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HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO
HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO
Maria Simara Torres Barbosa
São Luís
2010
Edição:
Universidade Estadual do Maranhão - UEMA
Núcleo de Tecnologias para Educação - UemaNet
Coordenador do UemaNet
Prof. Antonio Roberto Coelho Serra
Coordenadora Pedagógica:
Maria de Fátima Serra Rios
Coordenadora do Curso Formação Pedagógica de Docentes,
a distância:
Profª. Lourdes Maria de Oliveira Paula Mota
Coordenadora de Produção de Material Didático UemaNet:
Camila Maria Silva Nascimento
Responsável pela Produção de Material Didático UemaNet:
Cristiane Costa Peixoto
Professora Conteudista:
Profª. Maria Simara Torres Barbosa
Revisão:
Liliane Moreira Lima
Lucirene Ferreira Lopes
Diagramação:
Josimar de Jesus Costa Almeida
Luis Macartney Serejo dos Santos
Tonho Lemos Martins
Capa:
Luciana Vasconcelos
Governadora do Estado do Maranhão
Roseana Sarney Murad
Reitor da uema
Prof. José Augusto Silva Oliveira
Vice-reitor da Uema
Prof. Gustavo Pereira da Costa
Pró-reitor de Administração
Prof. José Bello Salgado Neto
Pró-reitor de Planejamento
Prof. José Gomes Pereira
Pró-reitor de Graduação
Prof. Porfírio Candanedo Guerra
Pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação
Prof. Walter Canales Sant’ana
Pró-reitora de Extensão e Assuntos Estudantis
Profª. Vânia Lourdes Martins Ferreira
Chefe de Gabinete da Reitoria
Prof. Raimundo de Oliveira Rocha Filho
Diretora do Centro de Educação, Ciências Exatas e Naturais - CECEN
Profª. Andréa de Araújo
Universidade Estadual do Maranhão
Núcleo de Tecnologias para Educação - UemaNet
Campus Universitário Paulo VI - São Luís - MA
Fone-fax: (98) 3257-1195
http://www.uemanet.uema.br
e-mail: comunicacao@uemanet.uema.br
Proibida a reprodução desta publicação, no todo ou em
parte, sem a prévia autorização desta instituição.
Barbosa, Maria Simara Torres
História da educação / Maria Simara Torres Barbosa.
- São Luís: UemaNet, 2010.
125 p.
ISBN: 978-85-63683-04-5
1. Educação hidtória. I. Título.
CDU: 37 (091)
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO
UNIDADE 1
A história e A história da educação .........................	 19
Fases da história da educação ........................................... 20
Das comunidades primitivas a Rousseau: a educação para a
ocupação produtiva ...........................................................	24
UNIDADE 2
Educação jesuítica na sociedade colonial
brasileira .............................................................................	29
O processo de aculturação dos índios ...............................	32
Educação para o trabalho ou a aprendizagem de ofícios no
Brasil Colônia ...................................................................	33
As corporações e a aprendizagem de ofícios .............................	35
A chegada da família Real ao Brasil .................................	 37
UNIDADE 3
A educação no Brasil Imperial: 1822 – 1889 ............. 	 43
A emancipação política do Brasil ....................................	 44
A influência europeia no pensamento pedagógico brasileiro .......	 46
O Desenvolvimento de Vocações e Aptidões pela educação ......	 48
As Casas de Educandos Artífices .....................................	 49
UNIDADE 4
As reformas na educação na República Velha: 1889
- 1930 ......................................................................................	 55
As primeiras decisões republicanas na área da educação ..........	 56
A expansão quantitativa da rede de ensino primário .................	 59
O declínio das oligarquias e repercussão para a educação ........	 60
A luta a favor das oportunidades na educação ..........................	 61
A educação profissional dos jovens pobres ................................	 62
As escolas salesianas ....................................................................	 64
UNIDADE 5
A educação na Era Vargas: 1930 – 1945 ....................... 69
As primeiras mudanças na educação da década de 1930 .........	 71
As reformas Capanema ...............................................................	 77
UNIDADE 6
A educação no período democrático de 1946 a 1964 .... 81
O momento político e econômico .................................... 81
As consequências do contexto social para a educação ..... 83
Os cursos normais ........................................................... 85
A criação do Sistema “S” de Aprendizagem .................... 86
O Projeto da primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional ......................................................................... 87
UNIDADE 7
As mudanças educacionais do regime autoritário:
1964 - 1985 ............................................................................. 95
As reformas para a educação .......................................... 96
Os reflexos do militarismo na educação básica ................ 99
UNIDADE 8
As reformas educacionais no contexto das trans-
formações econômicas e políticas da década de
noventa .............................................................................. 105
Aspectos políticos e econômicos das últimas décadas ...... 105
O advento da globalização .............................................. 108
A educação nos ditames das políticas neoliberais e da
globalização .................................................................... 109
Educação para a profissionalização ................................. 112
A reforma da educação no Brasil nos anos de 1990 ........ 115
REFERÊNCIAS ................................................................... 121
ATIVIDADES SUGESTÃO DE fILME REfERêNCIAS
íCONES
Orientação para estudo
ao longo deste fascículo, serão encontrados alguns ícones utilizados
para facilitar a comunicação com você.
Saiba o que cada um significa.
SAIBA MAIS GLOSSÁRIO
Você está recebendo o material didático da disciplina de HISTÓRIA
DA EDUCAÇÃO que se constitui parte integrante do curso de
Formação Pedagógica de Docentes.
A compreensão abrangente da HISTÓRIA e da história da educação
brasileira é fundamental para que se possa refletir sobre os vínculos
entre os fatos históricos e as políticas educacionais, a fim de ressaltar
a importância da educação no contexto da realidade econômica,
política e cultural do Brasil.
O caderno completo consta de 08 unidades que foram organizadas
de forma didática para facilitar sua compreensão.
Cada unidade poderá ser apropriada de acordo com sua
disponibilidade, sendo que ao término de cada uma constam as
tarefas propostas para serem realizadas como forma de ampliar
sua compreensão com reflexões e análises dos temas propostos.
Estas deverão ser cuidadosamente elaboradas como forma de
proporcionar a assimilação e sistematização do seu aprendizado.
Recomendamos que estabeleça sua rotina de tal modo que
os horários de estudo possam se constituir em momentos de
aprendizado constante.
APRESENTAÇÃO
A aprendizagem se efetiva na medida em que somos capazes de,
sucintamente, descrever como compreendemos cada assunto.
Então, desejamos a você bons momentos de estudo e aprendizado.
Dúvidas, sugestões e críticas poderão ser enviadas para:
Profª. Maria Simara Torres Barbosa
msymarat@yahoo.com.br
PLANO DE ENSINO
DISCIPLINA: História da Educação
Carga horária: 60 h
EMENTA
História e História da Educação. Fases da História da Educação. O
contexto socioeconômico e político da Colônia até 1996. As lutas
em torno da legislação brasileira e os movimentos em favor da
educação.
OBJETIVOS
Geral
Propiciar elementos para a compreensão, do ponto de vista histórico,
da evolução da educação com a finalidade de oferecer subsídios
para uma postura crítica frente à problemática educacional do
Brasil na atualidade.
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
UNIDADE I - A história da educação
Fases da história da educação
	
UNIDADE II - Educação jesuítica na sociedade colonial
brasileira
A chegada de D. João e os reflexos na educação
Educação dos órfãos e abandonados no Brasil Colônia: a
aprendizagem de ofícios
UNIDADE III - A educação no Brasil Imperial: 1822 – 1889
Os padres da Igreja de Língua Grega
UNIDADE IV - As reformas da educação na República Velha:
1889 – 1930
Educação brasileira na Primeira República: o significado da
educação para os republicanos; a política educacional da Primeira
República - reformas nos âmbitos estaduais e federais.
UNIDADE V - Estado Novo
Educação brasileira na Era Vargas: a revolução de 1930; o Manifesto
dos Pioneiros; o confronto: católicos X liberais e a arbitragem
governista; o Estado Novo e as Leis Orgânicas do Ensino.
UNIDADE Vi - O período de 1945 e 1964
A educação brasileira: o populismo; debates sobre a lei de Diretrizes
e Bases da Educação Nacional desde o projeto inicial (1947) até a
entrada em vigor da Lei 4.024, de 20.12.1961; os movimentos de
educação popular; política social e política educacional.
UNIDADE Vii - Do governo Militar à redemocratização
Educação brasileira no período militar (1964-1984): contexto
histórico-educacional; reforma universitária; reforma do ensino de
1º e 2º Graus; A Nova República e a transição educacional: política
educacional no núcleo e na periferia do Estado.
UNIDADE ViiI - As reformas educacionais no contexto das
transformações econômicas e políticas da década de
noventa
Aspectos políticos e econômicos das últimas décadas
O advento da globalização
A educação nos ditames das políticas neoliberais e da globalização
Educação para a profissionalização
A reforma da educação no Brasil nos anos de 1990
METODOLOGIA
O trabalho pedagógico será desenvolvido a partir de uma
metodologia problematizadora, valorizando a relação teoria e
prática e a interdisciplinaridade de ações envolvidas no processo
ensino-aprendizagem. Para tanto, serão utilizados debates,
trabalhos em grupos, participação em fóruns, e demais orientações
dentro da metodologia de educação a distância.
AVALIAÇÃO
Será feita considerando-se elementos como participação regular e
contínua nas atividades, evidenciando o comprometimento com o
estudo bem como domínio dos conteúdos trabalhados. Utilizar-se-á
para esse fim trabalhos individuais e grupais e avaliações escritas.
Considerando que educação é sempre uma atividade intencional
a ser medida pela referência a uma finalidade, ao longo da história
sempre configurou práticas sociais movidas pelos interesses dos
indivíduos. Interesses que foram desde questões culturais, religiosas,
sociais ou políticas, como também interesses científicos, movidos pela
necessidade da sobrevivência humana.
Atribuímos significados à educação na medida que compreendemos
que dela depende a própria perpetuação da espécie humana. A
evolução do conhecimento científico sobre temas vitais como a vida no
planeta, a preservação do meio ambiente, a cura de doenças, dentre
outros, perpassam por pesquisas desenvolvidas nos meios acadêmicos.
As práticas educativas estão ligadas principalmente à cultura de um
povo, entendendo cultura de forma ampliada, englobando a produção
de bens, consumo e a forma da organização social.
O tema educação, de uma forma mais abrangente, pode ser entendido
como um campo de desenvolvimento de interpretações e perspectivas
sobre o homem, sobre o que seria bom acontecer com ele em seus
diferentes ciclos de vida, infância, adolescência e diferentes fases da
história.
INTRODUÇÃO
Uma premissa importante surge a partir da constatação histórica de
que o homem tem sua vida dependente de dois tipos de cuidados
essenciais: saúde e educação. O debate sobre a educação ao longo da
história envolve, pois, muito mais que teorias parciais sobre o homem,
interpretações pedagógicas, psicológicas, sociológicas, históricas ou
filosóficas.
Em seu trabalho cotidiano os educadores se deparam hoje com
problemas práticos que demandam compreensão de questões de
fundo de consciência política e social. Por exemplo: o que é necessário
hoje para “formar o cidadão”? o que significa formar um cidadão,
entendendo este como alguém que possui direitos, isto é, que se define
pelo “direito de ter direitos”? Como uma educação pode conferir
ao educando o direito de ter direitos? Poderemos responder a estes
questionamentos dizendo que em cada momento histórico o debate
em torno de questões fundamentais da educação foi se construindo
de acordo com a ideologia, pois a educação não é um fenômeno
neutro alheio aos interesses dominantes, sempre buscou atingir fins
específicos.
Poderíamos dizer que a educação é um ponto de confluência de várias
ciências e disciplinas. Mais precisamente, a educação, como área
aplicada e interdisciplinar, se fundamenta nas disciplinas das ciências
sociais, que contribuem para melhor compreendê-la e desenvolvê-la.
Assim, em todos os tempos não se pode perder a visão de conjunto, o
ponto de reunião da filosofia, da sociologia, da história e da política,
além de outras ciências como a psicologia, a economia etc., porém
não nos é possível ignorar que cada área possui fisionomia própria.
A partir de então estudaremos a história da educação e apresentaremos
as visões históricas das relações educação-sociedade e escola em
diferentes momentos, desde a antiguidade até os nossos dias.
Sucintamente apresentaremos a história em suas fases, importância e
o significado que hoje atribuímos no Brasil à educação, sem, todavia,
ter a pretensão de esgotar ou desrespeitar a multiplicidade de visões
teóricas e interpretações existentes.
1
unidade
A história e a história da
educação
A história, desde a antiguidade clássica até a modernidade, foi
vista como narrativa histórica, isto é, contada apenas através da
descrição dos fatos, sem considerá-los no seu contexto, com causas
e consequências. Somente a partir das transformações ocorridas
na forma de produção, em que as relações humanas se tornam
eminentemente sociais, que a visão do tempo muda e a história
passa a ter outro significado, ligando o presente ao passado e ao
futuro através das ações do homem.
Como foi dito anteriormente, a história da educação é parte
integrante da história e da cultura de um povo. Em cada momento
histórico, a educação corresponde a diferentes visões de homem e
de sociedade de acordo com o pensamento dominante.
Para compreender a história da educação, é essencial situá-la na
história geral. De acordo com Luzuriaga (1981), as principais fases
da história da educação se integram à mesma divisão da história
geral. Serão, portanto, situadas cada uma das fases por um breve
passeio histórico.
Objetivos dESTA unidade:
Compreender a evolução
da história da educação
através dos tempos;
Proporcionar a revelação
da interação educação-
contexto histórico,
mediante análise de suas
recíprocas determinações.
FORMAÇÃO PEDAGÓGICA DE DOCENTES20
Fases da história da educação
A Educação primitiva
A educação entre os povos primitivos ocorria de forma espontânea,
não havia uma pessoa dedicada à função de instruir as crianças ou
jovens. Eles aprendiam o que era necessário à própria sobrevivência.
As aprendizagens se restringiam à busca por alimentação, abrigo e
defesa contra os ataques tanto de animais quanto de outras tribos.
Podemos afirmar que a imitação era a principal forma de educar usada
pelos adultos para ensinar os mais jovens.
Com o passar dos séculos, começaram a fazer parte da educação
a observação de fenômenos naturais, alguns rituais sagrados e a
preparação para a guerra, o que exigia práticas de treinamento para
os jovens.
Educação oriental
Compreendida os povos do Egito, Índia, China, além de hebreus
e árabes, dentre outros. Nesse momento da história já podemos
identificar civilizações desenvolvidas. Convém destacar que para se
ter civilização é necessário ter alguma forma de organização política,
como Estado ou cidades. A educação que, no começo, era restrita
apenas a cunho religioso, ao longo do tempo tornou-se intencional. A
escrita sistematizada criada no oriente, associada à organização social
mais ampla, se estabeleceu e levou a criação de escolas e mestres em
alguns dos países orientais.
No Egito, as crianças filhas do povo frequentavam as escolas
elementares a partir dos sete anos de idade para aprenderem a ler,
escrever e contar. Os filhos dos funcionários iam às escolas superiores
ou eruditas, em que, além do nível elementar, aprendiam astronomia,
matemática e arte em geral, como música e poesia.
HISTÓRIA DA educação | unidade 1 21
A educação entre os hebreus era baseada nos livros sagrados Tora e
Talmud. Tinha duração de 10 anos. As crianças entravam com oito
anos e concluíam aos 18 anos.
Entre os hindus, na sociedade de castas, a educação era privilégio
apenas das castas superiores, as escolas não eram comuns. Geralmente
os pais, com base nos textos Vedas, eram responsáveis pela educação
dos filhos.
Na China, a educação sistematizada só ocorreu a partir do período
imperial. No século V a. C. dividia-se em elementar, do povo e superior,
que se destinava aos funcionários mandarins.
Educação clássica
De acordo com Luzuriaga (1981), desenvolveu-se entre os séculos V a.
C. e V d. C., e diz respeito à educação ocidental. Compreende Roma
e Grécia.
A educação grega teve quatro períodos distintos: heroica (poemas
homéricos); cívica (Atenas e Esparta); clássica/humanista (Sócrates,
Platão e Aristóteles) e helenística enciclopédica (cultura alexandrina).
Cada período tem suas próprias características.
A educação romana teve três principais períodos: heroico - patrícia (V
– III a. C.); de influência helênica (III – I a. C.); e imperial (I a. C. – V d.
C.). Embora sejam bastante parecidas, a cultura e a educação grega e
romana possuíam pontos de divergência significativos.
Educação medieval
Quando ocorreu a expansão do cristianismo, a educação cristã
também se expandiu por toda a Europa (V – XV d. C.). O caráter é
essencialmente religioso, dogmático, predominando matérias abstratas,
Um pedagogo acompanhando o
seu pequeno discípulo à palestra
Fonte: http://www.educ.fc.ul.pt/
docentes/paideia/images/
concei1.gif
fORMAÇÃO PEDAGóGICA DE DOCENTES22
literárias, com prejuízo à educação intelectual e científica. é empregado
o uso do latim como língua única.
Educação humanista
após o século xIV é criada a educação humanista, no período da
renascença, que faz emergir a cultura clássica greco-romana. a
disciplina e a autoridade, até então predominantes, deixam espaço ao
desenvolvimento do pensamento livre e crítico.
as matérias científicas, antes proibidas pela Igreja, agora compõem o
currículo. Surge o colégio humanista ou escola secundária, onde são
estudados o latim e o grego, embora não tenham caráter erudito. o
ideal de educação na renascença eram os exercícios físicos tais como o
salto, a corrida, a luta, a natação etc.
Educação cristã reformada
No século xVI surge a reforma religiosa, e como resultado, uma
educação cristã reformada, tanto católica, como protestante. a
educação católica pós renascença foi marcada por um movimento
conhecido por Contrarreforma contra os protestantes. as ordens
religiosas, das quais se destacava a Companhia de jesus, foram as
responsáveis pela divulgação do cristianismo durante séculos. o
Ratio Studiorum era o “currículo” dos jesuítas, que ministravam uma
educação inspirada nas escolas humanistas.
Lição de música. (jarra autografada por Dúris cerca de 490 - 480 a. C., Berlim.)
Fonte: http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/paideia/images/concei1.gif
HISTÓRIA DA educação | unidade 1 23
Educação realista
Esta fase começa no século XVII, com base na filosofia e nas ciências
novas de Galileu, Copérnico, Newton e Descartes. A educação se
renova em outras perspectivas e dá início aos métodos da educação
moderna com dois dos maiores nomes da didática Moderna – Ratke
e Comenius.
Educação Naturalista
Com base nas ideias de Jean-Jacques Rousseau, a educação naturalista
teve influência decisiva na educação moderna. São pressupostos para
a educação: a liberdade, a atividade pela experiência, a diferença
entre a mente da criança e do adulto. A criança deixou de ser vista
como um adulto em miniatura, e passou a ser vista como um ser em
desenvolvimento.
O propósito da educação é que ela seja integral, que atenda aos
aspectos físicos, intelectuais e morais. Para Rousseau, cada aluno
deveria ter um educador.
Educação nacional
Ideia originada com a Revolução Francesa no século XVII, a
educação nacional pressupôs a responsabilidade do Estado para o
estabelecimento da escola primária universal, gratuita e obrigatória,
com vistas à formação da consciência patriótica.
FORMAÇÃO PEDAGÓGICA DE DOCENTES24
Das comunidades primitivas a Rousseau: a educação
para a ocupação produtiva.
O ponto de partida deste estudo é o reconhecimento de que, no começo
da civilização humana, as famílias se encarregavam de transmitir aos
jovens os saberes necessários à vida nas comunidades primitivas. Todas as
decisões eram tomadas em comum, incluindo a educação, a produção e as
relações sociais, caracterizando o que hoje denominamos de “comunismo
primitivo”. Percebe-se que civilização e educação desenvolveram-se
simultaneamente, ou melhor dizendo, “educação é concomitante à
existência humana.” (SAVIANI, 1996).
Na Antiguidade Clássica, no período pré-socrático, o trabalho manual era
valorizado e aos pais cabia a responsabilidade de ensinar aos filhos um
ofício. Os homens, cujos talentos se revestiam em invenções úteis, eram
louvados e reconhecidos. Muitos se destacavam pelos seus feitos. Todas
as invenções que ocorreram na Antiguidade foram oriundas da criação
técnica de homens que se aventuraram em especulações intelectuais,
associadas à prática.
Um pouco mais adiante, na história grega, em Aristóteles, essa conciliação
foi rompida. Para este filósofo, o trabalho era uma etapa na vida do
homem, que deveria ser vencida. A mais alta preparação de um homem
era a teoria. Em sua obra “A política”, afirmava que o artesão não merecia
o título de cidadão, apenas o ócio concedia virtude cívica (CUNHA, 2000).
O emprego da mão de obra escrava na antiguidade grega contribuiu para
a depreciação social do trabalho manual e todos os trabalhadores a ele
associado. Com isso, a Medicina se distanciou da Cirurgia, a Física se
distanciou das experimentações e a ciência, só na teoria, estagnou.
Somente na Idade Média, com o grande artista, inventor e cientista
Leonardo da Vinci, a teoria novamente se aproximou da prática. Da Vinci
e homens como Galileu conseguiram, através de experimentações, fazer
mover a ciência, tirando-a do estado de estagnação em que se encontrava.
Na época de Da Vinci, as artes liberais eram as artes livres da necessidade
de trabalhar, consideradas artes nobres, elevadas, enquanto as artes
mecânicaseramconsideradasignóbeis.Oartistaeraumgênio,trabalhador
livre, dono do seu talento que poderia escolher para quem “vendê-lo”.
Homem na pré-história
http://www.extrafix.com.br/fotos/
informacoes_uteis/historia_
ferramenta/histfer2.jpg
HISTÓRIA DA educação | unidade 1 25
Enquanto que o artesão era trabalhador anônimo, preso às corporações,
sujeito às normas que estas lhe imputavam.
O Cristianismo trouxe nova visão para o trabalho. No Código de Conduta
dos Monges Beneditinos, chamado de Regula Benedict, por exemplo,
constava a exortação ao trabalho. O ócio era visto como pai de todos os
vícios. Os verdadeiros monges eram aqueles que viviam do trabalho feito
pelas próprias mãos.
NoséculoXI,noRegimeFeudal,osartesãospassaramaocuparumaposiçãode
reconhecimentopeloseutrabalho.Organizadosjuridicamenteemcorporações,
dispunham de estatutos que regulamentavam a prática de artífices do mesmo
ofício. A aquisição de matéria prima, a venda dos produtos, as relações com
trabalhadores mestres, aprendizes e assalariados estavam previstas nas normas
que os regulavam. Para os jovens aprendizes havia determinação do
[...] número e da idade dos aprendizes, da duração da
aprendizagem, do pagamento pelo aprendizado, e da”
obra prima, 'uma espécie de prova final prática, pela qual
o aprendiz era recebido entre os mestres e podia exercer
seu oficio autonomamente.' (CUNHA, 2000a p. 12).
As corporações de ofícios mecânicos começaram a enfraquecer com
a chegada da manufatura. Os burgueses recém-chegados ao poder,
viram nas corporações de ofícios empecilho para contratação de mão
de obra mais barata. Em toda a Europa foram paulatinamente sendo
extintas, na medida em que o capitalismo foi-se consolidando.
Na Península Ibérica, formada por Portugal e Espanha, as corporações
não se desenvolveram. O trabalho artesanal nestes países não teve o
mesmo significado que no resto da Europa. Foram regiões em que o
trabalho manual não foi valorizado, portanto os trabalhadores manuais
também foram depreciados.
