SlideShare a Scribd company logo
1 of 13
Download to read offline
1
N° 03AGOSTO 2009 ANO 1
CIPNewswww.labceo.uff.br/cip
GESTÃODOCONHECIMENTO E PRODUTIVIDADE
2
ÍNDICE
PÁGINAS TEMA TÍTULO
3 COLUNA DA UNIVERSIDADE A Gestão do Conhecimento e o Papel da Universidade
5 COLUNA DA INDÚSTRIA A Gestão do E&P e a Disciplina de Custos
7 COLUNA DO PESQUISADOR A Metodologia de Projetos do PMI e o Programa Seis Sigma
no Auxílio da Estratégia
12 CIP BLOG A Tripla Restrição da Carreira do Gerente de Projetos
REALIZAÇÃO
3
A Gestão do Conhecimento e o Papel da Universidade
Por Emmanuel Paiva de Andrade
D.Sc. em Engenharia de Produção, COPPE/UFRJ
Vice Reitor da Universidade Federal Fluminense
O
mundo das organizações vive constantemente
sob o impacto do que poderíamos chamar
das “grandes sacadas”, ou das auto-intituladas
“última e revolucionária abordagem”, ou do também
auto-intitulado “novo modo de encarar as coisas”
etc. Tal perspectiva já fez a fortuna de muita gente,
mudando ou não as organizações, e continua a despertar
vocações inovadoras, ou em alguns casos apenas
pretensamente inovadoras, que aconselham os discípulos
a esquecerem tudo o que aprenderam anteriormente.
Foimaisoumenosassimcomagestãopelaqualidadetotal,
a gestão sistêmica, a reengenharia, a quinta disciplina,
a gestão estratégica, o BSC e não podia ser diferente
com a gestão do conhecimento. Independentemente
de quão estruturantes ou transformadores sejam estes
fenômenos de gestão, o seu ciclo de vida se parece muito
com o tradicional ciclo de vida do produto, com fases de
introdução, crescimento, amadurecimento, declínio e
morte. Lá como aqui, em alguns casos, declínio e morte
são substituídos por inovações que permitem uma nova
inflexão na curva, reiniciando-se uma nova trajetória.
E a gestão do conhecimento? Como fica nesta história?
Evidentemente, também ela não fica imune ao paradigma
do ciclo de vida mas, antes de caracteriza-la, vamos
compreender um pouco de sua gênese e condições
de sobrevivência. Isoladamente as palavras “gestão” e
“conhecimento”sãotãoantigasejámereceramtantoestudo
epesquisaquequasediríamos,correndooriscodesermos
surpreendidosamanhãporumnovocorteepistemológico
bachelardiano, já não haver mais nada a dizer sobre elas.
Mas quando justapostas na articulação “gestão do
conhecimento”, surge um mundo de possibilidades
que evidentemente têm, como pano de fundo, a
emergência das novas tecnologias de informação e
comunicação (NTIC’s), aliadas às novas perspectivas e
Prédio da reitoria - UFF
3
E se há algo sobre o qual podemos
afirmar que vive, e vive com as
pessoas é o conhecimento
possibilidades com relação ao impropriamente chamado
“capital humano”. Lembremo-nos de que na perspectiva
da economia marxiana o capital era ou encerrava em
si justamente o trabalho morto. E se há algo sobre o
qual podemos afirmar que vive, e vive com as pessoas
é o conhecimento, o qual Thomas Davenport define
apropriadamente como “uma capacidade de agir”, essa
sim,dependentedaspessoasepassíveldegerenciamento.
A universidade com os cientistas, professores, técnicos e
estudantes que nela habitam na condição de produtores,
difusores e aplicadores de conhecimento, enfrentam os
problemas relacionados a produção, desenvolvimento,
difusão, aquisição e armazenamento do conhecimento,
ou seja, com a sua gestão, há muito tempo. Mas
somente quando este conhecimento passa a ser fator de
diferenciação competitiva no mundo das empresas, e vira
objeto de atenção dos seus departamentos de recursos
humanos (RH) ou de experimentação das suas diretorias
de tecnologia da informação (TI), é que o boom da sua
discussãovaiparaasprateleirasdoslivrosmaisvendidosnas
livrarias, disputando espaço com os livros de auto-ajuda.
Gestão do conhecimento na universidade na maior parte
das vezes esteve ligada a uma perspectiva individual. O
cientista é um foco de produção de conhecimento que
encontrou na universidade um ambiente fortemente
marcado por quatro das cinco condições capacitadoras da
criação do conhecimento organizacional formuladas por
4
Nonaka que são a autonomia, caos criativo, redundância e
variedadederequisitos. Sefaltavaaoambienteacondição
da“intenção”,estasobravaaoprópriocientista,emgeralum
empreendedor que alia o conhecimento específico com a
capacidade de agenciamento dos meios para a realização
da sua tarefa, qual seja, da dispendiosa, complexa e
dinâmica ciência, seus experimentos e sua difusão.
Não foi por outra razão que no auge da crise de
financiamento público das universidades brasileiras
nos anos 90 surgiram os dispositivos das fundações
de apoio que deveriam ser, na prática, uma forma de
apoio à reconhecida capacidade empreendedora do
cientista. Esta capacidade estava fortemente contida
pela crise da universidade, cada vez mais desaparelhada,
incapaz de fornecer o suporte financeiro e estrutural
às transações da tecnociência, dependente de redes
materiais, da “assembléia de humanos e não-humanos”
como dizia Bruno Latour. Há que se destacar neste
momento o papel fundamental da Petrobras que,
na ausência de uma política pública consistente,
disseminou, através do Projeto Estratégico de Formação
de Centros de Excelência, uma rede de cooperação
universidade-indústria capaz de sustentar parte
importante do sistema nacional de ciência e tecnologia.
O salto da gestão do conhecimento centrada no cientista-
empreendedor para a gestão do conhecimento centrada
na instituição universitária pressupõe a tão desejada mas
nunca obtida indissociabilidade entre ensino, pesquisa
e extensão. Esta indissociabilidade foi prevista no Artigo
207 da Constituição Brasileira, o mesmo que, antecipando
em alguns anos o conceito da condição capacitadora da
autonomia defendida por Nonaka, previa também que
a indissociabilidade deveria ocorrer numa universidade
que gozasse de autonomia didático-científica,
administrativa e de gestão financeira e patrimonial.
Afinal de contas a “capacidade de agir” e portanto o
conhecimento gerenciável da universidade para formar
pessoas, produzir e aplicar conhecimento dependia de
uma combinação absolutamente original de pessoas,
estrutura e relacionamento em contexto de elevado
risco, impossível de ser efetivado a partir do regramento
jurídico tradicional de operação do aparelho de estado.
Resolver os seus próprios dilemas relativos a uma
adequada gestão do conhecimento organizacional e,
portanto da sua capacidade de agir é o desafio atual
da universidade brasileira. Isso passa por uma série de
mudanças que vão desde uma maior profissionalização da
gestão até um ajuste de contas com a própria democracia
universitária e seus compromissos com a sociedade
brasileira, ou seja, a questão da articulação poder –
gestão – estratégia está colocada e tem que ser tratada.
O recente programa de apoio aos planos de expansão
das universidades federais (REUNI) foi um bom
começo na medida em que retoma em parte o
orçamento público da universidade vinculado a
projetos e estratégias que as próprias universidades
elaboraram. O êxito nesta tarefa será condição para que
a universidade brasileira possa ser uma protagonista
nesta que vem sendo apropriadamente chamada de
uma era da informação ou, na expressão de Manuel
Castels, da sociedade em rede. O Brasil precisa disso!
Visite também o blog de Emmanuel Paiva de Andrade,
no endereço:
http://blog-do-emmanuel.blogspot.com
Breve Currículo
Emmanuel Paiva de Andrade é doutor em engenharia
de produção pela COPPE/UFRJ (1997) e atualmente Vice-
Reitor da Universidade Federal Fluminense. Foi Diretor da
EscoladeEngenhariadaUFFePró-ReitordePlanejamento
da Universidade. Foi ainda Diretor da Associação
Brasileira de Engenharia de Produção e Secretário
de Planejamento do Município de Volta Redonda.
5
A Gestão do E&P e a Disciplina de Custos
Por André Luiz Brandão
