1. Expressões idiomáticas
A expressão idiomática (expressão popular ou idiomantismo) pode ser definida como uma uni-
dade sintática, lexicológica e semântica.
É um conjunto de palavras que se caracteriza por não ser possível identificar seu significado através
do sentido literal de seus termos individuais. Desta forma, em geral, é muito difícil ou mesmo impossível
traduzi-la para outras línguas, pois sua interpretação é captada globalmente, sem necessidade de compre-
ensão de cada uma das partes.
São usadas frequentemente: nas situações informais do dia a dia, no noticiário da televisão, em
anúncios dos jornais, no rádio, na tv, em discursos políticos, campanhas eleitorais, em filmes, em letras de
música, na literatura, etc. O uso de expressões idiomáticas não se restringe a um aspecto específico da vi-
da, nem a uma determinada camada social. São uma parte importante da comunicação informal, tanto
escrita como falada, e também são usadas no discurso e na correspondência formal. Tudo o que se pode
expressar usando expressões idiomáticas pode também ser transmitido por meio de frases convencionais.
O motivo que leva um falante ou um escritor a usar expressões idiomáticas é o desejo de acres-
centar à mensagem algo que a linguagem convencional não poderia suprir. Uma expressão idiomática
pode enriquecer uma frase, dando-lhe força ou sutileza, pode enfatizar a intensidade dos sentimentos de
alguém e pode ainda atenuar o impacto de uma declaração austera, com humor ou ironia. O uso que um fa-
lante faz das expressões idiomáticas determina o seu grau de domínio da língua, possibilitando-o expres-
sar-se de muitas maneiras.
As expressões idiomáticas muitas vezes estão associadas a gírias, jargões ou contextos culturais
específicos a certos grupos de pessoas que se distinguem pela classe, idade, região, profissão ou outro tipo
de afinidade. Muitas destas expressões têm existência curta ou ficam restritas ao grupo onde surgiram, en-
quanto algumas outras resistem ao tempo e acabam sendo usadas de forma mais abrangente, extrapolando
o contexto original. Neste último caso, a origem histórica do seu significado muitas vezes se perde de todo
ou fica limitada a um relativamente pequeno grupo de usuários da língua.
Observações
Expressão idiomática não se confunde com provérbio. Os provérvios, bem como as expressões idio-
máticas, são unidades codificadas, que denominam um conceito geral e têm um sentido convencional. O
provérbio exprime uma verdade geral, uma situação genérica, uma relação independente das situações
particulares. Este estatuto de frase genérica e verdade geral permite distingui-lo das frases idiomáticas. A
expressão idiomática atualiza-se no discurso. Por outro lado, a expressão idiomática não veicula uma moral,
uma verdade, mas descreve, complementa, torna mais expressiva uma determinada atribuição ao sujeito ou
a uma determinada situação.
Na língua inglesa, o termo "idiom" corresponde ao conceito de "expressão idiomática" em português.
Segundo o linguista John Saeed, um "idiom" pode ser definido como "um conjunto de palavras que se
tornou fixo, petrificado, através do tempo e do uso" . Essa justa-posição de palavras, originalmente usada
por um grupo determinado, altera a definição literal de cada palavra ali posicionada e cria um significado no-
vo e original, desta forma enriquecendo a linguagem. A importância dos "idioms" em inglês é às vezes ainda
maior que a das expressões idiomáticas no português, visto que o inglês tem carência, num certo sentido,
de certas palavras e expressões.
Deve-se observar que o termo idioma em português, significa uma língua (corrente ou extinta) fa-
lada por seres humanos e usada como instrumento de comunicação verbal e/ou escrita. Desta forma a pa-
lavra "idioma" não dever ser traduzida para o inglês por "idiom" e sim por "language".
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2. A tradução das expressões idiomáticas (intralíngua ou interlínguas) exige do tradutor um conhecimento
profundo da língua materna e da língua estrangeira. Traduzir não corresponde sempre a uma procura de
equivalentes linguísticos (no caso das expressões, tais equivalências raramente sugerem uma outra expres-
são) ... Traduzir expressões idiomáticas é ter em conta a especificidade de cada tipo de texto, mas também
a especificidade de cada língua, de cada povo, os seus usos e costumes, a sua expressividade.
Aquisição das expressões idiomáticas: na língua materna, as expressões idiomáticas adquirem-se no
contato direto com a língua, na socialização do indivíduo. Não existe uma aprendizagem deste tipo de
estruturas. No entanto, a partir dos cinco ou seis anos, as crianças começam a usar algumas expressões e,
a partir daí, continuarão a enriquecer o seu dicionário mental. Para a língua estrangeira, o processo será
idêntico às outras estruturas linguísticas, mas dificultado pela especificidade das expressões idiomáticas.
Como não existe emersão linguística e o sujeito não pode aprender estas estruturas pelo contato direto com
a língua, tem de recorrer ao processo de ensino/aprendizagem e armazenar no seu dicionário mental as tais
“palavras” plurais.
Expressões idiomáticas no Brasil e em Portugal
Abrir o coração desabafar; declarar-se sinceramente
Abrir o jogo denunciar; revelar detalhes
Abrir os olhos a alguém convencer, alertar
Agarrar com unhas e dentes não desistir de algo ou alguém facilmente
Andar feito barata tonta estar distraído
Armar-se até aos dentes estar preparado para uma qualquer situação
Arrancar cabelos desesperar-se
Arregaçar as mangas iniciar algo
Bater as botas morrer, falecer
Bater na mesma tecla insistir
Baixar a bola acalmar-se, ser mais comedido
Comprar gato por lebre ser enganado
Com o cu na mão estar com medo
Dar com o nariz na porta decepcionar-se, procurar e não encontrar
Dar o braço a torcer voltar atrás numa decisão
Dar com a língua nos dentes contar um segredo
Dar uma mãozinha ajudar
fazer algo contrariado; ser alvo de insultos / injustiças / contrariedades
Engolir sapos
sem reagir/revidar, acumulando ressentimento
Estar com a cabeça nas nuvens estar distraído.
