SlideShare a Scribd company logo
1 of 19
Sonetos
Luís de Camões
Prof. José Ricardo Lima
www.literaturaeshow.com.br
O AUTOR
SONETOS Luís de Camões
 Luís Vaz de Camões
 (Lisboa[?], 1524 — Lisboa, 10 de
junho de 1579 ou 1580) foi
um poeta nacional de Portugal,
considerado uma das maiores
figuras da literatura lusófona e
um dos grandes poetas da
tradição ocidental.
Prof. JOSÉ RICARDO LIMA – Literatura - www.literaturaeshow.com.br
o autor
SLIDES SOBRE O CLASSICISMO
PORTUGUÊS
TEXTOS PARA LEITURA E ANÁLISE
SONETOS Luís de Camões
Amor é um fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.
Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?
Prof. JOSÉ RICARDO LIMA – Literatura - www.literaturaeshow.com.br
textos
PRIMEIRA PARTE (verso 1 ao 11)
 Tentativa de uma definição “racional” do
amor;
 Metáforas paradoxais;
 Presença de anáfora;
SEGUNDA PARTE (verso 12 a 14)
 Adversidade;
 O amor é paradoxal, pois é contrário a si
mesmo;
 Reflexão inconclusiva, pois termina com
uma pergunta.
INTERTEXTUALIDADE
 Monte Castelo (Legião urbana)
SONETOS Luís de Camões
Ah! minha Dinamene! Assi deixaste
quem não deixara nunca de querer-te?
Ah! Ninfa minha! Já não posso ver-te,
tão asinha esta vida desprezaste!
Como já para sempre te apartaste
de quem tão longe estava de perder-te?
Puderam estas ondas defender-te,
que não visses quem tanto magoaste?
Nem falar-te somente a dura morte
me deixou, que tão cedo o negro manto
em teus olhos deitado consentiste!
Ó mar, ó Céu, ó minha escura sorte!
Que pena sentirei, que valha tanto,
que inda tenho por pouco o viver triste?
Prof. JOSÉ RICARDO LIMA – Literatura - www.literaturaeshow.com.br
textos
 Dinamene: ninfa, nereida (Nereu + Dóris);
amada de Camões (Oriente);
 ARCAÍSMOS: Assí (v.1) e Inda (v13)morte
depressa
Para o eu lírico, é como se ela tivesse
“concordado” com a morte
As nereidas estavam relacionadas às águas
e Dinamene morreu afogada
Interjeição: saudade
O céu. Onde está Dinamene, aparece personificado (letra maiúscula)
Luto em função da morte da amada
O eu lírico pressente que seus anos serão curtos
SONETOS Luís de Camões
Alma minha gentil, que te partiste
tão cedo desta vida descontente,
repousa lá no Céu eternamente,
e viva eu cá na terra sempre triste.
Se lá no assento etéreo, onde subiste,
memória desta vida se consente,
não te esqueças daquele amor ardente
que já nos olhos meus tão puro viste.
E se vires que pode merecer-te
algua causa a dor que me ficou
da mágoa, sem remédio, de perder-te,
roga a Deus, que teus anos encurtou,
que tão cedo de cá me leve a ver-te,
quão cedo de meus olhos te levou.
Prof. JOSÉ RICARDO LIMA – Literatura - www.literaturaeshow.com.br
textos
cacófato
morte
ANTÍTESES: “Céu” e “Terra” / “repousa” e “viva”
Uma visão cristã de “céu”
ANTÍTESES: amor neoplatônico X amor erótico
Éter: quinta essência (Aristóteles)
arcaísmo
Para o eu lírico, é como se ela tivesse
“concordado” com a morte. Ele fica “sentido”,
magoado.
Novamente, a ideia de uma morte prematura, já
expressa no outro poema
Peça a Deus que eu morra também. Que sua
vida seja tão breve como a da amada.
SONETOS Luís de Camões
Prof. JOSÉ RICARDO LIMA – Literatura - www.literaturaeshow.com.br
textos
Questa anima gentil che si diparte,
anzi tempo chiamata a l’altra vita,
se lassuso è quanto esser dê gradita,
terrà del ciel la piú beata parte.
S’ella riman fra ’l terzo lume et Marte,
fia la vista del sole scolorita,
poi ch’a mirar sua bellezza infinita
l’anime degne intorno a lei fien sparte.
Se si posasse sotto al quarto nido,
ciascuna de le tre saria men bella,
et essa sola avria la fama e ’l grido;
nel quinto giro non habitrebbe ella;
ma se vola piú alto, assai mi fido
che con Giove sia vinta ogni altra stella.
Alma minha gentil, que te partiste
tão cedo desta vida descontente,
repousa lá no Céu eternamente,
e viva eu cá na terra sempre triste.
Se lá no assento etéreo, onde subiste,
memória desta vida se consente,
não te esqueças daquele amor ardente
que já nos olhos meus tão puro viste.
E se vires que pode merecer-te
algua causa a dor que me ficou
da mágoa, sem remédio, de perder-te,
roga a Deus, que teus anos encurtou,
que tão cedo de cá me leve a ver-te,
quão cedo de meus olhos te levou.
Essa alma genti l que partiu,
antes do tempo, chamada a outra vida,
terá no céu segura acolhida
terá no céu a mais beata parte.
Se ela ficar entre a terceira luz e Marte
será a vista do sol descolorida
depois virá, toda alma ao céu subida
em torno dela olhar beleza infinita.
Se pousar abaixo do quarto ninho,
nenhuma das três será mais bela,
que está só, espalhada a fama e o grito;
No quinto giro não chegará ela;
mas se voar alto, em muito confio
ser vencido Júpiter e cada outra estrela;
SONETO CAMONIANO CONGÊNERE PETRARQUIANO TRADUÇÃO LIVRE
LITERATURA MIMÉTICA: A CÓPIA DOS CLÁSICOS
SONETOS Luís de Camões
Busque Amor novas artes, novo engenho,
para matar me, e novas esquivanças;
que não pode tirar me as esperanças,
que mal me tirará o que eu não tenho.
Olhai de que esperanças me mantenho!
Vede que perigosas seguranças!
Que não temo contrastes nem mudanças,
