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CAPÍTULO 2 - OS FACTORES DE ESCOLHA PROFISSIONAL
Caro(a) estudante, a escolha profissional é um fenómeno que inicia particularmente na
adolescência e persiste por toda a vida, portanto é um processo dinâmico. No entanto,
no momento da escolha profissional, vários factores de ordem biológica, social,
educacional, económicos entre outros incidem sobre o adolescente condicionando e
dificultando a sua decisão, pelo que se pode concluir que a escolha profissional é
também um processo multi-determinado.
É na adolescência que se verifica o primeiro contacto indivíduo com o mundo das
profissões e as primeiras impressões sobre o mercado de trabalho, além do início do
auto-conhecimento, particularmente, em termos da identidade vocacional. Portanto,
cabe ao orientador profissional conhecer e avaliar os factores que, de certa forma,
exercem influência sobre o orientando, dificultando o processo de decisão de carreira,
no momento da escolha de curso.
A escolha profissional é influenciada por factores de vária natureza e podem ser
agrupados em: factores biológicos, factores psicológicos, factores subjectivos, factores
educacionais, factores sociais, factores económicos e factores políticos.
2.1 Factores biológicos
Os factores biológicos dizem respeito aos aspectos hereditários da personalidade
humana, portanto são as disposições biológicas dos indivíduos. Pode-se enquadrar neste
grupo o género e o temperamento que são factores que têm uma influência significativa
na decisão de carreira como veremos de seguida.
2.1.1 O género
O termo género foi proposto como uma alternativa ao termo sexo, pois homens e
mulheres, masculino e feminino são categorias sociais historicamente produzidas que
não devem ser reduzidas a uma categoria biológica (Machado, 1999).
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Para Azevedo (2006), o que se considera masculino e feminino numa sociedade não é
definido pelas características biológicas com as quais os indivíduos nascem, mas pela
maneira como estas são representadas, ou valorizadas, pelo que tudo aquilo que se diz
ou se pensa sobre elas constitui as chamadas representações de género.
Portanto, as competências e qualificações-chave dos seres humanos são de natureza
universal e, como tal, não podem (nem devem) ser consideradas características
específicas de qualquer um dos sexos (Rainha e Figueira, s/d).
Caro(a) estudante, o orientador profissional deve levar o adolescente a integrar em sua
identidade vocacional a valoração de que não há profissões mais ou menos ‘masculinas’
ou ‘femininas’, pois, por um lado, profissões consideradas, classicamente masculinas,
como por exemplo as de mecânico, vendedor de combustível, pedreiro, engenheiro
civil, árbitro de futebol, entre outras, são actualmente desempenhadas por indivíduos do
sexo feminino e, por outro lado, profissões consideradas, classicamente, femininas
como por exemplo as de cabeleireiro, babá, secretária, educadora de infância, entre
outras, são hoje desempenhadas por indivíduos do sexo masculino.
A crescente participação da mulher moçambicana no mercado de trabalho, nas esferas
públicas e na vida política tem sido responsável por conquistas importantes numa
perspectiva de género e mudanças significativas nas políticas governamentais (Rainha
& Figueira, op. cit.). Antes vistas apenas no âmbito das relações pessoais e do
doméstico, a mulher passa a ser tratada politicamente na esfera pública.
2.1.2 O temperamento
O temperamento é “o conjunto individualmente peculiar e naturalmente condicionado
das manifestações dinâmicas do psiquismo...” (Petrovsky, 1989, p.325). Portanto, o
temperamento é o conjunto de factores biológicos (anatómicos e fisiológicos) que
influem no comportamento humano e que constituem a base do comportamento do ser
humano incluindo o comportamento vocacional e profissional.
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É um facto que, em condições de relativa igualdade dos motivos de conduta e da
actividade e das mesmas influências externas, os homens diferem consideravelmente
uns dos outros quanto à impressionabilidade, quanto à impulsividade e à energia
revelada (Petrovsky, 1989). A título de exemplo, uma pessoa está mais predisposta a
proceder devagar, outra, mais depressa, a uma é inerente o despertar fácil dos
sentimentos, a uma outra, o sangue-frio; uma distingue-se por gestos bruscos e mímica
expressiva, uma outra, pelo comedimento dos movimentos e pouca mobilidade do rosto.
O temperamento foi classificado por Hipócrates, médico grego (460 a.C – 370 a.C), em
quatro tipos, nomeadamente: o sanguíneo, o fleumático, o colérico e o melancólico que
passamos a descrever.
1) Sanguíneo: corresponde a uma pessoa com uma actividade psíquica notável que
reage rapidamente aos acontecimentos em seu torno, que procura alterar
rapidamente as situações, que se emociona relativamente pouco com os
fracassos e desgostos, é viva, ágil e expressiva.
2) Fleumático: condiz com um(a) homem/mulher impassível, com aspirações e
disposições de espírito estáveis, com sentimentos constantes e profundos, com
acções e fala regulares e expressividade externa fraca dos estados de ânimo.
3) Colérico: representa um(a) homem/mulher muito energético(a), capaz de se
empenhar na sua causa com uma paixão especial, rápido(a) e impetuoso(a),
predisposto(a) a eclosões emocionais tempestuosas e mudanças bruscas dos
estados de espírito e movimentos impetuosos.
4) Melancólico: diz respeito um(a) homem/mulher emocionável, com emoções
profundas, vulnerável, mas que reage debilmente aos acontecimentos em seu
torno com movimentos comedidos e fala baixa.
Todavia, a classificação de Hipócrates não é a única o que significa que não é
conclusiva e há agora classificações mais recentes. Silva (1993), traz outra classificação
dos temperamentos onde os caracteriza em quatro tipos, nomeadamente:
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1) Realista perceptivo: o valor supremo é a liberdade de acção. Sente-se
gratificado ao trabalhar de forma independente, uma vez que o seu ideal,
também no que se refere ao âmbito profissional, é aquele que lhe permite agir
quando e como gosta. O tipo realista perceptivo não suporta procedimentos
predeterminados, rotinas, hierarquias, regulamento, por lhe parecerem
destituídos do sentido.
Também não vê inconvenientes em enfrentar situações onde o resultado é
desconhecido, pois trata-se de uma forma de testar a sua liberdade e sua
capacidade de agir nas diversas ocorrências.
2) Tipo realista judicativo: a dedicação e a persistência são características
marcantes deste tipo. Mais do que qualquer outro, é capaz de dedicar-se
inteiramente não só às pessoas que estão sobre sua responsabilidade, mas
também às pequenas tarefas doutrineiras fundamentais à existência humana.
Essa capacidade de doação é acompanhada do sentido de honra em relação à
palavra dada e aos compromissos assumidos à coerência consigo mesmo e o
cumprimento dos deveres que considera como seus, são sua meta constante. É
extremamente sensível à realidade alheia e às injustiças sociais, procura fazer
tudo o que lhe seja possível para minimizá-las.
3) Tipo intuitivo racional: o desejo de compreender e controlar a natureza, tanto
física como social, é o que caracteriza o tipo intuitivo racional. Por essa razão, o
poder o fascina. Não se trata propriamente do poder que se possa exercer sobre
as pessoas, mas, principalmente, do poder sobre a natureza, a fim de ser capaz de
entendê-la, de predizê-la e de explicá-la. Quem depara com um indivíduo
intuitivo racional depara com um cientista. Este tipo persegue capacidade,
habilidade, eficiência e, por julgar-se o único capaz de avaliar a própria
competência, é dotado de um criticismo impiedoso.
4) Tipo intuitivo sensível: para este, a vida é uma constante busca e essa busca é,
seu objectivo máximo de vida. Tem necessidade compulsiva de encontrar sua
própria autenticidade. Por isso, prioriza sua integridade e sua auto-realização,
que se lhe configura como missão e intransferível, a qual lhe compete realizar,
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causa-lhe um sentimento de culpa ao considerar que seu self real não
corresponde ao da sua idealização.
No quadro que se segue pode-se ver a relação entre o temperamento e algumas
profissões (Silva, 1992):
Tabela 1: Tipos de temperamento e possíveis profissões
Temperamento Possíveis profissões
Realista perceptivo Educação física e economia.
Realista judiciário
Engenharia mecânica; engenharia civil;
administração; contabilidade; pedagogia;
direito; medicina; odontologia;
enfermagem; e, ciências biológicas.
Intuitivo racional Engenharia química; engenharia eléctrica;
e, computação.
Intuitivo sensível Jornalismo e publicidade.
Fonte: Silva, 1992.
O temperamento tem uma influência relevante na formação da identidade vocacional e
ocupacional do indivíduo e, é por meio dele que descortinamos nossos interesses e
aspirações, os valores éticos e morais que defendemos e o “mundo” em que preferimos
viver em termos concreto ou abstracto (Ito & Guzzo, 2002).