Estar com a corda no pescoço estar ameaçado, sob pressão ou com problemas financeiros
Estar com a faca e o queijo na mão estar com poder ou condições para resolver algo
Estar com a pulga atrás da orelha estar desconfiado
Estar com aperto no coração estar angustiado
Estar com o pé atrás da porta/de pé estar desconfiado, cabreiro
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3. atrás
Estar com os pés para a cova/o pé
estar para morrer
na cova
Estar com uma pedra no sapato ter um problema por resolver
Estar de mãos a abanar/abanando não conseguir o que pretendia
Estar de mãos atadas não poder fazer nada
Fazer com uma perna às costas/de
fazer com muita facilidade
olhos fechados
Fazer tempestade em copo d'água transformar banalidade em tragédia
Fazer um negócio da China aproveitar grande oportunidade
Fazer vista grossa fingir que não viu, relevar, negligenciar
Feito nas coxas de qualquer modo, sem cuidado
Ficar à sombra da bananeira ficar despreocupado
Gritar a plenos pulmões gritar com toda a força
Ir desta para melhor morrer, falecer
Lavar roupa suja discutir assunto particular
Meter os pés pelas mãos agir desajeitadamente ou com pressa; confundir-se no raciocínio
Meter o rabo entre as pernas submeter-se
Onde Judas perdeu as botas lugar remoto
O gato comeu a língua diz-se de pessoa calada
Pendurar as chuteiras aposentar-se, desistir
Ir pentear macacos ir chatear outra pessoa
Pensar na morte da bezerra estar distraído/a
Perder as estribeiras desnortear-se
Pôr as barbas de molho precaver-se
Pôr as cartas na mesa/lançar os
expor os fatos
dados
Pôr mãos à obra trabalhar com afinco
Pôr os pontos/pingos nos ís esclarecer a situação detalhadamente
Procurar uma agulha num palheiro tentar algo quase impossível
Prometer mundos e fundos fazer promessas exageradas
Receber um balde de água fria inverter o entusiasmo em desilusão
Riscar do mapa fazer desaparecer
Sem pés nem cabeça sem lógica; sem sentido
Sentir dor de cotovelo sentir despeito amoroso
Sentir dor de corno sentir despeito amoroso
Segurar a vela estar sozinho/a com um casal
Ser um chato de galocha ser uma pessoa de comportamento desagradável
Ter macacos (ou macaquinhos) no ter ilusões, achar que algo muito improvável de acontecer é bastante
sótão possível
Tirar água do joelho urinar
Tirar o cavalo (ou cavalinho) da desistir com reluctância por motivo de força maior ou impedimento
chuva hierárquico
Trepar paredes estar desesperado
Trocar alhos por bogalhos confundir fatos e/ou histórias
Uma mão lava a outra (e as duas
entreajuda; trabalhar em equipe ou para o mesmo fim
lavam as orelhas)
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4. Virar casacas mudar de ideias facilmente; traídor
Voltar à vaca fria voltar ao assunto com que se iniciou uma conversa
Resolver um pepino solucionar um problema
Expressões idiomáticas usadas ou com origem no Brasil
Acertar na mosca acertar precisamente
Abotoar o paletó morrer
quando uma situação não resolvida acaba encerrada (especial mente
Acabar em pizza
em casos de corrupção quando ninguém é punido)
Acertar na lata (ou na mosca) acertar com precisão, adivinhar de primeira
A céu aberto ao ar livre
Achar (procurar) chifre em cabeça
procurar problemas onde não existem
de cavalo
Achar (procurar) pêlo em ovo buscar coisas impossíveis
A dar com pau em grande quantidade
Afogar o ganso fazer sexo (homem)
Agarrar com unhas e dentes agir de forma extrema para não perder algo ou alguém
Água que passarinho não bebe pinga, bebida alcóolica
ficar em descanso (folgado); Se comprometer (normalmente em relação
Amarrar o burro
a relacionamentos)
Amigo da onça falso amigo, amigo interesseiro ou traidor
Andar na linha estar elegante ou agir corretamente (ver também "perder a linha")
Andar nas nuvens estar desatento
Ao deus dará abandonado, sem rumo
Ao pé da letra literalmente
Aos trancos e barrancos de forma atabalhoada, desajeitada
Armado até os dentes exageradamente armado, preparado para uma situação
Amarrar a cara fechar a cara e ficar zangado
Armar um barraco criar confusão em público, discutindo ou brigando com alguém
Arrancar os cabelos entrar em desespero
Arrastar as asas (para alguém) enamorar-se, insinuar-se romanticamente para alguém
Arregaçar as mangas dar início a um trabalho ou atividade com afinco
Arrumar sarna para se coçar procurar por problemas
Até debaixo d'água em todas as circunstâncias
Babar ovo puxar o saco, idolatrar incondicionalmente
Bafo de onça mau hálito
Banho de água fria romper as espectativas de alguém, decepcionar, desiludir
Banho de gato lavar superficialmente as partes do corpo
Barata tonta perdido, desorientado, sem saber o que fazer
Barra pesada situação difícil, ou pessoa grosseira e violenta
Bate e volta ir e voltar a algum evento ou lugar rapidamente
Bater as botas morrer
Bater com as dez morrer
Bater na mesma tecla insistir demais no mesmo assunto
Bater papo conversar (informalmente)
Boca do inferno entrando em problemas sérios
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5. Bode expiatório aquele que leva a culpa no lugar de outro
expressão de encorajamento, para se seguir em frente mesmo frente a
Bola pra frente
adversidades
Bom de bico galanteador, que tenta convencer os outros na conversa
Borracho bêbado (ver Portugal)
Botar a boca no trombone revelar um segredo, tornar algo público