Gerente de Planejamento e Controle
PETROBRAS/ UN-RIO/ PM/ PLC
A
pesar de sua história poder ser contada a partir da
primeira concessão de extração de betume dada
pelo Marques de Olinda a José de Barros Pimentel
em 1858, a exploração de petróleo no Brasil confunde-se
com a história da Petrobras. Desde sua criação através da
lei 2004 de 03 de outubro de 1953 o desafio de afirmação
doquepareciaumsonhopodehojesercompreendido em
três grandes períodos. Em sua primeira etapa, um grande
esforço em capacitar brasileiros para uma empreitada
profundamente enraizada no conhecimento técnico
até então de domínio de poucas nações do mundo.
Até o início do século XX a única nação do hemisfério
sul a participar ativamente da corrida do petróleo era a
Argentina. Capacitar-se em um mundo de alta tecnologia
e conhecimento, era então o início da atividade de
Exploração e Produção (E&P) que se concretizava
timidamente nos campos de terra no nordeste brasileiro e
em algumas incursões em exploração marítima desde sua
fundação até a década de 60. Em seu segundo período,
a E&P no Brasil sofre um grande salto com a descoberta
dos campos marítimos no litoral norte do Estado do
Rio. O Campo de Garoupa em 1974 marcou o início de
sucessivas gerações de sistemas de produção até as
atuais superplataformas de produção em profundidades
de água de cerca de 2000 metros e capacidade de
produção de 180 mil barris de petróleo por dia. Em sua
terceira fase a E&P passou a lidar com uma intrincada
rede de interações advindas da quebra do monopólio
do petróleo pela lei 9478 de 6 de agosto de 1997.
Uma curiosa característica da recente queda repentina
de preços do petróleo a partir de junho de 2008 a
diferencia das demais cinco grandes crises mundiais do
petróleo nos últimos 40 anos. Nessas, os preços tiveram
altas de até 1000% como na crise de 1979. Atualmente
o pleno aquecimento das atividades de investimento
em exploração e desenvolvimento da produção a partir
da descoberta das reservas de óleo do pré-sal coincide
com a queda do preço do petróleo. Além deste entrave,
a indefinição do marco regulatório e do aperfeiçoamento
dos mecanismos e instituições de controles externos
compõem um cenário complexo onde a gestão necessita
assumir toda sua maturidade. O sucesso exploratório e
tecnológico em E&P sozinhos não podem mais assegurar a
sustentabilidade de uma organização global de petróleo.
Nos períodos heróicos de afirmação da indústria
brasileira de Exploração e produção de petróleo o
esforço foi muito maior do que a simples nacionalização
de competências ou de equipamentos. A partir de 1984
com a descoberta dos primeiros campos gigantes em
águas consideradas profundas, o desafio envolvia uma
tomada de independência para a indústria brasileira
com o desenvolvimento de soluções de produção ainda
não disponíveis na indústria mundial. Adaptar sistemas
de produção para onde apontavam as descobertas era
uma questão de sobrevivência. No final da década de 90
o êxito tecnológico da Petrobras já era mundialmente
reconhecido quando o novo século trouxe maus
presságios. Como garantir uma história de sucesso
num ambiente completamente novo de competição
estratégica e em um mercado integrado e global? A
resposta viria com uma revolução na gestão do negócio
a partir de 2001. Práticas e técnicas de gerenciamento
de projetos, benchmarking, qualidade, e atualmente os
mais modernos conceitos de Lean operation, Six Sigma,
“Essa batalha dos custos que
se intensificará após o Peak
Oil só será ganha com muita
tecnologia de gestão e ação ágil e
integradora.”
análise de riscos, governança corporativa, variadas
técnicas de orçamento além dos sistemas integrados
de gestão fazem parte da recente história da E&P.
Alémdetervividoemtodasuahistóriaaameaçaintrínseca
da incerteza geológica e do seu ciclo não renovável de
produção, a indústria do petróleo tem se habituado a
incorporar uma constante ameaça que parece fechar um
tripé de insustentabilidade. O grande potencial poluidor
de seus principais derivados, aliado às crescentes pressões
ambientais, favorece a viabilização de iniciativas, embora
tímidas, de substitutos energéticos ao combustível fóssil.
Na contabilidade de custos, tradicionalmente voltada
aos insumos de produção, custos como proteção a
ecossistemas, compensação social, fomento a pesquisas,
5
6
complexos processos de prontidão e monitoramento
de impactos ambientais, demandam estruturas de
gerenciamento de custo cada vez mais sofisticadas.
A atuação em parceria talvez seja um dos maiores
desafios que se apresentam à gestão de custos de
E&P no País. Dos atuais 550 blocos em exploração
e produção no Brasil, 45,8% estão operados por
outras que não a PETROBRAS. Outro exemplo do
crescimento das parcerias está na Bacia de Santos,
palco das acumulações recentemente descobertas no
Pré-sal. Das 69 concessões exploratórias, apenas 28%
pertencem exclusivamente à PETROBRAS. Outras 30% a
Petrobras opera prestando contas a diversos parceiros.
Em 17% outras empresas são operadoras tendo a
Petrobras como sócia. Os 25% restantes são operados
por outras empresas sem a participação da Petrobras.
Devido ao seu caráter não renovável, as acumulações
de petróleo seguem uma curva em forma de sino (curva
de Hubbert) onde se observa que, para um mesmo nível
de produção na parte ascendente da curva, os custos
de produção são significativamente mais baixos que na
sua parte descendente. O polêmico evento de alcance
do pico mundial de produção (Peak Oil) denunciaria
profundascrisesqueresultariamemumcrescentecusto
de produção. Se tomarmos estes e outros tantos fatores
que afetam a indústria de petróleo e, em especial, a
área de E&P, o gerenciamento de custos demanda
cada vez mais o mesmo tratamento estratégico que
temos dedicado ao desenvolvimento tecnológico. Gerir
processos e, por conseguinte, custos, deixam longe
a era dos pioneiros e heróicos gestores com “petróleo
nas veias” dos primeiros tempos. A motivação e o
entusiasmo devem ser os mesmos, mas os resultados
não dependem exclusivamente desse engajamento.
A nossa conhecida contabilidade gerencial necessita
de novas tecnologias de gestão que a torne uma
espécie de “contabilidade operacional”. Não bastam
mais elaboradas táticas de guerra. A gestão de custos
se vence também na guerrilha. Essa batalha dos custos
que se intensificará após o Peak Oil só será ganha com
muita tecnologia de gestão e ação ágil e integradora.
7
A Metodologia de Projetos do PMI e o Programa Seis Sigma
no Auxílio da Estratégia
Por Ruben H. Gutierrez
Pesquisador Sênior
LABCEO / CIP E&P
1. Introdução.
A busca das Organizações por uma vantagem competitiva
sustentável se tornou um fator de sobrevivência em
um mundo globalizado e com constantes mudanças.
Cada vez mais as Organizações demandam velocidade
e agilidade em suas implementações estratégicas,
para isso buscam metodologias de acordo com suas
necessidades, cultura e momento econômico. O
Programa Seis Sigma e a metodologia de projetos do
PMI, tomando como base a pesquisa bibliográfica dos
seus principais conceitos, e considerando as dimensões
Foco, Benefícios, Metodologia e Barreiras foi desenvolvida
pelo autor e pesquisadores da UFF, analisando os
pontos comuns e contrários a ambas metodologias.
Hoje, além da preocupação com suas margens de
lucratividade, redução de custos e despesas, aumento de
receita, penetração de mercado, produtividade, satisfação
de clientes, colaboradores e acionistas; preservação da
marca e garantia da qualidade, as lideranças empresariais,
ainda precisa conciliar essas variáveis com uma atenção
a responsabilidade social, ética e preservação ambiental.
Tudo isso tem levado as organizações a recorrerem
a diversos tipos de metodologias que garantam
uma velocidade na implantação de suas estratégias
