SlideShare a Scribd company logo
1 of 5
Download to read offline
Anestesia em Paciente com Síndrome de Gilbert.
Relato de Caso *
Anesthesia in a Patient with Gilbert’s Syndrome. Case Report
Fabiano Timbó Barbosa, TSA 1
; Silvio Marcos Lima dos Santos 2
; Joaquim Sávio Menezes Batista da Costa 2
;
Ronaldson Correia Bernardo 2
RESUMO
Barbosa FT, Santos SML, Costa JSMB, Bernardo RC - Aneste-
sia em Paciente com Síndrome de Gilbert. Relato de Caso
JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: A síndrome de Gilbert é uma
doença crônica benigna, a qual leva à icterícia recorrente com
grande aumento da bilirrubina não conjugada, que pode levar à
toxicidade após o uso de medicações utilizadas na prática
diária. O objetivo deste relato é descrever a conduta
anestésica em uma paciente com síndrome de Gilbert,
submetida à cirurgia videolaparoscópica.
RELATO DO CASO: Paciente do sexo feminino, com 22 anos,
portadora da síndrome de Gilbert, submetida à cirurgia
videolaparoscópica sob anestesia geral com propofol,
alfentanil, succinilcolina, atracúrio e isoflurano. Não houve
sinais de toxicidade durante a anestesia. A paciente
apresentou recuperação pós-operatória sem intercorrências e
recebeu alta hospitalar após três dias.
CONCLUSÕES: O paciente portador da síndrome de Gilbert
pode ser submetido à anestesia geral de forma segura sem o
aparecimento de toxicidade desde que sejam evitados os
fatores que possam levar à diminuição da atividade da
glicuroniltransferase.
Unitermos: CIRURGIA, Videolaparoscópica; DOENÇAS: sín-
drome de Gilbert
SUMMARY
Barbosa FT, Santos SML, Costa JSMB, Bernardo RC - Anesthe-
sia in a Patient with Gilbert’s Syndrome. Case Report
BACKGROUND AND OBJECTIVES: Gilbert’s syndrome is a
chronic benign disease leading to recurrent jaundice and major
unconjugated bilirubin increase that may be toxic after the use
of routine medication. This report aimed at describing the anes-
thetic approach in Gilbert’s syndrome patient submitted to
videolaparoscopic surgery.
CASE REPORT: Female patient, 22 years old with Gilbert’s
syndrome, submitted to videolaparoscopic surgery under gen-
eral anesthesia with propofol, alfentanil, succinylcholine,
atracurium and isoflurane. There were no evidences of toxicity
during anesthesia. Postoperative recovery was satisfactory
and patient was discharged three days later.
CONCLUSIONS: Gilbert’s syndrome patients may be safely
submitted to general anesthesia without toxicity, provided fac-
tors leading to glucuronosyltransferase activity decrease are
avoided.
Key Words: DISEASES: Gilbert’s syndrome; SURGERY, Video-
laparoscopic
INTRODUÇÃO
Asíndrome de Gilbert é uma condição crônica benigna
caracterizada pelo aumento da bilirrubina indireta que
se manifesta clinicamente como icterícia, podendo ocorrer
antes, durante ou após o ato anestésico.
Os pacientes apresentam-se ictéricos quando submetidos à
estresse ou exercícios, durante a fase de sangramento ativo
do ciclo menstrual ou quando permanecem em jejum 1
, tendo
uma prevalência estimada de 6% na população em geral 2
.
Ocorre com mais freqüência no sexo masculino 1-3
.
Abilirrubina tem origem a partir do catabolismo do anel heme
o qual pode provir das hemoglobinas envelhecidas, dos eri-
trócitos da medula óssea por eritropoese ineficaz ou das he-
moproteínas, principalmente as hepáticas 3
. Após a capta-
ção pelo sistema retículo-endotelial 3
, a heme-oxigenase
quebra a hemoglobina em biliverdina, monóxido de carbono
e ferro 4
. A biliverdina-redutase converte a biliverdina em bi-
lirrubina 4
numa taxa de 4 mg/kg/dia 3
. Esta bilirrubina é lipos-
solúvel e apolar, podendo ligar-se a albumina e sua fração li-
vre atravessar a barreira hematoencefálica 3
. Ligada à albu-
mina, ela é levada ao fígado onde sofre conjugação com o
ácido glicurônico tornando-se hidrossolúvel e polar.
Denomina-se icterícia ao quadro clínico caracterizado pela
coloração amarelada da pele, mucosa ou esclera dos olhos,
quando a bilirrubina está acima de 2,5 a 3 mg/dl 3
.
Mulheres grávidas ou em uso de contraceptivos orais desen-
volvem menos icterícia, pois, nestas condições ocorre indu-
ção hepática de glicuroniltransferase 2
.
O diagnóstico da síndrome pode ser feito, observando-se a
história familiar, a duração da doença, a ausência de outras
doenças hepáticas que justifiquem a icterícia e o apareci-
mento desta pelos fatores predisponentes, como: jejum,
menstruação, estresse e exercícios 1
. O diagnóstico pode
ser confirmado pela melhora do quadro de icterícia após o
Revista Brasileira de Anestesiologia 399
Vol. 54, Nº 3, Maio - Junho, 2004
* Recebido da (Received from) Santa Casa de Misericórdia de Maceió,
AL
1. Professor de Farmacologia do Centro de Ensino Superior de Maceió;
Anestesiologista da Santa Casa de Misericórdia de Maceió
2. Anestesiologista da Santa Casa de Misericórdia de Maceió
Apresentado (Submitted) em 10 de junho de 2003
Aceito (Accepted) para publicação em 14 de agosto de 2003
Endereço para correspondência (Correspondence to)
Dr. Fabiano Timbó Barbosa
Rua Comendador Palmeira, 113/202 Farol
57051-150 Maceió, AL
E-mail: fabianotimbo@yahoo.com.br
Ó Sociedade Brasileira de Anestesiologia, 2004
INFORMAÇÃO CLÍNICA
CLINICAL REPORT
Rev Bras Anestesiol
2004; 54: 3: 399 - 403
uso de fenobarbital e pela piora após o uso de ácido nicotíni-
co por via venosa 1
.
O objetivo deste relato é apresentar um caso de uma pacien-
te com síndrome de Gilbert submetida à anestesia geral para
correção videolaparoscópica de refluxo gastroesofágico.
RELATO DO CASO
Paciente com 22 anos, sexo feminino, branca, 49 kg, com di-
agnóstico de síndrome de Gilbert desde os 12 anos de idade.
Foi admitida para correção de refluxo gastroesofágico por vi-
deolaparoscopia. Referiu nos antecedentes pessoais que
apresenta-se ictérica após jejum prolongado, após períodos
de insônia e durante a fase de sangramento ativo do ciclo
menstrual. Não apresentava resolução de episódios de
vômitos com o uso de metoclopramida.
Acondutapré-anestésicaconstoudejejumdeoitohorascom
marcação da cirurgia para o primeiro horário da manhã, não
sendo prescrita medicação pré-anestésica.
Na sala de cirurgia foi feita monitorização com cardioscópio,
oximetria de pulso, pressão arterial não invasiva e capnogra-
fia, a qual só foi instituída após a intubação orotraqueal. Foi
realizada venóclise com cateter 20G, infusão de solução gli-
cosada a 5%, administração de omeprazol (40 mg) e ondan-
setron (4 mg), por via venosa. A anestesia geral balanceada
foi iniciada 30 minutos após o uso dos farmácos citados. Foi
realizada indução venosa com seqüência rápida e manobra
de Sellick com propofol (150 mg), succinilcolina (50 mg) e al-
fentanil (2500 µg). A intubação traqueal se processou facil-
mente com tubo 6,5 mm de diâmetro com balonete, sem evi-
dências de intercorrências no trato respiratório. Foi instituí-
da ventilação mecânica controlada e mantida durante todo o
procedimento. A manutenção foi realizada com solução de
Ringer com lactato (10 ml.kg-1
.h-1
), isoflurano, oxigênio 1
l.min-1
, atracúrio (25 mg) com repetição de metade da dose a
cada trinta minutos até o término da cirurgia. Trinta minutos
antes do término foram administrados cetoprofeno (100 mg)
e dexametasona (10 mg). Após a extubação traqueal foi ad-
ministrada nalbufina (10 mg) por via venosa para analgesia
pós-operatória.
Oprocedimentocirúrgicoteveduraçãode120minutoseare-
cuperaçãodoestágioIIdaanestesiaocorreunasaladecirur-
gia.
O despertar foi tranqüilo e sem intercorrências, sendo a paci-
ente encaminhada para o quarto, recebendo alta hospitalar
no terceiro dia do pós-operatório sem complicações.
DISCUSSÃO
Oconjuntodereaçõesbioquímicasquetornaasdrogaspola-
res, hidrossolúveis e de mais fácil eliminação é chamado de
biotransformação ou metabolismo. Este processo é possível
devidoaexistênciadas enzimas, sendoofígadooórgãocen-
tral deste processo.
Durante o processo de metabolização, o fígado consegue
adicionaraogrupofuncionaldasdrogas, algumassubstânci-
as endógenas como o ácido glicurônico 5,6
, formando os gli-
curonídios. Aenzima responsável por esta reação é conheci-
da como glicuroniltransferase. Estes glicuronídios são facil-
mente eliminados pelo rim, evitando assim a sobredose de
medicamentos que poderia levar à toxicidade e à morte.
Como na síndrome de Gilbert a atividade da glicuroniltrans-
ferase é baixa 7
, e sendo necessária para eliminação de algu-
mas drogas, há o risco de toxicidade durante o ato anestési-
co com possibilidade de final catastrófico.
É importante para o anestesiologista saber as condições que
podemlevaràdiminuiçãodaatividadedaglicuroniltransfera-
se no paciente com síndrome de Gilbert que será submetido
à anestesia para impedir o aparecimento de toxicidade in-
tra-operatória. São elas: jejum, sangramento ativo do ciclo
menstrual, infecções e outras condições que possam levar
ao estresse.
Aconselha-se para o paciente com síndrome de Gilbert, que
a cirurgia seja realizada no primeiro período da manhã para