Capa do livro de Rosseau Emílio ou a Educação
Fonte: http://www.leeds.ac.uk/library/adopt-a-book/
pics/rousseau.jpg
fORMAÇÃO PEDAGóGICA DE DOCENTES26
Na França, com o movimento do Enciclopedismo, alguns autores
não compactuavam com a hierarquização sociocultural existente
entre as artes liberais e as artes mecânicas. Montesquieu e Diderot
criticaram em seus escritos tais comportamentos. Diderot, ao escrever
a obra “Enciclopédia das Ciências, das artes e dos ofícios”, inseriu
a possibilidade de junção da teoria com a prática. o que não foi
compartilhado pelo seu contemporâneo Rosseau, que em sua obra
“Emílio, ou da Educação” escrita em 1762, evidenciou o desprezo
pelos ofícios manufatureiros e ressaltou que a ocupação produtiva que
mais se aproximava do estado natural era o trabalho artesanal. o ofício
recomendado a Emílio deveria ser de marceneiro, pois o considerava
limpo, útil, além de exigir habilidade e bom gosto.
Faça uma pesquisa sobre a educação na antiguidade
grega destacando o pensamento de Platão quanto à
importância e significado da educação.
"OS MISERÁVEIS" (1862)
Sinopse: a hiSTória é aMBienTada na frança do início do SécULo
xix, eM Meio à criSe, à foMe e à revoLUção. LiaM neeSon vive Jean
vaLJean, UM hoMeM qUe roUBoU UM pedaço de pão para aLiMenTar
a faMíLia e receBeU 20 anoS de priSão. eLe foge, conSegUe nova
idenTidade, reconSTrói SUa vida e paSSa a Ser prefeiTo do viLareJo
de vigaU. MaS o inSpecTor JaverT (geoffrey rUSh) conTinUa aTráS
deLe, aMeaçando TUdo o qUe conSegUiU.
Direção: BiLLe aUgUS
Elenco: LiaM neeSon, geoffrey rUSh, UMa ThUrMan, cLaire daneS,
hanS MaTheSon, reine BrynoLfSSon, peTer vaUghan, MiMi neWMan.
HISTÓRIA DA educação | unidade 1 27
O NOME DA ROSA (1986)
Sinopse: Em 1327 William de Baskerville (Sean Connery), um monge
franciscano, e Adso von Melk (Christian Slater), um noviço que
o acompanha, chegam a um remoto mosteiro no norte da Itália.
William de Baskerville pretende participar de um conclave para
decidir se a Igreja deve doar parte de suas riquezas, mas a atenção
é desviada por vários assassinatos que acontecem no mosteiro.
William de Baskerville começa a investigar o caso, que se mostra
bastante intrincando, além dos mais religiosos acreditarem que
é obra do Demônio. William de Baskerville não partilha desta
opinião, mas antes que ele conclua as investigações Bernardo
Gui (F. Murray Abraham), o Grão-Inquisidor, chega no local e
está pronto para torturar qualquer suspeito de heresia que
tenha cometido assassinatos em nome do Diabo. Considerando
que ele não gosta de Baskerville, ele é inclinado a colocá-lo
no topo da lista dos que são diabolicamente influenciados. Esta
batalha, junto com uma guerra ideológica entre franciscanos
e dominicanos, é travada enquanto o motivo dos assassinatos é
lentamente solucionado.
Direção: Jean-Jacques Annaud
Gênero: Ficção
Elenco: Sean Connery, Christian Slater, Helmut Qualtinger, Elya
Baskin, Michael Lonsdale, Volker Prechtel, Feodor Chaliapin
Jr., William Hickey, Michael Habeck, Urs Althaus, Valentina
Vargas, Ron Perlman, Leopoldo Trieste, Franco Valobra, Vernon
Dobtcheff, Donald O'Brien, Andrew Birkin e F. Murray Abraham.
300 (2007)
Sinopse: O filme começa com um orador espartano a contar a vida
do jovem rei Leônidas I, revelando também o rigor e a disciplina
a que foi submetido durante a sua infância. Aos sete anos, é
tirado da sua mãe para iniciar a Agogê - um período de privações
a que todos os cidadãos de Esparta são submetidos. Passados
trinta anos, o orador conta que um mensageiro persa chega a
Esparta e comunica-lhe o desejo de Xerxes em dominar. Como
Esparta estava a celebrar a festa religiosa da Carneia, Leônidas
fORMAÇÃO PEDAGóGICA DE DOCENTES28
não poderia enTrar eM gUerra, enTão eLe pega 300 hoMenS de SUa
gUarda peSSoaL, diz qUe vai dar UM paSSeio e Marcha ao enconTro
doS invaSoreS perSaS.
Direção: zack Snyder
Gênero: ação
Elenco: gerard BUTLer, Lena headey, david WenhaM, doMinic
WeST, vincenT regan, MichaeL faSSBender, rodrigo SanToro.
aRaNHa, Maria Lúcia de arruda. História da Educação. São
Paulo: Moderna 2000.
CUNHa, Luiz antonio. O Ensino de Ofícios Artesanais e
Manufatureiros no Brasil Escravocrata. São Paulo: UNESP,
Brasília, DF, Flacso, 2000.
FILHo, Francisco Geraldo. A educação brasileira no contexto
histórico. Campinas, SP: Editora alínea, 2004.
LUZURIaGa, Lorenzo. História da educação e da pedagogia.
13. ed. São Paulo: Nacional, 1981.
MaNaCoRDa, M. a. História da educação. 12. ed. São Paulo:
Cortez, 2006.
NISKIER, arnaldo. Educação brasileira: 500 anos de história.
São Paulo: Melhoramentos, 1989.
RIBEIRo, Maria Luiza Santos. História da Educação Brasileira
- a organização Escolar. 11. ed. São Paulo: Cortez, 1991.
RoMaNELLI, otaíza de oliveira. História da Educação no
Brasil (1930/1973). 6. ed. Petrópolis: Vozes, 1984.
unidade
O período Colonial durou de 1500 até a Independência, em
1822. A partir daí, iniciou-se a fase política do Império, que
durou até 1889. A educação escolar no período político do Brasil
Colônia passou por três fases: a de predomínio dos Jesuítas; a das
reformas realizadas pelo Marquês de Pombal, principalmente a
partir da expulsão dos jesuítas do Brasil e de Portugal em 1759; e
a época de D. João VI no Brasil (1808 - 21), quando então nosso
país foi sede do império português (GHIRALDELLI, 2009 p. 1).
Em março de 1549, com o fim do regime das capitanias
hereditárias, chegou ao Brasil o primeiro Governador Geral,
Tomé de Souza, que trouxe em sua comitiva seus assessores e
os primeiros jesuítas. Desembarcaram aqui o Padre Manoel de
Nóbrega e dois outros jesuítas. Somente mais tarde vieram mais
alguns membros da Companhia de Jesus para ajudar no trabalho
de catequização dos índios e na educação dos filhos da elite, os
brancos europeus.
O predomínio dos jesuítas na educação brasileira transcorreu
entre os anos de 1549 e 1759, com a expulsão de todos os
ObjetivoS dESTA unidade:
Compreender a história
da educação brasileira
no período colonial e seu
contexto socioeconômico;
Proporcionar uma
reflexão crítica da
educação dos Jesuítas
no Brasil, bem como
as consequências para
a formação do povo
brasileiro.
2
Educação jesuítica na sociedade
colonial brasileira
fORMAÇÃO PEDAGóGICA DE DOCENTES30
padres pertencentes à Companhia de jesus, de Portugal e seus
domínios, pelo Marques de Pombal. Este período se constituiu em
dois séculos de memória e história do Brasil e da organização escolar,
que se consolidou a partir da instalação do Governo Geral, com a
interferência da Igreja, predominantemente através da atuação da
ordem da Companhia de jesus com os padres jesuítas.
Tomé de Souza fundou a cidade de Salvador para ser a capital
e sede do Governo Geral. Quinze dias após a chegada, os jesuítas
criaram em Salvador a primeira escola elementar brasileira.
os jesuítas permaneceram como mentores da educação brasileira
durante duzentos e dez anos, até 1759, quando foram expulsos de
todas as colônias portuguesas por decisão de Sebastião josé de
Carvalho, o marquês de Pombal, primeiro-ministro de Portugal.
Quando foi expulsa, a Companhia tinha 25 residências, 36 missões
e 17 colégios e seminários, além de seminários menores e escolas de
primeiras letras instaladas em todas as cidades, nas quais havia casas
da Companhia de jesus.
a orientação básica da missão dos jesuítas no Brasil era de catequizar
os índios e dar-lhes instrução. Não havia, a priori, a intenção de
dar-lhes formação profissional. o que levou, mais tarde, os jesuítas
a optarem pelo ensino profissionalizante agrícola ao índio foi a
constatação de sua inadequação à formação sacerdotal. Nesse
caso, os índios foram apenas catequizados. os instruídos foram os
descendentes de colonizadores e a elite.
os colégios dos jesuítas se transformaram em importante ordem
no campo educacional. Eram procurados como via de acesso à
classificação social mais elevada. No entanto, o conteúdo literário e
religioso, o movimento de imitação, o cultivo ao estilo clássico e os
cursos de filosofia escolástica afastaram os educandos da formação
científica nascente na Europa.
Não só o Brasil Colônia, mas também a metrópole portuguesa se
mantiveram distanciados das influências que modernizaram a
Em 29 de março de 1549, a
armada portuguesa aportava
na Vila Velha (hoje Porto
da Barra), comandada pelo
português Diogo Álvares,
o Caramuru. Era fundada
oficialmente a cidade de
Cidade do São Salvador da
Baía de Todos os Santos,
que desempenhou um papel
estratégico na defesa e
expansão do domínio lusitano
entre os séculos XVI e XVIII,
sendo a capital do Brasil de
1549 a 1763.(WWW.saltur.
salvador.ba.gov.br)
HISTóRIA DA EDUCAÇÃO | UNIDADE 2 31
produção e a comercialização em toda a Europa. Esse atraso intelectual
se refletiu no plano econômico, no aspecto político e no social. Portugal
não acompanhou o desenvolvimento industrial europeu. Tornou-se
uma nação ainda mais empobrecida e decadente, que não conseguiu
a ultrapassagem da etapa mercantil para a industrialização. Manteve-
se no feudalismo agrícola. a Inglaterra liderava o processo industrial
europeu, comprava os produtos agrícolas portugueses e os vendia
manufaturados, com vantagens e lucros.
o Plano de Estudos dos jesuítas, chamado de Ratio Studiorum
era constituído por um conjunto de regras direcionadas a todas
as atividades dos agentes ligados ao ensino, desde as regras do
provincial, às do reitor, do prefeito de estudos, dos professores, do
bedel e de cada matéria de ensino. as regras eram mais específicas
para os alunos que obedeciam a regras da prova escrita, da
distribuição de prêmios e penalidades dentre outras.
De acordo com a Romanelli (1984), a organização
social e política brasileira na época da colônia estava
profundamente relacionada com a economia escravocrata,
de onde originou a unidade básica do nosso sistema de
produção e de poder sustentado na autoridade desmedida
dos donos da terra. Por serem brancos, de origem europeia,
sentiam a necessidade de manter as tradições medievais
da Europa no novo mundo, assim copiaram hábitos e
costumes. Na educação foram beneficiados pelos jesuítas,
que tinham a incumbência de preservar o estilo da classe
nobre portuguesa.
Padre Manuel da Nóbrega, ao elaborar o primeiro plano de estudos,
incluiu os filhos dos colonos brancos, os mamelucos e os filhos dos
principais. Mas as mulheres, os agregados e os escravos não se
incluíam no plano de educação da Companhia de jesus. o direito
à educação se restringia aos filhos (do sexo masculino) dos donos
de engenho e senhores de terras. a educação estava vinculada aos
interesses políticos dos colonizadores.
Convertendo as crianças
Fonte: http://www.eb23-diogo-cao.rcts.pt/Trabalhos/bra500/
jesindos.htm
Todas as escolas jesuítas
eram regulamentadas por
um documento, escrito por
Inácio de Loiola, o Ratio atque
Instituto Studiorum, chamado
abreviadamente de Ratio
Studiorum.
fORMAÇÃO PEDAGóGICA DE DOCENTES32
O PROCESSO DE ACULTURAÇÃO DOS íNDIOS
o conteúdo cultural propagado nos colégios jesuítas, de acordo com
Romanelli (1984), era o espírito da Contra-Reforma, apego às formas
dogmáticas de pensamento, pela revalorização da escolástica, pela
prática de exercícios intelectuais, com a finalidade de robustecer a
memória e capacitar o raciocínio para fazer comentários de textos,
e o desinteresse, quase que total, pela ciência e a repugnância pela
atividade técnica e artística.
assim, a educação se constituiu numa formação humanística sem
finalidades para a economia brasileira, baseada na agricultura
rudimentar.
os jesuítas fundaram muitas escolas com a finalidade de formar fieis
e servidores. as escolas visavam dar educação elementar aos filhos
dos colonos e aos índios, educação média aos homens da classe
dominante, e ensino superior para aqueles que seguiam a carreira
religiosa. aos poucos a obra da catequese foi cedendo lugar à
educação da elite. Tão bem formados foram os da aristocracia rural
brasileira, que se mantiveram inalterados no poder por mais de três
séculos. Foram os teólogos, juízes e magistrados que permaneceram
nos cargos políticos mais elevados do país.
Com o propósito de afastar os índios dos interesses dos colonizadores,
os jesuítas criaram as reduções ou missões. Nestas Missões, os índios,
além de passarem pelo processo de catequização, também foram
treinados para o trabalho agrícola, que serviam àquelas comunidades
para sustento, além da comercialização do excedente.
os índios, durante o processo de catequização, ficaram à mercê
dos interesses do homem branco colonizador. os padres jesuítas
desejavam convertê-los ao cristianismo e aos valores europeus; os
colonos estavam interessados em usá-los como escravos.
A Escolástica (ou
Escolasticismo) é uma linha
dentro da filosofia medieval,
de acentos notadamente
cristãos, surgida da
necessidade de responder às
exigências da fé, ensinada
pela Igreja, considerada
então como a guardiã dos
valores espirituais e morais
de toda a Cristandade. Por
assim dizer, responsável pela
unidade de toda a Europa,
que comungava da mesma
fé. Esta linha vai do começo
do século IX até ao fim do
século XVI, ou seja, até ao
fim da Idade Média. Este
pensamento cristão deve o
seu nome às artes ensinadas
na altura pelos escolásticos
nas escolas medievais. Estas
artes podiam ser divididas
em Trivium (gramática,
retórica e dialéctica) e
Quadrivium (aritmética,
geometria, astronomia
e música). A escolástica
resulta essencialmente do
aprofundar da filosofia.( http://
pt.wikipedia.org)
Por volta de 1610 foram
fundadas pelos jesuítas
espanhóis as primeiras
reduções na Província de
Guayrá, a de Loreto e a de
Santo Inácio, às margens
do rio Paranapanema, no
atual Estado do Paraná. Não
demorou para que outras
surgissem, e já, em 1628,
treze delas agregavam mais
de 100 mil índios, (WWW.
terrabrasileira.net).
HISTóRIA DA EDUCAÇÃO | UNIDADE 2 33
No Brasil, a situação de colônia se agravava na intensificação da
exploração e fiscalização, no aumento dos cargos públicos sendo
ocupados apenas pelos nascidos na metrópole. o atraso intelectual e
institucional português provocou um movimento pela modernização
inspirado no Iluminismo, que encontrou grande resistência da parte da
elite conservadora tradicional portuguesa.
a partir desses movimentos em Portugal, com reflexos no Brasil,
algumas reformas se consolidaram; a Companhia de jesus foi expulsa
em 1759 de Portugal e das colônias. A reforma pombalina pretendeu
transformar Portugal em uma metrópole capitalista e adaptar as
colônias à nova ordem.
EDUCAÇÃO PARA O TRABALHO OU A APRENDIzAGEM DE
OfíCIOS NO BRASIL COLôNIA
No Brasil, nos primeiros anos da colonização, as atividades manuais
eram destinadas aos escravos. os serviços de carpintaria, tecelagem
e outros eram executados por negros, o homem branco afastava-
se destes ofícios, pois almejava a distinção. Dessa forma, o trabalho
manual por aqui foi duplamente estigmatizado, pela herança cultural
ibérica e pela escravidão.
alguns ofícios eram confiados a homens brancos. Quando isso
acontecia.
[...] as corporações baixavam normas rigorosas
impedindo ou, pelo menos, desincentivando o
emprego de escravos como oficiais e, em decorrência,
procurava-se “branquear” o ofício, dificultando-o a
negros e mulatos. Mouros e judeus, dotados, também,
de características étnicas “inferiores”, eram arrolados
nas mesmas normas, embora fosse improvável que
seu número no artesanato do Brasil Colônia merecesse
referências especiais (CUNHa, 2000 p. 17).
O Marquês de Pombal,
influenciado pelo
enciclopedismo francês,
contrário ao clero, promoveu
a reforma, chamada
pombalina, e expulsou os
jesuítas de Portugal e seus
domínios. Tal expulsão se
deu principalmente ao fato
do Marquês acreditar que o
fanatismo religioso foi o maior
responsável pela decadência
econômica Portuguesa.
FORMAÇÃO PEDAGÓGICA DE DOCENTES34
Existem registros de preconceito contra o trabalho artesanal em diversas
regiões do Brasil, narrados por viajantes, que se empreendiam pelo
interior, vindos de vários países. Um viajante inglês conta que todas
as artes eram praticadas da maneira mais formalística e aborrecida
possível. Cada trabalhador se considerava iniciado nalgum mistério,
que apenas ele e os de sua confraria podiam compreender. Houve
carpinteiros que exprimiam seu espanto ao verem um inglês tomar de
uma serra e manejá-la com a mesma destreza e rapidez maior que a
deles próprios. "[...] A isso, os mecânicos brancos juntaram mais uma
loucura; consideravam todos eles fidalgos demais para trabalhar em
público, e que ficariam degradados, se vistos carregando a menor
coisa, pelas ruas, ainda que fossem as ferramentas do seu oficio."
(CUNHA, apud LUCCOK, 2000 p. 19).
No século XVI, a agroindústria açucareira utilizava, além da mão de
obra escrava, trabalhadores livres em pequena escala. A produção em
expansão fez crescer a comercialização, que por sua vez, gerou núcleos
urbanos que ampliaram o mercado consumidor para os produtos de
diversos artesãos. Prosperaram os pintores, alfaiates, carpinteiros,
dentre outros.
Os oficiais, naquela época, eram homens que exerciam ofícios, mas
essa expressão tinha duplo sentido. Eram chamados de oficiais,
os funcionários públicos, juízes, desembargadores, procuradores.
Também eram oficiais os artesãos, artífices e os artistas. Estes, como
eram trabalhadores ligados à produção, recebiam a denominação de
oficiais mecânicos, a exemplo da Europa.
Os pequenos núcleos urbanos cresceram próximos aos colégios
dos Padres Jesuítas, onde existiam oficinas de vários destes ofícios,
ensinados a índios, escravos e homens livres. Nestes e em diferentes
instituições brasileiras, ocorreram processos de aprendizagens de
ofícios: na agroindústria açucareira, nos arsenais da Marinha e nas
Corporações de Ofícios. Os Colégios dos Jesuítas foram os primeiros
centros de ensino artesanais no Brasil. Além dos padres destinados ao
trabalho religioso, havia os irmãos encarregados de ensinar os ofícios
mecânicos nas oficinas.
HISTóRIA DA EDUCAÇÃO | UNIDADE 2 35
os irmãos procuravam reproduzir nas oficinas as
práticas de aprendizagens de ofícios vigentes na
Europa, onde eles próprios aprenderam. Por isso,
davam preferência às crianças e aos adolescentes,
aos quais iam sendo atribuídas tarefas acessórias da
produção (CUNHa, 2000 p. 32).
o ofício de carpintaria foi a principal atividade desenvolvida nos
colégios. Em diferentes cidades do litoral havia oficinas de fabricação
de embarcações para o transporte tanto marítimo quanto fluvial. a par
dos carpinteiros estavam os pintores que completavam as obras.
as oficinas de ferraria também exerceram importante função na
fabricação de ferramentas para o cultivo e também como instrumentos
de trabalho para outros ofícios. Fabricavam machado, foice, martelo,
faca, serrote, cunhas, chaves, pregos, enfim, tudo que se necessitava
na época, inclusive para as fazendas de engenho. as olarias eram
imprescindíveis em todos os locais, pois as construções de casas,
galpões e igrejas dependiam da produção de adobe, produzidos e
transportados até os núcleos mais habitados.
a tecelagem, segundo Cunha (2000), foi o ofício mais adaptado aos
índios, talvez devido à proximidade com os ornamentos confeccionados
por eles nas aldeias. Fiavam e usavam os teares com habilidade que,
em algumas regiões, a produção foi exportada para outros estados.
as boticas para a fabricação de medicamentos também foram criadas
e desenvolvidas nas oficinas dos Colégios dos jesuítas. os padres e
os seus alunos pesquisaram e catalogaram plantas medicinais nativas,
produziram novos medicamentos, principalmente no laboratório do
Rio de janeiro, que serviu de centro para abastecimento de outros
colégios e para a população.
AS CORPORAÇõES E A APRENDIzAGEM DE OfíCIOS
a organização do trabalho artesanal no Brasil seguiu o modelo
corporativo de Portugal. Quando, por toda a Europa, declinava a
O aprendizado corporativo
visando a profissionalização
assume destaque como
veículo de instrução formal
da juventude, em detrimento
da frequência das escolas
elementares de primeiras
letras. O aprendiz era admitido
através de um contrato entre o
seu pai e o mestre, a princípio
oralmente e depois por escrito,
fixando o preço e a duração
da aprendizagem, detalhando
os deveres do mestre e do
aprendiz e submetido a
juramento perante outros
mestres, para marcar de forma
solene a entrada de um novo
membro na corporação. (Anais
do XXXIV COBENGE, 2006).
FORMAÇÃO PEDAGÓGICA DE DOCENTES36
economia corporativa, em Portugal estava iniciando. Os portugueses
que aqui chegaram trouxeram o modelo e implantaram, com pequenas
alterações, adaptadas ao modo de vida na Colônia.
A aprendizagem que se dava nas corporações de ofícios eram
organizadas, não de forma escolarizada, mas sistemática, determinando
o número de aprendizes por mestre, duração da aprendizagem, a forma
de avaliação e até contrato de aprendizagem registrado, constando
valores de remuneração e cláusulas sobre punições e rescisão, caso
fosse necessário.
As corporações eram instituições fortes, organizadas de tal forma
que fixava os padrões de produção, preços e salários. A nascente
burguesia viu nestas organizações entrave para a livre contratação de
trabalhadores, sem a qual o capitalismo no Brasil, naquela época, se
tornaria inviável.
A aprendizagem nos engenhos de cana-de-açúcar se dava no próprio
ambiente de trabalho, sem regulamentações, oferecidas a qualquer
um que se dispusesse ao trabalho, fossem homens escravos ou livres,
adolescentes ou crianças. Os escravos, que eram a maioria, recebiam
as orientações sob duras pressões, a aprendizagem ocorria nas “casas
de penitência”, locais onde o serviço braçal era forçado, os escravos
amarrados a grossas correntes, com longas jornadas de trabalho e
precárias condições. Os homens livres não recebiam castigo e nem
restrições, mas era-lhes exigida muita dedicação, força física, atenção
e lealdade ao senhor.
A agroindústria açucareira começou a declinar no momento em que
surgiu novo ciclo econômico. Entre os anos de 1693 e 1695, ocorreu a
descoberta do ouro. Boris Fausto afirma que “sem exagero, a extração
do ouro liquidou a economia açucareira do Nordeste. Os metais
preciosos vieram aliviar momentaneamente os problemas financeiros
de Portugal” (FAUSTO, 2003, p.99). A corrida do ouro atraiu pessoas
de todas as partes do Brasil, principalmente paulistas e baianos, além
de estrangeiros, escravos e índios.
A Coroa teve dificuldades em organizar e estabelecer limites ao grande
contingente de mineradores, incluindo um grande número de frades,
que impedidos de permanecer como religiosos, criaram irmandades
HISTÓRIA DA educação | unidade 2 37
leigas. A mineração fez nascer uma sociedade diferenciada, composta
de famílias de negociantes, burocratas da coroa, militares, fazendeiros
e os artesãos. Estes, fugindo dos centros que se esvaziaram, foram para
a mineração em busca de maiores lucros. Seus negócios prosperaram
como era de se esperar, havia muitas obras a serem construídas. Logo
surgiu uma organização de ofícios embandeirados da mineração. A
sistematização da aprendizagem surgiu em seguida, nos termos que se
concretizaram nas capitais.