corporativas e sua efetiva aplicabilidade. Na maioria das
vezes estratégias têm sido implementadas sob forte
pressão de fatores como agencias reguladoras, padrões
nacionais ou internacionais, equipes terceirizadas, meio
ambiente, melhores resultados, alteração do mercado,
mudança no comportamento do cliente, aumento de
competitividade e busca pela inovação entre outros.
Queinstrumentospodempossibilitarasorganizaçõesuma
garantiadequeaimplementaçãodesuaestratégiaatinjaos
resultados desejados dentro de um ciclo pré-estabelecido
de gestão? Como garantir que a estratégia a ser adotada
atinja e integre a atual cadeia de valor da organização? Os
antigos indicadores podem garantir os resultados futuros?
Mediante tal desafio, as organizações se vêem na busca
de novas metodologias para garantia da implantação
de suas estratégias seja através de Programas de
Qualidade, Gerenciamento pelas Diretrizes, Gestão
por Processos, Balanced Score Card, six sigma etc.
2. Seis Sigma.
Pode a Gestão por Seis Sigma contribuir de forma efetiva
para garantir uma eficiente implantação Estratégica?
SegundoWerkema(2002),aorigemdoSeisSigmaremonta
a 1981, e depois que a Motorola recebeu o Prêmio da
Qualidade Norte Americano Malcolm Baldrige em 1988, o
SeisSigmapassouaserreconhecidoetevediversosgigantes
do mundo corporativo adotando-o, empresas como GE,
Allied Signal, Toyota, Kodak, Xerox nos EUA e no Brasil
empresas como Belgo-Mineira, Ambev, Grupo Gerdau e
CimentosVotorantimjáfazemautilização dessePrograma.
A priori seu conceito não é absolutamente novo, pois
combina diversas ferramentas da qualidade com
ferramentas estatísticas provocando rupturas no
pensamento gerencial e estratégico das organizações,
podendo encontrar seus fundamentos nas idéias de
Shewhart, Deming e Juran entre muitos pensadores
e consultores da qualidade. Para Pande (2001) o
termo Seis Sigma refere-se a um alvo, uma meta de
desempenho de se operar com apenas 3,4 defeitos para
cada milhão de atividades chamadas de oportunidades.
Entendendo por “defeito” qualquer coisa que signifique
o não atendimento a uma necessidade do cliente,
chegamos à definição de Peter Pande que demonstra
o alcance e a flexibilidade desse Programa, segundo
Pande (2001, p.13) trata-se de um “sistema abrangente
e flexível para alcançar, sustentar e maximizar o
sucesso empresarial” e ainda “... representa uma
estreita compreensão das necessidades dos clientes,
disciplina no uso de fatos, análise estatística com foco
na melhoria e reinvenção dos processos de negócios”.
A essência da palavra Sigma trás em si um conceito de
variaçãojáquesetratadeumaletragregaqueosestatísticos
usam para representar desvio-padrão de uma amostra,
ondequantomaioravariaçãomaiorodesviopadrão,então
para Reshulski e Carvalho (2004), caso o processo aceite
uma variação de Seis Sigma significará que 99,99966 por
cento de unidades estarão dentro dos limites específicos,
não havendo mais que 3,4 defeitos por milhão de
8
oportunidades(DPMO)paraquequalquerdefeitoretorne.
2.1. O programa seis sigma (pss).
Cada vez mais o alinhamento estratégico nas
organizações vem se tornando fator crucial para
alavancagem dos negócios, sejam empresas focadas em
produto ou em serviços. Conforme aponta Carvalho, Ho
e Pinto (2007, pg. 488) sobre o PSS, “O foco estratégico
pode ser evidenciado na forma de mensuração
direta dos benefícios do programa, no apoio da alta
administração da empresa e no alinhamento do portfolio
de projetos Seis Sigma às estratégias organizacionais”.
Deixado de ser considerado como um modismo, o PSS
medianteosresultadosproduzidospelasempresas(Pande,
2001), vem ganhando adeptos devido a sua forte ligação
com a estratégia da empresa, onde a implementação do
Programa deve se basear em um fluxo estratégico que
observe a identificação das plataformas de valor para
empresa, dos fluxos de valor das unidades de negócio e
da priorização de projetos que maximizem valor (George,
2004), sem deixar de priorizar uma forte estrutura de
treinamento e de responsabilidades, além da clara
identificação pela organização dos atores do Seis Sigma.
O alinhamento do PSS à gestão do Portfolio de
Projetos e às estratégias de negócio tem como
objetivo identificar e alocar os melhores recursos na
gestão desses projetos no sentido de garantir que o
Programa esteja integrado aos objetivos estratégicos
e metas de negócio (Carvalho, Ho e Pinto (2007)).
Os benefícios do PSS que atraem as empresas
para sua adoção podem ser identificados
de acordo com Pande (2001) como:
•	 Sucesso sustentado gerado.
•	 Meta de desempenho para todos determinada.
•	 Valor para o Cliente intensificado.
•	 Taxa de melhoria acelerada
•	 ConceitodeOrganizaçãoqueaprendepromovido.
•	 Mudanças estratégicas executadas.
2.2. Os atores do programa seis sigma
Todo Programa que queira estar alinhado às estratégias
corporativas de uma organização precisa se internalizar
na cultura, valores, visão e missão dessa organização. Isso
nãoseriadiferentenoSeisSigma.Videempresasdeclasse
mundial como Xerox, Dupont, Ge, Motorola entre outras
e de acordo com a literatura sobre o Programa, George
(2004),Breyfogle(2003),Pande(2001)eRotondaro(2002).
Nesta literatura, aparece uma estrutura de papéis
chave com funções determinadas no Programa
Seis Sigma, como Patrocinador, Comitê de Gestão
do Programa, Diretores Estratégicos, Líder de
Implementação (gerente do progrma), Mestre em
Faixa Preta, Faixa Preta, Faixa verde, Proprietário
do processo, Equipe de projeto, Faixa amarela etc.
O termo “Faixa-Preta” surgiu na Motorola no início
dos anos 90 para designar colaboradores com
alto conhecimento em melhoria de processos e
estatística e foi retirado das artes marciais devido a
sua ligação com altas habilidades e forte disciplina.
Segundo Breyfogle (2003) o sucesso do Programa
está diretamente ligado a capacidade desse grupo
de endereçar, alinhar e transformar corretamente as
principais necessidades estratégicas e de negócio
da organização em projetos que estabeleçam
um alto retorno sobre os investimentos com
intuito de atingir os planos estabelecidos.
2.3. A metodologia seis sigma
Os modelos mais difundidos pelo PSS são o DMAIC
(Define, Measure, Analyse, Improve e Control) e o DFSS
(Design for Six Sigma), sendo o primeiro destinado a
gestão dos processos chave e o segundo a qualidade
em projetos de produtos e serviços. Segundo Reshulski
e Carvalho (2004) as semelhanças entre os dois métodos
estão nas três primeiras fases (Definir, Medir e Analisar)
enquanto que as diferenças estão nas duas últimas
fases, já que no primeiro há a Melhoria e o Controle
enquanto que no segundo ocorre o Projetar e Verificar.
Conforme aponta Kessler (2004), o PSS está apoiado
em uma estrutura de Gerenciamento de Projetos, onde
temos objetivos com foco financeiro, cronogramas
de acompanhamento e formação de equipes, além
de reuniões de validação para cada término de fase
(Tollgate do termo em inglês cancela, pedágio).
Conforme Santos e Martins (2003) “a importância
do PSS alinhado aos objetivos estratégicos da
empresa está relacionada à possibilidade de
um feedback estratégico sobre a medição de
desempenho e não apenas tático/operacional”.
3. Resultados
As evidências dos resultados no mundo dos negócios
da utilização do Programa Seis Sigma como forma de se
implantar uma estratégia começaram a se tornar visíveis
apósgigantesdomundocorporativocomeçaremaganhar
seus prêmios nacionais de qualidade, como a Motorola
utilizando o Seis Sigma nos EUA ou a Petrobrás no Brasil
9
comautilizaçãodaMetodologiaporProjetos,porexemplo.
No recente estudo de benchmarking em Gerenciamento
de Projetos realizado pelo PMI junto a 200 empresas
instaladas no Brasil e conforme figura 02 observa-
se que 92% das empresas alinham seus projetos ao
Planejamento Estratégico e que dentro dessas 50%