2.2 Factores psicológicos
Caro(a) estudante, os factores psicológicos são aqueles condizentes à dimensão
psicológica da personalidade humana. Existem vários factores psicológicos, no entanto
serão considerados aqueles que, pela sua pertinência para a actividade do orientador
profissional, são imprescindíveis, nomeadamente: o carácter, as aptidões, os interesses,
a motivação e os valores.
Estes factores são de extrema importância no momento da escolha profissional, pois as
decisões de carreira são influenciadas por particularidades psicológicas da
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personalidade que devem ser devidamente exploradas e avaliadas pelo orientador
profissional como veremos de seguida.
2.2.1 O carácter
A palavra carácter provém do grego krarassein que significa gravar. O carácter é o
conjunto de particularidades individuais estáveis da personalidade que se forma e se
manifesta na actividade e no contacto, condicionando modos de conduta típicos para o
indivíduo” (Adelino, et al., p. 428). Portanto, o carácter é o conjunto de formas
comportamentais mais elaboradas e determinadas pelas influências ambientais, sociais e
culturais que o indivíduo usa para adaptar-se ao ambiente.
Ao contrário do temperamento que é a base para a formação do carácter, o carácter é
predominantemente volitivo, portanto depende da vontade, na medida em que se
desenvolve com a aprendizagem e é intencional. A formação do carácter realiza-se nas
condições de incorporação da personalidade em diversos grupos sociais que se
distinguem uns dos outros quanto ao seu nível de desenvolvimento (na família, na
companhia de amigos, na colectividade de trabalhadores ou colegas de escola, numa
associação anti-social, etc.). Pelo que, o carácter depende das relações sociais que
determinam a orientação da personalidade humana. Por exemplo, numa sociedade que
tem como base a exploração do homem pelo homem, a posição social dos
representantes das classes dominantes contribui para consolidar no seu carácter a
arrogância, a soberba, a hipocrisia, a cupidez, o fingimento, etc. (Petrovsky, 1989).
Caro(a) estudante, uma vez conhecido o carácter da personalidade, pode-se prever como
a pessoa se irá portar em diversas circunstâncias e, por conseguinte, orientar a sua
conduta (Ibidem). Podemos destacar os seguintes tipos mais importantes de acentuação
do carácter (Petrovsky, 1989):
1) O introvertido: carácter cujo traço típico é o retraimento, dificuldades na
manutenção e no estabelecimento de contactos com outras pessoas, tendências a
fechar-se. Portanto, é um indivíduo tranquilo, insociável, reservado, pessimista,
severo, rígido, ansioso, etc.
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2) O extrovertido: caracteriza-se pela excitação emocional, pelo desejo veemente
de manter contactos e de actuar, mesmo nos casos em que certa actividade não é
necessária e valiosa, loquacidade, inconstância nas paixões, às vezes, ares
gabarolas, tendência para a superficialidade e conformismo.
3) O instável: os seus traços característicos são a impulsividade, a tendência para
os conflitos, a intolerância em relação a objecções e às vezes, também a
desconfiança.
4) O estável: é o indivíduo imperturbável, leal, aprazível, controlado, pensativo,
cuidadoso, passivo, etc.
O carácter do ser humano manifesta-se, em primeiro lugar, na sua atitude para com as
outras pessoas: parentes e próximos, colegas de trabalho e de estudo, pessoas
conhecidas e pouco conhecidas, etc. O apego estável ou instável, a fidelidade aos
princípios ou a ausência total de princípios, a sociabilidade e a atitude reservada, a
fraqueza e a falsidade, o tacto e a aspereza – tudo isso revela a óptica do homem em
relação às outras pessoas (Petrovsky, 1989).
O carácter do ser humano manifesta-se também na sua atitude em relação ao trabalho. A
título de exemplo, entre os traços mais valiosos do carácter pode-se mencionar a
consciência, a pontualidade na execução das suas obrigações, a seriedade, o entusiasmo,
a responsabilidade pelo trabalho que lhe é confiado e a preocupação com seus
resultados (Petrovsky, 1989).
O carácter pode ser avaliado por meio de escalas ou de inventários de personalidade. No
entanto, de um modo geral, temperamento e carácter estão intimamente associados,
podendo estar tão imbricados que se torna difícil a sua distinção.
2.2.2 Aptidões e capacidades
Aptidão é a “habilidade natural para determinado género de actividade e que depende de
muitos factores para transformar-se em capacidade real e efectiva” (Santos, 1963, p.
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54). A aptidão como habilidade natural, é um estado ou disposição que permite a
execução de certas tarefas com espontânea facilidade, frequentemente sem
aprendizagem. Portanto, refere-se ao termo aptidão para se considerar a dimensão de
‘performance’ da personalidade, portanto de realização (Adelino et al., 1993). Isto
significa que quando se faz referência a aptidões intelectuais, motoras entre outras,
estamos a significar os aspectos do rendimento da personalidade (Ibidem).
No entanto, capacidade “é uma habilidade adquirida, fruto ou não, de uma aptidão. É o
estado mais ou menos instável, de certa forma indefinível, conseguido após a
aprendizagem e treinamento adequado” (Santos, 1963, p. 54). A aptidão é agradável no
uso, duradoira, constante e tende a desenvolver-se com o exercício, contudo, a
capacidade necessita de treinamento constante para manter-se; desenvolve-se de forma
limitada e nem sempre traz satisfação.
Em muitas ocupações as aptidões só podem ser utilizadas com sucesso se também
existirem certas características temperamentais e comportamentais. O matemático
precisa de disciplina assim como de inteligência; um assistente social precisa de ter um
pensamento lógico, mas a generosidade, a consideração e a paciência são mais
importantes; o gestor poderá precisar de ter raciocínio numérico, mas também precisa
de ser afirmativo e enfático (Barret & Wiliams, 1995).
Caro(a) estudante, as profissões requerem de seus candidatos determinadas aptidões
para o seu desempenho com sucesso. Existem determinadas profissões que requerem do
indivíduo determinado tipo de habilidades. Por exemplo, vejamos o caso de uma
profissão que requer do indivíduo um tempo de reacção extremamente rápido, uma vez
que tem de tomar decisões de modo bastante rápido. Se, por sua própria constituição ou
por outros factores de variação, o indivíduo tem um tempo de reacção bastante lento,
sua probabilidade de êxito nessa profissão será extremamente remota. Portanto, essa
profissão não seria recomendável, por faltar ao indivíduo essa aptidão específica (Rosa,
1996).
As aptidões podem ser classificadas, em:
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1) Aptidão burocrática – que diz respeito a capacidade para perceber pormenores
pertinentes em material impresso, capacidade para observar diferenças em
textos, para conferir palavras e para encontrar erros;
2) Aptidão verbal – que é a capacidade para compreender o sentido das palavras e
para as utilizar com eficácia, capacidade para compreender a linguagem e para
compreender as relações entre as palavras;
3) Aptidão numérica – esta se subdivide em duas, nomeadamente cálculo -
capacidade para realizar operações numéricas com rapidez e exactidão e
raciocínio – que é a capacidade para resolver problemas de aritmética, expressos
verbalmente;
4) Aptidão espacial – correspondente à capacidade para visualizar formas
geométricas e compreender a representação bidimensional de objectos
tridimensionais, capacidade para compreender as relações de movimento dos
objectos no espaço;
5) Aptidão motora – respeitante à destreza, à coordenação de movimentos, ao
tempo de reacção, à precisão nos movimentos, à velocidade, etc.
Actualmente, são usadas baterias de testes para o exame de aptidões. O serviço de
emprego norte americano desenvolveu, ao longo do século XX, uma investigação sobre
uma bateria multi-factorial de aptidões, a General Aptitude Test Battery (GATB), para
utilização em processos de selecção e orientação escolar e profissional. Estudos
portugueses para adaptação e aferição da GATB incidiram sobre os oito testes “de papel
e lápis” integrados na versão original da bateria, e envolveram operações diversas
(Pinto, 2004). Como resultado deste processo, obteve-se a GATB portuguesa composta
por oito testes para os quais se adaptaram as seguintes designações: comparação de
nomes, cálculo numérico, desenvolvimento de volumes, vocabulário, utensílios
idênticos, raciocínio aritmético, emparelhar formar e fazer três traços (Pinto, 1992;
1998 citado por Pinto, 2004).
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2.2.3 Interesses
Os interesses representam outra variável extremamente importante para a orientação
profissional. Chaplin (1981, p. 299), considera o interesse como “...o estado de
motivação ou tendência que guia um indivíduo para um sentido ou fim determinado.”
Os interesses são “indicadores dos tipos de actividades (de trabalho ou não) que as
pessoas gostam de realizar” (Lowman, 1991 citado por Giacaglia, 2003, p. 147).