O ciclo do ouro teve seu apogeu por volta de 1750, momento em que
surgiu a necessidade de expansão do comércio interno, associado ao
maior controle da Coroa em defesa da pirataria. A Coroa, na tentativa
de explorar outras regiões, criou a Companhia Geral do Comércio do
Grão-Pará e Maranhão, com amplos poderes monopolistas. Para dar
apoio ao comércio interno e externo destes dois centros econômicos
do ouro em Minas Gerais e o comércio do norte, foram criados os
arsenais da marinha no Pará e no Rio de Janeiro, em 1761 e 1763,
respectivamente.
A construção naval empreendida pelos jesuítas, após sua expulsão,
ficou seriamente comprometida. Após a criação dos arsenais da
marinha, foram retomadas as fabricações de diversos tipos de
embarcações. Os oficiais de várias especialidades, em sua maioria
brancos, e alguns escravos exerciam os postos de comando. Além
dos recrutas da marinha, os artífices eram os homens “vadios” que,
detidos por crime de infrações corriqueiras, eram enviados pela polícia
para cumprirem pena nos serviços de carpintaria, ferraria, calafates
etc. A aprendizagem de ofícios nos arsenais da marinha ocorreu sem
quaisquer regulamentações.
A chegada da Família Real ao Brasil
A chegada da Família Real, em 1808, foi um marco decisivo para as
mudanças sociais, econômicas e políticas que começaram a ocorrer no
Brasil, a partir de então. A Coroa Portuguesa se viu obrigada a deixar
FORMAÇÃO PEDAGÓGICA DE DOCENTES38
Coimbra após a invasão de Portugal pela França. Sob a guarda da
Inglaterra cruzaram o atlântico trazendo mais de quinze mil nobres e
funcionários. Importantes medidas econômicas foram tomadas logo
após a chegada. A primeira foi a abertura dos portos. O Príncipe
Regente foi obrigado a decretar abertura dos portos às nações amigas
que, naquele momento, se restringia à Inglaterra. Desencadeiam-se
então as forças renovadoras no sentido de transformar a antiga colônia
numa comunidade nacional e autônoma.
Chegada da Família Real ao Brasil em 1808
Fonte: http://www.portinari.org.br/IMGS/jpgobras/OAa_2404.JPG
Essa medida favoreceu a comercialização, beneficiando os ingleses que
poderiam vender mais produtos sem a interferência de Portugal. Os
grandes proprietários de terras e de escravos sentiram-se beneficiados
com a possibilidade de auferirem maiores lucros.
Nesse processo acelerou-se a urbanização e com ela uma nova
realidade, ocorreu a criação da Imprensa Régia, da Biblioteca Pública,
do Museu Nacional e a circulação do primeiro jornal e da primeira
revista. A abertura dos portos não ampliou apenas o comércio, mas
a vida social em todos os aspectos: cultural, intelectual e educacional.
Foram criadas as Academias Reais da Marinha e a Militar, além de várias
escolas de formação profissional e cursos superiores de agricultura,
botânica, de química e desenho técnico.
Embora fossem organizações isoladas, não se constituindo em
universidades, mas com preocupações mais profissionalizantes, tais
iniciativas foram bastante positivas e significaram o rompimento com o
ensino jesuítico. O ensino primário e secundário também recebeu um
HISTÓRIA DA educação | unidade 2 39
impulso, mais de 60 escolas de primeiras letras e mais de 20 cadeiras
de gramática latina foram criadas.
A educação na era Colonial se restringia a algumas escolas primárias e
médias, seminários eclesiásticos e as aulas régias. Com a chegada de
D. João, foram criados os primeiros cursos superiores com a finalidade
de atender à Marinha e ao Exército, as Academias Reais da Marinha
e a Militar, além dos cursos Médico-Cirúrgico precursores das antigas
faculdades de medicina. Foram criados também os cursos de Economia
Política, Química e Agricultura, além da Real Academia de Desenho,
Pintura, Escultura e Arquitetura Civil, que foi transformada depois na
Escola Nacional de Belas Artes.
Com o objetivo de formar uma elite aristocrática e nobre, o foco da
educação foi direcionado para o ensino superior em detrimento da
escolaprimáriaemédia.Outroscursosforamcriados,comoaFaculdade
de Direito e a de Engenharia. Os novos cargos administrativos criados
a partir da República foram preenchidos pelos letrados, que, formados
nas faculdades, principalmente de Direito, ocupavam as melhores
posições administrativas.
Para a formação da força de trabalho, ligada à produção, foi necessário
criar outro tipo de ensino. O tratado econômico-político estabelecido
entre Portugal e Inglaterra previa a extinção do tráfico de negros para o
Brasil. Era necessário encontrar uma forma de substituição da mão de
obra escrava para atender os empreendimentos industriais nascentes.
A solução imediata encontrada foi a contratação de estrangeiros para
os cargos. Artífices portugueses e chineses atenderam aos apelos da
nascente indústria brasileira, mas não vieram em número suficiente.
A segunda alternativa foi a criação de diversos institutos filantrópicos,
com o intuito de recolher crianças pobres, órfãos, abandonados,
miseráveis e impor-lhes a aprendizagem de ofícios, pois nenhum
homem livre queria exercer tais atividades estigmatizadas pela
escravidão.
fORMAÇÃO PEDAGóGICA DE DOCENTES40
Faça uma breve análise da educação no Brasil Colônia
após a chegada dos jesuítas considerando os seguintes
aspectos:
- o papel dos jesuítas na educação das elites no
período colonial;
- a catequização dos índios, os interesses dos
colonizadores e dos jesuítas;
- a formação da mão de obra ou a aprendizagem de
ofícios;
- a educação das mulheres e dos negros.
A MISSÃO (The Mission, ING 1986)
Sinopse: no SécULo xvii, na aMérica do SUL, UM vioLenTo Mercador
de eScravoS indígenaS, arrependido peLo aSSaSSinaTo de SeU
irMão, reaLiza UMa aUTopeniTência e acaBa Se converTendo coMo
MiSSionário JeSUíTa eM SeTe povoS daS MiSSõeS, região da aMérica
do SUL reivindicada por porTUgUeSeS e eSpanhóiS, e qUe Será
paLco daS "gUerraS gUaraníTicaS”. paLMa de oUro eM canneS e
oScar de foTografia.
Direção: roLand Joffé
Elenco: roBerT de niro, JereMy ironS, Lian neeSon
COMO ERA GOSTOSO MEU fRANCêS (Brasil, 1970)
Sinopse:noBraSiL,eM1594,UMavenTUreirofrancêScoMconheciMenToS
de arTiLharia é feiTo priSioneiro doS TUpinaMBáS. SegUndo a cULTUra
indígena, era preciSo devorar o iniMigo para adqUirir TodoS oS SeUS
podereS: SaBer UTiLizar a póLvora e oS canhõeS.
HISTóRIA DA EDUCAÇÃO | UNIDADE 2 41
Direção: neLSon pereira doS SanToS
Elenco: ardUíno coLaSSanTi, ana Maria MagaLhãeS, gaBrieL
archanJo, edUardo iMBaSSahy,cUnhaMBeBe, JoSé kLéBer
CARAMURU A INVENÇÃO DO BRASIL (Brasil, 2001)
Sinopse: o fiLMe TeM coMo ponTo cenTraL a hiSTória de diogo
áLvareS, arTiSTa porTUgUêS, pinTor TaLenToSo, reSponSáveL
por UMa daS LendaS qUe povoaM a MiToLogia BraSiLeira - a do
caraMUrU. anTeS, poréM, diogo é reSponSáveL por UMa confUSão
envoLvendo oS MapaS qUe SeriaM USadoS naS viagenS de pedro
áLvareS caBraL.
Direção: gUeL arraeS
Elenco: SeLTon MeLLo, caMiLa piTanga, deBorah Secco, Tonico
pereira, déBora BLoch, LUíS MeLLo, pedro paULo rangeL, diogo
viLeLa.
CUNHa, Luiz antônio. O Ensino de Ofícios Artesanais e
Manufatureiros no Brasil Escravocrata. São Paulo: UNESP;
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FILHo, Francisco Geraldo. A educação brasileira no contexto
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São Paulo: Melhoramentos, 1989.
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- a organização Escolar. São Paulo: Cortez, 11. ed. 1991.
RoMaNELLI, otaíza de oliveira. História da Educação no
Brasil (1930/1973). Petrópolis: Vozes, 6. ed. 1984.
unidade
A educação no Brasil Imperial:
1822 - 1889
ObjetivoS dESTA unidade:
Identificar as
características da
educação brasileira no
Período Imperial em seu
contexto social, cultural e
econômico;
Propiciar elementos
para uma análise crítico-
reflexiva, do ponto
de vista histórico, da
educação brasileira no
Período Imperial.
3
O Brasil viveu o Período Imperial compreendido entre os anos de
1808 até 1850. Esse período iniciou-se na fase Joanina, após a
chegado de Dom João, com uma estrutura social notadamente
de submissão. De um lado os negros, escravos, mestiços ou semi-
escravos, todos na condição de total submissão. Por outro lado, o
branco colonizador, na posição de comando. Havia uma relação
de poder entre essas duas camadas da sociedade: opressão do
explorador para o explorado, do fiscalizador para o fiscalizado. As
lutas contra essas contradições foram evidenciadas entre os colonos
e índios, nos motins de escravos, nas fugas, atentados, violências e
lutas dos contribuintes coloniais contra o fisco metropolitano.
Aos poucos a condição de submissão foi cedendo espaço à
emancipação, através das manifestações de descontentamentos
em diferentes segmentos da sociedade. A revolta de maior
expressão entre esses movimentos e de grande repercussão foi a
Inconfidência Mineira.
44 FORMAÇÃO PEDAGÓGICA DE DOCENTES
A emancipação política do Brasil
A volta da Família Real para Portugal, em 1821, contribuiu para a
emancipação política do Brasil, conquistada em 1822. Como nação
independente, em 1824 é outorgada a primeira Constituição, inspirada
na Constituição Francesa de 1791.
Para a educação, a Constituição garantiu a instrução primária gratuita
a todos os cidadãos e abriu a possibilidade para a criação de colégios
e Universidades. Apenas teoricamente, pois os recursos financeiros
destinados à educação sempre foram escassos, o que inviabilizou a
ampliação do atendimento escolar. Junta-se a este fato, a instabilidade
política e o “regionalismo” das províncias, o que fez com que ocorressem
graves falhas na educação em todos os níveis.
Havia poucas escolas de primeiras letras e insuficiente número de
professores para atender a todas. Somente a partir de 1835, foram
criadas as escolas normais em vários estados.
NoMaranhão,aSociedadeLiterária11deAgostomantinha,em1872,uma
Escola Normal que funcionava das 6h30 às 8h e das 5h às 9h, destinada,
portanto, a trabalhadores (SALDANHA; MELO, 1996, p. 23).
No ensino secundário, as aulas ministradas eram avulsas e particulares.
Como forma de organizar e sistematizar esse nível de ensino, foram criadas
escolas de nível secundário chamadas de Liceus, inspiradas no modelo
francês. O que se viu na prática foi a mesma postura de aulas avulsas e
isoladas de antes, apenas agrupadas num mesmo espaço físico.
O Grito do Ipiranga, 1888.
Fonte: http://www.f64.com.br/holidays/independencia/h0102f40.jpg
HISTóRIA DA EDUCAÇÃO | UNIDADE 3 45
a reforma pombalina introduziu as aulas Régias, e o Estado passou a
assumir a responsabilidade com a educação. Muitos foram os obstáculos
encontrados para que o ensino se tornasse laico, pois os professores
eram oriundos dos Colégios jesuítas com formação sacerdotal. Durante
os treze anos de transição, formam mantidas as mesmas características
literárias e religiosas, mas caiu a qualidade do ensino. os métodos
pedagógicos de varas de marmelo e palmatórias de sucupira eram
usados como armas para manter a autoridade e o respeito.
Uma classe social intermediária surgiu no Brasil do século xIx, qual?
a possibilidade de ascensão social é depositada na escola, pois o título
de doutor valia na época tanto quanto o de proprietário de terras.
Proclamação da República
Fonte: http://letrasdespidas.files.wordpress.com/2009/04/proclamacao-da-
republica.jpg
as ideias liberais dominantes na Europa já haviam chegado ao Brasil.
a classe ascendente, que se ligava à aristocracia rural para conseguir
emprego, viu-se numa contradição, tendiam a aderir às novas ideias,
pois os ideais liberais abriam a possibilidade de ascensão através da
política, como ocorrera na Europa. o reflexo desta adesão foi sentido
com a abolição da Escravatura (1888), a Proclamação da República
(1889) e o desenvolvimento industrial que se seguiu.
Em 1834 foi criado o ato adicional, com o objetivo de conferir às
províncias o direito de legislar sobre a instrução pública relativa ao
ensino primário e secundário. o ensino primário foi abandonado
nas mãos de alguns mestres-escolas, que insistiam em continuar
No período Monárquico
o Brasil vivenciou o total
abandono do ensino primário,
o ensino secundário se
tornara propedêutico, elitista
e privado. O ensino superior
predominado pelas faculdades
de Direito, com ênfase na
retórica, servindo de mera
ilustração.
46 FORMAÇÃO PEDAGÓGICA DE DOCENTES
ensinando. Os Liceus Provinciais foram criados nas capitais, de forma
desorganizada e sem recursos suficientes para sua manutenção. O
que favoreceu a rede privada de ensino, que, ao absorver o ensino
secundário, tornou-o mais elitista e voltado para o preparo do exame
de admissão no ensino superior. Não só as escolas secundárias privadas
se transformaram em cursinhos preparatórios, mas os Liceus e até o
Colégio Pedro II, criado e mantido pela Corte para servir de modelo,
também se viu naquela contingência.
A influência europeia no pensamento pedagógico
brasileiro
No Período Imperial o pensamento pedagógico brasileiro baseava-se
em imitações de culturas europeias, na ilusão de assim superar o atraso
cultural e educacional em que se encontrava. A consequência maior
foi a falta de consciência traduzida na visão ingênua que permitia a
perpetuação da dominação cultural.
O primeiro projeto educacional apresentado à Assembleia Constituinte,
o “Tratado de Educação”, expressou a inadequação de medidas
estrangeiras para a nossa realidade educacional. Infelizmente esta
constatação permaneceu no campo teórico. O que se seguiu foi
contínuas medidas sendo transplantadas e os fracassos atribuídos a
questões de âmbito restrito à escola e não as de cunho mais amplos
referentes à inadequação das propostas.
A classe dominante brasileira teve sua formação cultural sustentada
na cultura transplantada. Em tese, esse pressuposto justificaria a
incapacidade do grupo dominante de criar um projeto educacional
genuinamente nacional. Importante ressaltar os preconceitos herdados
pela colonização, relativos ao negro como portador de incapacidades
múltiplas, ao brasileiro como mal administrador, mal político, foram
inculcados como forma de manter a dominação europeia sobre o
Brasil.
HISTÓRIA DA educação | unidade 3 47
A condição fundamental para a manutenção e reprodução das
relações materiais e sociais de reprodução é o domínio das
consciências. Para isso a educação do povo é o mecanismo ideal,
utilizado para disseminar uma determinada ideologia através de
um pensamento pedagógico. A escola funciona como aparelho
ideológico de estado e atua como dissimuladora das reais intenções
do pensamento pedagógico que divulga. Faz crer que há uma
lógica interna na escola que justifica toda ação pedagógica como
independente, quando na verdade não o é. São decisões políticas,
econômicas e sociais que norteiam o pensamento pedagógico
adotado em cada país.
As desigualdades de oportunidades sociais no Brasil foram atribuídas
à escola como desigualdades de oportunidades educacionais. Como
se à escola coubesse a responsabilidade de desenvolver todas as
potencialidades individuais a ponto de proporcionar aos indivíduos a
possibilidade de superar as dificuldades que os impedem de ascender
socialmente. Quando na realidade, sabe-se que as causas estavam em
questões macros, exteriores à escola.
Na ocasião da organização do Estado Nacional Brasileiro, as elites se
aliaram às classes populares. O interesse era estabelecer aliança com a
população para se fortalecer e enfrentar os opositores. Era uma farsa
para esconder o jogo político. Proclamaram objetivos educacionais
que não correspondiam aos objetivos reais, que de fato não foram
cumpridos.
A educação popular proposta na Assembleia Constituinte de 1823
era inviável. Perdeu-se muito tempo em discussões vãs, ao passo que
as precárias condições das instituições escolares existentes no país
exigiram mais atenção. O país não dispunha de meios financeiros nem
para sustentar o próprio aparelho de Estado que se formava.
O ensino superior mereceu atenção maior que a educação popular.
O interesse em cursos jurídicos para formar quadros que ocupassem
cargos políticos e públicos, fez aumentar a procura em tais cursos. O
ensino secundário propedêutico expandiu-se através, principalmente,
da iniciativa privada.
48 FORMAÇÃO PEDAGÓGICA DE DOCENTES
O desenvolvimento de vocações e aptidões pela
educação
Em 1810, foi criada a Companhia de Soldados Artífices, com o intuito
de suprir o exército de produtos e serviços. A intenção era a substituição
da força de trabalho estrangeira pelo disciplinamento da mão de obra
local. Além das aulas práticas de cada oficio, em serviço, os aprendizes
recebiam aulas de desenho, abertas posteriormente a aprendizes fora
do arsenal.
Na Bahia, a casa Pia, destinada ao desenvolvimento de ensino de
ofícios, foi pioneira na inclusão do ensino profissional.
Era o início de uma longa série de estabelecimentos
destinados a recolher órfãos e a dar-lhes ensino
profissional. Ainda não encontramos em nossa
história nenhum outro com essa finalidade. Mas daqui
por diante, pelo espaço de mais de um século, todos
os asilos de órfãos, ou de crianças abandonadas,
passariam a dar instrução de base manual a seus
abrigados. Na evolução do ensino de ofícios, a aparição
do Seminário dos Órfãos da Bahia, representa um
marco de incontestável importância. A própria filosofia
daquele ramo de ensino oi grandemente influenciada
pelo acontecimento e passou, daí por diante, a encarar
o ensino profissional como devendo ser ministrado
aos abandonados, aos infelizes, aos desamparados
(CUNHA, 2000a p. 75 apud FONSECA 1961 p. 104).
Por ordem do Príncipe Regente foi criado, em 1809, o Colégio das
Fábricas. Os artífices e aprendizes vindos de Portugal deveriam formar-
se no colégio para serem absorvidos pelas fábricas particulares, assim
que elas fossem instaladas. Mas a concorrência inglesa impossibilitou
a instalação da indústria nacional, o que ocasionou o fechamento do
Colégio das Fábricas em 1812, três anos após sua instalação.
A Imprensa Régia, criada pelo Príncipe Regente, contou com o ensino
de ofício regulamentado para os aprendizes. Estes deveriam ter idade
inferior a 24 anos e permanecer nos locais de aprendizagem pelo
tempo mínimo de cinco anos. Os mestres recebiam incentivos por
aprendiz que completasse dois anos de aprendizagem.
HISTÓRIA DA educação | unidade 3 49
A Academia de Artes foi uma instituição criada para atender menores
na tentativa de oferecer tanto o ensino das artes mecânicas quanto o
ensino das belas-artes.
Em decorrência da contratação de pessoas nos grandes centros, dentre
outros, criou-se um enorme contingente de desocupados sujeitos à
vadiagem e à desordem. Temerosa, a elite brasileira reclamava
providências no sentido de assegurar “normas para o bem viver”. Foi
então criado o Projeto de Lei denominado “Repressão à ociosidade”
que propunha a correção dos infratores do termo de “bem viver”.
O Projeto foi aprovado e mandava criar estabelecimentos públicos
destinados a correção, pelo trabalho, especialmente na agricultura, a
infratores que transgredissem os tais termos.
As Casas de Educandos Artífices
Por um lado havia a preocupação da elite política em dar trabalho a
quem vadiasse, por outro lado os trabalhadores já preocupavam em
se organizarem para defender seus interesses. Os primeiros sinais de
organização da classe trabalhadora no Brasil apareceram no século
XIX, por forte influência dos “agitadores” estrangeiros, que não
conformavam com a exploração da mão de obra escrava no Brasil.
As organizações iniciais eram de cunho beneficente, que mais se
aproximavam às bandeiras de ofícios. A entidade filantrópica chamada
de Sociedade Montepio dos Artífices da Bahia em 1832 foi a pioneira,
seguida da Sociedade Auxiliadora das Artes e Beneficentes do Rio de
Janeiro em 1835 (CUNHA, 2000a, p. 94).
As indústrias manufatureiras fabris receberam incentivos fiscais
através de contratos que previam, dentre outras coisas, a proibição
da contratação de mão de obra escrava. Em contrapartida, havia a
obrigação de contratação de menores aprendizes.
Na medida em que se constituía o Estado Nacional, desenvolvia-se o
aparato burocrático administrativo, judiciário e militar. Novas instituições
50 FORMAÇÃO PEDAGÓGICA DE DOCENTES
de ensino de ofícios manufatureiros foram criadas, ora pela iniciativa
pública, ora pela iniciativa privada, ora pela articulação entre ambas.
Após a Independência, os arsenais de guerra se multiplicaram.
Nas oficinas militares havia muitos menores aprendizes praticando
inúmeros ofícios. Os quartéis militares foram os primeiros a atraírem
para os seus quadros, menores, órfãos, pobres e desvalidos da sorte.
As práticas de aprendizagens eram seguidas às de religiosidade para
o disciplinamento dos aprendizes. Aos 21 anos, findava o prazo de
aprendizagem de ofícios, momento em que recebiam certificado de
mestre e eram contratados como operários.
Por iniciativa da filantropia, como obras de caridade, foram criadas em
cada capital da província as Casas de Educandos Artífices. Até o ano
de 1865, dez casas estavam em funcionamento, mantidas pelo Estado,
abrigando menores para aprenderem ofícios de marcenaria, ferraria,
carpintaria, funileiro, pedreiro e outros.
A primeira casa foi no Pará, em 1840,
que serviu de paradigma para as demais.
A segunda foi no Maranhão, em 1842,
seguida por São Paulo, em 1844, Piauí,
em 1849, Alagoas, em 1854, Ceará, em
1856, Sergipe, em 1856, Amazonas, em
1858, Rio Grande do Norte, em 1859, e
por fim, na Paraíba, em 1865.
Outras instituições assistencialistas
foram criadas no intuito de amparar
meninos desvalidos e formá-los como
força de trabalho. A mais importante
delas foi o Asilo dos Meninos desvalidos do Rio de Janeiro, em 1875. Os
asilos eram orientados a darem a instrução básica a todos e selecionar
os que possuíssem mais talentos para continuarem os estudos.
A educação era distribuída em três partes. Na primeira era oferecida
a instrução primária básica; na segunda, eram oferecidas disciplinas
como álgebra, geometria aplicada às artes, escultura, desenho e música;
na terceira parte eram ensinados ofícios de tipografia, encadernação,
alfaiataria, carpintaria, marcenaria, e outros.
Menores em casa de educandos
Fonte: http://www.casapia.org.br/home/salas%20de%20aula%20nos%20corredores%20
devido%20a%20reforma%20de%20%2067.jpg
HISTÓRIA DA educação | unidade 3 51
Ao terminar a terceira fase, o aprendiz era obrigado a permanecer
por mais três anos na instituição, trabalhando nas oficinas. O produto
do seu trabalho era vendido e metade do valor depositado na Caixa
Econômica, que lhe era entregue ao sair.
O aspecto assistencialista foi deixado de lado na Academia de Belas
Artes, o ingresso de alunos era feito através de processo seletivo. O
candidato teria que saber ler, escrever e contar. Ao ser aprovado, o
aluno teria de optar por se dedicar às belas-artes, para ser artista, ou
pelas artes mecânicas, para ser artífice. A Academia havia sido criada
como escola superior, pelo menos superior nos talentos, expressados
desde o acesso.
