185. -34- , t~ eram ~ntão os mais c?n~ecidos: o ,Joo.quim da Silva, espec1al1zado em ln't·lu, do cível e do crime, com banca .de· a•anc;u D. Pedro n, «em uma casa que fica •tcu1our1u·ia Provincial», como ':ªg~mente anurll'lo da época; o Bacharel Eut1qu10 Car- o Oam.ll:t promotor público da Comarca, Ya no l'ÍVcl e comercial, podendo ser procur~­ dl Ah•gria e, finalmente, o Advogado Lu~ (judoy o V~oncel2,S, que i~almente exercia no ruro de Maceió, e podia «ser procurado · lltt 1•1·1 un sua profissão, no .bê~o do sobrado plllo Leite na rua do Comerc101 ou na casa ild~ndu, n~ rua do Davi. (44} . rlv '° ck órfãos era Antônio Januário de Car- · au11.1lna uma «Declaração» datada _de 22 ~e M ·l8GH, cm que avisava a arrem:itaçao, ~o _dia Í'olhi seguinte, <à porta do Ju1zo de ?rfaos,· 04t dut.11 'c:tdeirJ.s por 48$000 rs., duas ditas dê , tKar J2$000, duas ditas de balanço por 20$000, olnH -por 20$000, uma mesa redond3: por 15$000, por :lf>$000. .. », além de «Um~ ca1~a conte~do lute11 .pt•ças de roupa de uso; três palltores (s1c) tt, ti11w camisas, cinco calças b~·ancas,~ duas d1- ln hn 11.1rcto, uma dita de casenura, o·es coletes , t1olN.1litos pardos, e um dito prêto, sete ceroulas, a U't cll' meias, três gravatas, um p~r de lu~as lllI chapéu de pêlo, um dito do Chile, um dito lhklhf t' um bonet», todo o ~arda-roupa, com~ cu e l'lnuclo Inácio Lopes da. Silva Ü:)mcs que vm l>fl1·a pagamento de credores . (45} 1 ntlNl:t, o mais conhecido era Francisco :r,onc~no lll&nto,., que em 8 de junho de 1866 anunciavà ein '. O )'ltOURESSISTA. Maceió, 26 mar. 1866, p. 4. ldtn , Maceió, 22 jan. 1866, p. S. -35-
  • 26. O ~ta que acabava «de be sortunento de dentes e m ~ece r um completo ra chwnbar os mesmos· assas de d1v~rsas finalidades pa- habilltado a exercer a' :ro: este_Ja competentemente colocando dentes por m . d o acuna mencionada já de pressão de ar a todose100" e colchetes, já por ~eio ed . • .1.erece seu rum·m 1ante paga razoável pod d muto prestimo curado a qualquer hora ,d ~n o ser para tal fim pro- RO-CABELEREIRO . o dia e~ s~a loja de BARBEI- , a rua Comerc10, n. 49» O dentista ciêste anúnci · do seu colega José An 1 t o er~ uma versão meJhorada oito anos antes em 18~~e o, emigrado do Recife, que há ta cidade, na 'rua do A~~contrava-se estabelecido nes- <procurado a qualquer h~ragl,:t· n_., 27, onde podia se;· fo~·m~ difundia em periódico 1° ª;ª ou da .noite», con- a.lem da profissão de ª" t• t oca ' (46) ali exercendo ( "'n is a a de b ·b · · ' atual flebotomista) amol' d : d ª1 eno, sangrador dentrifícios e vendedor de~ o1 .;f navalha, fabricante d~ tes, autêntico representantee~e ods c~ntra a do.r de den- . _ os entistas da cpoca . Amda nao existiam na Pro •í . tos fotográficos fixos Os fot. 'fnc..a, os estabclecimcn- publicavam anúncio ~os jo ~gr~ os que aqui apareciam velmente constavam as f rnrus ª terra, do qual invarià~ Pernambuco » ott De rases - «De passagem para · · · · • « morando-se al capital".. > executavam al ns gum tempo nesta freguesia, arriba•am para guotr trabalhos e, esgotada a u as plagas. Em julho de 1866 tem or. . um dêsses em Ma~ió 0 fot P anamente estabeleceu-se u~a.oficina aonde tir~ retra~fs'~~ Albert~ Cohen, «com ate as 5 horas da tarde no LA~G~ os dias de meio dia pegada ao sobrado do sr Ba ,- d DA M~TRIZ, casa · mo e Jaragua». (47) l,4.6) DIA.RIO DAS ALAGOA . (47) O P.R.OGRESSISTA M S,. Maceió, 1• mar. 1858. . ace1ó, 4 jul. 1866, p. 4. -36-- · A '1.7 de novembro o citado jornal ainda publicava ~I anúncio. Logo após Albert.o Cohen fêz uma viagem •. l'~rn<imbuco. De volta, participou através daquele pe- flildlt'o, a 30 de janeiro de 1867, que acabava <de fazer bastante despeza, uma nova oficina de tirar retra- •, tendo para lSSO, mandado buscar em Paris, «S me- l'Cli productos chimicos e competente material novo>, wnmdo ao mesmo tempo às pessoas que se quisessem truhu· que procurassem o seu Atelier no Largo da Ma- li, 11. 14, antes do dia 20 de fevereiro, pois nessa data part•h•ndia retirar-se para fora da capital a serviço da profissão. No ano de 1877 êle se achava em São Paulo e dêle f u-nrn apresentadas na Exposiçiiia de Hist.ória. do Bra- M&, n•aliz~da em dezembro de 1881 no Rio de Janeiro, lt• fotografias de São Paulo, tiradas naquele ano de 11171;.Qertencentes à coleção do Barão Homem de Melo. (4Mi . A. prirneir~mprêsa a explorar regularmente os t~unspQrtes urbanosemMãCe1õ tõt a Comj)111lhla.'Bilúana lél avega~ que, a 24 de março de 1866 firnlou confra- 1 f[ql a~ navegação a vapor das la_goas do Norte (Man- 1 iha) e ão:Sül {Mundaú). Dêsse mesmo contrato constava uma cláusula para 1 onstrução de uma estrada de f~rro entre o pôrto de Jnrnguá_g_JLentão povoaçao do TraplChe da BaITa, com um ram~l ligando também o bairro de Jaraguá ao cen- tro da cid~de derifaceió._ · - - Todavia, o ramal Jaragl,lá-Maceió somente foi inau- 1111mdo dois anos depois, a 25 de março de 1868, e o de !4111 . CATALOGO da Exposição de H'stórla do Brasil. o.pud. LA. VENERE, L. e SANT'ANA, Moaclr Medeii·os de ~/, Foto- g rafia em Maceió, (1858-1918) Rev. Ai'<). Públ. Alagoas. Maceió, n. 1, 1962, p. 124. -37-
  • 27. Jaruguá Trapiche da Barra no dia 27 do mc.~mo ano. E antes, - é de se perguntar - como se locomovia mos maceioenses? Em cavalos ou em carrua~ meThor, emca1~os, como então chamavam às viatUI puxadas por êsscs animais, como os da «emprêsa> d major Manoel Ma.rtins de Miranda, que anunciava e março de 1859 encontrar-se com os seus carros cm con dições de atender às «pessoas que dêles se quizesse utilizar», (... ) procurando-os «a qualquer hora que s rão prontamente servidos». (49) Anúncio assinado por W. Gních, comunicava n par• tida «para as Mangabeiras», em dezembro de 1860, dos veículos Porguesso e ~fa.chambomba, (sic) sem dúvid< para os que iam passar ali os festejos nutullnos. «0.s billletes de passagem custão 400 réis a dinhcir vivo bolindo no escritório da estação m ladeira do AJ.. garve (rua do Imperador, nas alturas da Catedr<tl) en frente à casa do l!irindonga», acrcscenta'a o referido anúncio. (50) Em 1864 os maceioenscs podiam encontrar «c:uTos dt! aluguel na cocheira de Félix Bc2erra. Guedes .!Uont"- negro, na rua do Davi, (atual Melo 1loracs) defronte do sr. Abreu Farias», onde também se podiam alugai· cavalos. «Os carros puxados a 2, 4 e 6», (cavalos) esclare· eia o boleciro M. C . B~.ga no anúncio estampado em órgão da imprensa local, eram <tpróprios para passeios nos arrabaldes da cidade». (51) · <•9) DIA.RIO DAS ALAGOAS, :Maceió, 17 mar. 1859, p. 4 . (50> CORREIO OFICIAL. Maceió, 21 dez. 1860, p. 4. (õl) JORNAL DE MACEió, Maceió, 15 a br. 1864, p. 4. -38-
  • 28. J-:m 1866 era {:str o Quartel da Trnpa d-. Linha Atu:dn'ent1-, com modifka.çõt.s em .•;n~ Jinhas .i111uitt"ti111!ca~.. uo mcMuo pré:.tfa eu~or:tra ~e aquartela<la a Polícia Militat de JUa;;oas (Da folt>teca !o A P. A )
  • 29. Prédio do Hospital de São Vicente na primeira década do século atual. Era êste um dos poucos edifícios de vulto ex.istentes em .:laceió no ano de 1866. (Da fototeca do A.P .A )
  • 30.