andando em bravo mar, perdido o lenho.
Mas, conquanto não pode haver desgosto
onde esperança falta, lá me esconde
Amor um mal, que mata e não se vê.
Que dias há que n'alma me tem posto
um não sei quê, que nasce não sei onde,
vem não sei como, e dói não sei porquê.
Prof. JOSÉ RICARDO LIMA – Literatura - www.literaturaeshow.com.br
textos
O soneto estabelece sua função retórica,
mesmo dialética, na exposição argumenta-
tiva. Obedecendo ao modelo clássico, sua
composição permite a ambientação da
divisão temática e a construção de uma
unidade sonora rica, a qual, ao passo
que atua na familiarização de uma
estrofe à outra, atua também no sentido
de promover a ilustração estrutural do
discurso, relacionando poeticamente
proposições e argumentos. A adoção do
soneto ainda é justificada tendo em
vista a familiaridade de sua marcha
sonora ao silogismo, explícito na
primeira e terceira estrofe, notado no
esquema seguinte:
SONETOS Luís de Camões
Busque Amor novas artes, novo engenho,
para matar-me, e novas esquivanças;
que não pode tirar me as esperanças,
que mal me tirará o que eu não tenho.
Olhai de que esperanças me mantenho!
Vede que perigosas seguranças!
Que não temo contrastes nem mudanças,
andando em bravo mar, perdido o lenho.
Mas, conquanto não pode haver desgosto
onde esperança falta, lá me esconde
Amor um mal, que mata e não se vê.
Que dias há que n'alma me tem posto
um não sei quê, que nasce não sei onde,
vem não sei como, e dói não sei porquê.
Prof. JOSÉ RICARDO LIMA – Literatura - www.literaturaeshow.com.br
textos
Proposição 1ª estrofe:
- As artes e o engenho do Amor não tirarão a
esperança do eu lírico.
Argumentação 1ª estrofe:
- O Amor não pode tirar a esperança de onde
ela não existe. O eu lírico não tem esperança.
Proposição 3ª estrofe:
- Eu lírico não sofrerá desgosto.
Argumentação 3ª estrofe:
- Onde falta esperança, não há desgosto. O eu
lírico não tem esperança.
Enquanto primeira e terceira estrofes tematizam a questão por
meio de silogismos, o segundo quarteto e terceto o fazem
através de torneios discursivos, utilizando a retórica
composta por imagens, paradoxos, sínquise, que em associação
à sonoridade e repetição de palavras, têm a função de
acentuar a dúvida sobre o inconceituável sentimento de amar.
SONETOS Luís de Camões
Prof. JOSÉ RICARDO LIMA – Literatura - www.literaturaeshow.com.br
textos
TEMPUS FUGIT / instabilidade das coisas / a inexorabilidade do tempo
PARADOXO: No mundo, TUDO MUDA. Apenas uma
coisa permanece: a MUDANÇA.
Na 1ª quadra, o sujeito poético refere que as pessoas mudam e
que, por isso, os interesses e os sentimentos também evoluem. A
forma de ser, a personalidade alteram-se assim como a confiança
em si próprio e nos outros.
O advérbio Continuamente reforça esta ideia de que a
mudança ininterrupta do mundo não se controla e que as
mudanças são, normalmente, para pior.
O eu lírico chega a questionar a
felicidade
ANTÍTESES na Natureza, tudo se renova mas no Homem as mudanças
são irreversíveis, sem retorno.
No 2º terceto, 1º verso, retoma-se a ideia desta
mudança contínua e incontornável já expressa pelo
advérbio da 2ª quadra, Continuamente. O sujeito revela
o seu espanto pelo fato de já não se reconhecer no que
vai mudando pois a própria mudança está a mudar...
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
todo o mundo é composto de mudança,
tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
diferentes em tudo da esperança;
do mal ficam as mágoas na lembrança,
e do bem (se algum houve), as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
que já coberto foi de neve fria, e, enfim,
converte em choro o doce canto.
E, afora este mudar-se cada dia,
outra mudança faz de mor espanto,
que não se muda já como soía.
SONETOS Luís de Camões
Sete anos de pastor Jacob servia
Labão, pai de Raquel, serrana bela;
mas não servia ao pai, servia a ela,
e a ela só por prémio pretendia.
Os dias, na esperança de um só dia,
passava, contentando se com vê la;
porém o pai, usando de cautela,
em lugar de Raquel lhe dava Lia.
Vendo o triste pastor que com enganos
lhe fora assi negada a sua pastora,
como se a não tivera merecida;
começa de servir outros sete anos,
dizendo: —Mais servira, se não fora
para tão longo amor tão curta a vida.
Prof. JOSÉ RICARDO LIMA – Literatura - www.literaturaeshow.com.br
textos
E Labão tinha duas filhas; o nome da mais velha era Lia, e o nome da menor
Raquel. Lia tinha olhos tenros, mas Raquel era de formoso semblante e formosa
à vista. E Jacó amava a Raquel, e disse: Sete anos te servirei por Raquel, tua
filha menor. Então disse Labão: Melhor é que eu a dê a ti, do que eu a dê a outro
homem; fica comigo. Assim serviu Jacó sete anos por Raquel; e estes lhe
pareceram como poucos dias, pelo muito que a amava. E disse Jacó a Labão:
Dá-me minha mulher, porque meus dias são cumpridos, para que eu me case
com ela. Então reuniu Labão a todos os homens daquele lugar, e fez um
banquete. E aconteceu, à tarde, que tomou Lia, sua filha, e trouxe-a a Jacó que a
possuiu. E Labão deu sua serva Zilpa a Lia, sua filha, por serva. E aconteceu que
