O documento discute três tópicos principais:
1) Fala sobre o panorama mundial atual de corrupção, crimes, guerras e desigualdades e como o Papa Francisco traz esperança.
2) Aborda o significado do tempo do Advento e como prepara para o nascimento de Jesus.
3) Relata uma experiência pessoal da autora em um Convívio Fraterno há 13 anos e como mudou sua vida e fé.
1. PROPRIEDADE: CONVÍVIOS FRATERNOS*DIRETOR REDATOR: P. VALENTE MATOS*PRÉ-IMPRESSÃO: FIG-INDÚSTRIAS GRÁFICAS, S.A.239 499 922
PUBLICAÇÃO TRIMESTRAL- DEP. LEGAL Nº6711/93 - ANO XXXIV- Nº326 - Novembro/Dezembro 2014*ASSINATURA ANUAL: 10€ * TIRAGEM:1000EXS * PREÇO: 1€
A todos os leitores e convivas, o Balada da União
deseja Feliz Natal e um próspero Ano Novo.
Anuncio-vos uma boa nova :
Hoje vos nasceu um Salvador !
2. Balada da União Dezembro 20142
Viver em Esperança
O panorama mundial anda mal. Corrupção, venda
de pessoas, crimes, guerras, opulência que mata e
desfaz vidas e famílias. Muitos que já ocuparam car-
gos de governo, com processos graves em tribunais
ou já metidos na cadeia, como no Paquistão, em Is-
rael, na Itália, etc. A violência doméstica a aumentar
e a matar cada dia mais mulheres. Em Portugal, nos
últimos anos, muitos milhares de doentes de sida. E o
mundo da droga e do tráfico que gera roubo e morte
continua a aumentar. O poder económico de uns tor-
na-se violência para outros que ficam cada vez mais
pobres. A cultura do bem-estar anestesia-nos e faz
tantos estragos à nossa volta.
No meio deste tenebroso panorama, o Papa surge
como sinal de esperança, como grande profeta da
vida, do amor, da liberdade. Que maravilhosas e sá-
bias foram as suas palavras em Estrasburgo e na re-
cente visita à Turquia, acompanhadas por gestos de
simpatia, de humildade, de verdadeiro ecumenismo,
que passa sempre por um amor mais intenso aos ir-
mãos. Todos se admiram com ele, com a sua maneira
de agir, de defender o bem, os pobres, de dizer que a
Europa está avó, sem vida para gerar filhos, sem pro-
postas que respondam às interrogações e às esperan-
ças dos jovens. Colocou o dedo em muitas feridas,
mas comprometeu-se a ajudar, a colocar os organis-
mos da Santa Sé em estado de abertura para uma aju-
da mais eficaz e mais fecunda. Com o Papa Francisco
renasce a esperança, a alegria, o dom, a partilha, a
entrega generosa. Ele vai tocando o coração de mui-
tos e abrindo esses corações ao dom de si para o bem
comum.
Por outro lado, este tempo de Advento, que começá-
mos a viver no dia 30 de Novembro, lança-nos para
uma nova esperança pois prepara-nos para o nasci-
mento do Menino. Ele, Jesus, como Luz vem às tre-
vas, como Paz vem ao meio das guerras, como Liber-
tador vem quebrar laços de prisões, como Amor vem
ensinar a amar, como Emanuel vem para ser Deus
connosco. Só n’Ele a esperança e a alegria. Se O dei-
xarmos entrar em nossos corações, em nossas vidas,
em nossas famílias, em nossas empresas, renasce a
alegria e a esperança. É esta a mensagem da noite do
nascimento e do Menino que Maria deita, enrolado
em panos, na manjedoura. Vem aí o Messias que nos
quer salvar, libertar, remir, abrir-nos à esperança e à
alegria.
Também no primeiro Domingo do Advento, come-
çámos o Ano dos Consagrados, de todos aqueles e
aquelas que, nas Ordens e Congregações, nos Institu-
tos Seculares, nas Sociedades de Vida Apostólica, fo-
ram consagrados pelo Espírito e se dispuseram a dar
tudo e darem-se todos ao mundo, aos irmãos, à Igre-
ja, a Jesus, para servir mais e melhor, para ajudar a
viver em alegria e em esperança. São muitos milhares
em todo o mundo, vivendo tipos de vida diferentes,
carismas diferentes, seguindo os passos de seus fun-
dadores e fundadoras, incarnando o Evangelho para
serem semente de bem, de verdade, de justiça, de
amor. Para amar e servir ao jeito de Jesus. Com suas
vidas, somos todos convidados a transformar o mun-
do e a viver em alegria e esperança, a ser fermento de
graça e de santidade, a ser luz no meio das trevas, a
ser homens e mulheres de coração universal. Com
suas vidas e com o dom de si mesmos renasce a espe-
rança.
Dário Pedroso, s.j.
É NATAL...
Há dois mil anos, enquanto os anjos cantavam
sobre a campina de Belém “GLÓRIA A DEUS
NAS ALTURAS E PAZ NA TERRA AOS HO-
MENS DE BOM GRADO”(lc. 2-11), de uma
jovem de nome Maria, nascia Cristo, o Filho de
Deus Feito homem.
Mas o seu nascimento foi motivo de escândalo
para muitos. Nasceu pobre , de todos esquecido
e desprezado, num humilde curral . Para o povo
judeu não era o “Messias “ desejado, o Liberta-
dor dum povo humilhado e oprimido que dese-
java triunfar dos seus inimigos.
Nasceu o “MESSIAS” prometido, anunciado pe-
los profetas, mas não era o messias das aspira-
ções e dos sonhos triunfalistas, o desejado dos
judeus dominados naquela altura pelo Império
Romano.
Por isso, não O conseguiram identificar naquela
criança nascida pobrezinha e envolta em panos
na manjedoura dum curral em Belém!...
Assim enfaticamente escreveu S. João Evange-
lista:“Brilhou as luz nas trevas, mas o mundo
continuou às escuras (Jo 1-11), veio para os
seus, mas os seus não O receberam“.
Por isso ainda hoje muitos judeus esperam que
se concretize no tempo a vinda do seu “ messias
“quando é sabido que a Boa Nova do “Prome-
tido” durante este vinte séculos, através da sua
Igreja, transformou os corações de muitos ho-
mens que n'Ele acreditam. Desta maneira o Na-
tal para todos os homens de todas as raças e co-
res, que aceitam Jesus Cristo, o Menino nascido
há dois mil anos em Belem, tornou-se numa
festa de família, numa festa de paz, de amor e de
fraternidade.
Cada crente hoje pode afirmar aos que ainda
não conhecem Jesus Cristo ou O marginaliza-
ram nas suas vidas, as mesmas palavras dos an-
jos dirigidas aos pastores que na calada da noite
apascentavam os rebanhos “anuncio-vos uma
boa nova , hoje vos nasceu um Salvador” ( Lc.
1-14).
De facto a indiferença, o desconhecimento ou a
inaceitação do Messias prometido, de Cristo li-
bertador e Salvador, nascido no Presépio, em
Belém, continua em nossos dias e há-de conti-
nuar através de todos os tempos.
Como outrora, também muitos homens não te-
riam dificuldade em aceitar um “Messias” que
não trouxesse implicações para a sua vida, que
facilitasse as suas ambições e cobiças, que acei-
tasse os seus desvarios, as suas opressões e in-
justiças, que não condenasse as fraudes e a ex-
ploração, que não rejeitasse os seus ódios e
vinganças, que desse cobertura às suas opres-
sões e injustiças, que se acomodasse a uma vida
fácil e cómodo, que anunciasse uma mensagem
de amor a Deus isolada do amor aos outros ho-
mens seus irmãos.