  • 31. •, A 2 de abril de 1865 o citado Félix Bezerra publicou ••m «Aviso aos Assinantes do Omnibus e ao público des- 1n cidade» {... ) que tinha <alterado, a contar de hoje 1•111 diante, para quinze mil réis as assinaturas mensais do ornnibus e para quinhentos réis as viagens avulsas dinheiro à vista - visto a dificuldade do trânsito do llll'smo pelas ruas por falta de nivelamento e calçamento dl•las». (52) Há ceni anos, precisamente no dia 27 de setembro dt• 1866, José de Melo Lima Barbosa, «proprietário dos UMNIBUS», avisava ao público maceioense que daquela d111t1 em diante partiriam «do lugar do costume, para Jnrnguá às 2 horas da tarde, os omnibus que se acham mnpletamente renovados, e bem assim que nos sábados 5 ho.r~ da tarde partirão para o Bebedouro, para lide também seguirão nos domingos às 6 horas da ma- lhl ·a às 5 da tarde». Acrescentava ainda no referido aviso, que «O preço ; o ·da tabela com que andaram sempre>, - fazendo llt•stão de frisar - «e sempre a dinheiro à vista, pois . riados está com o livro cheio>. (53) ·Barbosa participava, em 3 de novembro seguinte <ao iijieirá.vel público desta cidade e, principalmente aos . ~mpregados de Jaraguá, que de amanhã em diante ""1-•irú o OMNIBUS para ali por 320 réis e que se não ltl>U'l'r fnfluência (sic) até o dia 10 do corrente, deixará t'J~uir para êsse lugar», participando igualmente que •Hl'llS carros estavam «decentemente ornados, capa~es • undar neles qualquer pessoa, e por muito cômodo ~o• . (54) IJIARIO DAS ALAGOAS. Maceió, 3 abr. 1865. o PROGRESSISTA. Maceió. 27 set. 1866, p. 4. Idem: Maceió, 8 nov. 1866, p. 4. -39- I
  • 32. A 22 de dezembro, «O proprietário do OMNIBUS> avisava que, a pedido de várias pessoas, faria seguir na- quele dia às 3 horas da tarde, «o OMNIBUS-BEBEDOU- RO para o FERNÃO VELHO levando· nesta ocasião os passage~os que têm de ficar no Bebedouro», cobrando a quantia de Cr$ 3$000 por pessoa, da capital para Fer- não Velho e 2$000 para Bebedouro». (55) Para se aquilatar o quanto era caro o preço das passagens para Bebedouro, - 2$000 - ou sejam dois cruzeiros na moeda atual - basta-se cotejá-lo com 0 cobrado no mesmo ano para o percurso Maceió-Jaraguá que era de 320 réis. ' É que para aquêle aprazível sítio apenas se transpor- tavam os abastados, que nêle iam passar os fins de sema- na, ou a «galharda-rapaziada, amiga de gozar ps·perfu- mes e encantos naturais da bela povoação do Bebedouro» conforme adiantava liricamente em anúncio d,e agôs.t~ de 1870, o sr. Manoel Cabral ·Bo.rges, proprietáriO ·de um estabelecimento de carros de aluguel, entãq"o ·«único dêste gênero nesta capital», no qual comtmicava- ;tam- bém a diminuição do aluguel de um carró p..1:ra.~uma até quatro pessoas, destinado àquele arrabalde pãrà.>«a insignificante quantia de 100$000 por mês, pagos· Pcilan- tadamente». (56) : ' . ··' -· '. .. * * * ' .; .~ ... Com um tiro de canhão postado no alto do oiteiro do farol, o comêrcio de lVIaMió .tomJ.va conhecimento, em 1866, da chegada dos vapôres no ancoradouro de Jq~ raguá. (55) O PROGRESSISTA. Maceió, 22 dez. 1806, p. 4. (56) DIARIO DAS ALAGOAS. Mii.cei6, 29 agô. 1870, p. 3 .. -40- .: ... Anos depois, no dia 19 de março de 1877, contudo, tiro de peça foi substituído por uma inovação - o ligl'afo ótico . ·Acostumada de longo tempo a população da capital ater conhecimento da chegada dos vapôres neste pôrto filo meio até hoje empreg~do, muito tem :_stranhado o 9'(>vo sistema adotado e diversas reclamaçoes nos tem o dirigidas no sentido de representarmos a V. Exa. ntm a extinção dos tiros de peça dados no alto do rol para assinalarem a entrada dos vapôres», oficiava Prl•sidência da Província, em 8 de março daquele ano 1877, a ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DE MACEió. Cl'f) •Achando justas as reclamações que· nos tem sido ltn11, - prosseguia o ofício citado - resolvemos rog_ar v:, Excia. que se digne pedir ao Govêrno Imperial •fltlHfação de tão justo reclamo, uma vez que a popu- Ao por êl~, tanto se interessa». · As autoridades imperiais, contudo, não atenderam t1t•dlclo, tanto que já em pleno regime republicano, em J continuava aquêle serviço a funcionar, no morro 'h1l, porém com outra denominação: «telégrafo se- rko». (58) • i•'m número de ~eram as e!!}PrêsGs nacionais de suçao. costeira cujos navios, em 186 , fazlam esca- no põrto de Jaraguá: a Companhia Brasileira de_ Pa- tr.11 1t Vapor, Companltla, Bahia.na de Navega~ao e 1,,.nhla Pernambucana de Navega~ão. • 1856-1877 (Correspondência rec~bida). M11'r,o 13, Est. 2, do APA. t Al~MANAK do Estado das Alagoas. Maceió. Tip. do Gu. ~bl•a·g~ 1891, p. 157. -41- '
  • 33. Através. dos .jornais da época pode-se acompanhar quase que dia-a-dia a chegada dos vapôres ao nosso pôr- t?, os seus .nomes, nacionalidade, emprêsa a que perten- c1~m e, mais da vezes, até a tonelagem e 0 número de tripulantes: Tocantins, de 750 toneladas e 50 tripulantes· Cruzeiro (b Sul, de 1.100 toneladas; Paraná e Guam; todos pertencei;tes à Companhia Brasileira de Paquetes a Vapor; Para1ba, de 104 toneladas e 20 tripulantes Mamanguape e Pcrsinunga, da Companhia Pernambuca~ na de Navegação; Valéria de Sanimbu, Cotinguiba e San- !ª Cruz, da Com12anhia Bahiana de Navegação, todos eles a vapor. E nao só dos vapôres, mas de outras em- barcaçõe~ n8:_cionais, bem assim das estrangeiras, como a barca inglesa Izabell!t Raidley, de 336 toneladas e 13 tripulantes; Sateliti. gale.ra. igualmente inglêsa, de 1.006 toneladas e 20 tripulantes; Emília, escuna portuguêsa de 108 toneladas e 8 tripulantes; l~tiaso; 1ugre també~ português, _?e 216 toneladas e 10 tripulantes; Kepler, b ba.rca alema dde 449 toneladas f! 11 tripulantes; Mary, í'1gue sueco e 280 toneladas e 11. tripµlantes· Newton va~or inglês de 698 toneladas e 35 trinulAIJt@s, entr~ muitas outras embarcações .dos mais variados/ tipos e tamanhos. . · • . :·;.. . Todavia, através dos «Mapas sôbre · a .n~~;e(Yação desta Província, com referência ao ano . de 1866t re- metidos pelo Capitão do Pôrto, João Manuel )le l'foraes e Vale à Presidência da Província, capeados do .ôfício de 30 de abril de 1867, (59) é possível saber não· só a nacionalidade das embarcações, como o dia da entrada e o da saída do pôrto, tipo de embarcação,,. proceêlência, destino, tonelagem e equipagem, com a indicação do nú- mero de tripulantes livres e escravos: . (59) CAPITANIA DO PôR'l'O. 1866-1871 (Cor~espondência re- bida) Maço 20, Est. 9, APA. -42- São extraídos daquêles Mapas os informes concer- n<lntes às embarcações estrangeiras. que se seguem. Durante o ano de 1866, daqui saíram para portos es- trangeiros, 53 embarcações inslês,ás, 4 portuguêsa~t 2 bremenses, lãíemãs) 2 suecas; 1 dinamarquesa.