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Cesário Verde
“De tarde”
Avanço automático.
Naquele pic-nic de burguesas
Houve uma coisa simplesmente bela
E que, sem ter história nem grandezas,
Em todo o caso, dava uma aguarela.
Foi quando tu, descendo do burrico,
Foste colher, sem imposturas tolas,
A um granzoal azul de grão de bico
Um ramalhete rubro de papoilas.
Pouco depois, em cima de uns penhascos,
Nós acampámos, `inda o sol se via
E houve talhadas de melão, damascos
E pão de ló molhado em malvasia.
Mas todo púrpuro a sair das rendas
Dos teus dois seios, como duas rolas,
Era o supremo encanto da merenda:
O ramalhete rubro das papoilas!
\"De tarde\" de Cesário Verde.
\"De tarde\" de Cesário Verde.
\"De tarde\" de Cesário Verde.
\"De tarde\" de Cesário Verde.
\"De tarde\" de Cesário Verde.
\"De tarde\" de Cesário Verde.
\"De tarde\" de Cesário Verde.

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\"De tarde\" de Cesário Verde.

  • 2. Naquele pic-nic de burguesas Houve uma coisa simplesmente bela E que, sem ter história nem grandezas, Em todo o caso, dava uma aguarela.
  • 3. Foi quando tu, descendo do burrico, Foste colher, sem imposturas tolas, A um granzoal azul de grão de bico Um ramalhete rubro de papoilas.
  • 4. Pouco depois, em cima de uns penhascos, Nós acampámos, `inda o sol se via E houve talhadas de melão, damascos E pão de ló molhado em malvasia.
  • 5. Mas todo púrpuro a sair das rendas Dos teus dois seios, como duas rolas, Era o supremo encanto da merenda: O ramalhete rubro das papoilas!