O autor critica a distância entre a crítica cultural e o público geral. Afirma que os críticos de cinema tendem a não gostar dos filmes preferidos pelos espectadores, e que os críticos literários escrevem de forma rebuscada, inacessível ao leitor comum.
2. • Numa síntese, não nos devemos colar
a expressões/peripécias (localizadas,
circunstanciais) do texto.
• É preciso é perceber o texto no seu
conjunto.
4. «Um filme com poucas estrelas é
garantia quase certa de um par de horas
de alheamento deste mundo e de fruição
simples.»
= os filmes com avaliações negativas
propiciam bons momentos (infere-se que
os com muitas estrelas nem por isso)
5. «Muitas das sessões ficam prenhes de
casais apaixonados e pipocas, devido às
(poucas) estrelas que os críticos dão às
películas.»
= os melhores filmes são aqueles de que
os críticos não gostam
6. «Não sabemos se acontecerá o mesmo
com os livros.»
mas vai perceber-se que sim, também
entre os críticos literários e os leitores
normais não há sintonia.
7. É certo que o espaço para a crítica de
livros vem diminuindo, mas esse não é o
maior problema:
«No pouco espaço que ainda persiste
parece haver demasiados redatores […]
incapazes de falar de igual para igual
com o público»
8. Não falam «de igual para igual com
público», porque se perdem «em
diatribes, considerações e referências
[inacessíveis ao leitor comum]».
13. Em «Estrelas dos livros», Paulo
Ferreira e Nuno Seabra Lopes defendem
que a crítica cultural está distante daqueles
a quem se devia destinar. Começam por
ilustrar esse afastamento com o que
acontece com as apreciações de cinema: os
filmes menos pontuados nas secções
especializadas dos jornais acabam por se
tornar os preferidos pelos espetadores. No
caso da literatura, os cronistas lembram
14. primeiro a proverbial escassez do espaço
concedido aos livros na imprensa, para
depois vincarem que quem escreve sobre
livros nos jornais o faz num estilo
rebuscado, inacessível, desaproveitando-
se assim a oportunidade de atrair leitores e
influenciar as suas escolhas.
100 palavras
15. O passo de Millôr Fernandes ilustra,
com ironia, o já citado afastamento da
crítica de cinema relativamente aos gostos
dos espetadores. O cronista brasileiro teria
ido ver os filmes mais cotados nos jornais
— talvez não por acaso, em boa parte de
filmografias exóticas — e concluíra que
aquelas recomendações entusiásticas não
se justificavam (ou talvez significassem
apenas que os críticos o queriam «fazer de
imbecil»).
20. Coesão interfrásica
Para além de que as fraldas reutilizáveis
são giríssimas.
Para além disso, as fraldas reutilizáveis
são giríssimas.
21. Coesão temporal
Ele não concorda que as fraldas
descartáveis são um problema ambiental
sejam
22. Coesão lexical (e referencial)
Leonel Morgado fez isto e aquilo. Leonel
advoga o uso de…
Leonel Morgado fez isto e aquilo. Morgado
advoga o uso de…
Leonel Morgado fez isto e aquilo. O
especialista em mundos virtuais advoga o
uso de…
23. Leonel Morgado fez isto e aquilo. Ele advo-
ga o uso de…
elipse
Leonel Morgado fez isto e aquilo. Advoga o
uso de…
24.
25.
26. "O autor de policiais mais original do nosso
tempo.“
"Um dos maiores escritores norte-americanos do
nosso tempo. Em White Jazz, Ellroy leva a forma
ao rubro.“
"Mais negro que noir... faz parecer naïve a maioria
dos outros policiais."
"De longe o seu melhor livro até ao momento.“
"O melhor policial de James Ellroy."
27. 1.2.
Estas citações referem-se a White Jazz
—Noites Brancas em termos
encomiásticos, considerando-o um
modelo do género policial.