-i fran- cesa e 1 holandesa, num total de 64 embarcações, sendo que destas 13 eram a vapor e o restante a vela: 21 bar- rns, 14 brigues, 8 galeras, 5 patachos e 3 escunas, num total de 34.430 toneladas, incluindo-se os vapôres e com uma equipagem de 1.071 pessoas. Vindas de portos estrangeiros, apenas 2 embarca- ções, de nacionalidade portuguêsa. .. - - --·- ·--·--· -· . Quanto às nacionais, de Jaraguá zarparam para portos do Império, 851 embarcações, sendo 60 vapôres, 2 'J)arcos, 8 cúteres, 1 brigue, 4 patachos, 1 sumaca, 3 01runas, 3 iates e 769 barcaças totalizando 43. 685 to- .neladas, e com 4.659 tripulantes, dos quais 95 eram t?s- cravos. · . Das informações transcritas salta-nos logo à vista o }'Omero diminuto de embarcações - duas para sermos C r~cJso --:-·provenientes de-12.Qrto~ estr_.êngeiros. É que a ll(nção diret'ã<t._e Alaggas_com as nra.gas da~uropa, ve- lha _a.spiracãó da nosso comé.rcio.JU®A pãQ se c.pnc~t.!:_ Pra. .Somente doze anos depois, a 13 de dezembro de 1R78, inaugurou-se tal ligação, quando pela primeira vez tocou em nosso pôrto o vapor «Minho», da Royal Mail ltoam Packet Company, (Mala Real Inglesa), de Sou- thnpton, graças à intercessão cre um dos sócios mais proe- minentes da ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DE MACEió, o negociante Ma.noel de Vasconce~s, que conseguira in- torcssar aquela companhia de navegação de longo curso 1 escalar em suas viagens ao Brasil, no pôrto de Jara- IUA, _mediante uma subvenção da Província. ' -43- •
  • 34. Feito o contacto através daquele comerciante, nossa Associação Comercia] enviou sugestões ao Co lheiria Francisco Carvalho Soares Brandão, Presidente Província, remetendo inclusive uma minuta de contra a ser celebrado, como de fato foi, entre a Província a Real Mala, capeado do ofício de 6 de maio de 187 (60) Tornou-se, assim, possível, aos nossos comerciant importarem as mercadorias que necessitassem da Eu pa, sem ser através de outras praças do Império, e se o pagamento de onerosas comissões. .._ E os preços das mercadorias na· época, daquel velhos e saudosos tempos? · Acompanhemos, através dos pitorescos anúncios e tampados em periódicos do passado, os preços vigent naquele longínquo ano de 1866. · Em janeiro dêsse ano, o negociante Mf!,noot Te xeira. Pinto anunciava a venda em seu estat>elecimen localizado na rua da Boa Vista, n. 5, «de- um nomple sortimento de novos gêneros: batatas muito novas a ·i réis a libra; frascos de amendoas cobertâs 2$200; p sas 600 réis a libra; figos 240 réis a libra; vilahos~tla gueira, superior, 600 réis, 560 e 500 réis a garrafa, ca nadas por ajuste. ..> (61) Francino T2wares da. Costa, que viria a instalar do' anos depois, em 1868, a nossa primeira livraria, - Livraria Francino - vendia em seu estabelecimento c mercial, na rua do Comércio, n. 108, ao lado de fazen das e quinquilharias, entre outros o Dicionário de med cina. doméstica e popular, de Langgaard; os Elemcn (60) ASSOCIAÇÕES. 1878·1885 (Correspondência Maço 14, Est. 2, do APA. (61) O PROGRESSISTA. Maceió, 2 jan. 1866, p. 4. -44- rithmetica, de Bizout e os MetoO:os completos para erol~o e flauta, de Devienne e Carcassi. (62) - ~- p dro <livros de sortes en· E para São Joao e ...,ao e - ' · arates e acertos acraçados - Jogos de conver::;ªi~ta~IS~ cartas fatídi- rngraçados de perguntas e tas ~om todos os problemas cns para perguntas e res~~:va Francino cm junho de ctn vida humana», anun 1866. (63) . ~ ão é dos nossos dias · O comércio de confecçoes _n certo órgão da im- JI cm fever~iro de 18~ ~:~1 ~:i~mento de roupas fei- pn•nsa mace10ense,,o « ~ª. urenço de Souza, em Ja- btM na Loja. de Jose Antomo Lontrados «palitós de casi- raguâ», onde podiam _ser e~~$ooo· Ditos de brim de li- mlrn de diversos padr~es ª . 'ta a 5$000· Ditos de ~ 5$000· Ditos de gazme • d ~ nho de cor.a . ' 3$SOO· Chapéus franceses, ~ pe· alpnca irara menmo ª ' 9$000. Ditos do Chile a lo, de 'copa alta, .m;.iern~~ :01 de sêda de 16 hastes a MOOO ate. 12$009' 1 os reta de 12 hastes a Ul$000; Ditos de sollide mªlui~~~afi~as de gôsto moderno l$O<)O e _Chitas perca as 1 440·.até 560 réis: (64) ·· ' - fi ·a1 a ePauta Semanal> Agora1 uma publicaçao o c1 - d 1866 divulgada 1tr~rcnte à primeira semana do ano e ' ln nossa Alfândega. (65) " . O PROGRESSISTA. Maceió, 2 jan. 1866, p. 4. wcm. M~ceió, 13 jun. 1866, P· 4. 4ldcn. Maceió, 8 fev. 1866, p. . Idem. Maceió, 2 jan. 1866, p. 4. -45-
  • 35. PAUTA SEMANAL ·- . "'"· t~;;!tf.~ ';"'~ .r~,,:.··..:v:~~~ dos preços dos gêneros nacionais sujeitos a direitos de exportação na semana de 19 de janeiro a 6 do mesmo ano Aguardente de cana . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . canada Dita de dita ou cachaça ............... . Algodão em caroço ou descaroçado imper. !lrroba feitamente .. ' , ...•..... . ............. Dito em rama ou em lã . . .... ,. ....... . Arroz em casca ....................... . Dito descascado ou pilado .............. . ã.çúcar branco .... .. ................. . Oito refinado ......................... . Dito mascavo ou mascavado ... : ........ . Café bom ............................. . Dito torrado ...................., .. :... . Carne sêca (xarque) .......... ., ..... ~. Cêra em velas ............. . ..........:.1 • Chá ••.•......•...•..•••..•...•.• . .. : • .. Charutos sõltos ...............,......... . Ditos encaixados ................. . .... . Cigarros de palha ................ • ... ". Ditos de papel ..................•..... i " " libra arroba libra " Côcos de comer ........................ · . cento Couros de boi ......................... · libra Ditos salgados ............ . ............ · 'úm Esteiras para fõrro ou estivas.de navios.. Esteiras de periperi ...................•. Farinha de mandioca ................ . Feijão de qualquer qualidade •.......... Fumo e miôlha, bom .................. . 1'enha em achas ................... :.. . Mel ou melaço ........................ . lilh~ ..................... . ...........• ")leo de mamona ou ricino 46 cento uma · .arroba cento libra arroba lib_ra
  • 36. ~ D'.::rio O.as Alagcc.~ .l.l' 7 de setemlno de 1865, um ano antes da instalação da ASSOCL..· ÇAO CO.Mf.ltClAI, DE l1ACEl0, data. em que éste diário ainda circulava. (Da hemeroteca do A.P.A.)