pela manhã, viu que era Lia; pelo que disse a Labão: Por que me fizeste isso?
Não te tenho servido por Raquel? Por que então me enganaste? E disse Labão:
Não se faz assim no nosso lugar, que a menor se dê antes da primogênita.
Cumpre a semana desta; então te daremos também a outra, pelo serviço que
ainda outros sete anos comigo servires. E Jacó fez assim, e cumpriu a semana
de Lia; então lhe deu por mulher Raquel sua filha. E Labão deu sua serva Bila
por serva a Raquel, sua filha. E possuiu também a Raquel, e amou também a
Raquel mais do que a Lia e serviu com ele ainda outros sete anos.
Gênesis 29, 16-30
SONETOS Luís de Camões
Prof. JOSÉ RICARDO LIMA – Literatura - www.literaturaeshow.com.br
textos
A simbologia bíblica do “sete”
Sete anos de pastor Jacob servia
Labão, pai de Raquel, serrana bela;
mas não servia ao pai, servia a ela,
e a ela só por prémio pretendia.
Os dias, na esperança de um só dia,
passava, contentando se com vê-la;
porém o pai, usando de cautela,
em lugar de Raquel lhe dava Lia.
Vendo o triste pastor que com enganos
lhe fora assi negada a sua pastora,
como se a não tivera merecida;
começa de servir outros sete anos,
dizendo: — Mais servira, se não fora
para tão longo amor tão curta a vida.
amor neoplatônico
A construção de um soneto pastoril de inspiração bíblica,
demonstra uma dupla filiação de Camões dentro da poesia
ocidental: ele valoriza tanto o pilar greco-latino quanto o
hebraico-cristão.
RIMA “IMPERFEITA”
As diferenças entre o soneto e
o texto-matriz
brevidade da vida (tempus fugit)
SONETOS Luís de Camões
Transforma-se o amador na cousa amada,
por virtude do muito imaginar;
não tenho, logo, mais que desejar,
pois em mim tenho a parte desejada.
Se nela está minha alma transformada,
que mais deseja o corpo de alcançar?
Em si sòmente pode descansar,
pois consigo tal alma está liada. [ligada]
Mas esta linda e pura semideia, [semideusa]
que, como um acidente em seu sujeito,
assi co a alma minha se conforma,
está no pensamento como ideia:
[e] o vivo e puro amor de que sou feito,
como a matéria simples busca a forma.
Prof. JOSÉ RICARDO LIMA – Literatura - www.literaturaeshow.com.br
textos
“Transforma-se o amador na cousa
amada” pode ser reflexo de uma
opinião de Pseudo-Dionísio, que foi
um filósofo neoplatônico que afirmou
que o amor é uma força unitiva e
consistente. São Tomás de Aquino
esclareceu que isso quer dizer que
existem duas formas de união entre o
amador e o amado: a primeira é a
união real, e a segunda é a união
intelectual e a inclinação que a
pessoa tem em relação à outra, de
maneira que ela passa a participar da
pessoa amada de alguma forma. Como
participa da pessoa amada, o amante
só pode ter nele a parte desejada.
SONETOS Luís de Camões
Transforma-se o amador na cousa amada,
por virtude do muito imaginar;
não tenho, logo, mais que desejar,
pois em mim tenho a parte desejada.
Se nela está minha alma transformada,
que mais deseja o corpo de alcançar?
Em si sòmente pode descansar,
pois consigo tal alma está liada.
Mas esta linda e pura semideia,
que, como um acidente em seu sujeito,
assi co a alma minha se conforma,
está no pensamento como ideia:
[e] o vivo e puro amor de que sou feito,
como a matéria simples busca a forma.
Prof. JOSÉ RICARDO LIMA – Literatura - www.literaturaeshow.com.br
textos
Não necessitando do amor dos corpos,
pois já existe uma ligação das almas,
o amante contempla a “semideia” .
“Como um acidente em seu sujeito”
pode ser referente a afirmação de São
Tomás, inspirado por Aristóteles, que
“o sujeito está para o acidente como
a potência para o ato; pois, em
relação ao acidente, o sujeito é, de
certo modo, atual”.
SONETOS Luís de Camões
Transforma-se o amador na cousa amada,
por virtude do muito imaginar;
não tenho, logo, mais que desejar,
pois em mim tenho a parte desejada.
Se nela está minha alma transformada,
que mais deseja o corpo de alcançar?
Em si sòmente pode descansar,
pois consigo tal alma está liada.
Mas esta linda e pura semideia,
que, como um acidente em seu sujeito,
assi co a alma minha se conforma,
está no pensamento como ideia:
[e] o vivo e puro amor de que sou feito,
como a matéria simples busca a forma.
Prof. JOSÉ RICARDO LIMA – Literatura - www.literaturaeshow.com.br
textos
A amada está em seu pensamento como
uma Ideia platônica que busca a forma
Aristotélica no mundo da physis. O
poema é uma batalha entre as duas
escolas, a platônica e a
aristotélica, que reflete o mundo da
filosofia no Renascimento. O mundo
das ideias de Platão misturado com a
matéria e forma de Aristóteles fazem
desse poema uma das obras-primas da
poesia de todos os países em todos os
tempos.
O espelho
Machado de Assis
Prof. José Ricardo Lima
www.literaturaeshow.com.br
SONETOS Luís de Camões
 Luís Vaz de Camões
 (Lisboa[?], 1524 — Lisboa, 10 de
junho de 1579 ou 1580) foi
um poeta nacional de Portugal,
considerado uma das maiores
figuras da literatura lusófona e
um dos grandes poetas da
tradição ocidental.
Prof. JOSÉ RICARDO LIMA – Literatura - www.literaturaeshow.com.br
o autor