diminuir o tempo de jejum e o estresse da espera, infusão de
glicose prévia à cirurgia 2
, fazer consulta prévia com aneste-
siologista, evitar cirurgia durante a fase de sangramento ati-
vo do ciclo menstrual e garantir boa analgesia para o período
pós-operatório.
Em nosso serviço, é rotina internar o paciente no dia da cirur-
gia, uma vez que o contato com os familiares pode reduzir o
estresse pré-operatório, o tempo de permanência no ambi-
ente hospitalar e a necessidade de medicação pré-anestési-
ca. Não foi prescrita a medicação domiciliar, já que esta po-
deria, além de dificultar o transporte da paciente ao hospital,
levar ao aparecimento de reações adversas fora do
ambiente hospitalar.
A infusão de glicose, neste caso, foi realizada antes do ato
operatório, para evitar fator desencadeante à icterícia, e não
mantida durante o mesmo, pois já está bem definido na litera-
tura que o ato cirúrgico representa momento de grande es-
tresse, que tem como resposta neuroendócrina-metabólica
a elevação da glicemia. Se a resposta ao estresse fosse abo-
lida, o lactato administrado no ato operatório poderia se con-
verteremglicosepelaviadagliconeogêneseatravésdociclo
de Cori 8
. Quando há risco de hipoglicemia, justifica-se o uso
deglicoseintra-operatória,comodiabetemelito,nutriçãopa-
renteral prolongada, neonatologia, jejum maior que 24 ho-
ras, desnutrição, disfunção hepática e operações após gran-
des traumas físicos 8
.
A síndrome de aspiração do conteúdo gástrico foi descrita
por Mendelson, em 1946, como sendo a presença do conteú-
do gástrico na árvore pulmonar 9
. Quando o volume é maior
que 25 ml e o pH é menor que 2,5 pode ocorrer lesão pulmo-
narcompossibilidadedeóbito.Essacomplicaçãopodeocor-
rer em gestantes e em pacientes alcoolizados, comatosos,
convulsivos, obesos, com refluxo gastroesofágico ou com
hérnia hiatal 9
. Para diminuir este risco, optou-se por indução
com seqüência rápida 10
e uso de bloqueador da bomba de
prótons associado ao ondansetron. Para indução com se-
qüência rápida, optou-se pela succinilcolina, pois sua ação é
400 Revista Brasileira de Anestesiologia
Vol. 54, Nº 3, Maio - Junho, 2004
BARBOSA, SANTOS, COSTA E COL
rápida, possibilitando condições para rápida intubação
traqueal, e fugaz, permitindo recuperação da atividade
muscular em caso de falha.
O halotano não foi usado durante a anestesia por ser haloge-
nado de grande metabolização hepática, chegando até a
20% 11
, e por ter potencial para icterícia pós-operatória. Este
halogenado pode causar dois tipos de disfunção hepática
que são classificadas em: Tipos I e II. No tipo I, a disfunção é
leve, transitória e resolve-se espontaneamente, podendo
ocorrer em até 20% dos pacientes 11
. No tipo II, a disfunção é
maisraraedeve-seàpresençadeanticorpososquaisapare-
cem após exposições repetidas e podem levar à grave dis-
funçãohepáticacom icteríciaentre2e15dias após aaneste-
sia geral 10
. O isoflurano possui metabolização hepática de
0,2% 12
. Todos os agentes voláteis reduzem o fluxo sangüí-
neohepáticoportaleestadiminuiçãoémáximacom ohalota-
no e mínima com o isoflurano 4
. O isoflurano é o anestésico
volátil considerado mais adequado para pacientes com dis-
função hepática 12
.
Para esta síndrome também se pode considerar a possibili-
dade de anestesia geral venosa, porém algumas observa-
ções devem ser consideradas: o tiopental e a cetamina alte-
ram as provas de função hepática conforme as doses utiliza-
das 12
podendo complicar pesquisa pós-operatória de icterí-
cia; o etomidato pode levar à insuficiência de supra-renal por
inibição das enzimas 17 alfa-hidroxilase e 11 beta-hidroxila-
se com inibição da síntese de cortisol, aldosterona, 17-hidro-
xiprogesterona e corticosterona 13
. Estas drogas devem ser
evitadas. Deve-se dar preferência ao propofol e ao remifen-
tanil. O propofol possui depuração mais alta que o fluxo san-
güíneo hepático, sugerindo uma via extra-hepática de elimi-
nação 13
. O remifentanil é um éster que é degradado por este-
rases plasmáticas e teciduais 14
, evitando prejuízo da função
hepática.
São causas de icterícia pós-operatória: grandes hemato-
mas, transfusão, doença hepática subjacente, lesão isquê-
mica ou hipóxica, lesão induzida por substâncias, colestase
intra-hepática, colecistite e pancreatite pós-operatórias,
cálculo retido no ducto biliar comum e síndrome de Gilbert 4
.
As causas mais comuns são: produção excessiva de bilirru-
bina por reabsorção de um grande hematoma e a clivagem
eritrocitária após a transfusão 4,12
. Recomenda-se a pesqui-
sa de todas as causas de icterícia pós-operatória, quando
ocorrer seu aparecimento.
O paciente portador da síndrome de Gilbert pode ser subme-
tido à anestesia geral de forma segura sem o aparecimento
de toxicidade, desde que sejam evitados os fatores que pos-
samlevaràdiminuiçãodaatividadedaglicuroniltransferase.
Anesthesia in a Patient with Gilbert’s
Syndrome. Case Report
Fabiano Timbó Barbosa, TSA, M.D.; Silvio Marcos Lima dos
Santos, M.D.; Joaquim Sávio Menezes Batista da Costa,
M.D.; Ronaldson Correia Bernardo, M.D.
INTRODUCTION
Gilbert’ssyndromeisachronicbenigndiseasecharacterized
by increased indirect bilirubin and clinically manifested as
jaundice, which may appear before, during or after anesthe-
sia.
Patients have jaundice when submitted to stress or exer-
cises, during active menstrual cycle bleeding or when fasting
1
. The incidence of this disease is estimated in 6% of general
population 2
, being more frequent in males 1-3
.
Bilirubin is originated as from heme ring catabolism which
may come from aged hemoglobins, bone marrow erythro-
cytes by ineffective erythropoiesis, or from blood proteins,
especially liver blood proteins 3
. After being uptaken by the
reticuloendothelial system 3
, heme-oxygenase breaks down
hemoglobin in biliverdin, carbon monoxide and iron 4
.
Biliverdin-reductase converts biliverdin into bilirubin 4
at a
rateof 4mg/kg/day3
. Thisbilirubinisliposolubleandapolar. It
may bind to albumin and its free fraction may cross
blood-brain barrier 3
. Bound to albumin, it is taken to the liver
where it suffers conjugation with glycuronic acid becoming
hydrosoluble and polar.
Jaundice is a clinical presentation characterized byyellowish
skin,mucosaoreyes,whenbilirubinisabove2.5to3mg/dL3
.
Pregnant women or those under oral contraceptives develop
less jaundice because in such conditions there is liver
glucuronosyltransferase induction 2
.
Syndromemaybediagnosedbyfamilyhistory,durationofthe
disease, lack of other liver diseases justifying jaundice, and
jaundice triggered by predisposing factors, such as fasting,
menstruation, stress and exercises 1
. Diagnosis may be con-
firmed by jaundice improvement after fenobarbital and wors-
ening after intravenous nicotinic acid 1
.
This report aimed at presenting the case of Gilbert’s syn-
drome patient submitted to general anesthesia for
videolaparoscopic correction of gastroesophageal reflux.
CASE REPORT
Caucasian, female patient, 22 years old, 49 kg, with Gilbert’s
syndrome since she was 12 years old. Patient was admitted
for videolaparoscopic correction of gastroesophageal reflux.
Her history revealed jaundice after prolonged fasting, after
insomnia periods and during active menstrual cycle bleed-
ing. Vomiting was not resolved with metoclopramide.
Preanesthetic approach was 8-hour fasting with surgery
scheduled for the first morning period, without any
preanesthetic medication
Revista Brasileira de Anestesiologia 401
Vol. 54, Nº 3, Maio - Junho, 2004
ANESTHESIA IN A PATIENT WITH GILBERT’S SYNDROME. CASE REPORT
Monitoring in the operating room consisted of cardioscopy,
pulse oximetry, noninvasive blood pressure and
capnography instituted only after tracheal intubation. Ve-
nous access was achieved with 20G catheter, infusion of 5%
glucose solution and intravenous omeprazol (40 mg) and
ondansetron (4 mg). Balanced general anesthesia was in-
duced 30 minutes after with fast track and Sellick’s maneuver
using propofol (150 mg), succinylcholine (50 mg) and
alfentanil (2500 µg). Tracheal intubation was easy with a 6.5
mm diameter tube with cuff, with no evidences of respiratory
tract intercurrences. Mechanically controlled ventilation was
installed and maintained throughout the procedure. Anes-
thesia was maintained with lactated Ringer’s solution (10
mL.kg-1
.h-1
), isoflurane, 1 L.min-1
oxygen and atracurium (25
mg), with repetition of half dose every 30 minutes until sur-
gery completion. Ketoprofen (100 mg) and dexamethasone
(10 mg) were administered 30 minutes after surgery comple-
tion. Intravenous nalbuphine (10 mg) was administered after
tracheal extubation for postoperative analgesia.
Surgery lasted 120 minutes and stage II anesthesia recovery
was achieved in the operating room.
Emergence was calm and without intercurrences. Patient
was referred to her room and was discharged three days later
without complications.
DISCUSSION
The group of biochemical reactions making drugs polar,
hydrosoluble and easily excreted is called biotransformation