pular ou queimar etapas de forma inapropriada, geralmente
Botar o carro na frente dos bois
atrapalhando o andamento ou resolução de uma situação
fazer algo com extrema intensidade, em geral em sentido positivo;
Botar pra quebrar
similar a "mandar ver"
Briga de cachorro grande embate entre forças as quais se julga superiores
Briga de foice (no escuro) mulher feia
Cara de pau descarado, sem-vergonha
Colocar melancia na cabeça querer aparecer, se exibir
Comer água ato de sair para consumir bebida alcoólica (em grande quantidade)
Comer cru e quente ser apressado e pouco perfeccionista
Confundir alhos com bugalhos confundir ou misturar conceitos ou fatos
quando alguém fala sobre um assunto chato e não se deseja continuar a
Conversa com a minha mão
conversa
Chorar de barriga cheia reclamar sem motivo
Chutar o balde / Chutar o pau da
agir irresponsavelmente em relação a um problema
barraca
Dar bola (para alguém) insinuar-se romanticamente para alguém
Dar a volta por cima se recuperar
Dar com a cara na porta levar um fora, decepcionar-se, procurar e não encontrar
Dar com a língua nos dentes contar um segredo
Dar mancada descumprir promessa, relaxo, deslize
Dar pau na máquina dar urgência
Dar uma mãozinha dar uma pequena ajuda
Deixar na mão não colaborar, abandonar
Descascar o abacaxi resolver problema complicado
Estar com dor de cotovelo estar despeitado devido a uma decepção amorosa
Encher/entortar o caneco beber até cair
Enfiar o pé na jaca embriagar-se, cometer excessos, cometer um erro
Encher linguiça enrolar, preencher espaço com embromação
Estômago de avestruz aquele que come qualquer coisa
Ensacar fumaça fazer trabalho inútil
Entrar pelo cano se dar mal, ficar encrencado
Estar com a bola murcha estar sem ânimo
Estar com a corda toda estar animado, empolgado
Estar dando sopa estar inadvertidamente vulnerável
Estar no bico do corvo estar para morrer
Enxugar gelo insistir em um trabalho inútil
Fazer boca de siri manter segredo sobre algum assunto
Fazer nas coxas fazer sem cuidado
Ficar a ver navios ficar sem nada ou sem coisa alguma
Ficar de olho vigiar
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6. Ir catar coquinho ir fazer outra coisa
Ir para o espaço não funcionar, falhar, dar errado
Ir para o saco não funcionar, falhar, dar errado
Lavar as mãos não se envolver
Lavar a roupa suja acertar as diferenças com alguém
Levar chumbo/ferro/pau fracassar ou dar-se mal; sofrer violência
Levar toco ser dispensado(a) pela namorada(o)
ser descartado, desprezado, bloqueado ou impedido por alguém
Levar um fora
(sentimental)
Levar tudo por trás entender tudo de maneira pejorativa ou oposta
Malhar meter pau
Marcar touca distrair-se e perder uma oportunidade
Meter o dedo na ferida insistir em situação problemática
Molhar o biscoito fazer sexo (homem)
Mudar da água para o vinho mudar totalmente, mudar radicalmente
Mudar do saco para a mala mudar totalmente de assunto
Na mão do palhaço ver-se numa situação fora de controle
Não fazer bom cabelo não ouvir, não servir, não combinar bem
Onde Judas perdeu as botas lugar muito distante
expressão usada para menosprezar alguém ou estabelecer diferença de
O que vem debaixo não me atinge
nível entre os interlocutores
Pagar o pato ser responsabilizado por algo que não cometeu
Pé na jaca cometer excessos
Pendurar as chuteiras aposentar-se, desistir
Pensar na morte da bezerra distrair-se
Perder a linha perder a educação, perder a elegância
Pirar na batatinha pensar/imaginar ou propor coisa improvável ou impossível de acontecer
Pisar na bola/no tomate cometer deslize
Plantar bananeira colocar-se de cabeça para baixo
Pôr minhoca na cabeça criar ou refletir sobre problemas inexistentes
Procurar chifre em cabeça de
procurar significados ou imaginar problemas que não existem
cavalo/pêlo em ovo
Procurar sarna para se coçar se envolver em problemas sem necessidade
Quebrar o galho dar solução precária, improvisar
atrapalhar namoro, acompanhar um casal ou ser o único solteiro numa
Segurar vela
roda de casais
Sem pé nem cabeça confuso, sem sentido
Dar uma de João sem braço fazer-se de desentendido
Ser uma mala sem alça ser muito chato e difícil de ser tolerado
Ser uma mão na roda ajudar muito, ser prestativo
Ser uma pedra no sapato/no
ser um estorvo, atrapalhar
caminho
Soltar a franga desinibir-se (geralmente assumindo um lado feminino/alegre)
Tirar o cavalo da chuva desistir de algo ou alguém
Tomar um chega para lá ser descartado
Trocar as bolas atrapalhar-se, confundir-se
Trocar os pés pelas mãos agir desajeitadamente, com pressa
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7. Trocar seis por meia dúzia trocar uma coisa por outra que não vai fazer a menor diferença
Voltar à vaca fria retornar a um assunto inicial/principal numa discussão, após divagação
Tempestade em copo d'agua dar importancia muito grande a uma coisa muito pequena
Tirar de letra fazer algo com facilidade
Expressões idiomáticas com origem em Portugal
Acertar agulhas pôr-se de acordo ou combinar algo com alguém
Acordar com os pés de fora estar mal disposto logo pela manhã
Abrir o coração desabafar; declarar-se sinceramente
Abrir o jogo denunciar; revelar detalhes
Abrir os olhos a alguém convencer, alertar
À sombra da bananeira despreocupado
Agarrar com unhas e dentes não desistir de algo ou alguém facilmente.