Mas quando lhes é apresentado um Cristo exi-
gente que não transige com a hipocrisia, nem
com a mentira e opressão e que exige ser amado
nos nossos inimigos, naqueles que nos ofende-
ram ou maltrataram, em todos os homens sem
exceção, então negam - n'O ou tornam-se indi-
ferentes perante a sua existência.
“Veio para os seus , mas os seus não O recebe-
ram”( Jo 1-11).
É por isso que, sendo mais uma vez Natal, Cris-
to nascido no Presépio, o Menino Deus, conti-
nua, através da Sua Igreja, a ser oferta de único
Salvador dos homens e continua, mesmo as-
sim, a não ser Natal para a maioria da humani-
dade!...
Sim, continua a não ser Natal, para todos aque-
les que continuam a não aceitar Jesus Cristo
como seu Salvador!..
Não é Natal para todos aqueles que deturpam o
verdadeiro rosto de Cristo, escudando sua vida
de pecado, as suas misérias, num Cristo forjado
pelos seus interesses mesquinhos e comodistas!
Não é Natal para todos aqueles que são vítimas
das opressões e das injustiças daqueles que, di-
zendo-se cristãos, não amam nem aceitam os
outros homens como seus irmãos!
Não é Natal para todos aqueles que são vítimas
das faltas de amor de outros homens seus ir-
mãos, –muitos deles dizem-se cristãos–, e não
têm o pão para cada dia e vivem no meio das
maiores privações e de dificuldades de toda a
espécie, tantos deles sucumbindo pela fome!
Não é Natal para todos aqueles que sofrem no
corpo ou na alma; para todos os que em cadeias,
ou hospitais ou lares de terceira idade se encon-
tram marginalizados da sociedade ou de seus
familiares; para todos os lares em que esposos,
pais e filhos se encontram em permanente “cho-
que”, sem paz e sem amor!
Mas é necessário, é urgente, que Cristo nasça
para todos os homens!
É urgente que o pregão dos anjos no primeiro
Natal da humanidade, “glória a Deus nas alturas
e paz aos homens de bom grado”( Lc. 2), ecoe e
encontre eco em todos os corações!
Mas não podemos esquecer que a voz dos anjos
do primeiro NATAL DO MUNDO E A VOZ de
João Batista afirmando “no meio de vós está
quem vós não conheceis”, jamais se ouvirão a
anunciar o Natal de 2014, mas seremos nós,
pelo nosso Batismo como profetas destes novos
tempos, que temos o dever insubstituível de,
pelo testemunho das nossas vidas em AMOR
sermos a LUZ a iluminar os caminhos dos ho-
mens de nossos dias que andam afastados de
Cristo ou não O conhecem e, sem medo ou res-
peitos humanos, com a nossa palavra afirmar-
mos que no meio deles está Cristo Salvador que
eles teimam em não acolher nos seus corações.
3. Nunca mais me esqueço como foi.
Acho que nem que passe a eternida-
de, me esquecerei. Já lá vão 13 anos
desde que fiz o meu Convívio Frater-
no. Desde então, a minha vida nunca
mais foi a mesma. Às vezes tento
imaginar como ela teria sido se não
tivesse feito esta experiência. Certa-
mente teria encontrado Deus de ou-
tra maneira. Afinal, Deus nunca de-
siste de nos procurar mesmo que nós
andemos longe. Certamente a vivên-
cia da minha fé teria continuado. De
outras formas. Com outras pessoas a
ajudar-me a crescer. Noutros outros
lugares. Noutros cenários. Certa-
mente. Ou se calhar não. Se calhar, o
meu sim àquele desafio, foi o sim que
mudou a minha vida. Que mudou a
forma como comecei a aceitar Jesus
Cristo no meu coração e que nunca
mais me deu sossego. Se calhar, aque-
le encontro profundo comigo e com
Deus, foi o momento que marcou
para sempre a maneira como, a partir
daí, orientei o meu caminho. Entre-
tanto, já me formei, já casei, já passei
por momentos menos bons, já me
afastei algumas vezes (mas nunca o
suficiente para me afastar de vez), já
tive uma fé (aparentemente) inabalá-
vel e já tive muitos momentos de dú-
vida, já me questionei se valeria a
pena e já me apeteceu muito desistir.
Mas depois, lembro-me daquela ex-
periência de há treze anos (caramba,
treze anos é muito tempo não é?), e
da sensação de plenitude e da pre-
sença tão viva de Deus, que senti na-
quela manhã de Agosto após os três
dias de Encontro e lembro-me das
centenas de jovens que passaram
pela mesma experiência e penso que
sim. Que afinal vale mesmo a pena.
A maneira como Deus se mete no
nosso caminho é muito engraçada!
Não conhecia a pessoa que me convi-
dou para fazer o Convívio Fraterno
número 833. Soube que se chamava
Marina e pouco mais. Desde então,
nunca mais a vi. O certo, é que essa
ilustre desconhecida, sem saber, aju-
dou a traçar os planos que Deus ti-
nha para mim. E isto faz-me pensar
que afinal o que Deus nos pede, é tão
pouco!...Lançar as sementes, esperar
que elas cresçam e dêem fruto. Algu-
mas dão, outras não. Mas a semente
fica lá. A semente fica (quase) sem-
pre. Até acredito que muitas vezes,
fique no quentinho da terra anos a
fio até um dia germinar. Acredito
mesmo!
A minha semente germinou. Sei que
muitas vezes, a colheita não é tão boa
como o Pai gostaria, mas sei também
que, pelo menos, não estou sozinha e
tenho muitas pessoas que me ajudam
a cuidar dela. Pessoas maravilhosas
com quem eu não me teria cruzado
se não tivesse feito o meu Convívio
Fraterno. Gente que é Igreja Viva.
Gente que, com todas as fraquezas e
limitações que possa ter, caminha ao
meu lado e não me deixa cair. Gente
que me ajudou a saber partilhar, tole-
rar, perdoar e crescer em grupo e
como irmãos que é como o Pai quer
que vivamos. Pessoas que eu sei que
estiveram sempre ao meu lado, nos
momentos importantes e decisivos e
naqueles mais banais e rotineiros.
Mesmo quando não estavam fisica-
mente.
Um dia, ainda vou agradecer à Mari-
na o convite que me fez. E vou dizer-
lhe que o desassossego que isto me
trouxe foi a melhor coisa que me
aconteceu na vida. E que valeu a
pena. E que valeu-me a vida.
Fabiola Mourinho CF 833
Bragança-Miranda
Vale a pena? Esperança
Estamos a poucos dias de celebrar o
Natal. A liturgia do 3º Domingo do
Advento fala-nos da alegria. É possível
que tenhamos motivos para andar
tristes, abatidos, cansados, incomoda-
dos com o rebuliço das ruas e das
compras. O mundo vive carente de
alegria. Mas, Deus concede-nos a ver-
dadeira felicidade, celebrando a sua
vinda até nós com alegria. Na exorta-
ção apostólica “A ALEGRIA DO
EVANGELHO”, o Papa Francisco
lembra-nos que “a alegria do Evange-
lho enche o coração e a vida inteira
daqueles que se encontram com Jesus.
Os que se deixam salvar por Ele são
libertados do pecado, da tristeza, do
vazio interior, do isolamento. Com Je-
sus Cristo, renasce sem cessar a ale-
gria”.
Deus é a esperança do Cristão. Ele
vem salvar a humanidade. Esta é a es-
perança anunciada pelos profetas, que
se começa a realizar com a vinda de
Jesus. Ele é aquele que havia de vir.
Não precisamos de ir atrás de outros
messias, oferecidos pelo mundo do
consumo, por promessas políticas am-
bíguas e assim por diante. O Messias
vem de Deus; ele merece a nossa ade-
são, nele podemos acreditar. A espe-
rança suscita em nós alegria confiante.