Após a intensificação da indústria manu-
fatureira, foram criadas várias entidades
assistencialistas para amparar órfãos,
indigentes ou filhos de pais pobres,
para ensinar-lhes as artes de ofícios.
Em 1858, foi criado o primeiro Liceu de
Artes e Ofícios, tendo como instituição
mantenedora uma das sociedades civis,
apoiados pelo Imperador, pela Princesa
Isabel, e por vários membros da corte. O
objetivo de tais instituições, além do caráter
amparador, era aplicar os estudos de belas
artes aos ofícios industriais.
Os Liceus recebiam dois tipos de alunos: os efetivos, que seguiam o
curso completo, e os amadores, que cursavam apenas uma parte dos
estudos.
Após a República, os liceus receberam novo impulso. Seus sócios repu-
blicanos ocuparam cargos públicos e aumentaram consideravelmente
suas contribuições. Foram ampliadas as instalações e o número de
atendimentos. Em 1891, no Liceu do Rio de janeiro, foram admiti-
das mulheres como alunas, o currículo feminino era diferenciado, mais
voltado para prendas domésticas. No ano seguinte, teve início o curso
comercial, em quatro séries.
Menores aprendendo tecelagem
Fonte: http://www.casapia.org.br/home/tecelagem%201967.jpg
52 fORMAÇÃO PEDAGóGICA DE DOCENTES
a Sociedade auxiliadora da Indústria, criada em 1827, inspirada
numa francesa de igual teor, tinha o objetivo de incentivar a utilização
de maquinário como forma de incrementar a produção e substituir
a mão de obra, que deveria se restringir a poucos, mas qualificados
trabalhadores. Para tanto, foi criada a Escola Industrial em agosto
de 1873, na qual foram matriculados 176 alunos, entre brasileiros
e estrangeiros. o currículo ambicioso e algumas dificuldades nas
instalações fizeram com que os alunos desistissem dos cursos e em
1892 foi desativada a escola.
Faça uma breve análise da organização da educação
brasileira no Período Imperial.
após a chegada da Família Real ao Brasil muitas
mudanças ocorreram. Quais foram e com quais
finalidades?
Quanto à educação profissional, a quem estava
destinada e em que circunstâncias as primeiras escolas
foram criadas?
CARLOTA JOAqUINA, PRINCESA DO BRASIL (Brasil 1995)
Sinopse: a MorTe do rei de porTUgaL d. JoSé i eM 1777 e a
decLaração de inSanidade de d. Maria i eM 1972, LevaM SeU fiLho
d. João e SUa MULher, a eSpanhoLa carLoTa JoaqUina, ao Trono
porTUgUêS. eM 1807, para eScapar daS TropaS napoLeônicaS,
o caSaL Se TranSfere àS preSSaS para o rio de Janeiro, onde a
faMíLia reaL vive SeU exíLio de 13 anoS. na coLônia aUMenTaM oS
deSenTendiMenToS enTre carLoTa e d. João vi.
Direção: carLa caMUraTi
HISTÓRIA DA educação | unidade 3 53
Elenco: Marieta Severo, Marco Nanini, Ludmila Dayer, Maria
Fernanda, Marcos Palmeira, Antonio Abujamra, Vera Holtz, Ney
Latorraca. 100 min.
INDEPENDÊNCIA OU MORTE (Brasil 1972)
Sinopse: O filme narra um dos períodos mais importantes da
história do Brasil: a chegada da família real, a infância e a
juventude de D. Pedro I, as contendas políticas, as lutas de
interesses, a proclamação de nossa Independência, a rebeldia e
as aventuras do príncipe, seu romance com a Marquesa de Santos
e seu retorno a Portugal.
Direção: Carlos Coimbra
Elenco: Tarcísio Meira, Glória Menezes
OS INCONFIDENTES (Co-produção Brasil Itália 1972)
Sinopse: O filme é uma versão cinematográfica da Inconfidência
Mineira, de seu início até o degredo dos inconfidentes e a
execução de Tiradentes.
Direção: Joaquim Pedro de Andrade
Elenco: Jose Wilker, Luiz Linhares, Paulo José Pereio, Fernando
Torres
XICA DA SILVA (Brasil 1976)
Sinopse: Conta a história (romanceada) da escrava Chica da Silva.
Direção: Cacá Diegues
Elenco: Zezé Motta, Walmor Chagas, Jose Wilker
54 fORMAÇÃO PEDAGóGICA DE DOCENTES
CUNHa, Luiz antonio. O Ensino de Ofícios Artesanais e
Manufatureiros no Brasil Escravocrata. São Paulo: UNESP.
Brasília, DF; Flacso, 2000a.
FILHo, Francisco Geraldo. A educação brasileira no contexto
histórico. Campinas, SP: Editora alínea, 2004.
GHIRaLDELLI júNIoR, Paulo. História da Educação. SP:
Cortez, 1990.
RIBEIRo, Maria Luiza Santos. História da Educação Brasileira
- a organização Escolar. 11. ed. São Paulo: Cortez, 1991.
RoMaNELLI, otaíza de oliveira. História da Educação no
Brasil (1930/1973). 6. ed. Petrópolis: Vozes, 1984.
SaLDaNHa, Lilian Maria Leda, MELo, Maria alice. Reconstrução
histórica do processo de formação primária no Maranhão
(1889-1930). São Luís, 1996. mimeo.
xaVIER, Maria Elisabete Sampaio Prado. Poder político e
educação de elite. 3. ed. SP: Cortez Editora: autores associados,
1992.
ObjetivoS dESTA unidade:
Analisar a trajetória da
educação no Brasil, no
Período Republicano,
através das reformas
instituídas desde a
primeira Constituição.
Compreender os
mecanismos que levaram
a sucessivos fracassos na
superação dos problemas
educacionais brasileiros
no período da primeira
República.
4
unidade
As reformas da educação na
República Velha: 1889 - 1930
Após a Proclamação da Re-
pública e a promulgação da
Constituição de 1891, em
que assumem o poder os Ma-
rechais Manuel Deodoro da
Fonseca e Floriano Peixoto, o
Brasil entrou numa nova fase:
a transformação das provín-
cias em Estado, cada Estado
regido por sua própria Cons-
tituição, os governos eleitos
pelo voto e seus próprios aparatos policiais.
A aliança das forças militares com a camada dominante
conquistou a república. Ocorrida no ano de 1889, a Proclamação
da República marcou o momento da emancipação política
brasileira, sob forte influência do Positivismo. A contradição
Assembleia Constituinte da República
Fonte: http://www.novomilenio.inf.br/festas/brasil1v.jpg
56 FORMAÇÃO PEDAGÓGICA DE DOCENTES
que antes se dava entre senhores e escravos passa a ser entre a
submissão e a emancipação.
Nesse momento histórico chamado de República Velha, começa a
ocorrer o crescimento da camada média da população, juntamente
com o processo de urbanização do país. Essa camada média, composta
de comerciantes, funcionários do Estado, profissionais liberais,
militares, religiosos, viam na educação a possibilidade de ascensão
social. Constituindo-se, por isso, num incentivo para que os problemas
relativos à educação assumissem maiores proporções e influenciassem
as políticas educacionais.
As primeiras decisões republicanas na área da
educação
Várias decisões governamentais foram tomadas com relação à
educação, momento em que esta recebeu muita atenção por parte do
novo governo. Tais modificações aconteceram em todos os níveis do
ensino, inclusive no nível superior que, aos moldes da Europa, formava
oradores sem funções práticas na sociedade. Faltavam instituições
que se dedicassem à pesquisa científica e aos estudos filosóficos
metodológicos.
O ensino secundário, cujo conteúdo era de predomínio literário,
exclusivo aos alunos do sexo masculino, tinha forte participação da
iniciativa privada, caracterizado como ensino preparatório para o
ingresso no curso superior.
Omanifestoliberalfoiopontapéparaumasériedereformas,importadas,
vale dizer, que evidenciavam a distância do Brasil real para o Brasil ideal.
O Positivismo, apoiado no liberalismo e no cientificismo, ganhou força
para implantar as reformas, tais como ocorreram na Europa, dentre as
quais a supressão dos poderes da aristocracia, limites para a atuação da
Igreja separada do Estado, o registro civil para o casamento.
HISTÓRIA DA educação | unidade 4 57
A educação recebeu, em 1879, a reforma do Ensino Livre proposta
por Leôncio de Carvalho, em cujo teor consta a liberdade do ensino,
o exercício do magistério separado das funções administrativas,
a liberdade de frequência às aulas e outras. Esta data também foi
marcada pela introdução do ensino feminino no nível secundário. Foi
criada a Escola Americana e outras escolas modelo.
Três forças sociais participaram do golpe militar ocorrido em
15/11/1889 que proclamou a República. Os governos de Deodoro
da Fonseca e Floriano Peixoto foram apoiados por uma parcela
do exército, os fazendeiros paulistas e a classe média urbana.
Posteriormente as oligarquias dos Cafeicultores dominaram o poder,
o que se costumou chamar de “ruralismo”. Estes tinham interesse
apenas em manter no poder com fraudes eleitorais, corrupção e o
voto de cabresto. Como consequência ocorreu o endividamento do
Estado e socialização dos prejuízos.
Em 1891, a Constituição instituiu o Sistema Federativo de Governo e
o ensino foi descentralizado, coexistindo a dualidade de sistemas, uma
vez que reservou à União o direito de criar e manter escolas superiores
e secundárias nos Estados e prover o Distrito Federal de ensino
secundário. Os Estados ficaram com o ensino primário e o ensino
profissional, que era a escola normal para moças e escolas técnicas
para rapazes. Foi a consagração do sistema dual de ensino: de um lado
tínhamos a escola primária e profissional para os pobres, e de outro
lado a secundária e superior para as classes dominantes.
Face aos desacertos nos sistemas de ensino brasileiro, foram
introduzidas várias reformas na tentativa de solucionar os problemas
mais graves. Uma das mais importantes foi a Reforma da Instrução
Pública promovida por Benjamin Constant, em 1890, que nem sequer
foi posta em prática na íntegra. Defendeu o princípio de liberdade e
laicidade do ensino, além de propor uma formação fundamentada na
ciência e não mais na tradição humanístico-clássica e no academicismo
da educação.
58 FORMAÇÃO PEDAGÓGICA DE DOCENTES
Essa reforma propunha a substituição do currículo acadêmico por um
enciclopédico, com disciplinas científicas e o ensino seriado. Pautou a
estruturação curricular pela ordenação positivista das ciências, primeiro
a Matemática, em seguida a Astronomia, a Física, a Química, a Biologia
e, por fim, a Sociologia e Moral. Com isso houve uma sobrecarga de
matérias e o ensino tornou-se enciclopédico. Essa reforma também
criou o “pedagogium”, centro de aperfeiçoamento do magistério.
Essas reformas, porém, não foram apoiadas pela elite, que via com
reservas as novas ideias, uma vez que estas rompiam com a tradição
do ensino humanístico.
A aliança da aristocracia dominante com o militarismo, útil na primeira
fase do Período Republicano, logo deixou de ser interessante. Tirar o
Marechal Floriano Peixoto do poder representou a vitória política da
elite brasileira, e a aliança com a burguesia internacional representou
a saída econômica para a permanente escassez de recursos do Estado
Brasileiro.
A valorização do café com o apoio do capital estrangeiro concentrou
os lucros nas mãos da burguesia agrária brasileira. Dessa forma, houve
investimentos em infraestrutura de portos,da rede ferroviária, em usinas
de energia elétricas e na reurbanização dos grandes centros, todos os
benefícios se reverteram diretamente aos grandes produtores. Porém,
a classe trabalhadora, no campo, foi alijada dessa modernização.
As sucessivas reformas educacionais ocorridas no Período
Republicano foram consequências do transplante cultural, reflexo da
incapacidade criativa da intelectualidade brasileira. Necessitávamos
de educadores para elaborar um projeto educacional eminentemente
nacional, que visasse promover a junção entre teoria e a prática, com
claros propósitos de solucionar o mais grave problema educacional
brasileiro: o analfabetismo. Em 1900 o índice de analfabetos no
Brasil era de 75%, de acordo com o Anuário Estatístico do Brasil, do
Instituto Nacional de Estatística. A falta de escolarização tornou-se
um empecilho para a modernização social e política que se processou
em vários setores da sociedade.
HISTÓRIA DA educação | unidade 4 59
A expansão quantitativa da rede de ensino
primário
Outras reformas se seguiam como a Lei Orgânica Rivadávea Corrêia
no Governo Marechal Hermes da Fonseca, em 1911, que facultava
a autonomia aos estabelecimentos de suprir o caráter oficial do
ensino. A reforma Carlos Maximiliano, em 1915, reoficiou o ensino,
regulamentando a entrada nas escolas superiores, além de promover
a reforma do Colégio Pedro II. A reforma Rocha Vaz, no governo de
Arthur Bernardes, em 1925, tentou instituir normas regulamentares
para o ensino. Nenhuma destas reformas promoveu mudanças
radicais na educação brasileira. O que se viu foi um ensino literário e
humanístico, voltado para o formalismo jurídico, desde a Colônia até
o Império, impedindo a renovação cultural, intelectual, econômica e
política de nossas elites.
Algumas ações se refletiram na expansão quantitativa da rede
de ensino primário, pois foram criados vários Grupos Escolares.
Apesar das campanhas em prol da alfabetização, os resultados ainda
demonstraram percentuais insuficientes, e até 1907 a unidocência era
prática comum em muitos municípios.
O ensino médio teve como marca principal nesse período a expansão
da rede particular, que restringiu o atendimento à elite, enquanto
as camadas menos favorecidas da população permaneciam fora da
escola.
Algumas escolas profissionalizantes atendiam a um número restrito
e pouco significativo de jovens, que serviriam de mão de obra
qualificada e atuariam nas fábricas, ou no comércio em expansão. O
restante da grande massa de jovens aptos ao trabalho permanecia sem
atendimento à sua formação profissional.
Quanto ao ensino superior, o período foi marcado pela expansão
das escolas particulares e por uma melhor organização das esferas
estaduais. Houve maior concentração na área médica em detrimento
da jurídica e mantiveram-se separadas as atividades literárias das
científicas.
60 FORMAÇÃO PEDAGÓGICA DE DOCENTES
O declínio das oligarquias e repercussão para a
educação
A camada média da população cresceu, e com ela cresceram também
as insatisfações com a organização política vigente. Boa parte das
aclamações por mudanças consideravam o regime político bom, mas
mal governado pelos homens que estavam no poder.
Houve crescimento do parque manufatureiro e ascensão da burguesia
industrial em contradição ao operariado que começava a se organizar
como força política. Algumas ações conduziram à mobilização da
categoria para reivindicações de melhores condições de trabalho e
salários, momento em que aconteceu a primeira greve geral de São
Paulo, a qual durou trinta dias. Tal conscientização levou à fundação
do Partido Comunista em 1922, que viveu apenas quatro meses de
legalidade.
A educação recebeu as influências do clima de contestação e
clamores por mudanças. Os educadores se envolveram em dois
movimentos educacionais chamados de “otimismo pedagógico” e de
apelo à qualidade. Baseavam-se na adoção do modelo de educação
escolanovista, muito difundido nos Estados Unidos e no “entusiasmo
pela educação”, através do apelo à quantidade; acreditavam que a
ampliação do número de escolas resolveria o problema educacional
brasileiro.
Os educadores, na época, estavam convictos de que o Brasil estaria apto
a equiparar-se às grandes nações do mundo, caso fossem concretizadas
tais reformas no ensino. Viam a educação como salvadora de todas
as mazelas da pátria. Tais movimentos estavam em defasagem umas
quatro décadas na adoção de reformas baseadas no Escolanovismo
e na expansão do atendimento escolar, se comparado aos Estados
Unidos e a alguns países da Europa.
Muitas reformas de ensino foram introduzidas nos estados, apenas no
nível da escola primária. As limitações estão no fato da regionalização e
do transplante cultural com pedagogismos isolados do contexto social.
HISTÓRIA DA educação | unidade 4 61
A queda da bolsa de Nova Yorque, em 1929, e as drásticas
consequências para a economia brasileira serviram para que se
percebesse que a agricultura de exportação não poderia ser o centro
da economia de um país, pois a dependência do setor externo não
oferecia garantias sólidas. Para esse momento, o investimento no setor
industrial pareceu ser a melhor solução. Nasceu assim a ideologia
política nacional desenvolvimentista.
A luta a favor das Oportunidades na Educação
Em meio à crise política, forças antagônicas se uniram para formar a
Aliança Liberal, com a finalidade única de chegar ao poder. Tal aliança
se concretizou, mas em meio a tantos desentendimentos internos, a
luta passou a ser pela manutenção no poder.
Durante a década de vinte, ocorreram diversos acontecimentos
importantes no processo de mudança do país. Dentre os quais
podemos citar a Semana de Arte Moderna (1922), a fundação do
Partido Comunista (1922), a Revolta Tenentista (1924) e a Coluna
Prestes (1924 a 1927). Quanto à educação, foram realizadas diversas
reformas nos estados.
A Semana de Arte Moderna, também chamada de Semana de 22,
ocorreu em São Paulo no ano de 1922, nos dias 13, 15 e 17 de
fevereiro, no Teatro Municipal. Artistas e intelectuais, influenciados
por transformações da época, e pela efervescência no cenário político,
realizaram a Semana de Arte Moderna de 1922 durante o governo
de Washington Luís em São Paulo que deu seu apoio. O movimento
surgiu como um marco na história cultural do país e propunha a
renovação nas artes, abrindo espaço para a arte verde–amarela.
(http://pt.wikipedia.org/wiki/Semana_de_Arte_Moderna_de_1922).
62 FORMAÇÃO PEDAGÓGICA DE DOCENTES
Coluna Miguel Costa Prestes, mais conhecida como Coluna Prestes,
foi um movimento liderado por militares, que faziam oposição à
República Velha e às classes dominantes na época. Teve início em
abril de 1925, no governo de Artur Bernardes (1922-1926). Com
aproximadamente mil e quinhentos homens, a Coluna Prestes
percorreu 25.000 quilômetros. Durante dois anos e meio atravessou
11 estados. Nas cidades por onde passava, a Coluna Prestes
despertava apoio da população e a atenção dos coronéis, que
também eram alvo das críticas do movimento. Sempre vigiados por
soldados do governo, os revoltosos evitavam confrontos diretos com
as tropas, por meio de táticas de guerrilha (http://www.infoescola.
com/historia).
A educação no Brasil, até a Primeira República, atendia perfeitamente
as necessidades da sociedade como um todo. A escola formava acordo
com as exigências econômicas sociais e políticas da época. A partir do
momento em que os interesses pelo desenvolvimento se acentuaram,
houve um choque com o sistema de ensino. A mudança de um modelo
econômico agrário exportador para um modelo parcialmente urbano
industrial acarretou em novas necessidades educacionais. A elite se
viu impotente para promover as mudanças de que necessitava. De
um lado, tinha-se a crescente demanda em busca de escolarização
e, de outro, a industrialização, exigindo formas mais adequadas de
educação. Uma vez que a crise se instaurara, a solução foi implantar
novas reformas. Mas estas só foram pensadas e implantadas na década
de 1930, no governo de Getúlio Vargas.
A educação profissional dos jovens pobres
O pensamento positivista exerceu muita influência na República
brasileira, principalmente na educação e na religião. Em que pese aos
conflitos gerados entre os liberais e os positivistas, prevaleceu o espírito
HISTÓRIA DA educação | unidade 4 63
republicano, apesar de contemplar prioritariamente os interesses
da burguesia dos cafeicultores. Alguns brasileiros foram à França
conhecer de perto o pensamento e a ideologia de Augusto Comte. Os
liberais, influenciados pelo Iluminismo francês, também interferiram
diretamente na constituição do Estado Nacional, no que diz respeito
às questões mais relevantes.
Por força das ideologias liberal e positivista, a Constituição de 1891
determinou a separação entre Igreja e Estado, de modo que a religião
passou da esfera pública para a esfera privada. O Estado foi proibido
de financiar qualquer tipo de atividade religiosa, até mesmo as
escolas confessionais, assim como nenhum ensino religioso poderia
ser ministrado nas escolas públicas. Os professores, por sua vez, já
não precisavam mais fazer juramento de fidelidade religiosa. Podiam
adotar para si qualquer crença e até mesmo não possuir crença religiosa
alguma. Para os alunos das escolas públicas, nenhum ensino religioso
ou laico, de acordo com sua opção pedagógica (CUNHA, 2000b p. 7).
Quanto à educação profissional, tanto os positivistas quanto os liberais
concordavam com os católicos. Ambos compartilhavam da visão
de que o ensino dos ofícios manuais teria a dimensão preventiva e
corretiva, no intuito de disciplinar os jovens e livrá-los do vício e da
sedução ideológico-política. Apesar da orientação da não subvenção
às escolas católicas com dinheiro público, o Instituto Salesiano recebeu
subsídios para manutenção de suas escolas.
Quando os Irmãos Salesianos chegaram ao Brasil, em 1878, vieram a
convite do bispo do Rio de Janeiro, que já havia tomado conhecimento
da educação de ofícios artesanais e manufatureiros que esta ordem
religiosa estava realizando na Europa. Chegaram a Niterói e ocuparam
uma chácara que os aguardava para finalidades educacionais. Em
1883, com o apoio do Imperador, fundaram o Liceu e Artes e Ofícios
Santa Rosa. Receberam doações de benfeitores da nobreza, do
comércio e mesmo do Estado para a manutenção da instituição. O
Liceu Coração de Jesus foi fundado em São Paulo, no ano de 1886.
Este também recebeu recursos públicos, o que causou indignação e
muitas críticas proferidas por parte dos intelectuais.
64 FORMAÇÃO PEDAGÓGICA DE DOCENTES
As escolas salesianas
Os salesianos expandiram sua rede de escolas por boa parte do
território nacional. As escolas não ministravam apenas o ensino
profissional, mas o secundário e o comercial. A educação oferecida
aos menores aprendizes nos estabelecimentos salesianos era diferente
de todas praticadas no Brasil, nas casas de educandos artífices e nos
Arsenais militares.
Nas escolas salesianas não havia necessidade de que os aprendizes
fossem internos, os menores que tivessem família poderiam estudar
durante o dia e à noite retornarem aos seus lares. Ao ingressarem, com
treze anos, era-lhes exigido rudimentos de leitura e cálculo. Aos dezoito
anos, o aprendiz concluía os estudos. Paralela à formação profissional,
os alunos recebiam educação geral no primeiro período, nos três anos
subsequentes lhes era oferecido um grau mais avançado de estudos.
Caso fosse necessário, o aprendiz permanecia por mais um ano para
recapitulação geral.
Até 1910, as escolas salesianas estavam entre as melhores:
[...] as escolas profissionais salesianas formavam um
quase-sistema de ensino profissional, a partir dessa
data elas entraram num período de decadência,
quando passaram a ser meros 'anexos' dos liceus,
que nada mais tinham de artes nem de ofícios. Isto
se deveu, em primeiro lugar, à concentração das
atenções dos padres no ensino secundário e no
ensino comercial, de larga aceitação, este último sem
similar no país; em segundo lugar, à longa duração
da aprendizagem, o que incentivava a evasão antes
do seu término, em terceiro lugar (pelo menos no
Estado de São Paulo, onde as escolas salesianas se
multiplicaram aproveitando os contatos favoráveis
com a colônia italiana) à competição das escolas
profissionais criadas pelo governo, especialmente as
escolas de aprendizes artífices (CUNHA, 2000b p. 56).
A formação da força de trabalho assumiu nova ideologia, além da
“manutenção da ordem e prevenção da desordem”, a de preparar
a mão de obra para as indústrias, como havia acontecido em alguns
países da Europa e nos Estados Unidos. A fim de concretizar esse novo
HISTÓRIA DA educação | unidade 4 65
pensamento, foram reestruturadas as escolas existentes, os liceus de
artes e ofícios e os asilos de desvalidos.