  • 37. 1 do dito puro . . . • . . . . . . . . . . . •..•.. ftlu de cabra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . uma &,lltas de carneiro . ..................... . f61vora . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . libra "pé .... ....................... ... .. .. . ..bão comum ou de lavagem ......... . .., comum ou de cozinha . . . . . . . . . . . . . . . '3.lquelre ..b<> em velas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . libra loln. da terra ......... ... ..... .. .. .... . r1bACO em pó . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . arroba faploca ............................... . Unhas de boi ... . ............. • ... . ... . '1'1111clnho ou banha salgada ou em snlmora cento S50'l S400 sioo 1$GOO 1$200 SlOO S600 S400 $400 !OSOOJ 9$000 10$000 1$280 Alfê.ndega. de Alagoas, 80 de dezembto de 1866. O Ins· ~or - José Antônio de Ma.galhães Basto~. Dos gêneros constantes da Pauta transcrita, apenas omel ou melaço e as unhas de boi aparecem com os pre- ces majorados na «Pauta Semanal> atinente ao período dl' 2;? a 29 de de7.embro de 1866, já que ali foram cota- dos a $140 réis a libra e 2$000 o cento, respectivame~tc Quanto à quedas de p1·eço, as maiores acorreram com o algod~o em caroço; algodão em rama ou em lã e com t> açúcar branco, cotados em dezembro de 1866, respec- tivamente a 3$000, 12$500 e 2$100 a arroba. João de Almeida Monteiro, mais de uma vez inte- irante 'da Diretoria da nossa .Alssociação Comercial, ulém de Agente da Companhia. Bahiana. de Na,rcga.çâo, Ma proprietário de uma refinaria e torrefação, na qual l'm março dé 1866 vendia, conforme anúncio estampado eim jornal da te1Ta, «açµcar refinado branco a 4$800 réis a arroba e o mascavo a 3$800; e café moldo a 12$000 a arroba». -47-
  • 38. peças) l guarda.louça, consolos, bancas, mesa donda, canapé, cadelra.$ simples e de braço, bros, mangas, espelhos, l cortinado, além de tea de mesa. As 11 boraa do dia. Falamos até agora em preços de mercadorias. salários dos trabalhadores naquele ano de 1866? Um documento coevo, ofício dirigido à Presidê da Províri.cia em 19 de dezembro do mencionado pela CiDlal'a Municipal de M.aeeió, veio permitir fi mos a par dos salários dos trabalhadores da época, · clusive do trabalhador rural, e não só também do o rárJo comum, como igualmente do especializado. Naquela correspondência a nossa Câmara Mu pai teve o ensejo de informar que «o salário dos ope rios que se empregam nas obras públicas e partlcul regula de um a quatro mil réis, e os dos serventes e balhadores que se empregam nas mesmas obras e agricultura regula de 800 a 1$200 réis>, por sem(71) (71) <iA.M.ARAs MUNICIPAIS. 1865-1866 (Correspondên1:la cebida) .Maço 23, Est. 18, do A.P.A. -50- A ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DE MACEIÕ
  • 39. . ANTECEDENTES Ao iniciar-se 1866, ano da fundação da ASSOCl.Ar l) COMERCIAL DE MACEI:ó, a então Província das lu~oas era presidl.cla pelo Dr. Esperidião Elói de Bar- t'imentel, nomeado a 8 de julho do ano anterior, e ui chegado a 29 do mesmo mês, para tomar posse do 1·1:0 d(ns dias após. ·O Império do Brasil há um ano e três meses acha- 1&-sc eo.golfado na Guerra do Paraguai, e as suas armas ~aviam colhido os triunfos de Riachuelo, Paissandu e ruguaiana. A grande república americana do norte lutava ainda m grandes dificuldades para a reorganização dos es- tAdOs sulistas, cujos exércitos haviam sido batidos numa l't.'hida guerra civil de quatro anos - a Guerra ja Se- ressão. Mais em decorrência desta guerra civil, na década dt• 1859 a 1869 não só o comércio de Maceió como o de toda Província das Alagoas, que gravitavam principal- mente em tôrno do açúcar e do algodão, teve um gran- de desenvolvimento, mais acentuado de 1862 a 1868, jus- 1tlmehte no período daquela guerra e nos primeiro<; anos após o seu término, de verdadeiro caos para a agricul- Hira americana, quando se intensíficou a procura do al- godão em nosso mercado, destinado a alimentar os tea-
  • 40. res inglêses, trazendo -em consequencia a elevação preço do produto e o aumento do seu plantio. E tal desenvolvimento poderia ter sido maior, estivesse a Província encravada entre os dois cent comerciais que a comprimiam - Pernambuco e Bahia e não viesse também a se ressentir com a falta de b ços na lavoura, agravada pela Gu~rra do Paraguai, pa cujos campos de batalha contribuiu a pequenina .! co povoada Alagoas, em várias administl"ações, a p tir da presidência do Dr. Joã1> Batista Gonçalves Cam com quase 4. 000 homens. No tocante ao comércio de Maceió existia um f tor prejudicial ao seu completo desenvolvimento: - concorrência que lhe movia a florescente vila do Pilar - /ocalizada em. ponto central, em comunicação com mar através das lagoas e canais da região - aond chegavam mercadorias vindas de Pernambuco, não su jeitas ali à tributação imposta na capital, dando Juga a que o comércio. de Maceió, notadamente o reta~hista, fôssc paradoxalmente menos movimentado do que o da- quela vila, para onde convergiam os negociantes d principais pontos comerciais da Província, a começar pelos de Maceió, seguindo-se os de Penedo, Camal'agibe e São Miguel dos Campos, para ali suprirem-se de mer- cadorias mais ~m conta. Clamava principalmente o comerçiante maceioense, contra a cobrança do impôsto sôbre bebidas alcoólicas, apenas exigido na capital. O nosso comércio igualmente se achavu a braços com o problema da inexistência de estradas de forro e de boas estradas de rodagem para escoar os produtos da Província, haja vista a grande quantidade de algodão que saía dos nossos centros de produção diretamente para Pernambuco, já que os agricultores alagoano.:J atin- giam com mais facilidade e menos despe3a a capital -54- .,,,i crédito e o Wüco , ~ro est.abelecunento c:'MEllCIAL - é êste Do nosso P 1866 - a CllXA •A-..1ro de 1856. . msiente em ._..º de 2'2 de ........aqw. --a-1uvo, ela- ) Estatuto, o v•- U ......o. do A.P.A. (Da bib o..,-
  • 41. Anúncio comercial de 1866, - O progressista, 3 fev.• 1866 - por onde se vê que o colllércio de confec· ções não é do!I nossos dias (})& bemeroteca --- do A..P .A.) ___.--
  • 42.
