1) O documento discute dores musculares mastigatórias, suas causas complexas e desafios de diagnóstico.
2) As principais teorias para explicar a dor muscular incluem adaptação funcional à dor e reflexos que inibem neurônios motores agonistas.
3) O diagnóstico de dores musculares faciais é difícil devido à falta de causas específicas e possibilidade de dor ser referida a outras áreas.
Diagnóstico e tratamento da dor muscular mastigatória
1. Relatório de Diagnóstico e tratamento da dor muscular mastigatória
Aluna: Luana Chagas Miguel
Disciplina: Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial
Professor: Marcelo Gomes
Nova Friburgo, 4 de Setembro de 2014
2. Introdução
O texto referenciado, aborda as dores que atingem os músculos mastigatórios, e
os desafios da área médica em compreender a relação das dores faciais e referidas com
este grupo muscular. Assim como estabelecer paralelos e possíveis diagnósticos
diferenciais de doenças neoplásicas, infecciosas, neurológicas e até mesmo, à dores
semelhantes a articulares, que atingem diversos grupamentos musculares.
3. Resumo
Com a progressão da medicina e seus respectivos estudos, foi elucidado que o
processo de dor é algo complexo e multifatorial
e envolve diversas
experiências/consequências físicas e emocionais para o indivíduo. No que relacionase
à
dor muscular mastigatória, foi fundamental a conclusão de que esta, não seria
ocasionada somente por influência mecânica e funcional, e que os processos envolvidos
na mesma, são demasiadamente complexos.
Por um longo período de tempo, acreditouse
que a teoria do ciclo vicioso
“dorespasmodor”
era a explicação para a dor no grupamento dos músculos
mastigatórios. Atualmente, a teoria aceita para explicar a dor muscular demonstra que a
dor persistente gera efeitos no sistema motor, ocasionando mudança na postura,
expressão facial e trabalho físico. Além disso, aborda que quando um nociceptor recebe
o estímulo doloroso, há a inibição de neurônios motores agonistas e ativação dos
neurônios motores antagonistas, produzindo assim, uma espécie de reflexo àquele
estímulo. Levandonos
a concluir, que as funções musculares adaptamse
ao processo de
dor, evitando assim, possíveis lesões nos músculos.
A dor muscular pode possui diversas etiologias, como : traumatismos, doenças
metabólicas, neurológicas e até infeccições. Porém a causa mais recorrente é a
Sindrome Dolorosa Miofascial (SDM).
Uma das principais causas de dores de cabeça ou na face de origem mandibular,
a dor muscular mastigatória, afeta em sua maioria indivíduos do sexo feminino, e
fatorores biológicos, sociais e até comportamentais devem ser analisados. O diagnóstico
desta, só pode ser realizado através do questionário RDC/TMD (Research Diagnostic
Criteria for Temporomandibular Disorders).
O diagnóstico de dores musculares faciais é um tanto difícil, pois além de haver
diversos níveis de complexidade, há também o percalço de a dor não possuir causa
específica e/ou não ser funcional. Um exemplo disto, é a SDM, que é uma doença
sistêmica, porém há um padrão de dor referida dos ombros e região cervical para
cabeça, face e dentes. Por isso deve ser incluída como um diagnóstico diferencial à
dores faciais, assim como a Fibromialgia (condição que afeta também a musculatura
mastigatória).
A ativação de nociceptores dáse
quando há estímulos dolorosos. Estes, ativam a
produção de substâncias algiogênicas, ou seja, que promovem a sensação de dor,
através de microlesões existentes nos músculos.
A mudança no sistema endógeno de nocicepção propicia a desinibição de áreas
como a formação reticular ascendente, que é responsável pela modulação de estímulos
4. relevantes e irrelevantes, contribuindo para desordens psicológicas, motoras e sensitivas
(hiperalgesia).
Um obstáculo no tratamento de dores musculares, é que esta pode ser referida, ou
seja, em um local diferente de sua origem. A dor dos músculos da mastigação, pode ser
irradiada para os dentes, cabeça, face e pescoço.O exame clínico criterioso, aliado à
aplicação de técnicas, como palpação muscular, que deve detectar hiperalgesia, pode
ajudar no diagnóstico.
Assim como em todo o corpo, na face há os chamados pontosgatilho
ou trigger
points que ao ser palpados, promovem um processo de sensibilização central ,
seguindose
a um estímulo periférico, ocasionando a dor em pontos difusos. Além disso,
foi relatado que nas áreas dolorosas, há a diminuição da sensibilidade, e que aliado ao
tamanho reduzido dos músculos mastigatórios, estes fatores podem atrapalhar no exame
clínico.
Apesar de similaridades da dor muscular com a articular, há manifestações
clínicas que sugerem problemas musculares, como: limitação da amplitude dos
movimentos mandibulares, travamento mandibular,irregularidade dos movimentos
(adaptação funcional à dor), área edemaciada, alterações comportamentais, entre outros.
De acordo com a American Academy of Orofacial Pain, há critérios que devem
ser seguidos para a identificação de dores miofasciais :
1. Localização da dor: pode ser unilateral, migratória ou bilateral. A recorrência
da dor pode ocasionar o espalhamento da mesma para região cervical e craniana.
Geralmente, a dor é referida para região auricular, ângulo da mandibula, face, fundo de
olho, têmpora e nuca.
2. Intesidade da dor: leve a moderada, podendo ser intensa na fase aguda.
3.Qualidade da dor: pode apresentar pontadas, cansaço, pressão, queimação ou
espamos na região dolorida.
4.Dor durante os movimentos mandibulares: fundamental na identificação das
dores musculares.
5.Limitação dolorosa dos movimentos mandibulares: quando o músculo sofre
isquemia, fadiga ou inflamação.
6.Palpação Muscular: deve haver hiperalgesia e reprodução da dor referida do
paciente.
5. Conclusão
Por fim, concluo que o diagnóstico das dores do grupamento muscular
mastigatório é um campo desconhecido por grande parte dos cirurgiõesdentistas.
O
processo de dor nos indivíduos, especificamente neste grupamento, apresentase
de
forma complexa, pois na maioria dos casos, não possui causas específicas.
As dores miofasciais podem ser mascaradas por outras patologias, o que dificulta
ainda mais o tratamento dessas desordens. O conhecimento sobre técnicas clínicas
como, palpação múscular minusciosa de cada músculo, observação de fatores locais ou
sistêmicos, avaliação de aspectos psicosomáticos e comportamentais, assim como
testes de resistência mastigatória, podem viabilizar o tratamento dessas desordens,
evitando assim, a cronificação da dor no paciente.