Caro(a) estudante, a abordagem dos interesses, no fórum da orientação profissional, diz
respeito aos tipos de ocupação que possivelmente podem despertar motivação e criar
sentimentos de satisfação no indivíduo.
Os estudiosos dos interesses profissionais enumeram um leque bastante alargado dos
mesmos, nomeadamente: interesses científicos, tecnológicos, numéricos, burocráticos,
serviço social, ensino, negócios, persuasivos, relações sociais, assistenciais e
humanísticos, artísticos, literários, musicais, manuais. Temos tendência a nos
dirigirmos em direcção a actividades de que gostamos, e nos distanciamos daquelas de
que não gostamos. Há uma boa correspondência entre interesses profissionais e aptidões
profissionais. Eis a seguir uma listagem de alguns interesses profissionais:
Tabela 2: Família de interesses
Interesses profissionais Especificação
1) Científicos
 Lidar com conhecimentos;
 Descobrir algo novo;
 Desenvolver ideias;
 Fazer pesquisas no campo das
ciências físicas/sociais, biológicas e outras.
2) Numéricos
 Lidar com números;
 Cálculos matemáticos, concretos e
abstractos;
 Calcular custos e lucros.
3) Tecnológicos
 Utilizar conhecimentos de várias
ciências e aplicá-los à vida humana,
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visando ao progresso e bem-estar, tais
como electrónica, computação/informática,
telecomunicações, etc.
4) Persuasivos
 Relacionar-se com o público,
transmitir ideias;
 Influenciar pessoas, argumentar
para convencer e modificar
comportamentos, etc.
5) Assistencial e humanístico  Prestar assistência às pessoas ou
grupos, actuar em áreas educacionais,
psicológicas, filosóficas, solidária,
religiosa, social, sanitária, etc.
2.2.4 Valores
Os valores, embora igualmente importantes para a intervenção vocacional, são muitas
vezes ignorados e até confundidos com os interesses (Giacaglia, 2003). Os valores
dizem respeito ao conjunto de ideais supremos de uma cultura ou de uma pessoa.
Caro(a) estudante, parafraseando Giacaglia (2003), as pessoas se diferem em relação
àquilo que atribuem maior ou menor valor, e subjacente àquilo que são os modos
preferenciais de actuação dos vários profissionais, encontramos os valores. Embora em
muitas profissões haja espaço para actuação de acordo com valores pessoais, existem
profissões em que predominam certos valores como é o caso, da medicina em que deve
predominar o valor assistencial; da economia, o valor financeiro; do sacerdócio o valor
religioso; das artes o valor estético. Por exemplo, se um indivíduo não valoriza a ajuda
ao próximo, profissões como a de fonoaudiólogo (terapeuta da fala), médico,
psicoterapeuta, etc. também deveriam ser excluídas de suas possibilidades.
Podemos identificar valores políticos, éticos, religiosos, económicos, sociais, familiares,
estéticos. No dia-a-dia até podemos nem pensar neles, mas sempre que há decisões
importantes a tomar, a nossa escala de valores é activada (Giacaglia, 2003). Por
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exemplo, quando há eleições, são os valores políticos que influenciam o nosso voto, da
mesma forma, quando escolhemos um curso ou uma profissão podem estar em
confronto valores sociais e valores económicos ou outros. Para algumas pessoas, os
valores económicos (dinheiro, propriedades, negócios) estarão em primeiro lugar; mas
para outras, poderão ser os valores sociais (ajudar os outros, trabalhar em causas
sociais) ou os valores familiares (constituir uma família, acompanhar os filhos) ou os
valores científicos (estudar, investigar, etc.).
2.2.5 A motivação
A motivação é, de longa data, uma variável reconhecida como tendo uma grande
importância no estudo e compreensão do comportamento humano. O termo motivação
vem do latim motum (movimento) + movere (mover). Pressupõe o conjunto de acções
inerentes ao movimento, portanto o aspecto dinâmico da acção que influencia o
comportamento do indivíduo. No entanto, é difícil definir exactamente o conceito de
motivação, visto que é empregue em vários sentidos. Trata-se de uma força interna que
emergiria, regularia e sustentaria todas as nossas acções. Para Chiavenato (2004, p. 64)
motivação “...é o processo segundo o qual o comportamento é mobilizado e sustentado
no interesse de realização de metas.”
A motivação contém duas dimensões: intrínseca e extrínseca. Para Galvão (1995) citado
por Vendetti et al. (2006), dependendo da linha de pensamento, podemos analisar os
aspectos internos do indivíduo (motivação intrínseca), ou partir de um estudo dos
aspectos que interagem com o indivíduo como o meio físico ou o ambiente social e
cultural (motivação extrínseca). A natureza da motivação vai ditar os níveis de empenho
e de interesse do indivíduo em relação à escolha profissional, a título de exemplo o
desempenho e motivação de um indivíduo com uma motivação intrínseca tendem a ser
mais satisfatórios em comparação com o indivíduo que possui uma motivação
extrínseca. A partir daí é possível perceber a necessidade da compreensão da natureza
da motivação que o indivíduo possui para a escolha profissional. Entretanto, a
motivação pode ser associada a determinadas carreiras profissionais como veremos de
seguida.
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2.2.5.1 Áreas motivacionais e carreiras apropriadas
Determinadas áreas motivacionais podem ser associadas a determinadas carreiras
profissionais, nomeadamente: (Barret & Williams, 1995):
1. Área literária – atracção por carreiras que envolvem palavras, ideias e
comunicação. Sentir-se-á satisfeito a ler ou a escrever, muito provavelmente
com ambas. Além das carreiras especificamente “literárias” existem carreiras
afins nas quais é mais fácil entrar. A nível profissional, é provável que uma
certa quantidade de estudo especializado seja um pré-requisito (como no caso
de bibliotecário ou jornalista). Para este caso destaca-se como relacionadas,
carreiras como – actor/actriz, bibliotecário, crítico literário, editor, historiador,
intérprete, jornalista, professor de línguas, revisor de provas, romancista.
2. Área criativa – pretende uma carreira na qual se possa exprimir criativamente,
tanto através de palavras como de música ou alguma forma das belas artes. O
seu meio de comunicação é visual ou oral em oposição a verbal. A beleza e a
estética são as suas paixões. Recomenda-se como carreiras – arquitecto,
bailarino, decorador de interiores, decorador de montras, escultor, florista,
produtor musical, maquilhador, estilista, ourives, técnico de montagem.
3. Área social – o seu principal interesse reside em ajudar ou prestar assistência
aos outros. Está disposto a subordinar os seus próprios desejos ao serviço dos
outros. Tem uma natureza claramente solidária, sentindo a sua própria
recompensa na satisfação e benefício que os outros retiram da sua atenção.
Considera-se como carreiras apropriadas – assistente social, director de
albergue, educador de infância, enfermeiro, fisiatra, maqueiro, médico,
orientador profissional, osteopata, parteira, psicólogo, técnico de saúde,
terapeuta.
4. Área executiva – sente-se motivado por actividades nas quais pode organizar e
influenciar os outros. Quererá ter a responsabilidade de gerir os outros além de
tomar decisões acerca daquilo que deve ser feito e como deve ser feito.
Claramente é ambicioso. As pessoas com esta motivação não esperam que as
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coisas aconteçam – fazem com que aconteçam e, a característica essencial desta
motivação é a vontade de vencer, onde quer que se encontre. Considera-se
relacionadas carreiras como – agente político, consultor, director, director de
vendas, director executivo, negociador.
5. Área de investigação – tem necessidade de adquirir conhecimentos e, por essa
via, parece preparado para dedicar muito tempo a estudar e as carreiras que o
atraem exigem geralmente qualificações profissionais ou especiais. Gosta de
aplicar factos e de chegar a soluções através da lógica e da investigação
analítica. Aponta-se como carreiras – astrónomo, bacteriologista, botânica,
cientista, cirurgião, dietista, físico, matemático, meteorologista, microbiólogo,
oftalmologista, perito forense, psicólogo experimental, químico, radiologista,
técnico de laboratório.
6. Área prática - a motivação nesta área mostra que gosta de acção. São carreiras
relacionadas – agente de trânsito, agricultor, bombeiro, carpinteiro, cozinheiro,
fabricante de instrumentos, ferreiro, construtor, estofador, guarda, mecânico,
mergulhador, mineiro, motorista, pescador, serralheiro, talhante, técnico
veterinário, tratador de animais.
7. Área administrativa – é uma área de motivação lata, que cobre os sectores de
finanças e administrativo-empresarial. Tem a ver com gestão de uma
organização, quer privada, quer pública, e envolve a organização de pessoas,
recursos e informação. Esta área tem como carreiras – administrador/assistente
administrativo, analista de valores, auditor, caixa, comissário de bordo,
contabilista, empregado bancário, escriturário, escrivão, funcionário forense,
inspector de finanças, secretária, técnico de contabilidade, técnico de relações
industriais, tesoureiro.
