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UMA ABORDAGEM SOBRE PESTALOZZI ENFATIZANDO AS
CONTRIBUIÇÕES PARA A EDUCAÇÃO


                                                        Levi Júnio de Camargoi
                                                        Marecelo Augusto Morais Martinsii
                                                        Samanda Candida Botelhoiii
                                                        Tatiane Cristina de Camargosiv




            Johann Heinrich Pestalozzi nasceu em 1746 em Zurique, na Suíça. Na juventude,
ele abandonou os estudos religiosos para se dedicar à agricultura. Quando a empreitada se
tornou o primeiro de muitos fracassos materiais de sua vida, Pestalozzi levou algumas
crianças pobres para casa, onde encontraram escola e trabalho como tecelãs, aprendendo a se
sustentar. Alguns anos depois, a escola se inviabilizou e Pestalozzi passou a explorar suas
idéias em livros, entre eles Os Crepúsculos de um Eremita e o romance Leonardo e Gertrudes.
Uma nova chance de exercitar seu método só surgiu quando ele já tinha mais de 50 anos, ao
ser chamado para dar aulas aos órfãos da batalha de Stans. Mais duas experiências se
seguiram, em escolas de Burgdorf e Yverdon. Nesta última, que existiu de 1805 a 1825,
Pestalozzi desenvolveu seu projeto mais abrangente, dando aulas para estudantes de várias
origens e comandando uma equipe de professores. Divergências entre eles levaram a escola a
fechar. Yverdon projetou o nome de Pestalozzi no exterior e foi visitada por muitos dos
grandes educadores da época.
            Para a mentalidade contemporânea, amor talvez não seja a primeira palavra que
venha à cabeça quando se fala em ciência, método ou teoria. Mas o afeto teve papel central na
obra de pensadores que lançaram os fundamentos da pedagogia moderna. Nenhum deles deu
mais importância ao amor, em particular ao amor materno, do que o suíço Johann Heinrich
Pestalozzi (1746-1827).
            Antecipando concepções do movimento da Escola Nova, que só surgiria na virada
do século 19 para o 20, Pestalozzi afirmava que a função principal do ensino é levar as
crianças a desenvolver suas habilidades naturais e inatas. "Segundo ele, o amor deflagra o
processo de auto-educação", diz a escritora Dora Incontri, uma das poucas estudiosas de
Pestalozzi no Brasil.
A escola idealizada por Pestalozzi deveria ser não só uma extensão do lar como
inspirar-se no ambiente familiar, para oferecer uma atmosfera de segurança e afeto. Ao
contrário de muitos de seus contemporâneos, o pensador suíço não concordava totalmente
com o elogio da razão humana. Para ele, só o amor tinha força salvadora, capaz de levar o
homem à plena realização moral - isto é, encontrar conscientemente, dentro de si, a essência
divina que lhe dá liberdade. "Pestalozzi chega ao ponto de afirmar que a religiosidade humana
nasce da relação afetiva da criança com a mãe, por meio da sensação de providência", diz
Dora Incontri.
           A vida e obra de Pestalozzi estão intimamente ligadas à religião. Cristão devoto e
seguidor do protestantismo, ele se preparou para o sacerdócio, mas abandonou a idéia em
favor da necessidade de viver junto da natureza e de experimentar suas idéias a respeito da
educação. Seu pensamento permaneceu impregnado da crença na manifestação da divindade
no ser humano e na caridade, que ele praticou principalmente em favor dos pobres.
           A criança, na visão de Pestalozzi, se desenvolve de dentro para fora - idéia oposta
à concepção de que a função do ensino é preenchê-la de informação. Para o pensador suíço,
um dos cuidados principais do professor deveria ser respeitar os estágios de desenvolvimento
pelos quais a criança passa. Dar atenção à sua evolução, às suas aptidões e necessidades, de
acordo com as diferentes idades, era, para Pestalozzi, parte de uma missão maior do educador,
a de saber ler e imitar a natureza - em que o método pedagógico deveria se inspirar.