28. • “um chato”
• “grunho reacionário e pretensioso”
• “poesia para quem nunca leu um poema”
• “nem sequer um horror consegue ser”
• “banda desenhada sem desenhos”
• “cinema parado, com sucessão de fotografias
desligadas”
• "um pesado"
• “um acumulador de tiques e de
acontecimentos”
• “[as suas obras são] migalhas de ação e
desabafos”
29. 5. No subtítulo, considera-se que Ellroy
«berra em vez de escrever». No parágrafo
das ll. 56-62 retoma-se a mesma crítica
aos autores «gritadores», que escreve-
riam para ser ouvidos, mais do que para
ser lidos. Estas metáforas devem querer
realçar que a literatura não ganha em ser
explicitamente violenta, demasiado ciosa
de expressividade. Conseguem melhores
resultados os escritores que permitem
aos leitores inferir o que lhes querem
inculcar.
30.
31. 4. Com efeito, o estilo de Ellroy, ao
mesmo tempo que é explicitamente
criticado pelo recenseador — «Escreve
como quem bate nas teclas. Cheio de
números. E paragens abruptas» —, vai
sendo parodiado pelo uso de frases
exageradamente curtas, que se percebe
replicarem o que se destacara como
negativo na escrita do autor americano. Por
exemplo, «26 letras. Pensamentos para-
dos» são caricaturais, pelo absurdo do que
afirmam e pela assunção dos exatos tiques
formais de White Jazz.
32.
33.
34.
35. a. A obra tem como um dos seus aspetos
positivos a originalidade narrativa.
36. b. De negativo, o crítico aponta-lhe um
estilo demasiado descritivo.
Estilo é telegráfico.
37. c. James Ellroy transporta os leitores
para um ambiente de submundo
corrupto e violento.
38. d. A ação decorre nos anos 60 em Los
Angeles.
Nos anos 50.
39. e. Neste livro, são os interesses de
alguns políticos que se sobrepõem às
forças sociais, fazendo delas verdadeiras
marionetas.
40. f. White Jazz - Noites Brancas, obra
publicada originalmente em 1992, é
considerada uma das melhores obras do
autor.
41. g. A personagem principal, o tenente
Dave Klein, é destacada para investigar
um assalto ligado ao carjaquim e ao
fernando por esticão.
Ligado ao narcotráfico e ao crime
desorganizado.
42.
43.
44.
45. Lusíadas (Anaquim)
Este é o nosso triste fado
Do vamos andando e do pobre coitado
Velha canção em que a culpa é do estado
Por ser o espelho do reinado
E a história por mais do que uma vez
Foi mais cruel que a de Pedro e Inês
Levou-nos o que tanta falta nos fez
Sem deixar razões ou porquês
46. Temos fuga ao fisco, estradas de alto risco
Temos valiosos costumes e tradições
Que eu não percebo, se nos maldizemos,
quais as razões?
Temos chico-espertos, burlas e protestos
Temos tantos motivos p’ra sorrir
Que eu nem imagino qual será a desculpa
que vem a seguir…
47. Gosto tanto deste país
Só não entendo o que o faz feliz
Se é rir da miséria de outros quando a vemos
Ou chorar da nossa própria quando a temos
Gosto tanto deste país
Só não entendo quando ele se diz
Senhor de um futuro maturo, duro, mas seguro
E eu juro que ainda não o vi
48. Os queixumes, sei-os de cor
Endereçados, a Nosso Senhor
Intercalados, com suspiro ou dor
De um bom sofredor.
Dentro de momentos, seguem-se os lamentos
Não há dinheiro p’rós medicamentos
Não há dinheiro p’ra tanto sustento
Tão longe vão outros tempos.
49. Gosto tanto deste país
Só não entendo o que o faz feliz
Se é rir da miséria de outros quando a vemos
Ou chorar da nossa própria quando a temos
Gosto tanto deste país
Só não entendo quando ele se diz
Senhor de um futuro maturo, duro mas seguro
Eu juro que ainda não o vi.
50.