or metabolism and is enabled by enzymes, being the liver the
core organ for such process.
During metabolism the liver is able to include some endoge-
nous substances, such as glycuronic acid, to the functional
groupofdrugs5,6
,formingglycuronides.Theenzymerespon-
sible for such reaction is known as glucuronosyltransferase.
These glycuronides are easily excreted by kidneys thus pre-
ventingdrugoverdosethatcouldleadtotoxicityanddeath.
Since there is low glucuronosyltransferase activity in
Gilbert’s syndrome 7
, though it is necessary for some drugs
excretion, there is the risk for anesthetic toxicity with the pos-
sibility of a catastrophic outcome.
It is important for the anesthesiologist to understand condi-
tions leading to decreased glucuronosyltransferase activity
in Gilbert’s syndrome patients to be submitted to anesthesia,
to prevent intraoperative toxicity. They are fasting, active
menstrual cycle bleeding, infections and other stress-induc-
ing conditions. For Gilbert’s syndrome patients it is desirable
a previous evaluation by the anesthesiologist; that surgery
be performed in the first morning period to minimize fasting
and waiting stress; glucose infusion before surgery2
; to avoid
surgery during active menstrual cycle bleeding; to assure
satisfactory postoperative analgesia.
It is routine in our service to admit patients the day of the sur-
gery, since contact with relatives may decrease preoperative
stress, hospital stay and the need for preanesthetic medica-
tion. No home medication was prescribed since, in addition to
impairing patient’s transportation to the hospital, it could lead
to adverse events outside the hospital environment.
In our case, glucose was infused before surgery to prevent
jaundice triggering-factor, and was not maintained during
surgery since it is already well defined in the literature that
surgery represents a moment of major stress with increased
glycemia as neuroendocrine-metabolic response. If re-
sponse to stress is abolished, intraoperative lactate could be
converted into glucose by glyconeogenesis through Cori’s
cycle 8
. Intraoperative glucose is justified when there is risk
for hypoglycemia, such as in diabetes mellitus, prolonged
parenteral nutrition, neonatology, fasting for more than 24
hours, malnutrition, liver dysfunction, surgeries after major
physical traumas 8
.
Gastric content aspiration syndrome was described by
Mendelson in 1946 as the presence of gastric content in the
pulmonary tree 9
. When the volume is above 25 mL and pH is
lowerthan2.5theremaybelife-threateningpulmonaryinjury.
This complication may be present in pregnant women, alco-
holic, comatose, convulsive or obese patients, in patients
with gastroesophageal reflux or hiatal hernia 9
. To minimize
this risk we decided for fast-track induction 10
and protons
pump blocker associated to ondansetron. Succinylcholine
was used for fast-track induction due to its fast onset allowing
for early tracheal intubation, and short duration, allowing
muscle activity recovery in case of failure.
Halothane was not used during anesthesia because it is an
halogenate with high liver metabolism, reaching 20% 11
and
for its potential to cause postoperative jaundice. This
halogenate may promote two types of liver dysfunction clas-
sified as Types I and II. In type I, dysfunction is mild, transient,
is spontaneouslyresolved and maybe present in up to 20% of
patients 11
. In type II, dysfunction is uncommon and is due to
the presence of antibodies that appear after repeated expo-
sures and may lead to severe liver dysfunction with jaundice
within two to 15 days after general anesthesia 10
. Isoflurane
has 0.2% liver metabolism 12
. All volatile agents decrease to-
tal liver blood flow and this decrease is maximum with
halothane and minimum with isoflurane 4
. Isoflurane is the
most adequatevolatileanestheticagent for patientswithliver
dysfunction 12
.
General intravenous anesthesia may also be considered for
Gilbert’s syndrome patients, but there are some caveats:
thiopental and ketamine change liver function tests depend-
ing on the dose 12
and may impair postoperative investigation
of jaundice; etomidate may lead to adrenal failure by 17 al-
pha-hydroxilase and 11 beta-hydroxilase enzymes inhibi-
tion, with inhibition of cortisol, aldosterone,
17-hydroxiprogesterone and corticosterone synthesis 13
.
Thesedrugsshouldbeavoidedandpropofolandremifentanil
should be preferred. Propofol has a higher clearance than
liver blood flow suggesting an extra-liver excretion pathway
13
. Remifentanil is an ester degradeted by plasma and tissue
esterases 14
, preventing liver function impairment.
Causes of postoperative jaundice are major hematomas,
blood transfusion, underlying liver disease, ischemic or
hypoxic injury, substance-induced injuries, intra-hepatic
402 Revista Brasileira de Anestesiologia
Vol. 54, Nº 3, Maio - Junho, 2004
BARBOSA, SANTOS, COSTA ET AL
cholestasis, postoperative cholecystitis, postoperative pan-
creatitis, retained common billiary duct stone and Gilbert’s
syndrome 4
. Most common causes are excessive bilirubin
production by reabsorption of major hematoma and
post-transfusion erythrocyte cleavage 4,12
. In case of postop-
erativejaundice,itisrecommendedthatallcausesbeinvesti-
gated.
Gilbert’s syndrome patients may be safely submitted to gen-
eral anesthesia without toxicity, provided factors leading to
glucuronosyltransferase activity decrease are avoided.
REFERÊNCIAS - REFERENCES
01. Radu P, Atsmon J - Gilbert’s syndrome - clinical and pharmaco-
logical implications. Isr Med Assoc J, 2001;3:593-598.
02. Taylor S - Gilbert’s syndrome as a cause of postoperative jaun-
dice. Anaesthesia, 1984;39:1222-1224.
03. Andeolii TE, Bennett JC, Carpenter CCJ et al - Icterícia, em:
Andeolii TE, Bennett JC, Carpenter CCJ et al - Cecil Medicina
Interna Básica, 4ª Ed, Rio de Janeiro, Guanabara Koogan,
1998;314-317.
04. Morgan Jr GE, Mikhail MS - Fisiologia Hepática e Anestesia, em:
Morgan Jr GE, Mikhail MS - Anestesiologia Clínica, 2ª Ed, Rio
de Janeiro, Revinter, 2003;587-599.
05. Mello AC - Biotransformação das Drogas, em: Silva P -
Farmacologia, 6ª Ed, Rio de Janeiro, Guanabara Koogan,
2001;61-67.
06.Correia MA- Biotransformação dos Medicamentos, em: Katzung
BG - Farmacologia Básica e Clínica, 5ª Ed, Rio de Janeiro,
Guanabara Koogan, 1994;37-45.
07. Simon JB - Manifestações Clinicas das Hepatopatias, em:
Bondy PK, Dilts Jr PV, Douglas RG et al - Manual Merck de
Medicina, 16ª Ed, São Paulo, Roca, 1992;861-876.
08. Macuco MV, Macuco OC, Bedin A et al - Uso de soluções
glicosadas em cirurgias. Hábito ou necessidade? Rev Bras
Anestesiol, 1996;46:415-422.
09. Udelsmann A - Complicações Anestésicas, em: Yamashita AM,
Takaoka F, Auler Jr JOC et al - Anestesiologia SAESP, 5ª Ed,
São Paulo, Atheneu, 2001;1029-1055.
10. Caruy CAA - Anestesia em Urgências, em: Yamashita AM,
Takaoka F, Auler Jr JOC et al - Anestesiologia SAESP, 5ª Ed,
São Paulo, Atheneu, 2001;1015-1026.
11. Beltrame Neto J, Vicente EK, Fortis EAF - Hepatite por halotano.
Relato de caso. Rev Bras Anestesiol, 1997;47:148-151.
12. Savaris N, Freitas JCM - Complicações em Anestesia, em:
Manica JT - Anestesiologia Princípios e Técnicas, 2ª Ed, Porto
Alegre, Artes Médicas, 1997;780-806.
13. White PF, Gonzáles JM, Hemelrijck JV - Farmacologia dos
Anestésicos Intravenosos, em: Rogers MC, Tinker JH, Covino
BG et al - Princípios e Prática de Anestesiologia, 1ª Ed, Rio de
Janeiro, Guanabara Koogan, 1996;837-853.
14 .Nociti JR - Anestesia Venosa: Farmacologia, em: Yamashita
AM, Takaoka F, Auler Jr JOC et al - Anestesiologia SAESP, 5ª
Ed, São Paulo, Atheneu, 2001;523-538.
RESUMEN
Barbosa FT, Santos SML, Costa JSMB, Bernardo RC - Aneste-
sia en Paciente con Síndrome de Gilbert. Relato de Caso
JUSTIFICATIVA Y OBJETIVOS: La síndrome de Gilbert es una
enfermedad crónica benigna la cual lleva a la ictericia
recurrente con grande aumento de la bilirrubina no conjugada,
que puede llevar a la toxicidad después del uso de
medicamentos utilizadas en la práctica diaria. El objetivo de
este relato es describir la conducta anestésica en una paciente
con síndrome de Gilbert, sometida a cirugía
videolaparoscópica.
RELATO DEL CASO: Paciente del sexo femenino, con 22
años, portadora de la síndrome de Gilbert fue sometida a
cirugía videolaparoscópica bajo anestesia general con
propofol, alfentanil, succinilcolina, atracúrio e isoflurano. No
hubo señales de toxicidad durante la anestesia. La paciente
presentó recuperación pós-operatoria sin intercurrencias y
recibió alta hospitalar después de tres días.
CONCLUSIONES: El paciente portador del síndrome de
Gilbert puede ser sometido a la anestesia general de forma
segura sin el aparecimiento de toxicidad desde que sean
evitados los factores que puedan llevar a la diminución de la
actividad de la glicuroniltransferasis.
Revista Brasileira de Anestesiologia 403
Vol. 54, Nº 3, Maio - Junho, 2004
ANESTHESIA IN A PATIENT WITH GILBERT’S SYNDROME. CASE REPORT