           Buscando melhores métodos


           Borges diz que, Pestalozzi afirmava ser tarefa dos educadores buscarem não
apenas os bons métodos, mas os melhores métodos. Assim como o apostolo Paulo desafia os
bons cristãos e buscarem os melhores dons e conclui que o melhor dos dons é o amor (I Co
13), Pestalozzi conclui que o melhor dos métodos pedagógicos é o amor. O educador deveria
inspirar-se primeiramente no amor de Deus pelos seres humanos, cuja característica principal
é a incondicionalidade. Em seguida, o amor maternal deveria ser tido como um modelo para
todos aqueles que desejassem educar crianças, procurando desenvolver o potencial e a
dignidade próprios da natureza do ser criado à imagem e semelhança de Deus.
           Sob esta perspectiva, Pestalozzi trabalhava com a firme convicção de que mesmo
as crianças mais pobres eram portadoras de tesouros interiores que deveriam ser descobertos e
estimulados por meio da educação amorosa. Em suas palavras;
Confiante nas faculdades da natureza humana que Deus colocou nas
                                    crianças mais pobre e mais desprezadas eu não tinha apenas aprendido
                                    em experiências anteriores que esta natureza desdobra as mais
                                    formosas potencialidade em meio ao lado da rudeza, do
                                    embrutecimento e da ruína, mas via, nas minhas próprias crianças,
                                    irromper essa força viva, mesmo em meio à toda sua brutalidade
                                    (Apud INCONTRI, 1996, p.90).

            Para Pestalozzi, o amor materno é um exemplo para que educadores desenvolvam
sua capacidade de amar seus educandos. Mas este amor materno é apenas um símbolo do
amor Ágape que se origina em Deus e é este o que gera o amor pelos semelhantes. Segundo
esta concepção, a educação é uma prática humanizante, que transforma os seres humanos
naquilo que eles realmente devem ser, mas apenas o amor que é inseparável da relação com
Deus, é capaz de tal façanha, segundo Borges.
            Borges ainda afirma que, a busca da autonomia está intimamente relacionada a
duas tarefas educacionais distintas: é necessário auxiliar a criança a descobrir sua condição de
ser humano e com isso identificar o que ela tem de comum com todos os demais componentes
dessa humanidade e depois reconhecer a forma particular como cada um deverá realizar-se
como ser humano. Pestalozzi afirma a necessidade de ser em mente que o aluno,
independentemente da camada social a que pertença e da profissão a que aspire, participa de
certos elementos da natureza humana que são comuns e constituem o fundamento das forças
humanas. Por outro lado, cada um tem sua forma específica de expressar os traços dessa
humanidade que deve refletir os traços da imagem divina e o educador não tem o direito de
limitar o desenvolvimento de nenhuma das capacidades individuais dos estudantes.
            Ao contrário de Rousseau, cuja teoria é idealizada, Pestalozzi, segundo a
educadora Dora Incontri, "experimentava sua teoria e tirava a teoria da prática", nas várias
escolas que criou. Pestalozzi aplicou em classe seu princípio da educação integral - isto é, não
limitada à absorção de informações. Segundo ele, o processo educativo deveria englobar três
dimensões humanas, identificadas com a cabeça, a mão e o coração. O objetivo final do
aprendizado deveria ser uma formação também tripla: intelectual, física e moral. E o método
de estudo deveria reduzir-se a seus três elementos mais simples: som, forma e número. Só
depois da percepção viria a linguagem. Com os instrumentos adquiridos desse modo, o
estudante teria condições de encontrar em si mesmo liberdade e autonomia moral. Como
alcançar esse objetivo dependia de uma trajetória íntima, Pestalozzi não acreditava em
julgamento externo. Por isso, em suas escolas não havia notas ou provas, castigos ou
recompensas, numa época em que chicotear os alunos era comum. "A disciplina exterior, na
escola de Pestalozzi, era substituída pelo cultivo da disciplina interior, essencial à moral
protestante", diz Alessandra Arce.




REFERÊNCIAS


http://educarparacrescer.abril.com.br/aprendizagem/pestalozzi-307416.shtml
http://www.espiritismogi.com.br/biografias/pestalozzi.htm
BORGES, Inez augusto. Johan Heinrich Pestalozzi e suas contribuições para a Reflexão sobre
a Educação Cristã. Disponível em:
http://www.mackenzie.br/fileadmin/Chancelaria/GT2/Inez_Augusto_Borges_II.pdf. Acesso
em 16 de setembro de 2011.
i
   Graduando em Licenciatura Plena em Geografia pela UEG/UnU Itapuranga.
ii
    Graduando em Licenciatura Plena em Geografia pela UEG/UnU Itapuranga.
iii
    Graduando em Licenciatura Plena em Geografia pela UEG/UnU Itapuranga.
iv
    Graduando em Licenciatura Plena em Geografia pela UEG/UnU Itapuranga.