É a mola propulsora de nossa vida,
fundamenta uma firmeza permanen-
te, confiante de que Deus erradicará o
mal que ainda persiste. Esta esperança
exterioriza-se na celebração, expres-
são comunitária da nossa alegria e
confiança.
Nós, jovens dos Convívios Fraternos
abrimos as portas do nosso coração a
Jesus para O acolher e dizer-lhe o nos-
so Sim!
Esperamos que o amor e a justiça que
Cristo veio trazer ao mundo, e nos
quais somos chamados a participar
ativamente, realizem o plano de Deus
para a humanidade, desde já e para
sempre, “assim na terra como no céu”.
Manuela Pires CF 860
Bragança-Miranda
CONVÍVIOS RUMO AO FUTURO
NOS DIAS 6,7 e 8 DE DEZEMBRO 2014
1256–No Seminário dos Combonianos, em Ermesinde, para jovens da diocese
do Porto, (cidade e arredores).
NOS DIAS 19, 20 e 21 DE DEZEMBRO DE 2014
1257–Na Casa de Retiros do Clero em Bragança, para jovens desta diocese.
1258 – Na Casa de Retiros de Viseu, para jovens desta diocese
NOS DIAS 20,21 E 22 DE DEZEMBRO DE 2014
1259–No Seminário de de N. Sra de Fátima, em Beja, para jovens desta diocese
NOS DIAS 27, 28 E 29 DE DEZEMBRO DE 2014
1260–No Seminário do Preciosíssimo Sangue, em Proença a Nova, para jovens
da diocese de Portalegre- Castelo Branco.
1261–No IDESO, em Eirol, para jovens da Zona Pastoral Sul da diocese do Por-
to.
1262– No Seminário de S. José, em Vila Viçosa, para a Arquidiocese de Évora.
1263–Em Santarém, na Casa das Irmãs de S. José de Cluny, para jovens da dio-
cese de Santarém.
4. JOVENS EM ALERTA Dezembro 20144
Porto
Maranathá
“Uma voz brada no deserto, «Preparai o caminho do Senhor…» “ e ainda sob o grito
da esperança, “O Senhor virá para nos salvar”, 16 casais foram a eirol pela 1ª vez, na
ânsia de O encontrar. O tempo era o de preparar a vinda d’Ele até ao nosso coração.
Tempo para Ele nascer e ser acolhido no nosso coração. E no coração que era encon-
tro de dois, (embora tantas vezes em desencontro), fez-se presente o menino Deus
qual trindade como na família de Nazaré imagem do Amor que vem do alto. E o
encontro foi acontecendo enquanto se ouvia ou reflectia ou se cantava ou rezava. E a
Igreja doméstica foi renovada pelo Espírito. E foi disso que falaram testemunhando,
os casais que participaram no 41º CF de Casais no encerramento que ocorreu na
Junta de Freguesia de Esmoriz. Onde os esperavam com entusiasmo quer casais quer
jovens ou as suas famílias. E depois sob o olhar da Imaculada Conceição fomos re-
confortar-nos no Senhor para que seja o alento para o 4º dia.
Éramos 33 à mesa!
Assim comíamos no refeitório...Éramos 33 à mesa…Ou mais!...
Assim comíamos a Palavra...
Éramos 33 à mesa! Ou ainda mais! Assim comíamos um Deus oferecido, palpitante,
diferente.
Éramos 33 à mesa! Ou muito mais! Assim saboreámos a vida, em pedaços cozinhada,
em horizontes refeita, em alvoradas contida...
Éramos 33 à mesa! Ou uma multidão, dispersa e reunida!...
Éramos 33 à mesa! Assim nos olhávamos e assim nos vimos…
Éramos 33 à mesa! Aí se serviam sonhos, madrugadas, recomeços, novas partidas,
novos sabores, outros gostos... Uma ementa diferente para fomes e sedes diferentes...
Outras rotas, novos impossíveis, nova terra e novos céus!..
O inatingível tornava-se perto, pertinho, ali mesmo...Era possível acender uma foguei-
ra no meio da mar!...Que loucura de aposta!
Que incontidos bateres, estes de corações ousados...
Querem números?Ainda mais?
Cá vai: 1256 Convívio–Fraterno, para o grande Porto (para grandes homens e grandes
mulheres), nos Missionários Combonianos. Mais (em coração e projetos atentos ao
infinito),nos dias 6 ,7 e 8 do Solestício e imaculadas Conceições (leia -se concepções)...
Celebrativamente, com paixões vivenciadas, com Eucaristias que prendiam, elevavam
e encaminhavam...Sem tempo e com tempero apelativo!...Lá íamos nós, uma e outra
vez, não repetidos, em alamedas
de novidade, em liturgias carre-
gadas de AMOR
As palavras testemunhais...
As vozes projetadas…
Os alvoroços conquistados...
Os silêncios faladores...
As preces sem encomenda...
E o sol a beijar-nos, as folhas a
bailar e os futuros a fervilhar!..
Será que me fiz entender?
Não faz mal!
O mais bonito está para vir!..
Moutinho de Carvalho
Grandezas, sem manias!...
Foi de 10 a 12 de Outubro que
em S. Lourenço do Palmeiral 32
jovens de toda a diocese do Al-
garve aceitaram o convite lança-
do por Cristo a estar presente
num convívio fraterno.
O CF 1255 foi o (re) descobrir
Cristo vivo nos seus Corações.
Deus manifestou-se das mais va-
riadas formas. E quando ele diz
SIM ninguém lhe pode dizer
não. Foi esse o sentimento com
que estes novos ficaram.
Deus pediu o SIM e os novos
convivas responderam de forma
assertiva ao seu apelo, num am-
biente de muita alegria e frater-
nidade, o 1255 foi algo que mu-
dou os corações de todos os que
provaram desta experiencia. O
nosso SIM a Deus só depende da
forma de perseverar que esco-
lhemos para a nossa vida!
Deus fez festa no Coração de to-
dos nós, pelo reencontro que ti-
vemos com Ele.
Houve um turbilhão de senti-
mentos a desabrochar. Ao mes-
mo tempo Deus tocou o seu co-
ração e disse que conta com
todos, para que sejam verdadei-
ros evangelizadores da sua pala-
vra.
Ele mostrou-nos que está pre-
sente nas pequenas coisas da
vida e que para chegar até si bas-
ta utilizar as ferramentas que es-
tão ao nosso dispor. Neste 1255
essas ferramentas foram dadas a
conhecer aos novos convivas,
que a partir deste momento fica-
ram mais conscientes de como
atingir a verdadeira felicidade
em Cristo.
André Correia
Algarve
Algarve
CF 1255
“Quando Jesus diz SIM ninguém pode dizer não”
No outro dia, enquanto falava comos meus catequizandos so-
bre a época natalícia que estamos a viver, perguntava-lhes o que
esperavam deste Natal. As respostas, não sei porquê, nem me
surpreenderam muito. O que é que um adolescente espera do
Natal??! Presentes… muitos presentes e, de preferência, daque-
les caros. Sim! Caros! Até porque, Natal sem presentes não é
Natal!
Isto fez-me pensar!
Será que já ninguém se lembra a razão pela qual se celebra o
Natal??!
O Homem fez do Natal uma época de autêntico consumismo.
Os comerciantes vêm nesta época uma forma de enriquecer. As
ruas, as montras enchem-nos os olhos de tanta luz. A televi-
são… bem da televisão é melhor nem falar! Já não há lugar para
o Menino Jesus, no Natal.
Este não é o Natal em que eu acredito, caramba! Se nós, jovens,
não fazemos nada para mudar este consumismo, daqui a pou-
co, no Presépio, em vez de termos o Menino Jesus temos o Pai
Natal.