More Related Content

What's hot

Conjunções e Locuções Conjuncionais
Conjunções e Locuções ConjuncionaisConjunções e Locuções Conjuncionais
Conjunções e Locuções Conjuncionais
Rosalina Simão Nunes
 
Processos morfologicos formação_palavras
Processos morfologicos formação_palavrasProcessos morfologicos formação_palavras
Processos morfologicos formação_palavras
armindaalmeida
 
Descalça vai para a fonte
Descalça vai para a fonteDescalça vai para a fonte
Descalça vai para a fonte
Helena Coutinho
 
Categorias da narrativa
Categorias da narrativaCategorias da narrativa
Categorias da narrativa
Vanda Marques
 

What's hot (20)

Coerência e coesão textual,matias
Coerência e coesão textual,matiasCoerência e coesão textual,matias
Coerência e coesão textual,matias
 
Camões lírico 2017
Camões lírico 2017Camões lírico 2017
Camões lírico 2017
 
Pessoa ortónimo proposta para análise de poemas 14_15
Pessoa ortónimo proposta para análise de poemas 14_15Pessoa ortónimo proposta para análise de poemas 14_15
Pessoa ortónimo proposta para análise de poemas 14_15
 
Vaidosa
VaidosaVaidosa
Vaidosa
 
Autopsicografia e Isto
Autopsicografia e IstoAutopsicografia e Isto
Autopsicografia e Isto
 
Conjunções e Locuções Conjuncionais
Conjunções e Locuções ConjuncionaisConjunções e Locuções Conjuncionais
Conjunções e Locuções Conjuncionais
 
Teste 1
Teste 1Teste 1
Teste 1
 
Cristalizacoes
CristalizacoesCristalizacoes
Cristalizacoes
 
Mudam-se os tempos
Mudam-se os temposMudam-se os tempos
Mudam-se os tempos
 
Processos morfologicos formação_palavras
Processos morfologicos formação_palavrasProcessos morfologicos formação_palavras
Processos morfologicos formação_palavras
 
O dia em que eu nasci, morra e pereça
O dia em que eu nasci, morra e pereçaO dia em que eu nasci, morra e pereça
O dia em que eu nasci, morra e pereça
 
Coesão interfrásica
Coesão interfrásicaCoesão interfrásica
Coesão interfrásica
 
Formação de palavras
Formação de palavrasFormação de palavras
Formação de palavras
 
Categorias da narrativa
Categorias da narrativaCategorias da narrativa
Categorias da narrativa
 
Fernando Pessoa Nostalgia da Infância
Fernando Pessoa Nostalgia da InfânciaFernando Pessoa Nostalgia da Infância
Fernando Pessoa Nostalgia da Infância
 
Coesão gramatical
Coesão gramaticalCoesão gramatical
Coesão gramatical
 
Descalça vai para a fonte
Descalça vai para a fonteDescalça vai para a fonte
Descalça vai para a fonte
 
Ricardo Reis - Heterónimo de Fernando Pessoa
Ricardo Reis - Heterónimo de Fernando Pessoa Ricardo Reis - Heterónimo de Fernando Pessoa
Ricardo Reis - Heterónimo de Fernando Pessoa
 
Relação entre palavras
Relação entre palavrasRelação entre palavras
Relação entre palavras
 
Categorias da narrativa
Categorias da narrativaCategorias da narrativa
Categorias da narrativa
 

Similar to Sonetos (Camões) UNICAMP

Luisdecames1 110622224318-phpapp01
Luisdecames1 110622224318-phpapp01Luisdecames1 110622224318-phpapp01
Luisdecames1 110622224318-phpapp01
Sarah Michele
 
30 Poemas De Amor Slide
30 Poemas De Amor Slide30 Poemas De Amor Slide
30 Poemas De Amor Slide
Hugo Pereira
 
Viniciuspraviverumgrandeamor
ViniciuspraviverumgrandeamorViniciuspraviverumgrandeamor
Viniciuspraviverumgrandeamor
Fabio Murilo
 

Similar to Sonetos (Camões) UNICAMP (20)

Sonetos de camões
Sonetos de camões Sonetos de camões
Sonetos de camões
 
Unic 01 - camoes sonetos-2018-pr wsf
Unic 01 - camoes sonetos-2018-pr wsfUnic 01 - camoes sonetos-2018-pr wsf
Unic 01 - camoes sonetos-2018-pr wsf
 
Luis de camões 1
Luis de camões 1Luis de camões 1
Luis de camões 1
 
Luisdecames1
Luisdecames1 Luisdecames1
Luisdecames1
 
Antologia poética
Antologia poéticaAntologia poética
Antologia poética
 
Eternizadas setembro__10
Eternizadas  setembro__10Eternizadas  setembro__10
Eternizadas setembro__10
 
Luisdecames1 110622224318-phpapp01
Luisdecames1 110622224318-phpapp01Luisdecames1 110622224318-phpapp01
Luisdecames1 110622224318-phpapp01
 
Feras da Poetica
Feras da PoeticaFeras da Poetica
Feras da Poetica
 
30 Poemas De Amor Slide
30 Poemas De Amor Slide30 Poemas De Amor Slide
30 Poemas De Amor Slide
 
Eternizadas dez__16
Eternizadas  dez__16Eternizadas  dez__16
Eternizadas dez__16
 
Trabalho de portugues 2 viniciu 1ºb
Trabalho de portugues 2  viniciu 1ºbTrabalho de portugues 2  viniciu 1ºb
Trabalho de portugues 2 viniciu 1ºb
 
Poesia amor
Poesia amorPoesia amor
Poesia amor
 
Gêneros literários
Gêneros literáriosGêneros literários
Gêneros literários
 
Análise de poemas
Análise de poemasAnálise de poemas
Análise de poemas
 
Poesia amor
Poesia amorPoesia amor
Poesia amor
 
Vinicius antologia poetica
Vinicius antologia poeticaVinicius antologia poetica
Vinicius antologia poetica
 
Viniciuspraviverumgrandeamor
ViniciuspraviverumgrandeamorViniciuspraviverumgrandeamor
Viniciuspraviverumgrandeamor
 
Vinicius
ViniciusVinicius
Vinicius
 
Eternizadas julho__25
Eternizadas  julho__25Eternizadas  julho__25
Eternizadas julho__25
 
Estrutura do Poema.pdf
Estrutura do Poema.pdfEstrutura do Poema.pdf
Estrutura do Poema.pdf
 

More from José Ricardo Lima

Artigo sobre "A morte de Ivan Ilitch"
Artigo sobre "A morte de Ivan Ilitch"Artigo sobre "A morte de Ivan Ilitch"
Artigo sobre "A morte de Ivan Ilitch"
José Ricardo Lima
 
UFU 2013_A volta do marido pródigo
UFU 2013_A volta do marido pródigoUFU 2013_A volta do marido pródigo
UFU 2013_A volta do marido pródigo
José Ricardo Lima
 

More from José Ricardo Lima (20)