2.3 Factores subjectivos
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Caro(a) estudante, um outro grupo de determinantes igualmente importante para a
escolha profissional, são os determinantes subjectivos dos quais destacamos dois:
imagem subjectiva sobre a profissão e a identificação pessoal com a profissão.
2.3.1 Imagem subjectiva sobre a profissão
Quando se fala em imagem subjectiva sobre a profissão, pretende-se referir às
representações sociais, uma vez que é no contexto das representações sociais que elas se
enquadram. Jodelet (1989) citado por Neto (1998, p. 438), afirma que a representação
social é “uma forma de conhecimento socialmente elaborado e partilhado, com uma
orientação prática e concorrendo para a construção de uma realidade comum a um
conjunto social.” Portanto, entende-se a imagem subjectiva sobre a profissão como
sendo o conjunto dos conhecimentos do indivíduo sobre as profissões, o prestígio
destas, os estereótipos a elas associados, isto é, as representações socioprofissionais que
são adquiridas ou formadas no contexto social. Pelo que, é no contexto de interacção
social, particularmente no grupo familiar, no grupo de pares, na escola, e, também,
através dos mídia que a imagem sobre a profissão é formada.
Portanto, muitas decisões de carreira dos estudantes que concorrem às instituições de
ensino a vários níveis, são fundamentadas num conhecimento subjectivo e não objectivo
sobre o curso e sobre a profissão. Este é um facto que só pode ser invertido com a
disponibilização aos estudantes de serviços de orientação e aconselhamento
profissional, que poderão facultar aos estudantes o conhecimento objectivo sobre a
natureza de cursos, suas particularidades, formas de conclusão e estado da profissão no
mercado de trabalho, isto é, se está ou não saturado quanto às possibilidades de
absorção de mais profissionais.
2.3.2 Identificação pessoal com a profissão
A identificação pessoal é o vínculo que o indivíduo estabelece entre os seus gostos,
interesses e capacidades com o tipo de estudos que pretende seguir e a respectiva área
profissional. A escolha profissional que vai de acordo com o seu jeito particular é uma
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boa opção para qualquer estudante. Portanto, é necessário que o candidato a um
determinado curso ou profissão sinta que possui um certo grau de identificação com o
curso ou com a profissão, o que poderá facilitar sua adaptação e a obtenção de sucesso
nessa actividade académica ou profissional.
2.4 Factores educacionais
Factores educacionais estão directamente relacionados com todo o sistema de ensino
moçambicano, isto é, às possibilidades educativas e formativas que o país oferece.
Dizem respeito a oferta do currículo, às instituições e qualidade de serviços que
oferecem que, de certa forma, influenciam as decisões de carreira que os indivíduos
fazem.
Entretanto, Silva e Treichel (2006), consideram que a escola determina o que a criança
será quando crescer, na medida em que quando esta entra na escola começa o processo
de formação de sua personalidade e, a criança busca ser mais que criança. Pelo que a
escola deve agir na formação total de cada indivíduo, não deixando para um instante
apenas que alguém tenha que decidir, qual profissão seguir e, principalmente, levando
em consideração que, junto com as opções, escolhas e decisões, vêm as pressões, os
limites de tempo e a influência dos familiares.
Os bons resultados escolares, o contacto com as disciplinas e o próprio professor como
modelo, são elementos que influenciam a escolha profissional. Em muitos casos a auto-
percepção sobre as aptidões descobertas nos resultados escolares determinaram a
decisão de carreira de muitos estudantes.
2.5 Factores sociais
Os factores sociais, a que faremos abordagem, dizem respeito aos grupos existentes na
sociedade e sua influência sobre o indivíduo, sobretudo a família e os pares. Estes
grupos desempenham um papel importante no desenvolvimento da personalidade do
indivíduo, neste caso particular, nas decisões de carreira, pois têm sempre um palpite ou
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são alvo de consulta sobre o que seria melhor para o seu membro. Há outros grupos, no
entanto faremos abordagem da influência da família e os pares na escolha profissional.
2.5.1 Influência da família na escolha profissional
A família é dos factores que mais influência exerce sobre a escolha profissional. Para
Bohoslavsky (1991, p. 56):
O grupo familiar constitui o grupo de participação e de referência fundamental, e é por
isso que os valores desse grupo constituem bases significativas na orientação do
adolescente, quer a família actue como grupo positivo de referência, quer como grupo
negativo de referência.
As satisfações ou insatisfações dos pais e de outros familiares significativos, em função
dos seus respectivos ideais do ego e a vivência das mesmas, exercem um papel
importante quanto às influências que, desde criança, o adolescente recebe em seu lar
(Bohoslavsky, 1991).
Caro(a) estudante, a família por sua função socializadora, tem sempre um papel
preponderante, o que significa que a forma como os pais dão significado aos elementos
da vida ocupacional sempre estará incluída no universo das representações do filho
(Dias, s/d). Os pais têm sempre opinião do que seria mais ou menos desejável para seu
filho e também uma certa visão do que ele poderia fazer bem. Mesmo aquele que diz: “o
importante é ele ser feliz” possui uma certa visão mais precisa sobre o que seria melhor
o filho fazer, ainda que subentendida nesse conceito de felicidade (Ibidem). Os pais
preocupam-se com um futuro bem-sucedido e com um trabalho adequadamente
remunerado para seu filho. São unânimes em afirmar que é preciso ter um bom salário e
um bom encaixe no mercado de trabalho.
A família tem sempre uma grande influencia na escolha profissional, pelo seu estatuto
socioeconómico e cultural, a título de exemplo, os estudantes provenientes de famílias
com poucos recursos e cujos níveis de educação e profissional dos pais se situem longe
do ideal, acabam sendo orientados pelas oportunidades educativas, pelos modelos e
26
E-mail: Laissane@gmail.com
pelas práticas de socialização dos pais (Campos, 1990). Por outro lado, o conhecimento
das profissões, as próprias representações socioprofissionais, o prestígio e os
estereótipos associados às profissões, são veiculados igualmente, em larga escala, pela
família o que significa que os pais transmitem aos filhos as competências sociais que
eles próprios consideram essenciais para o ingresso e sucesso, tanto na escola como no
mercado de trabalho (Ibidem).
2.5.2 Influência dos pares na escolha profissional
Caro(a) estudante, o grupo de pares funciona quase que de forma similar ao grupo
familiar, todavia diferem no facto daquele nunca ser tido como grupo de referência
negativa (Bohoslavsky, 1991). A adesão ao grupo é adquirida com base na submissão às
normas e valores do grupo. Os valores do grupo de pares são muitas vezes imperativos
para um adolescente e sobrepõem-se aos valores do grupo familiar. Quando os
adolescentes não apresentam atitudes tão positivas em relação à família, os pares
enquanto fonte de influência social, passam a ter uma importância maior (Ibidem).
As relações com os pares constituem um dos principais contextos por meio dos quais os
adolescentes desenvolvem características pessoais para a vida adulta, que também irão
interferir no processo de escolha profissional (Tositto, 2010).
Estudos actuais têm procurado abordar esta temática no sentido de investigar a
participação dos amigos na escolha profissional. Os resultados desses estudos têm
demonstrado que grande parte dos adolescentes faz consultas com seus amigos sobre
seu futuro profissional (Tositto, 2010).
2.6 Factores económicos
Os factores económicos, dizem respeito ao mercado de trabalho, à globalização e à
informatização das profissões, à falta de oportunidades, ao desemprego, à dificuldade de
tornar-se empregável, à falta de planeamento económico, à queda do poder aquisitivo da
classe média e todas as consequências do sistema capitalista neoliberal no qual vivemos.
27
E-mail: Laissane@gmail.com
Estes factores correspondem a dinâmica da venda e compra da força de trabalho. No
entanto, o mercado de trabalho é algo flutuante, visto que a profissão que hoje pode ser
promissora, daqui a algum tempo pode, por alguma eventualidade, estar saturada
(Martins et al., s/d). É consensual a consideração de que a escolha profissional deve ser
feita em conformidade com as particularidades do mercado de trabalho, pelo que
embora vivamos num mundo de especialistas, escolher uma profissão tão especializada
para a qual não haja maiores probabilidades de emprego é uma temeridade.
2.7 Factores políticos
Os factores políticos, são aqueles condizentes com a política governamental dominante,
particularmente em relação à educação, em especial ao ensino médio, à educação
profissional e o ensino superior. Os factores que o determinam (relação entre oferta e
procura) estão directamente ligados com a política económica de um país. As políticas
em voga acabam por influenciar todo o processo de escolha profissional, pois incidem
sobre a escola, o currículo até ao mercado de trabalho.
Portanto, caro(a) estudante, a escolha profissional é dinâmica e multi-determinada, o
que significa que é resultado de um processo influenciado por vários factores, cada um
agindo na sua proporção sobre a decisão de carreira dos indivíduos.