É urgente voltar a sentir a magia do Natal, na simplicidade de
cada dia. Não foi por acaso que Jesus nasceu numa manjedoura.
É urgente voltar a celebrar o nascimento daquele menino que,
através das suas atitudes, nos mostrou que a felicidade é o cami-
nho a percorrer…
Marlene Almeida
Um Natal que já não O é
5. JOVENS EM ALERTADezembro 2014 5
Deus está...Nos braços de Jesus
Não sou mãe e por isso não consigo
imaginar a dor de perder um filho.
Deve ser muito maior do que qual-
quer outra. A maior de todas.
Ontem, quando fiquei a saber que a
menina que lutava há uns meses con-
tra o cancro, a Leonor, tinha partido,
fiquei com o coração apertado e uma
revolta apoderou-se de mim.
Depois, o primeiro pensamento que
me ocorreu, é que de facto, não so-
mos donos nem senhores de coisa
nenhuma e não pertencemos, defini-
tivamente, a este mundo. Somos ta-
lhados para outra coisa. Algo que
deve ser maior e mais belo do que
tudo o que conhecemos ou imagina-
mos. A mãe da Leonor, escreveu que
agora, ela "regressou aos braços de
Jesus". Achei esta imagem tão bonita
que não consegui evitar as lágrimas.
Este "regresso" significa que foi de lá
que viemos. Foi lá que fomos pensa-
dos e sonhados e que um dia, regres-
saremos. Apesar de não conhecer
esta família, acredito que foi a fé que
os manteve de pé nesta luta pela vida.
Nestes últimos tempos, em que o
mundo anda em sobressalto com tan-
tas guerras, fundamentalismos assas-
sinos, doenças mortais, e mais um
sem número de tragédias que desgra-
çam a vida a milhões de pessoas, olho
incrédula para a gigantesca contradi-
ção que existe na humanidade a pon-
to de, enquanto tantos lutam pela
vida, outros fazem questão de destruí
-la.
Quem ama, sofre quando vê a des-
graça daqueles que ama. Por isso, eu
acredito que Deus, que é Pai, deve so-
frer com isto. O coração Dele deve
estar apertado com tanta escuridão.
E a sensação de impotência perante
tudo isto é tão grande que só queria
não pensar, não saber, não me im-
portar.
Fico horrorizada quando vejo notí-
cias de idosos abandonados ou agre-
didos ou de famílias que vivem na
miséria...mas quando o assunto são
crianças mal tratadas, o horror au-
menta e acho que a esse é o maior dos
crimes.
A Leonor é o caso de uma menina
que, pelo que sei, lutou sempre com
um sorriso pela vida e que teve a
imensa sorte de, apesar da doença
cruel, ser amada. Mas por esse mun-
do fora, há, milhares de crianças que
partem sem sequer saber o que é ter
uma família que as ame e que já não
sabem sorrir. Meninos e meninas a
quem foi arrancado tudo. E esta ideia
faz-me ter vergonha de pertencer à
humanidade.
Consola-me acreditar que o abraço
de Jesus é grande e que nele, cabem
todos aqueles que partiram cedo de-
mais. Que a Leonor e todas as crian-
ças que estão nos braços de Jesus, in-
tercedam por este mundo que está
realmente a precisar de anjos que o
guardem de todo o mal que anda à
solta no coração de tantos homens.
Fabiola Mourinho CF 833
Bragança
Tantas vezes, abdicando das suas vidas, há
grupos de jovens que têm a coragem de
aceitar os desafios de J.C, deixando os ami-
gos, a família, o conforto de dias e fins-de-
semana de descanso, interrogando-se, até,
se valerá a pena trocar tudo isto por um
“salto para o desconhecido”...
Mas os jovens têm sempre a força de vonta-
de para assumir riscos e aceitar propostas
de verdadeira mudança, pois são eles que
com as suas alegrias, tristezas, vivências,
emoções e aspirações, sentem com intensi-
dade a certeza de haver um ideal mais alto,
mais forte, que o mundo atual tudo faz para
ocultar e desvanecer, roubando-lhes a sua
merecida e ansiada felicidade e mergulhan-
do-os num mundo de felicidades insignifi-
cantes, passageiras, sem substância, que
deixam os jovens de hoje cada vez mais va-
zios de si próprios. A sociedade atual torna
o ser humano num mero peão, num mero
espectador de um mundo no qual a palavra
AMOR é banalizada, desprovida de signifi-
cado, um mundo em que as pessoas são
obrigadas a viver a vida de modo superfi-
cial, desencontrando-se de si mesmos e do
verdadeiro caminho de verdade e amor a
que todo o homem tem direito.
E são os jovens, que com a sua ânsia de feli-
cidade, de mudar o mundo que com a sua
inesgotável energia podem ser os agentes de
mudança da nossa sociedade. No coração
dos jovens há um desejo profundo de serem
verdadeiramente felizes, e sabem intuitiva-
mente que há algo muito para além daquilo
que se vê com os olhos e que se ouve com os
ouvidos, das teses científicas e das provas
matemáticas. Sentem que tem que haver
algo infinitamente mais grandioso que tudo
isto.
Estes jovens, vivendo como uma verdadeira
família, partilhando as suas vidas, as suas
ambições os seus problemas, deixam-se le-
var pela mensagem que Jesus Cristo lhes
enviou, pelo Seu projectão sedutor, incapaz
de deixar alguém indiferente. Experimen-
tam aquilo que sabemos que não é uma uto-
pia: o puro Amor, o amor que no fundo,
sentem que existe e que os pode levar à feli-
cidade, o Amor que realmente sentem que
faz parte deles, que está dentro deles, que os
completa, que os pode tornar realmente fe-
lizes. O Amor que resulta do contacto ínti-
mo com Deus, em comunhão com o próxi-
mo, que é realmente a resposta aos seus
problemas e aos problemas de uma socieda-
de que se deixa arrastar para o deserto onde
a aridez seca a vida das pessoas, destrói
pontes de amor, isolando as pessoas e levan-
do-as à solidão.
No final de cada encontro, todos sentem
uma grande Paz, uma grande Felicidade,
uma grande alegria, uma grande certeza
que Jesus Cristo está nas nossas vidas, que
nos ama infinitamente, conhecendo-nos e
aceitando-nos tal como nós somos, como
um pai e amigo que e está sempre disponí-
vel para ouvir os nossos problemas, os nos-
sos desejos, e a reconduzir-nos a Ele, por-
que quer a nossa felicidade. Por Ele teremos
forças para lutar por um mundo melhor que
queremos, incentivando-nos a trabalhar em
conjunto, a criar pontes, a ligar as pessoas, a
levar a sua Boa Nova a todos, espalhando a
luz e a felicidade neste mundo. E todos so-
mos chamados a fazer parte do Seu projeto
de Amor.
Realmente não é necessário fazer grandes
discursos, não é preciso ter muitos bens
materiais para mudar o mundo, basta tentar
mudar coisas tão simples como dar um sor-
riso a quem mais precisa e estender a mão a
quem nos pede um pouco daquilo que te-
mos, e espalhar a paz onde houver discór-
dia. Cada um, na sua casa, com os seus ami-
gos, no seu trabalho, sabe que pode mudar,
pode dar testemunha de Cristo e espalhar a
sua mensagem de Amor.
Gostaria de agradecer a todos os convivas
que dão o seu melhor para que Deus acon-
teça na vida de tantos jovens. Deixo tam-
bém um apelo: vamos dar mais de nós aos
outros, afirmando-nos como convivas que
realmente somos, e chamar os nossos co-
nhecidos a viver um Convívio Fraterno, a
assumir o projeto de felicidade que se en-
contra em cada um deles, a viver o que real-
mente mais falta neste mundo: o Amor de
Jesus Cristo.