já possuem uma efetiva preocupação nesse sentido.
Obs: Gráfico da perspectiva geral encontra-se no final
do texto.
4. Análise comparativa entre as metodologias
Para Rebelato e Oliveira (2006) “o Seis Sigma tem
sua meta muito concreta que é a de registrar menos
de 3,4 erros por milhão de oportunidades de errar
em produtos e serviços enfocando a redução nas
variações dos processos organizacionais”. Ao ser
utilizado como uma metodologia para dar velocidade
à implantação estratégica e sob o formato de projetos
o PSS se apresentou muito eficaz trazendo resultados
expressivos a empresas como Xerox, Motorola, GE,
Ford entre outras, porém no Brasil esse Programa
ainda é visto como uma metodologia da qualidade.
De acordo com o Estudo de Benchmarking de 2006
realizado pelo PMI o Gerenciamento de Projetos vem
sendo muito utilizado pelas organizações no Brasil
tendo apresentado no estudo um índice de 81%
quando perguntado com que freqüência os projetos
realizados têm alcançado seus objetivos de negócio.
Segundo Santos e Martins (2003) com a evolução do
conceitodequalidadeasorganizaçõespassaramaentender
oProgramaSeisSigmacomoumassuntoestratégicoquea
tornacapacitadaaelevarseupotencialcompetitivo,sendo
o PSS “um dos sistemas mais bem sucedidos em priorizar
a obtenção dos resultados financeiros por intermédio
de um método estruturado”, Santos e Martins (2003).
Com base na fundamentação teórica da pesquisa, os
autores apresentam análise comparativa, considerando
as dimensões Foco, Benefícios, Metodologia e
Barreiras e a análise dos pontos comuns e contrários.
Obs: Tabela com comparativo entre as metodologias
do Programa Six Sigma e do Gerenciameno de Projetos
encontra-se no final do texto.
Conformeapontadopelaanálisecomparativademonstrada
na tabela 5, observa-se que existem semelhanças
e diferenças nos modelos apresentados, ambas
metodologias podem se completar com aproveitamento
das partes semelhantes e da utilização das diferenças
para preencher as lacunas existentes. Organizações que
pretendem implementar estratégias de mudanças e
rupturas em seus negócios podem se utilizar de ambas
metodologiasbastandoparaissoconcentrarsuasdecisões
nas dimensões de foco e benefícios aqui apresentadas.
Enquanto o foco de um Programa voltado para o Seis
Sigma se direciona para transformação do negócio
o Gerenciamento de Projetos procura estruturar a
estratégia para uma implantação. Os benefícios do Seis
Sigma estão em garantir uma meta de desempenho e a
redução da variabilidade dos processos de negócio, já o
Gerenciamento de Projetos disponibiliza monitorações
constantes da implantação e sua velocidade.
Observa-se também que as barreiras são bem parecidas
passando desde a necessidade de uma estrutura
voltada para projetos a busca de uma maior integração
com o negócio. Quanto à metodologia percebe-se que
enquanto o Programa Seis Sigma possui fases onde
se busca a medição e análise profunda com métodos
estatísticos, o Gerenciamento de Projetos possui uma
melhor definição e declaração de escopo e com uma
atenção maior ao monitoramento das fases do projeto.
Os pontos em comuns e divergentes demonstram que
essas metodologias possuem complementaridades e
que as organizações também podem utilizá-las de forma
conjunta, integrando em um único programa que pode
ser chamado de Gestão Seis Sigma de Projetos. Esse
modelo integraria as fases de Medição, Análise e Controle
do PSS às fases de Concepção, Planejamento e Execução
do Gerenciamento de Projetos, ficando uma seqüência
que poderia ser chamada de CPMAEC, onde teríamos as
fases de Concepção e Planejamento, Medição e Analise,
Execução e Controle. Nesse modelo integraríamos as
ferramentas estatísticas do PSS, seu foco em analise de
valor, planos de controle, o proprietário do processo e
suas reuniões de tollgate, com a estrutura analítica de
projeto, a Curva S, os softwares de gestão e os escritórios
de projeto (PMO) do Gerenciamento de Projeto.
5. CONCLUSÃO.
CadavezmaisoProgramaSeisSigmavemganhandoadeptos
em todo mundo com muitas organizações utilizando sua
metodologia para dar mais qualidade à implantação de
suas estratégias. São muitos os artigos publicados sobre
o tema e diversas derivações, mesmo porque com as
constantes mudanças no mundo dos negócios, com foco
cada vez mais em resultado, as organizações não podem
se fixar em apenas uma ou duas formas de gerenciar
seus projetos ou de implantação de suas estratégias.
A pesquisa concluiu que a Gestão por Seis Sigma e a
10
metodologia de projetos PMI, contribuem de forma
efetiva para garantir uma eficiente implantação
estratégica com agilidade, flexibilidade e com extrema
facilidade para integrar sua cadeia de valor, bastando
para isso que a liderança organizacional saiba utilizar
ambos os Programas de forma lógica e sabendo
explorar o melhor de suas funções, foco e benefícios.
Percebe-se este Programa pode ser utilizado como
instrumento para garantir implementações estratégias
dentro de ciclos pré-estabelecidos de gestão,
bastando para isso a criação de um ambiente de
projetos que possibilite a ação dos respectivos atores
de cada Programa conforme exposto na pesquisa.
Observa-se que o seis sigma pode atuar em conjunto
com a metodologia de projetos do PMI a fim de
se atingir uma eficácia estratégica, desde que as
organizações invistam em saber integrar o que
há de vantagens no modelo PSS ao modelo de
Gerenciamento de Projetos aplicando assim o CPMAEC.
REFERÊNCIAS BÁSICAS
BREYFOGLE, Forest W. Implementing Six Sigma:
smarter solutions using statistical methods.
New Jersey, EUA: John Wiley & Sons, Inc., 2003.
CARVALHO, Marly Monteiro; HO, Linda Lee; PINTO,
Silvia Helena Boarin. Implementação e Difusão do
Programa Seis Sigma no Brasil. Scientific Eletronic
Library On-line. Produção, V.17, n. 3, p.486-501, set-
dez. 2007. Disponível em http://www.scielo.br/pdf/
prod/v17n3/a07v17n3.pdf. Acesso em 01/03/2008.
CRUZ, Amaury Bordalho; FERNANDES, Elton; LIMA,
Solange; ARAUJO, Renato S.B. de. Uma abordagem
comparativa do gerenciamento da qualidade do projeto.
XXVI ENEGEP – Encontro Nacional de Engenharia
de Produção. Fortaleza, CE - 2006. Disponível em
http://www.abepro.org.br/biblioteca/ENEGEP2006_
TR470319_7487.pdf. Acesso em 10/03/2008.
DINSMORE, Paul Campbell; Neto Fernando Henrique
da Silveira. Gerenciamento de Projetos: como
gerenciar seu projeto com qualidade, dentro do prazo
e custos previstos. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2004.
PMBOK Guia. Guia do Conjunto de conhecimentos
em gerenciamento de projetos. Terceira
Edição. Project Management Institute, Four
Campus Boulevard, Newton Square. EUA. 2004.
PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE, Rio de Janeiro. Estudo
de Benchmarking em Gerenciamento de Projetos Brasil
2006. Rio de Janeiro: PMIRIO 2007. Disponível em http://
www.pmirio.org.br. Versão 2.0. Acesso em 19/01/2008.
GEORGE, Michael. Lean Seis Sigma para
serviços. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2004.
KESSLER, Rafael Motta. A Implantação do Seis Sigma em
organizações:motivaçõesdeescolhaeresultadosobtidos.
Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio
GrandedoSul–EscoladeAdministração.PortoAlegre-2004.
MORONI, Marco Aurélio; HANSEN, Peter Bent.
Gestão por Processos e a Gestão de Projetos:
Um modelo gerencial para alocação de recursos.
Revista Gestão Industrial, Universidade Federal do
Paraná. Paraná: v.02, n.01, p. 47-58, jan-mar.2006.
PANDE, Peter S. Estratégia seis sigma: como a GE, a
Motorola e outras grandes empresas estão aguçando
seu desempenho. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2001.
REBELATO, Marcelo Giroto; OLIVEIRA, Iraci Sobral
de. Um estudo comparativo entre a gestão da
qualidade Total (TQM), O Seis Sigma e a ISO 9000.
Revista Gestão Industrial, Universidade Federal do