More Related Content

What's hot

Transplante renal aspectos praticos
Transplante renal aspectos praticosTransplante renal aspectos praticos
Transplante renal aspectos praticosAnestesiador
 
Tetano - Caso Clinico
Tetano - Caso Clinico Tetano - Caso Clinico
Tetano - Caso Clinico Luciana Costa
 
Antibioticoterapia e Cirurgia Digestiva
Antibioticoterapia e Cirurgia DigestivaAntibioticoterapia e Cirurgia Digestiva
Antibioticoterapia e Cirurgia DigestivaOzimo Gama
 
Câncer colo útero estudo de caso pdf
Câncer colo útero   estudo de caso pdfCâncer colo útero   estudo de caso pdf
Câncer colo útero estudo de caso pdfTuani Varella
 
Cafe 16 aula 03 - dr petrus câmara - cirurgia minimamente invasiva
Cafe 16   aula 03 - dr petrus câmara - cirurgia minimamente invasivaCafe 16   aula 03 - dr petrus câmara - cirurgia minimamente invasiva
Cafe 16 aula 03 - dr petrus câmara - cirurgia minimamente invasivaitgfiles
 
Pcdt endometriose livro_2010
Pcdt endometriose livro_2010Pcdt endometriose livro_2010
Pcdt endometriose livro_2010Arquivo-FClinico
 
Estudo de caso
Estudo de casoEstudo de caso
Estudo de casoAna Moraes
 
Tumores Estromas Gastrointestinais - Saúde do Adulto
Tumores Estromas Gastrointestinais - Saúde do AdultoTumores Estromas Gastrointestinais - Saúde do Adulto
Tumores Estromas Gastrointestinais - Saúde do AdultoEnfº Ícaro Araújo
 
Protocolo Hepatobiliar
Protocolo HepatobiliarProtocolo Hepatobiliar
Protocolo HepatobiliarVagner
 
Quimioterapia (neo)adjuvante para câncer de pâncreas
Quimioterapia (neo)adjuvante para câncer de pâncreasQuimioterapia (neo)adjuvante para câncer de pâncreas
Quimioterapia (neo)adjuvante para câncer de pâncreasEstúdio Site Ltda
 

What's hot (11)

Transplante renal aspectos praticos
Transplante renal aspectos praticosTransplante renal aspectos praticos
Transplante renal aspectos praticos
 
Tetano - Caso Clinico
Tetano - Caso Clinico Tetano - Caso Clinico
Tetano - Caso Clinico
 
Antibioticoterapia e Cirurgia Digestiva
Antibioticoterapia e Cirurgia DigestivaAntibioticoterapia e Cirurgia Digestiva
Antibioticoterapia e Cirurgia Digestiva
 
Cefaleia na emergência
Cefaleia na emergênciaCefaleia na emergência
Cefaleia na emergência
 
Câncer colo útero estudo de caso pdf
Câncer colo útero   estudo de caso pdfCâncer colo útero   estudo de caso pdf
Câncer colo útero estudo de caso pdf
 
Cafe 16 aula 03 - dr petrus câmara - cirurgia minimamente invasiva
Cafe 16   aula 03 - dr petrus câmara - cirurgia minimamente invasivaCafe 16   aula 03 - dr petrus câmara - cirurgia minimamente invasiva
Cafe 16 aula 03 - dr petrus câmara - cirurgia minimamente invasiva
 
Pcdt endometriose livro_2010
Pcdt endometriose livro_2010Pcdt endometriose livro_2010
Pcdt endometriose livro_2010
 
Estudo de caso
Estudo de casoEstudo de caso
Estudo de caso
 
Tumores Estromas Gastrointestinais - Saúde do Adulto
Tumores Estromas Gastrointestinais - Saúde do AdultoTumores Estromas Gastrointestinais - Saúde do Adulto
Tumores Estromas Gastrointestinais - Saúde do Adulto
 
Protocolo Hepatobiliar
Protocolo HepatobiliarProtocolo Hepatobiliar
Protocolo Hepatobiliar
 
Quimioterapia (neo)adjuvante para câncer de pâncreas
Quimioterapia (neo)adjuvante para câncer de pâncreasQuimioterapia (neo)adjuvante para câncer de pâncreas
Quimioterapia (neo)adjuvante para câncer de pâncreas
 

Viewers also liked

Crescimento das-bactrias-1217000001057374-9
Crescimento das-bactrias-1217000001057374-9Crescimento das-bactrias-1217000001057374-9
Crescimento das-bactrias-1217000001057374-9Lucas Almeida Sá
 
Plano de aula parasitologia odontologia 2012-2
Plano de aula    parasitologia odontologia 2012-2Plano de aula    parasitologia odontologia 2012-2
Plano de aula parasitologia odontologia 2012-2Lucas Almeida Sá
 
Preparo classe ii amálgama 2011-2
Preparo classe ii amálgama   2011-2Preparo classe ii amálgama   2011-2
Preparo classe ii amálgama 2011-2Lucas Almeida Sá
 
Emergências em estomatologia 2011
Emergências em estomatologia 2011Emergências em estomatologia 2011
Emergências em estomatologia 2011Lucas Almeida Sá
 
óXido de zinco e eugenol para moldagem camilla bringel
óXido de zinco e eugenol para moldagem  camilla bringelóXido de zinco e eugenol para moldagem  camilla bringel
óXido de zinco e eugenol para moldagem camilla bringelCamilla Bringel
 
Farmacologia dos anestesicos locais
Farmacologia dos anestesicos locaisFarmacologia dos anestesicos locais
Farmacologia dos anestesicos locaisLucas Almeida Sá
 
Anestesia local em odontologia
Anestesia local em odontologiaAnestesia local em odontologia
Anestesia local em odontologiaLucas Almeida Sá
 

Viewers also liked (15)

Crescimento das-bactrias-1217000001057374-9
Crescimento das-bactrias-1217000001057374-9Crescimento das-bactrias-1217000001057374-9
Crescimento das-bactrias-1217000001057374-9
 
Planejamento e gestão blog
Planejamento e gestão blogPlanejamento e gestão blog
Planejamento e gestão blog
 
Plano de aula parasitologia odontologia 2012-2
Plano de aula    parasitologia odontologia 2012-2Plano de aula    parasitologia odontologia 2012-2
Plano de aula parasitologia odontologia 2012-2
 
Preparo classe ii amálgama 2011-2
Preparo classe ii amálgama   2011-2Preparo classe ii amálgama   2011-2
Preparo classe ii amálgama 2011-2
 
Slide imuno
Slide imunoSlide imuno
Slide imuno
 
Aula
AulaAula
Aula
 
Cistos orais e para orais
Cistos orais e para oraisCistos orais e para orais
Cistos orais e para orais
 
Emergências em estomatologia 2011
Emergências em estomatologia 2011Emergências em estomatologia 2011
Emergências em estomatologia 2011
 
Anatomia anestesica
Anatomia anestesicaAnatomia anestesica
Anatomia anestesica
 
Centro cirurgico
Centro cirurgicoCentro cirurgico
Centro cirurgico
 
Periodontopatia blog
Periodontopatia blogPeriodontopatia blog
Periodontopatia blog
 
Pinos anatômicos
Pinos anatômicos Pinos anatômicos
Pinos anatômicos
 
óXido de zinco e eugenol para moldagem camilla bringel
óXido de zinco e eugenol para moldagem  camilla bringelóXido de zinco e eugenol para moldagem  camilla bringel
óXido de zinco e eugenol para moldagem camilla bringel
 
Farmacologia dos anestesicos locais
Farmacologia dos anestesicos locaisFarmacologia dos anestesicos locais
Farmacologia dos anestesicos locais
 
Anestesia local em odontologia
Anestesia local em odontologiaAnestesia local em odontologia
Anestesia local em odontologia
 

Similar to Gilbert

Bacterias-Anaerobias-Estritas-Botulismo.pptx
Bacterias-Anaerobias-Estritas-Botulismo.pptxBacterias-Anaerobias-Estritas-Botulismo.pptx
Bacterias-Anaerobias-Estritas-Botulismo.pptxFabioGuedesMoreira
 
QUADRIX_001_IAMSPE-RM-2022_Prova_Pratica_ACESSO DIRETO E AREAS BASICAS.pdf
QUADRIX_001_IAMSPE-RM-2022_Prova_Pratica_ACESSO DIRETO E AREAS BASICAS.pdfQUADRIX_001_IAMSPE-RM-2022_Prova_Pratica_ACESSO DIRETO E AREAS BASICAS.pdf
QUADRIX_001_IAMSPE-RM-2022_Prova_Pratica_ACESSO DIRETO E AREAS BASICAS.pdflohanaVidaurres
 
Perioperative Medication Management
Perioperative Medication ManagementPerioperative Medication Management
Perioperative Medication ManagementCarlos D A Bersot
 
Ms ru 01
Ms ru 01Ms ru 01
Ms ru 01amdii
 
farmacoterapêutica, bomba de prótons.....
farmacoterapêutica, bomba de prótons.....farmacoterapêutica, bomba de prótons.....
farmacoterapêutica, bomba de prótons.....JulianaAparecidadeSo4
 