João Mourinho CF 980
Bragança
Deus criou,como corolário de toda a criação, o homem à
sua imagem e semelhança, como rei de todas as coisas
criados e para por elas, louvar e dar graças ao Criador.
“Todas as coisas são vossas, vós sois de Cristo e Cristo é
de Deus“, assim sintetiza S. Paulo toda a obra da criação .
Embora tenham sido criados, em estado de natureza
pura e com esse plano, porque Deus os criou livres, o
homem e a mulher, nas personagens de Adão e Eva, ten-
tados pelo demónio, destruíram a sua intimidade com
Deus, pela primeira falta de amor grave que tiveram, o
primeiro pecado da humanidade.
Mas Deus, depois de os repreender interpelando-os so-
bre a razão da sua desobediência, não os condenou mas
lançou no seu coração a esperança de lhes enviar um
consolador para reatar a amizade com Deus.
“Porei inimizades entre ti e a mulher, entre a tua descen-
dência e a dela. Esta te esmagará a cabeça e tu lhe ferirás
o calcanhar“ (Gen.3-15).
Através dos séculos o povo de Israel, detentor da pro-
messa, orientado pelos profetas e patriarcas que Deus
escolhia, tentara ser fiél ao seu Deus e alimentar a vinda
do Prometido embora, na sua caminhada de povo, mui-
tas vezes se tenha afastado d’Ele, contra Ele se revoltado
e até o ter trocado, por um bezerro de oiro que adorou na
sua travessia pelo deserto a caminho da terra prometida.
Mas Cristo continuas a ser hoje, como ontem e sempre o
único salvador.
E nos momentos mais complicados da humanidade,
quando os homens mais se afastaram de Deus e viviam
o materialismo, Maria, Mãe de Cristo e nossa Mãe, vem
ao mundo, como enviada de Seu Filho, para pedir aos
homen mudança de vida, para não ofenderem a Deus
que já não suportava mais a maldade dos homens, para
que rezassem e mudassem de vida. Foi assim que Maria,
apelidando-se de Imaculada Conceição, apareceu em
Lourdes, França, em 1858, a uma menina chamada Ber-
nadete, pedindo-lhe para que rezasse e se sacrificasse pe-
los pecados dos homens e para que eles se convertessem.
Foi assim que veio a Fátima, em 1917, quando a Maçona-
ria tomara conta do poder e começara a confiscar os bens
da Igreja e a perseguir as ordens religiosas, sobretudo os
Jesuitas, em Portugal, pedindo aos 3 pastorinhos, a
quem apareceu, para que rezassem o terço do rosário,
que pedissem aos homens para não ofenderem mais o
seu filho e para não irem para o inferno, prometendo-
lhes que se convertessem a guerra mundial, onde esta-
vam e morriam milhares de soldados portugueses, aca-
baria e os soldados regressariam a suas casas.
Maria é sem dúvida a verdadeira ponte que une os ho-
mens de todas as raças e cores para louvarem o seu Fi-
lho! É Ela que mostra o caminho certo para Deus; Ela é
a estrela da manhã que nos mostra o verdadeiro norte da
vida, Jesus Cristo; Ela é a luz que ilumina os caminhos
dos homens para não se perderem na escuridão dos ca-
minhos errados das suas vidas.
Ela é o farol sempre atento para que os homens não se
percam nesta sociedade materialista e consumista em
que vivemos.
José Carlos Silva
Mansores - CF 217
MARIA, NOSSA MÃE
6. JOVENS EM ALERTA Dezembro 20146
A palavra chega de bem perto, das várias Ins-
tituições de Solidariedade Social existentes na
nossa região e vem com autoridade, pois, os
seus fundadores, impressionados pelos cla-
mores dos menos válidos, deixam de lado as
sua vidas para se dedicarem completamente
às comunidades mais incapacitadas. Algumas
acolhem sobretudo pessoas com insuficiên-
cias mentais profundas.
Tomemos como exemplo, o António que para
além da falta de compreensão, não pode me-
xer as mãos, nem anda, nem articula qualquer
palavra. Mas, dizem, é dotado de uma beleza
extraordinária, possui uns olhos brilhantes e
um sorriso admirável. Aceitava com sossego a
sua debilidade, sem ódio e sem azedume. Os
que o assistiam ou com ele contactavam afir-
mam terem mudado de parecer e alguns até
de vida, pois aquele doente, só com o sorriso
agradecido, transportava-os a uma admirável
comunhão de corações construída sobre mú-
tua confiança, abandonando-se de boa vonta-
de aos cuidados dos outros e mostrando sem-
pre uma acabada alegria.
Se nem todos os deficientes reagem com mo-
dos aprazíveis como este jovem ceifado pela
morte, podem, no entanto, conduzir-nos a
descobertas importantíssimas para com-
preendermos o sentido profundo do existir
humano, sobretudo no tempo em que tudo se
mede pela eficiência e produtividade.
Mesmo no absurdo da sua existência, estes
doentes são da nossa raça, do nosso sangue,
da nossa família humana e pedem carinho,
ternura e amor. Têm o direito de cidadania,
como todos os outros, e não podem ser atira-
dos para qualquer gueto, por mais belo e bem
organizado que tecnicamente pareça.
Antes de serem diferentes, são homens, pes-
soas, irmãos nossos a repetir-nos ser a exis-
tência de cada um tocada por milhentas for-
mas de falhas e fraquezas.
Acarretando sobre nós defeitos, lacunas e im-
perfeições, somos constrangidos a descobrir
que os deficientes são o nosso espelho e mos-
tram-nos, na sua dor amarga e estranha, o
fracasso de uma sociedade onde nem todos
têm lugar, pois os espertinhos e habilidosos
apressam-se a ocupar a sua pousada e a dos
outros, a apossar-se do seu posto e dos de-
mais.
No mundo sempre a ensinar a competir, riva-
lizando com todos, vai faltando o amor e
muito mais o respeito pela pessoa seja ela
quem for. Depois, tendo perdido o rumo da
afectividade, nem sabemos amar. Até nos es-
condemos, por entre inúmeros preconceitos,
novas formas de violência, para nem sequer
sermos amados, pois essa nova postura pode-
ria trazer-nos algumas perdas económicas.
Quando o homem moderno tem medo de
amar e ser amado, tornando-se apenas um
açambarcador de benefícios, em que se irá
transformar o mundo?
Não basta proclamar, por toda a parte, o dia
do deficiente. É forçoso formular atitudes
cheias de afecto e ternura para com os mais
necessitados, não tão somente promovendo
-os a máquinas de produtividade, mas mos-
trando-lhes que para além do dinheiro há
muitos outros bens a instituir no mundo
como a interajuda, o sentido do outro, a preo-
cupação por todos sem marginalizar nin-
guém.
Grupo de Convivas de
Bragança-Miranda
OLHANDO O DEFICIENTEUma Europa cansada
A Viagem do Papa Francisco a Es-
trasburgo parece ter agradado aos
eurodeputados e ao Conselho Eu-
ropeu, ao ponto de ser aplaudido
de pé durante alguns minutos. Por
esta ou por aquela razão, todos
gostaram: uns, certamente, porque
falou da “maldita” economia, ou-
tros porque mencionou os traba-
lhadores “explorados” por capita-
listas sem escrúpulos e cheios de
ganância, outros, desconfio, por-
que falou dos pobres numa Europa
neoliberal (como costuma dizer-
se) e outros, finalmente, porque
queriam ficar bem na fotografia e
tinham de dizer alguma coisa. Afi-
nal, coisas da política a que já esta-
mos habituados!