Em 1892, foi editada uma Lei Orgânica que transferia várias instituições
assistenciais públicas federais para a prefeitura do Distrito Federal,
dentre elas o Asilo de Meninos Desvalidos e a Casa São José. O Asilo
foi transformado em Instituto que recebeu o nome de João Alfredo.
Sob nova denominação e finalidades, agora visava proporcionar
aos alunos a educação física, intelectual e o bom desempenho das
profissões. Essa nova proposta buscava aprendizes com vocação e
aptidões para os ofícios manuais, deixando para trás o antigo caráter
filantrópico, apesar de continuar dando preferência aos aprendizes
oriundos da Casa São José, que abrigava órfãos. Esta condição não
era suficiente para o ingresso no curso profissional, o critério, mais
rigoroso, analisava os talentos e as habilidades.
O Instituto João Alfredo teve o currículo estruturado em três fases: o
curso teórico; o curso de artes, que incluía diversos tipos de desenho
e música; e o curso profissional com dez oficinas de diferentes
modalidades profissionais. O aluno, uma vez matriculado não poderia
desistir, nem por vontade própria, nem por ordem de autoridade, sem
que o instituto fosse indenizado. Ao completar o curso profissional, os
alunos saíam com empregos garantidos nas maiores empresas do país,
articulação feita pelo próprio diretor do instituto.
Sociedade Propagadora das Bellas-Artes
Fonte: http://www.dezenovevinte.net/ensino_artistico/liceu_alba_files/sociedade_
belasartes.jpg
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Historia da educacao

  • 2.
  • 3. HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO Maria Simara Torres Barbosa São Luís 2010
  • 4. Edição: Universidade Estadual do Maranhão - UEMA Núcleo de Tecnologias para Educação - UemaNet Coordenador do UemaNet Prof. Antonio Roberto Coelho Serra Coordenadora Pedagógica: Maria de Fátima Serra Rios Coordenadora do Curso Formação Pedagógica de Docentes, a distância: Profª. Lourdes Maria de Oliveira Paula Mota Coordenadora de Produção de Material Didático UemaNet: Camila Maria Silva Nascimento Responsável pela Produção de Material Didático UemaNet: Cristiane Costa Peixoto Professora Conteudista: Profª. Maria Simara Torres Barbosa Revisão: Liliane Moreira Lima Lucirene Ferreira Lopes Diagramação: Josimar de Jesus Costa Almeida Luis Macartney Serejo dos Santos Tonho Lemos Martins Capa: Luciana Vasconcelos Governadora do Estado do Maranhão Roseana Sarney Murad Reitor da uema Prof. José Augusto Silva Oliveira Vice-reitor da Uema Prof. Gustavo Pereira da Costa Pró-reitor de Administração Prof. José Bello Salgado Neto Pró-reitor de Planejamento Prof. José Gomes Pereira Pró-reitor de Graduação Prof. Porfírio Candanedo Guerra Pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação Prof. Walter Canales Sant’ana Pró-reitora de Extensão e Assuntos Estudantis Profª. Vânia Lourdes Martins Ferreira Chefe de Gabinete da Reitoria Prof. Raimundo de Oliveira Rocha Filho Diretora do Centro de Educação, Ciências Exatas e Naturais - CECEN Profª. Andréa de Araújo Universidade Estadual do Maranhão Núcleo de Tecnologias para Educação - UemaNet Campus Universitário Paulo VI - São Luís - MA Fone-fax: (98) 3257-1195 http://www.uemanet.uema.br e-mail: comunicacao@uemanet.uema.br Proibida a reprodução desta publicação, no todo ou em parte, sem a prévia autorização desta instituição. Barbosa, Maria Simara Torres História da educação / Maria Simara Torres Barbosa. - São Luís: UemaNet, 2010. 125 p. ISBN: 978-85-63683-04-5 1. Educação hidtória. I. Título. CDU: 37 (091)
  • 5. SUMÁRIO APRESENTAÇÃO UNIDADE 1 A história e A história da educação ......................... 19 Fases da história da educação ........................................... 20 Das comunidades primitivas a Rousseau: a educação para a ocupação produtiva ........................................................... 24 UNIDADE 2 Educação jesuítica na sociedade colonial brasileira ............................................................................. 29 O processo de aculturação dos índios ............................... 32 Educação para o trabalho ou a aprendizagem de ofícios no Brasil Colônia ................................................................... 33 As corporações e a aprendizagem de ofícios ............................. 35 A chegada da família Real ao Brasil ................................. 37
  • 6. UNIDADE 3 A educação no Brasil Imperial: 1822 – 1889 ............. 43 A emancipação política do Brasil .................................... 44 A influência europeia no pensamento pedagógico brasileiro ....... 46 O Desenvolvimento de Vocações e Aptidões pela educação ...... 48 As Casas de Educandos Artífices ..................................... 49 UNIDADE 4 As reformas na educação na República Velha: 1889 - 1930 ...................................................................................... 55 As primeiras decisões republicanas na área da educação .......... 56 A expansão quantitativa da rede de ensino primário ................. 59 O declínio das oligarquias e repercussão para a educação ........ 60 A luta a favor das oportunidades na educação .......................... 61 A educação profissional dos jovens pobres ................................ 62 As escolas salesianas .................................................................... 64 UNIDADE 5 A educação na Era Vargas: 1930 – 1945 ....................... 69 As primeiras mudanças na educação da década de 1930 ......... 71 As reformas Capanema ............................................................... 77
  • 7. UNIDADE 6 A educação no período democrático de 1946 a 1964 .... 81 O momento político e econômico .................................... 81 As consequências do contexto social para a educação ..... 83 Os cursos normais ........................................................... 85 A criação do Sistema “S” de Aprendizagem .................... 86 O Projeto da primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional ......................................................................... 87 UNIDADE 7 As mudanças educacionais do regime autoritário: 1964 - 1985 ............................................................................. 95 As reformas para a educação .......................................... 96 Os reflexos do militarismo na educação básica ................ 99 UNIDADE 8 As reformas educacionais no contexto das trans- formações econômicas e políticas da década de noventa .............................................................................. 105 Aspectos políticos e econômicos das últimas décadas ...... 105 O advento da globalização .............................................. 108 A educação nos ditames das políticas neoliberais e da globalização .................................................................... 109 Educação para a profissionalização ................................. 112 A reforma da educação no Brasil nos anos de 1990 ........ 115 REFERÊNCIAS ................................................................... 121
  • 8.
  • 9. ATIVIDADES SUGESTÃO DE fILME REfERêNCIAS íCONES Orientação para estudo ao longo deste fascículo, serão encontrados alguns ícones utilizados para facilitar a comunicação com você. Saiba o que cada um significa. SAIBA MAIS GLOSSÁRIO
  • 10.
  • 11. Você está recebendo o material didático da disciplina de HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO que se constitui parte integrante do curso de Formação Pedagógica de Docentes. A compreensão abrangente da HISTÓRIA e da história da educação brasileira é fundamental para que se possa refletir sobre os vínculos entre os fatos históricos e as políticas educacionais, a fim de ressaltar a importância da educação no contexto da realidade econômica, política e cultural do Brasil. O caderno completo consta de 08 unidades que foram organizadas de forma didática para facilitar sua compreensão. Cada unidade poderá ser apropriada de acordo com sua disponibilidade, sendo que ao término de cada uma constam as tarefas propostas para serem realizadas como forma de ampliar sua compreensão com reflexões e análises dos temas propostos. Estas deverão ser cuidadosamente elaboradas como forma de proporcionar a assimilação e sistematização do seu aprendizado. Recomendamos que estabeleça sua rotina de tal modo que os horários de estudo possam se constituir em momentos de aprendizado constante. APRESENTAÇÃO
  • 12. A aprendizagem se efetiva na medida em que somos capazes de, sucintamente, descrever como compreendemos cada assunto. Então, desejamos a você bons momentos de estudo e aprendizado. Dúvidas, sugestões e críticas poderão ser enviadas para: Profª. Maria Simara Torres Barbosa msymarat@yahoo.com.br
  • 13. PLANO DE ENSINO DISCIPLINA: História da Educação Carga horária: 60 h EMENTA História e História da Educação. Fases da História da Educação. O contexto socioeconômico e político da Colônia até 1996. As lutas em torno da legislação brasileira e os movimentos em favor da educação. OBJETIVOS Geral Propiciar elementos para a compreensão, do ponto de vista histórico, da evolução da educação com a finalidade de oferecer subsídios para uma postura crítica frente à problemática educacional do Brasil na atualidade.
  • 14. CONTEÚDO PROGRAMÁTICO UNIDADE I - A história da educação Fases da história da educação UNIDADE II - Educação jesuítica na sociedade colonial brasileira A chegada de D. João e os reflexos na educação Educação dos órfãos e abandonados no Brasil Colônia: a aprendizagem de ofícios UNIDADE III - A educação no Brasil Imperial: 1822 – 1889 Os padres da Igreja de Língua Grega UNIDADE IV - As reformas da educação na República Velha: 1889 – 1930 Educação brasileira na Primeira República: o significado da educação para os republicanos; a política educacional da Primeira República - reformas nos âmbitos estaduais e federais. UNIDADE V - Estado Novo Educação brasileira na Era Vargas: a revolução de 1930; o Manifesto dos Pioneiros; o confronto: católicos X liberais e a arbitragem governista; o Estado Novo e as Leis Orgânicas do Ensino. UNIDADE Vi - O período de 1945 e 1964 A educação brasileira: o populismo; debates sobre a lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional desde o projeto inicial (1947) até a entrada em vigor da Lei 4.024, de 20.12.1961; os movimentos de educação popular; política social e política educacional.
  • 15. UNIDADE Vii - Do governo Militar à redemocratização Educação brasileira no período militar (1964-1984): contexto histórico-educacional; reforma universitária; reforma do ensino de 1º e 2º Graus; A Nova República e a transição educacional: política educacional no núcleo e na periferia do Estado. UNIDADE ViiI - As reformas educacionais no contexto das transformações econômicas e políticas da década de noventa Aspectos políticos e econômicos das últimas décadas O advento da globalização A educação nos ditames das políticas neoliberais e da globalização Educação para a profissionalização A reforma da educação no Brasil nos anos de 1990 METODOLOGIA O trabalho pedagógico será desenvolvido a partir de uma metodologia problematizadora, valorizando a relação teoria e prática e a interdisciplinaridade de ações envolvidas no processo ensino-aprendizagem. Para tanto, serão utilizados debates, trabalhos em grupos, participação em fóruns, e demais orientações dentro da metodologia de educação a distância. AVALIAÇÃO Será feita considerando-se elementos como participação regular e contínua nas atividades, evidenciando o comprometimento com o estudo bem como domínio dos conteúdos trabalhados. Utilizar-se-á para esse fim trabalhos individuais e grupais e avaliações escritas.
  • 16.
  • 17. Considerando que educação é sempre uma atividade intencional a ser medida pela referência a uma finalidade, ao longo da história sempre configurou práticas sociais movidas pelos interesses dos indivíduos. Interesses que foram desde questões culturais, religiosas, sociais ou políticas, como também interesses científicos, movidos pela necessidade da sobrevivência humana. Atribuímos significados à educação na medida que compreendemos que dela depende a própria perpetuação da espécie humana. A evolução do conhecimento científico sobre temas vitais como a vida no planeta, a preservação do meio ambiente, a cura de doenças, dentre outros, perpassam por pesquisas desenvolvidas nos meios acadêmicos. As práticas educativas estão ligadas principalmente à cultura de um povo, entendendo cultura de forma ampliada, englobando a produção de bens, consumo e a forma da organização social. O tema educação, de uma forma mais abrangente, pode ser entendido como um campo de desenvolvimento de interpretações e perspectivas sobre o homem, sobre o que seria bom acontecer com ele em seus diferentes ciclos de vida, infância, adolescência e diferentes fases da história. INTRODUÇÃO
  • 18. Uma premissa importante surge a partir da constatação histórica de que o homem tem sua vida dependente de dois tipos de cuidados essenciais: saúde e educação. O debate sobre a educação ao longo da história envolve, pois, muito mais que teorias parciais sobre o homem, interpretações pedagógicas, psicológicas, sociológicas, históricas ou filosóficas. Em seu trabalho cotidiano os educadores se deparam hoje com problemas práticos que demandam compreensão de questões de fundo de consciência política e social. Por exemplo: o que é necessário hoje para “formar o cidadão”? o que significa formar um cidadão, entendendo este como alguém que possui direitos, isto é, que se define pelo “direito de ter direitos”? Como uma educação pode conferir ao educando o direito de ter direitos? Poderemos responder a estes questionamentos dizendo que em cada momento histórico o debate em torno de questões fundamentais da educação foi se construindo de acordo com a ideologia, pois a educação não é um fenômeno neutro alheio aos interesses dominantes, sempre buscou atingir fins específicos. Poderíamos dizer que a educação é um ponto de confluência de várias ciências e disciplinas. Mais precisamente, a educação, como área aplicada e interdisciplinar, se fundamenta nas disciplinas das ciências sociais, que contribuem para melhor compreendê-la e desenvolvê-la. Assim, em todos os tempos não se pode perder a visão de conjunto, o ponto de reunião da filosofia, da sociologia, da história e da política, além de outras ciências como a psicologia, a economia etc., porém não nos é possível ignorar que cada área possui fisionomia própria. A partir de então estudaremos a história da educação e apresentaremos as visões históricas das relações educação-sociedade e escola em diferentes momentos, desde a antiguidade até os nossos dias. Sucintamente apresentaremos a história em suas fases, importância e o significado que hoje atribuímos no Brasil à educação, sem, todavia, ter a pretensão de esgotar ou desrespeitar a multiplicidade de visões teóricas e interpretações existentes.
  • 19. 1 unidade A história e a história da educação A história, desde a antiguidade clássica até a modernidade, foi vista como narrativa histórica, isto é, contada apenas através da descrição dos fatos, sem considerá-los no seu contexto, com causas e consequências. Somente a partir das transformações ocorridas na forma de produção, em que as relações humanas se tornam eminentemente sociais, que a visão do tempo muda e a história passa a ter outro significado, ligando o presente ao passado e ao futuro através das ações do homem. Como foi dito anteriormente, a história da educação é parte integrante da história e da cultura de um povo. Em cada momento histórico, a educação corresponde a diferentes visões de homem e de sociedade de acordo com o pensamento dominante. Para compreender a história da educação, é essencial situá-la na história geral. De acordo com Luzuriaga (1981), as principais fases da história da educação se integram à mesma divisão da história geral. Serão, portanto, situadas cada uma das fases por um breve passeio histórico. Objetivos dESTA unidade: Compreender a evolução da história da educação através dos tempos; Proporcionar a revelação da interação educação- contexto histórico, mediante análise de suas recíprocas determinações.
  • 20. FORMAÇÃO PEDAGÓGICA DE DOCENTES20 Fases da história da educação A Educação primitiva A educação entre os povos primitivos ocorria de forma espontânea, não havia uma pessoa dedicada à função de instruir as crianças ou jovens. Eles aprendiam o que era necessário à própria sobrevivência. As aprendizagens se restringiam à busca por alimentação, abrigo e defesa contra os ataques tanto de animais quanto de outras tribos. Podemos afirmar que a imitação era a principal forma de educar usada pelos adultos para ensinar os mais jovens. Com o passar dos séculos, começaram a fazer parte da educação a observação de fenômenos naturais, alguns rituais sagrados e a preparação para a guerra, o que exigia práticas de treinamento para os jovens. Educação oriental Compreendida os povos do Egito, Índia, China, além de hebreus e árabes, dentre outros. Nesse momento da história já podemos identificar civilizações desenvolvidas. Convém destacar que para se ter civilização é necessário ter alguma forma de organização política, como Estado ou cidades. A educação que, no começo, era restrita apenas a cunho religioso, ao longo do tempo tornou-se intencional. A escrita sistematizada criada no oriente, associada à organização social mais ampla, se estabeleceu e levou a criação de escolas e mestres em alguns dos países orientais. No Egito, as crianças filhas do povo frequentavam as escolas elementares a partir dos sete anos de idade para aprenderem a ler, escrever e contar. Os filhos dos funcionários iam às escolas superiores ou eruditas, em que, além do nível elementar, aprendiam astronomia, matemática e arte em geral, como música e poesia.
  • 21. HISTÓRIA DA educação | unidade 1 21 A educação entre os hebreus era baseada nos livros sagrados Tora e Talmud. Tinha duração de 10 anos. As crianças entravam com oito anos e concluíam aos 18 anos. Entre os hindus, na sociedade de castas, a educação era privilégio apenas das castas superiores, as escolas não eram comuns. Geralmente os pais, com base nos textos Vedas, eram responsáveis pela educação dos filhos. Na China, a educação sistematizada só ocorreu a partir do período imperial. No século V a. C. dividia-se em elementar, do povo e superior, que se destinava aos funcionários mandarins. Educação clássica De acordo com Luzuriaga (1981), desenvolveu-se entre os séculos V a. C. e V d. C., e diz respeito à educação ocidental. Compreende Roma e Grécia. A educação grega teve quatro períodos distintos: heroica (poemas homéricos); cívica (Atenas e Esparta); clássica/humanista (Sócrates, Platão e Aristóteles) e helenística enciclopédica (cultura alexandrina). Cada período tem suas próprias características. A educação romana teve três principais períodos: heroico - patrícia (V – III a. C.); de influência helênica (III – I a. C.); e imperial (I a. C. – V d. C.). Embora sejam bastante parecidas, a cultura e a educação grega e romana possuíam pontos de divergência significativos. Educação medieval Quando ocorreu a expansão do cristianismo, a educação cristã também se expandiu por toda a Europa (V – XV d. C.). O caráter é essencialmente religioso, dogmático, predominando matérias abstratas, Um pedagogo acompanhando o seu pequeno discípulo à palestra Fonte: http://www.educ.fc.ul.pt/ docentes/paideia/images/ concei1.gif
  • 22. fORMAÇÃO PEDAGóGICA DE DOCENTES22 literárias, com prejuízo à educação intelectual e científica. é empregado o uso do latim como língua única. Educação humanista após o século xIV é criada a educação humanista, no período da renascença, que faz emergir a cultura clássica greco-romana. a disciplina e a autoridade, até então predominantes, deixam espaço ao desenvolvimento do pensamento livre e crítico. as matérias científicas, antes proibidas pela Igreja, agora compõem o currículo. Surge o colégio humanista ou escola secundária, onde são estudados o latim e o grego, embora não tenham caráter erudito. o ideal de educação na renascença eram os exercícios físicos tais como o salto, a corrida, a luta, a natação etc. Educação cristã reformada No século xVI surge a reforma religiosa, e como resultado, uma educação cristã reformada, tanto católica, como protestante. a educação católica pós renascença foi marcada por um movimento conhecido por Contrarreforma contra os protestantes. as ordens religiosas, das quais se destacava a Companhia de jesus, foram as responsáveis pela divulgação do cristianismo durante séculos. o Ratio Studiorum era o “currículo” dos jesuítas, que ministravam uma educação inspirada nas escolas humanistas. Lição de música. (jarra autografada por Dúris cerca de 490 - 480 a. C., Berlim.) Fonte: http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/paideia/images/concei1.gif
  • 23. HISTÓRIA DA educação | unidade 1 23 Educação realista Esta fase começa no século XVII, com base na filosofia e nas ciências novas de Galileu, Copérnico, Newton e Descartes. A educação se renova em outras perspectivas e dá início aos métodos da educação moderna com dois dos maiores nomes da didática Moderna – Ratke e Comenius. Educação Naturalista Com base nas ideias de Jean-Jacques Rousseau, a educação naturalista teve influência decisiva na educação moderna. São pressupostos para a educação: a liberdade, a atividade pela experiência, a diferença entre a mente da criança e do adulto. A criança deixou de ser vista como um adulto em miniatura, e passou a ser vista como um ser em desenvolvimento. O propósito da educação é que ela seja integral, que atenda aos aspectos físicos, intelectuais e morais. Para Rousseau, cada aluno deveria ter um educador. Educação nacional Ideia originada com a Revolução Francesa no século XVII, a educação nacional pressupôs a responsabilidade do Estado para o estabelecimento da escola primária universal, gratuita e obrigatória, com vistas à formação da consciência patriótica.
  • 24. FORMAÇÃO PEDAGÓGICA DE DOCENTES24 Das comunidades primitivas a Rousseau: a educação para a ocupação produtiva. O ponto de partida deste estudo é o reconhecimento de que, no começo da civilização humana, as famílias se encarregavam de transmitir aos jovens os saberes necessários à vida nas comunidades primitivas. Todas as decisões eram tomadas em comum, incluindo a educação, a produção e as relações sociais, caracterizando o que hoje denominamos de “comunismo primitivo”. Percebe-se que civilização e educação desenvolveram-se simultaneamente, ou melhor dizendo, “educação é concomitante à existência humana.” (SAVIANI, 1996). Na Antiguidade Clássica, no período pré-socrático, o trabalho manual era valorizado e aos pais cabia a responsabilidade de ensinar aos filhos um ofício. Os homens, cujos talentos se revestiam em invenções úteis, eram louvados e reconhecidos. Muitos se destacavam pelos seus feitos. Todas as invenções que ocorreram na Antiguidade foram oriundas da criação técnica de homens que se aventuraram em especulações intelectuais, associadas à prática. Um pouco mais adiante, na história grega, em Aristóteles, essa conciliação foi rompida. Para este filósofo, o trabalho era uma etapa na vida do homem, que deveria ser vencida. A mais alta preparação de um homem era a teoria. Em sua obra “A política”, afirmava que o artesão não merecia o título de cidadão, apenas o ócio concedia virtude cívica (CUNHA, 2000). O emprego da mão de obra escrava na antiguidade grega contribuiu para a depreciação social do trabalho manual e todos os trabalhadores a ele associado. Com isso, a Medicina se distanciou da Cirurgia, a Física se distanciou das experimentações e a ciência, só na teoria, estagnou. Somente na Idade Média, com o grande artista, inventor e cientista Leonardo da Vinci, a teoria novamente se aproximou da prática. Da Vinci e homens como Galileu conseguiram, através de experimentações, fazer mover a ciência, tirando-a do estado de estagnação em que se encontrava. Na época de Da Vinci, as artes liberais eram as artes livres da necessidade de trabalhar, consideradas artes nobres, elevadas, enquanto as artes mecânicaseramconsideradasignóbeis.Oartistaeraumgênio,trabalhador livre, dono do seu talento que poderia escolher para quem “vendê-lo”. Homem na pré-história http://www.extrafix.com.br/fotos/ informacoes_uteis/historia_ ferramenta/histfer2.jpg
  • 25. HISTÓRIA DA educação | unidade 1 25 Enquanto que o artesão era trabalhador anônimo, preso às corporações, sujeito às normas que estas lhe imputavam. O Cristianismo trouxe nova visão para o trabalho. No Código de Conduta dos Monges Beneditinos, chamado de Regula Benedict, por exemplo, constava a exortação ao trabalho. O ócio era visto como pai de todos os vícios. Os verdadeiros monges eram aqueles que viviam do trabalho feito pelas próprias mãos. NoséculoXI,noRegimeFeudal,osartesãospassaramaocuparumaposiçãode reconhecimentopeloseutrabalho.Organizadosjuridicamenteemcorporações, dispunham de estatutos que regulamentavam a prática de artífices do mesmo ofício. A aquisição de matéria prima, a venda dos produtos, as relações com trabalhadores mestres, aprendizes e assalariados estavam previstas nas normas que os regulavam. Para os jovens aprendizes havia determinação do [...] número e da idade dos aprendizes, da duração da aprendizagem, do pagamento pelo aprendizado, e da” obra prima, 'uma espécie de prova final prática, pela qual o aprendiz era recebido entre os mestres e podia exercer seu oficio autonomamente.' (CUNHA, 2000a p. 12). As corporações de ofícios mecânicos começaram a enfraquecer com a chegada da manufatura. Os burgueses recém-chegados ao poder, viram nas corporações de ofícios empecilho para contratação de mão de obra mais barata. Em toda a Europa foram paulatinamente sendo extintas, na medida em que o capitalismo foi-se consolidando. Na Península Ibérica, formada por Portugal e Espanha, as corporações não se desenvolveram. O trabalho artesanal nestes países não teve o mesmo significado que no resto da Europa. Foram regiões em que o trabalho manual não foi valorizado, portanto os trabalhadores manuais também foram depreciados. Capa do livro de Rosseau Emílio ou a Educação Fonte: http://www.leeds.ac.uk/library/adopt-a-book/ pics/rousseau.jpg
  • 26. fORMAÇÃO PEDAGóGICA DE DOCENTES26 Na França, com o movimento do Enciclopedismo, alguns autores não compactuavam com a hierarquização sociocultural existente entre as artes liberais e as artes mecânicas. Montesquieu e Diderot criticaram em seus escritos tais comportamentos. Diderot, ao escrever a obra “Enciclopédia das Ciências, das artes e dos ofícios”, inseriu a possibilidade de junção da teoria com a prática. o que não foi compartilhado pelo seu contemporâneo Rosseau, que em sua obra “Emílio, ou da Educação” escrita em 1762, evidenciou o desprezo pelos ofícios manufatureiros e ressaltou que a ocupação produtiva que mais se aproximava do estado natural era o trabalho artesanal. o ofício recomendado a Emílio deveria ser de marceneiro, pois o considerava limpo, útil, além de exigir habilidade e bom gosto. Faça uma pesquisa sobre a educação na antiguidade grega destacando o pensamento de Platão quanto à importância e significado da educação. "OS MISERÁVEIS" (1862) Sinopse: a hiSTória é aMBienTada na frança do início do SécULo xix, eM Meio à criSe, à foMe e à revoLUção. LiaM neeSon vive Jean vaLJean, UM hoMeM qUe roUBoU UM pedaço de pão para aLiMenTar a faMíLia e receBeU 20 anoS de priSão. eLe foge, conSegUe nova idenTidade, reconSTrói SUa vida e paSSa a Ser prefeiTo do viLareJo de vigaU. MaS o inSpecTor JaverT (geoffrey rUSh) conTinUa aTráS deLe, aMeaçando TUdo o qUe conSegUiU. Direção: BiLLe aUgUS Elenco: LiaM neeSon, geoffrey rUSh, UMa ThUrMan, cLaire daneS, hanS MaTheSon, reine BrynoLfSSon, peTer vaUghan, MiMi neWMan.