Água pela barba situação desesperante
Aperto no coração estar angustiado
Aproveitar a boleia ir junto, já que vais, eu também vou
Armado até aos dentes estar preparado para uma qualquer situação
Arrancar cabelos desespero
Arregaçar as mangas iniciar algo
Balde de água fria desilusão
Barata tonta distraído/a
Bater as botas morrer, falecer
Bater na mesma tecla insistir
Baixar a bola acalmar-se; ser mais comedido
Cabeça de alho chocho distraído, esquecido
Cabeça nas nuvens distraído, alheio
Calinada pontapé na gramática, gafe, forma jocosa de se referir a erro ortográfico
Cair das nuvens voltar à realidade
Cara de caso estar preocupado
Cartas na mesa fatos expostos
Cabeça nas nuvens distraído
Coisas do arco da velha coisas insólitas
Comer como um abade comer muito, ser glutão
Comprar gato por lebre ser enganado
Cortar as vazas impedir algo ou alguém
Chatear o Camões ir chatear outra pessoa
Chorar sobre o leite derramado lamentar-se por algo que não tem solução/volta ou fato passado
Com a corda no pescoço ameaçado, sob pressão ou com problemas financeiros
Com a faca e o queijo na mão com poder ou condições para resolver algo
Com uma perna às costas sem dificuldade nenhuma
Dar com o nariz na porta decepcionar-se, procurar e não encontrar
Dados lançados fatos expostos
Dar o braço a torcer voltar atrás numa decisão ou opinião
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8. Dar com a língua nos dentes contar um segredo
Dar uma mãozinha ajudar
Dar troco dar conversa
Dar a volta ao bilhar grande ir chatear outra pessoa
De pedra e cal definitivo, para ficar
Descalçar a bota resolver um problema
Dor de cotovelo inveja
Dor de corno despeito amoroso
De olhos fechados sem dificuldade alguma
fazer algo contrariado; ser alvo de insultos/injustiças/contrariedades sem
Engolir sapos
reagir/revidar, acumulando ressentimento
Estar com os azeites estar aborrecido / chateado com algo
Estar de mãos a abanar não conseguir o que pretendia
Estar de mãos atadas não poder fazer nada
Estar de trombas estar aborrecido / chateado com algo; má cara
Estar-se nas tintas não querer saber, ser indiferente, ignorar deliberadamente
Encostar a roupa ao pêlo bater em alguém
Estar giro estar bonito, engraçado
Estar fixe estar muito bom
Estar feito ao bife estar em risco de ser tramado
Fazer um negócio da China aproveitar de grande oportunidade
Fazer vista grossa fingir que não viu; relevar; negligenciar
Fazer tempestade em copo
transformar banalidade em tragédia
d'água
Ficar a dizer: - Ó tio! Ó tio! ficar numa grande confusão que exige pedir a ajuda de alguém
Ficar para tia ficar solteira
Gritar a plenos pulmões gritar com toda a força
Ir desta para melhor morrer, falecer
Ir aos arames enervar-se, irritar-se
Lavar roupa suja discutir em público
Levar a peito tomar para si, transpor para o plano pessoal, ofender-se
Macaquinhos na cabeça dar ou ter motivos para a desconfiança
Meter os pés pelas mãos agir desajeitadamente ou com pressa; confundir-se no raciocínio
Meter o rabo entre as pernas submeter-se
Muitos anos a virar frangos muita experiência
Não bater bem da bola não estar bom da cabeça
Onde Judas perdeu as botas lugar remoto
O 1º milho é dos pardais diz-se a pessoa impaciente
O gato comeu a língua diz-se de pessoa calada
Paninhos quentes com todos os cuidados
Pão, pão, queijo, queijo diz-se daquilo que é muito simples
Papas na língua (não ter...) dizer o que se pensa sem receio
Passar a pente fino analisar ou escrutinar minuciosamente
diz-se do cuidado e silêncio que se tem (sobretudo com o caminhar) para
Pés de lã
não se ser percebido por outros
Pés para a cova estar para morrer
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9. Pendurar as botas aposentar-se, desistir
Pentear macacos ir chatear outra pessoa
Pensar na morte da bezerra estar distraído/a
Pedra no sapato problema por resolver
Pior que uma lesma enfurecido/a
Pôr a cabeça em água cansar, extinguir a paciência
Pôr a pata na poça fazer asneira
Pôr as barbas de molho precaver-se
Pôr mãos à obra trabalhar com afinco
Pôr os pontos nos ís esclarecer a situação detalhadamente
Pôr pulga atrás da orelha ficar desconfiado
Pôr-se a pau estar atento
Pregar uma peta enganar, mentir
Prometer mundos e fundos fazer promessas infundadas ou exageradas
Procurar uma agulha num
tentar algo impossível
palheiro
Rebeubéu, pardais ao ninho grande alvoroço
Riscar do mapa fazer desaparecer
Sacudir a água do capote livrar-se de problemas ou de acusações
Sem pés nem cabeça sem lógica; sem sentido
Segurar a vela estar sozinho/a com um casal
Ser um troca-tintas mudar de ideias facilmente; traídor
Ter a barriga a dar horas ter fome
Ter bicho carpinteiro estar irrequieto
Ter lata ser descarado
Ter macacos (ou macaquinhos) ter ilusões, achar que algo muito improvável de acontecer é bastante
no sótão possível
Tirar água do joelho urinar
Tirar o cavalo (ou cavalinho) da desistir com reluctância por motivo de força maior ou impedimento
chuva hierárquico
Trinta por uma linha fazer muita algazarra por uma ninharia
Trepar paredes estar desesperado
Trocar alhos por bogalhos confundir fatos e/ou histórias
Tocar ao bicho masturbar-se
Uma mão lava a outra (e as
entreajuda; trabalhar em equipa ou para o mesmo fim
duas lavam as orelhas)
Virar casacas mudar de ideias facilmente; traídor
Voltar à vaca fria voltar ao assunto com que se iniciou uma conversa
Expressões idiomáticas de origem histórica ou mitológica
As expressões idiomáticas estão presentes em todas as línguas e culturas e caracterizam-se por
não ser possível identificar seu significado apenas através do sentido literal das palavras que as compõem.
As religiões, mitologias e a própria história costumam representar ricas fontes para geração de ex-
pressões idiomáticas, que são preservadas através das gerações. Na cultura lusófona, muitas expressões
referem-se especialmente a episódios da mitologia greco-romana, das religiões judaica e cristã e da história
do mundo ocidental.
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10. Origem mitológica
O julgamento de Páris. Peter Paul Rubens.
trabalho de Sísifo - tarefa exaustiva, interminável e inútil.