Só temo que a denúncia feita pelo
Papa sobre a economia selvagem
que destrói a dignidade da pessoa
humana, assim como o que disse
sobre a situação dos “elos mais fra-
cos” da nossa sociedade ocidental
(os idosos, os imigrantes, os traba-
lhadores, os pobres e as minorias
tantas vezes ostracizadas), acabe
por não ter efeitos práticos. E temo
ainda mais que a sua visão sobre
esta Europa cansada, envelhecida e
curvada sobre si própria (Fernan-
do Pessoa diria uma Europa que
“jaz, posta nos cotovelos” e que eu
acrescentaria a olhar para um fu-
turo vazio), com uma juventude
desiludida, termine no esqueci-
mento, quando bem merecia uma
reflexão séria da parte dos seus al-
tos representantes. Porque uma
Europa assim só pode ser um cor-
po em decomposição e sem futuro,
se não se lhe puser cobro.
Impressionou-me a expressão “Eu-
ropa avó”, por ser dita, em jeito de
síntese desta visão, por alguém que
vem da América Latina, para quem
esta mesma Europa foi a “mãe” da
sua cultura, da sua civilização e da
sua fé e que hoje pouco ou nada
tem para oferecer. Feita “avó”, sem
filhos nem netos (declínio demo-
gráfico), mais se assemelha a uma
casa arruinada que teima viver em
opulência de fachada, própria de
uma nobreza decadente.
Algo parece estar a desmoronar-se.
Sonhou um paraíso na terra e deu
no que deu. E não foi por acaso.
Por trás está uma história e um
percurso de pelo menos três sécu-
los. Inebriada pela Razão, foi ma-
tando a Fé (Racionalismo/Ilumi-
nismo) ao mesmo tempo que ia
profetizando e concretizando a
“morte de Deus” (Ateísmo) para
entronizar o Homem (Super-Ho-
mem) em seu lugar, fazendo-o se-
nhor do mundo e da história. Deus
foi ficando sem lugar e a mais na
construção da sociedade, enquan-
to os valores cristãos e universais,
tidos como arcaicos, iam sendo
substituídos pelos valores da laici-
dade a que chamam pomposa-
mente liberdade, igualdade e fra-
ternidade (Basta lembrar, como
exemplo, a problemática levantada
sobre a não referência à herança
judaico-cristã aquando do Tratado
Constitucional Europeu).
Eis o homem livre, “salvo” do obs-
curantismo da fé; eis o homem li-
vre que, atingindo a idade adulta,
pode agarrar as rédeas do seu des-
tino, criar-se, recriar-se e ser se-
nhor de si. Deus para quê? A Ciên-
cia e a Técnica deram-lhe o
Progresso e este, por sua vez, deu-
lhe o poder sobre o vasto espaço
aberto pelos Descobrimento onde
começou a exercer esse mesmo
poder. Enriqueceu à custa do ter-
ceiro mundo apropriando-se das
suas matérias primas, matérias que
depois lhe vendia transformadas e
com valor acrescentado.
E rica, julgou-se todo-poderosa,
sem “travões” morais, conduzindo
o carro da história pela ética do re-
lativismo, do individualismo, do
lucro, da ganância e dos interesses
dos mais fortes. Hoje, olha-se ao
espelho e vê-se ainda rica “por
fora” (até quando?), mas “por den-
tro” está vazia e sem rumo, velha e
cansada, sem valores a que possa
agarrar-se, e à espera que um sal-
vador qualquer a venha salvar do
naufrágio.
Mas haja esperança porque os ecos
de “Aquele que vem salvar” se
aproximam rapidamente, trazendo
uma nova oportunidade para os
“homens de boa vontade” e com
um mínimo de juízo e realismo.
Que o Senhor a venha e nos venha
salvar! Santo Natal!
A. da Costa Silva, s.j.
A diocese do Porto apresentou uma Caminhada de Advento – Natal, sob o lema: “Uma Casa
para a alegria do Evangelho”. Em que “A alegria do evangelho é a nossa missão”.
Inspirados no lema diocesano, os convivas da parte Sul da diocese do Porto realizaram no
domingo, 14 de Dezembro, na Igreja da paróquia de Fajões (Oliveira de Azeméis) a Eucaristia
Conviva de Natal. Ao convite lançado para participar na eucaristia apareceram jovens e casais
da diocese. Enquanto muitos dos jovens e casais andavam num enorme stresse nos centros
comerciais em histéricas compras, resultado da nossa sociedade do embrulho e da superficia-
lidade, um conjunto de convivas celebraram a sua fé, junto do altar, na comunhão da Eucaris-
tia e focaram o seu interesse no essencial do Natal… Parece continuar a ser segredo, a socie-
dade no barulho das luzes esquece-se do essencial que é invisível aos olhos. A Estrela de
Belém parece estar ofuscada pelas luzes do mundo. A luz indica o caminho, ilumina! A estre-
la de Belém guia-nos até ao “Presépio”, local de adoração ao Deus Menino que encarnou a
nossa humanidade, para se revelar o filho de Deus, oferecendo a cada um de nós um projecto
de felicidade. A alegria do evangelho é sem dúvida o nosso caminho, a nossa missão, só o
poderemos fazer em comunidade.
O menino Deus deseja construir, no coração dos seres humanos, uma casa para a alegria do
evangelho.
Inspirados no lema, cada grupo presente, no momento do ofertório ofereceu simbolicamente
uma casa para a alegria do evangelho. Após a Eucaristia seguiu-se um lanche partilhado entre
todos e um momento de convívio, com muita conversa, à volta da mesa entre os convivas
presentes, os mais talentosos até se aventuraram no karaoke.
No final da festa fomos para nossas casas mais felizes, penso que ajudamos a construir uma
casa para a Alegria do Evangelho. Um Santo Natal.
António Silva
Missa de Natal
7. O P. José Justino Lopes, pároco de Nespereira,
do Arciprestado de Cinfães, sacerdote zeloso,
entusiasta e à procura de meios apostólicos que
pudessem motivar, formar e entusiasmar por Je-
sus Cristo os seus paroquianos, mormente os
jovens, ao ter conhecimento da realização dos 3
primeiros convívios na diocese e dos extraordi-
nários efeitos no entusiasmo, alegria e aceitação
de Jesus Cristo provocados nos jovens que neles
participaram, veio-me interpelar sobre a possi-
bilidade de fazer a mesma experiência agora
para um grupo de 21 raparigas e 18 rapazes da
sua paróquia. A proposta foi sedutora mas, pelo
imprevisto, deixou-me apreensivo e duvidoso
não só quanto aos efeitos como também às rea-
ções deste trabalho apostólico não só nos parti-
cipantes como nas próprias famílias e na popu-
lação ainda muito reservada à convivência entre
rapazes e raparigas...
Por outro lado, sendo agora este trabalho apos-
tólico feito em regime de coeducação, como iria
a equipa formada apenas por rapazes transmitir
a mensagem e resolver os problemas que pudes-
sem surgir da parte das participantes?
Fortalecido pelos resultados alcançados e acre-
ditando que neste trabalho eu era apenas um
instrumento dócil, mas muito frágil, de que o
Senhor, pela força do Espírito Santo, se servia,
n'Ele coloquei toda a confiança e lancei-me na
aventura de abrir este meio de apostolado tam-
bém a meninas. Senti naquela altura uma força e
uma vontade extraordinária de comunicar Jesus
Cristo aos jovens e, para o fazer, não regateava
esforços e até riscos.
Acabei por acertar com o P. Justino os dias 9, 10
e 11 de Dezembro de 1971 para a concretização
desta nova experiência na Casa de S. José, na
Ortigosa. Urgia preparar a equipa para esta nova
experiência de convívio em regime de coeduca-
ção e também os jovens já convivas.