  • 43. ,· mbucana, servida por ferrovia, do que o ancora- ra de Jaraguá, aonde chegavam os produtos onera- t>elas despesas resultantes das viagens atra.éS de 1,les veredas, pomposamente denominadas esn·adas. A carência de estradas de rodagem, entretanto, cau- ra da dificuldade de ligação dos centros pr >duto- nos portos de embarque do litoral, não era apenas orrente dos minguados recursos financeiros da Pro- ncla. A descontinuidade administrativa, oriund" das rvitantes substituições dos nossos administradores, tra- como funesta conseqüência, a paralisação, pelo Che- do Poder Executivo substituto, dos serviços de cons- trução de estradas por ventura iniciados pelo anterior, ,.,. em seguida atacar em outros pontos, dando ensejo 1 ll' perder o que com sacrifício já fõra começado. Ê de se acrescer ainda o fato de que «a administra- GAo ~elas (de estradas e outras obras públicas) nesta .província tem servido de meio de esbanjar dinhebo pe- la• influências locais,., declarava a Cã.mara. Municipal de ,....ió, em oficio de 19 de dezembro de 1866, erviado tm resposta a uma Circular da Presidência, datada de :I: d~ agôsto do citado ano, (1) por onde se comprova que o mal é antigo; a corrupção não é dos dias atuais. Quanto à indústria, destacava-se pelo vulto de em- 11rt.'Cndimento. a fábrica de tecidos da Companhia União •ercan~ que comeÇara a fazer funcionar os sem. tea- rt~ em 1864, com uma produção de 3.592 peças ue pa- nos grossos, de algodão, aumentada para 4.773 peças, rro ano de 1866. A referida Companhia fôrü fundada em Maceió em :1 de janeiro de 1857, por Jllsé Antônio de Mendonça, 11l cA.?vtARAS MUNICIPAIS. 1865-1866 lcorrespondência re· cebl.do.) Maço 2S, Est. J.8, do Arquivo P(lblico de A'agoas. -55-
  • 44. Barão de Jaraguá, com o capital fixo de cento e cin- quenta contos - cento e cinquenta mil cruzeiros em moe- da atual - dividido em 50 ações de Cr$ 3:000$000 réis. Com o início do funcionamento da fábrica, na loca- lidade de Fernão Velho, inaugurou-se a indústria têxtil em Alagoas. Foi ela igualmente o ~rimeiro estabelecimento in- dustrial alagoano de vulto, pois na época, afora os en- genhos de açúcar, eXistlam apenas, disseminadas pela Província, as chamadas «fábricas de pilar arroz», a va- por; as de extração de óleo de mamona e alambiques de destilar aguardente, do qual o mais afamado era o do ca.pitão Macárlo da Costa Moraes, situado na Bôca da Caixa, ilhota da lagoa Manguaba. Podiam ser ainda encontrados, espalhados pelo ter- ritório alagoano, pequenos fabricas caseiros que, dada a insignificância da produção, não justificam maiores in- formações a respeito. É o caso da «quase primitiva in- dústria das classes mais pobres de fiar e tecer algodão para panos grosseiros, da qual nos fala José ALexanch'i- no Dias de Moura - de torcer os filamentos do tucurri para linhas e rêdes de pescar, de fazer azeite de carra~ pato (mamona) e dos frutos dos coqueiros e palmeir.:is..· de fazer farinha de mandioca, d2 araruta, etc.> (2) 'Estabelecimentos de crédito na. época apena.; cxis:. tia um - a C2.ixa Comercial, instalada em Maceió em (2) MOURA, José Alexandrino Di'as de. «Apont'lmentos sôbre diversos assuntos geográfico-administrativos da Prov·ncia das Alagoas», in Reta.:ório lido perante a Assemb'éla Le- gislativa da Provincia das Alagoas... em 16 de maio de 1869 pelo Presidente da mc;.ma o Exmo. Sr. Dr. José Bento da Cunha Figueiredo Júnior. Maceió, Tip. Comercial de A. J. da Costa, 1869. -56- . Econômica da. com o nome d~ ~~finalidade. cfa- ro de 185~,, tendo como prmc1~a meios fáceis de t~ de ~ia.ce1~ classes da soc1edad~omércio líci~o·~ e ltnr a tôdas itais reunidos ~m d e à previden- mular seus capr do trabalho, a ordemseus Eshtutos bltuá-las ao ~~tava do artigo lal 9 • º~a em 27 de ja- ' conforme tsembléia Geral re rza rovados em . h0 de 1856. (3) . a.d de llaceió foi o pri- ~ · da. c1d e tendo co- Carixa. Econonn~ ário de Alagoas, ·nstala- lro estabelecimentolQb~~~unho do ano de sua u d Perar em '' ~11 o a o . ho o (4) 807 de 18 de JUn . erial de n. 2 ·- d• esmo estabe- Por Decreto i~P a «a conversao ~ m .1xa. Comer- ... 1861 foi autor1zad denominar-se-a Ca Banco "'' ' outro que tro nome - t'lmento em . funcion:mdo com ou ""' ainda hoJe n, Mercantil S/A. osta dos srs. A~trQ Diretoria era comp de Abneida Em 1866 a ~a(Diretor-Gar~nte)' ~:::. Joaquim ~ lk&r:l-0 de Jara~ da. Costa. J.>ere1~ C~ . Prado, FraJCl~­ MonteiN, ~lnoe llanoel do Na.sc•lmJenn~Úlll Duarte Gm- 1,unha. )lerre es, "~de e itanoe o-1 " . de Anw-aiu 10 Ferreira. bt1'dos - lucros 0 ltt.raes. do aludido ano, o~ <de 18:333$840 No 1Q semestre tingiu a quantia t de letras al) >l' descon o re.. Cidade de Maceió, Econômi.: a da. . ei.ro de 1856. TUTOS da Caixa. d 27 de )an 131 Es'fA Assembléia. Geral e S. aproa.dos em . 1 do Tempo, 1856, P· ·a' da. cidi!de de T'p Libera . comerei · G Maceió, l . Direção da Caixa em Assembleia e· l ·l RELATóRIO da s seus acionistas . A<:!~OCIAÇõES. ·esenlado ao (mS) 1n "o::> d :Maceió, apl verciro de 18G6. . MMº lS, Est. 2, o ral de 7 de fc dênc:a ieccbida) 7 , corrcsp0111856-187 . A.P.A. - 57-