Origem: Na mitologia grega, Sísifo, rei de Corinto, era considerado o mais astuto de todos os mortais. Após
ter provocado a ira de Zeus por denunciar o rapto da mortal Egina, Sísifo escapou algumas vezes de Tâ-
natos, o deus da Morte, através de engenhosos ardis. Muito depois Hermes logrou levá-lo ao Hades, onde
foi condenado, por toda a eternidade, a rolar até o cume de uma montanha uma grande pedra, que, ao
alcançar o topo, despenca novamente montanha abaixo.
esforço hercúleo ou titânico – esforço gigantesco, além (ou no limite) das possibilidades humanas.
Origem: Héracles (nome original grego) ou Hércules (nome romano) era um herói e semi-deus, filho de
Zeus e da mortal Alcmena e um importante personagem da mitologia greco-romana. Dotado de coragem e
força descomunais, participou de inúmeros episódios heróicos, destacando-se seus famosos doze traba-
lhos.
Os Titãs eram criaturas formidáveis, descendentes do Céu, Urano e da terra, Gaia e destacam-se entre os
seres que enfrentaram Zeus e os deuses olímpicos na sua ascensão ao poder. Dentre os mais famosos ti-
tãs (masculinos) e titânides (femininos), podem-se mencionar Atlas, Hipérion, Prometeu, Reia e Tétis.
bicho de sete cabeças – enorme ameaça ou dificuldade, requerendo grande coragem e/ou astúcia para
ser superada.
Origem: A expressão tem origem discutida, mas destacam-se duas interpretações. A primeira sustenta que
sua origem está na mitologia grega, mais precisamente na história da Hidra de Lerna, uma monstruosa
serpente com sete (ou nove) cabeças que se regeneravam mal eram cortadas e exalavam um vapor que
matava quem estivesse por perto. A morte da Hidra foi o segundo dos famosos doze trabalhos de Hércules.
De acordo com uma segunda teoria, a expressão seria uma referência à primeira das duas bestas do Apo-
calipse de São João, descrita como um monstro de sete cabeças e dez chifres.
calcanhar de Aquiles - ponto vulnerável, físico, moral ou intelectual.
Origem: Aquiles foi um semi-deus e herói da mitologia grega, considerado o maior guerreiro da Guerra de
Tróia e o personagem principal da Ilíada, de Homero. Quando Aquiles nasceu, sua mãe Tétis mergulhou
seu corpo no rio Estige para torná-lo imortal; ficou, no entanto, vulnerável no calcanhar, parte do corpo pelo
qual ela o segurava. No final da guerra contra Tróia, Aquiles foi efetivamente morto por uma flechada no
calcanhar, desferida por Páris, príncipe troiano.
toque de Midas - capacidade de enriquecimento fácil, que pode se voltar contra o beneficiado, como
castigo por sua ambição desmedida.
Origem: Midas foi um personagem da mitologia grega, rei da cidade frígia de Pessinus. Após ter libertado
Sileno, mestre e pai de criação do deus Dionísio, recebeu, como recompensa que ele próprio escolhera, o
dom de transformar qualquer coisa em ouro, pelo simples toque. Este dom mostrou-se trágico quando
Midas percebeu que nunca mais poderia comer nem beber nada. Desesperado, quase morrendo de fome,
Midas implorou a Dionísio que lhe retirasse o terrível dom.
leito de Procrusto - aplicação arbitrária de uma medida única; sujeição forçada à opinião ou vontade de
outrem.
Origem: Procrusto (ou Procusto) era um bandido da Ática, famoso pelas torturas que infligia aos viajantes a
que oferecia hospedagem, até que ficassem da medida de um leito de ferro que havia em sua casa. Se os
hóspedes fossem mais altos, ele os amputava; se eram mais baixos, eram esticados até atingirem o com-
primento correto. Ninguém sobrevivia, pois nunca uma vítima se ajustava exatamente ao tamanho da cama.
Mais tarde, foi morto por Teseu, que lhe aplicou seu próprio castigo. Curiosamente, a tradição rabínica
menciona que um dos crimes cometidos contra os forasteiros pelos habitantes de Sodoma era quase
idêntico ao de Procusto, dizendo respeito à cama de Sodoma (mitat s'dom) na qual os visitantes da cidade
eram obrigados a dormir.
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11. tomar a nuvem por Juno - iludir-se; tomar os desejos por realidade.
Após apiedar-se de uma punição aplicada ao vilão Íxion, criador de cavalos, Zeus convidou-o para um ban-
quete no Olimpo. Tendo-se embriagado pelo néctar, Íxion passou a assediar Hera (Juno, na mitologia
romana), a própria mulher de seu anfitrião. Ao perceber as intenções do visitante, Hera alertou o esposo a
respeito das intenções de seu convidado. Zeus, em lugar de irritar-se, achou divertida a situação, e para
testar seu hóspede, moldou uma nuvem na forma de sua própria esposa e deixou-a a sós com Íxion, que a
possuiu. Desse conúbio nasceu a raça dos Centauros, metade homens, metade cavalos. Como Íxion divul-
gou aos mortais que havia possuído a esposa de Zeus, este o fulminou com um raio e o lançou ao Tártaro,
onde foi preso a uma roda em chamas e condenado a nela girar pela eternidade.
pomo da discórdia - motivo principal de uma disputa; algo que dá motivo a uma grande desavença.
Origem: Ofendida por não tendo sido convidada para as núpcias de Tétis com Peleu, Éris, a deusa da
Discórdia, resolveu vingar-se lançando sobre a mesa do banquete uma maçã de ouro, com a inscrição
"Para a mais bela das deusas". As três deusas mais poderosas, Hera, Afrodite e Atena, imediatamente qui-
seram o troféu. Para se livrar da delicada situação, Zeus, o senhor do Olimpo, transferiu a decisão para
Páris, filho do rei Príamo, de Tróia, que havia demonstrado imparcialidade em uma disputa de touros contra
o deus Ares. Em troca da maçã de ouro, Atena ofereceu a Páris uma vitória gloriosa na guerra; Hera, o rei-
nado absoluto de toda a Europa e Ásia; Afrodite, o amor da mais bela mulher do mundo. Páris concedeu o
título a Afrodite e a deusa prometeu-lhe o amor da belissima Helena, casada com o rei de Esparta, Me-
nelau. Com a ajuda de Afrodite, Páris raptou Helena e levou-a para casar-se com ele em Tróia, evento que
provocou a célebre Guerra de Tróia.
profecia de Cassandra - profecia catastrófica, na qual ninguém acredita.