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  • 1. 9 E-mail: Laissane@gmail.com CAPÍTULO 2 - OS FACTORES DE ESCOLHA PROFISSIONAL Caro(a) estudante, a escolha profissional é um fenómeno que inicia particularmente na adolescência e persiste por toda a vida, portanto é um processo dinâmico. No entanto, no momento da escolha profissional, vários factores de ordem biológica, social, educacional, económicos entre outros incidem sobre o adolescente condicionando e dificultando a sua decisão, pelo que se pode concluir que a escolha profissional é também um processo multi-determinado. É na adolescência que se verifica o primeiro contacto indivíduo com o mundo das profissões e as primeiras impressões sobre o mercado de trabalho, além do início do auto-conhecimento, particularmente, em termos da identidade vocacional. Portanto, cabe ao orientador profissional conhecer e avaliar os factores que, de certa forma, exercem influência sobre o orientando, dificultando o processo de decisão de carreira, no momento da escolha de curso. A escolha profissional é influenciada por factores de vária natureza e podem ser agrupados em: factores biológicos, factores psicológicos, factores subjectivos, factores educacionais, factores sociais, factores económicos e factores políticos. 2.1 Factores biológicos Os factores biológicos dizem respeito aos aspectos hereditários da personalidade humana, portanto são as disposições biológicas dos indivíduos. Pode-se enquadrar neste grupo o género e o temperamento que são factores que têm uma influência significativa na decisão de carreira como veremos de seguida. 2.1.1 O género O termo género foi proposto como uma alternativa ao termo sexo, pois homens e mulheres, masculino e feminino são categorias sociais historicamente produzidas que não devem ser reduzidas a uma categoria biológica (Machado, 1999).
  • 2. 10 E-mail: Laissane@gmail.com Para Azevedo (2006), o que se considera masculino e feminino numa sociedade não é definido pelas características biológicas com as quais os indivíduos nascem, mas pela maneira como estas são representadas, ou valorizadas, pelo que tudo aquilo que se diz ou se pensa sobre elas constitui as chamadas representações de género. Portanto, as competências e qualificações-chave dos seres humanos são de natureza universal e, como tal, não podem (nem devem) ser consideradas características específicas de qualquer um dos sexos (Rainha e Figueira, s/d). Caro(a) estudante, o orientador profissional deve levar o adolescente a integrar em sua identidade vocacional a valoração de que não há profissões mais ou menos ‘masculinas’ ou ‘femininas’, pois, por um lado, profissões consideradas, classicamente masculinas, como por exemplo as de mecânico, vendedor de combustível, pedreiro, engenheiro civil, árbitro de futebol, entre outras, são actualmente desempenhadas por indivíduos do sexo feminino e, por outro lado, profissões consideradas, classicamente, femininas como por exemplo as de cabeleireiro, babá, secretária, educadora de infância, entre outras, são hoje desempenhadas por indivíduos do sexo masculino. A crescente participação da mulher moçambicana no mercado de trabalho, nas esferas públicas e na vida política tem sido responsável por conquistas importantes numa perspectiva de género e mudanças significativas nas políticas governamentais (Rainha & Figueira, op. cit.). Antes vistas apenas no âmbito das relações pessoais e do doméstico, a mulher passa a ser tratada politicamente na esfera pública. 2.1.2 O temperamento O temperamento é “o conjunto individualmente peculiar e naturalmente condicionado das manifestações dinâmicas do psiquismo...” (Petrovsky, 1989, p.325). Portanto, o temperamento é o conjunto de factores biológicos (anatómicos e fisiológicos) que influem no comportamento humano e que constituem a base do comportamento do ser humano incluindo o comportamento vocacional e profissional.
  • 3. 11 E-mail: Laissane@gmail.com É um facto que, em condições de relativa igualdade dos motivos de conduta e da actividade e das mesmas influências externas, os homens diferem consideravelmente uns dos outros quanto à impressionabilidade, quanto à impulsividade e à energia revelada (Petrovsky, 1989). A título de exemplo, uma pessoa está mais predisposta a proceder devagar, outra, mais depressa, a uma é inerente o despertar fácil dos sentimentos, a uma outra, o sangue-frio; uma distingue-se por gestos bruscos e mímica expressiva, uma outra, pelo comedimento dos movimentos e pouca mobilidade do rosto. O temperamento foi classificado por Hipócrates, médico grego (460 a.C – 370 a.C), em quatro tipos, nomeadamente: o sanguíneo, o fleumático, o colérico e o melancólico que passamos a descrever. 1) Sanguíneo: corresponde a uma pessoa com uma actividade psíquica notável que reage rapidamente aos acontecimentos em seu torno, que procura alterar rapidamente as situações, que se emociona relativamente pouco com os fracassos e desgostos, é viva, ágil e expressiva. 2) Fleumático: condiz com um(a) homem/mulher impassível, com aspirações e disposições de espírito estáveis, com sentimentos constantes e profundos, com acções e fala regulares e expressividade externa fraca dos estados de ânimo. 3) Colérico: representa um(a) homem/mulher muito energético(a), capaz de se empenhar na sua causa com uma paixão especial, rápido(a) e impetuoso(a), predisposto(a) a eclosões emocionais tempestuosas e mudanças bruscas dos estados de espírito e movimentos impetuosos. 4) Melancólico: diz respeito um(a) homem/mulher emocionável, com emoções profundas, vulnerável, mas que reage debilmente aos acontecimentos em seu torno com movimentos comedidos e fala baixa. Todavia, a classificação de Hipócrates não é a única o que significa que não é conclusiva e há agora classificações mais recentes. Silva (1993), traz outra classificação dos temperamentos onde os caracteriza em quatro tipos, nomeadamente:
  • 4. 12 E-mail: Laissane@gmail.com 1) Realista perceptivo: o valor supremo é a liberdade de acção. Sente-se gratificado ao trabalhar de forma independente, uma vez que o seu ideal, também no que se refere ao âmbito profissional, é aquele que lhe permite agir quando e como gosta. O tipo realista perceptivo não suporta procedimentos predeterminados, rotinas, hierarquias, regulamento, por lhe parecerem destituídos do sentido. Também não vê inconvenientes em enfrentar situações onde o resultado é desconhecido, pois trata-se de uma forma de testar a sua liberdade e sua capacidade de agir nas diversas ocorrências. 2) Tipo realista judicativo: a dedicação e a persistência são características marcantes deste tipo. Mais do que qualquer outro, é capaz de dedicar-se inteiramente não só às pessoas que estão sobre sua responsabilidade, mas também às pequenas tarefas doutrineiras fundamentais à existência humana. Essa capacidade de doação é acompanhada do sentido de honra em relação à palavra dada e aos compromissos assumidos à coerência consigo mesmo e o cumprimento dos deveres que considera como seus, são sua meta constante. É extremamente sensível à realidade alheia e às injustiças sociais, procura fazer tudo o que lhe seja possível para minimizá-las. 3) Tipo intuitivo racional: o desejo de compreender e controlar a natureza, tanto física como social, é o que caracteriza o tipo intuitivo racional. Por essa razão, o poder o fascina. Não se trata propriamente do poder que se possa exercer sobre as pessoas, mas, principalmente, do poder sobre a natureza, a fim de ser capaz de entendê-la, de predizê-la e de explicá-la. Quem depara com um indivíduo intuitivo racional depara com um cientista. Este tipo persegue capacidade, habilidade, eficiência e, por julgar-se o único capaz de avaliar a própria competência, é dotado de um criticismo impiedoso. 4) Tipo intuitivo sensível: para este, a vida é uma constante busca e essa busca é, seu objectivo máximo de vida. Tem necessidade compulsiva de encontrar sua própria autenticidade. Por isso, prioriza sua integridade e sua auto-realização, que se lhe configura como missão e intransferível, a qual lhe compete realizar,
  • 5. 13 E-mail: Laissane@gmail.com causa-lhe um sentimento de culpa ao considerar que seu self real não corresponde ao da sua idealização. No quadro que se segue pode-se ver a relação entre o temperamento e algumas profissões (Silva, 1992): Tabela 1: Tipos de temperamento e possíveis profissões Temperamento Possíveis profissões Realista perceptivo Educação física e economia. Realista judiciário Engenharia mecânica; engenharia civil; administração; contabilidade; pedagogia; direito; medicina; odontologia; enfermagem; e, ciências biológicas. Intuitivo racional Engenharia química; engenharia eléctrica; e, computação. Intuitivo sensível Jornalismo e publicidade. Fonte: Silva, 1992. O temperamento tem uma influência relevante na formação da identidade vocacional e ocupacional do indivíduo e, é por meio dele que descortinamos nossos interesses e aspirações, os valores éticos e morais que defendemos e o “mundo” em que preferimos viver em termos concreto ou abstracto (Ito & Guzzo, 2002). 2.2 Factores psicológicos Caro(a) estudante, os factores psicológicos são aqueles condizentes à dimensão psicológica da personalidade humana. Existem vários factores psicológicos, no entanto serão considerados aqueles que, pela sua pertinência para a actividade do orientador profissional, são imprescindíveis, nomeadamente: o carácter, as aptidões, os interesses, a motivação e os valores. Estes factores são de extrema importância no momento da escolha profissional, pois as decisões de carreira são influenciadas por particularidades psicológicas da
  • 6. 14 E-mail: Laissane@gmail.com personalidade que devem ser devidamente exploradas e avaliadas pelo orientador profissional como veremos de seguida. 2.2.1 O carácter A palavra carácter provém do grego krarassein que significa gravar. O carácter é o conjunto de particularidades individuais estáveis da personalidade que se forma e se manifesta na actividade e no contacto, condicionando modos de conduta típicos para o indivíduo” (Adelino, et al., p. 428). Portanto, o carácter é o conjunto de formas comportamentais mais elaboradas e determinadas pelas influências ambientais, sociais e culturais que o indivíduo usa para adaptar-se ao ambiente. Ao contrário do temperamento que é a base para a formação do carácter, o carácter é predominantemente volitivo, portanto depende da vontade, na medida em que se desenvolve com a aprendizagem e é intencional. A formação do carácter realiza-se nas condições de incorporação da personalidade em diversos grupos sociais que se distinguem uns dos outros quanto ao seu nível de desenvolvimento (na família, na companhia de amigos, na colectividade de trabalhadores ou colegas de escola, numa associação anti-social, etc.). Pelo que, o carácter depende das relações sociais que determinam a orientação da personalidade humana. Por exemplo, numa sociedade que tem como base a exploração do homem pelo homem, a posição social dos representantes das classes dominantes contribui para consolidar no seu carácter a arrogância, a soberba, a hipocrisia, a cupidez, o fingimento, etc. (Petrovsky, 1989). Caro(a) estudante, uma vez conhecido o carácter da personalidade, pode-se prever como a pessoa se irá portar em diversas circunstâncias e, por conseguinte, orientar a sua conduta (Ibidem). Podemos destacar os seguintes tipos mais importantes de acentuação do carácter (Petrovsky, 1989): 1) O introvertido: carácter cujo traço típico é o retraimento, dificuldades na manutenção e no estabelecimento de contactos com outras pessoas, tendências a fechar-se. Portanto, é um indivíduo tranquilo, insociável, reservado, pessimista, severo, rígido, ansioso, etc.
