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1 
MEC 
Ministério da Educação 
Secretaria de Educação Especial 
PROGRAMA DE CAPACITAÇÃO 
DE RECURSOS HUMANOS DO 
ENSINO FUNDAMENTAL 
DEFICIÊNCIA VISUAL 
VOLUME 1 
SÉRIE 
ATUALIDADES PEDAGÓGICAS 
6
Presidente da República Federativa do Brasil 
Fernando Henrique Cardoso 
Ministro da Educação 
Paulo Renato Souza 
Secretária Executiva 
Maria Helena Guimarães de Castro 
Secretária de Educação Especial 
Marilene Ribeiro dos Santos 
2
3 
MEC 
Ministério da Educação 
Secretaria de Educação Especial 
PROGRAMA DE CAPACITAÇÃO 
DE RECURSOS HUMANOS DO 
ENSINO FUNDAMENTAL 
DEFICIÊNCIA VISUAL 
VOLUME 1 
SÉRIE 
ATUALIDADES PEDAGÓGICAS 
6
Ministério da Educação 
Esplanada dos Ministérios, Bloco L, 6º andar, sala 600 
CEP 70047-901 - Brasília - DF 
Fone (061) 410-8651 – 410-8642 
Fax (061) 410-9265 
4 
Programa de Capacitação de Recursos Humanos do 
Ensino Fundamental: deficiência visual vol. 1 
fascículos I – II – III / Marilda Moraes Garcia Bruno, 
Maria Glória Batista da Mota, colaboração: Instituto 
Benjamin Constant. _______Brasília: Ministério da 
Educação, Secretaria de Educação Especial, 2001 
196 p. (Série Atualidades Pedagógicas; 6) 
1. Deficiência Visual. I. Série 
CDU. 376.352
5 
APRESENTAÇÃO 
A Secretaria de Educação Especial do Ministério da 
Educação, objetivando a divulgação de conhecimentos 
técnico-científicos mais atualizados acerca das diferentes áreas 
de deficiência, bem como relativos à superdotação, edita textos 
e sugestões de práticas pedagógicas referentes à educação 
dos alunos com necessidades especiais. 
A presente série trata da Educação de aluno portador 
de deficiência visual. 
MARILENE RIBEIRO DOS SANTOS 
Secretária de Educação Especial
6
7 
Ministério da Educação 
Secretaria de Educação Especial 
Deficiência Visual 
Vol. 1 
Fascículo I - II - III 
Brasília, 2001 
Conteudistas: 
Marilda Moraes Garcia Bruno 
Maria Glória Batista da Mota 
Colaboração 
Instituto Benjamin Constant
8
9 
SUMÁRIO GERAL 
VOLUME 1 
Fascículo I - Compreendendo a Deficiência Visual 
• A deficiência visual através dos tempos 
• Sistema e função visual - conceituando a deficiência visual 
• Prevenção da deficiência visual na infância 
• Desenvolvimento visual e aprendizagem 
• Metodologia de avaliação clínico – funcional da visão 
• Adaptação de recursos ópticos específicos 
Bibliografia 
Anexo 
Fascículo II - Educação Infantil - Educação Precoce 
• O processo de inclusão em creches 
• Trabalhando juntos: família – escola – comunidade 
• Programa de estimulação visual na faixa etária 
de zero a três anos 
• Programa de intervenção precoce na abordagem 
pedagógica 
Bibliografia 
Anexo 
Fascículo III - Educação Infantil – Pré-Escola 
• A escola inclusiva 
• Educação infantil e deficiência visual 
• Proposta pedagógica e currículo na educação infantil 
• Adaptação curricular às necessidades educacionais 
especiais 
• Diagnóstico e identificação das necessidades 
educacionais especiais 
• Necessidades específicas de desenvolvimento e 
aprendizagem na pré-escola 
• O processo de inclusão na pré-escola 
Bibliografia 
Anexo
VOLUME 2 
Fascículo IV - A Escolarização do Aluno com Deficiência 
Visual 
• Fase inicial para alfabetização 
• Aprendizagem do Sistema Braille e o processo de 
10 
alfabetização 
• O Sistema Braille: processo de leitura – escrita 
• Alfabetização do aluno de baixa visão 
• Recursos didáticos aplicados à educação dos alunos 
com deficiência visual 
• A inclusão do aluno com deficiência visual no ensino 
regular 
• A questão do ensino superior 
• Adaptações curriculares para alunos com deficiência visual 
• Comunicação e relação interpessoal 
Bibliografia 
Anexo 
VOLUME 3 
Fascículo V - Complementações Curriculares Específicas 
para a Educação do Aluno com Deficiência Visual 
• Sorobã 
• Atividades da Vida Diária 
• Orientação e Mobilidade 
• Escrita Cursiva 
Bibliografia 
Anexo 
Fascículo VI - O Processo de Socialização e 
Profissionalização da Pessoa com Deficiência Visual 
• Competência social 
• Tecnologia na educação da pessoa cega e de baixa 
visão 
• Orientação para a escolha profissional
• Estudo profissiográfico e encaminhamento ao mercado 
11 
de trabalho 
Bibliografia 
Anexo 
Fascículo VII - Reabilitação 
• A perda da visão na idade adulta 
• O processo de reabilitação 
• Orientação profissional 
Bibliografia 
Anexo
12
13 
Ministério da Educação 
Secretaria de Educação Especial 
Fascículo I 
Compreendendo a Deficiência Visual 
Conteudistas 
Marilda Moraes Garcia Bruno 
Maria Glória Batista da Mota 
Colaboração 
Instituto Benjamin Constant 
Brasília, 2001
14
15 
SUMÁRIO 
FASCÍCULO I - COMPREENDENDO A DEFICIÊNCIA VISUAL 
• A deficiência visual através dos tempos 
• Sistema e função visual - conceituando a deficiência visual 
• Prevenção da deficiência visual na infância 
• Desenvolvimento visual e aprendizagem 
• Metodologia de avaliação clínico – funcional da visão 
• Adaptação de recursos ópticos específicos 
Bibliografia 
Anexo
16
17 
APRESENTAÇÃO 
Prezado Professor 
Compreendendo a Deficiência Visual é um texto de 
apoio a professores e profissionais que trabalham com crianças 
cegas e de baixa visão. Discute formas de prevenção, aspectos 
de anatomia, fisiologia e função visual necessários à 
compreensão do desempenho visual do aluno. 
Traz informações sobre os métodos mais modernos de 
avaliação das funções visuais, dos recursos ópticos especiais, 
da alta tecnologia, das estratégias pedagógicas, dos recursos 
didáticos e, ainda, propicia orientação ao professor do ensino 
comum.
18
19 
OBJETIVOS 
OBJETIVO GERAL 
Capacitar o professor de educação infantil, ensino fun-damental 
e médio para a identificação, diagnóstico, encaminha-mento 
e educação de alunos com deficiência visual. 
OBJETIVOS ESPECÍFICOS 
O professor atuará no sentido de: 
• identificar os sinais, sintomas e conduta do aluno 
com deficiência visual, encaminhando-o para os 
serviços complementares; 
• articular as ações dos serviços de saúde, educação 
e assistência social para obtenção dos recursos 
ópticos especiais necessários à aprendizagem da 
leitura-escrita; 
• sensibilizar a comunidade para a problemática da 
deficiência visual, formas de prevenção, atendimento 
e inclusão social do aluno; 
• informar quanto aos recursos especiais, metodologia 
e estratégias pedagógicas que facilitam o processo 
ensino-aprendizagem.
20
21 
INFORMAÇÕES INICIAIS 
1. Leia os objetivos específicos do fascículo. 
2. Estude o texto do fascículo. 
3. Teste seus conhecimentos, respondendo às avaliações 
propostas. 
4. Confira suas respostas com a da chave de correção, no 
final do fascículo. 
5. Se conseguir responder a todos as questões, passe para o 
fascículo seguinte. 
6. Se não conseguir respondê-las integralmente, reestude o 
texto. 
7. Responda novamente a avaliação. Se não conseguir 
responder plenamente as questões, consulte o professor 
aplicador do fascículo.
22
ALTERNATIVAS DE APRENDIZAGEM DO PROFESSOR 
1 - Estude o texto relativo ao fascículo. 
2 - Reveja o vídeo para tirar dúvidas. 
3 - Recorra ao professor aplicador da unidade, caso a dúvida 
23 
persista. 
4 - Realize a avaliação proposta e as atividades sugeridas.
24
25 
A DEFICIÊNCIA VISUAL ATRAVÉS DOS TEMPOS 
Conceito Histórico-Social 
A história da deficiência visual na humanidade é comum 
a todos os tipos de deficiências. Os conceitos foram evoluindo 
conforme as crenças, valores culturais, concepção de homem e 
transformações sociais que ocorreram nos diferentes momentos 
históricos. 
Assim sendo, na antiguidade as pessoas com 
deficiência mental, física e sensorial eram apresentadas como 
aleijadas, mal constituídas, débeis, anormais ou deformadas. 
Percebidos como degeneração da raça humana no 
período em que predominava o princípio da eugenia, essas 
pessoas eram abandonadas ou eliminadas. As obras de Platão 
e Sêneca refletem as práticas helênicas e gregas que retratam 
essa concepção. 
Na Idade Média, com o apogeu do Cristianismo, elas 
passam a ser alvo de proteção, caridade e compaixão. Ao 
mesmo tempo, justifica-se a deficiência pela expiação de 
pecados ou como passaporte indispensável ao reino dos céus. 
Surgem assim, as primeiras instituições asilares com encargo 
de dar assistência e proteção às pessoas deficientes. 
Na Idade Moderna, a filosofia Humanista começa a dar 
conta dos problemas relacionados ao homem, tendo por base 
a evolução das ciências. O conhecimento científico assegura 
as tentativas da educação de pessoas deficientes sob o enfoque 
da patologia. 
Na Idade Contemporânea, os ideais da Revolução 
Francesa – igualdade, liberdade e fraternidade – se expandem 
na construção de uma consciência social e movimentos 
mundiais evocam direitos e deveres do homem, assegurando 
às minorias o exercício da cidadania no jogo democrático. 
Transformações político-sócio-culturais se processam deixando 
vir à tona formas diferenciadas de ser ou de vir a ser.
26 
Nessa historicidade, destacaram-se pessoas cegas 
com suas expressivas contribuições nas diferentes áreas do 
conhecimento, revelando o ilimitado potencial humano de 
pessoas como: 
• Homero – para alguns figura lendária – teria sido 
o responsável pelo registro de fatos sociais que 
possibilitaram o levantamento da história de um 
povo. 
• Didymus de Alexandria, Séc. IV d.C., professor de 
Filosofia, Teologia, Geometria e Astrologia. 
• Nicholas Saunderson (1682-1739) um dos mais 
renomados cientistas cegos. Matemático, foi 
professor de Cambridge e membro da Royal 
Society. 
• John Gough, biólogo inglês, especialista na 
classificação de animais e plantas. 
• Leonardo Euler, matemático, duas vezes premiado 
pela Academia de Ciências de Paris. 
• François Huber, zoólogo inglês, Séc. XVIII, tido 
como a maior autoridade sobre o comportamento 
das abelhas. 
É interessante apontar que as antigas concepções 
sobre a deficiência permearam todos os períodos históricos e 
ainda se refletem neste final de milênio. Somos constantemente 
surpreendidos pela percepção de que a deficiência é uma 
herança maldita, possessão de espíritos, doença incurável, 
incapacidade generalizada, objeto de maldição ou obra do 
divino. 
A Educação 
As preocupações de cunho educacional em relação às 
pessoas cegas, surgiram no Séc. XVI, com Girolínia Cardono – 
médico italiano – que testou a possibilidade de algum 
aprendizado de leitura através do tato. Peter Pontamus, Fleming 
(cego) e o padre Lara Terzi escreveram os primeiros livros sobre 
a educação das pessoas cegas.
A partir de então, as idéias difundidas vão ganhando 
força até que, no Séc. XVIII, 1784, surge em Paris, criada por 
Valentin Haüy, a primeira escola para cegos: Instituto Real dos 
Jovens Cegos. Nela Haüy exercita sua invenção – um sistema 
de leitura em alto relevo com letras em caracteres comuns. 
No Séc. XIX, proliferaram na Europa e nos Estados 
Unidos escolas com a mesma proposta educacional. Um novo 
sistema com caracteres em relevo para escrita e leitura de 
cegos é desenvolvido por Louis Braille e tornado público em 
1825 – o Sistema Braille. Assim, o processo de ensino-aprendizagem 
das pessoas cegas deslancha, possibilitando-lhes 
27 
maior participação social. 
A repercussão do sucesso das novas técnicas e 
métodos e a credibilidade na capacidade das pessoas cegas 
chegam ao Brasil encarnadas em José Álvares de Azevedo ao 
regressar de seus estudos em Paris, no Instituto Real dos Jovens 
Cegos. 
José Álvares de Azevedo ensina o Sistema Braille à 
Adèle Sigaud, filha cega do Dr. Xavier Sigaud, médico do Paço, 
e logo Adèle é levada à presença de D. Pedro II pelo Dr. Sigaud 
e pelo Barão do Bom Retiro para apresentar suas idéias de ter-se 
no Brasil um colégio onde as pessoas cegas pudessem 
estudar. A concretização desse ideal se consubstanciou na 
criação do Imperial Instituto dos Meninos Cegos a 17 de 
setembro 1854, hoje Instituto Benjamin Constant. 
O Instituto Benjamin Constant (IBC) foi o primeiro 
educandário para cegos na América Latina e é a única Instituição 
Federal de ensino destinada a promover a educação das 
pessoas cegas e das portadoras de baixa visão no Brasil. 
Além de ter criado a primeira Imprensa Braile do País 
(1926), tem-se dedicado a capacitação de recursos humanos, 
a publicações científicas e a inserção de pessoas deficientes 
visuais no mercado de trabalho. 
A cronologia dos acontecimentos em prol da educação 
de pessoas cegas no Brasil apontam o surgimento em outros
estados do país, seguindo o mesmo modelo educacional do IBC, 
as primeiras escolas especiais para alunos cegos: 
28 
1926 – Instituto São Rafael – Belo Horizonte-MG 
1928 – Instituto Padre Chico – São Paulo-SP 
1929 – Instituto de Cegos da Bahia – Salvador-BA 
1941 – Instituto Santa Luzia – Porto Alegre-RS 
1943 – Instituto de Cegos do Ceará – Fortaleza-CE 
1957 – Instituto de Cegos Florisvaldo Vargas – Campo 
Grande-MS 
Um grande marco na história da educação de pessoas 
cegas foi a criação, em 1946, da Fundação para o Livro do Cego 
no Brasil, hoje denominada Fundação Dorina Nowill para cegos 
que, com o objetivo original de divulgar livros do Sistema Braille, 
alargou sua área de atuação, apresentando-se como pioneira 
na defesa do ensino integrado, prestando relevantes serviços 
na capacitação de recursos humanos e de práticas 
pedagógicas. 
Em 1950, a cidade de São Paulo e, em 1957, a cidade 
do Rio de Janeiro inauguram em escolas comuns, pertencentes 
à Rede Regular de Ensino, o ensino integrado. A partir de então, 
em inúmeras regiões do Brasil a oportunidade de educar 
pessoas com deficiência visual é oferecida em salas de 
recursos, salas especiais e mais recentemente nos Centros de 
Apoio Pedagógico. 
Na década de 80 e 90, com o avanço científico, foram 
criados nas universidades os cursos para capacitação de 
professores e a criação de Centros de Atendimentos com 
Núcleos de Estudos, tais como: UNESP - Marília, UNICAMP - 
SP, USP, SANTA CASA - SP e UERJ-RJ. 
Nesse mesmo período surgem as Associações de Pais, 
Deficientes e Amigos como Associação Catarinense para 
Integração do Cego - ACIC de Santa Catarina, Associação de
Amigos do Deficiente Visual - AADV, do Distrito Federal, 
Associação de Pais e Amigos dos Deficientes Visuais de 
Caxias do Sul - APADEV, do Rio Grande do Sul, Associação 
Brasileira de Assistência ao Deficiente Visual - LARAMARA, 
de São Paulo e outras que além de advogar o direito de 
cidadania têm lutado pela melhoria de vida e qualidade na 
educação de pessoas com deficiência visual. 
A sociedade dá indícios de que precisa se preparar para 
atender às necessidades de seus membros. O modelo social 
da deficiência se fortalece como processo bilateral no qual, na 
conjugação de esforços, pessoas e sistemas sociais se 
reestruturam, simultaneamente, com vistas à edificação de uma 
sociedade para todos. 
SISTEMA E FUNÇÃO VISUAL - CONCEITUANDO A 
DEFICIÊNCIA VISUAL 
A formação da imagem visual depende de uma rede 
integrada, de estrutura complexa, da qual os olhos são apenas 
uma parte desse sistema, envolvendo aspectos fisiológicos, 
função sensório-motora, perceptiva e psicológica. 
A capacidade de ver e interpretar as imagens visuais 
depende fundamentalmente da função cerebral de receber, 
codificar, selecionar, armazenar e associar essas imagens a 
outras experiências anteriores. 
Para ver o mundo em formas e cores, é necessário um 
nervo óptico e retina (camada interna que reveste a câmara 
ocular) intactos. A retina é formada por células fotorreceptoras, 
os cones, responsáveis pela visão central e de cores e pelos 
bastonetes, responsáveis pela visão periférica e adaptação a 
pouca iluminação – visão noturna. 
A concentração das células nervosas na retina passa a 
constituir a mácula, ponto central da visão, cuja função é a 
29
acuidade visual, responsável pela visão nítida e de detalhes. As 
terminações dessas células nervosas constituem o nervo óptico 
que conduz o estímulo visual ao cérebro, onde as imagens são 
interpretadas. 
30 
A parte externa é constituída pela esclerótica, membrana 
fibrosa e resistente, o branco dos olhos, responsável por sua 
proteção. A córnea é transparente para possibilitar a passagem 
dos raios luminosos. 
A túnica média é constituída pela coróide, membrana 
pigmentada, rica em vasos sangüíneos responsáveis pela 
irrigação e nutrição da retina. 
O corpo ciliar é o espessamento da túnica média, 
ligando a coróide à íris. Produz o humor aquoso, fluido 
transparente que ocupa o espaço entre a córnea e o cristalino, 
parte anterior. Junto com o humor vítreo (substância gelatinosa 
e transparente) ocupam espaço posterior do cristalino e retina, 
formando os meios líquidos. 
A íris, o disco colorido dos olhos, é formada na parte 
central pela pupila (menina dos olhos) que controla a entrada e 
quantidade do estímulo luminoso. Pela ação dos músculos da 
íris controlado pelo sistema autônomo, a pupila se dilata no 
escuro e se contrai em alta iluminação, regulando a quantidade 
de luz que penetra no olho. 
Atrás da íris, fica o cristalino, uma lente biconvexa, 
transparente, responsável pelo foco e nitidez da imagem. O 
estímulo atravessa os diversos meios transparentes, córnea, 
humor aquoso, cristalino e corpo vítreo, para chegar ao fundo 
do olho. Qualquer malformação ou alteração nesse sistema, 
pode prejudicar seriamente a função visual. 
As sensações visuais recebidas, invertidas pela 
retina, são levadas ao cérebro pelo nervo óptico e corrigidas 
pelo córtex visual occipital que interpretadas tornam-se 
conscientes.
Os cones e bastonetes fazem sinapses com células 
bipolares, que conectadas às células ganglionares, formam os 
axônios do nervo óptico. 
Córtex Visual 
As imagens visuais se formam através da excitação pela 
luz das moléculas fotossensíveis, desencadeando reações 
químicas e gerando impulsos nervosos que são conduzidos pelo 
nervo óptico ao córtex visual, responsável pela decodificação, 
interpretação e associação de imagens. 
31 
Fig. 1. Estrutura do globo ocular.
Fig. 2. Processamento visual. 
A Visão Tridimensional 
32 
A visão tridimensional ou estereoscópica, ocorre 
quando há binocularidade, possibilitando a percepção da 
posição dos objetos no espaço, o cálculo da distância entre eles 
e a noção de profundidade. 
A imagem integrada no cérebro ocorre porque a 
informação visual de ambos os olhos (visão binocular) é fundida 
em uma única imagem pelas células corticais conectadas às 
vias ópticas de ambos os olhos. 
A visão binocular se desenvolve normalmente, se os 
dois olhos trabalharem juntos. Com imagens diferentes por 
desvio dos olhos (estrabismo) ou por erro de refração não 
ocorre a fusão. Dessa forma a criança passa a preferir o 
melhor olho, suprimindo a imagem do outro ou fixando 
alternadamente, podendo desenvolver a ambliopia ou baixa 
visão.
As alterações da visão binocular, as dificuldades de 
convergência (desvio) e acomodativas (acomodação da lente 
ocular para ver em diferentes distâncias) podem acarretar na 
criança sensações desagradáveis como: imagens duplas 
(diplopia), dificuldade de figura e fundo e de orientação no 
espaço. 
Essas dificuldades devem ser corrigidas por correção 
óptica, oclusão ou intervenção cirúrgica quando for o caso, o 
mais cedo possível, antes da redução da plasticidade neuronal 
e cortical para que a criança tenha um desenvolvimento normal 
do sistema e função visual. 
33 
CONCEITUANDO A DEFICIÊNCIA VISUAL 
Baixa Visão 
É a alteração da capacidade funcional da visão, 
decorrente de inúmeros fatores isolados ou associados tais 
como: baixa acuidade visual significativa, redução importante 
do campo visual, alterações corticais e/ou de sensibilidade aos 
contrastes que interferem ou limitam o desempenho visual do 
indivíduo. 
A perda da função visual pode ser em nível severo, 
moderado ou leve, podendo ser influenciada também por fatores 
ambientais inadequados. 
Cegueira 
É a perda total da visão até a ausência de projeção 
de luz. 
Do ponto de vista educacional, deve-se evitar o 
conceito de cegueira legal (acuidade visual igual ou menor que 
20/200 ou campo visual inferior a 20° no menor olho), utilizada 
apenas para fins sociais, pois não revelam o potencial visual 
útil para execução de tarefas.
Classificação Clínica 
34 
A classificação clínica de baixa visão proposta pela Dra. 
Fonda G. (1961) em quatro grupos, de acordo com a acuidade 
visual e as relativas dificuldades de adaptação de recursos 
ópticos, estabelece: 
Grupo I – Percepção luminosa a 1/200 – Difícil utilização 
da visão residual. 
Grupo II – Visão de 2/200 a 4/200 – Difícil adaptação 
de recursos ópticos específicos. 
Grupo III – Visão de 5/200 a 20/300 – O indivíduo pode 
adaptar-se, dependendo da necessidade, a auxílios para perto 
ou longe. 
Grupo IV – Visão de 20/250 a 20/600 os auxílios ópticos 
podem produzir melhor efeito e bom resultado para perto e longe. 
O índice de acuidade representado nos números 
fracionários 6/18 e 20/70 (por exemplo) significa que o indivíduo 
vê, a uma distância de 6m ou 20 pés, o que uma pessoa, de 
visão normal, veria à distância de 18m ou 70 pés. 
É importante que o professor especializado conheça 
essa classificação para interpretação do relatório oftalmológico, 
mas não deve ser utilizada como parâmetro para inclusão de 
alunos em programas de baixa visão. 
Abordagem Educacional 
A comprovação de que portadores do mesmo grau 
de acuidade apresentam níveis diferentes de desempenho 
visual e a necessidade de relacionar a utilização máxima da 
visão residual com o potencial de aprendizagem da criança 
levou as Dras. Faye e Barraga a enfatizarem a necessidade 
de uma avaliação funcional, pela observação criteriosa da 
capacidade e desempenho visual da criança. Sob esse 
aspecto e, portanto, para fins educacionais, são por elas 
considerados: 
Pessoas com baixa visão – aquelas que apresentam 
“desde condições de indicar projeção de luz até o grau em que 
a redução da acuidade visual interfere ou limita seu
desempenho”. Seu processo educativo se desenvolverá, 
principalmente, por meios visuais, ainda que com a utilização 
de recursos específicos. 