Origem: Cassandra era uma das filhas de Príamo, rei de Tróia, que recebera do deus Apolo a proposta de
ganhar o dom da profecia, em troca de entregar-se a ele. Cassandra aceitou a condição, mas depois de
receber o dom, esquivou-se a cumprir o combinado. Para vingar-se, Apolo manteve o dom, mas condenou-
a a uma completa falta de persuasão. Durante a guerra de Tróia, Cassandra por diversas vezes alerta os
troianos de perigos iminentes (sendo o último deles a armadilha do cavalo de Tróia), mas invariavelmente
não é ouvida. Após a guerra é levada como escrava e amante por Agamenon, chefe supremo dos exércitos
gregos.
presente de grego - presente ou oferta que traz prejuízo ou aborrecimentos a quem a recebe.
Origem: Após 10 anos de sítio, sem derrotar as defesas das muralhas de Tróia, os gregos, num estratage-
ma concebido por Odisseu, simularem terem desistido da guerra e embarcaram em seus navios, deixando
na praia um enorme cavalo de madeira, que os troianos levaram para o interior de sua cidade, como
símbolo de sua vitória. À noite, quando todos dormiam, os soldados gregos escondidos dentro do cavalo
saíram e abriram os portões da cidade. O exército grego pôde assim entrar em Tróia, conquistar a cidade,
destruí-la e incendiá-la.
voto de Minerva - voto de desempate, dado por uma autoridade superior.
Origem: Orestes era filho do rei grego Agamemnon, que foi assassindado por sua esposa, Clitemnestra e o
amante, Egisto, logo após ter retornado da guerra de Tróia. Revoltado, Orestes vingou a morte do pai ma-
tando Clitemnestra e Egisto. Segundo a tradição, aquele que cometesse um crime contra o próprio genos
era punido com a morte pelas terríveis Erínias, para as quais o matricídio era o mais grave e imperdoável de
todos os crimes. Sabendo do castigo que o esperava, Orestes apelou para o deus Apolo, que decidiu advo-
gar em seu favor, levando o julgamento para o Areópago. As Erínias foram as acusadoras e Palas Atená
(que corresponde à deusa romana Minerva), a presidente do julgamento. A votação, num júri formada por
doze cidadãos atenienses, terminou empatada. Atena, então, proferiu sua sentença decisiva, declarando
Orestes inocente.
espada de Dâmocles - perigo iminente, fruto da inveja e/ou da ambição pelo poder.
Origem: Dâmocles, cortesão e bajulador do rei Dionísio I de Siracusa, expressava constantemente sua
inveja pela sorte do tirano. Para dar-lhe uma lição, Dionísio combinou que lhe passaria o poder por um dia.
À noite, durante o banquete que o tirano lhe ofereceu, Dâmocles percebeu que sobre sua cabeça pendia a
espada do tirano, suspensa por um fio de cabelo. Com isso este lhe fez perceber que o poder está sempre
à mercê das mais perigosas ameaças.
cova de Caco - esconderijo de ladrões.
Origem: Caco era um célebre bandido da mitologia romana, metade homem e metade animal, filho do deus
do fogo, Vulcano. Caco vivia numa caverna sob o monte Aventino, onde guardava o fruto de seus roubos.
Certa feita, Hércules retornava para casa depois de haver roubado os bois de Gerião (um de seus famosos
doze trabalhos) e parou para descansar às margens do Tibre. Naquela noite, Caco roubou oito dos
melhores touros e novilhas do rebanho, arrastando-os pelas caudas para cobrir suas pegadas. Quando Hér-
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12. cules despertou, procurou em vão o gado perdido, mas, ao passar perto da cova de Caco, escutou uma das
novilhas mugir. Seguindo o som, Hércules encontrou Caco e o matou, recobrando assim o gado roubado.
caixa de Pandora - algo que gera forte curiosidade, mas que é melhor não ser revelado ou estudado.
Origem: Pandora foi a primeira mulher, forjada por Hefestos e Atena por orientação de Zeus, para punir a
raça humana, a quem Prometeu tinha acabado de dar o fogo roubado dos deuses. Pandora foi foi enviada a
Epimeteu, irmão de Prometeu, como um presente de Zeus. Prometeu alertou o irmão quanto ao perigo de
se aceitar o presente, mas Epimeteu ignorou a advertência e tomou Pandora como esposa. Pandora trou-
xera consigo uma pequena caixa de ouro (ou jarra, ou ânfora, de acordo com outras tradições), colocada
por Zeus em sua bagagem. Mal chegou à Terra, Pandora, movida por irresistível curiosidade, acabou abrin-
do a caixa, liberando assim todos os males que haveriam de afligir a humanidade dali em diante: a dor, o
sofrimento, a velhice, a doença, a miséria, a ambição, o ódio, a guerra, a loucura, a mentira, a paixão... No
fundo da caixa, restou apenas a esperança. A vingança de Zeus estava consumada.
Origem religiosa
paciência de Jó - paciência, tolerância ou resignação acima dos limites razoáveis.
Origem: Jó foi um personagem do Antigo Testamento, que viveu na terra de Uz, atual Iraque. Em função de
uma aposta entre Deus e o diabo, foi vítima de muito sofrimento (incluindo a perda de sua fortuna, da saúde
e de quase todos os parentes), para ver se ele mantinha sua fé a despeito de todas as adversidades. Ape-
sar de incitado pela mulher e amigos a amaldiçoar a Deus, Jó aguentou firme todas as provações. Ao final,
Deus o recompensou, devolvendo-lhe em dobro tudo o que perdera.
sabedoria salomônica - grande sabedoria, utilizada para governar com justiça e equidade.
Origem: Salomão, personagem bíblico, filho de Davi e terceiro rei de Israel, governou durante cerca de
quarenta anos e ficou conhecido como um sábio governante e um juiz justo e imparcial. Ficou especial-
mente notório seu julgamento do caso em que duas mães disputavam um bebê, onde distinguiu a falsa mãe
da verdadeira simulando dividir o bebê em dois e dar metade a cada uma.