  • 27. HISTÓRIA DA educação | unidade 1 27 O NOME DA ROSA (1986) Sinopse: Em 1327 William de Baskerville (Sean Connery), um monge franciscano, e Adso von Melk (Christian Slater), um noviço que o acompanha, chegam a um remoto mosteiro no norte da Itália. William de Baskerville pretende participar de um conclave para decidir se a Igreja deve doar parte de suas riquezas, mas a atenção é desviada por vários assassinatos que acontecem no mosteiro. William de Baskerville começa a investigar o caso, que se mostra bastante intrincando, além dos mais religiosos acreditarem que é obra do Demônio. William de Baskerville não partilha desta opinião, mas antes que ele conclua as investigações Bernardo Gui (F. Murray Abraham), o Grão-Inquisidor, chega no local e está pronto para torturar qualquer suspeito de heresia que tenha cometido assassinatos em nome do Diabo. Considerando que ele não gosta de Baskerville, ele é inclinado a colocá-lo no topo da lista dos que são diabolicamente influenciados. Esta batalha, junto com uma guerra ideológica entre franciscanos e dominicanos, é travada enquanto o motivo dos assassinatos é lentamente solucionado. Direção: Jean-Jacques Annaud Gênero: Ficção Elenco: Sean Connery, Christian Slater, Helmut Qualtinger, Elya Baskin, Michael Lonsdale, Volker Prechtel, Feodor Chaliapin Jr., William Hickey, Michael Habeck, Urs Althaus, Valentina Vargas, Ron Perlman, Leopoldo Trieste, Franco Valobra, Vernon Dobtcheff, Donald O'Brien, Andrew Birkin e F. Murray Abraham. 300 (2007) Sinopse: O filme começa com um orador espartano a contar a vida do jovem rei Leônidas I, revelando também o rigor e a disciplina a que foi submetido durante a sua infância. Aos sete anos, é tirado da sua mãe para iniciar a Agogê - um período de privações a que todos os cidadãos de Esparta são submetidos. Passados trinta anos, o orador conta que um mensageiro persa chega a Esparta e comunica-lhe o desejo de Xerxes em dominar. Como Esparta estava a celebrar a festa religiosa da Carneia, Leônidas
  • 28. fORMAÇÃO PEDAGóGICA DE DOCENTES28 não poderia enTrar eM gUerra, enTão eLe pega 300 hoMenS de SUa gUarda peSSoaL, diz qUe vai dar UM paSSeio e Marcha ao enconTro doS invaSoreS perSaS. Direção: zack Snyder Gênero: ação Elenco: gerard BUTLer, Lena headey, david WenhaM, doMinic WeST, vincenT regan, MichaeL faSSBender, rodrigo SanToro. aRaNHa, Maria Lúcia de arruda. História da Educação. São Paulo: Moderna 2000. CUNHa, Luiz antonio. O Ensino de Ofícios Artesanais e Manufatureiros no Brasil Escravocrata. São Paulo: UNESP, Brasília, DF, Flacso, 2000. FILHo, Francisco Geraldo. A educação brasileira no contexto histórico. Campinas, SP: Editora alínea, 2004. LUZURIaGa, Lorenzo. História da educação e da pedagogia. 13. ed. São Paulo: Nacional, 1981. MaNaCoRDa, M. a. História da educação. 12. ed. São Paulo: Cortez, 2006. NISKIER, arnaldo. Educação brasileira: 500 anos de história. São Paulo: Melhoramentos, 1989. RIBEIRo, Maria Luiza Santos. História da Educação Brasileira - a organização Escolar. 11. ed. São Paulo: Cortez, 1991. RoMaNELLI, otaíza de oliveira. História da Educação no Brasil (1930/1973). 6. ed. Petrópolis: Vozes, 1984.
  • 29. unidade O período Colonial durou de 1500 até a Independência, em 1822. A partir daí, iniciou-se a fase política do Império, que durou até 1889. A educação escolar no período político do Brasil Colônia passou por três fases: a de predomínio dos Jesuítas; a das reformas realizadas pelo Marquês de Pombal, principalmente a partir da expulsão dos jesuítas do Brasil e de Portugal em 1759; e a época de D. João VI no Brasil (1808 - 21), quando então nosso país foi sede do império português (GHIRALDELLI, 2009 p. 1). Em março de 1549, com o fim do regime das capitanias hereditárias, chegou ao Brasil o primeiro Governador Geral, Tomé de Souza, que trouxe em sua comitiva seus assessores e os primeiros jesuítas. Desembarcaram aqui o Padre Manoel de Nóbrega e dois outros jesuítas. Somente mais tarde vieram mais alguns membros da Companhia de Jesus para ajudar no trabalho de catequização dos índios e na educação dos filhos da elite, os brancos europeus. O predomínio dos jesuítas na educação brasileira transcorreu entre os anos de 1549 e 1759, com a expulsão de todos os ObjetivoS dESTA unidade: Compreender a história da educação brasileira no período colonial e seu contexto socioeconômico; Proporcionar uma reflexão crítica da educação dos Jesuítas no Brasil, bem como as consequências para a formação do povo brasileiro. 2 Educação jesuítica na sociedade colonial brasileira
  • 30. fORMAÇÃO PEDAGóGICA DE DOCENTES30 padres pertencentes à Companhia de jesus, de Portugal e seus domínios, pelo Marques de Pombal. Este período se constituiu em dois séculos de memória e história do Brasil e da organização escolar, que se consolidou a partir da instalação do Governo Geral, com a interferência da Igreja, predominantemente através da atuação da ordem da Companhia de jesus com os padres jesuítas. Tomé de Souza fundou a cidade de Salvador para ser a capital e sede do Governo Geral. Quinze dias após a chegada, os jesuítas criaram em Salvador a primeira escola elementar brasileira. os jesuítas permaneceram como mentores da educação brasileira durante duzentos e dez anos, até 1759, quando foram expulsos de todas as colônias portuguesas por decisão de Sebastião josé de Carvalho, o marquês de Pombal, primeiro-ministro de Portugal. Quando foi expulsa, a Companhia tinha 25 residências, 36 missões e 17 colégios e seminários, além de seminários menores e escolas de primeiras letras instaladas em todas as cidades, nas quais havia casas da Companhia de jesus. a orientação básica da missão dos jesuítas no Brasil era de catequizar os índios e dar-lhes instrução. Não havia, a priori, a intenção de dar-lhes formação profissional. o que levou, mais tarde, os jesuítas a optarem pelo ensino profissionalizante agrícola ao índio foi a constatação de sua inadequação à formação sacerdotal. Nesse caso, os índios foram apenas catequizados. os instruídos foram os descendentes de colonizadores e a elite. os colégios dos jesuítas se transformaram em importante ordem no campo educacional. Eram procurados como via de acesso à classificação social mais elevada. No entanto, o conteúdo literário e religioso, o movimento de imitação, o cultivo ao estilo clássico e os cursos de filosofia escolástica afastaram os educandos da formação científica nascente na Europa. Não só o Brasil Colônia, mas também a metrópole portuguesa se mantiveram distanciados das influências que modernizaram a Em 29 de março de 1549, a armada portuguesa aportava na Vila Velha (hoje Porto da Barra), comandada pelo português Diogo Álvares, o Caramuru. Era fundada oficialmente a cidade de Cidade do São Salvador da Baía de Todos os Santos, que desempenhou um papel estratégico na defesa e expansão do domínio lusitano entre os séculos XVI e XVIII, sendo a capital do Brasil de 1549 a 1763.(WWW.saltur. salvador.ba.gov.br)
  • 31. HISTóRIA DA EDUCAÇÃO | UNIDADE 2 31 produção e a comercialização em toda a Europa. Esse atraso intelectual se refletiu no plano econômico, no aspecto político e no social. Portugal não acompanhou o desenvolvimento industrial europeu. Tornou-se uma nação ainda mais empobrecida e decadente, que não conseguiu a ultrapassagem da etapa mercantil para a industrialização. Manteve- se no feudalismo agrícola. a Inglaterra liderava o processo industrial europeu, comprava os produtos agrícolas portugueses e os vendia manufaturados, com vantagens e lucros. o Plano de Estudos dos jesuítas, chamado de Ratio Studiorum era constituído por um conjunto de regras direcionadas a todas as atividades dos agentes ligados ao ensino, desde as regras do provincial, às do reitor, do prefeito de estudos, dos professores, do bedel e de cada matéria de ensino. as regras eram mais específicas para os alunos que obedeciam a regras da prova escrita, da distribuição de prêmios e penalidades dentre outras. De acordo com a Romanelli (1984), a organização social e política brasileira na época da colônia estava profundamente relacionada com a economia escravocrata, de onde originou a unidade básica do nosso sistema de produção e de poder sustentado na autoridade desmedida dos donos da terra. Por serem brancos, de origem europeia, sentiam a necessidade de manter as tradições medievais da Europa no novo mundo, assim copiaram hábitos e costumes. Na educação foram beneficiados pelos jesuítas, que tinham a incumbência de preservar o estilo da classe nobre portuguesa. Padre Manuel da Nóbrega, ao elaborar o primeiro plano de estudos, incluiu os filhos dos colonos brancos, os mamelucos e os filhos dos principais. Mas as mulheres, os agregados e os escravos não se incluíam no plano de educação da Companhia de jesus. o direito à educação se restringia aos filhos (do sexo masculino) dos donos de engenho e senhores de terras. a educação estava vinculada aos interesses políticos dos colonizadores. Convertendo as crianças Fonte: http://www.eb23-diogo-cao.rcts.pt/Trabalhos/bra500/ jesindos.htm Todas as escolas jesuítas eram regulamentadas por um documento, escrito por Inácio de Loiola, o Ratio atque Instituto Studiorum, chamado abreviadamente de Ratio Studiorum.
  • 32. fORMAÇÃO PEDAGóGICA DE DOCENTES32 O PROCESSO DE ACULTURAÇÃO DOS íNDIOS o conteúdo cultural propagado nos colégios jesuítas, de acordo com Romanelli (1984), era o espírito da Contra-Reforma, apego às formas dogmáticas de pensamento, pela revalorização da escolástica, pela prática de exercícios intelectuais, com a finalidade de robustecer a memória e capacitar o raciocínio para fazer comentários de textos, e o desinteresse, quase que total, pela ciência e a repugnância pela atividade técnica e artística. assim, a educação se constituiu numa formação humanística sem finalidades para a economia brasileira, baseada na agricultura rudimentar. os jesuítas fundaram muitas escolas com a finalidade de formar fieis e servidores. as escolas visavam dar educação elementar aos filhos dos colonos e aos índios, educação média aos homens da classe dominante, e ensino superior para aqueles que seguiam a carreira religiosa. aos poucos a obra da catequese foi cedendo lugar à educação da elite. Tão bem formados foram os da aristocracia rural brasileira, que se mantiveram inalterados no poder por mais de três séculos. Foram os teólogos, juízes e magistrados que permaneceram nos cargos políticos mais elevados do país. Com o propósito de afastar os índios dos interesses dos colonizadores, os jesuítas criaram as reduções ou missões. Nestas Missões, os índios, além de passarem pelo processo de catequização, também foram treinados para o trabalho agrícola, que serviam àquelas comunidades para sustento, além da comercialização do excedente. os índios, durante o processo de catequização, ficaram à mercê dos interesses do homem branco colonizador. os padres jesuítas desejavam convertê-los ao cristianismo e aos valores europeus; os colonos estavam interessados em usá-los como escravos. A Escolástica (ou Escolasticismo) é uma linha dentro da filosofia medieval, de acentos notadamente cristãos, surgida da necessidade de responder às exigências da fé, ensinada pela Igreja, considerada então como a guardiã dos valores espirituais e morais de toda a Cristandade. Por assim dizer, responsável pela unidade de toda a Europa, que comungava da mesma fé. Esta linha vai do começo do século IX até ao fim do século XVI, ou seja, até ao fim da Idade Média. Este pensamento cristão deve o seu nome às artes ensinadas na altura pelos escolásticos nas escolas medievais. Estas artes podiam ser divididas em Trivium (gramática, retórica e dialéctica) e Quadrivium (aritmética, geometria, astronomia e música). A escolástica resulta essencialmente do aprofundar da filosofia.( http:// pt.wikipedia.org) Por volta de 1610 foram fundadas pelos jesuítas espanhóis as primeiras reduções na Província de Guayrá, a de Loreto e a de Santo Inácio, às margens do rio Paranapanema, no atual Estado do Paraná. Não demorou para que outras surgissem, e já, em 1628, treze delas agregavam mais de 100 mil índios, (WWW. terrabrasileira.net).
  • 33. HISTóRIA DA EDUCAÇÃO | UNIDADE 2 33 No Brasil, a situação de colônia se agravava na intensificação da exploração e fiscalização, no aumento dos cargos públicos sendo ocupados apenas pelos nascidos na metrópole. o atraso intelectual e institucional português provocou um movimento pela modernização inspirado no Iluminismo, que encontrou grande resistência da parte da elite conservadora tradicional portuguesa. a partir desses movimentos em Portugal, com reflexos no Brasil, algumas reformas se consolidaram; a Companhia de jesus foi expulsa em 1759 de Portugal e das colônias. A reforma pombalina pretendeu transformar Portugal em uma metrópole capitalista e adaptar as colônias à nova ordem. EDUCAÇÃO PARA O TRABALHO OU A APRENDIzAGEM DE OfíCIOS NO BRASIL COLôNIA No Brasil, nos primeiros anos da colonização, as atividades manuais eram destinadas aos escravos. os serviços de carpintaria, tecelagem e outros eram executados por negros, o homem branco afastava- se destes ofícios, pois almejava a distinção. Dessa forma, o trabalho manual por aqui foi duplamente estigmatizado, pela herança cultural ibérica e pela escravidão. alguns ofícios eram confiados a homens brancos. Quando isso acontecia. [...] as corporações baixavam normas rigorosas impedindo ou, pelo menos, desincentivando o emprego de escravos como oficiais e, em decorrência, procurava-se “branquear” o ofício, dificultando-o a negros e mulatos. Mouros e judeus, dotados, também, de características étnicas “inferiores”, eram arrolados nas mesmas normas, embora fosse improvável que seu número no artesanato do Brasil Colônia merecesse referências especiais (CUNHa, 2000 p. 17). O Marquês de Pombal, influenciado pelo enciclopedismo francês, contrário ao clero, promoveu a reforma, chamada pombalina, e expulsou os jesuítas de Portugal e seus domínios. Tal expulsão se deu principalmente ao fato do Marquês acreditar que o fanatismo religioso foi o maior responsável pela decadência econômica Portuguesa.
  • 34. FORMAÇÃO PEDAGÓGICA DE DOCENTES34 Existem registros de preconceito contra o trabalho artesanal em diversas regiões do Brasil, narrados por viajantes, que se empreendiam pelo interior, vindos de vários países. Um viajante inglês conta que todas as artes eram praticadas da maneira mais formalística e aborrecida possível. Cada trabalhador se considerava iniciado nalgum mistério, que apenas ele e os de sua confraria podiam compreender. Houve carpinteiros que exprimiam seu espanto ao verem um inglês tomar de uma serra e manejá-la com a mesma destreza e rapidez maior que a deles próprios. "[...] A isso, os mecânicos brancos juntaram mais uma loucura; consideravam todos eles fidalgos demais para trabalhar em público, e que ficariam degradados, se vistos carregando a menor coisa, pelas ruas, ainda que fossem as ferramentas do seu oficio." (CUNHA, apud LUCCOK, 2000 p. 19). No século XVI, a agroindústria açucareira utilizava, além da mão de obra escrava, trabalhadores livres em pequena escala. A produção em expansão fez crescer a comercialização, que por sua vez, gerou núcleos urbanos que ampliaram o mercado consumidor para os produtos de diversos artesãos. Prosperaram os pintores, alfaiates, carpinteiros, dentre outros. Os oficiais, naquela época, eram homens que exerciam ofícios, mas essa expressão tinha duplo sentido. Eram chamados de oficiais, os funcionários públicos, juízes, desembargadores, procuradores. Também eram oficiais os artesãos, artífices e os artistas. Estes, como eram trabalhadores ligados à produção, recebiam a denominação de oficiais mecânicos, a exemplo da Europa. Os pequenos núcleos urbanos cresceram próximos aos colégios dos Padres Jesuítas, onde existiam oficinas de vários destes ofícios, ensinados a índios, escravos e homens livres. Nestes e em diferentes instituições brasileiras, ocorreram processos de aprendizagens de ofícios: na agroindústria açucareira, nos arsenais da Marinha e nas Corporações de Ofícios. Os Colégios dos Jesuítas foram os primeiros centros de ensino artesanais no Brasil. Além dos padres destinados ao trabalho religioso, havia os irmãos encarregados de ensinar os ofícios mecânicos nas oficinas.
  • 35. HISTóRIA DA EDUCAÇÃO | UNIDADE 2 35 os irmãos procuravam reproduzir nas oficinas as práticas de aprendizagens de ofícios vigentes na Europa, onde eles próprios aprenderam. Por isso, davam preferência às crianças e aos adolescentes, aos quais iam sendo atribuídas tarefas acessórias da produção (CUNHa, 2000 p. 32). o ofício de carpintaria foi a principal atividade desenvolvida nos colégios. Em diferentes cidades do litoral havia oficinas de fabricação de embarcações para o transporte tanto marítimo quanto fluvial. a par dos carpinteiros estavam os pintores que completavam as obras. as oficinas de ferraria também exerceram importante função na fabricação de ferramentas para o cultivo e também como instrumentos de trabalho para outros ofícios. Fabricavam machado, foice, martelo, faca, serrote, cunhas, chaves, pregos, enfim, tudo que se necessitava na época, inclusive para as fazendas de engenho. as olarias eram imprescindíveis em todos os locais, pois as construções de casas, galpões e igrejas dependiam da produção de adobe, produzidos e transportados até os núcleos mais habitados. a tecelagem, segundo Cunha (2000), foi o ofício mais adaptado aos índios, talvez devido à proximidade com os ornamentos confeccionados por eles nas aldeias. Fiavam e usavam os teares com habilidade que, em algumas regiões, a produção foi exportada para outros estados. as boticas para a fabricação de medicamentos também foram criadas e desenvolvidas nas oficinas dos Colégios dos jesuítas. os padres e os seus alunos pesquisaram e catalogaram plantas medicinais nativas, produziram novos medicamentos, principalmente no laboratório do Rio de janeiro, que serviu de centro para abastecimento de outros colégios e para a população. AS CORPORAÇõES E A APRENDIzAGEM DE OfíCIOS a organização do trabalho artesanal no Brasil seguiu o modelo corporativo de Portugal. Quando, por toda a Europa, declinava a O aprendizado corporativo visando a profissionalização assume destaque como veículo de instrução formal da juventude, em detrimento da frequência das escolas elementares de primeiras letras. O aprendiz era admitido através de um contrato entre o seu pai e o mestre, a princípio oralmente e depois por escrito, fixando o preço e a duração da aprendizagem, detalhando os deveres do mestre e do aprendiz e submetido a juramento perante outros mestres, para marcar de forma solene a entrada de um novo membro na corporação. (Anais do XXXIV COBENGE, 2006).