Cegas – pessoas que apresentam “desde ausência total 
de visão até a perda da projeção de luz”. O processo de 
aprendizagem se fará através dos sentidos remanescentes (tato, 
audição, olfato, paladar), utilizando o Sistema Braille, como 
principal meio de comunicação escrita. 
No ano de 1992, em Bangkok – Tailândia a Organização 
Mundial de Saúde e o Conselho Internacional de Educação de 
Deficientes Visuais (ICEVI) reuniram-se para discutir o 
atendimento das crianças com baixa visão no mundo. 
Elaboraram uma nova definição clínico funcional, tendo em vista 
que o desempenho visual é mais um processo funcional do que 
simples expressão numérica da acuidade visual. Diante disto, 
foi proposta a seguinte definição: 
Baixa Visão 
Segundo o Conselho Internacional de Educação de 
Deficiência Visual - Organização Mundial de Saúde (OMS), baixa 
visão é o comprometimento do funcionamento visual em ambos 
os olhos, mesmo após tratamento e ou correção de erros 
refracionais comuns: 
• acuidade visual inferior a 0,3, até percepção de 
35 
luz; 
• campo Visual inferior a 10º do seu ponto de 
fixação; 
• capacidade potencial de utilização da visão para 
o planejamento e execução de tarefas. 
Os critérios visuais incluídos nessa definição seguem a 
Classificação Internacional das Doenças (CID) e não devem ser, 
portanto, utilizados para elegibilidade de educação ou 
reabilitação, sem incluir dados de avaliação de outras funções 
visuais igualmente importantes, como: 
• sensibilidade aos contrastes; 
• adaptação a iluminação.
36 
Desta forma, propõe-se uma avaliação clínico-funcional 
realizada por oftalmologista e pedagogo especializados em 
baixa visão, levando em conta: 
Avaliação Clínica 
• diagnóstico e prognóstico; 
• avaliação da acuidade visual para perto e longe; 
• avaliação do campo visual; 
• avaliação da sensibilidade aos contrastes e 
visão de cores; 
• prescrição e orientação de recursos ópticos 
especiais. 
Classificação Funcional 
Dra. Eva Lindsted (1993) faz interessante classificação 
do nível de Visão Funcional, de acordo com o método Bust: 
Visão de Perto: 
I – Nível 1 – A.v – 0,01 – 0,05 
1. reconhece faces a 0,5m, 1,0m, 2,0m; 
2. reconhece brinquedos grandes; bola, boneca a 
15cm; 
3. reconhece a colher e garfo – objeto do Bust; 
4. reconhece peças de roupa. 
II – Nível 2 – A.v. – 0, 05 – 0,1 
5. brinquedos – correspondente Bust N° 1 – 3 a 25cm; 
6. bola de gude; 
7. uvas passas – correspondendo Bust N° 4 – 5 a 
25cm; 
8. lego pequeno; 
9. pera Indiana; 
10. jogos de números – baralho; 
11. baralho de figuras cômicas;
37 
12. quebra-cabeça fácil c/ peças grandes; 
13. figuras pequenas – Bust – N° 5 – 7 a 25cm. 
III – Nível 3 – A.v. – 0,1 a 0,3 
14. letras grandes – Bust – N° 8 – 9 a 25cm; 
15. trabalho de agulha. 
IV – nível 4 – A.v.+ 0,3; 
16. figura muito pequena – Bust – N° 6 – 9 a 25cm; 
17. letras pequenas – Bust – N° 6 – 9 a 40cm. 
Avaliação Funcional 
É a observação do desempenho visual do aluno em 
todas as atividades diárias, desde como se orienta e locomove-se 
no espaço, alimenta-se, brinca, até como usa a visão para a 
realização de tarefas escolares ou práticas. 
A Avaliação Funcional da Visão revela dados 
qualitativos de observação informal sobre: 
• o nível de desenvolvimento visual do aluno; 
• o uso funcional da visão residual para atividades 
educacionais, de vida diária, orientação e 
mobilidade; 
• a necessidade de adaptação à luz e aos 
contrastes; 
• adaptação de recursos ópticos, não-ópticos e 
equipamentos de tecnologia avançada. 
É importante ressaltar que a Avaliação Funcional da 
Visão pode ser a única fonte de informação em crianças pré-verbais 
ou em crianças com deficiências associadas, ou seja, 
que apresenta comprometimento intelectual, físico ou sensorial. 
Recomenda-se a avaliação clínico-funcional o mais 
cedo possível para a detecção das alterações funcionais da 
visão, no primeiro ano de vida, para que a criança tenha 
oportunidade de adquirir experiências, prevenindo-se, desta 
forma, alterações e defasagens importantes no desenvolvimento 
global.
PREVENÇÃO DA DEFICIÊNCIA VISUAL NA INFÂNCIA 
38 
Em nosso meio, a baixa visão ainda passa muitas 
vezes despercebida a pais e professores, manifestando-se, 
com freqüência, no momento em que aumentam na escola os 
níveis de exigência quanto ao desempenho visual da criança 
para perto. Por sua vez, a cegueira é mais facilmente detectada 
e geralmente diagnosticada mais cedo. 
A detecção precoce de quaisquer dos problemas, pode 
constituir fator decisivo no desenvolvimento global da criança, 
desde que sejam propiciadas condições de estimulação 
adequada às suas necessidades de maturação, favorecendo o 
desenvolvimento máximo das potencialidades, minimizando as 
limitações impostas pela incapacidade visual. 
Em todas as situações escolares a professora tem, 
normalmente, oportunidade de observar sinais, sintomas, 
posturas e condutas do aluno que indicam a necessidade de 
encaminhamento a um exame clínico apurado. 
Sintomas e sinais mais comuns de alterações visuais 
Sintomas: 
• tonturas, náuseas e dor de cabeça; 
• sensibilidade excessiva à luz (fotofobia); 
• visão dupla e embaçada; 
Condutas do aluno: 
• aperta e esfrega os olhos; 
• irritação, olhos avermelhados e/ou lacrime-jantes; 
• pálpebras com as bordas avermelhadas ou 
inchadas; 
• purgações e terçóis; 
• estrabismo; 
• nistagmo (olhos em constante oscilação); 
• pisca excessivamente; 
• crosta na área de implante dos cílios;
• franzimento da testa ou piscar contínuo para fixar 
perto ou longe; 
• dificuldade para seguimento de objeto; 
• cautela excessiva ao andar; 
• tropeço e queda freqüentes; 
• desatenção e falta de interesse; 
• inquietação e irritabilidade; 
• dificuldade para leitura e escrita; 
• aproximação excessiva do objeto que está sendo 
39 
visto; 
• postura inadequada; 
• fadiga ao esforço visual. 
A avaliação da acuidade visual por si só não é fator 
determinante na detecção da deficiência visual. Torna-se, 
portanto, de suma importância a observação dos sinais e 
sintomas antes relacionados sobre as condutas dos alunos. 
Incidência, causas e formas de prevenção 
Dados da Organização Mundial de Saúde revelam a 
existência de aproximadamente 40 milhões de pessoas 
deficientes visuais no mundo, dos quais 75% são provenientes 
de regiões consideradas em desenvolvimento. 
O Brasil, segundo essa mesma fonte, deve apresentar 
taxa de incidência de deficiência visual entre 1,0 a 1,5% da 
população. Sendo a estimativa da cegueira infantil de uma entre 
3.000 crianças e de uma entre 500 crianças para a baixa visão. 
Observando-se que esta corresponde a 80% dos casos e a 20% 
de pessoas totalmente cegas. 
Calcula-se que os dados estimados poderiam ser 
reduzidos pelo menos à metade, se fossem tomadas medidas 
preventivas eficientes.
Causas mais freqüentes: 
Congênitas: 
40 
• Retinopatia da Prematuridade, grau III, IV, V, (por 
imaturidade da retina em virtude de parto 
prematuro ou por excesso de oxigênio na 
incubadora). 
• Corioretinite por toxoplasmose na gestação. 
• Catarata congênita (rubéola, infecções na gestação 
ou hereditária). 
• Glaucoma congênito (hereditário ou por infecções). 
• Atrofia óptica por problema de parto (hipoxia, 
anoxia ou infecções perinatais). 
• Degenerações retinianas (Síndrome de Leber, 
doenças hereditárias ou diabetes). 
• Deficiência visual cortical (encefalopatias, 
alteração de sistema nervoso central ou 
convulsões) 
Adquiridas: 
Por doenças como diabetes, descolamento de retina, 
glaucoma, catarata, degeneração senil e traumas oculares. 
Formas de Prevenção 
As causas de origem genética e familiar como retinite 
pigmentosa, glaucoma e catarata congênita podem ser evitadas 
com aconselhamento genético. 
Dentre as causas congênitas, destacam-se os fatores 
mais freqüentes: gestação precoce, desnutrição da gestante, 
drogas em geral, álcool, infecções durante a gravidez (rubéola, 
sífilis, AIDS, toxoplasmose e citomegalovirus). 
Existe alta incidência de deficiência visual severa 
associada à múltipla deficiência, em nosso meio, em vista da 
falta de prevenção (vacinação de meninas contra a rubéola) o
que evitaria o nascimento de crianças com catarata congênita, 
surdez e deficiência mental. 
Toda mulher deve ser vacinada antes de engravidar 
ou, de preferência, no início da adolescência, pois o vírus da 
rubéola materna atravessa a placenta, alterando o processo 
de formação embrionária. A prevenção depende apenas da 
política pública devendo a investigação epidemiológica a ser 
realizada pelos governos Estaduais e Municipais. 
A toxoplasmose é transmitida pelo protozoário 
“toxoplasma gondii”, geralmente por meio do contato com 
animais domésticos infectados: cães, coelhos, gatos, galinhas, 
pombos e alimentos mal cozidos. A mãe contagiada nos 
primeiros trimestres de gestação pode gerar uma criança com 
deficiência visual severa, microcefalia e calcificações cerebrais. 
As doenças virais e bacterianas como sarampo, 
meningites, encefalites podem acarretar hidrocefalia ou 
microcefalias. São também causas de deficiência visual que 
podem ser reduzidas por medidas eficientes de prevenção de 
saúde, com detecção precoce das alterações visuais, triagem 
em berçário, creches e pré-escolas. 
41 
Triagem ocular 
No exame ocular de bebês (pelo método Teller) a partir 
do 1º mês de vida e de crianças a partir de 2 anos (Teste Bust, 
LH, Light House) é possível detectar tal deficiência, mas 
infelizmente esses testes não estão disponíveis em larga escala 
no mercado nacional.
42 
Fig. 3. Teste Bust. 
Os pais e professores de crianças, de creche e da pré-escola 
podem solicitar, em caso de presença de sintomas ou sinais, 
uma avaliação funcional da visão para detecção de possíveis 
alterações no desenvolvimento visual. 
São funções da Escola: 
• aplicar testes para triagem ocular de pré-escolares para 
verificação da acuidade visual; 
• encaminhar a criança com urgência ao médico oftalmologista, 
quando necessário; 
• proporcionar orientação quanto à higiene e à prevenção 
dos problemas oculares; 
• buscar junto aos pais e ou comunidade recursos para o 
melhor atendimento da criança. 
O método de avaliação e triagem de pré-escolares e 
escolares mais simples e eficaz é o da Escala Optométrica de 
Snellen ou teste do E (ou ganchos) que pode ser aplicado em 
crianças a partir de 4 anos. 
O teste de Snellen não adequado para avaliação de 
acuidade visual de crianças com visão subnormal, é aconselhável 
apenas para triagem da população escolar.
43 
Fig. 4. Teste Light House.
Aplicando o teste de acuidade visual 
44 
Primeiramente, selecionar o material necessário: 
• escala optométrica de Snellen ou Light House; 
• ponteiro ou lápis preto; 
• fita métrica; 
• giz, cadeira; 
• modelo do “gancho”, confeccionado em cartolina 
ou papel cartão preto; 
• cartão para cobrir o olho; 
• lista nominal dos alunos para registro dos 
resultados. 
A seguir, providenciar o local adequado para a aplicação 
do teste: 
• ter no mínimo 5 (cinco) metros; 
• ser bem iluminado, mas sem ofuscamento (luz deve 
vir de trás ou dos lados da criança que será 
testada); 
• sem barulho e sem estímulos que desviem a 
atenção do aluno. 
Tomadas estas primeiras providências, procede-se da 
seguinte maneira: 
• colocar a tabela de modo que a linha 
correspondente à acuidade 1,0 fique no nível dos; 
olhos da criança, quando sentada; 
• riscar no chão uma linha à distância de 5 (cinco) 
metros, para indicar onde o aluno deverá colocar-se 
durante a aplicação; 
• colocar uma cadeira com os pés traseiros sobre 
a linha riscada no chão; 
• apontar os “ganchos” de preferência, com lápis 
preto. 
Grande parte do êxito do teste de acuidade visual 
depende da adoção prévia de medidas por parte dos escolares. 
Para tanto, o professor deve explicar detalhadamente o 
que vai fazer, mostrando as diferentes posições nas quais os 
“ganchos” aparecem na tabela. Com auxílio do modelo, verificar
se a explicação foi bem compreendida pedindo a cada aluno 
que informe a posição de um dos “ganchos”. 
Individualmente explicar ao aluno, junto à tabela, o que 
se espera que ele faça, mostrando um ou dois “ganchos” e 
verificando se ele entendeu bem o que foi pedido. À distância 
de 5 metros, colocar o aluno sentado numa cadeira, em frente à 
tabela. Ensinar a cobrir um olho com o cartão, colocado 
obliquamente sobre o nariz, sem pressionar o globo ocular (o 
olho deve permanecer aberto). 
Quanto à aplicação propriamente dita, são os seguintes 
45 
os cuidados necessários: 
• se a criança usar óculos, testar primeiro com eles 
e depois sem eles; 
• testar sempre o olho direito (O.D.) primeiro e 
depois o esquerdo (O.E.), para evitar confusão nas 
anotações; 
• usar lápis preto ou ponteiro para indicar o sinal a 
ser lido; 
• começar de cima para baixo indicando dois ou 
três sinais de linha, sem estabelecer rotina; 
• mudar de um sinal para o outro, ritmicamente, 
evitando apressar o aluno, mas sem demorar 
demasiadamente; 
• mostrar o maior número de sinais das linhas 0,9 e 
1,0; 
• se a criança ficar indecisa em determinada linha, 
indicar um número maior de sinais, para certificar 
se é realmente falha de visão; 
• anotar como resultado do teste, o valor decimal 
correspondente à última linha em que não 
encontrou dificuldade, registrando separadamente 
os resultados de O.D. e O.E. . Exemplo: O.D.= 
1,0 O.E.= 0,8; 
• quando a criança não enxergar os sinais maiores 
– linha 0,1 – registrar “<0,1” (menor do que 0,1); 
• registrar na coluna de observações, sinais ou 
sintomas percebidos durante o teste, bem 
como se o aluno estiver em tratamento 
oftalmológico;
46 
• encaminhar ao oftalmologista, prioritariamente, 
o aluno que obteve no teste resultado igual ou 
inferior a 0,8 em qualquer olho ou que apresente 
diferença de duas linhas ou mais entre os 
resultados de um e de outro olho. Antes de fazer 
o encaminhamento realize o reteste usando a 
mesma técnica descrita. 
Principais Alterações Visuais na Infância e Formas de Prevenção 
As principais alterações visuais na infância são: 
hipermetropia, miopia, astigmatismo, ambliopia e estrabismo. 
Embora essas alterações não constituam deficiência visual, são 
problemas visuais que devem ser detectados e tratados 
precocemente com intervenção clínica oftalmológica adequada 
para que a criança atinja um desenvolvimento das funções visuais 
dentro dos padrões de normalidade. 
O olho humano pode ver com nitidez objetos a curta 
distância, desde 25cm até muitos quilômetros de distância. Para 
que isto ocorra, os meios ópticos e vias ópticas devem estar 
intactos, de modo que a imagem captada pela retina seja 
transmitida pelo nervo óptico até o córtex visual, responsável 
pela decodificação e interpretação das imagens visuais. 
A detecção precoce e correção das principais alterações 
visuais, no primeiro ano de vida, permitem que as imagens de ambos 
os olhos sejam iguais e de boa qualidade para que o cérebro seja 
capaz de realizar a fusão. As duas imagens se fundem tornando 
uma percepção única, processo responsável pela visão binocular. 
A visão binocular tem um rápido desenvolvimento a 
partir da coordenação ocular dos 3 até os 12 meses, o que 
proporciona a percepção espacial e a visão de profundidade. 
As conexões celulares e a plasticidade neuronal são intensas 
até os 3 anos, por isso as alterações visuais como ambliopia e 
estrabismo devem ser corrigidos de preferência no primeiro ano 
de vida, para resultados de grande eficácia. 
Embora a binocularidade se complete por volta dos cinco 
– seis anos, os resultados obtidos depois dos cinco anos serão
bem menores. Por isso, deveria ser prática comum em nosso 
meio a avaliação oftalmológica nas creches e pré-escolas. 
AMBLIOPIA 
É a parada ou regressão do desenvolvimento visual em 
um ou ambos os olhos, ocorrendo a diminuição da acuidade 
visual sem uma alteração orgânica aparente. 
47 
A ambliopia pode ser causada por: 
• estrabismo, 50% dos casos; 
• privação sensorial (ex-anopsia-catarata ou 
ptose); 
• anisometria – discrepância de erros de refração; 
• ametropia – altos erros de refração 
(hipermetropia, miopia e astigmatismo). 
Como vimos pelos tipos de ambliopia, o tratamento e 
controle é exclusivamente de responsabilidade do 
oftalmologista que fará a prescrição do recurso óptico e 
indicação da oclusão. 
Os médicos dão preferência à oclusão direta na pele, 
com oclusor antialérgico e recomendam a oclusão nos óculos 
somente nos casos de ambliopia leve. 
A orientação da conduta de oclusão nos casos de 
ambliopia e estrabismo não são de competência do professor 
especializado, esse deve sim orientar a família para ter consistência 
e perseverança na conduta, bem como, orientar atividades lúdicas 
que possam distrair e estimular visualmente a criança. 
ESTRABISMO 
É a ausência de paralelismo e sincronia dos músculos 
oculares para uma perfeita coordenação de ambos os olhos, 
responsável por uma imagem nítida no mesmo ponto da retina 
que possibilita a fusão. A criança estrábica terá grande 
dificuldade para realizar a binocularidade, podendo apresentar:
48 
• diplopia – imagem dupla; 
• anular ou suprimir a imagem do olho desviado; 
• visão monocular ; 
• baixa de acuidade visual no olho desviado; 
• desconforto visual para leitura, televisão, etc.; 
• embaçamento ou embaralhamento visual; 
• dificuldade para desenho e atividades que 
requeiram tridimensionalidade; 
• piscar muito e dirigir à noite. 
Tipos de Estrabismo 
• Convergente (esotropia) E.T.; 
• congênito – quando a esotropia é congênita pode 
ter tratamento cirúrgico entre 6 e 12 meses para o 
alinhamento ocular e desenvolvimento da visão, 
porque geralmente apresenta fixação cruzada com 
pouca motilidade ocular; 
• adquirido – Acomodativo ou Essencial. 
O estrabismo acomodativo pode ocorrer por excesso 
de acomodação. Acomodação é o ajuste do olho para ver a 
diferentes distâncias e formar imagem clara pela mudança da 
forma do cristalino e ação dos músculos ciliares. 
O estrabismo acomodativo pode ser causado por 
hipermetropia ou por alteração de convergência de origem 
central. Quando tratado com correção óptica nos primeiros 6 
meses tende a desaparecer. 
Exotropia - Estrabismo Divergente XT 
O estrabismo divergente ou XT aparece geralmente 
mais tarde e está associado à miopia. Os exercícios ortópticos 
podem ajudar muito no tratamento. 
A cirurgia pode ser indicada para adquirir função, ou 
seja, recuperar a visão binocular ou puramente por estética.
49 
ERROS DE REFRAÇÃO 
HIPERMETROPIA 
É uma dificuldade acomodativa (capacidade de ver 
perto) pelo achatamento do globo ocular. Nesse caso a imagem 
se forma atrás da retina e são utilizadas lentes convergentes ou 
positivas para tornar o cristalino mais convergente. 
O portador de hipermetropia, mesmo com esforço 
acomodativo, não consegue enxergar nitidamente um objeto 
quando olha para perto. 
A criança mostra-se desinteressada para ver figuras, 
TV, leitura e pode ter atraso de desenvolvimento visual nas altas 
hipermetropias por baixa capacidade de fixação e seguimento 
visual. 
Crianças portadoras de alterações neurológicas podem 
apresentar baixa capacidade acomodativa, mostrando 
funcionamento visual pobre. É de suma importância a detecção 
precoce e correção de refração nessas crianças, para otimizar 
o desenvolvimento visual e cognitivo. 
MIOPIA 
A miopia é dificuldade para ver longe, em virtude do 
alongamento do globo ocular que forma a imagem antes da 
retina. 
As pessoas com miopia não enxergam com nitidez 
objetos distantes. A correção é feita utilizando-se lentes 
divergentes ou negativas. Os alunos com miopia não detectada 
apresentam muita dificuldade para copiar da lousa, são tidos 
como desinteressados, preguiçosos e lentos. 
Apresentam, como sintomas, piscar constantemente, 
fechar a pálpebra (esforço acomodativo), coçar os olhos, etc. 
Muitos bebês com alta miopia não detectada podem 
apresentar atraso neuropsicomotor, retardando o engatinhar e 
a marcha em virtude da tensão ou medo de se deslocar no 
espaço e pela falta de controle do ambiente.
50 
Os portadores da Síndrome de Down e outras que 
podem apresentar alta miopia, devem ser avaliados e corrigida 
a refração para prevenir alterações de desenvolvimento. 
ASTIGMATISMO 
Ocorre quando a córnea não apresenta a mesma 
curvatura em todas as direções, ocasionando uma deformação 
da imagem. 
Os sintomas mais freqüentes do astigmatismo são: 
dores de cabeça, olhos lacrimejantes, queimação e coceira nos 
olhos e deformação ou distorção da imagem. Nos grandes 
astigmatismos a acuidade visual é baixa. A lente para correção 
do astigmatismo é cilíndrica. 
DESENVOLVIMENTO VISUAL E APRENDIZAGEM 
Acreditava-se até há pouco tempo que o recém-nascido 
reagia apenas a movimentos, luzes, sons fortes e à voz materna. 
Pesquisas recentes têm demonstrado que os bebês já 
nascem programados para enxergar do ponto de vista anátomo-fisiológico. 
Ainda na vida intra-uterina, por volta da 33ª semana 
de vida, o bebê já apresenta a capacidade de fixação. Entretanto, 
essa habilidade só será desenvolvida se ele tiver oportunidade 
de realizar experiências visuais. 
Embora a acuidade visual de um recém-nascido seja 
muito reduzida (0,03) e ele não possa captar imagens nítidas, 
estudiosos do desenvolvimento neonatal têm observado a 
surpreendente capacidade do bebê de pesquisar o mundo a 
sua volta, apresentando momentaneamente a capacidade de 
fixação e seguimento visual de objetos bem próximos. 
Experimentos de laboratório do Dr. Fantz, psicólogo que 
pesquisou a capacidade do bebê de reagir a padrões visuais, 
revelam que os recém-nascidos preferem padrões de alto 
contraste como preto/branco, cinza/preto, padrões de grating 
(listras), círculos, figuras simples e depois preferem figuras de 
padrões complexos.
Luria também coloca que, do ponto de vista perceptivo, 
o bebê se interessa mais por cores fortes e padrões de contraste 
do que por formas. 
Acreditamos que o desenvolvimento visual ocorre por 
meio das atividades reflexas, da organização das percepções, 
por estímulos significativos, mediadas pela interação sócio-afetiva. 
Graças ao desenvolvimento óculo-motor, aos contatos 
celulares da retina, vias ópticas e da córtex visual o bebê 
reconhece a figura materna e, por volta da quinta semana de 
vida, já sorri ao rosto da mãe espontaneamente, realizando as 
primeiras discriminações. 