Paraná. Paraná: v.02, n.01, p. 106-116, jan-mar.2006.
RESHULSKI, Denise Kaufmam; CARVALHO, Marly
Monteiro; Programas de Qualidade Seis Sigma –
Características distintivas do modelo DMAIC e DFSS.
Publicação da Produção em Iniciação Científica da
Escola Politécnica da USP. São Paulo, PIC-EPUSP
Número 02, 2004. Disponível em http://www.pro.
poli.usp.br/graduacao/atividades-academicas-extra-
curriculares/inciacao-cientifica/producao-em-iniciacao-
cientifica-2004/programas.pdf. Acesso em 15/03/2008.
ROTONDARO, Roberto G. Seis Sigma –
Estratégia gerencial para melhoria de processos,
produtos e serviços. São Paulo: Atlas, 2002.
SANTOS, Adriana Barbosa; MARTINS, Manoel Fernando. A
implementação dos projetos seis sigma contribuindo para
o direcionamento estratégico e para o aprimoramento
do sistema de medição. XXIII ENEGEP (Encontro Nacional
de Engenharia de Produção). Ouro Preto. MG. 2003.
Disponível em http://www.abepro.org.br/biblioteca/
ENEGEP2003-TR0201-0447.pdf. Acesso em 01/03/2008.
WERKEMA, Maria Cristina Catarino. Criando a cultura
seis sigma. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2002.
10
11
Figura 1 – Nível de alinhamento dos projetos com o planejamento estratégico da Organização.
Fonte: Estudo de Benchmarking em Gerenciamento de Projetos Brasil 2006. PMI. Rio.	
Tabela 1 – Comparativo entre as Metodologias do Programa Seis Sigma e do Gerenciamento de Projetos.
Fonte: Os autores.
11
TABELA COMPARATIVA
PERSPECTIVA GERAL
12
A Tripla Restrição da Carreira do Gerente de Projetos
Fonte: Marcos Pires / Projetizado
P
ara que um projeto seja considerado um sucesso
ao seu final, a tripla restrição deve ser atendida.
Lembrando que a tripla restrição é composta pelo
Escopo, Tempo, Custo e também Qualidade. Ou seja, são
quatro as restrições que compões a “Tripla Restrição”.
Fazendo esta analogia para a carreira de um gerente
de projetos, podemos considerar que para que
um profissional desta área tenha maiores chances
de sucesso, ele também tenha que atender a
Tripla Restrição para a carreira. Vamos a elas:
1ª.Restrição–Domíniodadisciplinadegerenciamento
de projetos:
Da mesma forma que um padre deve conhecer a
Bíblia, o gerente de projetos, principalmente os
certificados ou aspirantes a certificados PMP devem
conhecer a fundo o PMBOK. É importante mencionar
aqui, que apesar desta publicação do PMI ser a mais
reconhecida principalmente no Brasil, ela não é a única.
Modelos como o PRINCE2, SCRUM (Metodologias
ágeis) e a publicação do IPMA (International Project
Management Association) são modelos interessantes
e que merecem ser analisados – Em um Blog futuro
estarei trazendo em mais detalhes sobre estes modelos.
Mas voltando ao PMBOK, dominar não somente as 9 áreas
de conhecimento (seus processos e ferramentas) mas
possuir um entendimento bem sólido dos 3 primeiros
capítulos do Guia é essencial para um profissional de
gerenciamento de projetos. Ter clareza sobre modelos
de estruturas organizacionais, entender as dimensões
Programas e Portifólio, Planejamento estratégico e o
que vem a ser Escritório de Projetos e seus tipos é algo
essencial. Muitos profissionais de projetos às vezes
não enxergam o contexto maior na qual um projeto
esta envolvido, limitando o seu desenvolvimento
como profissional. Portanto tem uma visão do que
chamamos de Governança de projetos é essencial.
“Da mesma forma que um padre deve
conhecer a Bíblia, o gerente de projetos,
principalmente os certificados ou
aspirantes a certificados PMP devem
conhecer a fundo o PMBOK.”
2ª. Restrição – Conhecimentos da área de atuação:
Há um ditado no nosso mundo de gerenciamento
de projetos que diz que o gestor que conhece bem
metodologias, processos, ferramentas e melhores
práticas de gestão de projetos pode “tocar” qualquer
tipo de projeto. Isso no fundo é mesmo verdade, mas
dentro de um contexto que deve ser considerado
como, por exemplo, possuir uma boa equipe ao seu
lado. Um gerente especialista em liderar projetos de
software, por exemplo, poderia sim gerenciar um
projetos de infraestrutura ou até mesmo a construção
de um prédio, mas desde que ele tenha em sua equipe
profissionais “tecnicamente” gabaritados para atuarem
em lideranças técnicas e também no apoio a gestão.
Mas um grande diferencial que o mercado valoriza,
além claro dos conhecimentos e experiência em
gerenciamento de projetos é o domínio técnico do
segmento de atuação. Como exemplo, podemos citar que
Gerentes de projetos com alto conhecimento técnico em
desenvolvimento de software é muito valorizado neste
segmento e na competição de mercado, quanto mais
visãotécnicaumgestortem,maiorsetornaseudiferencial.
3ª. Restrição – Habilidades interpessoais, de
comunicações e etc …:
Esta restrição é indispensável para qualquer
profissional de sucesso, pois relacionamento com
equipe, clientes e fornecedores, além de habilidades
de negociação e motivação são fatores que
determinam o sucesso de um gestor em qualquer
ramo de atividade, principalmente em projetos.
12
13
Segundo o PMI, 90% do tempo de um gerente de
projeto é utilizado em comunicações (aliás, pergunta
de caí no exame do PMP). Reuniões, acompanhamento,
status report, feedbacks e outras atividades diárias
de comunicação fazem parte o trabalho diário de
um gestor, principalmente em projetos complexos
onde a quantidade de interessados é significante.
Talvez de todas as restrições, esta seja a mais difícil
para um profissional reconhecer e se desenvolver, pois
certamenteseashabilidadesinterpessoais,comunicações,
negociações e liderança forem pontos fracos do gerente,
este fato pode colocar o próprio gerente de projetos como
o maior risco em um projeto. Mas a boa notícia é que isso
pode ser desenvolvido e melhorado. Mas o profissional
precisa reconhecer e trabalhar bem este aspecto.
4ª. Restrição – Gostar do que faz:
Se esta restrição não estiver no sangue do profissional
de gerenciamento de projetos, certamente as outras três
estarão comprometidas. A profissão de gerenciamento de
projetos para muitos é algo apaixonante (e é mesmo). Para
alguns se torna quase que uma religião que extrapola os
limites profissionais e é parte integrante da vida pessoal.
Conheço profissionais que para tudo usam o raciocínio
orientado em processos e boas práticas de gerenciamento
de projetos. É simplesmente algo fantástico e que faz
toda a diferença em relação aos “profissionais comuns”
que simplesmente “tocam” projetos. Pois como disse
no início, a gestão de projetos para muitos esta no
sangue, é natural e faz parte inclusive do cotidiano.
A profissão de gerenciamento de projetos é desafiadora,
muitas vezes dura e até em certos momentos ingrata. Mas
para quem consegue sobreviver nesta carreira, ela traz
muitas recompensas não só do ponto de vista profissional,
mas como também pessoal. É uma profissão que permite
um crescente desenvolvimento de habilidades pessoais,
interpessoais, negociação, liderança e muito mais. Sem
contaroqueaprendemoscomas9áreasdeconhecimento
do PMBOK e com as questões da ética profissional.
Para finalizar, deixo aqui uma visão que já mencionei
em um Blog passado: “As boas práticas de gestão de
projetos não são apenas para o mundo profissional. Elas
se aplicam perfeitamente para nossas vidas pessoais, mas
isso só funciona para aqueles que realmente conhecem,
gostam e sabem dos benefícios que ela pode nos trazer”.
Alguns Eventos
Maria José Moreira e Rogério Toscano
CSC - Computer Science Corporation
Dia: 09/09/09
Horário: 9:00h
Local: Faculdade de Engenharia
Rua Passo da Pátria, 156 - sala 104 - Bloco D - São
Domingos - Niterói - RJ - 24.240-260
Fernando Goldman
Presidente SBGC / RJ
Dia: 30/09/09
Horário: 9:00h
Local: Faculdade de Engenharia
Rua Passo da Pátria, 156 - sala 104 - Bloco D - São
Domingos - Niterói - RJ - 24.240-260