Assistência de Enfermagem ao paciente oncológico em Quimioterapia.pptx
Assistência de Enfermagem ao paciente oncológico em Quimioterapia.pptxAssistência de Enfermagem ao paciente oncológico em Quimioterapia.pptx
Assistência de Enfermagem ao paciente oncológico em Quimioterapia.pptxJehovansbarreto
 
Alergia em Anestesia
Alergia em AnestesiaAlergia em Anestesia
Alergia em AnestesiaAmanda Thomé
 
Assistência de Enfermagem em Cirurgias via Biliares e Pâncreas
Assistência de Enfermagem em Cirurgias via Biliares e PâncreasAssistência de Enfermagem em Cirurgias via Biliares e Pâncreas
Assistência de Enfermagem em Cirurgias via Biliares e PâncreasBruno Cavalcante Costa
 
Acompanhamento doenca trofoblastica_gestacional
Acompanhamento doenca trofoblastica_gestacionalAcompanhamento doenca trofoblastica_gestacional
Acompanhamento doenca trofoblastica_gestacionalYolanda Sampaio
 

Similar to Gilbert (20)

Bacterias-Anaerobias-Estritas-Botulismo.pptx
Bacterias-Anaerobias-Estritas-Botulismo.pptxBacterias-Anaerobias-Estritas-Botulismo.pptx
Bacterias-Anaerobias-Estritas-Botulismo.pptx
 
Patologias gestacionais
Patologias gestacionaisPatologias gestacionais
Patologias gestacionais
 
CHECK LIST EM UTI
CHECK LIST EM UTICHECK LIST EM UTI
CHECK LIST EM UTI
 
Apendicite
ApendiciteApendicite
Apendicite
 
QUADRIX_001_IAMSPE-RM-2022_Prova_Pratica_ACESSO DIRETO E AREAS BASICAS.pdf
QUADRIX_001_IAMSPE-RM-2022_Prova_Pratica_ACESSO DIRETO E AREAS BASICAS.pdfQUADRIX_001_IAMSPE-RM-2022_Prova_Pratica_ACESSO DIRETO E AREAS BASICAS.pdf
QUADRIX_001_IAMSPE-RM-2022_Prova_Pratica_ACESSO DIRETO E AREAS BASICAS.pdf
 
Protocolo antibioticoprofilaxia
Protocolo antibioticoprofilaxiaProtocolo antibioticoprofilaxia
Protocolo antibioticoprofilaxia
 
Perioperative Medication Management
Perioperative Medication ManagementPerioperative Medication Management
Perioperative Medication Management
 
Ms ru 01
Ms ru 01Ms ru 01
Ms ru 01
 
farmacoterapêutica, bomba de prótons.....
farmacoterapêutica, bomba de prótons.....farmacoterapêutica, bomba de prótons.....
farmacoterapêutica, bomba de prótons.....
 
Prenhez tubária
Prenhez tubáriaPrenhez tubária
Prenhez tubária
 
Assistência de Enfermagem ao paciente oncológico em Quimioterapia.pptx
Assistência de Enfermagem ao paciente oncológico em Quimioterapia.pptxAssistência de Enfermagem ao paciente oncológico em Quimioterapia.pptx
Assistência de Enfermagem ao paciente oncológico em Quimioterapia.pptx
 
Dtp 16 sp
Dtp 16 spDtp 16 sp
Dtp 16 sp
 
placenta prevevia
placenta prevevia placenta prevevia
placenta prevevia
 
Aula residencia 03 06-14
Aula residencia 03 06-14Aula residencia 03 06-14
Aula residencia 03 06-14
 
Alergia em Anestesia
Alergia em AnestesiaAlergia em Anestesia
Alergia em Anestesia
 
Histerectomia
HisterectomiaHisterectomia
Histerectomia
 
ASMA_UCB_2016.ppt
ASMA_UCB_2016.pptASMA_UCB_2016.ppt
ASMA_UCB_2016.ppt
 
Megacolon ufba.
Megacolon ufba.Megacolon ufba.
Megacolon ufba.
 
Assistência de Enfermagem em Cirurgias via Biliares e Pâncreas
Assistência de Enfermagem em Cirurgias via Biliares e PâncreasAssistência de Enfermagem em Cirurgias via Biliares e Pâncreas
Assistência de Enfermagem em Cirurgias via Biliares e Pâncreas
 
Acompanhamento doenca trofoblastica_gestacional
Acompanhamento doenca trofoblastica_gestacionalAcompanhamento doenca trofoblastica_gestacional
Acompanhamento doenca trofoblastica_gestacional
 

More from Lucas Almeida Sá

Técnicas anestésicas dentistica uni foa 2012-01-pedro
Técnicas anestésicas   dentistica uni foa 2012-01-pedroTécnicas anestésicas   dentistica uni foa 2012-01-pedro
Técnicas anestésicas dentistica uni foa 2012-01-pedroLucas Almeida Sá
 
Anatomiadento maxilo-mandibular-110429050346-phpapp02
Anatomiadento maxilo-mandibular-110429050346-phpapp02Anatomiadento maxilo-mandibular-110429050346-phpapp02
Anatomiadento maxilo-mandibular-110429050346-phpapp02Lucas Almeida Sá
 
Apostila de radiologia odontológica
Apostila de radiologia odontológicaApostila de radiologia odontológica
Apostila de radiologia odontológicaLucas Almeida Sá
 
Slm.ins.m3 00-manual-anestesiologia-e-terapeutica
Slm.ins.m3 00-manual-anestesiologia-e-terapeuticaSlm.ins.m3 00-manual-anestesiologia-e-terapeutica
Slm.ins.m3 00-manual-anestesiologia-e-terapeuticaLucas Almeida Sá
 
Suturas em odontologia_-_silverstein_-_2003
Suturas em odontologia_-_silverstein_-_2003Suturas em odontologia_-_silverstein_-_2003
Suturas em odontologia_-_silverstein_-_2003Lucas Almeida Sá
 
Como escolher adequado_anestesico
Como escolher adequado_anestesicoComo escolher adequado_anestesico
Como escolher adequado_anestesicoLucas Almeida Sá
 
Anestésicos locais em odontologia uma revisão de literatura
Anestésicos locais em odontologia   uma revisão de literaturaAnestésicos locais em odontologia   uma revisão de literatura
Anestésicos locais em odontologia uma revisão de literaturaLucas Almeida Sá
 
Inteligencias multiplas copia
Inteligencias multiplas   copiaInteligencias multiplas   copia
Inteligencias multiplas copiaLucas Almeida Sá
 
Larva migrans cutânea mucosa
Larva migrans cutânea mucosaLarva migrans cutânea mucosa
Larva migrans cutânea mucosaLucas Almeida Sá
 
Aula 15 ectoparasitos ii- pulgas - odontologia - unifoa - 2012-1
Aula 15   ectoparasitos ii- pulgas - odontologia - unifoa - 2012-1Aula 15   ectoparasitos ii- pulgas - odontologia - unifoa - 2012-1
Aula 15 ectoparasitos ii- pulgas - odontologia - unifoa - 2012-1Lucas Almeida Sá
 

More from Lucas Almeida Sá (20)

Técnicas anestésicas dentistica uni foa 2012-01-pedro
Técnicas anestésicas   dentistica uni foa 2012-01-pedroTécnicas anestésicas   dentistica uni foa 2012-01-pedro
Técnicas anestésicas dentistica uni foa 2012-01-pedro
 
Imagiologia
ImagiologiaImagiologia
Imagiologia
 
Anatomiadento maxilo-mandibular-110429050346-phpapp02
Anatomiadento maxilo-mandibular-110429050346-phpapp02Anatomiadento maxilo-mandibular-110429050346-phpapp02
Anatomiadento maxilo-mandibular-110429050346-phpapp02
 
Maxila
 Maxila Maxila
Maxila
 
Tecnica radiografica
Tecnica radiograficaTecnica radiografica
Tecnica radiografica
 
Apostila de radiologia odontológica
Apostila de radiologia odontológicaApostila de radiologia odontológica
Apostila de radiologia odontológica
 
Slm.ins.m3 00-manual-anestesiologia-e-terapeutica
Slm.ins.m3 00-manual-anestesiologia-e-terapeuticaSlm.ins.m3 00-manual-anestesiologia-e-terapeutica
Slm.ins.m3 00-manual-anestesiologia-e-terapeutica
 
Suturas em odontologia_-_silverstein_-_2003
Suturas em odontologia_-_silverstein_-_2003Suturas em odontologia_-_silverstein_-_2003
Suturas em odontologia_-_silverstein_-_2003
 
Como escolher adequado_anestesico
Como escolher adequado_anestesicoComo escolher adequado_anestesico
Como escolher adequado_anestesico
 
Anestésicos locais em odontologia uma revisão de literatura
Anestésicos locais em odontologia   uma revisão de literaturaAnestésicos locais em odontologia   uma revisão de literatura
Anestésicos locais em odontologia uma revisão de literatura
 
Inteligencias multiplas copia
Inteligencias multiplas   copiaInteligencias multiplas   copia
Inteligencias multiplas copia
 
Identidade
IdentidadeIdentidade
Identidade
 
Grupos
GruposGrupos
Grupos
 
3 vida afetiva
3 vida afetiva3 vida afetiva
3 vida afetiva
 
Behaviorismo certo
Behaviorismo certoBehaviorismo certo
Behaviorismo certo
 
Larva migrans cutânea mucosa
Larva migrans cutânea mucosaLarva migrans cutânea mucosa
Larva migrans cutânea mucosa
 