  • 7. 15 E-mail: Laissane@gmail.com 2) O extrovertido: caracteriza-se pela excitação emocional, pelo desejo veemente de manter contactos e de actuar, mesmo nos casos em que certa actividade não é necessária e valiosa, loquacidade, inconstância nas paixões, às vezes, ares gabarolas, tendência para a superficialidade e conformismo. 3) O instável: os seus traços característicos são a impulsividade, a tendência para os conflitos, a intolerância em relação a objecções e às vezes, também a desconfiança. 4) O estável: é o indivíduo imperturbável, leal, aprazível, controlado, pensativo, cuidadoso, passivo, etc. O carácter do ser humano manifesta-se, em primeiro lugar, na sua atitude para com as outras pessoas: parentes e próximos, colegas de trabalho e de estudo, pessoas conhecidas e pouco conhecidas, etc. O apego estável ou instável, a fidelidade aos princípios ou a ausência total de princípios, a sociabilidade e a atitude reservada, a fraqueza e a falsidade, o tacto e a aspereza – tudo isso revela a óptica do homem em relação às outras pessoas (Petrovsky, 1989). O carácter do ser humano manifesta-se também na sua atitude em relação ao trabalho. A título de exemplo, entre os traços mais valiosos do carácter pode-se mencionar a consciência, a pontualidade na execução das suas obrigações, a seriedade, o entusiasmo, a responsabilidade pelo trabalho que lhe é confiado e a preocupação com seus resultados (Petrovsky, 1989). O carácter pode ser avaliado por meio de escalas ou de inventários de personalidade. No entanto, de um modo geral, temperamento e carácter estão intimamente associados, podendo estar tão imbricados que se torna difícil a sua distinção. 2.2.2 Aptidões e capacidades Aptidão é a “habilidade natural para determinado género de actividade e que depende de muitos factores para transformar-se em capacidade real e efectiva” (Santos, 1963, p.
  • 8. 16 E-mail: Laissane@gmail.com 54). A aptidão como habilidade natural, é um estado ou disposição que permite a execução de certas tarefas com espontânea facilidade, frequentemente sem aprendizagem. Portanto, refere-se ao termo aptidão para se considerar a dimensão de ‘performance’ da personalidade, portanto de realização (Adelino et al., 1993). Isto significa que quando se faz referência a aptidões intelectuais, motoras entre outras, estamos a significar os aspectos do rendimento da personalidade (Ibidem). No entanto, capacidade “é uma habilidade adquirida, fruto ou não, de uma aptidão. É o estado mais ou menos instável, de certa forma indefinível, conseguido após a aprendizagem e treinamento adequado” (Santos, 1963, p. 54). A aptidão é agradável no uso, duradoira, constante e tende a desenvolver-se com o exercício, contudo, a capacidade necessita de treinamento constante para manter-se; desenvolve-se de forma limitada e nem sempre traz satisfação. Em muitas ocupações as aptidões só podem ser utilizadas com sucesso se também existirem certas características temperamentais e comportamentais. O matemático precisa de disciplina assim como de inteligência; um assistente social precisa de ter um pensamento lógico, mas a generosidade, a consideração e a paciência são mais importantes; o gestor poderá precisar de ter raciocínio numérico, mas também precisa de ser afirmativo e enfático (Barret & Wiliams, 1995). Caro(a) estudante, as profissões requerem de seus candidatos determinadas aptidões para o seu desempenho com sucesso. Existem determinadas profissões que requerem do indivíduo determinado tipo de habilidades. Por exemplo, vejamos o caso de uma profissão que requer do indivíduo um tempo de reacção extremamente rápido, uma vez que tem de tomar decisões de modo bastante rápido. Se, por sua própria constituição ou por outros factores de variação, o indivíduo tem um tempo de reacção bastante lento, sua probabilidade de êxito nessa profissão será extremamente remota. Portanto, essa profissão não seria recomendável, por faltar ao indivíduo essa aptidão específica (Rosa, 1996). As aptidões podem ser classificadas, em:
  • 9. 17 E-mail: Laissane@gmail.com 1) Aptidão burocrática – que diz respeito a capacidade para perceber pormenores pertinentes em material impresso, capacidade para observar diferenças em textos, para conferir palavras e para encontrar erros; 2) Aptidão verbal – que é a capacidade para compreender o sentido das palavras e para as utilizar com eficácia, capacidade para compreender a linguagem e para compreender as relações entre as palavras; 3) Aptidão numérica – esta se subdivide em duas, nomeadamente cálculo - capacidade para realizar operações numéricas com rapidez e exactidão e raciocínio – que é a capacidade para resolver problemas de aritmética, expressos verbalmente; 4) Aptidão espacial – correspondente à capacidade para visualizar formas geométricas e compreender a representação bidimensional de objectos tridimensionais, capacidade para compreender as relações de movimento dos objectos no espaço; 5) Aptidão motora – respeitante à destreza, à coordenação de movimentos, ao tempo de reacção, à precisão nos movimentos, à velocidade, etc. Actualmente, são usadas baterias de testes para o exame de aptidões. O serviço de emprego norte americano desenvolveu, ao longo do século XX, uma investigação sobre uma bateria multi-factorial de aptidões, a General Aptitude Test Battery (GATB), para utilização em processos de selecção e orientação escolar e profissional. Estudos portugueses para adaptação e aferição da GATB incidiram sobre os oito testes “de papel e lápis” integrados na versão original da bateria, e envolveram operações diversas (Pinto, 2004). Como resultado deste processo, obteve-se a GATB portuguesa composta por oito testes para os quais se adaptaram as seguintes designações: comparação de nomes, cálculo numérico, desenvolvimento de volumes, vocabulário, utensílios idênticos, raciocínio aritmético, emparelhar formar e fazer três traços (Pinto, 1992; 1998 citado por Pinto, 2004).