More Related Content

Similar to CIP News 3

Aspectos comunicacionais e mercadológicos na era dos negócios digitais
Aspectos comunicacionais e mercadológicos na era dos negócios digitaisAspectos comunicacionais e mercadológicos na era dos negócios digitais
Aspectos comunicacionais e mercadológicos na era dos negócios digitaisGrupo COMERTEC
 
Relatório - Projeto Inovações Ambientais. Reunião com Pró-reitores e NITs das...
Relatório - Projeto Inovações Ambientais. Reunião com Pró-reitores e NITs das...Relatório - Projeto Inovações Ambientais. Reunião com Pró-reitores e NITs das...
Relatório - Projeto Inovações Ambientais. Reunião com Pró-reitores e NITs das...Fundação Dom Cabral - FDC
 
A EMBRAPA e a privatização da "neutralidade científica" - H. Martins
A EMBRAPA e a privatização da "neutralidade científica" - H. MartinsA EMBRAPA e a privatização da "neutralidade científica" - H. Martins
A EMBRAPA e a privatização da "neutralidade científica" - H. MartinsBlanco agriCultura
 
Hélice Tríplice e Gestão do Esporte - I Fórum Internacional de Gestão do Espo...
Hélice Tríplice e Gestão do Esporte - I Fórum Internacional de Gestão do Espo...Hélice Tríplice e Gestão do Esporte - I Fórum Internacional de Gestão do Espo...
Hélice Tríplice e Gestão do Esporte - I Fórum Internacional de Gestão do Espo...Universidade Salgado de Oliveira
 
Apresentação Inovação
Apresentação InovaçãoApresentação Inovação
Apresentação InovaçãoKarina Gomes
 
O comércio electrónico nos hipermercados padroes evolutivos e perspectivas
O comércio electrónico nos hipermercados padroes evolutivos e perspectivasO comércio electrónico nos hipermercados padroes evolutivos e perspectivas
O comércio electrónico nos hipermercados padroes evolutivos e perspectivasSofia Serafim
 
Educação e Inovação Digital: Por um novo horizonte ético no combate à desigua...
Educação e Inovação Digital: Por um novo horizonte ético no combate à desigua...Educação e Inovação Digital: Por um novo horizonte ético no combate à desigua...
Educação e Inovação Digital: Por um novo horizonte ético no combate à desigua...Luciano Sathler
 
O discurso de posse de Mercadante
O discurso de posse de MercadanteO discurso de posse de Mercadante
O discurso de posse de Mercadanteluizhenriquemendes
 
A tecnologia educação
A tecnologia  educaçãoA tecnologia  educação
A tecnologia educaçãoJ Chaves Silva
 
Revisão e dicas para a Redação/Enem
Revisão e dicas para a Redação/EnemRevisão e dicas para a Redação/Enem
Revisão e dicas para a Redação/EnemJoão Mendonça
 
MANIFESTO DOS EX-MINISTROS DE ESTADO DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO
MANIFESTO DOS EX-MINISTROS DE ESTADO DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃOMANIFESTO DOS EX-MINISTROS DE ESTADO DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO
MANIFESTO DOS EX-MINISTROS DE ESTADO DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃOEditora 247
 
Apresentação Fiema 27.06 - Tendências de Mercado.pdf
Apresentação Fiema 27.06 - Tendências de Mercado.pdfApresentação Fiema 27.06 - Tendências de Mercado.pdf
Apresentação Fiema 27.06 - Tendências de Mercado.pdfvtrinta30
 

Similar to CIP News 3 (20)

Ingeniero novos tempos
Ingeniero novos temposIngeniero novos tempos
Ingeniero novos tempos
 
Aspectos comunicacionais e mercadológicos na era dos negócios digitais
Aspectos comunicacionais e mercadológicos na era dos negócios digitaisAspectos comunicacionais e mercadológicos na era dos negócios digitais
Aspectos comunicacionais e mercadológicos na era dos negócios digitais
 
Relatório - Projeto Inovações Ambientais. Reunião com Pró-reitores e NITs das...
Relatório - Projeto Inovações Ambientais. Reunião com Pró-reitores e NITs das...Relatório - Projeto Inovações Ambientais. Reunião com Pró-reitores e NITs das...
Relatório - Projeto Inovações Ambientais. Reunião com Pró-reitores e NITs das...
 
Centro de formação
Centro de formaçãoCentro de formação
Centro de formação
 
A EMBRAPA e a privatização da "neutralidade científica" - H. Martins
A EMBRAPA e a privatização da "neutralidade científica" - H. MartinsA EMBRAPA e a privatização da "neutralidade científica" - H. Martins
A EMBRAPA e a privatização da "neutralidade científica" - H. Martins
 
Pucrs Audy Santa Maria Feisma
Pucrs Audy Santa Maria FeismaPucrs Audy Santa Maria Feisma
Pucrs Audy Santa Maria Feisma
 
Anais 2010 FAA
Anais 2010 FAAAnais 2010 FAA
Anais 2010 FAA
 
Hélice Tríplice e Gestão do Esporte - I Fórum Internacional de Gestão do Espo...
Hélice Tríplice e Gestão do Esporte - I Fórum Internacional de Gestão do Espo...Hélice Tríplice e Gestão do Esporte - I Fórum Internacional de Gestão do Espo...
Hélice Tríplice e Gestão do Esporte - I Fórum Internacional de Gestão do Espo...
 