  • 45. Doca ·t estatut PI al de 500·()()() 252 os, apen . $000:700$000 (d as havia sid consignado - tos cruzeil' uzeentos .o realizada então em os). (5) e cmquenta e d~ qu~ntia de Era 4 oIS mil · • cio i·nd. es~e, em linhas e setecen. • ustri ger ·ASSOCIAÇ a e agricult ais, o estadÃO COMERCIALura,quando doº do nosso r:>méDE aparec. r- MACEiô. ime1.to da RELATôRIO ...em As da Direção CI sembléia da Caixa AÇl)ES. 1856-18 Geral de 15 d . Comercial ap77, cít e Janeiro d re-.-entado ·· e 1857· ASSO. -58- As 12 horas do dia 22 de julho de 1866, na sede da Soci"1aA1e ])r"1nática l'~ -1..-. no prédio • do Teatro MaceioeJlSO• na antiga rua do RosàriO, desta cidade, atual João pessoa, reuniu-se cgrande número de .1iomerc1antes convidados pelo negociante JOSE JOAQUIM ·DE oLJVEIRA para o fim de tratar-se da criação de uma AssQCiaçâO Comercial nesta província, tendo por sede ··.esta Capital~. (1) Exf)OSto o fim da reunião ce sendo por todos apro· • vada a idéia iniciada, - consignou a ata da referida reunião - tratou-se de promover a assinatura de todos os presentes que a ela aderirall• os quais ac!atnaralD para p,.esldente provlsõriO da mesma AssOCiac;ão ao mes· mo José J-olm de ()lh'elra, para Secr<târio Josó Vlr- ginio TeJnlra d• Ara6Jo e para Tesoureiro FrancillCO d• VOSCOiioe}oll Moudon<;a. os quais tomando os respecti· vos assentos. proced<U-50 à leitura. dlsCUSSio e aprova· çâO do establt.OS que têm de reger a mesma AssOCÍ"çâO>· ( 1) ATA .. - .............. ..__..... come<clal.... tada de 22 de julho de 1866, apud. BERNARDES JttNIOR. <A ABSOCiação cornerclal ae }.{aceló~ seus expoentes e seus fetos>. O Dl6rfto. }.{aceló, 21> set. 19SO·
  • 46. Achava-se o açúcar, então relegado a um ~~~ºâ~~~~antado pelo algodão', que atravessav:ca Não é pois de se estranhar d · aºâiantes exportadores de algod~ogr~~ ~u~~~er~o~e a ?res. da ASSOCIAÇÃO COMERCIAIL DE MACE :ss~m e que, dentre os seus 28 sócios fundadores ape m~~~rerpa:iiaemxport~dores ~aquele produto agríc~la. . • a e negociar com êle po · - ~~r;: assinado ~ «Contrato de Inspeção' do ~I;od~~~ - de 22 de Julho de 1866, justamente do dia da f daçao d_aquela Associação, por intermédio do q 1 gamos aquele raciocínio. (2) ua . Bem merecem ser aqui consi nados sócios fundadores .da ASSOCIAÇf.o CO~~R~~~ MACEI_?, dos quais apenas os últimos oito ao que ~~~ªJ 0~efc1~v~ c~m.algodão: José J,~quim de da. M . trg1~~ Teixeira de Araúj:>, João de AI de A o~tell'O, Antôruo Ferreira Prado, Antônio Teixe xeira.~~~G~~~~ ':!!ª~ Wucherer, José 1Antônk> ça, Fra . ' p· º ncisco Soares, João·J'psé da. G nc1SCO ll'eS Carneiro Félix P . d !i3~°:ic~~y~doJ1't:tta, jos~ ~anô~r~iist!, 8.:n José de Farias ~ a.clmFto J«?se N~es ~itb, Domin . , oe errema Gwmaraes Jo • An ruo de Mendonça (Barão de Jar!lD"ná) Ma ' I Cse da. Bocha Júni vai· . . """'... ' n•ae asem Rocha Silv or, . eno José da Graça, Fortuna.to noel de Va~=ncJS~ _de Vasconcelos Mendon~a. tôniq) Pereira. Les:-~:1 .ºj~· Rodolfo·Finck, João A Manool Martins d Mi e r<1,Uc~ .dos Santos Carre Moraes. . e randa e Amenco Neto Firmiano ( 2) O PROGRESSISTA. Maceió, 27 de j 1u . 1866, p. -60- Logo após a fundação da referida entidade de elas- ' os seus dirigentes promoveram a assinatura dos ne- lnntes que não compareceram à reunião inicial, con- lndo obter cnesta capital, na vila do Pilar e nas ci· s de São Miguel e Penedo o número de 100 acionis· , os quais pagaram a competente jóia marcada pelos tatutos>, na importância total de 2:000$000 réis, ou se- m, 20$000 rs. cada associado. Necessitavam também conseguir logo uma «casa d'• pudesse funcionar a Associação, à qual reunisse os modos necessários, e achar-se no centro do comércio» . E foi encontrada uma, pertencente ao negociante 6Ux Pereira. da Silva, membro da nova associação, que a nlugou por 30$000 réis mensais, pelo período de dois lftO!t, cépoca suficiente para gozarmos as benfeitorias euci n~la fizemos>. (3) Foi despendida, na limpeza e decoração da sede so- ai, inclusive com a aquisição do mobiliário, livros e outros objetos indispensáveis, a importância de 1:576$590 b1, incluindo-se 156$000 réis gastos com a Carta de Ubc•rdade da pardinha Benvinda, <ato êste que tem por fUn solenizar e perpetuar a memória do dia de hoje>. (4) Dezesseis dias depois da realização daquela primei- n.•união, a 7 de setembro de 1866 ocorreu a instala- º solene da ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DE MACEiô. A sua Diretoria provisória já havia também toma- do outras providências de caráter administrativo, entre lll11 o envio dos estatutos sociais a Pernambuco, ao Tri- RELATôRIO da Assoclação Comercial de Maceió, apre· sentado pela Diretoria Provisória, no dia 7 de setembro de 1866. O PROGRESSISTA. Maceió, 12 set. 1866, p. 1.2. RELATORIO, cit. nota S. -61-
  • 47. bunal do Comércio, mandando-o depois de registrado, bir <a presença do Govêrno de S. M. o Imperador intermédio da Presidência da Província, para o fim serem êles aprovados»; as nomeações dos srs. Man Antônio Lopes da Silva Muritiba e Jacinto Manoel Silva, para exercerem o cargo de guarda-livros o p meiro, com os vencimentos de 600$000 anuais, e de xeiro o segundo, com o ordenado de 400$000 anua redigido coITespondências «para diversas praças da ropa, da América e para tôdas as do litoral do Irnpé pedindo a remessa de preços correntes», bem assim p videnciado a assinatura de jornais comerciais de vári países e das capitais mais importantes do Brasil, «a f de termos notícias de tudo quanto é necessárío p maior desenvolvimento do nosso comércio», (5) naquel tempo em que os jornais da Província estampavam n ticias transcritas de outros órgãos do país, de dias dias atrás. • Afinal ,de contas, convém I~mbrar, não, gozávam ainda dos benefícios dó telégrafo, já que a inauguraçã da estação 'telegráfica de Maceip sómente ocorreu no · 12 de ab~il .de 1873. ., . Abrindo a aludida sessão so~rie de instalação nossa Associação .Comercial,· JOSÉ JOAQUIM DE OLI VEIRA pronunciou um discurso, . sem nenhum favor, primoroso. Decorridos hóje cem anos daquela soleni· dade, ainda assim permanece atualizada em seus con ceitos, aquela «peça em que brilham, ào mesmo tem- po, o observador. e o profeta, o estudioso e o burilador de frases, o agitador e o evangelista». (6) Não será fora de propósito escutar as suas própria~ palavras: ( 5) RELATôRIO cit. nota 3. ( 6) BERNARDES .TúNIOR,· tr. cít. -62- MACEIÓ assinado por José Joa· Ofírio da ASSOCIAÇ.AO COMERC~AL DEJosé Vir~io Teixeira de Ara.ujo, , fundado•· - e A ) uim de Oliveira. - seu . . t · (Do aeervo do A.P. · q ..~ sua primeira Dire ona.membros...,. .