O desenvolvimento pós-natal da fóvea e da área 
pericentral é muito rápido nos primeiros meses. Por isso, de 2 a 
3 meses os olhos já estão bem posicionados, há convergência, 
seguimento espontâneo dos objetos e o inicio da acomodação, 
porém com campo visual ainda restrito. 
A acuidade visual aos 3 meses é de 0,1 o que já permite 
fazer algumas discriminações. Aos 4 meses, com o 
desenvolvimento da capacidade de focalização e acomodação 
ocular, o bebê começa a explorar os objetos e ambiente a seu 
redor. Inicia nessa fase a coordenação olho-mão, movendo suas 
mãos para pegar os objetos e sacudi-los, começando assim a 
provocar pequenos espetáculos. 
Aos 6 meses, a visão central e periférica já se 
desenvolvem o suficiente para permitir o seguimento por todo o 
campo visual, realizando seguimento de 180 graus na linha 
horizontal e vertical, realizando o que Piaget chama de busca 
dirigida pelo olhar. 
Entre o 7º e o 8º mês, o bebê é capaz de localizar 
objetos no espaço, tanto perto quanto mais longe, desenvolvendo 
também a visão de profundidade, o que o impulsiona a deslocar-se 
51 
em busca dos objetos. 
Por isso é o momento da descoberta: agora ele vai 
explorar visualmente o objeto de todos os ângulos, vai manipular, 
bater, sacudir, jogar, puxar, experimentar com a boca, 
observando as mudanças e resultados imediatos.
52 
Só no final do primeiro ano, graças à independência 
adquirida pela locomoção, é que os objetos são procurados depois 
que saem do campo visual. Isto ajuda a construir a noção do objeto. 
Em relação às funções visuais, podemos dizer que o bebê 
aos doze meses, apresenta nível de desenvolvimento visual próximo 
ao adulto. A acuidade visual é muito boa, os movimentos oculares 
são suaves e contínuos, a acomodação ocular é satisfatória e o 
desempenho visual para longe já é eficiente, possibilitando a marcha. 
Como podemos observar, nas etapas iniciais do 
desenvolvimento, os esquemas motores e perceptivos 
constroem-se juntos, com grande rapidez, constituindo um único 
sistema, formado pelos esquemas sensório-motores. 
Na etapa de 2 a 4 anos, em virtude do bom desenvolvimento 
das funções visoperceptivas, que possibilita o exercício da memória 
visual e formação das imagens mentais, a criança faz a passagem 
das representações concretas às representações simbólicas. 
Esse período, também chamado de figurativo, é 
caracterizado pelo aparecimento do símbolo, da capacidade de 
distinguir entre significado e significante e pela formação das 
representações conceituais. 
A criança imita o que observa visualmente, ampliando 
sua capacidade motora, tornando mais complexa e planejada a 
ação. É capaz de observar diferenças e semelhanças o que 
permite fazer agrupamentos por forma, cor, tamanho, 
comprimento e estabelecer relações. A riqueza de imagens 
visuais e a possibilidade de poder representar o mundo permitem 
o aparecimento do desenho nessa etapa. 
O período de 4 a 7 anos, denominado de pensamento 
intuitivo ou pré-operacional é marcado pela capacidade de 
antecipação, de revisualização. Há o desenvolvimento da 
atenção, da organização e da construção das noções espaço-temporais, 
das noções de classificação e seriações simples, 
para futura abstração, associação e generalização. 
Após os sete anos, com o desenvolvimento do 
pensamento lógico, as crianças são capazes de analisar,
classificar e seriar de forma mais complexa, e começam a 
adquirir as noções, representações e constâncias perceptivas. 
Para Yakalov, o desenvolvimento das funções perceptivas 
superiores pode ocorrer até os dezesseis anos. Acreditamos que o 
desenvolvimento não é só biologicamente determinado, mas 
socialmente facilitado. E que o mundo não é visto simplesmente em 
cor e forma, mas sentido pela vivência e elaborado pelo significado. 
METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO CLÍNICO- FUNCIONAL DA 
VISÃO 
A prática em relação à avaliação funcional da visão é 
construída a partir de um trabalho diferenciado, mediante a 
integração das áreas médica e educacional. 
O oftalmologista especializado em visão subnormal 
realiza a avaliação oftalmológica pelos exames de rotina, 
corrige as possíveis alterações de refração que possam 
impedir o desenvolvimento visual e faz a avaliação das funções 
visuais que são de grande valia para orientação do trabalho 
pedagógico. 
Na avaliação das funções visuais o oftalmologista utiliza 
testes objetivos e subjetivos para medir a acuidade visual, 
sensibilidade aos contrastes, acomodação, campo visual, visão 
para cores e adaptação à luz. 
A avaliação da acuidade visual é realizada através de 
testes padronizados para crianças pequenas portadoras de 
deficiências associadas, como o método do Olhar Preferencial 
de Dobson e Teller. 
A partir dos dois anos são utilizados os testes Bust da 
Dra. Eva Lindstedt e o teste LH da Dra. Léa Hyvarinen. Ambos 
medem visão para perto e longe. O teste Sheridan de Bolas nos 
dá uma ligeira indicação do nível de visão, esfera visual e campo 
visual e, numa menor proporção, da acuidade visual para longe. 
53
54 
Fig. 5. Teste Bust. 
A sensibilidade aos contrastes é avaliada pelo teste de 
Bally para bebês e pelo teste LH para alterações de contraste 
em crianças maiores. 
Até os seis anos, o campo visual e a acomodação são 
avaliados pelo sistema de confrontação e pela acuidade visual 
de perto e longe. A visão de cores pode ser avaliada pelo teste 
London City Hospital (teste das bolinhas coloridas). 
A avaliação funcional realizada pelo pedagogo 
especializado é de fundamental importância para o 
diagnóstico e conduta oftalmológica porque, além de conter 
dados de observação do desempenho visual da criança em 
termos práticos e qualitativos, informa o nível de 
desenvolvimento global e principalmente, como a criança 
utiliza a visão residual para integração com as pessoas e com 
o mundo que a cerca. 
Nossa experiência e metodologia baseiam-se em 
diversos estudos sobre o desenvolvimento visual realizados nos 
Estados Unidos pelas Dras. Fay, Natalie Barraga e Anne Corn; 
na Europa pelas Dras. Eva Lindstedt e Léa Hyvarinen. 
A avaliação funcional é um processo de observação 
informal do comportamento visual da criança em relação ao nível 
da consciência visual, da qualidade da recepção, assimilação,
integração e elaboração dos estímulos visuais em termos 
perceptivos e conceptuais. Observa-se a maneira como a 
criança utiliza a visão no brinquedo, na mobilidade, na escola e 
nas atividades da vida diária. Por isso avaliamos a criança na 
presença da família. 
Antes da avaliação funcional devemos fazer uma 
entrevista com a família para conhecer a queixa, a expectativa e 
obter informações complementares. Pode-se nesse momento 
observar a qualidade de interação sócio-afetiva e o nível de 
compreensão da família acerca da condição visual da criança. 
Fazemos também uma avaliação global do 
desenvolvimento, compreendendo as funções sensório-motoras, 
a comunicação e a linguagem, as funções simbólicas e pré-operatórias, 
a relação sócio-afetiva, a autonomia e a 
independência. Isto para a elaboração do programa pedagógico 
e/ou encaminhamento, se necessário, ao atendimento 
complementar de fisioterapia, terapia ocupacional, 
fonoaudiologia e, ainda, para o atendimento psicológico. 
Avaliação funcional é estruturada em termos de funções 
55 
visuais básicas, visomotoras e visoperceptivas. 
Funções visuais básicas 
Verificamos o nível de consciência e atenção visual 
mediante a luz natural e artificial, a adaptação ao escuro, à luz e 
ao brilho. Observamos a reação a padrões de alto e de baixo 
contraste, a cores de alta e baixa intensidade, a formas simples 
e complexas, ao contato visual, campo visual e esfera visual 
(distância que provoca uma reação visual). 
Para isto, utilizam-se diferentes tipos de iluminação, 
luzes coloridas, painéis coloridos, rosto humano e desenhos de 
rostos iluminados. Podem ser utilizados também luvas coloridas, 
brinquedos de formas simples, de diferentes tamanhos e 
tonalidades. Padrões de alto contraste (amarelo/preto –preto/ 
branco – cinza/preto), cores fluorescentes, utensílios de uso 
diário, materiais com brilho e movimento.
56 
Fig. 6. Avaliação das funções visuais. 
Pode-se entender a importância da avaliação das funções 
visuais se consideramos que a orientação e a localização espacial 
dependem da visão de contrastes e do campo visual. A habilidade 
da criança em ver detalhes dependerá da acuidade visual e a 
percepção de formas requer uma boa visão para contraste. 
Funções Óculo-Motoras 
A capacidade de fixação, seguimento visual e 
acomodação (ajustar o poder de refração do olho para focalizar 
objetos) são comportamentos visuais que dependem dos 
músculos extrínsecos e intrínsecos do olho e também da 
adequação do meio ambiente em termos do nível da visão, 
iluminação, contraste e adaptação visual. 
Para que o desenvolvimento da fixação e seguimento 
visual ocorram é de fundamental importância a orientação
oftalmológica para melhorar a acomodação, aumentando a 
qualidade, nitidez e tamanho da imagem. 
A acomodação é observada em relação à focalização 
de luzes, de padrões coloridos, de objetos e gravuras de 
diferentes tamanhos a uma distância inferior a 40cm. Podemos 
constatar dificuldades de acomodação quando uma criança 
aproxima muito um objeto para fixar e discriminar ou quando 
fixa e discrimina melhor à distância ou, ainda, quando pisca 
muito, franze a testa demonstrando esforço acomodativo. 
As funções óculo-motoras são avaliadas pela fixação e 
seguimento de luzes, rosto, objetos em movimento, partindo do 
ponto focal e distâncias variadas. 
Os esquemas de coordenação olho/mão e olho/objeto 
são melhor observados na manipulação do brinquedo e nas 
atividades da vida diária. Para isto, utilizamos um varal e um 
painel de brinquedos que criamos. Todos esses recursos 
permitem avaliar as funções visomotoras em relação às 
diferentes posturas e posicionamento dos olhos. É importante 
que se avalie a criança em decúbito ventral e em decúbito lateral, 
que possibilitam melhor controle óculo-motor, pelo relaxamento 
da musculatura, e melhor focalização, permitindo que o alcance 
do objeto seja visualmente dirigido. 
Uma criança com postura desorganizada e insegura terá 
grande dificuldade para fixar e seguir os objetos. Sentar 
adequadamente a criança, facilitando o controle cefálico, o 
controle de tronco, e apoio dos pés, melhora consideravelmente 
as respostas visuais. 
É importante observar o posicionamento da cabeça, 
sem fazer retificação postural, porque nos dá indicação do campo 
visual utilizado. Depois devemos avaliá-la novamente com 
organização postural. 
Avaliar a criança em pé, andando, subindo e descendo 
escadas, jogando bola nos dá informações a respeito das pistas 
visuais captadas do ambiente, esfera visual, acomodação e 
localização espacial. 
Em relação às atividades gráficas, avaliamos a 
qualidade do traçado, o tempo de focalização, a coordenação 
57
olho/mão, a velocidade de realização da tarefa, a acomodação 
para escrita e leitura de perto e a focalização na lousa. 
Funções Visoperceptivas 
58 
As funções visoperceptivas estão relacionadas com a 
assimilação, integração, decodificação e elaboração dos 
estímulos visuais presentes como também com a capacidade 
de generalizar e associá-los às experiências passadas. 
Para efetuar-se uma avaliação visoperceptiva adequada 
sobre o nível de desenvolvimento geral da criança, devem-se 
conhecer as etapas do desenvolvimento cognitivo e visual para 
adaptar-se às atividades e possibilidades de cada criança. Para 
isso utiliza-se uma Avaliação Funcional do Desenvolvimento 
Global, contemplando as áreas de linguagem, sensório-motora, 
cognitiva, AVD, orientação e mobilidade. 
É de fundamental importância que o professor conheça 
a qualidade das experiências visuais que essa criança possui, 
a qualidade e tamanho do material a ser apresentado, o nível de 
interesse e motivação, e os aspectos psicoafetivos que possam 
interferir nas funções perceptivas. 
Iniciamos pela observação da discriminação e 
compreensão das expressões faciais, gestos e movimentos; da 
forma de interação e exploração do meio, do nível de curiosidade, 
frustração ou satisfação em ver. 
Um levantamento do repertório visual da criança é 
interessante, ou seja, a discriminação e reconhecimento visual 
de objetos de formas simples (objetos de uso diário, brinquedos, 
utensílios, frutas e outros alimentos). 
Observa-se a capacidade de discriminação de formas 
tridimensionais e bidimensionais, relacionando-as em termos 
de cor, tamanho e espessura. Podem ser usadas figuras sólidas, 
blocos lógicos, prancha de figuras e quebra-cabeças.
Um acervo grande de objetos tridimensionais variados, 
objetos esses de formas simples e complexas, de tamanho e cores 
que serão comparados entre si e depois associados a gravuras. 
As gravuras devem ser apresentadas de três formas: 
uma cartela deve representar o objeto real, a outra deve conter 
a forma cheia, a última só o contorno do objeto; todas com 
bastante contraste. 
Verifica-se a capacidade de discriminação mais fina 
de detalhes internos e externos de objetos e figura, relacionando-os 
às diferentes posições e direções no espaço. Jogos 
pedagógicos como dominós, lotos de animais, painéis de figuras 
para classificação e seriação, painéis para elaboração e 
construção de cenas são interessantes. São usados jogos de 
seqüência, jogos de memória, figura/sombra, figura/fundo, jogos 
de construção, elaboração e/ou discriminação de cenas e 
maquetes. 
Observa-se a discriminação de letras em diferentes 
estilos, tamanhos e materiais (plástico, madeira e cartelas do 
alfabeto); a leitura visual de sílabas; as palavras e a frase. 
Conforme a dificuldade de acomodação para perto, já testamos 
lupas de mesa e as diferentes lupas manuais. 
Podem ser utilizadas as lupas eletrônicas, o C.F.TV (Circuito 
Fechado de TV) como mais um recurso para avaliação perceptiva, 
de contraste e campo visual. 
Deve ser considerada a importância do nível de iluminação 
no ambiente em relação à patologia do aluno a ser avaliado. 
Utilizamos um dispositivo para controle de iluminação, diferentes 
tipos de luminárias com focos dirigíveis e cores diferentes, com 
azul e amarelo para diminuir o brilho, a reflexão e aumentar o 
contraste. 
59
Fig. 7. Equipamentos para avaliação visual. 
60 
Tanto as funções visoperceptivas como as visomotoras 
devem ser avaliadas primeiro em ambos os olhos depois em 
cada olho alternadamente, utilizando o tampão para oclusão. 
Para o bebê utilizamos “o tampão pirata” em tecido. 
A organização do ambiente, a interferência de ruídos e 
movimentos podem prejudicar muito a avaliação funcional. O 
avaliador deve aguçar sua sensibilidade para observar a 
qualidade da informação e experiência visual da criança, a 
motivação, o nível de consciência visual, a auto-imagem e 
possíveis frustrações desenvolvidas. 
É muito importante que uma avaliação funcional não 
considere apenas o nível de desenvolvimento potencial, para que 
se possa traçar uma programação pedagógica adequada. E 
lembrar que a organização das percepções e a internalização 
das funções psicológicas superiores dependem, em grande parte, 
da solicitação do meio e da qualidade da interação sócio-afetiva. 
Baixa Visão 
– Principais Patologias
61 
ATROFIA ÓPTICA 
É a perda total ou parcial da visão decorrente de lesões 
ou doenças no nervo óptico, disco óptico, papila, podendo haver 
degenerações das fibras tanto das células ganglionares como 
do corpo geniculado. 
Tipos de Atrofia Óptica 
Simples – quando o disco óptico perde a cor rosada, 
torna-se pálido ou branco. Geralmente há uma escoriação da 
papila, das bordas para o centro, ocorrendo a palidez temporal 
da papila. Esse tipo de atrofia pode ser decorrente de 
hidrocefalia, meningiomas e sífilis. 
Secundária – é decorrente de neurite óptica, 
neurorretinite e edema papilar. Neste caso a aparência da papila 
é branco-azulada, turva ou acinzentada. As alterações podem 
afetar as regiões vizinhas da retina. Podem ocorrer por doenças 
infecciosas, bactérias, vírus, protozoários, hemorragias, diabete, 
Leber, traumatismos e tumores. 
Atrofia Glaucomatosa – há um aumento da escavação, 
atingindo todo o disco óptico, atrofia de papila e deslocamento 
do tronco central. 
Funcionamento Visual: 
• diminuição da acuidade visual (AV) para perto e 
longe; 
• queixa de visão turva ou embaçada com 
aparecimento de escotomas; 
• diminuição do sentido luminoso – funcionamento 
visual pode ser melhor ao anoitecer. Outros podem 
necessitar de alta iluminação; 
• redução e ou alteração de campo visual: 
− escotomas central ou periférico 
− hemianopsias nos diferentes quadrantes (late-ral, 
superior, inferior, nasal, pericentral, bilateral);
62 
• dificuldade para integração e formação de 
imagens mentais; 
• interferência em tarefas de percepção de detalhes 
e análise-síntese visual; 
• dificuldade para discriminar objetos a distância ou 
perto; 
• sensibilidade aos contrastes diminuídos; 
• dificuldade para leitura; 
• adaptação à iluminação diminuída. 
Recursos Ópticos e Pedagógicos Especiais: 
• lupas manuais de altas dioptrias; 
• alto nível de iluminação com filtro para potencializar 
contraste e diminuir reflexão e brilho; 
• contraste e ampliação (dependendo da alteração 
do campo); 
• lentes esféricas e prismáticas; 
• telessistemas; 
• magnificação eletrônica, com controle de 
contraste, brilho e profundidade; 
• porta texto e caderno de pauta ampliada ou 
reforçada; 
• jogos de computador para elaboração de desenhos 
e cenas. 
Estratégias Pedagógicas: 
• verificar o potencial de visão central preservada; 
• compreender as dificuldades de percepção de 
detalhes que o aluno apresente e a necessidade 
de aproximação da lousa ou material pedagógico; 
• facilitar a discriminação de detalhes, 
potencializando o contraste e a iluminação do 
material a ser discriminado; 
• favorecer o desenvolvimento da consciência 
visual, ajudando o aluno a analisar e interpretar
formas mais complexas de objetos e figuras; 
• favorecer a ampliação do repertório visual do aluno, 
através de múltiplas experiências, incluindo até 
ajudas táteis e auditivas quando a visão não for 
suficiente; 
• motivar o aluno a construir as imagens mentais a 
partir da experiência concreta com os objetos para 
a representação tridimensional e a representação 
simbólica; 
• ajudar o aluno a compreender suas reais 
alterações de campo visual, as dificuldades com 
escotoma (ponto cego) buscando o melhor 
posicionamento de cabeça ou do material que 
favoreça melhor desempenho visual. 
63 
NISTAGMO 
São oscilações involuntárias e rítmicas dos olhos, que 
ocasionam alteração do sistema sensório-motor ocular. O 
nistagmo pode ser congênito, quando surge durante os seis 
primeiros meses, ou adquirido. 
A origem do nistagmo ainda não é bem conhecida, pode 
ser por alteração neurológica, vestibular, lesões do sistema 
nervoso central, por origem cerebelar ou tumor intracraniano. 
O nistagmo pode estar presente nas cataratas 
congênitas, atrofias ópticas, albinismo, acromatopsias, alterações 
retinianas e outras. 
Tipos de nistagmo: 
• movimento pendular; 
• ondulatórios – igual velocidade, duração – direção 
• em mola; 
• movimentos mais lentos e retorno rápido – 
freqüentes em alterações neurológicas e 
vestibulares; 
• mistos.
64 
Os movimentos podem ser horizontal, vertical, oblíquo, 
rotatório e circular. 
SPASMUS NUTANS 
Surge por volta dos seis meses a um ano de vida. 
Caracteriza-se por nistagmo de cabeça com movimentos antero-posteriores 
e laterais, rápidos, bem nítidos quando a posição é 
sentada. 
Deitada tende a desaparecer, a origem é desconhecida 
e tende à cura. 
Funcionamento Visual: 
• capacidade de fixação e seguimento visual 
prejudicados; 
• A.V. reduzida para perto e longe; 
• torcicolo de “Ciancia” – inclinação involuntária da 
cabeça para bloquear o nistagmo; 
• interferência nas tarefas de percepção visual e 
coordenação visomotora; 
• sensibilidade aos contrastes pode estar diminuída; 
• sensibilidade à luz alterada – fotofobia intensa ou 
média. 
Recursos Ópticos e Pedagógicos Especiais: 
• lentes prismáticas ou esfero-prismáticas; 
• lentes manuais ou de apoio; 
• lupas de régua; 
• os telessistemas para longe podem ser de difícil 
adaptação, depende da possibilidade de o aluno 
realizar a compensação de cabeça para bloqueio 
do nistagmo; 
• lentes escurecidas ou filtro amarelo para 
potencializar o contraste.
65 
Estratégias Pedagógicas 
O professor deve compreender que as dificuldades 
oculomotoras de focalização, seguimento visual e coordenação 
olho-mão, podem dificultar a realização de atividades práticas 
de coordenação visomotora, como encaixes, desenhos, cópia 
da lousa e escrita. 
Evitar alta iluminação direta, reflexão e brilho na lousa 
ou material a ser discriminado. 
Orientar o aluno para melhor organização espacial, 
posição para leitura e adequação do material ao ponto de 
compensação e distância que consiga focalizar e discriminar. 
Evitar corrigir a posição de cabeça que é a única forma de 
bloqueio dos movimentos involuntários. 
Utilizar pistas visuais para melhor organização do 
campo gráfico, tanto para leitura como para escrita. Guias para 
leitura. 
Proporcionar atividades lúdicas que favoreçam o 
exercício dos movimentos oculares, graduando as dificuldades: 
boliche, jogos de peteca, bola ao cesto, futebol, tiro ao alvo, 
natação. Jogos de integração sensorial e equilíbrio. 
CORIO-RETINITE 
É a inflamação da coróide (coroidite) e quando afeta 
ambas as camadas coróide e retina, chama-se corio-retinite. 
A causa é a toxoplasmose por infestação do protozoário 
gondii adquirido pelo contato com animais infectados: cães, 
coelho, gatos, pombo, galinha e na carne suína. 
É importante o diagnóstico diferencial de sífilis, 
tuberculose, herpes, AIDS e uveítes. O teste específico para 
avaliar os anticorpos para toxoplasmose é a imunofluorescência 
ou Elisa. O quadro neurológico pode ser de alteração focal com 
lesões cicatrizadas, placas maculares e convulsões.
66 
Funcionamento Visual: 
• acuidade visual baixa em virtude da lesão macular, 
visão a distância bastante prejudicada; 
• escotoma central da visão, com dificuldade para 
detalhes; 
• utilização de retina perifoveal e periférica; 
• campo visual periférico geralmente preservado o 
que possibilita uma boa orientação espacial e 
locomoção; 
• sensibilidade aos contrastes – não ocorre 
alteração significativa para média e baixa 
freqüência; 
• visão para cores – pode estar prejudicada nas 
extensas lesões maculares e perifoveais; 
• dificuldade para olhar no ponto que se olha; 
• alta freqüência de miopia. 
Recursos Ópticos e Pedagógicos Especiais : 
• óculos de correção refracional comum; 
• lentes bifocais; 
• lupas manuais ou de mesa para magnificação; 
• lentes esfero-prismáticas entre 6 e 12 graus – com 
acuidade visual semelhante em A.O.; 
• lentes esféricas de altas adições com visão 
monocular; 
• telescópio tipo Galileu – 2x, 3x, 4x e 6x manuais 
são preferíveis a telescópios fixos em armações; 
Estratégias Pedagógicas: 
O professor precisa compreender que muitas vezes é 
impossível a criança olhar para frente ou nos olhos do professor, 
pois os olhos desviam para fugir do ponto cego, da cicatriz 
macular. 