Palestra gestão do esporte 2010.2 2 - Hélice Tríplice
Palestra gestão do esporte 2010.2 2 - Hélice TríplicePalestra gestão do esporte 2010.2 2 - Hélice Tríplice
Palestra gestão do esporte 2010.2 2 - Hélice Tríplice
 
Jornal do sintuperj nº 34
Jornal do sintuperj nº 34Jornal do sintuperj nº 34
Jornal do sintuperj nº 34
 
Apresentação Inovação
Apresentação InovaçãoApresentação Inovação
Apresentação Inovação
 
O comércio electrónico nos hipermercados padroes evolutivos e perspectivas
O comércio electrónico nos hipermercados padroes evolutivos e perspectivasO comércio electrónico nos hipermercados padroes evolutivos e perspectivas
O comércio electrónico nos hipermercados padroes evolutivos e perspectivas
 
Educação e Inovação Digital: Por um novo horizonte ético no combate à desigua...
Educação e Inovação Digital: Por um novo horizonte ético no combate à desigua...Educação e Inovação Digital: Por um novo horizonte ético no combate à desigua...
Educação e Inovação Digital: Por um novo horizonte ético no combate à desigua...
 
O discurso de posse de Mercadante
O discurso de posse de MercadanteO discurso de posse de Mercadante
O discurso de posse de Mercadante
 
A tecnologia educação
A tecnologia  educaçãoA tecnologia  educação
A tecnologia educação
 
Revisão e dicas para a Redação/Enem
Revisão e dicas para a Redação/EnemRevisão e dicas para a Redação/Enem
Revisão e dicas para a Redação/Enem
 
JORNAL da CIÊNCIA Ed. 758
JORNAL da CIÊNCIA Ed. 758JORNAL da CIÊNCIA Ed. 758
JORNAL da CIÊNCIA Ed. 758
 
MANIFESTO DOS EX-MINISTROS DE ESTADO DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO
MANIFESTO DOS EX-MINISTROS DE ESTADO DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃOMANIFESTO DOS EX-MINISTROS DE ESTADO DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO
MANIFESTO DOS EX-MINISTROS DE ESTADO DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO
 
O papel das univ
O papel das univO papel das univ
O papel das univ
 
Apresentação Fiema 27.06 - Tendências de Mercado.pdf
Apresentação Fiema 27.06 - Tendências de Mercado.pdfApresentação Fiema 27.06 - Tendências de Mercado.pdf
Apresentação Fiema 27.06 - Tendências de Mercado.pdf
 

More from LabCEO UFF

Administração estratégica oficina 1s12
Administração estratégica oficina 1s12Administração estratégica oficina 1s12
Administração estratégica oficina 1s12LabCEO UFF
 
Programa de Aula da Disciplina Administração Estratégica
Programa de Aula da Disciplina Administração EstratégicaPrograma de Aula da Disciplina Administração Estratégica
Programa de Aula da Disciplina Administração EstratégicaLabCEO UFF
 
Gpae geral2011
Gpae geral2011Gpae geral2011
Gpae geral2011LabCEO UFF
 
Perfil do gestor de projetos epc
Perfil do gestor de projetos epcPerfil do gestor de projetos epc
Perfil do gestor de projetos epcLabCEO UFF
 
Diagnóstico organização industrial
Diagnóstico organização industrialDiagnóstico organização industrial
Diagnóstico organização industrialLabCEO UFF
 
Ferramentas computacionais
Ferramentas computacionaisFerramentas computacionais
Ferramentas computacionaisLabCEO UFF
 
Ferramentas computacionais
Ferramentas computacionaisFerramentas computacionais
Ferramentas computacionaisLabCEO UFF
 
Brinquedos estrela
Brinquedos estrelaBrinquedos estrela
Brinquedos estrelaLabCEO UFF
 
Cervejaria colorado
Cervejaria coloradoCervejaria colorado
Cervejaria coloradoLabCEO UFF
 
Planejamento Estratégico Industrial 2010
Planejamento Estratégico Industrial 2010Planejamento Estratégico Industrial 2010
Planejamento Estratégico Industrial 2010LabCEO UFF
 
Slide de Apresentação da Disciplina de Gestão de Operações e Manufatura
Slide de Apresentação da Disciplina de Gestão de Operações e ManufaturaSlide de Apresentação da Disciplina de Gestão de Operações e Manufatura
Slide de Apresentação da Disciplina de Gestão de Operações e ManufaturaLabCEO UFF
 
Ciclo de Palestras E&P 27.6 - Software Primavera
Ciclo de Palestras E&P 27.6 - Software PrimaveraCiclo de Palestras E&P 27.6 - Software Primavera
Ciclo de Palestras E&P 27.6 - Software PrimaveraLabCEO UFF
 
Ciclo de Palestras E&P 27.6 - Aplicações CAD 3D para Indústria
Ciclo de Palestras E&P 27.6 - Aplicações CAD 3D para IndústriaCiclo de Palestras E&P 27.6 - Aplicações CAD 3D para Indústria
Ciclo de Palestras E&P 27.6 - Aplicações CAD 3D para IndústriaLabCEO UFF
 

More from LabCEO UFF (20)

Administração estratégica oficina 1s12
Administração estratégica oficina 1s12Administração estratégica oficina 1s12
Administração estratégica oficina 1s12
 
Programa de Aula da Disciplina Administração Estratégica
Programa de Aula da Disciplina Administração EstratégicaPrograma de Aula da Disciplina Administração Estratégica
Programa de Aula da Disciplina Administração Estratégica
 
Gpae geral2011
Gpae geral2011Gpae geral2011
Gpae geral2011
 
Perfil do gestor de projetos epc
Perfil do gestor de projetos epcPerfil do gestor de projetos epc
Perfil do gestor de projetos epc
 
Diagnóstico organização industrial
Diagnóstico organização industrialDiagnóstico organização industrial
Diagnóstico organização industrial
 
Ferramentas computacionais
Ferramentas computacionaisFerramentas computacionais
Ferramentas computacionais
 
Ferramentas computacionais
Ferramentas computacionaisFerramentas computacionais
Ferramentas computacionais
 
Setor vinhos
Setor vinhosSetor vinhos
Setor vinhos
 
H stern
H sternH stern
H stern
 
Lupatech
LupatechLupatech
Lupatech
 
Jbs
JbsJbs
Jbs
 
Brinquedos estrela
Brinquedos estrelaBrinquedos estrela
Brinquedos estrela
 
Cervejaria colorado
Cervejaria coloradoCervejaria colorado
Cervejaria colorado
 
CIP News 4
CIP News 4CIP News 4
CIP News 4
 
CIP Journal 2
CIP Journal 2CIP Journal 2
CIP Journal 2
 
CIP Journal 1
CIP Journal 1CIP Journal 1
CIP Journal 1
 
Planejamento Estratégico Industrial 2010
Planejamento Estratégico Industrial 2010Planejamento Estratégico Industrial 2010
Planejamento Estratégico Industrial 2010
 
Slide de Apresentação da Disciplina de Gestão de Operações e Manufatura
Slide de Apresentação da Disciplina de Gestão de Operações e ManufaturaSlide de Apresentação da Disciplina de Gestão de Operações e Manufatura
Slide de Apresentação da Disciplina de Gestão de Operações e Manufatura
 
Ciclo de Palestras E&P 27.6 - Software Primavera
Ciclo de Palestras E&P 27.6 - Software PrimaveraCiclo de Palestras E&P 27.6 - Software Primavera
Ciclo de Palestras E&P 27.6 - Software Primavera
 