51. Bocados de mim (Anaquim)
Eu gostava de ser dessas pessoas positivas que
andam pela vida cheias de planos para amanhã
Que dizem frases feitas mas têm suas próprias
manias
Que os outros gostam delas porque elas são
mesmo assim
Eu gostava que, no fundo, o mundo fosse simples
Que o dia fosse um barco e a noite fosse um cais
52. Se tudo fosse sim ou não para mim era mais fácil
e eu não tinha que magoar as pessoas [de] que
gosto mais
Eu gostava de ser mais ajuda para a família
de aprender a fazer bolos em casa da minha avó
Porque ela me quer lá e até faz alguns petiscos
com a minha mãe a ajudar para que ela não se
sinta só
Eu gostava de me lembrar mais de algumas coisas
que a vida foi levando em tratamento de choque
53. De me recordar de cheiros, de barulhos e dos
discos com que a minha irmã me ensinou a ser
alguém do rock
Mas ando pela vida feito placa de auto-estrada
que ensina o caminho aos outros mas pouco
sabe de si
Mas ando pela vida por ver andar meus amigos
e confesso que, por vê-los, nem me custa andar
aí
54. Eu gostava de ser qualquer coisa mais peculiar
como o blogue da Filipa e os textos que lá diz
Um assunto que tivesse algum efeito nas
pessoas, como os poemas da Inês ou as
anedotas do Luís
Eu gostava de me dedicar aos trocadilhos
que me fazem perder tempo e não fazem rir
ninguém
Porque há coisas que não são para rir, são só
para ter pinta, já dizia o meu pai e eu só agora
entendi bem
55. Mas ando pela vida cinzentão e esbatido,
sem ter a coragem de convidar gente para
dançar
Mas ando pela vida sem ter a lata do Hugo, que
é capaz de fazer tudo para a malta se animar
Eu gostava de saber explicar bem o que sinto,
não mentir como minto quando digo que estou
bem
Porque todos temos dores e para cheirar as
flores desbravamos os caminhos com a ajuda
de quem vem
56. Eu gostava de ser qualquer coisa mais bonita,
fosse o sorriso da Rita, fosse o carinho da Rute
De lutar cegamente por aquilo [em] que se acredita,
porque há lutas que se perdem mas precisam que
alguém lute
Mas ando pela vida às vezes sem ser sincero, isso
lá me vai pesando quando é hora de deitar
Finjo ser a pessoa que eu quero que os outros
gostem, e acabo a não ser nada [de] que valha a
pena gostar
57. São só bocados de mim, são só bocados de nós
São só bocados que eu, enfim, deixei ir na minha
voz
58.
59.
60. TPC — Põe em dia as noções de
gramática que demos este ano ou, pelo
menos, revimos. Relanceia folhas usadas
em aula, exercícios recomendados do
Caderno de Atividades, folhas de
gramática do manual e, em Gaveta de
Nuvens, páginas de gramática que fui
reproduzindo ou apresentações usadas
em aula.
61. O que se segue é um elenco de
objetivos que deves dominar (com
exemplos de itens). Podes usá-lo como
exercício de treino — porei as soluções em
Gaveta de Nuvens (ficam já aqui as
soluções). Nota que, para poder listar os
conteúdos, fui explicitando os termos a
usar nas respostas, mas convém que os
saibas também de cor.
62. Classifica os verbos (em função da frase
dada) como transitivos (diretos, indiretos,
diretos e indiretos), intransitivo,
transitivos predicativos, copulativos.
63. • Ontem, Van Persie marcou sete golos ao
Benfica. || transitivo direto e indireto
• Jesus continua arrogante. || copulativo
• O povo português elegeu Catarina Martins
chefe da oposição. || transitivo-
predicativo
• O Boavista renasceu. || intransitivo
• Larguei-a. || transitivo direto
• Ao longe, acenaste-me. || transitivo
indireto
64. Classifica o ato ilocutório em cada um dos
enunciados (assertivo, compromissivo,
expressivo, diretivo, declarativo). Se
houver algum ato indireto [vs. direto],
menciona-o.
