11. Sabem como é que *chama-se essa marca?
Diz-me como *chama-se essa marca.
Chama-se como essa marca?
Essa marca chama-se «cotovelite».
Também *chama-se «cotovelite» essa
marca.
Não *chama-se «cotovelite essa marca».
12. Sabem como é que *chama-se essa marca?
Subordinação
Diz-me como *chama-se essa marca.
Subordinação
Também *chama-se «cotovelite» essa marca.
Advérbio
Não *chama-se «cotovelite essa marca».
Negação
Nossa, se chama «cotovelite»!
Português do Brasil
25. A analepse não é recurso essencial,
mas, por vezes, somos informados de
factos anteriores à história que está a ser
narrada: por exemplo, as diligências, por
parte dos franciscanos, anteriores a 1711
(já em 1624 e em 1705), para se construir
um convento. As prolepses são mais
significativas, até porque costumam ser
menos habituais nos romances. Há
algumas que remetem para os nossos
dias ou para o século XX genericamente:
referência às cores da bandeira republi-
26. cana [cap. XII]; a praia como local de lazer
[cap. XIII]; cravos e 25 de abril de 74 [cap.
XIII], ida à lua, Junot em Mafra, cinema [cap.
XVII], Fernando Pessoa [cap. XVIII]. Também
há prolepses que dão conta de situações
futuras mas pertencentes à própria intriga
do romance (vimos há dias como se
antecipava a morte de Álvaro Diogo; logo no
início alude-se aos vindouros bastardos de
D. João V: «quando acabar a sua história se
hão de contar por dezenas os filhos assim
arranjados»).
27. Não há propriamente analepses ou
prolepses, uma vez que o tempo do discurso
(medido em «película» de filme) e o tempo
da diegese (no fundo, o de uma viagem de
carro entre duas cidades inglesas) parecem
coincidir completamente. Pretende-se que
acreditemos que a ação decorre «em direto»
(abordagem que implica não haver distor-
ções entre tempo da história e do discurso).
Há alusões ao passado, mas apenas na
conversa entre personagens (entre Locke e
28. Bethan ou Katrina, sobretudo relativamente
a um dia de há sete meses; ou em
desabafos dos colegas de trabalho de
Locke, acerca dos nove ou dez anos
anteriores). Não se pode considerar que
essas menções ao passado por parte das
personagens constituam alterações da
ordem dos acontecimentos. O mesmo se
diga de intenções quanto ao futuro,
reveladas aqui e ali, por parte de Locke ou
das duas mulheres. São apenas isso: atos
de fala de cada uma das personagens.
30. Há elipses (cortes, saltos no relato):
«Meses inteiros se passaram desde então,
o ano é já outro» [cap. VIII]; «Encerrados na
quinta, Baltasar e Blimunda assistem ao
passar dos dias. Agosto acabou. Setembro
vai em meio» [cap. XVI]. Há resumos (em
que um grande lapso de tempo é dado em
poucas pinceladas): «tornou o padre aos
estudos, já bacharel, já licenciado, doutor
não tarda...»; a busca de Baltasar por
Blimunda também é dada em resumo/elipse.
Estes momentos, como é óbvio, aceleram o
ritmo da narrativa.
31. Ao contrário, haverá zonas em que o
relato parece demorar-se excessivamente,
abrandando assim a velocidade da
narrativa (por exemplo, a narração da
«epopeia da pedra», em que o tempo do
discurso parece mais lento do que o da
história).
32. A duração do discurso, no caso do
cinema, corresponderá ao que demora o
filme a ser visto (num livro, a duração do
discurso pode ser medida em páginas). Tal
como se viu acontecer em termos de
ordem, também quanto à duração em Locke
se assume haver completa equivalência
entre o tempo da ação e o da nossa
receção. Por exemplo, somos instados a
crer que não há elipses e que, portanto, não
houve momentos mortos na viagem: Locke
esteve
33. sempre ao telemóvel ou em monologais
ajustes de contas com o pai (e estes
monólogos até parecem demorar o
tempo «real»). Se considerássemos
dentro da diegese o que originara a ação
presente, poder-se-ia dizer que se
recorrera a resumos, incluídos nos
diálogos, para se conseguir incorporar,
compactados, esses longos sete meses.