Os mesmos procedimentos pedagógicos da atrofia 
óptica, pois o funcionamento visual é semelhante.
Considerar que nas alterações maculares importantes 
a discriminação de figuras complexas como de animais torna-se 
67 
difícil. 
Embora o aluno apresente nível gráfico elementar o professor 
pode e deve oferecer materiais simbólicos como letras e outros. 
A cópia da lousa é bastante difícil em virtude de, à 
distância, a visão ficar prejudicada ou apresentar escotomas 
no campo visual. 
Ajudar o aluno a buscar a melhor posição e distância 
para facilitar a cópia na lousa. 
Organizar o campo gráfico da lousa em relação à 
necessidade do aluno. 
ALTERAÇÕES RETINIANAS: 
a) Retinopatia da Prematuridade ou Fibroplasia 
Retrolental 
A retinopatia da prematuridade pode ser decorrente de 
imaturidade da retina por baixa idade gestacional e ou por alta 
dose de oxigênio na incubadora. O oxigênio em alta concentração 
provoca a vasoconstrição, impedindo a irrigação da retina e pode 
ocorrer a formação de pregas retinianas, massa fibrosa ou 
cicatricial, retração da retina, ou deslocamento total ou parcial. 
Podem ocorrer ainda complicações como a catarata, 
glaucoma ou uveíte. O procedimento cirúrgico nos 
descolamentos de retina tem pouco sucesso, do ponto de vista 
funcional, sendo muitas vezes preferível à estimulação da visão 
residual remanescente, mesmo que pouca. 
Funcionamento Visual: 
• a retinopatia nível I, II e III geralmente apresentam 
bom desempenho visual; 
• acuidade visual bastante reduzida na retinopatia 
grau IV e V;
68 
• fotofobia; 
• e freqüente a alteração de campo visual periférico 
e central com presença de escotomas; 
• iluminação intensa indireta melhora o 
funcionamento visual. 
Recursos Ópticos e Pedagógicos Especiais 
Para perto: 
• óculos acoplados com lentes de aumento; 
• lentes para miopia; 
• lentes de aumento manual; 
• lupas iluminadas tipo copo ou de mesa. 
Para longe: sistemas telescópicos 
b) Retinose Pigmentar 
Distrofia hereditária dos receptores retinianos por 
transmissão autossômica recessiva dominante ligada ao X. Constitui 
síndromes como: Laurence-Moon, Bardet-Bield, Usher, sendo 
rigorosamente necessária a prevenção por aconselhamento genético. 
São muitos os tipos de retinose pigmentar, geralmente 
de caráter progressivos com degeneração de cones 
(responsável pela visão de cores) e bastonetes (visão de formas), 
no estágio final com alteração macular. 
Funcionamento Visual: 
• cegueira noturna – Baixa de A.V. no escuro; 
• adaptação à luz, lenta; 
• perda de campo periférico; 
• ocorre iniciar por perda de visão central (mais 
raro); 
• dificuldade para locomoção à noite; 
• sensibilidade aos contrastes alterada; 
• alteração de visão de cores.
Recursos Ópticos e Pedagógicos Especiais: 
• alto nível de iluminação; 
• circuito de TV; 
• lâmpada com raios infravermelhos; 
• ampliação e potencialização de contrastes com 
69 
filtro amarelo; 
• lupa manual até 11 di; 
• campo restrito dificulta a leitura. 
c) Retinopatia Diabética 
É uma alteração retiniana por obstrução dos vasos 
capilares da região da mácula e retina com formação de cicatriz 
ou escotomas extensos, podendo formar edema ou cistos de 
mácula. 
Pode haver descolamentos de retina. O tratamento 
pode ser a vitrectomia e a fotocoagulação que estabilizam o 
quadro de edema. Há associações com catarata ou 
glaucoma. 
Funcionamento Visual: 
• baixa AV para longe; 
• visão embaçada; 
• dificuldade para percepção de detalhes; 
• Imagens distorcidas; 
• alteração da visão de cores e sensibilidade aos 
contrastes. 
d) Síndrome de Leber ou Amurose Congênita de Leber 
É caracterizada por degeneração retiniana com 
eletroretinograma extinto. Manifesta-se por uma neurite óptica 
hereditária mais freqüente na 2ª infância, lesando de forma
brusca os olhos. É transmitida pela mãe e afeta geralmente o 
sexo masculino, podendo afetar o sistema nervoso. 
70 
Há degenerações retinianas que afetam também 
meninas e são do tipo progressivo. A função visual é bastante 
prejudicada, AV muito reduzida e nível de funcionamento visual 
bastante heterogêneo. 
e) Retinoblastoma 
Tumor na retina que pode aparecer nas primeiras 
semanas até os 2 anos. Os primeiros sinais são leucocoria 
(mancha branca), podendo ser uni ou bilateral, estrabismo e 
ligeira midríase. O tratamento é a enucleação de urgência, 
radioterapia ou quimioterapia conforme resultado 
anatomopatológico. 
Estratégias Pedagógicas 
Motivar o aluno a utilizar ao máximo o potencial visual 
mesmo nos descolamentos de retina ou em degenerações 
progressivas. 
Nos descolamentos de retina ou redução extrema do 
campo visual, as dificuldades de leitura se acentuam. Entretanto 
o professor deve encorajar o aluno a utilizar a visão residual, 
sem temor de perdê-la ou gastá-la. 
Recursos de alta iluminação, controle de luz por dimmer 
e potencialização de contrastes melhoram o desempenho visual 
do aluno. 
Lápis ou canetas fluorescentes ajudam na visualização. 
Na acuidade visual muito baixa ou restrição acentuada 
do campo visual, a cópia da lousa se torna muito difícil. Podem 
ser utilizadas ampliações para perto ou recurso eletrônico para 
cópia da lousa, por varredura. 
Lentes escurecidas melhoram o funcionamento visual e 
ajudam nas atividades recreativas.
71 
GLAUCOMA 
Decorrente da alteração na circulação do líquido humor 
aquoso, responsável pela nutrição do cristalino, íris e córnea. 
Há o aumento da pressão intra-ocular, a mais de 20 milímetros 
pela obstrução do líquido pela pupila ou drenagem através do 
seio camerular. 
Sintomas mais freqüentes: dor intensa, fotofobia, olho 
buftálmico e azulado. 
Há estudos recentes que apontam uma predisposição 
genética para o glaucoma congênito. É mais freqüente após a 
4ª década, em altas hipermetropias, em diabéticos e em negros. 
O tratamento é cirúrgico e o mais precoce possível 
obtendo bons resultados. Pode haver complicações como 
luxações do cristalino, descolamento de retina, atrofia óptica e 
hemorragias. 
O glaucoma pode estar associado a aniridia, (ausência 
de íris) síndrome de Marfan, Axenfeld e Sturge-Weber. 
Funcionamento Visual: 
• lacrimejamento e fotofobia; 
• flutuação da visão, controlada por medicação; 
• perda da acuidade visual por atrofia óptica; 
• o glaucoma crônico simples pode levar à perda 
da visão periférica; 
• no glaucoma primário de ângulo fechado a perda 
visual é severa e pode progredir para cegueira 
rapidamente; 
• alteração do campo visual variada e difusa, 
podendo haver também escotomas centrais; 
• a perda é mais acentuada no setor nasal, havendo 
mais preservação do campo temporal ou central; 
• visão periférica e visão noturna rebaixada; 
• visão tubular ou de túnel permite visão boa para perto; 
• dificuldade para discriminar objetos grandes, 
locomoção e visão à distância.
72 
Recursos Ópticos e Pedagógicos Especiais: 
• iluminação potente sem reflexão e brilho; 
• lupa de mesa com iluminação; 
• alto contraste e filtros; 
• lupas manuais; 
• para leitura, lentes microscópicas; 
• para longe telelupas de baixa dioptria (di). 
Estratégias Pedagógicas 
O professor precisa compreender que o nível de visão 
do aluno com glaucoma flutua muito. Ele se estressa com 
freqüência pela dor, fotofobia e flutuação da visão. Isto não 
significa que o aluno seja desmotivado e preguiçoso. 
Analisar cuidadosamente as alterações de campo visual 
que possam ser diferentes em cada olho. Ajudar o aluno a 
compreender e buscar a melhor posição para o trabalho visual. 
Ajudar o aluno a identificar o melhor equipamento de 
magnificação, de lupas manuais, de copo, mesa ou lupas 
iluminadas. Muitas vezes a adaptação desses auxílios ficam 
dificultadas pela reflexão de luz e brilho. 
Em virtude das alterações de campo visual, nem sempre 
o material ampliado facilita a discriminação e a leitura. 
Utilização de porta-texto dá maior conforto para a leitura 
CATARATA 
É a opacificação do cristalino produzindo a leucocoria 
ou mancha branca na pupila. 
As causas congênitas podem ser decorrentes da 
rubéola (síndrome da rubéola congênita) do sarampo, de fator 
hereditário, do citomegalovirus, da toxoplasmose e da sífilis. 
Alterações cromossômicas como Síndrome de Down, Lowe, 
Trissomia 13-15 e Síndrome de Cockayne.
Pode ocorrer também por irradiações, medicações 
73 
tóxicas e consumo de drogas. 
A catarata congênita é uma das maiores causas de 
cegueira na infância, a prevenção é a cirurgia precoce, e, 
principalmente a vacinação e controle epidemiológico da rubéola 
e aconselhamento genético. 
Funcionamento Visual: 
• baixa de AV importante na catarata congênita 
operada tardiamente; 
• catarata não operada: visão nublada, borrada, 
visão de estrelas, raios brilhantes; 
• visão dupla no olho afetado; 
• visão melhor para longe do que para perto ; 
• visão noturna melhor; 
• sensibilidade aos contrastes pode estar diminuída 
• rara alteração de campo visual e visão de cores. 
Recursos Ópticos e Pedagógicos Especiais: 
• lente de contato ou óculos; 
• lente intra-ocular nos primeiros anos de vida ; 
pode ocasionar mais rejeição, sendo 
desaconselhável pela mudança de refração; 
• óculos de até 20 di são bem aceitos por crianças, 
podendo ser tentada a correção da hipermetropia 
e astigmatismo. Os bifocais com mais de 6 di 
podem ser testados; 
• lupa de mesa iluminada; 
• lupas manuais tipo régua; 
• controle de iluminação no ambiente. 
Estratégias Pedagógicas 
O aluno que teve a catarata operada precocemente e com 
boa correção óptica dificilmente necessitará de ajudas adicionais. 
Nos casos de altas correções ópticas, há necessidade 
de grande aproximação do material a ser lido o que pode acarretar
cansaço e estresse na leitura. É importante investigar com o aluno 
e o médico, se uma correção óptica de menor dioptria com adição 
manual não favorece o processo de leitura-escrita. 
74 
Nas cataratas não operadas, lupas iluminadas e controle 
de iluminação no ambiente com luminárias de foco dirigíveis 
podem melhorar o desempenho visual. 
ADAPTAÇÃO DE RECURSOS ÓPTICOS ESPECÍFICOS 
A capacidade de funcionamento e o desenvolvimento 
da eficiência visual dependem fundamentalmente, segundo Dra. 
Barraga, da experiência visual. A oportunidade de enfocar, olhar 
e interpretar imagens visuais são mecanismos ativadores das 
funções cerebrais. 
Muitos indivíduos com baixa visão severa ou moderada, 
poderão se beneficiar da ajuda de recursos ópticos específicos 
para perto ou longe como forma de facilitação do processo 
ensino-aprendizagem. 
Os mesmos recursos ópticos têm a função de correção 
das ametropias, ou seja, melhorar a focalização por ampliação, 
proporcionando mais nitidez de imagem pela correção da refração. 
Com adaptação de recursos ópticos esféricos 
adequados, a ampliação da imagem retiniana permite a 
conexão celular e a formação de imagens nítidas e detalhadas 
que possibilitam o desenvolvimento da eficiência visual para 
atividades de perto, como leitura, escrita, visualização da tela 
do computador, TV e a decodificação de estímulos visuais a 
longa distância. 
Os recursos ópticos especiais, geralmente se 
caracterizam por lentes de grande aumento para correção da 
visão de perto ou longe, são eles: 
Auxílio para perto: 
• óculos bifocais ou monofocais; 
• sistemas telemicroscópicos; 
• lupas manuais e de apoio.
Os bifocais aumentam a imagem do objeto e dão mais 
75 
nitidez com as lentes convergentes de +4, +6, +8, +10 DE. 
Fig. 8. Óculos bifocais e monofocais. 
Lentes esferoprismáticas 
São formadas por lentes positivas convergentes com 
adição de prisma na base nasal para melhorar a fixação, a 
convergência e dar conforto para atividades de leitura. Essas 
lentes geralmente são combinadas em seu poder dióptrico como 
por exemplo: +5 DE/7P ( dióptrica e prismática ). Menos de 10 
DE são aconselháveis para as pessoas que possuem visão 
binocular ou pouca perda visual, para maiores de 10 DE/12 P 
monoculares. 
As lentes esféricas podem ser simples, sem adição de 
prisma, indicadas para pessoas com visão binocular ou 
monocular que não apresentam acuidade visual muito baixa, pois 
vão até 10 DE. 
Lentes asféricas 
São lentes monoculares em virtude da alta dioptria, 
variando de 10 di asférica até 24 di.
76 
São utilizadas para atividades de leitura para perto e a 
distância olho-objeto deve ser mais próxima à medida que 
aumentam as dioptrias. 
Há uma pequena fórmula para chegar-se à distância focal: 
F = 100/D 
F = 100/20D 
F = 5cm 
A distância focal varia de acordo com a patologia, 
acuidade visual e nível de magnificação da lente. A distância 
ideal para melhorar a função visual, deve ser pesquisada 
individualmente com cada aluno, pois deve variar de 15 a 5cm 
ou menos. Essas lentes podem ser montadas em óculos ou 
adicionadas tipo clipes. 
Lentes microscópicas 
São lentes de alta dioptria, com +28 D, variando de 7x 
até 12xde aumento. Para chegar ao valor dióptrico multiplica-se 
por 4. 
Essas lentes geralmente são prescritas para pessoas 
com acuidade visual muito baixa. Como são lentes convexas 
positivas de alta dioptria a distância focal é muito pequena com 
a desvantagem de limitação acentuada de campo visual. 
Como a coordenação dos movimentos oculares, postura 
de cabeça e mãos são necessários, o tempo é mais longo e a 
adaptação das lentes microscópicas é mais difícil. Para melhor 
conforto do aluno, para leitura/escrita, é de fundamental 
importância a utilização de suporte para leitura/escrita, mesa 
adequada, pesquisa de iluminação e contraste que podem 
facilitar o desempenho visual. 
Lupas manuais e de apoio 
São recursos auxiliares importantes para pessoas que 
não se adaptam aos recursos descritos, de fácil uso e 
funcionamento, dispensando o treinamento para adaptação.
Fig. 9. Lupas manuais e de apoio. 
As lentes manuais com lentes esféricas ou asféricas 
possuem melhor qualidade óptica. Variam de 2x até 10x de 
aumento. A distância focal das lentes manuais de apoio é tirada 
pela mesma fórmula dos óculos. 
As lentes manuais de alta dioptria têm o campo visual 
muito restrito, já as lupas de apoio possuem um campo visual 
mais ampliado, porque são de aumentos menores. Têm ainda 
a vantagem de possuir foco mais fixo e deixa as mãos livres. 
São aconselháveis para crianças em etapa pré-escolar e idosos. 
Tanto as lupas manuais como de apoio podem ser 
usadas como complementação de óculos especiais. Podem ser 
iluminadas ou não e terem diferentes formatos: lupas manuais, 
tipo régua, copo, folha, lanterna, gancho, etc. 
77 
Telemicroscópios em óculos 
São telelupas de acoplagem em óculos monoculares, 
binoculares ou manuais que permitem trabalho em uma distância 
maior.
78 
Essas lentes, embora tenham restrição de campo, 
permitem conforto visual pela qualidade de iluminação e por 
deixar as mãos livres. 
Auxílio para longe: 
Telelupas - permitem o aumento e aproximação do 
objeto a ser visto. 
Tipos de Telelupas: 
• Galilei – Formada por duas lentes, uma 
convergente e uma divergente. São muito práticas 
e de fácil adaptação. 
• Kepler ou Prismática – É composta por duas 
lentes convergentes que invertem a imagem, por 
isso é usada com lente prismática. 
As telelupas podem ser manuais ou acopladas a óculos 
monoculares ou binoculares. As telelupas binoculares 
geralmente são de pequeno poder dióptrico, são prescritas para 
pessoas que tenham acuidade visual semelhante em ambos os 
olhos. São usadas para ver TV, teatro e jogos. 
As telelupas monoculares manuais são mais bem 
aceitas por alunos e adolescentes em função da estética, 
entretanto têm a desvantagem de não liberar as duas mãos para 
a escrita. 
Para os alunos que têm dificuldade de coordenação 
oculomotora e ou alteração de campo visual, as telelupas 
manuais são de mais fácil adaptação. 
Os aumentos das telelupas variam de 2x até 12x, sendo 
melhor iniciar o processo de adaptação com aumentos 
gradativos. 
No processo de adaptação de recursos ópticos, o aluno 
deve levar o recurso para casa, para poder pesquisar livremente 
em seu ambiente, nos espaços externos de sua preferência, e 
decidir seguramente a melhor opção.
79 
BIBLIOGRAFIA 
ARAÚJO, Sônia Maria D. Elementos para se pensar a educa-ção 
dos indivíduos cegos no Brasil: a história do Instituto 
Benjamin Constant. São Paulo: IBC. 
BARRAGA, Natalie. Disminuídos visuales y aprendizaje. 
Espanha: ONCE,1985. 
———— Desenvolvimento da eficiência visual. São Paulo: 
Trad. Fundação do Livro do Cego, 1986. 
BLANKSBY, Dixie C. Manual VAP-CAP. Avaliação e programa. 
Austrália: Royal Instituto, 1993. 
BRUNO, Marilda MG. O desenvolvimento integral do portador 
de deficiência visual. São Paulo: Laramara, 1993 
———— Reflexão da prática pedagógica. São Paulo: 
Laramara,1997. 
———— Orientação e visão subnormal. CENP/SE/SP, 1988. 
CARVALHO, Erenice Natália S. de. A educação especial: con-cepção 
de deficiência - caderno da TV Escola. Brasília, 
1996 
CARVALHO, Keyla Monteiro e Outros - Visão subnormal. São 
Paulo: Unicamp - Campinas, 1994. 
CASTRO, Danilo M. e outros. Visão subnormal. Rio de Janeiro: 
Ed Cultura Médica, 1994. 
CORN, Anne. Visual function - Journal of Visual 
Impairment,1993. 
FAYE, E.E. Clinical low vision. Little brown and company. 
Boston.1994. 
HYVARINEN, Lea. O desenvolvimento normal e anormal da 
visão. São Paulo: Santa Casa.
ICEVI/OMS. O atendimento de criança com baixa visão. 
80 
Relatório de Bangkok,1992 
KARA, José e ALVES, Milton. O olho e a visão. Rio de Janeiro: 
Vozes,1996. 
LEMOS, Edson Ribeiro. Educação de excepcionais. Evolução 
histórica e desenvolvimento no Brasil. Niterói. UFF. Tese 
de livre docência, 1981. 
LINDSTEDT, Eva - O quanto uma criança vê. São Paulo: Santa 
Casa, 1989 
MINISTER of Education Victoria. Visual skills - A curriculum 
guide. Australia,1988 
SASSAKI, Romeu Kazumi. Inclusão. Construindo uma 
sociedade para todos. Rio de Janeiro: WVA, 1997. 
SOMBRA, Luzimar Alvino. Educação integração profissional de 
pessoas excepcionais. Análise da legislação. Dissertação 
de Mestrado UERJ, 1983.
81 
ANEXO 
AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM DO 
PROFESSOR 
1. Complete adequadamente as lacunas: 
Segundo Natalie Barraga, 
a) Enxergar é habilidade________________________________________ 
b) Pelos métodos _____________________________________________ e 
______________________é possível avaliar a visão de bebês. 
c) A avaliação das seguintes funções visuais _____________________ 
___________________________, ______________________________, 
______________________________, _____________________________, 
____________________________ entre outras igualmente importantes. 
d) A avaliação _________________________ da visão é realizada pelo pro-fessor 
especializado. 
e) Podemos considerar visão subnormal a perda visual em 
_____________________________________ os olhos, após a máxima 
__________________________, ________________________ possível.
2. Indique a alternativa correta: 
82 
a) A corioretinite apresenta alteração macular e dificuldade 
para ver longe. 
b) Na retinopatia da prematuridade é freqüente o 
deslocamento da retina. 
c) Na retinose pigmentar há cegueira noturna e alteração da 
visão de cores. 
d) A catarata e o glaucoma não operados podem levar a 
cegueira. 
e) Todas as alternativas são corretas. 
3. Marque a(s) alternativa(s) verdadeira(s) 
a) As pessoas com baixa visão devem poupar o pouco de 
visão remanescente. 
b) A função visual desenvolve-se por uso e função do Siste-ma 
Visual. 
c) É desaconselhável o uso de óculos em bebê. 
d) Os recursos ópticos especiais facilitam o processo de 
aprendizagem de leitura-escrita. 
e) Todas as alternativas são verdadeiras.
83 
CHAVE PARA CORREÇÃO DA AVALIAÇÃO 
1. 
a) aprendida 
b) olhar preferencial de Dobson e Teller 
c) acuidade visual, sensibilidade aos contrastes, campo 
visual, visão de cores e funções ópticas 
d) funcional 
e) ambos, correção óptica. 
2. e 
3. b, d
84
85 
Ministério da Educação 
Secretaria de Educação Especial 
Fascículo II 
Educação Infantil 
Educação Precoce 
Conteudistas: 
Marilda Moraes Garcia Bruno 
Maria Glória Batista da Mota 
Colaboração 
Instituto Benjamin Constant 
Brasília, 2001
86
87 
SUMÁRIO 
FASCÍCULO II - A EDUCAÇÃO INFANTIL - EDUCAÇÃO 
PRECOCE 
• O processo de inclusão em creches 
• Trabalhando juntos: família – escola – comunidade 
• Programa de estimulação visual na faixa etária 
de zero a três anos 
• Programa de intervenção precoce na abordagem 
pedagógica 
Bibliografia 
Anexo
88
89 
APRESENTAÇÃO 
Prezado Professor 
O fascículo Educação Infantil I traz informações básicas 
sobre o processo de desenvolvimento, aprendizagem e educa-ção 
de crianças com deficiência visual na faixa etária de zero a 
três anos. 
Discute o levantamento das necessidades educativas 
especiais e a elaboração do programa de educação que 
contemple o desenvolvimento integral do aluno. 
Propõe um trabalho conjunto Escola-Família-Comuni-dade, 
tendo em vista a interação-comunicação, a aprendizagem 
significativa e a inclusão social da criança com deficiência visual.
90
91 
OBJETIVOS 
OBJETIVO GERAL 
Capacitar o professor de educação infantil, ensino 
fundamental e médio, para a identificação, diagnóstico e 
encaminhamento de alunos com deficiência visual, discutindo 
metodologias, estratégias pedagógicas e recursos especiais 
que facilitam o processo ensino-aprendizagem e o trabalho 
conjunto Escola-Família-Comunidade. 
OBJETIVOS ESPECÍFICOS 
O professor deverá ser capaz de: 
• identificar sinais, sintomas e condutas do aluno 
com deficiência visual, encaminhando-o para 
serviços complementares; 
• articular ações dos serviços de saúde, educação 
e assistência social para obtenção dos recursos 
ópticos e outros atendimentos necessários ao 
desenvolvimento e à aprendizagem do aluno; 
• subsidiar o professor para o desenvolvimento de 
programas pedagógicos, fundamentados na inter-relação, 
comunicação e ação funcional; 
• orientar o professor para o trabalho conjunto 
escola-família e quanto às estratégias de inclusão 
em creches.