  • 10. 18 E-mail: Laissane@gmail.com 2.2.3 Interesses Os interesses representam outra variável extremamente importante para a orientação profissional. Chaplin (1981, p. 299), considera o interesse como “...o estado de motivação ou tendência que guia um indivíduo para um sentido ou fim determinado.” Os interesses são “indicadores dos tipos de actividades (de trabalho ou não) que as pessoas gostam de realizar” (Lowman, 1991 citado por Giacaglia, 2003, p. 147). Caro(a) estudante, a abordagem dos interesses, no fórum da orientação profissional, diz respeito aos tipos de ocupação que possivelmente podem despertar motivação e criar sentimentos de satisfação no indivíduo. Os estudiosos dos interesses profissionais enumeram um leque bastante alargado dos mesmos, nomeadamente: interesses científicos, tecnológicos, numéricos, burocráticos, serviço social, ensino, negócios, persuasivos, relações sociais, assistenciais e humanísticos, artísticos, literários, musicais, manuais. Temos tendência a nos dirigirmos em direcção a actividades de que gostamos, e nos distanciamos daquelas de que não gostamos. Há uma boa correspondência entre interesses profissionais e aptidões profissionais. Eis a seguir uma listagem de alguns interesses profissionais: Tabela 2: Família de interesses Interesses profissionais Especificação 1) Científicos  Lidar com conhecimentos;  Descobrir algo novo;  Desenvolver ideias;  Fazer pesquisas no campo das ciências físicas/sociais, biológicas e outras. 2) Numéricos  Lidar com números;  Cálculos matemáticos, concretos e abstractos;  Calcular custos e lucros. 3) Tecnológicos  Utilizar conhecimentos de várias ciências e aplicá-los à vida humana,
  • 11. 19 E-mail: Laissane@gmail.com visando ao progresso e bem-estar, tais como electrónica, computação/informática, telecomunicações, etc. 4) Persuasivos  Relacionar-se com o público, transmitir ideias;  Influenciar pessoas, argumentar para convencer e modificar comportamentos, etc. 5) Assistencial e humanístico  Prestar assistência às pessoas ou grupos, actuar em áreas educacionais, psicológicas, filosóficas, solidária, religiosa, social, sanitária, etc. 2.2.4 Valores Os valores, embora igualmente importantes para a intervenção vocacional, são muitas vezes ignorados e até confundidos com os interesses (Giacaglia, 2003). Os valores dizem respeito ao conjunto de ideais supremos de uma cultura ou de uma pessoa. Caro(a) estudante, parafraseando Giacaglia (2003), as pessoas se diferem em relação àquilo que atribuem maior ou menor valor, e subjacente àquilo que são os modos preferenciais de actuação dos vários profissionais, encontramos os valores. Embora em muitas profissões haja espaço para actuação de acordo com valores pessoais, existem profissões em que predominam certos valores como é o caso, da medicina em que deve predominar o valor assistencial; da economia, o valor financeiro; do sacerdócio o valor religioso; das artes o valor estético. Por exemplo, se um indivíduo não valoriza a ajuda ao próximo, profissões como a de fonoaudiólogo (terapeuta da fala), médico, psicoterapeuta, etc. também deveriam ser excluídas de suas possibilidades. Podemos identificar valores políticos, éticos, religiosos, económicos, sociais, familiares, estéticos. No dia-a-dia até podemos nem pensar neles, mas sempre que há decisões importantes a tomar, a nossa escala de valores é activada (Giacaglia, 2003). Por
  • 12. 20 E-mail: Laissane@gmail.com exemplo, quando há eleições, são os valores políticos que influenciam o nosso voto, da mesma forma, quando escolhemos um curso ou uma profissão podem estar em confronto valores sociais e valores económicos ou outros. Para algumas pessoas, os valores económicos (dinheiro, propriedades, negócios) estarão em primeiro lugar; mas para outras, poderão ser os valores sociais (ajudar os outros, trabalhar em causas sociais) ou os valores familiares (constituir uma família, acompanhar os filhos) ou os valores científicos (estudar, investigar, etc.). 2.2.5 A motivação A motivação é, de longa data, uma variável reconhecida como tendo uma grande importância no estudo e compreensão do comportamento humano. O termo motivação vem do latim motum (movimento) + movere (mover). Pressupõe o conjunto de acções inerentes ao movimento, portanto o aspecto dinâmico da acção que influencia o comportamento do indivíduo. No entanto, é difícil definir exactamente o conceito de motivação, visto que é empregue em vários sentidos. Trata-se de uma força interna que emergiria, regularia e sustentaria todas as nossas acções. Para Chiavenato (2004, p. 64) motivação “...é o processo segundo o qual o comportamento é mobilizado e sustentado no interesse de realização de metas.” A motivação contém duas dimensões: intrínseca e extrínseca. Para Galvão (1995) citado por Vendetti et al. (2006), dependendo da linha de pensamento, podemos analisar os aspectos internos do indivíduo (motivação intrínseca), ou partir de um estudo dos aspectos que interagem com o indivíduo como o meio físico ou o ambiente social e cultural (motivação extrínseca). A natureza da motivação vai ditar os níveis de empenho e de interesse do indivíduo em relação à escolha profissional, a título de exemplo o desempenho e motivação de um indivíduo com uma motivação intrínseca tendem a ser mais satisfatórios em comparação com o indivíduo que possui uma motivação extrínseca. A partir daí é possível perceber a necessidade da compreensão da natureza da motivação que o indivíduo possui para a escolha profissional. Entretanto, a motivação pode ser associada a determinadas carreiras profissionais como veremos de seguida.
  • 13. 21 E-mail: Laissane@gmail.com 2.2.5.1 Áreas motivacionais e carreiras apropriadas Determinadas áreas motivacionais podem ser associadas a determinadas carreiras profissionais, nomeadamente: (Barret & Williams, 1995): 1. Área literária – atracção por carreiras que envolvem palavras, ideias e comunicação. Sentir-se-á satisfeito a ler ou a escrever, muito provavelmente com ambas. Além das carreiras especificamente “literárias” existem carreiras afins nas quais é mais fácil entrar. A nível profissional, é provável que uma certa quantidade de estudo especializado seja um pré-requisito (como no caso de bibliotecário ou jornalista). Para este caso destaca-se como relacionadas, carreiras como – actor/actriz, bibliotecário, crítico literário, editor, historiador, intérprete, jornalista, professor de línguas, revisor de provas, romancista. 2. Área criativa – pretende uma carreira na qual se possa exprimir criativamente, tanto através de palavras como de música ou alguma forma das belas artes. O seu meio de comunicação é visual ou oral em oposição a verbal. A beleza e a estética são as suas paixões. Recomenda-se como carreiras – arquitecto, bailarino, decorador de interiores, decorador de montras, escultor, florista, produtor musical, maquilhador, estilista, ourives, técnico de montagem. 3. Área social – o seu principal interesse reside em ajudar ou prestar assistência aos outros. Está disposto a subordinar os seus próprios desejos ao serviço dos outros. Tem uma natureza claramente solidária, sentindo a sua própria recompensa na satisfação e benefício que os outros retiram da sua atenção. Considera-se como carreiras apropriadas – assistente social, director de albergue, educador de infância, enfermeiro, fisiatra, maqueiro, médico, orientador profissional, osteopata, parteira, psicólogo, técnico de saúde, terapeuta. 4. Área executiva – sente-se motivado por actividades nas quais pode organizar e influenciar os outros. Quererá ter a responsabilidade de gerir os outros além de tomar decisões acerca daquilo que deve ser feito e como deve ser feito. Claramente é ambicioso. As pessoas com esta motivação não esperam que as
  • 14. 22 E-mail: Laissane@gmail.com coisas aconteçam – fazem com que aconteçam e, a característica essencial desta motivação é a vontade de vencer, onde quer que se encontre. Considera-se relacionadas carreiras como – agente político, consultor, director, director de vendas, director executivo, negociador. 5. Área de investigação – tem necessidade de adquirir conhecimentos e, por essa via, parece preparado para dedicar muito tempo a estudar e as carreiras que o atraem exigem geralmente qualificações profissionais ou especiais. Gosta de aplicar factos e de chegar a soluções através da lógica e da investigação analítica. Aponta-se como carreiras – astrónomo, bacteriologista, botânica, cientista, cirurgião, dietista, físico, matemático, meteorologista, microbiólogo, oftalmologista, perito forense, psicólogo experimental, químico, radiologista, técnico de laboratório. 6. Área prática - a motivação nesta área mostra que gosta de acção. São carreiras relacionadas – agente de trânsito, agricultor, bombeiro, carpinteiro, cozinheiro, fabricante de instrumentos, ferreiro, construtor, estofador, guarda, mecânico, mergulhador, mineiro, motorista, pescador, serralheiro, talhante, técnico veterinário, tratador de animais. 7. Área administrativa – é uma área de motivação lata, que cobre os sectores de finanças e administrativo-empresarial. Tem a ver com gestão de uma organização, quer privada, quer pública, e envolve a organização de pessoas, recursos e informação. Esta área tem como carreiras – administrador/assistente administrativo, analista de valores, auditor, caixa, comissário de bordo, contabilista, empregado bancário, escriturário, escrivão, funcionário forense, inspector de finanças, secretária, técnico de contabilidade, técnico de relações industriais, tesoureiro. 2.3 Factores subjectivos