Aula 15 ectoparasitos ii- pulgas - odontologia - unifoa - 2012-1
Aula 15   ectoparasitos ii- pulgas - odontologia - unifoa - 2012-1Aula 15   ectoparasitos ii- pulgas - odontologia - unifoa - 2012-1
Aula 15 ectoparasitos ii- pulgas - odontologia - unifoa - 2012-1
 
Parasitoses x idh
Parasitoses x idhParasitoses x idh
Parasitoses x idh
 
Historia da leishmania ii
Historia da leishmania iiHistoria da leishmania ii
Historia da leishmania ii
 
Historia da leishmania i
Historia da leishmania iHistoria da leishmania i
Historia da leishmania i
 

Gilbert

  • 1. Anestesia em Paciente com Síndrome de Gilbert. Relato de Caso * Anesthesia in a Patient with Gilbert’s Syndrome. Case Report Fabiano Timbó Barbosa, TSA 1 ; Silvio Marcos Lima dos Santos 2 ; Joaquim Sávio Menezes Batista da Costa 2 ; Ronaldson Correia Bernardo 2 RESUMO Barbosa FT, Santos SML, Costa JSMB, Bernardo RC - Aneste- sia em Paciente com Síndrome de Gilbert. Relato de Caso JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: A síndrome de Gilbert é uma doença crônica benigna, a qual leva à icterícia recorrente com grande aumento da bilirrubina não conjugada, que pode levar à toxicidade após o uso de medicações utilizadas na prática diária. O objetivo deste relato é descrever a conduta anestésica em uma paciente com síndrome de Gilbert, submetida à cirurgia videolaparoscópica. RELATO DO CASO: Paciente do sexo feminino, com 22 anos, portadora da síndrome de Gilbert, submetida à cirurgia videolaparoscópica sob anestesia geral com propofol, alfentanil, succinilcolina, atracúrio e isoflurano. Não houve sinais de toxicidade durante a anestesia. A paciente apresentou recuperação pós-operatória sem intercorrências e recebeu alta hospitalar após três dias. CONCLUSÕES: O paciente portador da síndrome de Gilbert pode ser submetido à anestesia geral de forma segura sem o aparecimento de toxicidade desde que sejam evitados os fatores que possam levar à diminuição da atividade da glicuroniltransferase. Unitermos: CIRURGIA, Videolaparoscópica; DOENÇAS: sín- drome de Gilbert SUMMARY Barbosa FT, Santos SML, Costa JSMB, Bernardo RC - Anesthe- sia in a Patient with Gilbert’s Syndrome. Case Report BACKGROUND AND OBJECTIVES: Gilbert’s syndrome is a chronic benign disease leading to recurrent jaundice and major unconjugated bilirubin increase that may be toxic after the use of routine medication. This report aimed at describing the anes- thetic approach in Gilbert’s syndrome patient submitted to videolaparoscopic surgery. CASE REPORT: Female patient, 22 years old with Gilbert’s syndrome, submitted to videolaparoscopic surgery under gen- eral anesthesia with propofol, alfentanil, succinylcholine, atracurium and isoflurane. There were no evidences of toxicity during anesthesia. Postoperative recovery was satisfactory and patient was discharged three days later. CONCLUSIONS: Gilbert’s syndrome patients may be safely submitted to general anesthesia without toxicity, provided fac- tors leading to glucuronosyltransferase activity decrease are avoided. Key Words: DISEASES: Gilbert’s syndrome; SURGERY, Video- laparoscopic INTRODUÇÃO Asíndrome de Gilbert é uma condição crônica benigna caracterizada pelo aumento da bilirrubina indireta que se manifesta clinicamente como icterícia, podendo ocorrer antes, durante ou após o ato anestésico. Os pacientes apresentam-se ictéricos quando submetidos à estresse ou exercícios, durante a fase de sangramento ativo do ciclo menstrual ou quando permanecem em jejum 1 , tendo uma prevalência estimada de 6% na população em geral 2 . Ocorre com mais freqüência no sexo masculino 1-3 . Abilirrubina tem origem a partir do catabolismo do anel heme o qual pode provir das hemoglobinas envelhecidas, dos eri- trócitos da medula óssea por eritropoese ineficaz ou das he- moproteínas, principalmente as hepáticas 3 . Após a capta- ção pelo sistema retículo-endotelial 3 , a heme-oxigenase quebra a hemoglobina em biliverdina, monóxido de carbono e ferro 4 . A biliverdina-redutase converte a biliverdina em bi- lirrubina 4 numa taxa de 4 mg/kg/dia 3 . Esta bilirrubina é lipos- solúvel e apolar, podendo ligar-se a albumina e sua fração li- vre atravessar a barreira hematoencefálica 3 . Ligada à albu- mina, ela é levada ao fígado onde sofre conjugação com o ácido glicurônico tornando-se hidrossolúvel e polar. Denomina-se icterícia ao quadro clínico caracterizado pela coloração amarelada da pele, mucosa ou esclera dos olhos, quando a bilirrubina está acima de 2,5 a 3 mg/dl 3 . Mulheres grávidas ou em uso de contraceptivos orais desen- volvem menos icterícia, pois, nestas condições ocorre indu- ção hepática de glicuroniltransferase 2 . O diagnóstico da síndrome pode ser feito, observando-se a história familiar, a duração da doença, a ausência de outras doenças hepáticas que justifiquem a icterícia e o apareci- mento desta pelos fatores predisponentes, como: jejum, menstruação, estresse e exercícios 1 . O diagnóstico pode ser confirmado pela melhora do quadro de icterícia após o Revista Brasileira de Anestesiologia 399 Vol. 54, Nº 3, Maio - Junho, 2004 * Recebido da (Received from) Santa Casa de Misericórdia de Maceió, AL 1. Professor de Farmacologia do Centro de Ensino Superior de Maceió; Anestesiologista da Santa Casa de Misericórdia de Maceió 2. Anestesiologista da Santa Casa de Misericórdia de Maceió Apresentado (Submitted) em 10 de junho de 2003 Aceito (Accepted) para publicação em 14 de agosto de 2003 Endereço para correspondência (Correspondence to) Dr. Fabiano Timbó Barbosa Rua Comendador Palmeira, 113/202 Farol 57051-150 Maceió, AL E-mail: fabianotimbo@yahoo.com.br Ó Sociedade Brasileira de Anestesiologia, 2004 INFORMAÇÃO CLÍNICA CLINICAL REPORT Rev Bras Anestesiol 2004; 54: 3: 399 - 403
  • 2. uso de fenobarbital e pela piora após o uso de ácido nicotíni- co por via venosa 1 . O objetivo deste relato é apresentar um caso de uma pacien- te com síndrome de Gilbert submetida à anestesia geral para correção videolaparoscópica de refluxo gastroesofágico. RELATO DO CASO Paciente com 22 anos, sexo feminino, branca, 49 kg, com di- agnóstico de síndrome de Gilbert desde os 12 anos de idade. Foi admitida para correção de refluxo gastroesofágico por vi- deolaparoscopia. Referiu nos antecedentes pessoais que apresenta-se ictérica após jejum prolongado, após períodos de insônia e durante a fase de sangramento ativo do ciclo menstrual. Não apresentava resolução de episódios de vômitos com o uso de metoclopramida. Acondutapré-anestésicaconstoudejejumdeoitohorascom marcação da cirurgia para o primeiro horário da manhã, não sendo prescrita medicação pré-anestésica. Na sala de cirurgia foi feita monitorização com cardioscópio, oximetria de pulso, pressão arterial não invasiva e capnogra- fia, a qual só foi instituída após a intubação orotraqueal. Foi realizada venóclise com cateter 20G, infusão de solução gli- cosada a 5%, administração de omeprazol (40 mg) e ondan- setron (4 mg), por via venosa. A anestesia geral balanceada foi iniciada 30 minutos após o uso dos farmácos citados. Foi realizada indução venosa com seqüência rápida e manobra de Sellick com propofol (150 mg), succinilcolina (50 mg) e al- fentanil (2500 µg). A intubação traqueal se processou facil- mente com tubo 6,5 mm de diâmetro com balonete, sem evi- dências de intercorrências no trato respiratório. Foi instituí- da ventilação mecânica controlada e mantida durante todo o procedimento. A manutenção foi realizada com solução de Ringer com lactato (10 ml.kg-1 .h-1 ), isoflurano, oxigênio 1 l.min-1 , atracúrio (25 mg) com repetição de metade da dose a cada trinta minutos até o término da cirurgia. Trinta minutos antes do término foram administrados cetoprofeno (100 mg) e dexametasona (10 mg). Após a extubação traqueal foi ad- ministrada nalbufina (10 mg) por via venosa para analgesia pós-operatória. Oprocedimentocirúrgicoteveduraçãode120minutoseare- cuperaçãodoestágioIIdaanestesiaocorreunasaladecirur- gia. O despertar foi tranqüilo e sem intercorrências, sendo a paci- ente encaminhada para o quarto, recebendo alta hospitalar no terceiro dia do pós-operatório sem complicações. DISCUSSÃO Oconjuntodereaçõesbioquímicasquetornaasdrogaspola- res, hidrossolúveis e de mais fácil eliminação é chamado de biotransformação ou metabolismo. Este processo é possível devidoaexistênciadas enzimas, sendoofígadooórgãocen- tral deste processo. Durante o processo de metabolização, o fígado consegue adicionaraogrupofuncionaldasdrogas, algumassubstânci- as endógenas como o ácido glicurônico 5,6 , formando os gli- curonídios. Aenzima responsável por esta reação é conheci- da como glicuroniltransferase. Estes glicuronídios são facil- mente eliminados pelo rim, evitando assim a sobredose de medicamentos que poderia levar à toxicidade e à morte. Como na síndrome de Gilbert a atividade da glicuroniltrans- ferase é baixa 7 , e sendo necessária para eliminação de algu- mas drogas, há o risco de toxicidade durante o ato anestési- co com possibilidade de final catastrófico. É importante para o anestesiologista saber as condições que podemlevaràdiminuiçãodaatividadedaglicuroniltransfera- se no paciente com síndrome de Gilbert que será submetido à anestesia para