92
93 
INFORMAÇÕES INICIAIS 
1. Leia os objetivos específicos do fascículo. 
2. Estude o texto do fascículo. 
3. Teste seus conhecimentos, respondendo às avaliações 
propostas. 
4. Confira suas respostas com as da chave de correção, 
no final do fascículo. 
5. Se conseguir responder a todas às questões, passe 
para o fascículo seguinte. 
6. Se não conseguir respondê-las integralmente, reestude 
o texto. 
7. Responda novamente à avaliação. Se não conseguir 
responder plenamente às questões, consulte o professor 
aplicador do fascículo.
94
95 
ALTERNATIVAS DE APRENDIZAGEM DO PROFESSOR 
1 - Estude o texto relativo ao fascículo. 
2 - Reveja o vídeo para tirar dúvidas. 
3 -Recorra ao professor aplicador da unidade, caso a 
dúvida persista. 
4 - Realize a avaliação proposta e as atividades sugeridas.
96
97 
A EDUCAÇÃO INFANTIL - EDUCAÇÃO PRECOCE 
O PROCESSO DE INCLUSÃO EM CRECHES 
O bebê com deficiência visual, como qualquer criança, 
necessita de ambiente familiar continente, de maternagem, isto 
é, de receber afeto, carinho e atenção para sentir-se seguro. 
Necessita ainda de pessoas que atendam a suas necessidades 
básicas de alimentação, higiene e descanso, pois ele se estressa 
com facilidade. 
Se o ambiente familiar for aconchegante, tranqüilo, 
possibilitando o desenvolvimento integral de todas as 
possibilidades psicoafetivas do bebê, a ida para a creche pode 
ser adiada, pois a mãe desempenha importante papel na 
interpretação do mundo, dando segurança para a criança 
explorar e fazer as primeiras descobertas. 
Na realidade de hoje as mães se angustiam muito por 
não ter com quem deixar o bebê. Sem dúvida que, nesses casos, 
a creche será o melhor lugar substituto da família, onde a criança 
poderá encontrar pessoas disponíveis a compreender, interpretar 
e atender a seus apelos e necessidades. 
Para incluir um bebê com deficiência visual em creches 
ou berçários, todas as pessoas precisam ser orientadas: 
diretora, coordenadora, professora e auxiliares. Essa é uma 
tarefa que pode ser desenvolvida em parceria com os serviços 
da comunidade, professores especializados ou instituições que 
desenvolvam programas de Educação Infantil. 
O que deve ficar claro é que a criança com deficiência 
visual necessita de um período maior de adaptação do que as 
outras crianças. Principalmente porque a visão exerce papel 
fundamental no conhecimento, controle e adaptação ao meio.
98 
Essas crianças vão necessitar de mais tempo para 
conhecer as pessoas novas, identificá-las por suas vozes, 
cheiros e passos para poder aceitá-las. 
Até aos três anos de idade, as crianças com deficiência 
visual dispõem ainda de poucos recursos para diferençar as 
pessoas e reconhecê-las, em meio a muito barulho. 
Torna-se então indispensável um ambiente acolhedor, 
tranqüilo e mais organizado. Ambiente sem ruídos ameaçadores 
ou agitação que possam assustar o bebê, dificultando a 
interação com o meio. 
Outro fator importante que deve ser ainda considerado 
é que o entorno familiar pode desorganizar-se com a ida de um 
bebê para a creche. Os pais e avós podem sentir dificuldade de 
separar-se da criança. Isso acarreta medo, insegurança, 
sentimentos de culpa e ansiedade. É uma relação sofrida. Por 
isso é muito importante que a creche receba o bebê e sua família 
para o período de adaptação. Permita que inicialmente a mãe 
faça uma adaptação gradativa. Leve o bebê para conhecer a 
escola, as pessoas, os objetos, o parque e familiarizar-se com 
os ruídos, cheiros e brinquedos. A adaptação pode demorar até 
meses. 
É importante deixar a mãe mostrar como interage e se 
relaciona com sua criança, revelar o que lhe dá prazer, satisfação 
e medo para descobrir do que a criança gosta e o que rejeita. 
Se a família percebe que há um ambiente acolhedor para sua 
criança e pessoas interessadas em compreender e ajudar em 
suas dificuldades, sem dúvida alguma, haverá sentimentos de 
segurança e relação de confiança com a escola.
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Deficiencia visual

  • 1. 1 MEC Ministério da Educação Secretaria de Educação Especial PROGRAMA DE CAPACITAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS DO ENSINO FUNDAMENTAL DEFICIÊNCIA VISUAL VOLUME 1 SÉRIE ATUALIDADES PEDAGÓGICAS 6
  • 2. Presidente da República Federativa do Brasil Fernando Henrique Cardoso Ministro da Educação Paulo Renato Souza Secretária Executiva Maria Helena Guimarães de Castro Secretária de Educação Especial Marilene Ribeiro dos Santos 2
  • 3. 3 MEC Ministério da Educação Secretaria de Educação Especial PROGRAMA DE CAPACITAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS DO ENSINO FUNDAMENTAL DEFICIÊNCIA VISUAL VOLUME 1 SÉRIE ATUALIDADES PEDAGÓGICAS 6
  • 4. Ministério da Educação Esplanada dos Ministérios, Bloco L, 6º andar, sala 600 CEP 70047-901 - Brasília - DF Fone (061) 410-8651 – 410-8642 Fax (061) 410-9265 4 Programa de Capacitação de Recursos Humanos do Ensino Fundamental: deficiência visual vol. 1 fascículos I – II – III / Marilda Moraes Garcia Bruno, Maria Glória Batista da Mota, colaboração: Instituto Benjamin Constant. _______Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial, 2001 196 p. (Série Atualidades Pedagógicas; 6) 1. Deficiência Visual. I. Série CDU. 376.352
  • 5. 5 APRESENTAÇÃO A Secretaria de Educação Especial do Ministério da Educação, objetivando a divulgação de conhecimentos técnico-científicos mais atualizados acerca das diferentes áreas de deficiência, bem como relativos à superdotação, edita textos e sugestões de práticas pedagógicas referentes à educação dos alunos com necessidades especiais. A presente série trata da Educação de aluno portador de deficiência visual. MARILENE RIBEIRO DOS SANTOS Secretária de Educação Especial
  • 6. 6
  • 7. 7 Ministério da Educação Secretaria de Educação Especial Deficiência Visual Vol. 1 Fascículo I - II - III Brasília, 2001 Conteudistas: Marilda Moraes Garcia Bruno Maria Glória Batista da Mota Colaboração Instituto Benjamin Constant
  • 8. 8
  • 9. 9 SUMÁRIO GERAL VOLUME 1 Fascículo I - Compreendendo a Deficiência Visual • A deficiência visual através dos tempos • Sistema e função visual - conceituando a deficiência visual • Prevenção da deficiência visual na infância • Desenvolvimento visual e aprendizagem • Metodologia de avaliação clínico – funcional da visão • Adaptação de recursos ópticos específicos Bibliografia Anexo Fascículo II - Educação Infantil - Educação Precoce • O processo de inclusão em creches • Trabalhando juntos: família – escola – comunidade • Programa de estimulação visual na faixa etária de zero a três anos • Programa de intervenção precoce na abordagem pedagógica Bibliografia Anexo Fascículo III - Educação Infantil – Pré-Escola • A escola inclusiva • Educação infantil e deficiência visual • Proposta pedagógica e currículo na educação infantil • Adaptação curricular às necessidades educacionais especiais • Diagnóstico e identificação das necessidades educacionais especiais • Necessidades específicas de desenvolvimento e aprendizagem na pré-escola • O processo de inclusão na pré-escola Bibliografia Anexo
  • 10. VOLUME 2 Fascículo IV - A Escolarização do Aluno com Deficiência Visual • Fase inicial para alfabetização • Aprendizagem do Sistema Braille e o processo de 10 alfabetização • O Sistema Braille: processo de leitura – escrita • Alfabetização do aluno de baixa visão • Recursos didáticos aplicados à educação dos alunos com deficiência visual • A inclusão do aluno com deficiência visual no ensino regular • A questão do ensino superior • Adaptações curriculares para alunos com deficiência visual • Comunicação e relação interpessoal Bibliografia Anexo VOLUME 3 Fascículo V - Complementações Curriculares Específicas para a Educação do Aluno com Deficiência Visual • Sorobã • Atividades da Vida Diária • Orientação e Mobilidade • Escrita Cursiva Bibliografia Anexo Fascículo VI - O Processo de Socialização e Profissionalização da Pessoa com Deficiência Visual • Competência social • Tecnologia na educação da pessoa cega e de baixa visão • Orientação para a escolha profissional
  • 11. • Estudo profissiográfico e encaminhamento ao mercado 11 de trabalho Bibliografia Anexo Fascículo VII - Reabilitação • A perda da visão na idade adulta • O processo de reabilitação • Orientação profissional Bibliografia Anexo
  • 12. 12
  • 13. 13 Ministério da Educação Secretaria de Educação Especial Fascículo I Compreendendo a Deficiência Visual Conteudistas Marilda Moraes Garcia Bruno Maria Glória Batista da Mota Colaboração Instituto Benjamin Constant Brasília, 2001
  • 14. 14
  • 15. 15 SUMÁRIO FASCÍCULO I - COMPREENDENDO A DEFICIÊNCIA VISUAL • A deficiência visual através dos tempos • Sistema e função visual - conceituando a deficiência visual • Prevenção da deficiência visual na infância • Desenvolvimento visual e aprendizagem • Metodologia de avaliação clínico – funcional da visão • Adaptação de recursos ópticos específicos Bibliografia Anexo
  • 16. 16
  • 17. 17 APRESENTAÇÃO Prezado Professor Compreendendo a Deficiência Visual é um texto de apoio a professores e profissionais que trabalham com crianças cegas e de baixa visão. Discute formas de prevenção, aspectos de anatomia, fisiologia e função visual necessários à compreensão do desempenho visual do aluno. Traz informações sobre os métodos mais modernos de avaliação das funções visuais, dos recursos ópticos especiais, da alta tecnologia, das estratégias pedagógicas, dos recursos didáticos e, ainda, propicia orientação ao professor do ensino comum.
  • 18. 18
  • 19. 19 OBJETIVOS OBJETIVO GERAL Capacitar o professor de educação infantil, ensino fun-damental e médio para a identificação, diagnóstico, encaminha-mento e educação de alunos com deficiência visual. OBJETIVOS ESPECÍFICOS O professor atuará no sentido de: • identificar os sinais, sintomas e conduta do aluno com deficiência visual, encaminhando-o para os serviços complementares; • articular as ações dos serviços de saúde, educação e assistência social para obtenção dos recursos ópticos especiais necessários à aprendizagem da leitura-escrita; • sensibilizar a comunidade para a problemática da deficiência visual, formas de prevenção, atendimento e inclusão social do aluno; • informar quanto aos recursos especiais, metodologia e estratégias pedagógicas que facilitam o processo ensino-aprendizagem.
  • 20. 20
  • 21. 21 INFORMAÇÕES INICIAIS 1. Leia os objetivos específicos do fascículo. 2. Estude o texto do fascículo. 3. Teste seus conhecimentos, respondendo às avaliações propostas. 4. Confira suas respostas com a da chave de correção, no final do fascículo. 5. Se conseguir responder a todos as questões, passe para o fascículo seguinte. 6. Se não conseguir respondê-las integralmente, reestude o texto. 7. Responda novamente a avaliação. Se não conseguir responder plenamente as questões, consulte o professor aplicador do fascículo.
  • 22. 22
  • 23. ALTERNATIVAS DE APRENDIZAGEM DO PROFESSOR 1 - Estude o texto relativo ao fascículo. 2 - Reveja o vídeo para tirar dúvidas. 3 - Recorra ao professor aplicador da unidade, caso a dúvida 23 persista. 4 - Realize a avaliação proposta e as atividades sugeridas.
  • 24. 24
  • 25. 25 A DEFICIÊNCIA VISUAL ATRAVÉS DOS TEMPOS Conceito Histórico-Social A história da deficiência visual na humanidade é comum a todos os tipos de deficiências. Os conceitos foram evoluindo conforme as crenças, valores culturais, concepção de homem e transformações sociais que ocorreram nos diferentes momentos históricos. Assim sendo, na antiguidade as pessoas com deficiência mental, física e sensorial eram apresentadas como aleijadas, mal constituídas, débeis, anormais ou deformadas. Percebidos como degeneração da raça humana no período em que predominava o princípio da eugenia, essas pessoas eram abandonadas ou eliminadas. As obras de Platão e Sêneca refletem as práticas helênicas e gregas que retratam essa concepção. Na Idade Média, com o apogeu do Cristianismo, elas passam a ser alvo de proteção, caridade e compaixão. Ao mesmo tempo, justifica-se a deficiência pela expiação de pecados ou como passaporte indispensável ao reino dos céus. Surgem assim, as primeiras instituições asilares com encargo de dar assistência e proteção às pessoas deficientes. Na Idade Moderna, a filosofia Humanista começa a dar conta dos problemas relacionados ao homem, tendo por base a evolução das ciências. O conhecimento científico assegura as tentativas da educação de pessoas deficientes sob o enfoque da patologia. Na Idade Contemporânea, os ideais da Revolução Francesa – igualdade, liberdade e fraternidade – se expandem na construção de uma consciência social e movimentos mundiais evocam direitos e deveres do homem, assegurando às minorias o exercício da cidadania no jogo democrático. Transformações político-sócio-culturais se processam deixando vir à tona formas diferenciadas de ser ou de vir a ser.
  • 26. 26 Nessa historicidade, destacaram-se pessoas cegas com suas expressivas contribuições nas diferentes áreas do conhecimento, revelando o ilimitado potencial humano de pessoas como: • Homero – para alguns figura lendária – teria sido o responsável pelo registro de fatos sociais que possibilitaram o levantamento da história de um povo. • Didymus de Alexandria, Séc. IV d.C., professor de Filosofia, Teologia, Geometria e Astrologia. • Nicholas Saunderson (1682-1739) um dos mais renomados cientistas cegos. Matemático, foi professor de Cambridge e membro da Royal Society. • John Gough, biólogo inglês, especialista na classificação de animais e plantas. • Leonardo Euler, matemático, duas vezes premiado pela Academia de Ciências de Paris. • François Huber, zoólogo inglês, Séc. XVIII, tido como a maior autoridade sobre o comportamento das abelhas. É interessante apontar que as antigas concepções sobre a deficiência permearam todos os períodos históricos e ainda se refletem neste final de milênio. Somos constantemente surpreendidos pela percepção de que a deficiência é uma herança maldita, possessão de espíritos, doença incurável, incapacidade generalizada, objeto de maldição ou obra do divino. A Educação As preocupações de cunho educacional em relação às pessoas cegas, surgiram no Séc. XVI, com Girolínia Cardono – médico italiano – que testou a possibilidade de algum aprendizado de leitura através do tato. Peter Pontamus, Fleming (cego) e o padre Lara Terzi escreveram os primeiros livros sobre a educação das pessoas cegas.
  • 27. A partir de então, as idéias difundidas vão ganhando força até que, no Séc. XVIII, 1784, surge em Paris, criada por Valentin Haüy, a primeira escola para cegos: Instituto Real dos Jovens Cegos. Nela Haüy exercita sua invenção – um sistema de leitura em alto relevo com letras em caracteres comuns. No Séc. XIX, proliferaram na Europa e nos Estados Unidos escolas com a mesma proposta educacional. Um novo sistema com caracteres em relevo para escrita e leitura de cegos é desenvolvido por Louis Braille e tornado público em 1825 – o Sistema Braille. Assim, o processo de ensino-aprendizagem das pessoas cegas deslancha, possibilitando-lhes 27 maior participação social. A repercussão do sucesso das novas técnicas e métodos e a credibilidade na capacidade das pessoas cegas chegam ao Brasil encarnadas em José Álvares de Azevedo ao regressar de seus estudos em Paris, no Instituto Real dos Jovens Cegos. José Álvares de Azevedo ensina o Sistema Braille à Adèle Sigaud, filha cega do Dr. Xavier Sigaud, médico do Paço, e logo Adèle é levada à presença de D. Pedro II pelo Dr. Sigaud e pelo Barão do Bom Retiro para apresentar suas idéias de ter-se no Brasil um colégio onde as pessoas cegas pudessem estudar. A concretização desse ideal se consubstanciou na criação do Imperial Instituto dos Meninos Cegos a 17 de setembro 1854, hoje Instituto Benjamin Constant. O Instituto Benjamin Constant (IBC) foi o primeiro educandário para cegos na América Latina e é a única Instituição Federal de ensino destinada a promover a educação das pessoas cegas e das portadoras de baixa visão no Brasil. Além de ter criado a primeira Imprensa Braile do País (1926), tem-se dedicado a capacitação de recursos humanos, a publicações científicas e a inserção de pessoas deficientes visuais no mercado de trabalho. A cronologia dos acontecimentos em prol da educação de pessoas cegas no Brasil apontam o surgimento em outros
  • 28. estados do país, seguindo o mesmo modelo educacional do IBC, as primeiras escolas especiais para alunos cegos: 28 1926 – Instituto São Rafael – Belo Horizonte-MG 1928 – Instituto Padre Chico – São Paulo-SP 1929 – Instituto de Cegos da Bahia – Salvador-BA 1941 – Instituto Santa Luzia – Porto Alegre-RS 1943 – Instituto de Cegos do Ceará – Fortaleza-CE 1957 – Instituto de Cegos Florisvaldo Vargas – Campo Grande-MS Um grande marco na história da educação de pessoas cegas foi a criação, em 1946, da Fundação para o Livro do Cego no Brasil, hoje denominada Fundação Dorina Nowill para cegos que, com o objetivo original de divulgar livros do Sistema Braille, alargou sua área de atuação, apresentando-se como pioneira na defesa do ensino integrado, prestando relevantes serviços na capacitação de recursos humanos e de práticas pedagógicas. Em 1950, a cidade de São Paulo e, em 1957, a cidade do Rio de Janeiro inauguram em escolas comuns, pertencentes à Rede Regular de Ensino, o ensino integrado. A partir de então, em inúmeras regiões do Brasil a oportunidade de educar pessoas com deficiência visual é oferecida em salas de recursos, salas especiais e mais recentemente nos Centros de Apoio Pedagógico. Na década de 80 e 90, com o avanço científico, foram criados nas universidades os cursos para capacitação de professores e a criação de Centros de Atendimentos com Núcleos de Estudos, tais como: UNESP - Marília, UNICAMP - SP, USP, SANTA CASA - SP e UERJ-RJ. Nesse mesmo período surgem as Associações de Pais, Deficientes e Amigos como Associação Catarinense para Integração do Cego - ACIC de Santa Catarina, Associação de
  • 29. Amigos do Deficiente Visual - AADV, do Distrito Federal, Associação de Pais e Amigos dos Deficientes Visuais de Caxias do Sul - APADEV, do Rio Grande do Sul, Associação Brasileira de Assistência ao Deficiente Visual - LARAMARA, de São Paulo e outras que além de advogar o direito de cidadania têm lutado pela melhoria de vida e qualidade na educação de pessoas com deficiência visual. A sociedade dá indícios de que precisa se preparar para atender às necessidades de seus membros. O modelo social da deficiência se fortalece como processo bilateral no qual, na conjugação de esforços, pessoas e sistemas sociais se reestruturam, simultaneamente, com vistas à edificação de uma sociedade para todos. SISTEMA E FUNÇÃO VISUAL - CONCEITUANDO A DEFICIÊNCIA VISUAL A formação da imagem visual depende de uma rede integrada, de estrutura complexa, da qual os olhos são apenas uma parte desse sistema, envolvendo aspectos fisiológicos, função sensório-motora, perceptiva e psicológica. A capacidade de ver e interpretar as imagens visuais depende fundamentalmente da função cerebral de receber, codificar, selecionar, armazenar e associar essas imagens a outras experiências anteriores. Para ver o mundo em formas e cores, é necessário um nervo óptico e retina (camada interna que reveste a câmara ocular) intactos. A retina é formada por células fotorreceptoras, os cones, responsáveis pela visão central e de cores e pelos bastonetes, responsáveis pela visão periférica e adaptação a pouca iluminação – visão noturna. A concentração das células nervosas na retina passa a constituir a mácula, ponto central da visão, cuja função é a 29
  • 30. acuidade visual, responsável pela visão nítida e de detalhes. As terminações dessas células nervosas constituem o nervo óptico que conduz o estímulo visual ao cérebro, onde as imagens são interpretadas. 30 A parte externa é constituída pela esclerótica, membrana fibrosa e resistente, o branco dos olhos, responsável por sua proteção. A córnea é transparente para possibilitar a passagem dos raios luminosos. A túnica média é constituída pela coróide, membrana pigmentada, rica em vasos sangüíneos responsáveis pela irrigação e nutrição da retina. O corpo ciliar é o espessamento da túnica média, ligando a coróide à íris. Produz o humor aquoso, fluido transparente que ocupa o espaço entre a córnea e o cristalino, parte anterior. Junto com o humor vítreo (substância gelatinosa e transparente) ocupam espaço posterior do cristalino e retina, formando os meios líquidos. A íris, o disco colorido dos olhos, é formada na parte central pela pupila (menina dos olhos) que controla a entrada e quantidade do estímulo luminoso. Pela ação dos músculos da íris controlado pelo sistema autônomo, a pupila se dilata no escuro e se contrai em alta iluminação, regulando a quantidade de luz que penetra no olho. Atrás da íris, fica o cristalino, uma lente biconvexa, transparente, responsável pelo foco e nitidez da imagem. O estímulo atravessa os diversos meios transparentes, córnea, humor aquoso, cristalino e corpo vítreo, para chegar ao fundo do olho. Qualquer malformação ou alteração nesse sistema, pode prejudicar seriamente a função visual. As sensações visuais recebidas, invertidas pela retina, são levadas ao cérebro pelo nervo óptico e corrigidas pelo córtex visual occipital que interpretadas tornam-se conscientes.
  • 31. Os cones e bastonetes fazem sinapses com células bipolares, que conectadas às células ganglionares, formam os axônios do nervo óptico. Córtex Visual As imagens visuais se formam através da excitação pela luz das moléculas fotossensíveis, desencadeando reações químicas e gerando impulsos nervosos que são conduzidos pelo nervo óptico ao córtex visual, responsável pela decodificação, interpretação e associação de imagens. 31 Fig. 1. Estrutura do globo ocular.
  • 32. Fig. 2. Processamento visual. A Visão Tridimensional 32 A visão tridimensional ou estereoscópica, ocorre quando há binocularidade, possibilitando a percepção da posição dos objetos no espaço, o cálculo da distância entre eles e a noção de profundidade. A imagem integrada no cérebro ocorre porque a informação visual de ambos os olhos (visão binocular) é fundida em uma única imagem pelas células corticais conectadas às vias ópticas de ambos os olhos. A visão binocular se desenvolve normalmente, se os dois olhos trabalharem juntos. Com imagens diferentes por desvio dos olhos (estrabismo) ou por erro de refração não ocorre a fusão. Dessa forma a criança passa a preferir o melhor olho, suprimindo a imagem do outro ou fixando alternadamente, podendo desenvolver a ambliopia ou baixa visão.
  • 33. As alterações da visão binocular, as dificuldades de convergência (desvio) e acomodativas (acomodação da lente ocular para ver em diferentes distâncias) podem acarretar na criança sensações desagradáveis como: imagens duplas (diplopia), dificuldade de figura e fundo e de orientação no espaço. Essas dificuldades devem ser corrigidas por correção óptica, oclusão ou intervenção cirúrgica quando for o caso, o mais cedo possível, antes da redução da plasticidade neuronal e cortical para que a criança tenha um desenvolvimento normal do sistema e função visual. 33 CONCEITUANDO A DEFICIÊNCIA VISUAL Baixa Visão É a alteração da capacidade funcional da visão, decorrente de inúmeros fatores isolados ou associados tais como: baixa acuidade visual significativa, redução importante do campo visual, alterações corticais e/ou de sensibilidade aos contrastes que interferem ou limitam o desempenho visual do indivíduo. A perda da função visual pode ser em nível severo, moderado ou leve, podendo ser influenciada também por fatores ambientais inadequados. Cegueira É a perda total da visão até a ausência de projeção de luz. Do ponto de vista educacional, deve-se evitar o conceito de cegueira legal (acuidade visual igual ou menor que 20/200 ou campo visual inferior a 20° no menor olho), utilizada apenas para fins sociais, pois não revelam o potencial visual útil para execução de tarefas.