Machado de Assis 2.0.ppt
Machado de Assis 2.0.pptMachado de Assis 2.0.ppt
Machado de Assis 2.0.ppt
 
Quincas Borba
Quincas Borba Quincas Borba
Quincas Borba
 
Claro enigma (Carlos Drummond de Andrade)
Claro enigma (Carlos Drummond de Andrade)Claro enigma (Carlos Drummond de Andrade)
Claro enigma (Carlos Drummond de Andrade)
 
O cortiço
O cortiçoO cortiço
O cortiço
 
Sobrevivendo no inferno (Unicamp)
Sobrevivendo no inferno (Unicamp)Sobrevivendo no inferno (Unicamp)
Sobrevivendo no inferno (Unicamp)
 
O bem-amado (Unicamp)
O bem-amado (Unicamp)O bem-amado (Unicamp)
O bem-amado (Unicamp)
 
O espelho (Machado de Assis) Unicamp
O espelho (Machado de Assis) UnicampO espelho (Machado de Assis) Unicamp
O espelho (Machado de Assis) Unicamp
 
Claro enigma
Claro enigma Claro enigma
Claro enigma
 
Maus: a história de um sobrevivente
Maus: a história de um sobreviventeMaus: a história de um sobrevivente
Maus: a história de um sobrevivente
 
Morte e vida severina
Morte e vida severinaMorte e vida severina
Morte e vida severina
 
Artigo sobre "A morte de Ivan Ilitch"
Artigo sobre "A morte de Ivan Ilitch"Artigo sobre "A morte de Ivan Ilitch"
Artigo sobre "A morte de Ivan Ilitch"
 
Romantismo 2.0
Romantismo 2.0Romantismo 2.0
Romantismo 2.0
 
Relações intertextuais 2.0
Relações intertextuais 2.0Relações intertextuais 2.0
Relações intertextuais 2.0
 
Drummond
DrummondDrummond
Drummond
 
Manuel Bandeira (com textos)
Manuel Bandeira (com textos)Manuel Bandeira (com textos)
Manuel Bandeira (com textos)
 
Exercícios cda
Exercícios cdaExercícios cda
Exercícios cda
 
Vidas secas
Vidas secasVidas secas
Vidas secas
 
UFU 2013_A volta do marido pródigo
UFU 2013_A volta do marido pródigoUFU 2013_A volta do marido pródigo
UFU 2013_A volta do marido pródigo
 
Gustav Courbet
Gustav CourbetGustav Courbet
Gustav Courbet
 
Arcadismo 2.0
Arcadismo 2.0Arcadismo 2.0
Arcadismo 2.0
 

Recently uploaded

A EDUCAÇÃO FÍSICA NO NOVO ENSINO MÉDIO: IMPLICAÇÕES E TENDÊNCIAS PROMOVIDAS P...
A EDUCAÇÃO FÍSICA NO NOVO ENSINO MÉDIO: IMPLICAÇÕES E TENDÊNCIAS PROMOVIDAS P...A EDUCAÇÃO FÍSICA NO NOVO ENSINO MÉDIO: IMPLICAÇÕES E TENDÊNCIAS PROMOVIDAS P...
A EDUCAÇÃO FÍSICA NO NOVO ENSINO MÉDIO: IMPLICAÇÕES E TENDÊNCIAS PROMOVIDAS P...
PatriciaCaetano18
 
Teoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptx
Teoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptxTeoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptx
Teoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptx
TailsonSantos1
 
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividadesRevolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
FabianeMartins35
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...
PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...
PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...
HELENO FAVACHO
 

Recently uploaded (20)

Seminário Biologia e desenvolvimento da matrinxa.pptx
Seminário Biologia e desenvolvimento da matrinxa.pptxSeminário Biologia e desenvolvimento da matrinxa.pptx
Seminário Biologia e desenvolvimento da matrinxa.pptx
 
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
 
Cartão de crédito e fatura do cartão.pptx
Cartão de crédito e fatura do cartão.pptxCartão de crédito e fatura do cartão.pptx
Cartão de crédito e fatura do cartão.pptx
 
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptxSlides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
 
A EDUCAÇÃO FÍSICA NO NOVO ENSINO MÉDIO: IMPLICAÇÕES E TENDÊNCIAS PROMOVIDAS P...
A EDUCAÇÃO FÍSICA NO NOVO ENSINO MÉDIO: IMPLICAÇÕES E TENDÊNCIAS PROMOVIDAS P...A EDUCAÇÃO FÍSICA NO NOVO ENSINO MÉDIO: IMPLICAÇÕES E TENDÊNCIAS PROMOVIDAS P...
A EDUCAÇÃO FÍSICA NO NOVO ENSINO MÉDIO: IMPLICAÇÕES E TENDÊNCIAS PROMOVIDAS P...
 
Teoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptx
Teoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptxTeoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptx
Teoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptx
 
Projeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdf
Projeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdfProjeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdf
Projeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdf
 
migração e trabalho 2º ano.pptx fenomenos
migração e trabalho 2º ano.pptx fenomenosmigração e trabalho 2º ano.pptx fenomenos
migração e trabalho 2º ano.pptx fenomenos
 
EDUCAÇÃO ESPECIAL NA PERSPECTIVA INCLUSIVA
EDUCAÇÃO ESPECIAL NA PERSPECTIVA INCLUSIVAEDUCAÇÃO ESPECIAL NA PERSPECTIVA INCLUSIVA
EDUCAÇÃO ESPECIAL NA PERSPECTIVA INCLUSIVA
 
Aula de jornada de trabalho - reforma.ppt
Aula de jornada de trabalho - reforma.pptAula de jornada de trabalho - reforma.ppt
Aula de jornada de trabalho - reforma.ppt
 
Texto dramático com Estrutura e exemplos.ppt
Texto dramático com Estrutura e exemplos.pptTexto dramático com Estrutura e exemplos.ppt
Texto dramático com Estrutura e exemplos.ppt
 
6ano variação linguística ensino fundamental.pptx
6ano variação linguística ensino fundamental.pptx6ano variação linguística ensino fundamental.pptx
6ano variação linguística ensino fundamental.pptx
 