65. • Como fico contente com o facto de teres tido boa
nota a Português! || expressivo
• A partir de agora farei sempre os tepecês. ||
compromissivo
• Não tenho dúvidas de que a Irondina votou no
PAN. || assertivo
• O candidato é aprovado com a classificação de
Muito Bom [dito por presidente do júri de um
exame]. || declarativo
• Tens lume? || diretivo (indireto [seria mais direto:
«Dá-me lume»])
66. Classifica o valor aspetual (imperfetivo,
perfetivo; pontual; habitual; iterativo;
genérico).
67. • Tem chuviscado todo o santo dia. ||
iterativo
• Estudei ontem toda a gramática que vai
sair. || perfetivo
• Ele anda a comer muito. || imperfetivo,
habitual
• Na infância, brincávamos às casinhas. ||
imperfetivo
• Teve um ataque fulminante. || perfetivo,
pontual
• A Adília é linda. || genérico
68. Classifica o valor temporal nos
enunciados (relativamente ao
enunciador): anterior, simultâneo,
posterior.
Classifica o valor temporal do verbo
sublinhado relativamente ao resto do
enunciado: anterior, simultâneo,
posterior.
69. • Estou a tirar macacos do nariz. ||
simultâneo
• Hoje à noite vou ao cinema. || posterior
• Estava a comer um chocolate
Belleville. || anterior
• Esteve no Estádio da Luz, mas passara
pelo Colombo. || anterior
• Às cinco fui ao jogo, mas ainda iria à
natação. || posterior
70. Classifica o valor modal (epistémico /
deôntico / apreciativo) as formas verbais
sublinhadas.
Classifica o valor modal (epistémico /
deôntico / apreciativo). Tenta especificar
ainda valores de possibilidade-
probabilidade, proibição-
permissão/imposição-obrigação.
71. • Os árbitros deviam apreciar os lances
com honestidade, mas o Benfica-
Sporting deste domingo deve dar mais
uma polémica. || deôntico / epistémico
• Pode vir aí uma trovoada. Se quiseres,
podes levar a minha gabardina. ||
epistémico (probabilidade-
possibilidade) / deôntico (permissão)
72. Classifica o tipo de mecanismo de
coesão textual realçado através do
sublinhado (frásica, interfrásica,
temporal, lexical, referencial).
73. • O Viriato gosta de bolos. É um rapaz guloso.
Aliás, os jovens portugueses deleitam-se
com a doçaria. || lexical
• Lia muitos livros, porque frequentava
bibliotecas e conhecia também diversos
alfarrabistas. || interfrásica
• Foi a Paris, mas já estivera na Holanda e
haveria de viajar até à Índia. || temporal
• O Félix viu-os e disse-lhes do que o trazia ali.
|| referencial
• A maioria dos deputados prefere um governo
estável à instabilidade. || frásica
74. Identifica os processos morfológicos de
formação de palavras (derivação — por
prefixação, sufixação, parassíntese —,
derivação não afixal, conversão;
composição — morfológica e
morfossintática).
75. • resgate (< resgatar) || derivação não afixal
• o olhar [nome] (< olhar [verbo]) || conversão
• bebé-proveta || composição morfossintática
• psicopata || composição morfológica
• tristemente || derivação por sufixação
• repor || derivação por prefixação
• amanhecer || derivação por parassíntese
76. Identifica os processos irregulares de
formação de palavras (extensão
semântica, empréstimo, amálgama, sigla,
acrónimo, truncação, onomatopeia).
77. • prof (< professor) || truncação
• ACA-M (‘Associação dos Cidadãos Auto-
Mobilizados’, dito [akαm]) || acrónimo
• AR (‘Assembleia da República’, dito a-erre) ||
sigla
• borbotixa (borboleta + lagartixa) || amálgama
• líder (< ingl. leader) || empréstimo
• leitor (‘aparelho que permite aceder a
documentos em DVD, CD, cassete, etc.’) ||
extensão semântica
• tilintar || onomatopeia