  • 48. A Z<! de julho de Jfi6'i. neste edifício, cnliio sede d)1 Sociedade Dramática Particular Macelo· ense, foi rundacla a ·.~SOC>'.AÇAO CO!lERClAL DE MACEló. Hoje é terreno baldio da rua J&,ão Pessoa, defronte üo pl·edio <los Correios e Telégrafos (Da fototeca do A.l' A.)
  • 49. 1 .. Ne:sle l'tli[ício, demolido ~ll 194. t1tncionou a .SSOCJAÇAO COMERCIAL DE MACEJO, :mo:.; após a sua rondaç!ío Locnl'1t1clo ontt~ lw1e H' acl,~ o "Ponto Central", 11a esquina da .roa do Comércio rorn u s.-nauor Mt•nJonça, foi a residência oficial de !ielo e Póvoas, nos· so udmeiro 1:0,crnantl', dl' 1819 a llt!l (Da fototeca do A.P .A )
  • 50. _, 1ntígo a<;pccto da rua Sá e ..lhlll!Ucrq_ue, vcutlo ::e ~m :,,eg1mdo 11la110, i1 esq_uenla, com 'wna tabuleta, um dnS prédios onde po1 muitos wos eskvc .i. ASSOCIAÇÃO ·.:or.U:RCl.ll. Jfü MACEl.Ü, e que tem 1n:cs~ntemene o n 5úú. tDa fotl'teca do A P A )
  • 51. Meus senhores, não posso, nem comporta & oca- sião, di&ertar-vos sôbre a utilidade e vantagem do comércio. Vós, melhor do que eu, .sabei.'! que ixw êle o império das ciências dilata suas ballzas, ram1. ficam-se as artes, trocam.l:le os conhecimentos hum.a. nos, e os gênios mais ilustres, dectacados por di~ tâncias imensas, acham entre si um ponto de eon· tacto. Tiro e Babilônia, o Egito e a Grécia, o Bnt- sil e a Nova Zelândia, os pa!ses que nos ficam maie próximoi;i, e os que nos são mais longínquos, saúdam· se, cumprimentam-se, e mutuamente i;e aux:iltam. O comércio faz, pois, do Universo, uma familia de a- migos. Sob outra face, os Estados assentam e repou~m sôbre a base do comércio, nesse manancial perene de prosperidade pública: julga-se um povo por aquilo que ê!e pode. «Modesto, cavalheiresco; José Joaquim de Ofü-ein . reparte a glória do seu ato magnânimo - o de libertar uma escrava do cativeiro, 22 anos antes da «Lei Aurea» - • com todos os seus companheiros .Atribui também a in· tenção dêles a todos os seus associados, alguns, talvez, atê bons escravistas, o que, naqueles tempos, era co- mum, desde que o negro, constitufdo como objeto de pro. priedade privada para a serventia dos que o adquiram a pêso de ouro, como o boi e o cavalo, nem sempre me· recia a estima e os cuidados que se dispensava a êstes»: (7) Eu e meus_ co.mpanl1eiros membros da Dire~oria provisória que hoje finaliza seu mandato, - · prosee- gUia o Presidente - torna ndo-nos intérpretes do!! vossos sentimentos, quizemos dar mais uma prova ( 7). BERNARDES Jtl'NIOR, tr. cit. - 63
  • 52. :-· ... ·'' •.r • • • •.' H ' ·.·.... ...... ·' .. .,.. de que a Associa9ã-0 C-Omcrclal de l'tacel6 começa tir'lcln·o selando-o com um alo de raridade, o liberdade. Eis, meus senhores, o objeto sôbre quem lhdistintamente nos.."38 -atenções. A inocel'lte Be da, menor de 10 meses de idade, deve sua liberdn Associação Comercial de 1laec;ó! O sol que dardeja brilhante esclarece o arrebatamento de vlt!ma das garras da escravidão! Não nos ordenastes êsse ato; mas penetr em vossos corações, e reconhecemos que tal era sa louvável intensão. Fique portanto assinalada bertura de nossa Associação no dia 7 de setembr 1866 com um ato de benemerência, a fim de qu gerações vindouras possam abençoar, apreciando benefícios desta Associação a seus auto1es. · : · Adiante, em seu discurso, o fundador da ASSO ..·ÇÃO COMERCIAL DE MACEió «traveste-se no sol rizador das classes laboriosas para as conquistas su res, conclamando, em gestos de eloquência, - o a vos uns {los outros, a frase bendita que divinisaria e · se jã não fôra divino antes de pronunciá-la. Aténtai, senhores, na magnificência destas vras>: (8) '·:. Haja a maior união entre nós, lrmanenio·nos pensamento de nosso comércío, que teremos a glórl ver os frutos de nossa abastança transporem m~ior abundância os mares, e serem levados às giões mais afastadas. Devemo.s empregar todos os esforços para qu intrigá, o enrêdo ou a desconfiança nã.o quebre união que deve reinar entre nós. Haja ( 8) BERNARDES JONIOR, tr. cit. -64- quo esta Assoc:açào produzirá O!( bciief'.cios que dela só devem esperar: nem !'emp:-e no principio ee co- lhem flôres . Registrados se acham, aqui, os conceitos do inspi- rador da entidade centenária, ainda atuais, como se viu, a despeito do passar de um século. ' :.,!;é Uma das primeiras providências - se não a pri- meira - tomada pela então recentemente fundada ASSO· CIAÇÃO COMERCIAL DE MACEió, com a finalidade de salvaguardar os interêsses dos comerciantes maceioen· ses, foi a reclamação - cujo original, a exemplo de tan- tos outros documeentos dessa velha entidade, fomos en- contrar no Arquivo Públio!> de Alagoas - dirigida ao então Presidente da nossa Província, José Martins Pe- reira de Alencastre, em forma de requerimento, «contra ~ prática que seguem as Mesas de Rendas Provinciais de S. Miguel e de Penedo de cobrarem direitos de ex- portação dos gêneros nacionais que saem para esta pra· • ça, cuja prática traz grandes desvantagens e prejuízos ao comércio, razão que fundamenta a presente redama- ção>. (9) • * • Baldado o intento do Govêrno da Pro'íncia, através da inspeção pública do algodão, no sentido de evitar fraudes nos embarques do produto, de pôr fim à falsifi- cação que foi ao ponto de se encontrar pedras, barro, sa- cos de areia e outros materiais em fardos de algodão, chegando a baixar em 5$000 - quantia de vulto na épo· ca - a cotação daquela mercadoria em relação a Per· nambuco, a 22 de julho de 1866 um grupo de quarenta e três negociantes exportadores, todos estabelecidos em ( 9~ ASSOCIAÇõES. 1856·1877, ma~o cit. -65-