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdfApresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
 
Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdf
Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdfRecomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdf
Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdf
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdfPROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdf
 
Estudar, para quê? Ciência, para quê? Parte 1 e Parte 2
Estudar, para quê?  Ciência, para quê? Parte 1 e Parte 2Estudar, para quê?  Ciência, para quê? Parte 1 e Parte 2
Estudar, para quê? Ciência, para quê? Parte 1 e Parte 2
 
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividadesRevolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
 
Camadas da terra -Litosfera conteúdo 6º ano
Camadas da terra -Litosfera  conteúdo 6º anoCamadas da terra -Litosfera  conteúdo 6º ano
Camadas da terra -Litosfera conteúdo 6º ano
 
Produção de Texto - 5º ano - CRÔNICA.pptx
Produção de Texto - 5º ano - CRÔNICA.pptxProdução de Texto - 5º ano - CRÔNICA.pptx
Produção de Texto - 5º ano - CRÔNICA.pptx
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...
PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...
PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...
 

Sonetos (Camões) UNICAMP

  • 1. Sonetos Luís de Camões Prof. José Ricardo Lima www.literaturaeshow.com.br
  • 3. SONETOS Luís de Camões  Luís Vaz de Camões  (Lisboa[?], 1524 — Lisboa, 10 de junho de 1579 ou 1580) foi um poeta nacional de Portugal, considerado uma das maiores figuras da literatura lusófona e um dos grandes poetas da tradição ocidental. Prof. JOSÉ RICARDO LIMA – Literatura - www.literaturaeshow.com.br o autor
  • 4. SLIDES SOBRE O CLASSICISMO PORTUGUÊS
  • 5. TEXTOS PARA LEITURA E ANÁLISE
  • 6. SONETOS Luís de Camões Amor é um fogo que arde sem se ver, é ferida que dói, e não se sente; é um contentamento descontente, é dor que desatina sem doer. É um não querer mais que bem querer; é um andar solitário entre a gente; é nunca contentar se de contente; é um cuidar que ganha em se perder. É querer estar preso por vontade; é servir a quem vence, o vencedor; é ter com quem nos mata, lealdade. Mas como causar pode seu favor nos corações humanos amizade, se tão contrário a si é o mesmo Amor? Prof. JOSÉ RICARDO LIMA – Literatura - www.literaturaeshow.com.br textos PRIMEIRA PARTE (verso 1 ao 11)  Tentativa de uma definição “racional” do amor;  Metáforas paradoxais;  Presença de anáfora; SEGUNDA PARTE (verso 12 a 14)  Adversidade;  O amor é paradoxal, pois é contrário a si mesmo;  Reflexão inconclusiva, pois termina com uma pergunta. INTERTEXTUALIDADE  Monte Castelo (Legião urbana)
  • 7. SONETOS Luís de Camões Ah! minha Dinamene! Assi deixaste quem não deixara nunca de querer-te? Ah! Ninfa minha! Já não posso ver-te, tão asinha esta vida desprezaste! Como já para sempre te apartaste de quem tão longe estava de perder-te? Puderam estas ondas defender-te, que não visses quem tanto magoaste? Nem falar-te somente a dura morte me deixou, que tão cedo o negro manto em teus olhos deitado consentiste! Ó mar, ó Céu, ó minha escura sorte! Que pena sentirei, que valha tanto, que inda tenho por pouco o viver triste? Prof. JOSÉ RICARDO LIMA – Literatura - www.literaturaeshow.com.br textos  Dinamene: ninfa, nereida (Nereu + Dóris); amada de Camões (Oriente);  ARCAÍSMOS: Assí (v.1) e Inda (v13)morte depressa Para o eu lírico, é como se ela tivesse “concordado” com a morte As nereidas estavam relacionadas às águas e Dinamene morreu afogada Interjeição: saudade O céu. Onde está Dinamene, aparece personificado (letra maiúscula) Luto em função da morte da amada O eu lírico pressente que seus anos serão curtos
  • 8. SONETOS Luís de Camões Alma minha gentil, que te partiste tão cedo desta vida descontente, repousa lá no Céu eternamente, e viva eu cá na terra sempre triste. Se lá no assento etéreo, onde subiste, memória desta vida se consente, não te esqueças daquele amor ardente que já nos olhos meus tão puro viste. E se vires que pode merecer-te algua causa a dor que me ficou da mágoa, sem remédio, de perder-te, roga a Deus, que teus anos encurtou, que tão cedo de cá me leve a ver-te, quão cedo de meus olhos te levou. Prof. JOSÉ RICARDO LIMA – Literatura - www.literaturaeshow.com.br textos cacófato morte ANTÍTESES: “Céu” e “Terra” / “repousa” e “viva” Uma visão cristã de “céu” ANTÍTESES: amor neoplatônico X amor erótico Éter: quinta essência (Aristóteles) arcaísmo Para o eu lírico, é como se ela tivesse “concordado” com a morte. Ele fica “sentido”, magoado. Novamente, a ideia de uma morte prematura, já expressa no outro poema Peça a Deus que eu morra também. Que sua vida seja tão breve como a da amada.
  • 9. SONETOS Luís de Camões Prof. JOSÉ RICARDO LIMA – Literatura - www.literaturaeshow.com.br textos Questa anima gentil che si diparte, anzi tempo chiamata a l’altra vita, se lassuso è quanto esser dê gradita, terrà del ciel la piú beata parte. S’ella riman fra ’l terzo lume et Marte, fia la vista del sole scolorita, poi ch’a mirar sua bellezza infinita l’anime degne intorno a lei fien sparte. Se si posasse sotto al quarto nido, ciascuna de le tre saria men bella, et essa sola avria la fama e ’l grido; nel quinto giro non habitrebbe ella; ma se vola piú alto, assai mi fido che con Giove sia vinta ogni altra stella. Alma minha gentil, que te partiste tão cedo desta vida descontente, repousa lá no Céu eternamente, e viva eu cá na terra sempre triste. Se lá no assento etéreo, onde subiste, memória desta vida se consente, não te esqueças daquele amor ardente que já nos olhos meus tão puro viste. E se vires que pode merecer-te algua causa a dor que me ficou da mágoa, sem remédio, de perder-te, roga a Deus, que teus anos encurtou, que tão cedo de cá me leve a ver-te, quão cedo de meus olhos te levou. Essa alma genti l que partiu, antes do tempo, chamada a outra vida, terá no céu segura acolhida terá no céu a mais beata parte. Se ela ficar entre a terceira luz e Marte será a vista do sol descolorida depois virá, toda alma ao céu subida em torno dela olhar beleza infinita. Se pousar abaixo do quarto ninho, nenhuma das três será mais bela, que está só, espalhada a fama e o grito; No quinto giro não chegará ela; mas se voar alto, em muito confio ser vencido Júpiter e cada outra estrela; SONETO CAMONIANO CONGÊNERE PETRARQUIANO TRADUÇÃO LIVRE LITERATURA MIMÉTICA: A CÓPIA DOS CLÁSICOS