  • 36. FORMAÇÃO PEDAGÓGICA DE DOCENTES36 economia corporativa, em Portugal estava iniciando. Os portugueses que aqui chegaram trouxeram o modelo e implantaram, com pequenas alterações, adaptadas ao modo de vida na Colônia. A aprendizagem que se dava nas corporações de ofícios eram organizadas, não de forma escolarizada, mas sistemática, determinando o número de aprendizes por mestre, duração da aprendizagem, a forma de avaliação e até contrato de aprendizagem registrado, constando valores de remuneração e cláusulas sobre punições e rescisão, caso fosse necessário. As corporações eram instituições fortes, organizadas de tal forma que fixava os padrões de produção, preços e salários. A nascente burguesia viu nestas organizações entrave para a livre contratação de trabalhadores, sem a qual o capitalismo no Brasil, naquela época, se tornaria inviável. A aprendizagem nos engenhos de cana-de-açúcar se dava no próprio ambiente de trabalho, sem regulamentações, oferecidas a qualquer um que se dispusesse ao trabalho, fossem homens escravos ou livres, adolescentes ou crianças. Os escravos, que eram a maioria, recebiam as orientações sob duras pressões, a aprendizagem ocorria nas “casas de penitência”, locais onde o serviço braçal era forçado, os escravos amarrados a grossas correntes, com longas jornadas de trabalho e precárias condições. Os homens livres não recebiam castigo e nem restrições, mas era-lhes exigida muita dedicação, força física, atenção e lealdade ao senhor. A agroindústria açucareira começou a declinar no momento em que surgiu novo ciclo econômico. Entre os anos de 1693 e 1695, ocorreu a descoberta do ouro. Boris Fausto afirma que “sem exagero, a extração do ouro liquidou a economia açucareira do Nordeste. Os metais preciosos vieram aliviar momentaneamente os problemas financeiros de Portugal” (FAUSTO, 2003, p.99). A corrida do ouro atraiu pessoas de todas as partes do Brasil, principalmente paulistas e baianos, além de estrangeiros, escravos e índios. A Coroa teve dificuldades em organizar e estabelecer limites ao grande contingente de mineradores, incluindo um grande número de frades, que impedidos de permanecer como religiosos, criaram irmandades
  • 37. HISTÓRIA DA educação | unidade 2 37 leigas. A mineração fez nascer uma sociedade diferenciada, composta de famílias de negociantes, burocratas da coroa, militares, fazendeiros e os artesãos. Estes, fugindo dos centros que se esvaziaram, foram para a mineração em busca de maiores lucros. Seus negócios prosperaram como era de se esperar, havia muitas obras a serem construídas. Logo surgiu uma organização de ofícios embandeirados da mineração. A sistematização da aprendizagem surgiu em seguida, nos termos que se concretizaram nas capitais. O ciclo do ouro teve seu apogeu por volta de 1750, momento em que surgiu a necessidade de expansão do comércio interno, associado ao maior controle da Coroa em defesa da pirataria. A Coroa, na tentativa de explorar outras regiões, criou a Companhia Geral do Comércio do Grão-Pará e Maranhão, com amplos poderes monopolistas. Para dar apoio ao comércio interno e externo destes dois centros econômicos do ouro em Minas Gerais e o comércio do norte, foram criados os arsenais da marinha no Pará e no Rio de Janeiro, em 1761 e 1763, respectivamente. A construção naval empreendida pelos jesuítas, após sua expulsão, ficou seriamente comprometida. Após a criação dos arsenais da marinha, foram retomadas as fabricações de diversos tipos de embarcações. Os oficiais de várias especialidades, em sua maioria brancos, e alguns escravos exerciam os postos de comando. Além dos recrutas da marinha, os artífices eram os homens “vadios” que, detidos por crime de infrações corriqueiras, eram enviados pela polícia para cumprirem pena nos serviços de carpintaria, ferraria, calafates etc. A aprendizagem de ofícios nos arsenais da marinha ocorreu sem quaisquer regulamentações. A chegada da Família Real ao Brasil A chegada da Família Real, em 1808, foi um marco decisivo para as mudanças sociais, econômicas e políticas que começaram a ocorrer no Brasil, a partir de então. A Coroa Portuguesa se viu obrigada a deixar
  • 38. FORMAÇÃO PEDAGÓGICA DE DOCENTES38 Coimbra após a invasão de Portugal pela França. Sob a guarda da Inglaterra cruzaram o atlântico trazendo mais de quinze mil nobres e funcionários. Importantes medidas econômicas foram tomadas logo após a chegada. A primeira foi a abertura dos portos. O Príncipe Regente foi obrigado a decretar abertura dos portos às nações amigas que, naquele momento, se restringia à Inglaterra. Desencadeiam-se então as forças renovadoras no sentido de transformar a antiga colônia numa comunidade nacional e autônoma. Chegada da Família Real ao Brasil em 1808 Fonte: http://www.portinari.org.br/IMGS/jpgobras/OAa_2404.JPG Essa medida favoreceu a comercialização, beneficiando os ingleses que poderiam vender mais produtos sem a interferência de Portugal. Os grandes proprietários de terras e de escravos sentiram-se beneficiados com a possibilidade de auferirem maiores lucros. Nesse processo acelerou-se a urbanização e com ela uma nova realidade, ocorreu a criação da Imprensa Régia, da Biblioteca Pública, do Museu Nacional e a circulação do primeiro jornal e da primeira revista. A abertura dos portos não ampliou apenas o comércio, mas a vida social em todos os aspectos: cultural, intelectual e educacional. Foram criadas as Academias Reais da Marinha e a Militar, além de várias escolas de formação profissional e cursos superiores de agricultura, botânica, de química e desenho técnico. Embora fossem organizações isoladas, não se constituindo em universidades, mas com preocupações mais profissionalizantes, tais iniciativas foram bastante positivas e significaram o rompimento com o ensino jesuítico. O ensino primário e secundário também recebeu um
  • 39. HISTÓRIA DA educação | unidade 2 39 impulso, mais de 60 escolas de primeiras letras e mais de 20 cadeiras de gramática latina foram criadas. A educação na era Colonial se restringia a algumas escolas primárias e médias, seminários eclesiásticos e as aulas régias. Com a chegada de D. João, foram criados os primeiros cursos superiores com a finalidade de atender à Marinha e ao Exército, as Academias Reais da Marinha e a Militar, além dos cursos Médico-Cirúrgico precursores das antigas faculdades de medicina. Foram criados também os cursos de Economia Política, Química e Agricultura, além da Real Academia de Desenho, Pintura, Escultura e Arquitetura Civil, que foi transformada depois na Escola Nacional de Belas Artes. Com o objetivo de formar uma elite aristocrática e nobre, o foco da educação foi direcionado para o ensino superior em detrimento da escolaprimáriaemédia.Outroscursosforamcriados,comoaFaculdade de Direito e a de Engenharia. Os novos cargos administrativos criados a partir da República foram preenchidos pelos letrados, que, formados nas faculdades, principalmente de Direito, ocupavam as melhores posições administrativas. Para a formação da força de trabalho, ligada à produção, foi necessário criar outro tipo de ensino. O tratado econômico-político estabelecido entre Portugal e Inglaterra previa a extinção do tráfico de negros para o Brasil. Era necessário encontrar uma forma de substituição da mão de obra escrava para atender os empreendimentos industriais nascentes. A solução imediata encontrada foi a contratação de estrangeiros para os cargos. Artífices portugueses e chineses atenderam aos apelos da nascente indústria brasileira, mas não vieram em número suficiente. A segunda alternativa foi a criação de diversos institutos filantrópicos, com o intuito de recolher crianças pobres, órfãos, abandonados, miseráveis e impor-lhes a aprendizagem de ofícios, pois nenhum homem livre queria exercer tais atividades estigmatizadas pela escravidão.
  • 40. fORMAÇÃO PEDAGóGICA DE DOCENTES40 Faça uma breve análise da educação no Brasil Colônia após a chegada dos jesuítas considerando os seguintes aspectos: - o papel dos jesuítas na educação das elites no período colonial; - a catequização dos índios, os interesses dos colonizadores e dos jesuítas; - a formação da mão de obra ou a aprendizagem de ofícios; - a educação das mulheres e dos negros. A MISSÃO (The Mission, ING 1986) Sinopse: no SécULo xvii, na aMérica do SUL, UM vioLenTo Mercador de eScravoS indígenaS, arrependido peLo aSSaSSinaTo de SeU irMão, reaLiza UMa aUTopeniTência e acaBa Se converTendo coMo MiSSionário JeSUíTa eM SeTe povoS daS MiSSõeS, região da aMérica do SUL reivindicada por porTUgUeSeS e eSpanhóiS, e qUe Será paLco daS "gUerraS gUaraníTicaS”. paLMa de oUro eM canneS e oScar de foTografia. Direção: roLand Joffé Elenco: roBerT de niro, JereMy ironS, Lian neeSon COMO ERA GOSTOSO MEU fRANCêS (Brasil, 1970) Sinopse:noBraSiL,eM1594,UMavenTUreirofrancêScoMconheciMenToS de arTiLharia é feiTo priSioneiro doS TUpinaMBáS. SegUndo a cULTUra indígena, era preciSo devorar o iniMigo para adqUirir TodoS oS SeUS podereS: SaBer UTiLizar a póLvora e oS canhõeS.
  • 41. HISTóRIA DA EDUCAÇÃO | UNIDADE 2 41 Direção: neLSon pereira doS SanToS Elenco: ardUíno coLaSSanTi, ana Maria MagaLhãeS, gaBrieL archanJo, edUardo iMBaSSahy,cUnhaMBeBe, JoSé kLéBer CARAMURU A INVENÇÃO DO BRASIL (Brasil, 2001) Sinopse: o fiLMe TeM coMo ponTo cenTraL a hiSTória de diogo áLvareS, arTiSTa porTUgUêS, pinTor TaLenToSo, reSponSáveL por UMa daS LendaS qUe povoaM a MiToLogia BraSiLeira - a do caraMUrU. anTeS, poréM, diogo é reSponSáveL por UMa confUSão envoLvendo oS MapaS qUe SeriaM USadoS naS viagenS de pedro áLvareS caBraL. Direção: gUeL arraeS Elenco: SeLTon MeLLo, caMiLa piTanga, deBorah Secco, Tonico pereira, déBora BLoch, LUíS MeLLo, pedro paULo rangeL, diogo viLeLa. CUNHa, Luiz antônio. O Ensino de Ofícios Artesanais e Manufatureiros no Brasil Escravocrata. São Paulo: UNESP; Brasília, DF, Flacso, 2000. FILHo, Francisco Geraldo. A educação brasileira no contexto histórico. Campinas, SP: Editora alínea, 2004. NISKIER, arnaldo. Educação brasileira: 500 anos de história. São Paulo: Melhoramentos, 1989. RIBEIRo, Maria Luiza Santos. História da Educação Brasileira - a organização Escolar. São Paulo: Cortez, 11. ed. 1991. RoMaNELLI, otaíza de oliveira. História da Educação no Brasil (1930/1973). Petrópolis: Vozes, 6. ed. 1984.
  • 42.
  • 43. unidade A educação no Brasil Imperial: 1822 - 1889 ObjetivoS dESTA unidade: Identificar as características da educação brasileira no Período Imperial em seu contexto social, cultural e econômico; Propiciar elementos para uma análise crítico- reflexiva, do ponto de vista histórico, da educação brasileira no Período Imperial. 3 O Brasil viveu o Período Imperial compreendido entre os anos de 1808 até 1850. Esse período iniciou-se na fase Joanina, após a chegado de Dom João, com uma estrutura social notadamente de submissão. De um lado os negros, escravos, mestiços ou semi- escravos, todos na condição de total submissão. Por outro lado, o branco colonizador, na posição de comando. Havia uma relação de poder entre essas duas camadas da sociedade: opressão do explorador para o explorado, do fiscalizador para o fiscalizado. As lutas contra essas contradições foram evidenciadas entre os colonos e índios, nos motins de escravos, nas fugas, atentados, violências e lutas dos contribuintes coloniais contra o fisco metropolitano. Aos poucos a condição de submissão foi cedendo espaço à emancipação, através das manifestações de descontentamentos em diferentes segmentos da sociedade. A revolta de maior expressão entre esses movimentos e de grande repercussão foi a Inconfidência Mineira.
  • 44. 44 FORMAÇÃO PEDAGÓGICA DE DOCENTES A emancipação política do Brasil A volta da Família Real para Portugal, em 1821, contribuiu para a emancipação política do Brasil, conquistada em 1822. Como nação independente, em 1824 é outorgada a primeira Constituição, inspirada na Constituição Francesa de 1791. Para a educação, a Constituição garantiu a instrução primária gratuita a todos os cidadãos e abriu a possibilidade para a criação de colégios e Universidades. Apenas teoricamente, pois os recursos financeiros destinados à educação sempre foram escassos, o que inviabilizou a ampliação do atendimento escolar. Junta-se a este fato, a instabilidade política e o “regionalismo” das províncias, o que fez com que ocorressem graves falhas na educação em todos os níveis. Havia poucas escolas de primeiras letras e insuficiente número de professores para atender a todas. Somente a partir de 1835, foram criadas as escolas normais em vários estados. NoMaranhão,aSociedadeLiterária11deAgostomantinha,em1872,uma Escola Normal que funcionava das 6h30 às 8h e das 5h às 9h, destinada, portanto, a trabalhadores (SALDANHA; MELO, 1996, p. 23). No ensino secundário, as aulas ministradas eram avulsas e particulares. Como forma de organizar e sistematizar esse nível de ensino, foram criadas escolas de nível secundário chamadas de Liceus, inspiradas no modelo francês. O que se viu na prática foi a mesma postura de aulas avulsas e isoladas de antes, apenas agrupadas num mesmo espaço físico. O Grito do Ipiranga, 1888. Fonte: http://www.f64.com.br/holidays/independencia/h0102f40.jpg
  • 45. HISTóRIA DA EDUCAÇÃO | UNIDADE 3 45 a reforma pombalina introduziu as aulas Régias, e o Estado passou a assumir a responsabilidade com a educação. Muitos foram os obstáculos encontrados para que o ensino se tornasse laico, pois os professores eram oriundos dos Colégios jesuítas com formação sacerdotal. Durante os treze anos de transição, formam mantidas as mesmas características literárias e religiosas, mas caiu a qualidade do ensino. os métodos pedagógicos de varas de marmelo e palmatórias de sucupira eram usados como armas para manter a autoridade e o respeito. Uma classe social intermediária surgiu no Brasil do século xIx, qual? a possibilidade de ascensão social é depositada na escola, pois o título de doutor valia na época tanto quanto o de proprietário de terras. Proclamação da República Fonte: http://letrasdespidas.files.wordpress.com/2009/04/proclamacao-da- republica.jpg as ideias liberais dominantes na Europa já haviam chegado ao Brasil. a classe ascendente, que se ligava à aristocracia rural para conseguir emprego, viu-se numa contradição, tendiam a aderir às novas ideias, pois os ideais liberais abriam a possibilidade de ascensão através da política, como ocorrera na Europa. o reflexo desta adesão foi sentido com a abolição da Escravatura (1888), a Proclamação da República (1889) e o desenvolvimento industrial que se seguiu. Em 1834 foi criado o ato adicional, com o objetivo de conferir às províncias o direito de legislar sobre a instrução pública relativa ao ensino primário e secundário. o ensino primário foi abandonado nas mãos de alguns mestres-escolas, que insistiam em continuar No período Monárquico o Brasil vivenciou o total abandono do ensino primário, o ensino secundário se tornara propedêutico, elitista e privado. O ensino superior predominado pelas faculdades de Direito, com ênfase na retórica, servindo de mera ilustração.
  • 46. 46 FORMAÇÃO PEDAGÓGICA DE DOCENTES ensinando. Os Liceus Provinciais foram criados nas capitais, de forma desorganizada e sem recursos suficientes para sua manutenção. O que favoreceu a rede privada de ensino, que, ao absorver o ensino secundário, tornou-o mais elitista e voltado para o preparo do exame de admissão no ensino superior. Não só as escolas secundárias privadas se transformaram em cursinhos preparatórios, mas os Liceus e até o Colégio Pedro II, criado e mantido pela Corte para servir de modelo, também se viu naquela contingência. A influência europeia no pensamento pedagógico brasileiro No Período Imperial o pensamento pedagógico brasileiro baseava-se em imitações de culturas europeias, na ilusão de assim superar o atraso cultural e educacional em que se encontrava. A consequência maior foi a falta de consciência traduzida na visão ingênua que permitia a perpetuação da dominação cultural. O primeiro projeto educacional apresentado à Assembleia Constituinte, o “Tratado de Educação”, expressou a inadequação de medidas estrangeiras para a nossa realidade educacional. Infelizmente esta constatação permaneceu no campo teórico. O que se seguiu foi contínuas medidas sendo transplantadas e os fracassos atribuídos a questões de âmbito restrito à escola e não as de cunho mais amplos referentes à inadequação das propostas. A classe dominante brasileira teve sua formação cultural sustentada na cultura transplantada. Em tese, esse pressuposto justificaria a incapacidade do grupo dominante de criar um projeto educacional genuinamente nacional. Importante ressaltar os preconceitos herdados pela colonização, relativos ao negro como portador de incapacidades múltiplas, ao brasileiro como mal administrador, mal político, foram inculcados como forma de manter a dominação europeia sobre o Brasil.
  • 47. HISTÓRIA DA educação | unidade 3 47 A condição fundamental para a manutenção e reprodução das relações materiais e sociais de reprodução é o domínio das consciências. Para isso a educação do povo é o mecanismo ideal, utilizado para disseminar uma determinada ideologia através de um pensamento pedagógico. A escola funciona como aparelho ideológico de estado e atua como dissimuladora das reais intenções do pensamento pedagógico que divulga. Faz crer que há uma lógica interna na escola que justifica toda ação pedagógica como independente, quando na verdade não o é. São decisões políticas, econômicas e sociais que norteiam o pensamento pedagógico adotado em cada país. As desigualdades de oportunidades sociais no Brasil foram atribuídas à escola como desigualdades de oportunidades educacionais. Como se à escola coubesse a responsabilidade de desenvolver todas as potencialidades individuais a ponto de proporcionar aos indivíduos a possibilidade de superar as dificuldades que os impedem de ascender socialmente. Quando na realidade, sabe-se que as causas estavam em questões macros, exteriores à escola. Na ocasião da organização do Estado Nacional Brasileiro, as elites se aliaram às classes populares. O interesse era estabelecer aliança com a população para se fortalecer e enfrentar os opositores. Era uma farsa para esconder o jogo político. Proclamaram objetivos educacionais que não correspondiam aos objetivos reais, que de fato não foram cumpridos. A educação popular proposta na Assembleia Constituinte de 1823 era inviável. Perdeu-se muito tempo em discussões vãs, ao passo que as precárias condições das instituições escolares existentes no país exigiram mais atenção. O país não dispunha de meios financeiros nem para sustentar o próprio aparelho de Estado que se formava. O ensino superior mereceu atenção maior que a educação popular. O interesse em cursos jurídicos para formar quadros que ocupassem cargos políticos e públicos, fez aumentar a procura em tais cursos. O ensino secundário propedêutico expandiu-se através, principalmente, da iniciativa privada.
  • 48. 48 FORMAÇÃO PEDAGÓGICA DE DOCENTES O desenvolvimento de vocações e aptidões pela educação Em 1810, foi criada a Companhia de Soldados Artífices, com o intuito de suprir o exército de produtos e serviços. A intenção era a substituição da força de trabalho estrangeira pelo disciplinamento da mão de obra local. Além das aulas práticas de cada oficio, em serviço, os aprendizes recebiam aulas de desenho, abertas posteriormente a aprendizes fora do arsenal. Na Bahia, a casa Pia, destinada ao desenvolvimento de ensino de ofícios, foi pioneira na inclusão do ensino profissional. Era o início de uma longa série de estabelecimentos destinados a recolher órfãos e a dar-lhes ensino profissional. Ainda não encontramos em nossa história nenhum outro com essa finalidade. Mas daqui por diante, pelo espaço de mais de um século, todos os asilos de órfãos, ou de crianças abandonadas, passariam a dar instrução de base manual a seus abrigados. Na evolução do ensino de ofícios, a aparição do Seminário dos Órfãos da Bahia, representa um marco de incontestável importância. A própria filosofia daquele ramo de ensino oi grandemente influenciada pelo acontecimento e passou, daí por diante, a encarar o ensino profissional como devendo ser ministrado aos abandonados, aos infelizes, aos desamparados (CUNHA, 2000a p. 75 apud FONSECA 1961 p. 104). Por ordem do Príncipe Regente foi criado, em 1809, o Colégio das Fábricas. Os artífices e aprendizes vindos de Portugal deveriam formar- se no colégio para serem absorvidos pelas fábricas particulares, assim que elas fossem instaladas. Mas a concorrência inglesa impossibilitou a instalação da indústria nacional, o que ocasionou o fechamento do Colégio das Fábricas em 1812, três anos após sua instalação. A Imprensa Régia, criada pelo Príncipe Regente, contou com o ensino de ofício regulamentado para os aprendizes. Estes deveriam ter idade inferior a 24 anos e permanecer nos locais de aprendizagem pelo tempo mínimo de cinco anos. Os mestres recebiam incentivos por aprendiz que completasse dois anos de aprendizagem.
  • 49. HISTÓRIA DA educação | unidade 3 49 A Academia de Artes foi uma instituição criada para atender menores na tentativa de oferecer tanto o ensino das artes mecânicas quanto o ensino das belas-artes. Em decorrência da contratação de pessoas nos grandes centros, dentre outros, criou-se um enorme contingente de desocupados sujeitos à vadiagem e à desordem. Temerosa, a elite brasileira reclamava providências no sentido de assegurar “normas para o bem viver”. Foi então criado o Projeto de Lei denominado “Repressão à ociosidade” que propunha a correção dos infratores do termo de “bem viver”. O Projeto foi aprovado e mandava criar estabelecimentos públicos destinados a correção, pelo trabalho, especialmente na agricultura, a infratores que transgredissem os tais termos. As Casas de Educandos Artífices Por um lado havia a preocupação da elite política em dar trabalho a quem vadiasse, por outro lado os trabalhadores já preocupavam em se organizarem para defender seus interesses. Os primeiros sinais de organização da classe trabalhadora no Brasil apareceram no século XIX, por forte influência dos “agitadores” estrangeiros, que não conformavam com a exploração da mão de obra escrava no Brasil. As organizações iniciais eram de cunho beneficente, que mais se aproximavam às bandeiras de ofícios. A entidade filantrópica chamada de Sociedade Montepio dos Artífices da Bahia em 1832 foi a pioneira, seguida da Sociedade Auxiliadora das Artes e Beneficentes do Rio de Janeiro em 1835 (CUNHA, 2000a, p. 94). As indústrias manufatureiras fabris receberam incentivos fiscais através de contratos que previam, dentre outras coisas, a proibição da contratação de mão de obra escrava. Em contrapartida, havia a obrigação de contratação de menores aprendizes. Na medida em que se constituía o Estado Nacional, desenvolvia-se o aparato burocrático administrativo, judiciário e militar. Novas instituições
  • 50. 50 FORMAÇÃO PEDAGÓGICA DE DOCENTES de ensino de ofícios manufatureiros foram criadas, ora pela iniciativa pública, ora pela iniciativa privada, ora pela articulação entre ambas. Após a Independência, os arsenais de guerra se multiplicaram. Nas oficinas militares havia muitos menores aprendizes praticando inúmeros ofícios. Os quartéis militares foram os primeiros a atraírem para os seus quadros, menores, órfãos, pobres e desvalidos da sorte. As práticas de aprendizagens eram seguidas às de religiosidade para o disciplinamento dos aprendizes. Aos 21 anos, findava o prazo de aprendizagem de ofícios, momento em que recebiam certificado de mestre e eram contratados como operários. Por iniciativa da filantropia, como obras de caridade, foram criadas em cada capital da província as Casas de Educandos Artífices. Até o ano de 1865, dez casas estavam em funcionamento, mantidas pelo Estado, abrigando menores para aprenderem ofícios de marcenaria, ferraria, carpintaria, funileiro, pedreiro e outros. A primeira casa foi no Pará, em 1840, que serviu de paradigma para as demais. A segunda foi no Maranhão, em 1842, seguida por São Paulo, em 1844, Piauí, em 1849, Alagoas, em 1854, Ceará, em 1856, Sergipe, em 1856, Amazonas, em 1858, Rio Grande do Norte, em 1859, e por fim, na Paraíba, em 1865. Outras instituições assistencialistas foram criadas no intuito de amparar meninos desvalidos e formá-los como força de trabalho. A mais importante delas foi o Asilo dos Meninos desvalidos do Rio de Janeiro, em 1875. Os asilos eram orientados a darem a instrução básica a todos e selecionar os que possuíssem mais talentos para continuarem os estudos. A educação era distribuída em três partes. Na primeira era oferecida a instrução primária básica; na segunda, eram oferecidas disciplinas como álgebra, geometria aplicada às artes, escultura, desenho e música; na terceira parte eram ensinados ofícios de tipografia, encadernação, alfaiataria, carpintaria, marcenaria, e outros. Menores em casa de educandos Fonte: http://www.casapia.org.br/home/salas%20de%20aula%20nos%20corredores%20 devido%20a%20reforma%20de%20%2067.jpg
  • 51. HISTÓRIA DA educação | unidade 3 51 Ao terminar a terceira fase, o aprendiz era obrigado a permanecer por mais três anos na instituição, trabalhando nas oficinas. O produto do seu trabalho era vendido e metade do valor depositado na Caixa Econômica, que lhe era entregue ao sair. O aspecto assistencialista foi deixado de lado na Academia de Belas Artes, o ingresso de alunos era feito através de processo seletivo. O candidato teria que saber ler, escrever e contar. Ao ser aprovado, o aluno teria de optar por se dedicar às belas-artes, para ser artista, ou pelas artes mecânicas, para ser artífice. A Academia havia sido criada como escola superior, pelo menos superior nos talentos, expressados desde o acesso. Após a intensificação da indústria manu- fatureira, foram criadas várias entidades assistencialistas para amparar órfãos, indigentes ou filhos de pais pobres, para ensinar-lhes as artes de ofícios. Em 1858, foi criado o primeiro Liceu de Artes e Ofícios, tendo como instituição mantenedora uma das sociedades civis, apoiados pelo Imperador, pela Princesa Isabel, e por vários membros da corte. O objetivo de tais instituições, além do caráter amparador, era aplicar os estudos de belas artes aos ofícios industriais. Os Liceus recebiam dois tipos de alunos: os efetivos, que seguiam o curso completo, e os amadores, que cursavam apenas uma parte dos estudos. Após a República, os liceus receberam novo impulso. Seus sócios repu- blicanos ocuparam cargos públicos e aumentaram consideravelmente suas contribuições. Foram ampliadas as instalações e o número de atendimentos. Em 1891, no Liceu do Rio de janeiro, foram admiti- das mulheres como alunas, o currículo feminino era diferenciado, mais voltado para prendas domésticas. No ano seguinte, teve início o curso comercial, em quatro séries. Menores aprendendo tecelagem Fonte: http://www.casapia.org.br/home/tecelagem%201967.jpg
  • 52. 52 fORMAÇÃO PEDAGóGICA DE DOCENTES a Sociedade auxiliadora da Indústria, criada em 1827, inspirada numa francesa de igual teor, tinha o objetivo de incentivar a utilização de maquinário como forma de incrementar a produção e substituir a mão de obra, que deveria se restringir a poucos, mas qualificados trabalhadores. Para tanto, foi criada a Escola Industrial em agosto de 1873, na qual foram matriculados 176 alunos, entre brasileiros e estrangeiros. o currículo ambicioso e algumas dificuldades nas instalações fizeram com que os alunos desistissem dos cursos e em 1892 foi desativada a escola. Faça uma breve análise da organização da educação brasileira no Período Imperial. após a chegada da Família Real ao Brasil muitas mudanças ocorreram. Quais foram e com quais finalidades? Quanto à educação profissional, a quem estava destinada e em que circunstâncias as primeiras escolas foram criadas? CARLOTA JOAqUINA, PRINCESA DO BRASIL (Brasil 1995) Sinopse: a MorTe do rei de porTUgaL d. JoSé i eM 1777 e a decLaração de inSanidade de d. Maria i eM 1972, LevaM SeU fiLho d. João e SUa MULher, a eSpanhoLa carLoTa JoaqUina, ao Trono porTUgUêS. eM 1807, para eScapar daS TropaS napoLeônicaS, o caSaL Se TranSfere àS preSSaS para o rio de Janeiro, onde a faMíLia reaL vive SeU exíLio de 13 anoS. na coLônia aUMenTaM oS deSenTendiMenToS enTre carLoTa e d. João vi. Direção: carLa caMUraTi
  • 53. HISTÓRIA DA educação | unidade 3 53 Elenco: Marieta Severo, Marco Nanini, Ludmila Dayer, Maria Fernanda, Marcos Palmeira, Antonio Abujamra, Vera Holtz, Ney Latorraca. 100 min. INDEPENDÊNCIA OU MORTE (Brasil 1972) Sinopse: O filme narra um dos períodos mais importantes da história do Brasil: a chegada da família real, a infância e a juventude de D. Pedro I, as contendas políticas, as lutas de interesses, a proclamação de nossa Independência, a rebeldia e as aventuras do príncipe, seu romance com a Marquesa de Santos e seu retorno a Portugal. Direção: Carlos Coimbra Elenco: Tarcísio Meira, Glória Menezes OS INCONFIDENTES (Co-produção Brasil Itália 1972) Sinopse: O filme é uma versão cinematográfica da Inconfidência Mineira, de seu início até o degredo dos inconfidentes e a execução de Tiradentes. Direção: Joaquim Pedro de Andrade Elenco: Jose Wilker, Luiz Linhares, Paulo José Pereio, Fernando Torres XICA DA SILVA (Brasil 1976) Sinopse: Conta a história (romanceada) da escrava Chica da Silva. Direção: Cacá Diegues Elenco: Zezé Motta, Walmor Chagas, Jose Wilker
  • 54. 54 fORMAÇÃO PEDAGóGICA DE DOCENTES CUNHa, Luiz antonio. O Ensino de Ofícios Artesanais e Manufatureiros no Brasil Escravocrata. São Paulo: UNESP. Brasília, DF; Flacso, 2000a. FILHo, Francisco Geraldo. A educação brasileira no contexto histórico. Campinas, SP: Editora alínea, 2004. GHIRaLDELLI júNIoR, Paulo. História da Educação. SP: Cortez, 1990. RIBEIRo, Maria Luiza Santos. História da Educação Brasileira - a organização Escolar. 11. ed. São Paulo: Cortez, 1991. RoMaNELLI, otaíza de oliveira. História da Educação no Brasil (1930/1973). 6. ed. Petrópolis: Vozes, 1984. SaLDaNHa, Lilian Maria Leda, MELo, Maria alice. Reconstrução histórica do processo de formação primária no Maranhão (1889-1930). São Luís, 1996. mimeo. xaVIER, Maria Elisabete Sampaio Prado. Poder político e educação de elite. 3. ed. SP: Cortez Editora: autores associados, 1992.