impedir o aparecimento de toxicidade in- tra-operatória. São elas: jejum, sangramento ativo do ciclo menstrual, infecções e outras condições que possam levar ao estresse. Aconselha-se para o paciente com síndrome de Gilbert, que a cirurgia seja realizada no primeiro período da manhã para diminuir o tempo de jejum e o estresse da espera, infusão de glicose prévia à cirurgia 2 , fazer consulta prévia com aneste- siologista, evitar cirurgia durante a fase de sangramento ati- vo do ciclo menstrual e garantir boa analgesia para o período pós-operatório. Em nosso serviço, é rotina internar o paciente no dia da cirur- gia, uma vez que o contato com os familiares pode reduzir o estresse pré-operatório, o tempo de permanência no ambi- ente hospitalar e a necessidade de medicação pré-anestési- ca. Não foi prescrita a medicação domiciliar, já que esta po- deria, além de dificultar o transporte da paciente ao hospital, levar ao aparecimento de reações adversas fora do ambiente hospitalar. A infusão de glicose, neste caso, foi realizada antes do ato operatório, para evitar fator desencadeante à icterícia, e não mantida durante o mesmo, pois já está bem definido na litera- tura que o ato cirúrgico representa momento de grande es- tresse, que tem como resposta neuroendócrina-metabólica a elevação da glicemia. Se a resposta ao estresse fosse abo- lida, o lactato administrado no ato operatório poderia se con- verteremglicosepelaviadagliconeogêneseatravésdociclo de Cori 8 . Quando há risco de hipoglicemia, justifica-se o uso deglicoseintra-operatória,comodiabetemelito,nutriçãopa- renteral prolongada, neonatologia, jejum maior que 24 ho- ras, desnutrição, disfunção hepática e operações após gran- des traumas físicos 8 . A síndrome de aspiração do conteúdo gástrico foi descrita por Mendelson, em 1946, como sendo a presença do conteú- do gástrico na árvore pulmonar 9 . Quando o volume é maior que 25 ml e o pH é menor que 2,5 pode ocorrer lesão pulmo- narcompossibilidadedeóbito.Essacomplicaçãopodeocor- rer em gestantes e em pacientes alcoolizados, comatosos, convulsivos, obesos, com refluxo gastroesofágico ou com hérnia hiatal 9 . Para diminuir este risco, optou-se por indução com seqüência rápida 10 e uso de bloqueador da bomba de prótons associado ao ondansetron. Para indução com se- qüência rápida, optou-se pela succinilcolina, pois sua ação é 400 Revista Brasileira de Anestesiologia Vol. 54, Nº 3, Maio - Junho, 2004 BARBOSA, SANTOS, COSTA E COL
  • 3. rápida, possibilitando condições para rápida intubação traqueal, e fugaz, permitindo recuperação da atividade muscular em caso de falha. O halotano não foi usado durante a anestesia por ser haloge- nado de grande metabolização hepática, chegando até a 20% 11 , e por ter potencial para icterícia pós-operatória. Este halogenado pode causar dois tipos de disfunção hepática que são classificadas em: Tipos I e II. No tipo I, a disfunção é leve, transitória e resolve-se espontaneamente, podendo ocorrer em até 20% dos pacientes 11 . No tipo II, a disfunção é maisraraedeve-seàpresençadeanticorpososquaisapare- cem após exposições repetidas e podem levar à grave dis- funçãohepáticacom icteríciaentre2e15dias após aaneste- sia geral 10 . O isoflurano possui metabolização hepática de 0,2% 12 . Todos os agentes voláteis reduzem o fluxo sangüí- neohepáticoportaleestadiminuiçãoémáximacom ohalota- no e mínima com o isoflurano 4 . O isoflurano é o anestésico volátil considerado mais adequado para pacientes com dis- função hepática 12 . Para esta síndrome também se pode considerar a possibili- dade de anestesia geral venosa, porém algumas observa- ções devem ser consideradas: o tiopental e a cetamina alte- ram as provas de função hepática conforme as doses utiliza- das 12 podendo complicar pesquisa pós-operatória de icterí- cia; o etomidato pode levar à insuficiência de supra-renal por inibição das enzimas 17 alfa-hidroxilase e 11 beta-hidroxila- se com inibição da síntese de cortisol, aldosterona, 17-hidro- xiprogesterona e corticosterona 13 . Estas drogas devem ser evitadas. Deve-se dar preferência ao propofol e ao remifen- tanil. O propofol possui depuração mais alta que o fluxo san- güíneo hepático, sugerindo uma via extra-hepática de elimi- nação 13 . O remifentanil é um éster que é degradado por este- rases plasmáticas e teciduais 14 , evitando prejuízo da função hepática. São causas de icterícia pós-operatória: grandes hemato- mas, transfusão, doença hepática subjacente, lesão isquê- mica ou hipóxica, lesão induzida por substâncias, colestase intra-hepática, colecistite e pancreatite pós-operatórias, cálculo retido no ducto biliar comum e síndrome de Gilbert 4 . As causas mais comuns são: produção excessiva de bilirru- bina por reabsorção de um grande hematoma e a clivagem eritrocitária após a transfusão 4,12 . Recomenda-se a pesqui- sa de todas as causas de icterícia pós-operatória, quando ocorrer seu aparecimento. O paciente portador da síndrome de Gilbert pode ser subme- tido à anestesia geral de forma segura sem o aparecimento de toxicidade, desde que sejam evitados os fatores que pos- samlevaràdiminuiçãodaatividadedaglicuroniltransferase. Anesthesia in a Patient with Gilbert’s Syndrome. Case Report Fabiano Timbó Barbosa, TSA, M.D.; Silvio Marcos Lima dos Santos, M.D.; Joaquim Sávio Menezes Batista da Costa, M.D.; Ronaldson Correia Bernardo, M.D. INTRODUCTION Gilbert’ssyndromeisachronicbenigndiseasecharacterized by increased indirect bilirubin and clinically manifested as jaundice, which may appear before, during or after anesthe- sia. Patients have jaundice when submitted to stress or exer- cises, during active menstrual cycle bleeding or when fasting 1 . The incidence of this disease is estimated in 6% of general population 2 , being more frequent in males 1-3 . Bilirubin is originated as from heme ring catabolism which may come from aged hemoglobins, bone marrow erythro- cytes by ineffective erythropoiesis, or from blood proteins, especially liver blood proteins 3 . After being uptaken by the reticuloendothelial system 3 , heme-oxygenase breaks down hemoglobin in biliverdin, carbon monoxide and iron 4 . Biliverdin-reductase converts biliverdin into bilirubin 4 at a rateof 4mg/kg/day3 . Thisbilirubinisliposolubleandapolar. It may bind to albumin and its free fraction may cross blood-brain barrier 3 . Bound to albumin, it is taken to the liver where it suffers conjugation with glycuronic acid becoming hydrosoluble and polar. Jaundice is a clinical presentation characterized byyellowish skin,mucosaoreyes,whenbilirubinisabove2.5to3mg/dL3 . Pregnant women or those under oral contraceptives develop less jaundice because in such conditions there is liver glucuronosyltransferase induction 2 . Syndromemaybediagnosedbyfamilyhistory,durationofthe disease, lack of other liver diseases justifying jaundice, and jaundice triggered by predisposing factors, such as fasting, menstruation, stress and exercises 1 . Diagnosis may be con- firmed by jaundice improvement after fenobarbital and wors- ening after intravenous nicotinic acid 1 . This report aimed at presenting the case of Gilbert’s syn- drome patient submitted to general anesthesia for videolaparoscopic correction of gastroesophageal reflux. CASE REPORT Caucasian, female patient, 22 years old, 49 kg, with Gilbert’s syndrome since she was 12 years old. Patient was admitted for videolaparoscopic correction of gastroesophageal reflux. Her history revealed jaundice after prolonged fasting, after insomnia periods and during active menstrual cycle bleed- ing. Vomiting was not resolved with metoclopramide. Preanesthetic approach was 8-hour fasting with surgery scheduled for the first morning period, without any preanesthetic medication Revista Brasileira de Anestesiologia 401 Vol. 54, Nº 3, Maio - Junho, 2004 ANESTHESIA IN A PATIENT WITH GILBERT’S SYNDROME. CASE REPORT