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Pestalozzi

  • 1. UMA ABORDAGEM SOBRE PESTALOZZI ENFATIZANDO AS CONTRIBUIÇÕES PARA A EDUCAÇÃO Levi Júnio de Camargoi Marecelo Augusto Morais Martinsii Samanda Candida Botelhoiii Tatiane Cristina de Camargosiv Johann Heinrich Pestalozzi nasceu em 1746 em Zurique, na Suíça. Na juventude, ele abandonou os estudos religiosos para se dedicar à agricultura. Quando a empreitada se tornou o primeiro de muitos fracassos materiais de sua vida, Pestalozzi levou algumas crianças pobres para casa, onde encontraram escola e trabalho como tecelãs, aprendendo a se sustentar. Alguns anos depois, a escola se inviabilizou e Pestalozzi passou a explorar suas idéias em livros, entre eles Os Crepúsculos de um Eremita e o romance Leonardo e Gertrudes. Uma nova chance de exercitar seu método só surgiu quando ele já tinha mais de 50 anos, ao ser chamado para dar aulas aos órfãos da batalha de Stans. Mais duas experiências se seguiram, em escolas de Burgdorf e Yverdon. Nesta última, que existiu de 1805 a 1825, Pestalozzi desenvolveu seu projeto mais abrangente, dando aulas para estudantes de várias origens e comandando uma equipe de professores. Divergências entre eles levaram a escola a fechar. Yverdon projetou o nome de Pestalozzi no exterior e foi visitada por muitos dos grandes educadores da época. Para a mentalidade contemporânea, amor talvez não seja a primeira palavra que venha à cabeça quando se fala em ciência, método ou teoria. Mas o afeto teve papel central na obra de pensadores que lançaram os fundamentos da pedagogia moderna. Nenhum deles deu mais importância ao amor, em particular ao amor materno, do que o suíço Johann Heinrich Pestalozzi (1746-1827). Antecipando concepções do movimento da Escola Nova, que só surgiria na virada do século 19 para o 20, Pestalozzi afirmava que a função principal do ensino é levar as crianças a desenvolver suas habilidades naturais e inatas. "Segundo ele, o amor deflagra o processo de auto-educação", diz a escritora Dora Incontri, uma das poucas estudiosas de Pestalozzi no Brasil.
  • 2. A escola idealizada por Pestalozzi deveria ser não só uma extensão do lar como inspirar-se no ambiente familiar, para oferecer uma atmosfera de segurança e afeto. Ao contrário de muitos de seus contemporâneos, o pensador suíço não concordava totalmente com o elogio da razão humana. Para ele, só o amor tinha força salvadora, capaz de levar o homem à plena realização moral - isto é, encontrar conscientemente, dentro de si, a essência divina que lhe dá liberdade. "Pestalozzi chega ao ponto de afirmar que a religiosidade humana nasce da relação afetiva da criança com a mãe, por meio da sensação de providência", diz Dora Incontri. A vida e obra de Pestalozzi estão intimamente ligadas à religião. Cristão devoto e seguidor do protestantismo, ele se preparou para o sacerdócio, mas abandonou a idéia em favor da necessidade de viver junto da natureza e de experimentar suas idéias a respeito da educação. Seu pensamento permaneceu impregnado da crença na manifestação da divindade no ser humano e na caridade, que ele praticou principalmente em favor dos pobres. A criança, na visão de Pestalozzi, se desenvolve de dentro para fora - idéia oposta à concepção de que a função do ensino é preenchê-la de informação. Para o pensador suíço, um dos cuidados principais do professor deveria ser respeitar os estágios de desenvolvimento pelos quais a criança passa. Dar atenção à sua evolução, às suas aptidões e necessidades, de acordo com as diferentes idades, era, para Pestalozzi, parte de uma missão maior do educador, a de saber ler e imitar a natureza - em que o método pedagógico deveria se inspirar. Buscando melhores métodos Borges diz que, Pestalozzi afirmava ser tarefa dos educadores buscarem não apenas os bons métodos, mas os melhores métodos. Assim como o apostolo Paulo desafia os bons cristãos e buscarem os melhores dons e conclui que o melhor dos dons é o amor (I Co 13), Pestalozzi conclui que o melhor dos métodos pedagógicos é o amor. O educador deveria inspirar-se primeiramente no amor de Deus pelos seres humanos, cuja característica principal é a incondicionalidade. Em seguida, o amor maternal deveria ser tido como um modelo para todos aqueles que desejassem educar crianças, procurando desenvolver o potencial e a dignidade próprios da natureza do ser criado à imagem e semelhança de Deus. Sob esta perspectiva, Pestalozzi trabalhava com a firme convicção de que mesmo as crianças mais pobres eram portadoras de tesouros interiores que deveriam ser descobertos e estimulados por meio da educação amorosa. Em suas palavras;