  • 34. Classificação Clínica 34 A classificação clínica de baixa visão proposta pela Dra. Fonda G. (1961) em quatro grupos, de acordo com a acuidade visual e as relativas dificuldades de adaptação de recursos ópticos, estabelece: Grupo I – Percepção luminosa a 1/200 – Difícil utilização da visão residual. Grupo II – Visão de 2/200 a 4/200 – Difícil adaptação de recursos ópticos específicos. Grupo III – Visão de 5/200 a 20/300 – O indivíduo pode adaptar-se, dependendo da necessidade, a auxílios para perto ou longe. Grupo IV – Visão de 20/250 a 20/600 os auxílios ópticos podem produzir melhor efeito e bom resultado para perto e longe. O índice de acuidade representado nos números fracionários 6/18 e 20/70 (por exemplo) significa que o indivíduo vê, a uma distância de 6m ou 20 pés, o que uma pessoa, de visão normal, veria à distância de 18m ou 70 pés. É importante que o professor especializado conheça essa classificação para interpretação do relatório oftalmológico, mas não deve ser utilizada como parâmetro para inclusão de alunos em programas de baixa visão. Abordagem Educacional A comprovação de que portadores do mesmo grau de acuidade apresentam níveis diferentes de desempenho visual e a necessidade de relacionar a utilização máxima da visão residual com o potencial de aprendizagem da criança levou as Dras. Faye e Barraga a enfatizarem a necessidade de uma avaliação funcional, pela observação criteriosa da capacidade e desempenho visual da criança. Sob esse aspecto e, portanto, para fins educacionais, são por elas considerados: Pessoas com baixa visão – aquelas que apresentam “desde condições de indicar projeção de luz até o grau em que a redução da acuidade visual interfere ou limita seu
  • 35. desempenho”. Seu processo educativo se desenvolverá, principalmente, por meios visuais, ainda que com a utilização de recursos específicos. Cegas – pessoas que apresentam “desde ausência total de visão até a perda da projeção de luz”. O processo de aprendizagem se fará através dos sentidos remanescentes (tato, audição, olfato, paladar), utilizando o Sistema Braille, como principal meio de comunicação escrita. No ano de 1992, em Bangkok – Tailândia a Organização Mundial de Saúde e o Conselho Internacional de Educação de Deficientes Visuais (ICEVI) reuniram-se para discutir o atendimento das crianças com baixa visão no mundo. Elaboraram uma nova definição clínico funcional, tendo em vista que o desempenho visual é mais um processo funcional do que simples expressão numérica da acuidade visual. Diante disto, foi proposta a seguinte definição: Baixa Visão Segundo o Conselho Internacional de Educação de Deficiência Visual - Organização Mundial de Saúde (OMS), baixa visão é o comprometimento do funcionamento visual em ambos os olhos, mesmo após tratamento e ou correção de erros refracionais comuns: • acuidade visual inferior a 0,3, até percepção de 35 luz; • campo Visual inferior a 10º do seu ponto de fixação; • capacidade potencial de utilização da visão para o planejamento e execução de tarefas. Os critérios visuais incluídos nessa definição seguem a Classificação Internacional das Doenças (CID) e não devem ser, portanto, utilizados para elegibilidade de educação ou reabilitação, sem incluir dados de avaliação de outras funções visuais igualmente importantes, como: • sensibilidade aos contrastes; • adaptação a iluminação.
  • 36. 36 Desta forma, propõe-se uma avaliação clínico-funcional realizada por oftalmologista e pedagogo especializados em baixa visão, levando em conta: Avaliação Clínica • diagnóstico e prognóstico; • avaliação da acuidade visual para perto e longe; • avaliação do campo visual; • avaliação da sensibilidade aos contrastes e visão de cores; • prescrição e orientação de recursos ópticos especiais. Classificação Funcional Dra. Eva Lindsted (1993) faz interessante classificação do nível de Visão Funcional, de acordo com o método Bust: Visão de Perto: I – Nível 1 – A.v – 0,01 – 0,05 1. reconhece faces a 0,5m, 1,0m, 2,0m; 2. reconhece brinquedos grandes; bola, boneca a 15cm; 3. reconhece a colher e garfo – objeto do Bust; 4. reconhece peças de roupa. II – Nível 2 – A.v. – 0, 05 – 0,1 5. brinquedos – correspondente Bust N° 1 – 3 a 25cm; 6. bola de gude; 7. uvas passas – correspondendo Bust N° 4 – 5 a 25cm; 8. lego pequeno; 9. pera Indiana; 10. jogos de números – baralho; 11. baralho de figuras cômicas;
  • 37. 37 12. quebra-cabeça fácil c/ peças grandes; 13. figuras pequenas – Bust – N° 5 – 7 a 25cm. III – Nível 3 – A.v. – 0,1 a 0,3 14. letras grandes – Bust – N° 8 – 9 a 25cm; 15. trabalho de agulha. IV – nível 4 – A.v.+ 0,3; 16. figura muito pequena – Bust – N° 6 – 9 a 25cm; 17. letras pequenas – Bust – N° 6 – 9 a 40cm. Avaliação Funcional É a observação do desempenho visual do aluno em todas as atividades diárias, desde como se orienta e locomove-se no espaço, alimenta-se, brinca, até como usa a visão para a realização de tarefas escolares ou práticas. A Avaliação Funcional da Visão revela dados qualitativos de observação informal sobre: • o nível de desenvolvimento visual do aluno; • o uso funcional da visão residual para atividades educacionais, de vida diária, orientação e mobilidade; • a necessidade de adaptação à luz e aos contrastes; • adaptação de recursos ópticos, não-ópticos e equipamentos de tecnologia avançada. É importante ressaltar que a Avaliação Funcional da Visão pode ser a única fonte de informação em crianças pré-verbais ou em crianças com deficiências associadas, ou seja, que apresenta comprometimento intelectual, físico ou sensorial. Recomenda-se a avaliação clínico-funcional o mais cedo possível para a detecção das alterações funcionais da visão, no primeiro ano de vida, para que a criança tenha oportunidade de adquirir experiências, prevenindo-se, desta forma, alterações e defasagens importantes no desenvolvimento global.
  • 38. PREVENÇÃO DA DEFICIÊNCIA VISUAL NA INFÂNCIA 38 Em nosso meio, a baixa visão ainda passa muitas vezes despercebida a pais e professores, manifestando-se, com freqüência, no momento em que aumentam na escola os níveis de exigência quanto ao desempenho visual da criança para perto. Por sua vez, a cegueira é mais facilmente detectada e geralmente diagnosticada mais cedo. A detecção precoce de quaisquer dos problemas, pode constituir fator decisivo no desenvolvimento global da criança, desde que sejam propiciadas condições de estimulação adequada às suas necessidades de maturação, favorecendo o desenvolvimento máximo das potencialidades, minimizando as limitações impostas pela incapacidade visual. Em todas as situações escolares a professora tem, normalmente, oportunidade de observar sinais, sintomas, posturas e condutas do aluno que indicam a necessidade de encaminhamento a um exame clínico apurado. Sintomas e sinais mais comuns de alterações visuais Sintomas: • tonturas, náuseas e dor de cabeça; • sensibilidade excessiva à luz (fotofobia); • visão dupla e embaçada; Condutas do aluno: • aperta e esfrega os olhos; • irritação, olhos avermelhados e/ou lacrime-jantes; • pálpebras com as bordas avermelhadas ou inchadas; • purgações e terçóis; • estrabismo; • nistagmo (olhos em constante oscilação); • pisca excessivamente; • crosta na área de implante dos cílios;
  • 39. • franzimento da testa ou piscar contínuo para fixar perto ou longe; • dificuldade para seguimento de objeto; • cautela excessiva ao andar; • tropeço e queda freqüentes; • desatenção e falta de interesse; • inquietação e irritabilidade; • dificuldade para leitura e escrita; • aproximação excessiva do objeto que está sendo 39 visto; • postura inadequada; • fadiga ao esforço visual. A avaliação da acuidade visual por si só não é fator determinante na detecção da deficiência visual. Torna-se, portanto, de suma importância a observação dos sinais e sintomas antes relacionados sobre as condutas dos alunos. Incidência, causas e formas de prevenção Dados da Organização Mundial de Saúde revelam a existência de aproximadamente 40 milhões de pessoas deficientes visuais no mundo, dos quais 75% são provenientes de regiões consideradas em desenvolvimento. O Brasil, segundo essa mesma fonte, deve apresentar taxa de incidência de deficiência visual entre 1,0 a 1,5% da população. Sendo a estimativa da cegueira infantil de uma entre 3.000 crianças e de uma entre 500 crianças para a baixa visão. Observando-se que esta corresponde a 80% dos casos e a 20% de pessoas totalmente cegas. Calcula-se que os dados estimados poderiam ser reduzidos pelo menos à metade, se fossem tomadas medidas preventivas eficientes.
  • 40. Causas mais freqüentes: Congênitas: 40 • Retinopatia da Prematuridade, grau III, IV, V, (por imaturidade da retina em virtude de parto prematuro ou por excesso de oxigênio na incubadora). • Corioretinite por toxoplasmose na gestação. • Catarata congênita (rubéola, infecções na gestação ou hereditária). • Glaucoma congênito (hereditário ou por infecções). • Atrofia óptica por problema de parto (hipoxia, anoxia ou infecções perinatais). • Degenerações retinianas (Síndrome de Leber, doenças hereditárias ou diabetes). • Deficiência visual cortical (encefalopatias, alteração de sistema nervoso central ou convulsões) Adquiridas: Por doenças como diabetes, descolamento de retina, glaucoma, catarata, degeneração senil e traumas oculares. Formas de Prevenção As causas de origem genética e familiar como retinite pigmentosa, glaucoma e catarata congênita podem ser evitadas com aconselhamento genético. Dentre as causas congênitas, destacam-se os fatores mais freqüentes: gestação precoce, desnutrição da gestante, drogas em geral, álcool, infecções durante a gravidez (rubéola, sífilis, AIDS, toxoplasmose e citomegalovirus). Existe alta incidência de deficiência visual severa associada à múltipla deficiência, em nosso meio, em vista da falta de prevenção (vacinação de meninas contra a rubéola) o
  • 41. que evitaria o nascimento de crianças com catarata congênita, surdez e deficiência mental. Toda mulher deve ser vacinada antes de engravidar ou, de preferência, no início da adolescência, pois o vírus da rubéola materna atravessa a placenta, alterando o processo de formação embrionária. A prevenção depende apenas da política pública devendo a investigação epidemiológica a ser realizada pelos governos Estaduais e Municipais. A toxoplasmose é transmitida pelo protozoário “toxoplasma gondii”, geralmente por meio do contato com animais domésticos infectados: cães, coelhos, gatos, galinhas, pombos e alimentos mal cozidos. A mãe contagiada nos primeiros trimestres de gestação pode gerar uma criança com deficiência visual severa, microcefalia e calcificações cerebrais. As doenças virais e bacterianas como sarampo, meningites, encefalites podem acarretar hidrocefalia ou microcefalias. São também causas de deficiência visual que podem ser reduzidas por medidas eficientes de prevenção de saúde, com detecção precoce das alterações visuais, triagem em berçário, creches e pré-escolas. 41 Triagem ocular No exame ocular de bebês (pelo método Teller) a partir do 1º mês de vida e de crianças a partir de 2 anos (Teste Bust, LH, Light House) é possível detectar tal deficiência, mas infelizmente esses testes não estão disponíveis em larga escala no mercado nacional.
  • 42. 42 Fig. 3. Teste Bust. Os pais e professores de crianças, de creche e da pré-escola podem solicitar, em caso de presença de sintomas ou sinais, uma avaliação funcional da visão para detecção de possíveis alterações no desenvolvimento visual. São funções da Escola: • aplicar testes para triagem ocular de pré-escolares para verificação da acuidade visual; • encaminhar a criança com urgência ao médico oftalmologista, quando necessário; • proporcionar orientação quanto à higiene e à prevenção dos problemas oculares; • buscar junto aos pais e ou comunidade recursos para o melhor atendimento da criança. O método de avaliação e triagem de pré-escolares e escolares mais simples e eficaz é o da Escala Optométrica de Snellen ou teste do E (ou ganchos) que pode ser aplicado em crianças a partir de 4 anos. O teste de Snellen não adequado para avaliação de acuidade visual de crianças com visão subnormal, é aconselhável apenas para triagem da população escolar.
  • 43. 43 Fig. 4. Teste Light House.
  • 44. Aplicando o teste de acuidade visual 44 Primeiramente, selecionar o material necessário: • escala optométrica de Snellen ou Light House; • ponteiro ou lápis preto; • fita métrica; • giz, cadeira; • modelo do “gancho”, confeccionado em cartolina ou papel cartão preto; • cartão para cobrir o olho; • lista nominal dos alunos para registro dos resultados. A seguir, providenciar o local adequado para a aplicação do teste: • ter no mínimo 5 (cinco) metros; • ser bem iluminado, mas sem ofuscamento (luz deve vir de trás ou dos lados da criança que será testada); • sem barulho e sem estímulos que desviem a atenção do aluno. Tomadas estas primeiras providências, procede-se da seguinte maneira: • colocar a tabela de modo que a linha correspondente à acuidade 1,0 fique no nível dos; olhos da criança, quando sentada; • riscar no chão uma linha à distância de 5 (cinco) metros, para indicar onde o aluno deverá colocar-se durante a aplicação; • colocar uma cadeira com os pés traseiros sobre a linha riscada no chão; • apontar os “ganchos” de preferência, com lápis preto. Grande parte do êxito do teste de acuidade visual depende da adoção prévia de medidas por parte dos escolares. Para tanto, o professor deve explicar detalhadamente o que vai fazer, mostrando as diferentes posições nas quais os “ganchos” aparecem na tabela. Com auxílio do modelo, verificar
  • 45. se a explicação foi bem compreendida pedindo a cada aluno que informe a posição de um dos “ganchos”. Individualmente explicar ao aluno, junto à tabela, o que se espera que ele faça, mostrando um ou dois “ganchos” e verificando se ele entendeu bem o que foi pedido. À distância de 5 metros, colocar o aluno sentado numa cadeira, em frente à tabela. Ensinar a cobrir um olho com o cartão, colocado obliquamente sobre o nariz, sem pressionar o globo ocular (o olho deve permanecer aberto). Quanto à aplicação propriamente dita, são os seguintes 45 os cuidados necessários: • se a criança usar óculos, testar primeiro com eles e depois sem eles; • testar sempre o olho direito (O.D.) primeiro e depois o esquerdo (O.E.), para evitar confusão nas anotações; • usar lápis preto ou ponteiro para indicar o sinal a ser lido; • começar de cima para baixo indicando dois ou três sinais de linha, sem estabelecer rotina; • mudar de um sinal para o outro, ritmicamente, evitando apressar o aluno, mas sem demorar demasiadamente; • mostrar o maior número de sinais das linhas 0,9 e 1,0; • se a criança ficar indecisa em determinada linha, indicar um número maior de sinais, para certificar se é realmente falha de visão; • anotar como resultado do teste, o valor decimal correspondente à última linha em que não encontrou dificuldade, registrando separadamente os resultados de O.D. e O.E. . Exemplo: O.D.= 1,0 O.E.= 0,8; • quando a criança não enxergar os sinais maiores – linha 0,1 – registrar “<0,1” (menor do que 0,1); • registrar na coluna de observações, sinais ou sintomas percebidos durante o teste, bem como se o aluno estiver em tratamento oftalmológico;
  • 46. 46 • encaminhar ao oftalmologista, prioritariamente, o aluno que obteve no teste resultado igual ou inferior a 0,8 em qualquer olho ou que apresente diferença de duas linhas ou mais entre os resultados de um e de outro olho. Antes de fazer o encaminhamento realize o reteste usando a mesma técnica descrita. Principais Alterações Visuais na Infância e Formas de Prevenção As principais alterações visuais na infância são: hipermetropia, miopia, astigmatismo, ambliopia e estrabismo. Embora essas alterações não constituam deficiência visual, são problemas visuais que devem ser detectados e tratados precocemente com intervenção clínica oftalmológica adequada para que a criança atinja um desenvolvimento das funções visuais dentro dos padrões de normalidade. O olho humano pode ver com nitidez objetos a curta distância, desde 25cm até muitos quilômetros de distância. Para que isto ocorra, os meios ópticos e vias ópticas devem estar intactos, de modo que a imagem captada pela retina seja transmitida pelo nervo óptico até o córtex visual, responsável pela decodificação e interpretação das imagens visuais. A detecção precoce e correção das principais alterações visuais, no primeiro ano de vida, permitem que as imagens de ambos os olhos sejam iguais e de boa qualidade para que o cérebro seja capaz de realizar a fusão. As duas imagens se fundem tornando uma percepção única, processo responsável pela visão binocular. A visão binocular tem um rápido desenvolvimento a partir da coordenação ocular dos 3 até os 12 meses, o que proporciona a percepção espacial e a visão de profundidade. As conexões celulares e a plasticidade neuronal são intensas até os 3 anos, por isso as alterações visuais como ambliopia e estrabismo devem ser corrigidos de preferência no primeiro ano de vida, para resultados de grande eficácia. Embora a binocularidade se complete por volta dos cinco – seis anos, os resultados obtidos depois dos cinco anos serão
  • 47. bem menores. Por isso, deveria ser prática comum em nosso meio a avaliação oftalmológica nas creches e pré-escolas. AMBLIOPIA É a parada ou regressão do desenvolvimento visual em um ou ambos os olhos, ocorrendo a diminuição da acuidade visual sem uma alteração orgânica aparente. 47 A ambliopia pode ser causada por: • estrabismo, 50% dos casos; • privação sensorial (ex-anopsia-catarata ou ptose); • anisometria – discrepância de erros de refração; • ametropia – altos erros de refração (hipermetropia, miopia e astigmatismo). Como vimos pelos tipos de ambliopia, o tratamento e controle é exclusivamente de responsabilidade do oftalmologista que fará a prescrição do recurso óptico e indicação da oclusão. Os médicos dão preferência à oclusão direta na pele, com oclusor antialérgico e recomendam a oclusão nos óculos somente nos casos de ambliopia leve. A orientação da conduta de oclusão nos casos de ambliopia e estrabismo não são de competência do professor especializado, esse deve sim orientar a família para ter consistência e perseverança na conduta, bem como, orientar atividades lúdicas que possam distrair e estimular visualmente a criança. ESTRABISMO É a ausência de paralelismo e sincronia dos músculos oculares para uma perfeita coordenação de ambos os olhos, responsável por uma imagem nítida no mesmo ponto da retina que possibilita a fusão. A criança estrábica terá grande dificuldade para realizar a binocularidade, podendo apresentar:
  • 48. 48 • diplopia – imagem dupla; • anular ou suprimir a imagem do olho desviado; • visão monocular ; • baixa de acuidade visual no olho desviado; • desconforto visual para leitura, televisão, etc.; • embaçamento ou embaralhamento visual; • dificuldade para desenho e atividades que requeiram tridimensionalidade; • piscar muito e dirigir à noite. Tipos de Estrabismo • Convergente (esotropia) E.T.; • congênito – quando a esotropia é congênita pode ter tratamento cirúrgico entre 6 e 12 meses para o alinhamento ocular e desenvolvimento da visão, porque geralmente apresenta fixação cruzada com pouca motilidade ocular; • adquirido – Acomodativo ou Essencial. O estrabismo acomodativo pode ocorrer por excesso de acomodação. Acomodação é o ajuste do olho para ver a diferentes distâncias e formar imagem clara pela mudança da forma do cristalino e ação dos músculos ciliares. O estrabismo acomodativo pode ser causado por hipermetropia ou por alteração de convergência de origem central. Quando tratado com correção óptica nos primeiros 6 meses tende a desaparecer. Exotropia - Estrabismo Divergente XT O estrabismo divergente ou XT aparece geralmente mais tarde e está associado à miopia. Os exercícios ortópticos podem ajudar muito no tratamento. A cirurgia pode ser indicada para adquirir função, ou seja, recuperar a visão binocular ou puramente por estética.
  • 49. 49 ERROS DE REFRAÇÃO HIPERMETROPIA É uma dificuldade acomodativa (capacidade de ver perto) pelo achatamento do globo ocular. Nesse caso a imagem se forma atrás da retina e são utilizadas lentes convergentes ou positivas para tornar o cristalino mais convergente. O portador de hipermetropia, mesmo com esforço acomodativo, não consegue enxergar nitidamente um objeto quando olha para perto. A criança mostra-se desinteressada para ver figuras, TV, leitura e pode ter atraso de desenvolvimento visual nas altas hipermetropias por baixa capacidade de fixação e seguimento visual. Crianças portadoras de alterações neurológicas podem apresentar baixa capacidade acomodativa, mostrando funcionamento visual pobre. É de suma importância a detecção precoce e correção de refração nessas crianças, para otimizar o desenvolvimento visual e cognitivo. MIOPIA A miopia é dificuldade para ver longe, em virtude do alongamento do globo ocular que forma a imagem antes da retina. As pessoas com miopia não enxergam com nitidez objetos distantes. A correção é feita utilizando-se lentes divergentes ou negativas. Os alunos com miopia não detectada apresentam muita dificuldade para copiar da lousa, são tidos como desinteressados, preguiçosos e lentos. Apresentam, como sintomas, piscar constantemente, fechar a pálpebra (esforço acomodativo), coçar os olhos, etc. Muitos bebês com alta miopia não detectada podem apresentar atraso neuropsicomotor, retardando o engatinhar e a marcha em virtude da tensão ou medo de se deslocar no espaço e pela falta de controle do ambiente.
  • 50. 50 Os portadores da Síndrome de Down e outras que podem apresentar alta miopia, devem ser avaliados e corrigida a refração para prevenir alterações de desenvolvimento. ASTIGMATISMO Ocorre quando a córnea não apresenta a mesma curvatura em todas as direções, ocasionando uma deformação da imagem. Os sintomas mais freqüentes do astigmatismo são: dores de cabeça, olhos lacrimejantes, queimação e coceira nos olhos e deformação ou distorção da imagem. Nos grandes astigmatismos a acuidade visual é baixa. A lente para correção do astigmatismo é cilíndrica. DESENVOLVIMENTO VISUAL E APRENDIZAGEM Acreditava-se até há pouco tempo que o recém-nascido reagia apenas a movimentos, luzes, sons fortes e à voz materna. Pesquisas recentes têm demonstrado que os bebês já nascem programados para enxergar do ponto de vista anátomo-fisiológico. Ainda na vida intra-uterina, por volta da 33ª semana de vida, o bebê já apresenta a capacidade de fixação. Entretanto, essa habilidade só será desenvolvida se ele tiver oportunidade de realizar experiências visuais. Embora a acuidade visual de um recém-nascido seja muito reduzida (0,03) e ele não possa captar imagens nítidas, estudiosos do desenvolvimento neonatal têm observado a surpreendente capacidade do bebê de pesquisar o mundo a sua volta, apresentando momentaneamente a capacidade de fixação e seguimento visual de objetos bem próximos. Experimentos de laboratório do Dr. Fantz, psicólogo que pesquisou a capacidade do bebê de reagir a padrões visuais, revelam que os recém-nascidos preferem padrões de alto contraste como preto/branco, cinza/preto, padrões de grating (listras), círculos, figuras simples e depois preferem figuras de padrões complexos.