  • 53. .Maceió, firmaram um convênio para a inspeção pa ·· lar' de todo o algodão que tivesse de ser adquirido signatários do aludido convênio. A restauração da antiga Inspeção de Algodão, partição pública então extinta, chegara a ser preco da· pelo Vice-Presidente da Província das Alagoas, exercício da Presidência, o Dr. Galdino Augusto da tividade e Silva, em Fala de 4 de maio de 1866, em · de do «depreciamento, em que está o nosso algod o modo pouco escrupuloso de muitos vendedores e pradores o tem levado a um grau considerável de bição a ponto de infelizmente presenciarmos quase t os dias apreensões em sacas, a péssima qualidade · quais atribui-se à falta de tal repartição; único re ou meio capaz de restabelecer no mercado estrange· fama que outrora merecia êsse gênero de mercad desta Província». (10) Seis anos após, - então já havíamos perdido o cado inglês de algodão - em reunião realizada na SOCIAÇÃO COMERCIAL DE MACEIÓ no dia 1 outubro de 1872, a Junta de Direção e alguns s da entidade, num total de doze entraram em desac com a maioria dos presentes, quando da escolha de mais eficazes para sustarem os motivos das . repe reclamações dirigidas por comerciantes do mercado ropeu; principalmente em virtude de avaria e quebra pêso em fardos de algodão. Não se chegando a um acôrdo, a referida J de Direção demitiu-se e, juntamente com .outros ciantes exportadores que pelo mesmo motívo ha (10) NATIVIDADE E SILVA, Dr. Galdino Augusto da. . dlrigida à Assembléia Legisla'tva das Alagoas... Ylce-Presidente da Província... Maceió, Tip. do Bel. da Costa Moraes, 1866, p. 3. -66- • retirado dos quadros sociais daquela Associação, fir- 11u'dlll um outro convênio p..trticwar, em ~8 de outu- ·· bro de UH.:::?, (llJ para a iru~ao do algodão, que fun- ionou ate Janeiro de 18't;:s. · Posteriormente, reconhecendo que tal estado de coi~ traria, como de fato trouxe, sérias dlf1cuidades e •svantagens ao comércio, reuni.rdm·se por mútuo acôr- >, .ficana.o como dantes, e mais aperfeiçoada, uma úni- mspeçao daquele produto, pernutmdo assim que vol- asse o mesmo a ser melhor cotado nos mercados da uropa,. a par com o mesmo produto ormndo das demais 11>v111c1as do imptr.ó e acuna do provemente dos Es- dos Unidos. O m~smo, infelizmente, não acontecia com o açúcar, 1J.t quahdade era const.mtemente objeto de reclamações H mercados consumidores, prmc1p.:1.1mente contra a es- 111tosa quebra de pe;o cu.it:uladu entre 15 a 25%. Visando acabar com as citadas reclamações e o tíse.g_üente desprestígio do açúcar de Alagoas no m~r- L(jjo mternac1onul, e que a A~:::sOCIAÇÃO COMERCIAL l·~ MACEió, a exemplo do que já fizera com o algodão 10~ _em ~872 uma Inspeção do Açúcar, providênci~ lll' . nao foi.bem compreendida, levantando-se contra ela manha gnta que o mencionado órgão de classe resol- •u extinguir tal serviço. As vantagens a se-·em colhidas com o estabeleci- Pnto d': nova_medida transp..treceram logo nos dias ini- 1~l~ da msf)'2çao1 «ta_nto que os primeiros açúcares que 1~1 am ao mercado mspec1onados, se não foram como 1ria de desejar, não foram mel ensacado.» (12) JJ!Ã.P..IO DAS ALAGOAS. Maceió, 30 out. 1872. p. 1. RELATóRIO de 5 de março de 1873, diligido pela As· sociaçLo Comercial de Maceió ª'·' p . e. i<.!en e da Provlnci~, in ASSOCIAÇõES. 185f-1877, M"<?ço cit. -67-
  • 54. Os fatos revelados no presente histórico, a respeit dos primeiros anos de funcionamento da ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DE MACEIÓ ratificam plenamente a nos- ~ª firmativa, exarada na Nota IntJ:odutárla de que a his tória daquela Associação é a própria história do a.çúca e do algodão em Alagoas, à qual está intimamente vin- culada. -68- .·... '..;.:.' ,"';.: : :.'... •·••.. ''!.. 4 . ~ • ... .._ . .. ... ' ...... ,, DffiETORIAS DE 186G a 1966 .. -· .rr•sidente lc·c-Pre::;idente •t·retário soureiro 1·11sidcnte lc·~-Pre::;idente eretário l'soureiro 1c•sidoznte Ice-Presidente c•retário 1866/67 José Joaquim de Oliveira Fortunato da Rocha Silva • . .. . • ~ 4 •• • ' .. ;' ' • 1"' , ·.•:, Jo3é Virginio Teixeira de Araújo Francisco de Vasconcelos Me.ndq.q~a..:· 1867/68 Manoel de Vasconcelos C. Rodolfo Finck ''.. Antônio Teixeira de Aguiar. Jo:;;é Gonçalves Guimarães . 1868/69 .•.: .~ .;.. ,:: ... ,..~ . .....;. Gustavo Guilherme Wucherer.·. ·:. ·'· Manoel José Batista ... ·~ . : :~ ( Cündido Venâncio dos Santos João de Almeida Monteiro ' 1869/70 Amérlco Netto Firmiano de Moraes . W. W. Robilhard ·· ··:··"·" José de Araújo Rangel . · ,. :"~.." José Virgínio Teixeira de Araújo··
  • 55. Presidente Vfce.-Presidentc Secretário Tesoureiro Presidente Vice-Presidente Secretário Tusourelro Presidente Vice-Presidente Secretário 'l'esouretro 1870/71 Peter Borstelmann João de Almeida Monteiro João de Almeida Monteiro Filho José Virgínio Teixeira de Araújo 1871/72 Manoel de Vasconccllos Vicente Alves de Aguiar João de Almeida Monteiro Filho José Virgínio Teixeira de Araújo 1872/ 73 Tibúrcio Alves de Carvalho Llewelyn Jones Manoel José Alves Tosta José Virgínio Teixeira de Araújo Obs. : Esta Diretoria funcionou de 22 de agôsto a 4 d novembro de 1872, quando renunciou, sendo elei ta a seguinte: P1-esicl-~nte Secretário Tesoureiro Américo Netto Firmiano de Moraes José Joaquim Tavares da Costa Vicente Alves de Aguiar Obs. : Renuncinndo êstes dirigentes, em março de 18 foram substituídos pelos que seguem: Presidente Secretário Tesour-eiro Joaquim da Cunha Meireles Justino José de Souza e Silva Manoel Alves de Aguiar -70- Presidente Vice-Presidente Secretário Tesoureire Presidente Vice-Presidente Secretário Tesoureiro Presidente Vice-Presidente Secretário Tesoureiro 1873/ 74 Manoel de Vasconcelos. João de Almeida Monte.iro . João de Almeida Montell'O Filho Justino Esteves Alves 1874/75 José Virgínio Teixeira de A:raúj~ Manoel Joaquim Duarte Gurmaraes Manoel José Alves Tost~ Bwto Joaquim de Medeiros 1875/76 José Virgínlo Teixeira d: Araújo Félix de Moracs Brandao Cândido Venâncio dos Santos Francisco Ferreira de .Amdrade 1876/ 77 Obs. : Reeleita a Direto: ia anterior 1877/ 78 Presidente Vice-Presidente Secretário Tesoureiro Presid.ente Vice-Presidente Secretãrlo Tesoureiro Antônio Teixeira de Aguiar Antônio Ulisses de Carvalho Manoel Ramalho Justino Esteves Alves 1878/79 José Antônio de Almeida Guimarães Manoel Casemiro da Rocha João Eugênio Machado ~e Lacerda Henrique da Cunha Rodrigues -71-