  • 55. ObjetivoS dESTA unidade: Analisar a trajetória da educação no Brasil, no Período Republicano, através das reformas instituídas desde a primeira Constituição. Compreender os mecanismos que levaram a sucessivos fracassos na superação dos problemas educacionais brasileiros no período da primeira República. 4 unidade As reformas da educação na República Velha: 1889 - 1930 Após a Proclamação da Re- pública e a promulgação da Constituição de 1891, em que assumem o poder os Ma- rechais Manuel Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto, o Brasil entrou numa nova fase: a transformação das provín- cias em Estado, cada Estado regido por sua própria Cons- tituição, os governos eleitos pelo voto e seus próprios aparatos policiais. A aliança das forças militares com a camada dominante conquistou a república. Ocorrida no ano de 1889, a Proclamação da República marcou o momento da emancipação política brasileira, sob forte influência do Positivismo. A contradição Assembleia Constituinte da República Fonte: http://www.novomilenio.inf.br/festas/brasil1v.jpg
  • 56. 56 FORMAÇÃO PEDAGÓGICA DE DOCENTES que antes se dava entre senhores e escravos passa a ser entre a submissão e a emancipação. Nesse momento histórico chamado de República Velha, começa a ocorrer o crescimento da camada média da população, juntamente com o processo de urbanização do país. Essa camada média, composta de comerciantes, funcionários do Estado, profissionais liberais, militares, religiosos, viam na educação a possibilidade de ascensão social. Constituindo-se, por isso, num incentivo para que os problemas relativos à educação assumissem maiores proporções e influenciassem as políticas educacionais. As primeiras decisões republicanas na área da educação Várias decisões governamentais foram tomadas com relação à educação, momento em que esta recebeu muita atenção por parte do novo governo. Tais modificações aconteceram em todos os níveis do ensino, inclusive no nível superior que, aos moldes da Europa, formava oradores sem funções práticas na sociedade. Faltavam instituições que se dedicassem à pesquisa científica e aos estudos filosóficos metodológicos. O ensino secundário, cujo conteúdo era de predomínio literário, exclusivo aos alunos do sexo masculino, tinha forte participação da iniciativa privada, caracterizado como ensino preparatório para o ingresso no curso superior. Omanifestoliberalfoiopontapéparaumasériedereformas,importadas, vale dizer, que evidenciavam a distância do Brasil real para o Brasil ideal. O Positivismo, apoiado no liberalismo e no cientificismo, ganhou força para implantar as reformas, tais como ocorreram na Europa, dentre as quais a supressão dos poderes da aristocracia, limites para a atuação da Igreja separada do Estado, o registro civil para o casamento.
  • 57. HISTÓRIA DA educação | unidade 4 57 A educação recebeu, em 1879, a reforma do Ensino Livre proposta por Leôncio de Carvalho, em cujo teor consta a liberdade do ensino, o exercício do magistério separado das funções administrativas, a liberdade de frequência às aulas e outras. Esta data também foi marcada pela introdução do ensino feminino no nível secundário. Foi criada a Escola Americana e outras escolas modelo. Três forças sociais participaram do golpe militar ocorrido em 15/11/1889 que proclamou a República. Os governos de Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto foram apoiados por uma parcela do exército, os fazendeiros paulistas e a classe média urbana. Posteriormente as oligarquias dos Cafeicultores dominaram o poder, o que se costumou chamar de “ruralismo”. Estes tinham interesse apenas em manter no poder com fraudes eleitorais, corrupção e o voto de cabresto. Como consequência ocorreu o endividamento do Estado e socialização dos prejuízos. Em 1891, a Constituição instituiu o Sistema Federativo de Governo e o ensino foi descentralizado, coexistindo a dualidade de sistemas, uma vez que reservou à União o direito de criar e manter escolas superiores e secundárias nos Estados e prover o Distrito Federal de ensino secundário. Os Estados ficaram com o ensino primário e o ensino profissional, que era a escola normal para moças e escolas técnicas para rapazes. Foi a consagração do sistema dual de ensino: de um lado tínhamos a escola primária e profissional para os pobres, e de outro lado a secundária e superior para as classes dominantes. Face aos desacertos nos sistemas de ensino brasileiro, foram introduzidas várias reformas na tentativa de solucionar os problemas mais graves. Uma das mais importantes foi a Reforma da Instrução Pública promovida por Benjamin Constant, em 1890, que nem sequer foi posta em prática na íntegra. Defendeu o princípio de liberdade e laicidade do ensino, além de propor uma formação fundamentada na ciência e não mais na tradição humanístico-clássica e no academicismo da educação.
  • 58. 58 FORMAÇÃO PEDAGÓGICA DE DOCENTES Essa reforma propunha a substituição do currículo acadêmico por um enciclopédico, com disciplinas científicas e o ensino seriado. Pautou a estruturação curricular pela ordenação positivista das ciências, primeiro a Matemática, em seguida a Astronomia, a Física, a Química, a Biologia e, por fim, a Sociologia e Moral. Com isso houve uma sobrecarga de matérias e o ensino tornou-se enciclopédico. Essa reforma também criou o “pedagogium”, centro de aperfeiçoamento do magistério. Essas reformas, porém, não foram apoiadas pela elite, que via com reservas as novas ideias, uma vez que estas rompiam com a tradição do ensino humanístico. A aliança da aristocracia dominante com o militarismo, útil na primeira fase do Período Republicano, logo deixou de ser interessante. Tirar o Marechal Floriano Peixoto do poder representou a vitória política da elite brasileira, e a aliança com a burguesia internacional representou a saída econômica para a permanente escassez de recursos do Estado Brasileiro. A valorização do café com o apoio do capital estrangeiro concentrou os lucros nas mãos da burguesia agrária brasileira. Dessa forma, houve investimentos em infraestrutura de portos,da rede ferroviária, em usinas de energia elétricas e na reurbanização dos grandes centros, todos os benefícios se reverteram diretamente aos grandes produtores. Porém, a classe trabalhadora, no campo, foi alijada dessa modernização. As sucessivas reformas educacionais ocorridas no Período Republicano foram consequências do transplante cultural, reflexo da incapacidade criativa da intelectualidade brasileira. Necessitávamos de educadores para elaborar um projeto educacional eminentemente nacional, que visasse promover a junção entre teoria e a prática, com claros propósitos de solucionar o mais grave problema educacional brasileiro: o analfabetismo. Em 1900 o índice de analfabetos no Brasil era de 75%, de acordo com o Anuário Estatístico do Brasil, do Instituto Nacional de Estatística. A falta de escolarização tornou-se um empecilho para a modernização social e política que se processou em vários setores da sociedade.
  • 59. HISTÓRIA DA educação | unidade 4 59 A expansão quantitativa da rede de ensino primário Outras reformas se seguiam como a Lei Orgânica Rivadávea Corrêia no Governo Marechal Hermes da Fonseca, em 1911, que facultava a autonomia aos estabelecimentos de suprir o caráter oficial do ensino. A reforma Carlos Maximiliano, em 1915, reoficiou o ensino, regulamentando a entrada nas escolas superiores, além de promover a reforma do Colégio Pedro II. A reforma Rocha Vaz, no governo de Arthur Bernardes, em 1925, tentou instituir normas regulamentares para o ensino. Nenhuma destas reformas promoveu mudanças radicais na educação brasileira. O que se viu foi um ensino literário e humanístico, voltado para o formalismo jurídico, desde a Colônia até o Império, impedindo a renovação cultural, intelectual, econômica e política de nossas elites. Algumas ações se refletiram na expansão quantitativa da rede de ensino primário, pois foram criados vários Grupos Escolares. Apesar das campanhas em prol da alfabetização, os resultados ainda demonstraram percentuais insuficientes, e até 1907 a unidocência era prática comum em muitos municípios. O ensino médio teve como marca principal nesse período a expansão da rede particular, que restringiu o atendimento à elite, enquanto as camadas menos favorecidas da população permaneciam fora da escola. Algumas escolas profissionalizantes atendiam a um número restrito e pouco significativo de jovens, que serviriam de mão de obra qualificada e atuariam nas fábricas, ou no comércio em expansão. O restante da grande massa de jovens aptos ao trabalho permanecia sem atendimento à sua formação profissional. Quanto ao ensino superior, o período foi marcado pela expansão das escolas particulares e por uma melhor organização das esferas estaduais. Houve maior concentração na área médica em detrimento da jurídica e mantiveram-se separadas as atividades literárias das científicas.
  • 60. 60 FORMAÇÃO PEDAGÓGICA DE DOCENTES O declínio das oligarquias e repercussão para a educação A camada média da população cresceu, e com ela cresceram também as insatisfações com a organização política vigente. Boa parte das aclamações por mudanças consideravam o regime político bom, mas mal governado pelos homens que estavam no poder. Houve crescimento do parque manufatureiro e ascensão da burguesia industrial em contradição ao operariado que começava a se organizar como força política. Algumas ações conduziram à mobilização da categoria para reivindicações de melhores condições de trabalho e salários, momento em que aconteceu a primeira greve geral de São Paulo, a qual durou trinta dias. Tal conscientização levou à fundação do Partido Comunista em 1922, que viveu apenas quatro meses de legalidade. A educação recebeu as influências do clima de contestação e clamores por mudanças. Os educadores se envolveram em dois movimentos educacionais chamados de “otimismo pedagógico” e de apelo à qualidade. Baseavam-se na adoção do modelo de educação escolanovista, muito difundido nos Estados Unidos e no “entusiasmo pela educação”, através do apelo à quantidade; acreditavam que a ampliação do número de escolas resolveria o problema educacional brasileiro. Os educadores, na época, estavam convictos de que o Brasil estaria apto a equiparar-se às grandes nações do mundo, caso fossem concretizadas tais reformas no ensino. Viam a educação como salvadora de todas as mazelas da pátria. Tais movimentos estavam em defasagem umas quatro décadas na adoção de reformas baseadas no Escolanovismo e na expansão do atendimento escolar, se comparado aos Estados Unidos e a alguns países da Europa. Muitas reformas de ensino foram introduzidas nos estados, apenas no nível da escola primária. As limitações estão no fato da regionalização e do transplante cultural com pedagogismos isolados do contexto social.
  • 61. HISTÓRIA DA educação | unidade 4 61 A queda da bolsa de Nova Yorque, em 1929, e as drásticas consequências para a economia brasileira serviram para que se percebesse que a agricultura de exportação não poderia ser o centro da economia de um país, pois a dependência do setor externo não oferecia garantias sólidas. Para esse momento, o investimento no setor industrial pareceu ser a melhor solução. Nasceu assim a ideologia política nacional desenvolvimentista. A luta a favor das Oportunidades na Educação Em meio à crise política, forças antagônicas se uniram para formar a Aliança Liberal, com a finalidade única de chegar ao poder. Tal aliança se concretizou, mas em meio a tantos desentendimentos internos, a luta passou a ser pela manutenção no poder. Durante a década de vinte, ocorreram diversos acontecimentos importantes no processo de mudança do país. Dentre os quais podemos citar a Semana de Arte Moderna (1922), a fundação do Partido Comunista (1922), a Revolta Tenentista (1924) e a Coluna Prestes (1924 a 1927). Quanto à educação, foram realizadas diversas reformas nos estados. A Semana de Arte Moderna, também chamada de Semana de 22, ocorreu em São Paulo no ano de 1922, nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro, no Teatro Municipal. Artistas e intelectuais, influenciados por transformações da época, e pela efervescência no cenário político, realizaram a Semana de Arte Moderna de 1922 durante o governo de Washington Luís em São Paulo que deu seu apoio. O movimento surgiu como um marco na história cultural do país e propunha a renovação nas artes, abrindo espaço para a arte verde–amarela. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Semana_de_Arte_Moderna_de_1922).
  • 62. 62 FORMAÇÃO PEDAGÓGICA DE DOCENTES Coluna Miguel Costa Prestes, mais conhecida como Coluna Prestes, foi um movimento liderado por militares, que faziam oposição à República Velha e às classes dominantes na época. Teve início em abril de 1925, no governo de Artur Bernardes (1922-1926). Com aproximadamente mil e quinhentos homens, a Coluna Prestes percorreu 25.000 quilômetros. Durante dois anos e meio atravessou 11 estados. Nas cidades por onde passava, a Coluna Prestes despertava apoio da população e a atenção dos coronéis, que também eram alvo das críticas do movimento. Sempre vigiados por soldados do governo, os revoltosos evitavam confrontos diretos com as tropas, por meio de táticas de guerrilha (http://www.infoescola. com/historia). A educação no Brasil, até a Primeira República, atendia perfeitamente as necessidades da sociedade como um todo. A escola formava acordo com as exigências econômicas sociais e políticas da época. A partir do momento em que os interesses pelo desenvolvimento se acentuaram, houve um choque com o sistema de ensino. A mudança de um modelo econômico agrário exportador para um modelo parcialmente urbano industrial acarretou em novas necessidades educacionais. A elite se viu impotente para promover as mudanças de que necessitava. De um lado, tinha-se a crescente demanda em busca de escolarização e, de outro, a industrialização, exigindo formas mais adequadas de educação. Uma vez que a crise se instaurara, a solução foi implantar novas reformas. Mas estas só foram pensadas e implantadas na década de 1930, no governo de Getúlio Vargas. A educação profissional dos jovens pobres O pensamento positivista exerceu muita influência na República brasileira, principalmente na educação e na religião. Em que pese aos conflitos gerados entre os liberais e os positivistas, prevaleceu o espírito
  • 63. HISTÓRIA DA educação | unidade 4 63 republicano, apesar de contemplar prioritariamente os interesses da burguesia dos cafeicultores. Alguns brasileiros foram à França conhecer de perto o pensamento e a ideologia de Augusto Comte. Os liberais, influenciados pelo Iluminismo francês, também interferiram diretamente na constituição do Estado Nacional, no que diz respeito às questões mais relevantes. Por força das ideologias liberal e positivista, a Constituição de 1891 determinou a separação entre Igreja e Estado, de modo que a religião passou da esfera pública para a esfera privada. O Estado foi proibido de financiar qualquer tipo de atividade religiosa, até mesmo as escolas confessionais, assim como nenhum ensino religioso poderia ser ministrado nas escolas públicas. Os professores, por sua vez, já não precisavam mais fazer juramento de fidelidade religiosa. Podiam adotar para si qualquer crença e até mesmo não possuir crença religiosa alguma. Para os alunos das escolas públicas, nenhum ensino religioso ou laico, de acordo com sua opção pedagógica (CUNHA, 2000b p. 7). Quanto à educação profissional, tanto os positivistas quanto os liberais concordavam com os católicos. Ambos compartilhavam da visão de que o ensino dos ofícios manuais teria a dimensão preventiva e corretiva, no intuito de disciplinar os jovens e livrá-los do vício e da sedução ideológico-política. Apesar da orientação da não subvenção às escolas católicas com dinheiro público, o Instituto Salesiano recebeu subsídios para manutenção de suas escolas. Quando os Irmãos Salesianos chegaram ao Brasil, em 1878, vieram a convite do bispo do Rio de Janeiro, que já havia tomado conhecimento da educação de ofícios artesanais e manufatureiros que esta ordem religiosa estava realizando na Europa. Chegaram a Niterói e ocuparam uma chácara que os aguardava para finalidades educacionais. Em 1883, com o apoio do Imperador, fundaram o Liceu e Artes e Ofícios Santa Rosa. Receberam doações de benfeitores da nobreza, do comércio e mesmo do Estado para a manutenção da instituição. O Liceu Coração de Jesus foi fundado em São Paulo, no ano de 1886. Este também recebeu recursos públicos, o que causou indignação e muitas críticas proferidas por parte dos intelectuais.
  • 64. 64 FORMAÇÃO PEDAGÓGICA DE DOCENTES As escolas salesianas Os salesianos expandiram sua rede de escolas por boa parte do território nacional. As escolas não ministravam apenas o ensino profissional, mas o secundário e o comercial. A educação oferecida aos menores aprendizes nos estabelecimentos salesianos era diferente de todas praticadas no Brasil, nas casas de educandos artífices e nos Arsenais militares. Nas escolas salesianas não havia necessidade de que os aprendizes fossem internos, os menores que tivessem família poderiam estudar durante o dia e à noite retornarem aos seus lares. Ao ingressarem, com treze anos, era-lhes exigido rudimentos de leitura e cálculo. Aos dezoito anos, o aprendiz concluía os estudos. Paralela à formação profissional, os alunos recebiam educação geral no primeiro período, nos três anos subsequentes lhes era oferecido um grau mais avançado de estudos. Caso fosse necessário, o aprendiz permanecia por mais um ano para recapitulação geral. Até 1910, as escolas salesianas estavam entre as melhores: [...] as escolas profissionais salesianas formavam um quase-sistema de ensino profissional, a partir dessa data elas entraram num período de decadência, quando passaram a ser meros 'anexos' dos liceus, que nada mais tinham de artes nem de ofícios. Isto se deveu, em primeiro lugar, à concentração das atenções dos padres no ensino secundário e no ensino comercial, de larga aceitação, este último sem similar no país; em segundo lugar, à longa duração da aprendizagem, o que incentivava a evasão antes do seu término, em terceiro lugar (pelo menos no Estado de São Paulo, onde as escolas salesianas se multiplicaram aproveitando os contatos favoráveis com a colônia italiana) à competição das escolas profissionais criadas pelo governo, especialmente as escolas de aprendizes artífices (CUNHA, 2000b p. 56). A formação da força de trabalho assumiu nova ideologia, além da “manutenção da ordem e prevenção da desordem”, a de preparar a mão de obra para as indústrias, como havia acontecido em alguns países da Europa e nos Estados Unidos. A fim de concretizar esse novo
  • 65. HISTÓRIA DA educação | unidade 4 65 pensamento, foram reestruturadas as escolas existentes, os liceus de artes e ofícios e os asilos de desvalidos. Em 1892, foi editada uma Lei Orgânica que transferia várias instituições assistenciais públicas federais para a prefeitura do Distrito Federal, dentre elas o Asilo de Meninos Desvalidos e a Casa São José. O Asilo foi transformado em Instituto que recebeu o nome de João Alfredo. Sob nova denominação e finalidades, agora visava proporcionar aos alunos a educação física, intelectual e o bom desempenho das profissões. Essa nova proposta buscava aprendizes com vocação e aptidões para os ofícios manuais, deixando para trás o antigo caráter filantrópico, apesar de continuar dando preferência aos aprendizes oriundos da Casa São José, que abrigava órfãos. Esta condição não era suficiente para o ingresso no curso profissional, o critério, mais rigoroso, analisava os talentos e as habilidades. O Instituto João Alfredo teve o currículo estruturado em três fases: o curso teórico; o curso de artes, que incluía diversos tipos de desenho e música; e o curso profissional com dez oficinas de diferentes modalidades profissionais. O aluno, uma vez matriculado não poderia desistir, nem por vontade própria, nem por ordem de autoridade, sem que o instituto fosse indenizado. Ao completar o curso profissional, os alunos saíam com empregos garantidos nas maiores empresas do país, articulação feita pelo próprio diretor do instituto. Sociedade Propagadora das Bellas-Artes Fonte: http://www.dezenovevinte.net/ensino_artistico/liceu_alba_files/sociedade_ belasartes.jpg