  • 4. Monitoring in the operating room consisted of cardioscopy, pulse oximetry, noninvasive blood pressure and capnography instituted only after tracheal intubation. Ve- nous access was achieved with 20G catheter, infusion of 5% glucose solution and intravenous omeprazol (40 mg) and ondansetron (4 mg). Balanced general anesthesia was in- duced 30 minutes after with fast track and Sellick’s maneuver using propofol (150 mg), succinylcholine (50 mg) and alfentanil (2500 µg). Tracheal intubation was easy with a 6.5 mm diameter tube with cuff, with no evidences of respiratory tract intercurrences. Mechanically controlled ventilation was installed and maintained throughout the procedure. Anes- thesia was maintained with lactated Ringer’s solution (10 mL.kg-1 .h-1 ), isoflurane, 1 L.min-1 oxygen and atracurium (25 mg), with repetition of half dose every 30 minutes until sur- gery completion. Ketoprofen (100 mg) and dexamethasone (10 mg) were administered 30 minutes after surgery comple- tion. Intravenous nalbuphine (10 mg) was administered after tracheal extubation for postoperative analgesia. Surgery lasted 120 minutes and stage II anesthesia recovery was achieved in the operating room. Emergence was calm and without intercurrences. Patient was referred to her room and was discharged three days later without complications. DISCUSSION The group of biochemical reactions making drugs polar, hydrosoluble and easily excreted is called biotransformation or metabolism and is enabled by enzymes, being the liver the core organ for such process. During metabolism the liver is able to include some endoge- nous substances, such as glycuronic acid, to the functional groupofdrugs5,6 ,formingglycuronides.Theenzymerespon- sible for such reaction is known as glucuronosyltransferase. These glycuronides are easily excreted by kidneys thus pre- ventingdrugoverdosethatcouldleadtotoxicityanddeath. Since there is low glucuronosyltransferase activity in Gilbert’s syndrome 7 , though it is necessary for some drugs excretion, there is the risk for anesthetic toxicity with the pos- sibility of a catastrophic outcome. It is important for the anesthesiologist to understand condi- tions leading to decreased glucuronosyltransferase activity in Gilbert’s syndrome patients to be submitted to anesthesia, to prevent intraoperative toxicity. They are fasting, active menstrual cycle bleeding, infections and other stress-induc- ing conditions. For Gilbert’s syndrome patients it is desirable a previous evaluation by the anesthesiologist; that surgery be performed in the first morning period to minimize fasting and waiting stress; glucose infusion before surgery2 ; to avoid surgery during active menstrual cycle bleeding; to assure satisfactory postoperative analgesia. It is routine in our service to admit patients the day of the sur- gery, since contact with relatives may decrease preoperative stress, hospital stay and the need for preanesthetic medica- tion. No home medication was prescribed since, in addition to impairing patient’s transportation to the hospital, it could lead to adverse events outside the hospital environment. In our case, glucose was infused before surgery to prevent jaundice triggering-factor, and was not maintained during surgery since it is already well defined in the literature that surgery represents a moment of major stress with increased glycemia as neuroendocrine-metabolic response. If re- sponse to stress is abolished, intraoperative lactate could be converted into glucose by glyconeogenesis through Cori’s cycle 8 . Intraoperative glucose is justified when there is risk for hypoglycemia, such as in diabetes mellitus, prolonged parenteral nutrition, neonatology, fasting for more than 24 hours, malnutrition, liver dysfunction, surgeries after major physical traumas 8 . Gastric content aspiration syndrome was described by Mendelson in 1946 as the presence of gastric content in the pulmonary tree 9 . When the volume is above 25 mL and pH is lowerthan2.5theremaybelife-threateningpulmonaryinjury. This complication may be present in pregnant women, alco- holic, comatose, convulsive or obese patients, in patients with gastroesophageal reflux or hiatal hernia 9 . To minimize this risk we decided for fast-track induction 10 and protons pump blocker associated to ondansetron. Succinylcholine was used for fast-track induction due to its fast onset allowing for early tracheal intubation, and short duration, allowing muscle activity recovery in case of failure. Halothane was not used during anesthesia because it is an halogenate with high liver metabolism, reaching 20% 11 and for its potential to cause postoperative jaundice. This halogenate may promote two types of liver dysfunction clas- sified as Types I and II. In type I, dysfunction is mild, transient, is spontaneouslyresolved and maybe present in up to 20% of patients 11 . In type II, dysfunction is uncommon and is due to the presence of antibodies that appear after repeated expo- sures and may lead to severe liver dysfunction with jaundice within two to 15 days after general anesthesia 10 . Isoflurane has 0.2% liver metabolism 12 . All volatile agents decrease to- tal liver blood flow and this decrease is maximum with halothane and minimum with isoflurane 4 . Isoflurane is the most adequatevolatileanestheticagent for patientswithliver dysfunction 12 . General intravenous anesthesia may also be considered for Gilbert’s syndrome patients, but there are some caveats: thiopental and ketamine change liver function tests depend- ing on the dose 12 and may impair postoperative investigation of jaundice; etomidate may lead to adrenal failure by 17 al- pha-hydroxilase and 11 beta-hydroxilase enzymes inhibi- tion, with inhibition of cortisol, aldosterone, 17-hydroxiprogesterone and corticosterone synthesis 13 . Thesedrugsshouldbeavoidedandpropofolandremifentanil should be preferred. Propofol has a higher clearance than liver blood flow suggesting an extra-liver excretion pathway 13 . Remifentanil is an ester degradeted by plasma and tissue esterases 14 , preventing liver function impairment. Causes of postoperative jaundice are major hematomas, blood transfusion, underlying liver disease, ischemic or hypoxic injury, substance-induced injuries, intra-hepatic 402 Revista Brasileira de Anestesiologia Vol. 54, Nº 3, Maio - Junho, 2004 BARBOSA, SANTOS, COSTA ET AL
  • 5. cholestasis, postoperative cholecystitis, postoperative pan- creatitis, retained common billiary duct stone and Gilbert’s syndrome 4 . Most common causes are excessive bilirubin production by reabsorption of major hematoma and post-transfusion erythrocyte cleavage 4,12 . In case of postop- erativejaundice,itisrecommendedthatallcausesbeinvesti- gated. Gilbert’s syndrome patients may be safely submitted to gen- eral anesthesia without toxicity, provided factors leading to glucuronosyltransferase activity decrease are avoided. REFERÊNCIAS - REFERENCES 01. Radu P, Atsmon J - Gilbert’s syndrome - clinical and pharmaco- logical implications. Isr Med Assoc J, 2001;3:593-598. 02. Taylor S - Gilbert’s syndrome as a cause of postoperative jaun- dice. Anaesthesia, 1984;39:1222-1224. 03. Andeolii TE, Bennett JC, Carpenter CCJ et al - Icterícia, em: Andeolii TE, Bennett JC, Carpenter CCJ et al - Cecil Medicina Interna Básica, 4ª Ed, Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 1998;314-317. 04. Morgan Jr GE, Mikhail MS - Fisiologia Hepática e Anestesia, em: Morgan Jr GE, Mikhail MS - Anestesiologia Clínica, 2ª Ed, Rio de Janeiro, Revinter, 2003;587-599. 05. Mello AC - Biotransformação das Drogas, em: Silva P - Farmacologia, 6ª Ed, Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2001;61-67. 06.Correia MA- Biotransformação dos Medicamentos, em: Katzung BG - Farmacologia Básica e Clínica, 5ª Ed, Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 1994;37-45. 07. Simon JB - Manifestações Clinicas das Hepatopatias, em: Bondy PK, Dilts Jr PV, Douglas RG et al - Manual Merck de Medicina, 16ª Ed, São Paulo, Roca, 1992;861-876. 08. Macuco MV, Macuco OC, Bedin A et al - Uso de soluções glicosadas em cirurgias. Hábito ou necessidade? Rev Bras Anestesiol, 1996;46:415-422. 09. Udelsmann A - Complicações Anestésicas, em: Yamashita AM, Takaoka F, Auler Jr JOC et al - Anestesiologia SAESP, 5ª Ed, São Paulo, Atheneu, 2001;1029-1055. 10. Caruy CAA - Anestesia em Urgências, em: Yamashita AM, Takaoka F, Auler Jr JOC et al - Anestesiologia SAESP, 5ª Ed, São Paulo, Atheneu, 2001;1015-1026. 11. Beltrame Neto J, Vicente EK, Fortis EAF - Hepatite por halotano. Relato de caso. Rev Bras Anestesiol, 1997;47:148-151. 12. Savaris N, Freitas JCM - Complicações em Anestesia, em: Manica JT - Anestesiologia Princípios e Técnicas, 2ª Ed, Porto Alegre, Artes Médicas, 1997;780-806. 13. White PF, Gonzáles JM, Hemelrijck JV - Farmacologia dos Anestésicos Intravenosos, em: Rogers MC, Tinker JH, Covino BG et al - Princípios e Prática de Anestesiologia, 1ª Ed, Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 1996;837-853. 14 .Nociti JR - Anestesia Venosa: Farmacologia, em: Yamashita AM, Takaoka F, Auler Jr JOC et al - Anestesiologia SAESP, 5ª Ed, São Paulo, Atheneu, 2001;523-538. RESUMEN Barbosa FT, Santos SML, Costa JSMB, Bernardo RC - Aneste- sia en Paciente con Síndrome de Gilbert. Relato de Caso JUSTIFICATIVA Y OBJETIVOS: La síndrome de Gilbert es una enfermedad crónica benigna la cual lleva a la ictericia recurrente con grande aumento de la bilirrubina no conjugada, que puede llevar a la toxicidad después del uso de medicamentos utilizadas en la práctica diaria. El objetivo de este relato es describir la conducta anestésica en una paciente con síndrome de Gilbert, sometida a cirugía videolaparoscópica. RELATO DEL CASO: Paciente del sexo femenino, con 22 años, portadora de la síndrome de Gilbert fue sometida a cirugía videolaparoscópica bajo anestesia general con propofol, alfentanil, succinilcolina, atracúrio e isoflurano. No hubo señales de toxicidad durante la anestesia. La paciente presentó recuperación pós-operatoria sin intercurrencias y recibió alta hospitalar después de tres días. CONCLUSIONES: El paciente portador del síndrome de Gilbert puede ser sometido a la anestesia general de forma segura sin el aparecimiento de toxicidad desde que sean evitados los factores que puedan llevar a la diminución de la actividad de la glicuroniltransferasis. Revista Brasileira de Anestesiologia 403 Vol. 54, Nº 3, Maio - Junho, 2004 ANESTHESIA IN A PATIENT WITH GILBERT’S SYNDROME. CASE REPORT