  • 15. 23 E-mail: Laissane@gmail.com Caro(a) estudante, um outro grupo de determinantes igualmente importante para a escolha profissional, são os determinantes subjectivos dos quais destacamos dois: imagem subjectiva sobre a profissão e a identificação pessoal com a profissão. 2.3.1 Imagem subjectiva sobre a profissão Quando se fala em imagem subjectiva sobre a profissão, pretende-se referir às representações sociais, uma vez que é no contexto das representações sociais que elas se enquadram. Jodelet (1989) citado por Neto (1998, p. 438), afirma que a representação social é “uma forma de conhecimento socialmente elaborado e partilhado, com uma orientação prática e concorrendo para a construção de uma realidade comum a um conjunto social.” Portanto, entende-se a imagem subjectiva sobre a profissão como sendo o conjunto dos conhecimentos do indivíduo sobre as profissões, o prestígio destas, os estereótipos a elas associados, isto é, as representações socioprofissionais que são adquiridas ou formadas no contexto social. Pelo que, é no contexto de interacção social, particularmente no grupo familiar, no grupo de pares, na escola, e, também, através dos mídia que a imagem sobre a profissão é formada. Portanto, muitas decisões de carreira dos estudantes que concorrem às instituições de ensino a vários níveis, são fundamentadas num conhecimento subjectivo e não objectivo sobre o curso e sobre a profissão. Este é um facto que só pode ser invertido com a disponibilização aos estudantes de serviços de orientação e aconselhamento profissional, que poderão facultar aos estudantes o conhecimento objectivo sobre a natureza de cursos, suas particularidades, formas de conclusão e estado da profissão no mercado de trabalho, isto é, se está ou não saturado quanto às possibilidades de absorção de mais profissionais. 2.3.2 Identificação pessoal com a profissão A identificação pessoal é o vínculo que o indivíduo estabelece entre os seus gostos, interesses e capacidades com o tipo de estudos que pretende seguir e a respectiva área profissional. A escolha profissional que vai de acordo com o seu jeito particular é uma
  • 16. 24 E-mail: Laissane@gmail.com boa opção para qualquer estudante. Portanto, é necessário que o candidato a um determinado curso ou profissão sinta que possui um certo grau de identificação com o curso ou com a profissão, o que poderá facilitar sua adaptação e a obtenção de sucesso nessa actividade académica ou profissional. 2.4 Factores educacionais Factores educacionais estão directamente relacionados com todo o sistema de ensino moçambicano, isto é, às possibilidades educativas e formativas que o país oferece. Dizem respeito a oferta do currículo, às instituições e qualidade de serviços que oferecem que, de certa forma, influenciam as decisões de carreira que os indivíduos fazem. Entretanto, Silva e Treichel (2006), consideram que a escola determina o que a criança será quando crescer, na medida em que quando esta entra na escola começa o processo de formação de sua personalidade e, a criança busca ser mais que criança. Pelo que a escola deve agir na formação total de cada indivíduo, não deixando para um instante apenas que alguém tenha que decidir, qual profissão seguir e, principalmente, levando em consideração que, junto com as opções, escolhas e decisões, vêm as pressões, os limites de tempo e a influência dos familiares. Os bons resultados escolares, o contacto com as disciplinas e o próprio professor como modelo, são elementos que influenciam a escolha profissional. Em muitos casos a auto- percepção sobre as aptidões descobertas nos resultados escolares determinaram a decisão de carreira de muitos estudantes. 2.5 Factores sociais Os factores sociais, a que faremos abordagem, dizem respeito aos grupos existentes na sociedade e sua influência sobre o indivíduo, sobretudo a família e os pares. Estes grupos desempenham um papel importante no desenvolvimento da personalidade do indivíduo, neste caso particular, nas decisões de carreira, pois têm sempre um palpite ou
  • 17. 25 E-mail: Laissane@gmail.com são alvo de consulta sobre o que seria melhor para o seu membro. Há outros grupos, no entanto faremos abordagem da influência da família e os pares na escolha profissional. 2.5.1 Influência da família na escolha profissional A família é dos factores que mais influência exerce sobre a escolha profissional. Para Bohoslavsky (1991, p. 56): O grupo familiar constitui o grupo de participação e de referência fundamental, e é por isso que os valores desse grupo constituem bases significativas na orientação do adolescente, quer a família actue como grupo positivo de referência, quer como grupo negativo de referência. As satisfações ou insatisfações dos pais e de outros familiares significativos, em função dos seus respectivos ideais do ego e a vivência das mesmas, exercem um papel importante quanto às influências que, desde criança, o adolescente recebe em seu lar (Bohoslavsky, 1991). Caro(a) estudante, a família por sua função socializadora, tem sempre um papel preponderante, o que significa que a forma como os pais dão significado aos elementos da vida ocupacional sempre estará incluída no universo das representações do filho (Dias, s/d). Os pais têm sempre opinião do que seria mais ou menos desejável para seu filho e também uma certa visão do que ele poderia fazer bem. Mesmo aquele que diz: “o importante é ele ser feliz” possui uma certa visão mais precisa sobre o que seria melhor o filho fazer, ainda que subentendida nesse conceito de felicidade (Ibidem). Os pais preocupam-se com um futuro bem-sucedido e com um trabalho adequadamente remunerado para seu filho. São unânimes em afirmar que é preciso ter um bom salário e um bom encaixe no mercado de trabalho. A família tem sempre uma grande influencia na escolha profissional, pelo seu estatuto socioeconómico e cultural, a título de exemplo, os estudantes provenientes de famílias com poucos recursos e cujos níveis de educação e profissional dos pais se situem longe do ideal, acabam sendo orientados pelas oportunidades educativas, pelos modelos e
  • 18. 26 E-mail: Laissane@gmail.com pelas práticas de socialização dos pais (Campos, 1990). Por outro lado, o conhecimento das profissões, as próprias representações socioprofissionais, o prestígio e os estereótipos associados às profissões, são veiculados igualmente, em larga escala, pela família o que significa que os pais transmitem aos filhos as competências sociais que eles próprios consideram essenciais para o ingresso e sucesso, tanto na escola como no mercado de trabalho (Ibidem). 2.5.2 Influência dos pares na escolha profissional Caro(a) estudante, o grupo de pares funciona quase que de forma similar ao grupo familiar, todavia diferem no facto daquele nunca ser tido como grupo de referência negativa (Bohoslavsky, 1991). A adesão ao grupo é adquirida com base na submissão às normas e valores do grupo. Os valores do grupo de pares são muitas vezes imperativos para um adolescente e sobrepõem-se aos valores do grupo familiar. Quando os adolescentes não apresentam atitudes tão positivas em relação à família, os pares enquanto fonte de influência social, passam a ter uma importância maior (Ibidem). As relações com os pares constituem um dos principais contextos por meio dos quais os adolescentes desenvolvem características pessoais para a vida adulta, que também irão interferir no processo de escolha profissional (Tositto, 2010). Estudos actuais têm procurado abordar esta temática no sentido de investigar a participação dos amigos na escolha profissional. Os resultados desses estudos têm demonstrado que grande parte dos adolescentes faz consultas com seus amigos sobre seu futuro profissional (Tositto, 2010). 2.6 Factores económicos Os factores económicos, dizem respeito ao mercado de trabalho, à globalização e à informatização das profissões, à falta de oportunidades, ao desemprego, à dificuldade de tornar-se empregável, à falta de planeamento económico, à queda do poder aquisitivo da classe média e todas as consequências do sistema capitalista neoliberal no qual vivemos.
  • 19. 27 E-mail: Laissane@gmail.com Estes factores correspondem a dinâmica da venda e compra da força de trabalho. No entanto, o mercado de trabalho é algo flutuante, visto que a profissão que hoje pode ser promissora, daqui a algum tempo pode, por alguma eventualidade, estar saturada (Martins et al., s/d). É consensual a consideração de que a escolha profissional deve ser feita em conformidade com as particularidades do mercado de trabalho, pelo que embora vivamos num mundo de especialistas, escolher uma profissão tão especializada para a qual não haja maiores probabilidades de emprego é uma temeridade. 2.7 Factores políticos Os factores políticos, são aqueles condizentes com a política governamental dominante, particularmente em relação à educação, em especial ao ensino médio, à educação profissional e o ensino superior. Os factores que o determinam (relação entre oferta e procura) estão directamente ligados com a política económica de um país. As políticas em voga acabam por influenciar todo o processo de escolha profissional, pois incidem sobre a escola, o currículo até ao mercado de trabalho. Portanto, caro(a) estudante, a escolha profissional é dinâmica e multi-determinada, o que significa que é resultado de um processo influenciado por vários factores, cada um agindo na sua proporção sobre a decisão de carreira dos indivíduos.