  • 10. SONETOS Luís de Camões Busque Amor novas artes, novo engenho, para matar me, e novas esquivanças; que não pode tirar me as esperanças, que mal me tirará o que eu não tenho. Olhai de que esperanças me mantenho! Vede que perigosas seguranças! Que não temo contrastes nem mudanças, andando em bravo mar, perdido o lenho. Mas, conquanto não pode haver desgosto onde esperança falta, lá me esconde Amor um mal, que mata e não se vê. Que dias há que n'alma me tem posto um não sei quê, que nasce não sei onde, vem não sei como, e dói não sei porquê. Prof. JOSÉ RICARDO LIMA – Literatura - www.literaturaeshow.com.br textos O soneto estabelece sua função retórica, mesmo dialética, na exposição argumenta- tiva. Obedecendo ao modelo clássico, sua composição permite a ambientação da divisão temática e a construção de uma unidade sonora rica, a qual, ao passo que atua na familiarização de uma estrofe à outra, atua também no sentido de promover a ilustração estrutural do discurso, relacionando poeticamente proposições e argumentos. A adoção do soneto ainda é justificada tendo em vista a familiaridade de sua marcha sonora ao silogismo, explícito na primeira e terceira estrofe, notado no esquema seguinte:
  • 11. SONETOS Luís de Camões Busque Amor novas artes, novo engenho, para matar-me, e novas esquivanças; que não pode tirar me as esperanças, que mal me tirará o que eu não tenho. Olhai de que esperanças me mantenho! Vede que perigosas seguranças! Que não temo contrastes nem mudanças, andando em bravo mar, perdido o lenho. Mas, conquanto não pode haver desgosto onde esperança falta, lá me esconde Amor um mal, que mata e não se vê. Que dias há que n'alma me tem posto um não sei quê, que nasce não sei onde, vem não sei como, e dói não sei porquê. Prof. JOSÉ RICARDO LIMA – Literatura - www.literaturaeshow.com.br textos Proposição 1ª estrofe: - As artes e o engenho do Amor não tirarão a esperança do eu lírico. Argumentação 1ª estrofe: - O Amor não pode tirar a esperança de onde ela não existe. O eu lírico não tem esperança. Proposição 3ª estrofe: - Eu lírico não sofrerá desgosto. Argumentação 3ª estrofe: - Onde falta esperança, não há desgosto. O eu lírico não tem esperança. Enquanto primeira e terceira estrofes tematizam a questão por meio de silogismos, o segundo quarteto e terceto o fazem através de torneios discursivos, utilizando a retórica composta por imagens, paradoxos, sínquise, que em associação à sonoridade e repetição de palavras, têm a função de acentuar a dúvida sobre o inconceituável sentimento de amar.
  • 12. SONETOS Luís de Camões Prof. JOSÉ RICARDO LIMA – Literatura - www.literaturaeshow.com.br textos TEMPUS FUGIT / instabilidade das coisas / a inexorabilidade do tempo PARADOXO: No mundo, TUDO MUDA. Apenas uma coisa permanece: a MUDANÇA. Na 1ª quadra, o sujeito poético refere que as pessoas mudam e que, por isso, os interesses e os sentimentos também evoluem. A forma de ser, a personalidade alteram-se assim como a confiança em si próprio e nos outros. O advérbio Continuamente reforça esta ideia de que a mudança ininterrupta do mundo não se controla e que as mudanças são, normalmente, para pior. O eu lírico chega a questionar a felicidade ANTÍTESES na Natureza, tudo se renova mas no Homem as mudanças são irreversíveis, sem retorno. No 2º terceto, 1º verso, retoma-se a ideia desta mudança contínua e incontornável já expressa pelo advérbio da 2ª quadra, Continuamente. O sujeito revela o seu espanto pelo fato de já não se reconhecer no que vai mudando pois a própria mudança está a mudar... Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, Muda-se o ser, muda-se a confiança; todo o mundo é composto de mudança, tomando sempre novas qualidades. Continuamente vemos novidades, diferentes em tudo da esperança; do mal ficam as mágoas na lembrança, e do bem (se algum houve), as saudades. O tempo cobre o chão de verde manto, que já coberto foi de neve fria, e, enfim, converte em choro o doce canto. E, afora este mudar-se cada dia, outra mudança faz de mor espanto, que não se muda já como soía.