Na edição da 2ª Folha Informativa, datada de 1
de dezembro de 1971, era dada aos jovens do
movimento a notícia da nova experiência:
«Vai começar no dia 8 de Dezembro, acabando no
dia onze às 24h00, o 6º Convívio–Fraterno, desta
vez e pela primeira, para rapazes e raparigas num
número aproximado de 35 jovens. Responsabili-
dade terrivel, tremenda a deste convívio, pois, da
sua eficácia, dependerá a realização de outros nos
mesmos moldes!
Na sua realização já está intensamente empenha-
da a equipa responsável, rezando, sacrificando-se
e organizando o trabalho. Todavia a equipa ac-
tuante é formada, não só pelos elementos que vão
actuar, mas também por todos os jovens convivas,
sem excepção que devem imediatamente começar
a prepará-lo e a vivê-lo.
Amigo, a eficácia deste convívio depende também
de ti, não esqueças !...
Precisamos de ti, contamos contigo, repito, temos
necessidade absoluta de ti!...
As tuas orações, os teus sacrifícios, a carta que de-
ves, sem falta, escrever aos novos convivas entu-
siasmando-os, para ser lida na altura própria,
não podem faltar sem comprometeres gravemente
a eficácia deste convívio, sem te tornares respon-
sável pelo seu fracasso!...
Amigo, a equipa atuante conta contigo, precisa de
ti não esqueças!
Sê generoso e terás a feliz recompensa de lançares
para o mundo mais 35 “santos” para o transfor-
mar e conquistar para Cristo. Se puderes não fal-
tes ao Encerramento.»
Era com esta “pressão” psicológica, com este
sentido de Corpo Místico e com a certeza de que
todos os jovens, e não só, que no seu dia a dia
vivem a sua vocação, que é a de ser santos, ami-
gos de Deus, nesta Igreja de Jesus Cristo que é
Igreja de “santos”, que eram preparados e reali-
zados todos os convívios fraternos.
No decorrer dos três dias desta experiência de
Deus no primeiro convívio misto, tudo correu
normalmente. As reacções e as interpelações
iam surgindo com toda a naturalidade e as res-
postas dadas pela equipa com compreensão,
atenção, carinho e amor. No encerramento, pe-
rante a admiração de todos os presentes, os tes-
temunhos dos participantes, tanto dos rapazes
como das raparigas, foram extraordinários con-
fessando publicamente o seu entusiasmo e a sua
felicidade pelo encontro que fizeram com Jesus
Cristo. Afirmaram que, pela primeira vez, com-
preenderam que é possível, durante 3 dias, rapa-
zes e raparigas viverem uma experiência de
amor de Deus como irmãos, respeitando-se e
libertos de qualquer obsessão sexual!...
O entusiasmo, a paz, a alegria e a felicidade ma-
nifestadas pelos jovens que faziam a experiência
de um convívio contagiavam os ambientes onde
se encontravam na cidade de Lamego e nas pa-
róquias a que pertenciam, os outros jovens e,
por isso, despertavam neles o desejo de também
fazer a mesma experiência.
Por isso os convívios sucediam a ritmo quase in-
compreensível.
Esta primeira experiência de convívio misto re-
sultou e a todos entusiasmou. Por isso foi logo
programado o 2 º convívio para rapazes e rapa-
rigas para os dias 20, 21 e 22 de Dezembro de
1971, ferias de Natal.
Balada da UniãoDezembro 2014 7
Corria o ano de 1976 quando fiz o meu convívio fraterno, o 42º
a nível nacional. Contava na altura 17 anos! Foram três dias de
muita alegria, partilha e entusiasmo! Nessa época, os tempos re-
volucionários ainda estavam próximos e vivíamos num contexto
de grande mudança e liberdade! As comunidades locais anda-
vam entusiasmadas e a dinâmica dos grupos de jovens da Beira
-Mar era grande e marcava uma presença sempre muito anima-
da no encontros que se realizavam um pouco por todo o lado! Eu
participava num desses grupos e fui convidado a participar num
convívio. Não sabia ao que ia, aceitei o convite e dei comigo no
Seminário Maior em Coimbra a participar num convívio frater-
no. Uma marca de vida inesquecível por tudo o que representou
(e ainda representa) para mim. Lembro-me dos testemunhos
fortes que mexeram muito comigo e tantas vezes me fizeram
chorar… Lembro-me de ter assumido o meu compromisso de
vida gravado a letras maiúsculas num cartão que passou a andar
sempre comigo… Lembro-me do dia do encerramento, no salão
do Seminário-Maior de Coimbra a transbordar de amigos e fa-
miliares, num ambiente muito fraterno, de grande alegria ao
som de cânticos que repetíamos vezes sem fim… Lembro-me da
preocupação que tínhamos em dizer a toda a gente que o conví-
vio fraterno não acabava ali, o 4º dia era o mais importante e iria
exigir muito de nós…. Lembro-me de chegarmos à nossa paró-
quia mais fortalecidos e entusiasmados para continuar as nossas
atividades e sonhar novos projetos…
O convívio fraterno foi um tempo muito intenso onde me en-
contrei com um Deus Pai próximo, acolhedor e amoroso. Foi
uma experiência muito rica que marcou os anos de juventude
que se seguiram e me deu força para lutar por uma sociedade
mais justa e fraterna. Tive a oportunidade de experienciar vários
encontros fortes com Deus, mas o 42º Convívio foi talvez o pri-
meiro e também por isso um marco inesquecível. Mais tarde in-
centivei vários colegas a participarem, incluindo a minha namo-
rada, actual esposa. E quando nos casamos quisemos que o
cântico final do nosso casamento fosse o Hino dos Convivas. Fiz
grandes amizades que ainda hoje permanecem e quando nos
cruzamos a marca permanece: somos do 42º convívio fraterno!
Passaram muitos anos. À distância fui acompanhando a evolu-
ção dos convívios que se foram realizando. Tinha previsto parti-
cipar no encerramento do 1000º, por ser um momento simbóli-
co para todos nós. Descuidei-me e tal não se concretizou. Mas
quis Deus que a minha filha Bárbara decidisse participar num
convívio em abril de 2014. Foi um privilégio poder estar no en-
cerramento desse convívio, no Seminário dos Dehonianos em
Coimbra. Foi o 1246 convívio fraterno! Tinham passado 38 anos
e eu estava ali de novo, mergulhado num misto de nostalgia, ale-
gria e emoção! Reencontrei alguns amigos e revivi o meu conví-
vio fraterno. Vi a mesma força e a alegria contagiante em todos
aqueles jovens que deram os seus testemunhos. As semelhanças
com o passado eram muitas!
Aqui chegados, importa fazer uma reflexão mais profunda e co-
locar algumas questões: qual o meu testemunho de vida como
conviva e cristão nos tempos que correm? De que forma, após
todos estes anos, estou a viver o meu 4º dia? Reavaliei o meu
compromisso de tornar o mundo um pouco melhor, quando
aceitei o desafio de ser um instrumento de Cristo e levar uma
nova luz e esperança àqueles que me rodeiam. Hoje como ontem
continua a ser o tempo de não cruzar os braços e de fazer de cada
dia o meu 4º dia do convívio fraterno. Este é o tempo em que o
meu SIM tem de ser renovado, sabendo que não estou sozinho,
pois “Eu estarei sempre convosco até ao fim dos tempos”. (Mt,
28-20)
Agradeço a todos os que me proporcionaram esta oportunidade
e me ajudaram a fazer o caminho para chegar até aqui. Somos
convivas sempre!
Manuel Leitão Cruz
Coimbra - CF 42
MEMÓRIAS DO 42º CONVÍVIO FRATERNO
EM COIMBRA
“Eu estarei sempre convosco até ao fim dos tempos” Mt 28,20
COMO SURGIRAM OS CONVÍVIOS MISTOS ?