  • 3. Confiante nas faculdades da natureza humana que Deus colocou nas crianças mais pobre e mais desprezadas eu não tinha apenas aprendido em experiências anteriores que esta natureza desdobra as mais formosas potencialidade em meio ao lado da rudeza, do embrutecimento e da ruína, mas via, nas minhas próprias crianças, irromper essa força viva, mesmo em meio à toda sua brutalidade (Apud INCONTRI, 1996, p.90). Para Pestalozzi, o amor materno é um exemplo para que educadores desenvolvam sua capacidade de amar seus educandos. Mas este amor materno é apenas um símbolo do amor Ágape que se origina em Deus e é este o que gera o amor pelos semelhantes. Segundo esta concepção, a educação é uma prática humanizante, que transforma os seres humanos naquilo que eles realmente devem ser, mas apenas o amor que é inseparável da relação com Deus, é capaz de tal façanha, segundo Borges. Borges ainda afirma que, a busca da autonomia está intimamente relacionada a duas tarefas educacionais distintas: é necessário auxiliar a criança a descobrir sua condição de ser humano e com isso identificar o que ela tem de comum com todos os demais componentes dessa humanidade e depois reconhecer a forma particular como cada um deverá realizar-se como ser humano. Pestalozzi afirma a necessidade de ser em mente que o aluno, independentemente da camada social a que pertença e da profissão a que aspire, participa de certos elementos da natureza humana que são comuns e constituem o fundamento das forças humanas. Por outro lado, cada um tem sua forma específica de expressar os traços dessa humanidade que deve refletir os traços da imagem divina e o educador não tem o direito de limitar o desenvolvimento de nenhuma das capacidades individuais dos estudantes. Ao contrário de Rousseau, cuja teoria é idealizada, Pestalozzi, segundo a educadora Dora Incontri, "experimentava sua teoria e tirava a teoria da prática", nas várias escolas que criou. Pestalozzi aplicou em classe seu princípio da educação integral - isto é, não limitada à absorção de informações. Segundo ele, o processo educativo deveria englobar três dimensões humanas, identificadas com a cabeça, a mão e o coração. O objetivo final do aprendizado deveria ser uma formação também tripla: intelectual, física e moral. E o método de estudo deveria reduzir-se a seus três elementos mais simples: som, forma e número. Só depois da percepção viria a linguagem. Com os instrumentos adquiridos desse modo, o estudante teria condições de encontrar em si mesmo liberdade e autonomia moral. Como alcançar esse objetivo dependia de uma trajetória íntima, Pestalozzi não acreditava em julgamento externo. Por isso, em suas escolas não havia notas ou provas, castigos ou recompensas, numa época em que chicotear os alunos era comum. "A disciplina exterior, na
  • 4. escola de Pestalozzi, era substituída pelo cultivo da disciplina interior, essencial à moral protestante", diz Alessandra Arce. REFERÊNCIAS http://educarparacrescer.abril.com.br/aprendizagem/pestalozzi-307416.shtml http://www.espiritismogi.com.br/biografias/pestalozzi.htm BORGES, Inez augusto. Johan Heinrich Pestalozzi e suas contribuições para a Reflexão sobre a Educação Cristã. Disponível em: http://www.mackenzie.br/fileadmin/Chancelaria/GT2/Inez_Augusto_Borges_II.pdf. Acesso em 16 de setembro de 2011.
  • 5. i Graduando em Licenciatura Plena em Geografia pela UEG/UnU Itapuranga. ii Graduando em Licenciatura Plena em Geografia pela UEG/UnU Itapuranga. iii Graduando em Licenciatura Plena em Geografia pela UEG/UnU Itapuranga. iv Graduando em Licenciatura Plena em Geografia pela UEG/UnU Itapuranga.