  • 13. SONETOS Luís de Camões Sete anos de pastor Jacob servia Labão, pai de Raquel, serrana bela; mas não servia ao pai, servia a ela, e a ela só por prémio pretendia. Os dias, na esperança de um só dia, passava, contentando se com vê la; porém o pai, usando de cautela, em lugar de Raquel lhe dava Lia. Vendo o triste pastor que com enganos lhe fora assi negada a sua pastora, como se a não tivera merecida; começa de servir outros sete anos, dizendo: —Mais servira, se não fora para tão longo amor tão curta a vida. Prof. JOSÉ RICARDO LIMA – Literatura - www.literaturaeshow.com.br textos E Labão tinha duas filhas; o nome da mais velha era Lia, e o nome da menor Raquel. Lia tinha olhos tenros, mas Raquel era de formoso semblante e formosa à vista. E Jacó amava a Raquel, e disse: Sete anos te servirei por Raquel, tua filha menor. Então disse Labão: Melhor é que eu a dê a ti, do que eu a dê a outro homem; fica comigo. Assim serviu Jacó sete anos por Raquel; e estes lhe pareceram como poucos dias, pelo muito que a amava. E disse Jacó a Labão: Dá-me minha mulher, porque meus dias são cumpridos, para que eu me case com ela. Então reuniu Labão a todos os homens daquele lugar, e fez um banquete. E aconteceu, à tarde, que tomou Lia, sua filha, e trouxe-a a Jacó que a possuiu. E Labão deu sua serva Zilpa a Lia, sua filha, por serva. E aconteceu que pela manhã, viu que era Lia; pelo que disse a Labão: Por que me fizeste isso? Não te tenho servido por Raquel? Por que então me enganaste? E disse Labão: Não se faz assim no nosso lugar, que a menor se dê antes da primogênita. Cumpre a semana desta; então te daremos também a outra, pelo serviço que ainda outros sete anos comigo servires. E Jacó fez assim, e cumpriu a semana de Lia; então lhe deu por mulher Raquel sua filha. E Labão deu sua serva Bila por serva a Raquel, sua filha. E possuiu também a Raquel, e amou também a Raquel mais do que a Lia e serviu com ele ainda outros sete anos. Gênesis 29, 16-30
  • 14. SONETOS Luís de Camões Prof. JOSÉ RICARDO LIMA – Literatura - www.literaturaeshow.com.br textos A simbologia bíblica do “sete” Sete anos de pastor Jacob servia Labão, pai de Raquel, serrana bela; mas não servia ao pai, servia a ela, e a ela só por prémio pretendia. Os dias, na esperança de um só dia, passava, contentando se com vê-la; porém o pai, usando de cautela, em lugar de Raquel lhe dava Lia. Vendo o triste pastor que com enganos lhe fora assi negada a sua pastora, como se a não tivera merecida; começa de servir outros sete anos, dizendo: — Mais servira, se não fora para tão longo amor tão curta a vida. amor neoplatônico A construção de um soneto pastoril de inspiração bíblica, demonstra uma dupla filiação de Camões dentro da poesia ocidental: ele valoriza tanto o pilar greco-latino quanto o hebraico-cristão. RIMA “IMPERFEITA” As diferenças entre o soneto e o texto-matriz brevidade da vida (tempus fugit)
  • 15. SONETOS Luís de Camões Transforma-se o amador na cousa amada, por virtude do muito imaginar; não tenho, logo, mais que desejar, pois em mim tenho a parte desejada. Se nela está minha alma transformada, que mais deseja o corpo de alcançar? Em si sòmente pode descansar, pois consigo tal alma está liada. [ligada] Mas esta linda e pura semideia, [semideusa] que, como um acidente em seu sujeito, assi co a alma minha se conforma, está no pensamento como ideia: [e] o vivo e puro amor de que sou feito, como a matéria simples busca a forma. Prof. JOSÉ RICARDO LIMA – Literatura - www.literaturaeshow.com.br textos “Transforma-se o amador na cousa amada” pode ser reflexo de uma opinião de Pseudo-Dionísio, que foi um filósofo neoplatônico que afirmou que o amor é uma força unitiva e consistente. São Tomás de Aquino esclareceu que isso quer dizer que existem duas formas de união entre o amador e o amado: a primeira é a união real, e a segunda é a união intelectual e a inclinação que a pessoa tem em relação à outra, de maneira que ela passa a participar da pessoa amada de alguma forma. Como participa da pessoa amada, o amante só pode ter nele a parte desejada.
  • 16. SONETOS Luís de Camões Transforma-se o amador na cousa amada, por virtude do muito imaginar; não tenho, logo, mais que desejar, pois em mim tenho a parte desejada. Se nela está minha alma transformada, que mais deseja o corpo de alcançar? Em si sòmente pode descansar, pois consigo tal alma está liada. Mas esta linda e pura semideia, que, como um acidente em seu sujeito, assi co a alma minha se conforma, está no pensamento como ideia: [e] o vivo e puro amor de que sou feito, como a matéria simples busca a forma. Prof. JOSÉ RICARDO LIMA – Literatura - www.literaturaeshow.com.br textos Não necessitando do amor dos corpos, pois já existe uma ligação das almas, o amante contempla a “semideia” . “Como um acidente em seu sujeito” pode ser referente a afirmação de São Tomás, inspirado por Aristóteles, que “o sujeito está para o acidente como a potência para o ato; pois, em relação ao acidente, o sujeito é, de certo modo, atual”.
  • 17. SONETOS Luís de Camões Transforma-se o amador na cousa amada, por virtude do muito imaginar; não tenho, logo, mais que desejar, pois em mim tenho a parte desejada. Se nela está minha alma transformada, que mais deseja o corpo de alcançar? Em si sòmente pode descansar, pois consigo tal alma está liada. Mas esta linda e pura semideia, que, como um acidente em seu sujeito, assi co a alma minha se conforma, está no pensamento como ideia: [e] o vivo e puro amor de que sou feito, como a matéria simples busca a forma. Prof. JOSÉ RICARDO LIMA – Literatura - www.literaturaeshow.com.br textos A amada está em seu pensamento como uma Ideia platônica que busca a forma Aristotélica no mundo da physis. O poema é uma batalha entre as duas escolas, a platônica e a aristotélica, que reflete o mundo da filosofia no Renascimento. O mundo das ideias de Platão misturado com a matéria e forma de Aristóteles fazem desse poema uma das obras-primas da poesia de todos os países em todos os tempos.
  • 18. O espelho Machado de Assis Prof. José Ricardo Lima www.literaturaeshow.com.br
  • 19. SONETOS Luís de Camões  Luís Vaz de Camões  (Lisboa[?], 1524 — Lisboa, 10 de junho de 1579 ou 1580) foi um poeta nacional de Portugal, considerado uma das maiores figuras da literatura lusófona e um dos grandes poetas da tradição ocidental. Prof. JOSÉ RICARDO LIMA – Literatura - www.literaturaeshow.com.br o autor