9º Convívio Fraterno Misto
8. Balada da União Dezembro 20148
BALADA DA UNIÃO
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Avanca
Papa encerrou trabalhos do Sínodo com alertas contra
rigorismo e facilitismo
O Papa Francisco encerrou, no dia 19 de Outubro, os
trabalhos da terceira assembleia extraordinária do
Sínodo dos Bispos com um discurso em que alertou
contra atitudes de rigorismo ou de facilitismo na
ação da Igreja.
“A Igreja tem as portas escancaradas para receber os
necessitados, os arrependidos e não só os justos ou
os que pensam que são perfeitos. A Igreja não se en-
vergonha do irmão caído e não finge que não o vê,
pelo contrário, sente-se levada e quase obrigada a le-
vantá-lo de novo”, declarou, concluindo duas sema-
nas de debate sobre o tema ‘Os desafios pastorais so-
bre a família no contexto da evangelização’, noticiou
a Agência Ecclesia.
Francisco, que interveio pela primeira vez desde a
sessão inaugural, a 6 de Outubro, admitiu que houve
“tentações” de “rigidez hostil”, ou seja, de quem se
quis “fechar no que está escrito” em vez de se deixar
“surpreender por Deus”.
“Desde o tempo de Jesus, é a tentação dos zelosos,
dos escrupulosos, dos cuidadosos e dos hoje chama-
dos tradicionalistas e também intelectualistas”, preci-
sou.
O Papa advertiu ainda para a “tentação do facilitis-
mo [buonismo, em italiano] destrutivo, que em
nome de uma misericórdia enganadora enfaixa as
feridas sem primeiro as curar e medicar”.
“É a tentação dos facilitistas dos medrosos e também
dos chamados progressistas e liberais”, realçou.
Francisco lamentou que muitos comentadores te-
nham pensado “ver um Igreja em litígio”, durante o
Sínodo 2014, “onde uma parte está contra a outra”.
A intervenção pediu que a Igreja não transforme “o
pão em pedra”, para a atirar contra “os pecadores,
fracos e doentes” e alertou para a “tentação de descer
da cruz, para contentar as pessoas” em vez de purifi-
car o “espírito mundano”.
O debate, disse Francisco, decorreu sem colocar
nunca em discussão as verdades fundamentais do sa-
cramento do Matrimónio: indossubilidade, unidade,
fidelidade e abertura à vida.
Francisco falou ainda na tentação de “descuidar o
depósito da fé”, considerando-se “não guardiães, mas
proprietários e patrões”, ou de “descuidar a realida-
de”, com uma linguagem incompreensível.
Segundo o Papa, este Sínodo foi um “caminho” que
incluiu momentos de “tensão” e de “consolação”, ad-
mitindo que teria ficado mais preocupado se “todos
estivessem de acordo ou taciturnos numa falsa e
quietista paz”.
A intervenção, observou, ainda que o dever de cada
bispo, como “pastor”, é o “alimentar o rebanho que o
Senhor lhe confiou” acolhendo e indo ao encontro
das ovelhas perdidas “com paternidade e misericór-
dia, sem falsos medos”.
“Caros irmãos e irmãs, agora temos ainda um ano
para amadurecer, com um verdadeiro discernimento
espiritual, as ideias propostas e encontrar soluções
concretas para tantas dificuldades e incontáveis de-
safios que as famílias têm de enfrentar”, concluiu.
Segundo o porta-voz do Vaticano, a intervenção de
Francisco foi aplaudida de pé durante cinco minutos.
O Vaticano apresentou, a 19 de Outu-
bro, em conferência de imprensa, o
relatório final da assembleia extraor-
dinária do Sínodo dos Bispos, que de-
bateu os temas da família, o qual su-
blinha a “verdade” da indossubilidade
do casamento, recusando outros tipos
de união.
O documento, publicado pela sala de
imprensa da Santa Sé e citado pela
Agência Ecclesia, refere que o “víncu-
lo nupcial” na Igreja Católica é o sa-
cramento odo Matrimónio e que
“qualquer ruptura do mesmo é contra
a vontade Deus”.
O Sínodo assume a necessidade de
“discernir os caminhos para renovar
a Igreja e a sociedade no seu compro-
misso pela Igreja fundada sobre o
matrimónio”, a “união indossolúvel
entre o homem e a mulher”.
Os participante sustentam que “os
grandes valores do matrimónio e da
família cristã” são a resposta aos an-
seios da existência humana face ao
“individualismo” e “hedionismo”.
O documento sintetiza as duas sema-
nas de debate, com intervenções em
sessões gerais e discussões em grupos
linguísticos em que se discutiu muito
a relação entre a doutrina e miseri-
córdia.
Jesus, “colocou em prática a dooutri-
na ensinada, manifestando assim o
verdadeiro significado da misericór-
dia”, pode ler-se, antes de se referir
que “a maior misericórdia é dizer a
verdade com amor”.
A reflexão sobre casamentos civis, di-
vorciados e recasados na Igreja deixa
uma mensagem de “amor” para com
a “pessoa pecadora” na vida eclesial.
“Trata-se de acolher e acompanhar
estas pessoas com paciência e delica-
deza”, pode ler-se.
O documento retoma as observações
sobre a necessidade de fazer “escolhas
pastorais corajosas” na ação da Igreja
junto das “famílias feridas”, em parti-
cular junto de quem “viveu injusta-
mente” a separação e o divórcio.
O relatório final do Sínodo de 2014,
foi votado, ponto a ponto, em cada
um dos seus 62 números, que reuniu
470 propostas dos chamados “círcu-
los menores”.
A 14ª Assembleia Geral ordinária do
Sínodo dos Bispos vai decorrer de 4 a
25 de Outubro de 2015, com o tema:
A vocação e a missão da família na
Igreja, no mundo contemporâneo.
As votações sobre cada número fo-
ram divulgadas pelo Vaticano, por
decisão do Papa, revelando que os pa-
rágrafos 52 (acesso dos divorciados
recasados à comunhão), 53 (comu-
nhão espiritual a divorciados), e 55
(homossexuais) não chegaram a uma
maioria de dois terços dos 183 padres
sinodais presentes; o parágrafo 41
(matrimónios civis e uniões de facto)
mereceu 54 votos contra.
Em relação ao acesso à Comunhão e à
Penitência pelos divorciados em se-
gunda união, tema sobre o qual se ge-
rou divisão entre os participantes, al-
guns “argumentaram em favor da
disciplina actual [que impede o aces-
so aos sacramentos]” e outros pro-
põem um “acolhimento não-genera-
lizado”.
Este foi o ponto em que houve mais
votos contra (74), no qual se pede que
seja aprofundada a questão, “tendo
presente a distinção entre situação
objectiva de pecado e circunstâncias
atenuantes”.
O texto apresenta dois números sobre
a situação dos homossexuais, com
críticas às “pressões” sobre os mem-
bros da Igreja por causa da sua dou-
trina nesta matéria e às leis que insti-
tuem uniões entre pessoas do mesmo
sexo.
62 sinodistas votaram contra um nú-
mero no qual se afirma que “os ho-
mens e as mulheres com tendências
homossexuais devem ser acolhidos
com respeito e delicadez”.
Relatório final do Sínodo
O relatório do Sínodo alude ainda às
propostas para tornar “mais acessíveis e
ágeis”, de preferência “gratuitos”, os pro-
cedimentos para o reconhecimento de
casos de nulidade matrimonial, real-
çando que alguns participantes se mos-
traram “contrários” a mudanças.
Os vários pontos apelam à valorização
dos métodos naturais de planeamento
natural e da adopção, condenando a
mentalidade “anti-natalista”; recordam
a reflexão sobre a família nos documen-
tos da Igreja e pedem liberdade de edu-
cação para os pais.