  • 51. Luria também coloca que, do ponto de vista perceptivo, o bebê se interessa mais por cores fortes e padrões de contraste do que por formas. Acreditamos que o desenvolvimento visual ocorre por meio das atividades reflexas, da organização das percepções, por estímulos significativos, mediadas pela interação sócio-afetiva. Graças ao desenvolvimento óculo-motor, aos contatos celulares da retina, vias ópticas e da córtex visual o bebê reconhece a figura materna e, por volta da quinta semana de vida, já sorri ao rosto da mãe espontaneamente, realizando as primeiras discriminações. O desenvolvimento pós-natal da fóvea e da área pericentral é muito rápido nos primeiros meses. Por isso, de 2 a 3 meses os olhos já estão bem posicionados, há convergência, seguimento espontâneo dos objetos e o inicio da acomodação, porém com campo visual ainda restrito. A acuidade visual aos 3 meses é de 0,1 o que já permite fazer algumas discriminações. Aos 4 meses, com o desenvolvimento da capacidade de focalização e acomodação ocular, o bebê começa a explorar os objetos e ambiente a seu redor. Inicia nessa fase a coordenação olho-mão, movendo suas mãos para pegar os objetos e sacudi-los, começando assim a provocar pequenos espetáculos. Aos 6 meses, a visão central e periférica já se desenvolvem o suficiente para permitir o seguimento por todo o campo visual, realizando seguimento de 180 graus na linha horizontal e vertical, realizando o que Piaget chama de busca dirigida pelo olhar. Entre o 7º e o 8º mês, o bebê é capaz de localizar objetos no espaço, tanto perto quanto mais longe, desenvolvendo também a visão de profundidade, o que o impulsiona a deslocar-se 51 em busca dos objetos. Por isso é o momento da descoberta: agora ele vai explorar visualmente o objeto de todos os ângulos, vai manipular, bater, sacudir, jogar, puxar, experimentar com a boca, observando as mudanças e resultados imediatos.
  • 52. 52 Só no final do primeiro ano, graças à independência adquirida pela locomoção, é que os objetos são procurados depois que saem do campo visual. Isto ajuda a construir a noção do objeto. Em relação às funções visuais, podemos dizer que o bebê aos doze meses, apresenta nível de desenvolvimento visual próximo ao adulto. A acuidade visual é muito boa, os movimentos oculares são suaves e contínuos, a acomodação ocular é satisfatória e o desempenho visual para longe já é eficiente, possibilitando a marcha. Como podemos observar, nas etapas iniciais do desenvolvimento, os esquemas motores e perceptivos constroem-se juntos, com grande rapidez, constituindo um único sistema, formado pelos esquemas sensório-motores. Na etapa de 2 a 4 anos, em virtude do bom desenvolvimento das funções visoperceptivas, que possibilita o exercício da memória visual e formação das imagens mentais, a criança faz a passagem das representações concretas às representações simbólicas. Esse período, também chamado de figurativo, é caracterizado pelo aparecimento do símbolo, da capacidade de distinguir entre significado e significante e pela formação das representações conceituais. A criança imita o que observa visualmente, ampliando sua capacidade motora, tornando mais complexa e planejada a ação. É capaz de observar diferenças e semelhanças o que permite fazer agrupamentos por forma, cor, tamanho, comprimento e estabelecer relações. A riqueza de imagens visuais e a possibilidade de poder representar o mundo permitem o aparecimento do desenho nessa etapa. O período de 4 a 7 anos, denominado de pensamento intuitivo ou pré-operacional é marcado pela capacidade de antecipação, de revisualização. Há o desenvolvimento da atenção, da organização e da construção das noções espaço-temporais, das noções de classificação e seriações simples, para futura abstração, associação e generalização. Após os sete anos, com o desenvolvimento do pensamento lógico, as crianças são capazes de analisar,
  • 53. classificar e seriar de forma mais complexa, e começam a adquirir as noções, representações e constâncias perceptivas. Para Yakalov, o desenvolvimento das funções perceptivas superiores pode ocorrer até os dezesseis anos. Acreditamos que o desenvolvimento não é só biologicamente determinado, mas socialmente facilitado. E que o mundo não é visto simplesmente em cor e forma, mas sentido pela vivência e elaborado pelo significado. METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO CLÍNICO- FUNCIONAL DA VISÃO A prática em relação à avaliação funcional da visão é construída a partir de um trabalho diferenciado, mediante a integração das áreas médica e educacional. O oftalmologista especializado em visão subnormal realiza a avaliação oftalmológica pelos exames de rotina, corrige as possíveis alterações de refração que possam impedir o desenvolvimento visual e faz a avaliação das funções visuais que são de grande valia para orientação do trabalho pedagógico. Na avaliação das funções visuais o oftalmologista utiliza testes objetivos e subjetivos para medir a acuidade visual, sensibilidade aos contrastes, acomodação, campo visual, visão para cores e adaptação à luz. A avaliação da acuidade visual é realizada através de testes padronizados para crianças pequenas portadoras de deficiências associadas, como o método do Olhar Preferencial de Dobson e Teller. A partir dos dois anos são utilizados os testes Bust da Dra. Eva Lindstedt e o teste LH da Dra. Léa Hyvarinen. Ambos medem visão para perto e longe. O teste Sheridan de Bolas nos dá uma ligeira indicação do nível de visão, esfera visual e campo visual e, numa menor proporção, da acuidade visual para longe. 53
  • 54. 54 Fig. 5. Teste Bust. A sensibilidade aos contrastes é avaliada pelo teste de Bally para bebês e pelo teste LH para alterações de contraste em crianças maiores. Até os seis anos, o campo visual e a acomodação são avaliados pelo sistema de confrontação e pela acuidade visual de perto e longe. A visão de cores pode ser avaliada pelo teste London City Hospital (teste das bolinhas coloridas). A avaliação funcional realizada pelo pedagogo especializado é de fundamental importância para o diagnóstico e conduta oftalmológica porque, além de conter dados de observação do desempenho visual da criança em termos práticos e qualitativos, informa o nível de desenvolvimento global e principalmente, como a criança utiliza a visão residual para integração com as pessoas e com o mundo que a cerca. Nossa experiência e metodologia baseiam-se em diversos estudos sobre o desenvolvimento visual realizados nos Estados Unidos pelas Dras. Fay, Natalie Barraga e Anne Corn; na Europa pelas Dras. Eva Lindstedt e Léa Hyvarinen. A avaliação funcional é um processo de observação informal do comportamento visual da criança em relação ao nível da consciência visual, da qualidade da recepção, assimilação,
  • 55. integração e elaboração dos estímulos visuais em termos perceptivos e conceptuais. Observa-se a maneira como a criança utiliza a visão no brinquedo, na mobilidade, na escola e nas atividades da vida diária. Por isso avaliamos a criança na presença da família. Antes da avaliação funcional devemos fazer uma entrevista com a família para conhecer a queixa, a expectativa e obter informações complementares. Pode-se nesse momento observar a qualidade de interação sócio-afetiva e o nível de compreensão da família acerca da condição visual da criança. Fazemos também uma avaliação global do desenvolvimento, compreendendo as funções sensório-motoras, a comunicação e a linguagem, as funções simbólicas e pré-operatórias, a relação sócio-afetiva, a autonomia e a independência. Isto para a elaboração do programa pedagógico e/ou encaminhamento, se necessário, ao atendimento complementar de fisioterapia, terapia ocupacional, fonoaudiologia e, ainda, para o atendimento psicológico. Avaliação funcional é estruturada em termos de funções 55 visuais básicas, visomotoras e visoperceptivas. Funções visuais básicas Verificamos o nível de consciência e atenção visual mediante a luz natural e artificial, a adaptação ao escuro, à luz e ao brilho. Observamos a reação a padrões de alto e de baixo contraste, a cores de alta e baixa intensidade, a formas simples e complexas, ao contato visual, campo visual e esfera visual (distância que provoca uma reação visual). Para isto, utilizam-se diferentes tipos de iluminação, luzes coloridas, painéis coloridos, rosto humano e desenhos de rostos iluminados. Podem ser utilizados também luvas coloridas, brinquedos de formas simples, de diferentes tamanhos e tonalidades. Padrões de alto contraste (amarelo/preto –preto/ branco – cinza/preto), cores fluorescentes, utensílios de uso diário, materiais com brilho e movimento.
  • 56. 56 Fig. 6. Avaliação das funções visuais. Pode-se entender a importância da avaliação das funções visuais se consideramos que a orientação e a localização espacial dependem da visão de contrastes e do campo visual. A habilidade da criança em ver detalhes dependerá da acuidade visual e a percepção de formas requer uma boa visão para contraste. Funções Óculo-Motoras A capacidade de fixação, seguimento visual e acomodação (ajustar o poder de refração do olho para focalizar objetos) são comportamentos visuais que dependem dos músculos extrínsecos e intrínsecos do olho e também da adequação do meio ambiente em termos do nível da visão, iluminação, contraste e adaptação visual. Para que o desenvolvimento da fixação e seguimento visual ocorram é de fundamental importância a orientação
  • 57. oftalmológica para melhorar a acomodação, aumentando a qualidade, nitidez e tamanho da imagem. A acomodação é observada em relação à focalização de luzes, de padrões coloridos, de objetos e gravuras de diferentes tamanhos a uma distância inferior a 40cm. Podemos constatar dificuldades de acomodação quando uma criança aproxima muito um objeto para fixar e discriminar ou quando fixa e discrimina melhor à distância ou, ainda, quando pisca muito, franze a testa demonstrando esforço acomodativo. As funções óculo-motoras são avaliadas pela fixação e seguimento de luzes, rosto, objetos em movimento, partindo do ponto focal e distâncias variadas. Os esquemas de coordenação olho/mão e olho/objeto são melhor observados na manipulação do brinquedo e nas atividades da vida diária. Para isto, utilizamos um varal e um painel de brinquedos que criamos. Todos esses recursos permitem avaliar as funções visomotoras em relação às diferentes posturas e posicionamento dos olhos. É importante que se avalie a criança em decúbito ventral e em decúbito lateral, que possibilitam melhor controle óculo-motor, pelo relaxamento da musculatura, e melhor focalização, permitindo que o alcance do objeto seja visualmente dirigido. Uma criança com postura desorganizada e insegura terá grande dificuldade para fixar e seguir os objetos. Sentar adequadamente a criança, facilitando o controle cefálico, o controle de tronco, e apoio dos pés, melhora consideravelmente as respostas visuais. É importante observar o posicionamento da cabeça, sem fazer retificação postural, porque nos dá indicação do campo visual utilizado. Depois devemos avaliá-la novamente com organização postural. Avaliar a criança em pé, andando, subindo e descendo escadas, jogando bola nos dá informações a respeito das pistas visuais captadas do ambiente, esfera visual, acomodação e localização espacial. Em relação às atividades gráficas, avaliamos a qualidade do traçado, o tempo de focalização, a coordenação 57
  • 58. olho/mão, a velocidade de realização da tarefa, a acomodação para escrita e leitura de perto e a focalização na lousa. Funções Visoperceptivas 58 As funções visoperceptivas estão relacionadas com a assimilação, integração, decodificação e elaboração dos estímulos visuais presentes como também com a capacidade de generalizar e associá-los às experiências passadas. Para efetuar-se uma avaliação visoperceptiva adequada sobre o nível de desenvolvimento geral da criança, devem-se conhecer as etapas do desenvolvimento cognitivo e visual para adaptar-se às atividades e possibilidades de cada criança. Para isso utiliza-se uma Avaliação Funcional do Desenvolvimento Global, contemplando as áreas de linguagem, sensório-motora, cognitiva, AVD, orientação e mobilidade. É de fundamental importância que o professor conheça a qualidade das experiências visuais que essa criança possui, a qualidade e tamanho do material a ser apresentado, o nível de interesse e motivação, e os aspectos psicoafetivos que possam interferir nas funções perceptivas. Iniciamos pela observação da discriminação e compreensão das expressões faciais, gestos e movimentos; da forma de interação e exploração do meio, do nível de curiosidade, frustração ou satisfação em ver. Um levantamento do repertório visual da criança é interessante, ou seja, a discriminação e reconhecimento visual de objetos de formas simples (objetos de uso diário, brinquedos, utensílios, frutas e outros alimentos). Observa-se a capacidade de discriminação de formas tridimensionais e bidimensionais, relacionando-as em termos de cor, tamanho e espessura. Podem ser usadas figuras sólidas, blocos lógicos, prancha de figuras e quebra-cabeças.
  • 59. Um acervo grande de objetos tridimensionais variados, objetos esses de formas simples e complexas, de tamanho e cores que serão comparados entre si e depois associados a gravuras. As gravuras devem ser apresentadas de três formas: uma cartela deve representar o objeto real, a outra deve conter a forma cheia, a última só o contorno do objeto; todas com bastante contraste. Verifica-se a capacidade de discriminação mais fina de detalhes internos e externos de objetos e figura, relacionando-os às diferentes posições e direções no espaço. Jogos pedagógicos como dominós, lotos de animais, painéis de figuras para classificação e seriação, painéis para elaboração e construção de cenas são interessantes. São usados jogos de seqüência, jogos de memória, figura/sombra, figura/fundo, jogos de construção, elaboração e/ou discriminação de cenas e maquetes. Observa-se a discriminação de letras em diferentes estilos, tamanhos e materiais (plástico, madeira e cartelas do alfabeto); a leitura visual de sílabas; as palavras e a frase. Conforme a dificuldade de acomodação para perto, já testamos lupas de mesa e as diferentes lupas manuais. Podem ser utilizadas as lupas eletrônicas, o C.F.TV (Circuito Fechado de TV) como mais um recurso para avaliação perceptiva, de contraste e campo visual. Deve ser considerada a importância do nível de iluminação no ambiente em relação à patologia do aluno a ser avaliado. Utilizamos um dispositivo para controle de iluminação, diferentes tipos de luminárias com focos dirigíveis e cores diferentes, com azul e amarelo para diminuir o brilho, a reflexão e aumentar o contraste. 59
  • 60. Fig. 7. Equipamentos para avaliação visual. 60 Tanto as funções visoperceptivas como as visomotoras devem ser avaliadas primeiro em ambos os olhos depois em cada olho alternadamente, utilizando o tampão para oclusão. Para o bebê utilizamos “o tampão pirata” em tecido. A organização do ambiente, a interferência de ruídos e movimentos podem prejudicar muito a avaliação funcional. O avaliador deve aguçar sua sensibilidade para observar a qualidade da informação e experiência visual da criança, a motivação, o nível de consciência visual, a auto-imagem e possíveis frustrações desenvolvidas. É muito importante que uma avaliação funcional não considere apenas o nível de desenvolvimento potencial, para que se possa traçar uma programação pedagógica adequada. E lembrar que a organização das percepções e a internalização das funções psicológicas superiores dependem, em grande parte, da solicitação do meio e da qualidade da interação sócio-afetiva. Baixa Visão – Principais Patologias
  • 61. 61 ATROFIA ÓPTICA É a perda total ou parcial da visão decorrente de lesões ou doenças no nervo óptico, disco óptico, papila, podendo haver degenerações das fibras tanto das células ganglionares como do corpo geniculado. Tipos de Atrofia Óptica Simples – quando o disco óptico perde a cor rosada, torna-se pálido ou branco. Geralmente há uma escoriação da papila, das bordas para o centro, ocorrendo a palidez temporal da papila. Esse tipo de atrofia pode ser decorrente de hidrocefalia, meningiomas e sífilis. Secundária – é decorrente de neurite óptica, neurorretinite e edema papilar. Neste caso a aparência da papila é branco-azulada, turva ou acinzentada. As alterações podem afetar as regiões vizinhas da retina. Podem ocorrer por doenças infecciosas, bactérias, vírus, protozoários, hemorragias, diabete, Leber, traumatismos e tumores. Atrofia Glaucomatosa – há um aumento da escavação, atingindo todo o disco óptico, atrofia de papila e deslocamento do tronco central. Funcionamento Visual: • diminuição da acuidade visual (AV) para perto e longe; • queixa de visão turva ou embaçada com aparecimento de escotomas; • diminuição do sentido luminoso – funcionamento visual pode ser melhor ao anoitecer. Outros podem necessitar de alta iluminação; • redução e ou alteração de campo visual: − escotomas central ou periférico − hemianopsias nos diferentes quadrantes (late-ral, superior, inferior, nasal, pericentral, bilateral);
  • 62. 62 • dificuldade para integração e formação de imagens mentais; • interferência em tarefas de percepção de detalhes e análise-síntese visual; • dificuldade para discriminar objetos a distância ou perto; • sensibilidade aos contrastes diminuídos; • dificuldade para leitura; • adaptação à iluminação diminuída. Recursos Ópticos e Pedagógicos Especiais: • lupas manuais de altas dioptrias; • alto nível de iluminação com filtro para potencializar contraste e diminuir reflexão e brilho; • contraste e ampliação (dependendo da alteração do campo); • lentes esféricas e prismáticas; • telessistemas; • magnificação eletrônica, com controle de contraste, brilho e profundidade; • porta texto e caderno de pauta ampliada ou reforçada; • jogos de computador para elaboração de desenhos e cenas. Estratégias Pedagógicas: • verificar o potencial de visão central preservada; • compreender as dificuldades de percepção de detalhes que o aluno apresente e a necessidade de aproximação da lousa ou material pedagógico; • facilitar a discriminação de detalhes, potencializando o contraste e a iluminação do material a ser discriminado; • favorecer o desenvolvimento da consciência visual, ajudando o aluno a analisar e interpretar
  • 63. formas mais complexas de objetos e figuras; • favorecer a ampliação do repertório visual do aluno, através de múltiplas experiências, incluindo até ajudas táteis e auditivas quando a visão não for suficiente; • motivar o aluno a construir as imagens mentais a partir da experiência concreta com os objetos para a representação tridimensional e a representação simbólica; • ajudar o aluno a compreender suas reais alterações de campo visual, as dificuldades com escotoma (ponto cego) buscando o melhor posicionamento de cabeça ou do material que favoreça melhor desempenho visual. 63 NISTAGMO São oscilações involuntárias e rítmicas dos olhos, que ocasionam alteração do sistema sensório-motor ocular. O nistagmo pode ser congênito, quando surge durante os seis primeiros meses, ou adquirido. A origem do nistagmo ainda não é bem conhecida, pode ser por alteração neurológica, vestibular, lesões do sistema nervoso central, por origem cerebelar ou tumor intracraniano. O nistagmo pode estar presente nas cataratas congênitas, atrofias ópticas, albinismo, acromatopsias, alterações retinianas e outras. Tipos de nistagmo: • movimento pendular; • ondulatórios – igual velocidade, duração – direção • em mola; • movimentos mais lentos e retorno rápido – freqüentes em alterações neurológicas e vestibulares; • mistos.
  • 64. 64 Os movimentos podem ser horizontal, vertical, oblíquo, rotatório e circular. SPASMUS NUTANS Surge por volta dos seis meses a um ano de vida. Caracteriza-se por nistagmo de cabeça com movimentos antero-posteriores e laterais, rápidos, bem nítidos quando a posição é sentada. Deitada tende a desaparecer, a origem é desconhecida e tende à cura. Funcionamento Visual: • capacidade de fixação e seguimento visual prejudicados; • A.V. reduzida para perto e longe; • torcicolo de “Ciancia” – inclinação involuntária da cabeça para bloquear o nistagmo; • interferência nas tarefas de percepção visual e coordenação visomotora; • sensibilidade aos contrastes pode estar diminuída; • sensibilidade à luz alterada – fotofobia intensa ou média. Recursos Ópticos e Pedagógicos Especiais: • lentes prismáticas ou esfero-prismáticas; • lentes manuais ou de apoio; • lupas de régua; • os telessistemas para longe podem ser de difícil adaptação, depende da possibilidade de o aluno realizar a compensação de cabeça para bloqueio do nistagmo; • lentes escurecidas ou filtro amarelo para potencializar o contraste.
  • 65. 65 Estratégias Pedagógicas O professor deve compreender que as dificuldades oculomotoras de focalização, seguimento visual e coordenação olho-mão, podem dificultar a realização de atividades práticas de coordenação visomotora, como encaixes, desenhos, cópia da lousa e escrita. Evitar alta iluminação direta, reflexão e brilho na lousa ou material a ser discriminado. Orientar o aluno para melhor organização espacial, posição para leitura e adequação do material ao ponto de compensação e distância que consiga focalizar e discriminar. Evitar corrigir a posição de cabeça que é a única forma de bloqueio dos movimentos involuntários. Utilizar pistas visuais para melhor organização do campo gráfico, tanto para leitura como para escrita. Guias para leitura. Proporcionar atividades lúdicas que favoreçam o exercício dos movimentos oculares, graduando as dificuldades: boliche, jogos de peteca, bola ao cesto, futebol, tiro ao alvo, natação. Jogos de integração sensorial e equilíbrio. CORIO-RETINITE É a inflamação da coróide (coroidite) e quando afeta ambas as camadas coróide e retina, chama-se corio-retinite. A causa é a toxoplasmose por infestação do protozoário gondii adquirido pelo contato com animais infectados: cães, coelho, gatos, pombo, galinha e na carne suína. É importante o diagnóstico diferencial de sífilis, tuberculose, herpes, AIDS e uveítes. O teste específico para avaliar os anticorpos para toxoplasmose é a imunofluorescência ou Elisa. O quadro neurológico pode ser de alteração focal com lesões cicatrizadas, placas maculares e convulsões.
  • 66. 66 Funcionamento Visual: • acuidade visual baixa em virtude da lesão macular, visão a distância bastante prejudicada; • escotoma central da visão, com dificuldade para detalhes; • utilização de retina perifoveal e periférica; • campo visual periférico geralmente preservado o que possibilita uma boa orientação espacial e locomoção; • sensibilidade aos contrastes – não ocorre alteração significativa para média e baixa freqüência; • visão para cores – pode estar prejudicada nas extensas lesões maculares e perifoveais; • dificuldade para olhar no ponto que se olha; • alta freqüência de miopia. Recursos Ópticos e Pedagógicos Especiais : • óculos de correção refracional comum; • lentes bifocais; • lupas manuais ou de mesa para magnificação; • lentes esfero-prismáticas entre 6 e 12 graus – com acuidade visual semelhante em A.O.; • lentes esféricas de altas adições com visão monocular; • telescópio tipo Galileu – 2x, 3x, 4x e 6x manuais são preferíveis a telescópios fixos em armações; Estratégias Pedagógicas: O professor precisa compreender que muitas vezes é impossível a criança olhar para frente ou nos olhos do professor, pois os olhos desviam para fugir do ponto cego, da cicatriz macular. Os mesmos procedimentos pedagógicos da atrofia óptica, pois o funcionamento visual é semelhante.
  • 67. Considerar que nas alterações maculares importantes a discriminação de figuras complexas como de animais torna-se 67 difícil. Embora o aluno apresente nível gráfico elementar o professor pode e deve oferecer materiais simbólicos como letras e outros. A cópia da lousa é bastante difícil em virtude de, à distância, a visão ficar prejudicada ou apresentar escotomas no campo visual. Ajudar o aluno a buscar a melhor posição e distância para facilitar a cópia na lousa. Organizar o campo gráfico da lousa em relação à necessidade do aluno. ALTERAÇÕES RETINIANAS: a) Retinopatia da Prematuridade ou Fibroplasia Retrolental A retinopatia da prematuridade pode ser decorrente de imaturidade da retina por baixa idade gestacional e ou por alta dose de oxigênio na incubadora. O oxigênio em alta concentração provoca a vasoconstrição, impedindo a irrigação da retina e pode ocorrer a formação de pregas retinianas, massa fibrosa ou cicatricial, retração da retina, ou deslocamento total ou parcial. Podem ocorrer ainda complicações como a catarata, glaucoma ou uveíte. O procedimento cirúrgico nos descolamentos de retina tem pouco sucesso, do ponto de vista funcional, sendo muitas vezes preferível à estimulação da visão residual remanescente, mesmo que pouca. Funcionamento Visual: • a retinopatia nível I, II e III geralmente apresentam bom desempenho visual; • acuidade visual bastante reduzida na retinopatia grau IV e V;
  • 68. 68 • fotofobia; • e freqüente a alteração de campo visual periférico e central com presença de escotomas; • iluminação intensa indireta melhora o funcionamento visual. Recursos Ópticos e Pedagógicos Especiais Para perto: • óculos acoplados com lentes de aumento; • lentes para miopia; • lentes de aumento manual; • lupas iluminadas tipo copo ou de mesa. Para longe: sistemas telescópicos b) Retinose Pigmentar Distrofia hereditária dos receptores retinianos por transmissão autossômica recessiva dominante ligada ao X. Constitui síndromes como: Laurence-Moon, Bardet-Bield, Usher, sendo rigorosamente necessária a prevenção por aconselhamento genético. São muitos os tipos de retinose pigmentar, geralmente de caráter progressivos com degeneração de cones (responsável pela visão de cores) e bastonetes (visão de formas), no estágio final com alteração macular. Funcionamento Visual: • cegueira noturna – Baixa de A.V. no escuro; • adaptação à luz, lenta; • perda de campo periférico; • ocorre iniciar por perda de visão central (mais raro); • dificuldade para locomoção à noite; • sensibilidade aos contrastes alterada; • alteração de visão de cores.