Daniel na cova dos leões. Briton Rivière.
cova dos leões - enorme perigo, do qual só se pode escapar com grande fé e coragem.
Origem: Daniel, personagem do Antigo Testamento, um dos maiores exemplos de fidelidade e dedicação a
Deus, foi lançado a uma cova de leões por haver desrespeitado com suas orações um decreto de Dario, rei
dos Medos. Na manhã do dia seguinte, Dario foi até a entrada da cova e surpreendeu-se por encontrar
Daniel são e salvo, sem que os leões lhe tivessem feito qualquer mal. Questionado pelo rei, Daniel afirmou
que Deus havia enviado um anjo para protegê-lo, porque era inocente. Admirado com sua fé e com o poder
do deus de Israel, Dario libertou o profeta.
Madalena arrependida - alguém que se arrepende do passado e/ou muda radicalmente de estilo de vida.
Origem: Maria Madalena é um personagem do Novo Testamento, apresentada como uma das discípulas
mais devotas de Jesus Cristo. O Evangelho de Lucas, no Novo Testamento, cita: "Maria, chamada Mada-
lena, da qual saíram sete demônios" (Os sete pecados capitais: Luxuria, Ódio, Cobiça, Avareza Orgulho,
Gula, Preguiça). Apesar de não haver qualquer fundamento bíblico para considerá-la como uma prostituta
arrependida dos pecados e que pediu perdão a Cristo, esta é a versão que vulgarmente ficou disseminada.
lavar as mãos - eximir-se de responsabilidade.
Origem: Pôncio Pilatos era prefeito (praefectus) da província romana da Judéia na época da pregação de
Jesus Cristo. Quando o Sinédrio judaico lhe enviou Jesus para execução, Pilatos, por não ter nele encon-
trado nenhuma culpa, ficou hesitante e tentou livrá-lo da morte, mas o povo de Jerusalém preferiu salvar
Barrabás. Pilatos então, após lavar as próprias mãos, em sinal de renúncia de qualquer responsabilidade,
condenou Jesus a morrer na cruz.
onde Judas perdeu as botas - lugar distante ou inacessível.
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13. Origem: Após trair Jesus e receber seus 30 dinheiros, Judas Iscariotes, imerso em depressão e culpa, de-
cidiu suicidar-se por enforcamento. Acontece que ele se matou sem as botas e os 30 dinheiros não foram
encontrados com ele. Os soldados saíram em busca das botas de Judas, onde provavelmente estaria o di-
nheiro. Nunca saberemos se acharam ou não as botas e o dinheiro, mas a expressão atravessou os sé-
culos.
Origem histórica (ou pseudo-histórica)
estilo lacônico - modo breve ou conciso de falar ou de escrever.
Origem: O autodomínio, a sobriedade e a concisão eram algumas das características mais valorizadas pela
sociedade de Esparta, cidade grega da região da Lacônia, situada na península do Peloponeso.
amor platônico - relação afetuosa que exclui a atração sexual.
Origem: O termo amor platônico foi utilizado pela primeira vez no século XV, pelo filósofo neoplatônico
Marsilio Ficino, como um sinônimo de amor socrático. Ambas as expressões significam um amor centrado
na beleza do caráter e na inteligência de uma pessoa, em vez de em seus atributos físicos, e se remetem
ao laço especial de afeto entre dois homens a que o filósofo grego Platão tinha se referido em seu diálogo
O Banquete, exemplificando-o com o afeto que havia entre Sócrates e seus discípulos homens, em parti-
cular Alcibíades.
ir além das sandálias - dar palpite em assunto que não seja de sua especialidade.
Origem: O escritor latino Plínio menciona que Apeles, célebre pintor grego que viveu na Jônia no século IV
a.C., tinha o costume de exibir suas novas obras na porta de seu ateliê e esconder-se para ouvir os co-
mentários dos passantes. Quando um sapateiro comentou sobre um engano técnico que encontrou numa
sandália pintada em um dos seus quadros, Apeles fez a correção naquela mesma noite. Na manhã seguin-
te, vaidoso por perceber que o pintor havia considerado seu comentário, o sapateiro começou a criticar a
forma com que Apeles havia pintado uma perna. Apeles saiu então imediatamente de seu esconderijo e
exclamou "Ne sutor ultra crepidam": "Não vá o sapateiro além das sandálias".
Diógenes. John William Waterhouse.
atitude cínica - comportamento hipócrita, descarado, despudorado, insensível
Origem: O Cinismo foi uma corrente filosófica grega fundada por Antístenes, discípulo de Sócrates, e cujo
maior nome foi Diógenes de Sínope. Pelo fato de que a corrente pregava o desapego aos bens materiais e
externos, assim como o mesprezo pelo sofrimento, a doença e a morte, tanto dos outros quanto de si pró-
prio (preocupações das quais os cínicos desejavam libertar-se), o termo cínico passou à posteridade com
uma conotação destorcida e pejorativa, por influência dos detratores da corrente.
nó górdio – fulcro da questão; cerne de um problema complexo, resolvido de maneira simples e eficaz.
Origem: Alexandre, o Grande, a caminho da Ásia Menor, escutou uma lenda que afirmava que quem desa-
tasse um dificílimo nó, amarrado por Górdio, antigo rei da Frígia, dominaria toda a região. Após bastante re-
fletir, Alexandre desembainhou sua espada e cortou o nó. Poucos anos depois Alexandre se tornou se-nhor
da Ásia Menor.
vitória de Pirro ou vitória pírrica - uma vitória obtida a alto preço, causando prejuízos irreparáveis.
Origem: Pirro, rei do Épiro e da Macedônia, era o general que comandou o exército grego, na campanha
pelo controle da Magna Grécia. Após ter vencido a Batalha de Ásculo contra os romanos, em 279 a.C., com
um número considerável de baixas, e ao ser parabenizado pela vitória, teria dito: "Mais uma vitória como es-
ta, estou perdido".
queimar as naus, queimar os navios ou queimar as caravelas - seguir em frente, com confiança abso-
luta na vitória final.
