O documento descreve o aumento do trabalho de camelô móvel em ônibus em Salvador entre abril e junho de 2016, com vendedores oferecendo lanches, doces e outros itens. Menciona que os camelôs tratam os passageiros de "abençoados" invocando proteção divina e contribuem para o vocabulário local. Aponta que depois de outubro houve queda na quantidade de camelôs e itens oferecidos, possivelmente devido à redução da renda da população.
O desemprego e as novas ocupações em salvador - o camelô móvel
1. O desemprego e as novas ocupações em Salvador
o camelô móvel
“Desculpe incomodar o silêncio da viagem de vocês …” virou até
bordão de programa humorístico. Sinal que ganhar a vida como
camelô nos ônibus da cidade não é um privilégio do
desempregado de Salvador.
Esta atividade ganhou relevância entre os meses de abril e junho
deste 2016 quando chegávamos a ter mais de um vendedor num
mesmo trecho. De início comercializavam lanches
industrializados (biscoitos ou snacks), balas e chicletes;
posteriormente bugigangas de todas a espécie desde porta
documentos passando por fones de ouvido e indo até bateria
recarregável para celulares. Mais recentemente doces
industrializados de baixa qualidade.
Evidenciando a influência das religiões neo-pentecostais entre os
mais pobres tratamos passageiros/clientes de “abençoados”
invocando a proteção divina àqueles que adquiram sua
mercadoria mas também estendendo-a a quem não se disponha
a comprar.
Contribuem com o enriquecimento do repertório de gírias
chamando os motoristas como “piloto” e os cobradores como
“cobra”. Estes também são alvos das recomendações de proteção
divina.
Percebo que a partir do mês de outubro a quantidade de
ocupados neste ramo diminuiu consideravelmente, pelo menos
no início da manhã e da noite. Como diminuiu também a oferta
de itens comercializados. Talvez reflexo da diminuição do poder
aquisitivo da população ou simples ajuste do mercado. A conferir.