  • 69. Recursos Ópticos e Pedagógicos Especiais: • alto nível de iluminação; • circuito de TV; • lâmpada com raios infravermelhos; • ampliação e potencialização de contrastes com 69 filtro amarelo; • lupa manual até 11 di; • campo restrito dificulta a leitura. c) Retinopatia Diabética É uma alteração retiniana por obstrução dos vasos capilares da região da mácula e retina com formação de cicatriz ou escotomas extensos, podendo formar edema ou cistos de mácula. Pode haver descolamentos de retina. O tratamento pode ser a vitrectomia e a fotocoagulação que estabilizam o quadro de edema. Há associações com catarata ou glaucoma. Funcionamento Visual: • baixa AV para longe; • visão embaçada; • dificuldade para percepção de detalhes; • Imagens distorcidas; • alteração da visão de cores e sensibilidade aos contrastes. d) Síndrome de Leber ou Amurose Congênita de Leber É caracterizada por degeneração retiniana com eletroretinograma extinto. Manifesta-se por uma neurite óptica hereditária mais freqüente na 2ª infância, lesando de forma
  • 70. brusca os olhos. É transmitida pela mãe e afeta geralmente o sexo masculino, podendo afetar o sistema nervoso. 70 Há degenerações retinianas que afetam também meninas e são do tipo progressivo. A função visual é bastante prejudicada, AV muito reduzida e nível de funcionamento visual bastante heterogêneo. e) Retinoblastoma Tumor na retina que pode aparecer nas primeiras semanas até os 2 anos. Os primeiros sinais são leucocoria (mancha branca), podendo ser uni ou bilateral, estrabismo e ligeira midríase. O tratamento é a enucleação de urgência, radioterapia ou quimioterapia conforme resultado anatomopatológico. Estratégias Pedagógicas Motivar o aluno a utilizar ao máximo o potencial visual mesmo nos descolamentos de retina ou em degenerações progressivas. Nos descolamentos de retina ou redução extrema do campo visual, as dificuldades de leitura se acentuam. Entretanto o professor deve encorajar o aluno a utilizar a visão residual, sem temor de perdê-la ou gastá-la. Recursos de alta iluminação, controle de luz por dimmer e potencialização de contrastes melhoram o desempenho visual do aluno. Lápis ou canetas fluorescentes ajudam na visualização. Na acuidade visual muito baixa ou restrição acentuada do campo visual, a cópia da lousa se torna muito difícil. Podem ser utilizadas ampliações para perto ou recurso eletrônico para cópia da lousa, por varredura. Lentes escurecidas melhoram o funcionamento visual e ajudam nas atividades recreativas.
  • 71. 71 GLAUCOMA Decorrente da alteração na circulação do líquido humor aquoso, responsável pela nutrição do cristalino, íris e córnea. Há o aumento da pressão intra-ocular, a mais de 20 milímetros pela obstrução do líquido pela pupila ou drenagem através do seio camerular. Sintomas mais freqüentes: dor intensa, fotofobia, olho buftálmico e azulado. Há estudos recentes que apontam uma predisposição genética para o glaucoma congênito. É mais freqüente após a 4ª década, em altas hipermetropias, em diabéticos e em negros. O tratamento é cirúrgico e o mais precoce possível obtendo bons resultados. Pode haver complicações como luxações do cristalino, descolamento de retina, atrofia óptica e hemorragias. O glaucoma pode estar associado a aniridia, (ausência de íris) síndrome de Marfan, Axenfeld e Sturge-Weber. Funcionamento Visual: • lacrimejamento e fotofobia; • flutuação da visão, controlada por medicação; • perda da acuidade visual por atrofia óptica; • o glaucoma crônico simples pode levar à perda da visão periférica; • no glaucoma primário de ângulo fechado a perda visual é severa e pode progredir para cegueira rapidamente; • alteração do campo visual variada e difusa, podendo haver também escotomas centrais; • a perda é mais acentuada no setor nasal, havendo mais preservação do campo temporal ou central; • visão periférica e visão noturna rebaixada; • visão tubular ou de túnel permite visão boa para perto; • dificuldade para discriminar objetos grandes, locomoção e visão à distância.
  • 72. 72 Recursos Ópticos e Pedagógicos Especiais: • iluminação potente sem reflexão e brilho; • lupa de mesa com iluminação; • alto contraste e filtros; • lupas manuais; • para leitura, lentes microscópicas; • para longe telelupas de baixa dioptria (di). Estratégias Pedagógicas O professor precisa compreender que o nível de visão do aluno com glaucoma flutua muito. Ele se estressa com freqüência pela dor, fotofobia e flutuação da visão. Isto não significa que o aluno seja desmotivado e preguiçoso. Analisar cuidadosamente as alterações de campo visual que possam ser diferentes em cada olho. Ajudar o aluno a compreender e buscar a melhor posição para o trabalho visual. Ajudar o aluno a identificar o melhor equipamento de magnificação, de lupas manuais, de copo, mesa ou lupas iluminadas. Muitas vezes a adaptação desses auxílios ficam dificultadas pela reflexão de luz e brilho. Em virtude das alterações de campo visual, nem sempre o material ampliado facilita a discriminação e a leitura. Utilização de porta-texto dá maior conforto para a leitura CATARATA É a opacificação do cristalino produzindo a leucocoria ou mancha branca na pupila. As causas congênitas podem ser decorrentes da rubéola (síndrome da rubéola congênita) do sarampo, de fator hereditário, do citomegalovirus, da toxoplasmose e da sífilis. Alterações cromossômicas como Síndrome de Down, Lowe, Trissomia 13-15 e Síndrome de Cockayne.
  • 73. Pode ocorrer também por irradiações, medicações 73 tóxicas e consumo de drogas. A catarata congênita é uma das maiores causas de cegueira na infância, a prevenção é a cirurgia precoce, e, principalmente a vacinação e controle epidemiológico da rubéola e aconselhamento genético. Funcionamento Visual: • baixa de AV importante na catarata congênita operada tardiamente; • catarata não operada: visão nublada, borrada, visão de estrelas, raios brilhantes; • visão dupla no olho afetado; • visão melhor para longe do que para perto ; • visão noturna melhor; • sensibilidade aos contrastes pode estar diminuída • rara alteração de campo visual e visão de cores. Recursos Ópticos e Pedagógicos Especiais: • lente de contato ou óculos; • lente intra-ocular nos primeiros anos de vida ; pode ocasionar mais rejeição, sendo desaconselhável pela mudança de refração; • óculos de até 20 di são bem aceitos por crianças, podendo ser tentada a correção da hipermetropia e astigmatismo. Os bifocais com mais de 6 di podem ser testados; • lupa de mesa iluminada; • lupas manuais tipo régua; • controle de iluminação no ambiente. Estratégias Pedagógicas O aluno que teve a catarata operada precocemente e com boa correção óptica dificilmente necessitará de ajudas adicionais. Nos casos de altas correções ópticas, há necessidade de grande aproximação do material a ser lido o que pode acarretar
  • 74. cansaço e estresse na leitura. É importante investigar com o aluno e o médico, se uma correção óptica de menor dioptria com adição manual não favorece o processo de leitura-escrita. 74 Nas cataratas não operadas, lupas iluminadas e controle de iluminação no ambiente com luminárias de foco dirigíveis podem melhorar o desempenho visual. ADAPTAÇÃO DE RECURSOS ÓPTICOS ESPECÍFICOS A capacidade de funcionamento e o desenvolvimento da eficiência visual dependem fundamentalmente, segundo Dra. Barraga, da experiência visual. A oportunidade de enfocar, olhar e interpretar imagens visuais são mecanismos ativadores das funções cerebrais. Muitos indivíduos com baixa visão severa ou moderada, poderão se beneficiar da ajuda de recursos ópticos específicos para perto ou longe como forma de facilitação do processo ensino-aprendizagem. Os mesmos recursos ópticos têm a função de correção das ametropias, ou seja, melhorar a focalização por ampliação, proporcionando mais nitidez de imagem pela correção da refração. Com adaptação de recursos ópticos esféricos adequados, a ampliação da imagem retiniana permite a conexão celular e a formação de imagens nítidas e detalhadas que possibilitam o desenvolvimento da eficiência visual para atividades de perto, como leitura, escrita, visualização da tela do computador, TV e a decodificação de estímulos visuais a longa distância. Os recursos ópticos especiais, geralmente se caracterizam por lentes de grande aumento para correção da visão de perto ou longe, são eles: Auxílio para perto: • óculos bifocais ou monofocais; • sistemas telemicroscópicos; • lupas manuais e de apoio.
  • 75. Os bifocais aumentam a imagem do objeto e dão mais 75 nitidez com as lentes convergentes de +4, +6, +8, +10 DE. Fig. 8. Óculos bifocais e monofocais. Lentes esferoprismáticas São formadas por lentes positivas convergentes com adição de prisma na base nasal para melhorar a fixação, a convergência e dar conforto para atividades de leitura. Essas lentes geralmente são combinadas em seu poder dióptrico como por exemplo: +5 DE/7P ( dióptrica e prismática ). Menos de 10 DE são aconselháveis para as pessoas que possuem visão binocular ou pouca perda visual, para maiores de 10 DE/12 P monoculares. As lentes esféricas podem ser simples, sem adição de prisma, indicadas para pessoas com visão binocular ou monocular que não apresentam acuidade visual muito baixa, pois vão até 10 DE. Lentes asféricas São lentes monoculares em virtude da alta dioptria, variando de 10 di asférica até 24 di.
  • 76. 76 São utilizadas para atividades de leitura para perto e a distância olho-objeto deve ser mais próxima à medida que aumentam as dioptrias. Há uma pequena fórmula para chegar-se à distância focal: F = 100/D F = 100/20D F = 5cm A distância focal varia de acordo com a patologia, acuidade visual e nível de magnificação da lente. A distância ideal para melhorar a função visual, deve ser pesquisada individualmente com cada aluno, pois deve variar de 15 a 5cm ou menos. Essas lentes podem ser montadas em óculos ou adicionadas tipo clipes. Lentes microscópicas São lentes de alta dioptria, com +28 D, variando de 7x até 12xde aumento. Para chegar ao valor dióptrico multiplica-se por 4. Essas lentes geralmente são prescritas para pessoas com acuidade visual muito baixa. Como são lentes convexas positivas de alta dioptria a distância focal é muito pequena com a desvantagem de limitação acentuada de campo visual. Como a coordenação dos movimentos oculares, postura de cabeça e mãos são necessários, o tempo é mais longo e a adaptação das lentes microscópicas é mais difícil. Para melhor conforto do aluno, para leitura/escrita, é de fundamental importância a utilização de suporte para leitura/escrita, mesa adequada, pesquisa de iluminação e contraste que podem facilitar o desempenho visual. Lupas manuais e de apoio São recursos auxiliares importantes para pessoas que não se adaptam aos recursos descritos, de fácil uso e funcionamento, dispensando o treinamento para adaptação.
  • 77. Fig. 9. Lupas manuais e de apoio. As lentes manuais com lentes esféricas ou asféricas possuem melhor qualidade óptica. Variam de 2x até 10x de aumento. A distância focal das lentes manuais de apoio é tirada pela mesma fórmula dos óculos. As lentes manuais de alta dioptria têm o campo visual muito restrito, já as lupas de apoio possuem um campo visual mais ampliado, porque são de aumentos menores. Têm ainda a vantagem de possuir foco mais fixo e deixa as mãos livres. São aconselháveis para crianças em etapa pré-escolar e idosos. Tanto as lupas manuais como de apoio podem ser usadas como complementação de óculos especiais. Podem ser iluminadas ou não e terem diferentes formatos: lupas manuais, tipo régua, copo, folha, lanterna, gancho, etc. 77 Telemicroscópios em óculos São telelupas de acoplagem em óculos monoculares, binoculares ou manuais que permitem trabalho em uma distância maior.
  • 78. 78 Essas lentes, embora tenham restrição de campo, permitem conforto visual pela qualidade de iluminação e por deixar as mãos livres. Auxílio para longe: Telelupas - permitem o aumento e aproximação do objeto a ser visto. Tipos de Telelupas: • Galilei – Formada por duas lentes, uma convergente e uma divergente. São muito práticas e de fácil adaptação. • Kepler ou Prismática – É composta por duas lentes convergentes que invertem a imagem, por isso é usada com lente prismática. As telelupas podem ser manuais ou acopladas a óculos monoculares ou binoculares. As telelupas binoculares geralmente são de pequeno poder dióptrico, são prescritas para pessoas que tenham acuidade visual semelhante em ambos os olhos. São usadas para ver TV, teatro e jogos. As telelupas monoculares manuais são mais bem aceitas por alunos e adolescentes em função da estética, entretanto têm a desvantagem de não liberar as duas mãos para a escrita. Para os alunos que têm dificuldade de coordenação oculomotora e ou alteração de campo visual, as telelupas manuais são de mais fácil adaptação. Os aumentos das telelupas variam de 2x até 12x, sendo melhor iniciar o processo de adaptação com aumentos gradativos. No processo de adaptação de recursos ópticos, o aluno deve levar o recurso para casa, para poder pesquisar livremente em seu ambiente, nos espaços externos de sua preferência, e decidir seguramente a melhor opção.
  • 79. 79 BIBLIOGRAFIA ARAÚJO, Sônia Maria D. Elementos para se pensar a educa-ção dos indivíduos cegos no Brasil: a história do Instituto Benjamin Constant. São Paulo: IBC. BARRAGA, Natalie. Disminuídos visuales y aprendizaje. Espanha: ONCE,1985. ———— Desenvolvimento da eficiência visual. São Paulo: Trad. Fundação do Livro do Cego, 1986. BLANKSBY, Dixie C. Manual VAP-CAP. Avaliação e programa. Austrália: Royal Instituto, 1993. BRUNO, Marilda MG. O desenvolvimento integral do portador de deficiência visual. São Paulo: Laramara, 1993 ———— Reflexão da prática pedagógica. São Paulo: Laramara,1997. ———— Orientação e visão subnormal. CENP/SE/SP, 1988. CARVALHO, Erenice Natália S. de. A educação especial: con-cepção de deficiência - caderno da TV Escola. Brasília, 1996 CARVALHO, Keyla Monteiro e Outros - Visão subnormal. São Paulo: Unicamp - Campinas, 1994. CASTRO, Danilo M. e outros. Visão subnormal. Rio de Janeiro: Ed Cultura Médica, 1994. CORN, Anne. Visual function - Journal of Visual Impairment,1993. FAYE, E.E. Clinical low vision. Little brown and company. Boston.1994. HYVARINEN, Lea. O desenvolvimento normal e anormal da visão. São Paulo: Santa Casa.
  • 80. ICEVI/OMS. O atendimento de criança com baixa visão. 80 Relatório de Bangkok,1992 KARA, José e ALVES, Milton. O olho e a visão. Rio de Janeiro: Vozes,1996. LEMOS, Edson Ribeiro. Educação de excepcionais. Evolução histórica e desenvolvimento no Brasil. Niterói. UFF. Tese de livre docência, 1981. LINDSTEDT, Eva - O quanto uma criança vê. São Paulo: Santa Casa, 1989 MINISTER of Education Victoria. Visual skills - A curriculum guide. Australia,1988 SASSAKI, Romeu Kazumi. Inclusão. Construindo uma sociedade para todos. Rio de Janeiro: WVA, 1997. SOMBRA, Luzimar Alvino. Educação integração profissional de pessoas excepcionais. Análise da legislação. Dissertação de Mestrado UERJ, 1983.
  • 81. 81 ANEXO AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM DO PROFESSOR 1. Complete adequadamente as lacunas: Segundo Natalie Barraga, a) Enxergar é habilidade________________________________________ b) Pelos métodos _____________________________________________ e ______________________é possível avaliar a visão de bebês. c) A avaliação das seguintes funções visuais _____________________ ___________________________, ______________________________, ______________________________, _____________________________, ____________________________ entre outras igualmente importantes. d) A avaliação _________________________ da visão é realizada pelo pro-fessor especializado. e) Podemos considerar visão subnormal a perda visual em _____________________________________ os olhos, após a máxima __________________________, ________________________ possível.
  • 82. 2. Indique a alternativa correta: 82 a) A corioretinite apresenta alteração macular e dificuldade para ver longe. b) Na retinopatia da prematuridade é freqüente o deslocamento da retina. c) Na retinose pigmentar há cegueira noturna e alteração da visão de cores. d) A catarata e o glaucoma não operados podem levar a cegueira. e) Todas as alternativas são corretas. 3. Marque a(s) alternativa(s) verdadeira(s) a) As pessoas com baixa visão devem poupar o pouco de visão remanescente. b) A função visual desenvolve-se por uso e função do Siste-ma Visual. c) É desaconselhável o uso de óculos em bebê. d) Os recursos ópticos especiais facilitam o processo de aprendizagem de leitura-escrita. e) Todas as alternativas são verdadeiras.
  • 83. 83 CHAVE PARA CORREÇÃO DA AVALIAÇÃO 1. a) aprendida b) olhar preferencial de Dobson e Teller c) acuidade visual, sensibilidade aos contrastes, campo visual, visão de cores e funções ópticas d) funcional e) ambos, correção óptica. 2. e 3. b, d
  • 84. 84
  • 85. 85 Ministério da Educação Secretaria de Educação Especial Fascículo II Educação Infantil Educação Precoce Conteudistas: Marilda Moraes Garcia Bruno Maria Glória Batista da Mota Colaboração Instituto Benjamin Constant Brasília, 2001
  • 86. 86
  • 87. 87 SUMÁRIO FASCÍCULO II - A EDUCAÇÃO INFANTIL - EDUCAÇÃO PRECOCE • O processo de inclusão em creches • Trabalhando juntos: família – escola – comunidade • Programa de estimulação visual na faixa etária de zero a três anos • Programa de intervenção precoce na abordagem pedagógica Bibliografia Anexo
  • 88. 88
  • 89. 89 APRESENTAÇÃO Prezado Professor O fascículo Educação Infantil I traz informações básicas sobre o processo de desenvolvimento, aprendizagem e educa-ção de crianças com deficiência visual na faixa etária de zero a três anos. Discute o levantamento das necessidades educativas especiais e a elaboração do programa de educação que contemple o desenvolvimento integral do aluno. Propõe um trabalho conjunto Escola-Família-Comuni-dade, tendo em vista a interação-comunicação, a aprendizagem significativa e a inclusão social da criança com deficiência visual.
  • 90. 90
  • 91. 91 OBJETIVOS OBJETIVO GERAL Capacitar o professor de educação infantil, ensino fundamental e médio, para a identificação, diagnóstico e encaminhamento de alunos com deficiência visual, discutindo metodologias, estratégias pedagógicas e recursos especiais que facilitam o processo ensino-aprendizagem e o trabalho conjunto Escola-Família-Comunidade. OBJETIVOS ESPECÍFICOS O professor deverá ser capaz de: • identificar sinais, sintomas e condutas do aluno com deficiência visual, encaminhando-o para serviços complementares; • articular ações dos serviços de saúde, educação e assistência social para obtenção dos recursos ópticos e outros atendimentos necessários ao desenvolvimento e à aprendizagem do aluno; • subsidiar o professor para o desenvolvimento de programas pedagógicos, fundamentados na inter-relação, comunicação e ação funcional; • orientar o professor para o trabalho conjunto escola-família e quanto às estratégias de inclusão em creches.
  • 92. 92
  • 93. 93 INFORMAÇÕES INICIAIS 1. Leia os objetivos específicos do fascículo. 2. Estude o texto do fascículo. 3. Teste seus conhecimentos, respondendo às avaliações propostas. 4. Confira suas respostas com as da chave de correção, no final do fascículo. 5. Se conseguir responder a todas às questões, passe para o fascículo seguinte. 6. Se não conseguir respondê-las integralmente, reestude o texto. 7. Responda novamente à avaliação. Se não conseguir responder plenamente às questões, consulte o professor aplicador do fascículo.
  • 94. 94
  • 95. 95 ALTERNATIVAS DE APRENDIZAGEM DO PROFESSOR 1 - Estude o texto relativo ao fascículo. 2 - Reveja o vídeo para tirar dúvidas. 3 -Recorra ao professor aplicador da unidade, caso a dúvida persista. 4 - Realize a avaliação proposta e as atividades sugeridas.
  • 96. 96
  • 97. 97 A EDUCAÇÃO INFANTIL - EDUCAÇÃO PRECOCE O PROCESSO DE INCLUSÃO EM CRECHES O bebê com deficiência visual, como qualquer criança, necessita de ambiente familiar continente, de maternagem, isto é, de receber afeto, carinho e atenção para sentir-se seguro. Necessita ainda de pessoas que atendam a suas necessidades básicas de alimentação, higiene e descanso, pois ele se estressa com facilidade. Se o ambiente familiar for aconchegante, tranqüilo, possibilitando o desenvolvimento integral de todas as possibilidades psicoafetivas do bebê, a ida para a creche pode ser adiada, pois a mãe desempenha importante papel na interpretação do mundo, dando segurança para a criança explorar e fazer as primeiras descobertas. Na realidade de hoje as mães se angustiam muito por não ter com quem deixar o bebê. Sem dúvida que, nesses casos, a creche será o melhor lugar substituto da família, onde a criança poderá encontrar pessoas disponíveis a compreender, interpretar e atender a seus apelos e necessidades. Para incluir um bebê com deficiência visual em creches ou berçários, todas as pessoas precisam ser orientadas: diretora, coordenadora, professora e auxiliares. Essa é uma tarefa que pode ser desenvolvida em parceria com os serviços da comunidade, professores especializados ou instituições que desenvolvam programas de Educação Infantil. O que deve ficar claro é que a criança com deficiência visual necessita de um período maior de adaptação do que as outras crianças. Principalmente porque a visão exerce papel fundamental no conhecimento, controle e adaptação ao meio.
  • 98. 98 Essas crianças vão necessitar de mais tempo para conhecer as pessoas novas, identificá-las por suas vozes, cheiros e passos para poder aceitá-las. Até aos três anos de idade, as crianças com deficiência visual dispõem ainda de poucos recursos para diferençar as pessoas e reconhecê-las, em meio a muito barulho. Torna-se então indispensável um ambiente acolhedor, tranqüilo e mais organizado. Ambiente sem ruídos ameaçadores ou agitação que possam assustar o bebê, dificultando a interação com o meio. Outro fator importante que deve ser ainda considerado é que o entorno familiar pode desorganizar-se com a ida de um bebê para a creche. Os pais e avós podem sentir dificuldade de separar-se da criança. Isso acarreta medo, insegurança, sentimentos de culpa e ansiedade. É uma relação sofrida. Por isso é muito importante que a creche receba o bebê e sua família para o período de adaptação. Permita que inicialmente a mãe faça uma adaptação gradativa. Leve o bebê para conhecer a escola, as pessoas, os objetos, o parque e familiarizar-se com os ruídos, cheiros e brinquedos. A adaptação pode demorar até meses. É importante deixar a mãe mostrar como interage e se relaciona com sua criança, revelar o que lhe dá prazer, satisfação e medo para descobrir do que a criança gosta e o que rejeita. Se a família percebe que há um ambiente acolhedor para sua criança e pessoas interessadas em compreender e ajudar em suas dificuldades, sem dúvida alguma, haverá sentimentos de segurança e relação de confiança com a escola.