Origem: Agátocles, tirano de Siracusa, após o desembarcarque nas costas da África, numa expedição marí-
tima contra os cartagineses, mandou queimar todos os próprios navios e marchou contra Cartago, onde
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14. alcançou a vitória. Fez isso para anular qualquer possibilidade de fuga ou recuo, pois sem os navios seria
impossível voltar atrás.
Conta-se que o mesmo estratagema foi utilizado por Menelau, Régulo, Juliano, Guilherme o conquistador e
ainda por Cortez, no México.
ficar para as calendas gregas - ser agendado ou transferido para uma data que jamais ocorrerá.
Origem: As calendas eram o primeiro dia do mês romano, onde estes habitualmente realizavam seus paga-
mentos. Ad calendas græcas é uma expressão latina que indica algo que jamais ocorrerá, pois as calendas
eram inexistentes no calendário grego.
erro crasso - falha grosseira de planejamento, com consequências trágicas.
Origem: Marco Licínio Crasso era um aristocrata, general e político romano, que comandou a vitória da
batalha da Porta Collina e esmagou a revolta dos escravos liderada por Espártaco. Em campanha contra os
partos, porém, apesar da enorme superioridade numérica de seu exército, sofreu uma derrota fragorosa na
batalha de Carras, em 53 a.C., em função de uma série de falhas táticas grosseiras. Mais de 20.000 solda-
dos perderam a vida e cerca de 10.000 foram feitos prisioneiros; a cabeça e a mão direita de Crasso foram
levadas ao rei parto, Orodes II.
ai dos vencidos! - aos vencidos não resta senão resignar-se.
Origem: Breno, foi um chefe celta que liderou o exército gaulês em 390 a.C., capturando e saqueando a ci-
dade de Roma, após ter batido os romanos na batalha de Allia. Após um longo cerco, os romanos concor-
daram em pagar um pesado resgate em ouro para libertar a cidade. Durante a pesagem do resgate, de
acordo com a lenda, os romanos reclamaram contra o uso de pesos falsos. Breno atirou então a sua espa-
da ao prato da balança, pronunciando a frase "Vae victis!", que significa "Ai dos vencidos!"
agir como um vândalo - destruir ou depredar bens públicos por revolta ou simples prazer da destruição.
Origem: A tribo germânica oriental dos Vândalos, procedente da Escandinávia, penetrou no Império Roma-
no durante o século V, estabelecendo-se no norte da África, com base na cidade de Cartago. Em 455 os
vândalos invadiram Roma, saqueando-a e destruindo edificações, monumentos, tesouros religiosos e obras
de arte, que se perderam para sempre.
Inês é morta - expressão utilizada, no sentido de “agora é tarde”, em relação a uma providência tomada
atrasadamente.
Origem: Inês de Castro uma nobre galega do século XIV, foi amante do futuro rei Pedro I de Portugal, de
quem teve quatro filhos, para escândalo da corte e do próprio povo. Foi executada às ordens do pai deste,
Afonso IV, tendo sido sua morte cantada por Camões, António Ferreira, João de Barros e muitos outros. Pe-
dro só foi reconhecer que havia se casado secretamente com Inês, para dar legitimidade aos filhos, 5 anos
mais tarde, quando já era Rei de Portugal. Em referência a esta decisão tardia, tornou-se popular a expres-
são “É tarde. Inês é morta”.
casa da Mãe Joana - lugar bagunçado, onde todos podem entrar, sem maiores cerimônias.
Origem: Joana I de Nápoles, rainha de Nápoles e condessa de Provença no século XIV, foi acusada de
participar do assassinato do marido e precisou passar um tempo refugiada em Avignon. Durante este
período aprovou um decreto que regulamentava os bordéis da cidade, incluindo um artigo que dizia: "- et
que siegs une porto... dou todas las gens entraron." Ou seja, ... e que tenha uma porta por onde todas as
pessoas possam entrar.
Colombo quebrando o ovo. William Hogarth.
ovo de Colombo - solução aparentemente fácil e óbvia, mas que não ocorreu a ninguém anteriormente.
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15. Origem: Num banquete na casa do cardeal Ximenes, ao ouvir o comentário de que para descobrir a
América bastava ter pensado nisso, Cristóvão Colombo desafiou os presentes a colocarem um ovo em pé
sobre uma das extremidades. Como ninguém conseguiu, Colombo bateu ligeiramente a ponto do ovo na
mesa e assim o colocou em equilíbrio estável. Todos retrucaram que assim também o fariam. Sem dúvida,
retrucou Colombo, mas era preciso pensar isso, e ninguém o fez, senão eu.
tempo de D. João Charuto - tempo muito antigo.
Origem: Tempo muito antigo, de Dom João VI, quando iniciou-se a fabricação de charutos no Brasil.
entregar a carta a Garcia - ter iniciativa, espírito empreendedor e capacidade para cumprir difíceis
missões.
Origem: Expressão originada num episódio ocorrido durante a Guerra Hispano-Americana. Quando se ini-
ciou a guerra, o Presidente dos Estados Unidos, William McKinley, teve necessidade de comunicar rapi-
damente com o comandante dos rebeldes cubanos, o General Garcia, que se encontrava nas montanhas
de Cuba. Na impossibilidade de se comunicar por correio ou telégrafo, McKinley mandou chamar um jovem
militar chamado Rowan e deu-lhe uma carta para entregar a Garcia. Rowan, sem nem perguntar onde esta-
va o General, guardou a carta numa bolsa impermeável junto ao coração e em apenas três semanas, após
várias aventuras, entregou a carta a Garcia e saiu pelo outro lado da ilha.
até aí morreu Neves - expressão idiomática que significa “isto já sei, quero novidades”.
Origem: Joaquim Pereira Neves, assessor do Regente Feijó e governador do Rio Grande do Norte, foi
morto barbaramente pelos índios. Como durante muito tempo não se falava de outro assunto no Rio de
Janeiro, a população da capital, entediada, começou a usar a expressão "até ai morreu o Neves", com o
significado de “já sei disto tudo, quero novas notícias”.
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