Ciclo de Palestras E&P 27.6 - Aplicações CAD 3D para Indústria
Ciclo de Palestras E&P 27.6 - Aplicações CAD 3D para IndústriaCiclo de Palestras E&P 27.6 - Aplicações CAD 3D para Indústria
Ciclo de Palestras E&P 27.6 - Aplicações CAD 3D para Indústria
 

CIP News 3

  • 1. 1 N° 03AGOSTO 2009 ANO 1 CIPNewswww.labceo.uff.br/cip GESTÃODOCONHECIMENTO E PRODUTIVIDADE
  • 2. 2 ÍNDICE PÁGINAS TEMA TÍTULO 3 COLUNA DA UNIVERSIDADE A Gestão do Conhecimento e o Papel da Universidade 5 COLUNA DA INDÚSTRIA A Gestão do E&P e a Disciplina de Custos 7 COLUNA DO PESQUISADOR A Metodologia de Projetos do PMI e o Programa Seis Sigma no Auxílio da Estratégia 12 CIP BLOG A Tripla Restrição da Carreira do Gerente de Projetos REALIZAÇÃO
  • 3. 3 A Gestão do Conhecimento e o Papel da Universidade Por Emmanuel Paiva de Andrade D.Sc. em Engenharia de Produção, COPPE/UFRJ Vice Reitor da Universidade Federal Fluminense O mundo das organizações vive constantemente sob o impacto do que poderíamos chamar das “grandes sacadas”, ou das auto-intituladas “última e revolucionária abordagem”, ou do também auto-intitulado “novo modo de encarar as coisas” etc. Tal perspectiva já fez a fortuna de muita gente, mudando ou não as organizações, e continua a despertar vocações inovadoras, ou em alguns casos apenas pretensamente inovadoras, que aconselham os discípulos a esquecerem tudo o que aprenderam anteriormente. Foimaisoumenosassimcomagestãopelaqualidadetotal, a gestão sistêmica, a reengenharia, a quinta disciplina, a gestão estratégica, o BSC e não podia ser diferente com a gestão do conhecimento. Independentemente de quão estruturantes ou transformadores sejam estes fenômenos de gestão, o seu ciclo de vida se parece muito com o tradicional ciclo de vida do produto, com fases de introdução, crescimento, amadurecimento, declínio e morte. Lá como aqui, em alguns casos, declínio e morte são substituídos por inovações que permitem uma nova inflexão na curva, reiniciando-se uma nova trajetória. E a gestão do conhecimento? Como fica nesta história? Evidentemente, também ela não fica imune ao paradigma do ciclo de vida mas, antes de caracteriza-la, vamos compreender um pouco de sua gênese e condições de sobrevivência. Isoladamente as palavras “gestão” e “conhecimento”sãotãoantigasejámereceramtantoestudo epesquisaquequasediríamos,correndooriscodesermos surpreendidosamanhãporumnovocorteepistemológico bachelardiano, já não haver mais nada a dizer sobre elas. Mas quando justapostas na articulação “gestão do conhecimento”, surge um mundo de possibilidades que evidentemente têm, como pano de fundo, a emergência das novas tecnologias de informação e comunicação (NTIC’s), aliadas às novas perspectivas e Prédio da reitoria - UFF 3 E se há algo sobre o qual podemos afirmar que vive, e vive com as pessoas é o conhecimento possibilidades com relação ao impropriamente chamado “capital humano”. Lembremo-nos de que na perspectiva da economia marxiana o capital era ou encerrava em si justamente o trabalho morto. E se há algo sobre o qual podemos afirmar que vive, e vive com as pessoas é o conhecimento, o qual Thomas Davenport define apropriadamente como “uma capacidade de agir”, essa sim,dependentedaspessoasepassíveldegerenciamento. A universidade com os cientistas, professores, técnicos e estudantes que nela habitam na condição de produtores, difusores e aplicadores de conhecimento, enfrentam os problemas relacionados a produção, desenvolvimento, difusão, aquisição e armazenamento do conhecimento, ou seja, com a sua gestão, há muito tempo. Mas somente quando este conhecimento passa a ser fator de diferenciação competitiva no mundo das empresas, e vira objeto de atenção dos seus departamentos de recursos humanos (RH) ou de experimentação das suas diretorias de tecnologia da informação (TI), é que o boom da sua discussãovaiparaasprateleirasdoslivrosmaisvendidosnas livrarias, disputando espaço com os livros de auto-ajuda. Gestão do conhecimento na universidade na maior parte das vezes esteve ligada a uma perspectiva individual. O cientista é um foco de produção de conhecimento que encontrou na universidade um ambiente fortemente marcado por quatro das cinco condições capacitadoras da criação do conhecimento organizacional formuladas por
  • 4. 4 Nonaka que são a autonomia, caos criativo, redundância e variedadederequisitos. Sefaltavaaoambienteacondição da“intenção”,estasobravaaoprópriocientista,emgeralum empreendedor que alia o conhecimento específico com a capacidade de agenciamento dos meios para a realização da sua tarefa, qual seja, da dispendiosa, complexa e dinâmica ciência, seus experimentos e sua difusão. Não foi por outra razão que no auge da crise de financiamento público das universidades brasileiras nos anos 90 surgiram os dispositivos das fundações de apoio que deveriam ser, na prática, uma forma de apoio à reconhecida capacidade empreendedora do cientista. Esta capacidade estava fortemente contida pela crise da universidade, cada vez mais desaparelhada, incapaz de fornecer o suporte financeiro e estrutural às transações da tecnociência, dependente de redes materiais, da “assembléia de humanos e não-humanos” como dizia Bruno Latour. Há que se destacar neste momento o papel fundamental da Petrobras que, na ausência de uma política pública consistente, disseminou, através do Projeto Estratégico de Formação de Centros de Excelência, uma rede de cooperação universidade-indústria capaz de sustentar parte importante do sistema nacional de ciência e tecnologia. O salto da gestão do conhecimento centrada no cientista- empreendedor para a gestão do conhecimento centrada na instituição universitária pressupõe a tão desejada mas nunca obtida indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. Esta indissociabilidade foi prevista no Artigo 207 da Constituição Brasileira, o mesmo que, antecipando em alguns anos o conceito da condição capacitadora da autonomia defendida por Nonaka, previa também que a indissociabilidade deveria ocorrer numa universidade que gozasse de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial. Afinal de contas a “capacidade de agir” e portanto o conhecimento gerenciável da universidade para formar pessoas, produzir e aplicar conhecimento dependia de uma combinação absolutamente original de pessoas, estrutura e relacionamento em contexto de elevado risco, impossível de ser efetivado a partir do regramento jurídico tradicional de operação do aparelho de estado. Resolver os seus próprios dilemas relativos a uma adequada gestão do conhecimento organizacional e, portanto da sua capacidade de agir é o desafio atual da universidade brasileira. Isso passa por uma série de mudanças que vão desde uma maior profissionalização da gestão até um ajuste de contas com a própria democracia universitária e seus compromissos com a sociedade brasileira, ou seja, a questão da articulação poder – gestão – estratégia está colocada e tem que ser tratada. O recente programa de apoio aos planos de expansão das universidades federais (REUNI) foi um bom começo na medida em que retoma em parte o orçamento público da universidade vinculado a projetos e estratégias que as próprias universidades elaboraram. O êxito nesta tarefa será condição para que a universidade brasileira possa ser uma protagonista nesta que vem sendo apropriadamente chamada de uma era da informação ou, na expressão de Manuel Castels, da sociedade em rede. O Brasil precisa disso! Visite também o blog de Emmanuel Paiva de Andrade, no endereço: http://blog-do-emmanuel.blogspot.com Breve Currículo Emmanuel Paiva de Andrade é doutor em engenharia de produção pela COPPE/UFRJ (1997) e atualmente Vice- Reitor da Universidade Federal Fluminense. Foi Diretor da EscoladeEngenhariadaUFFePró-ReitordePlanejamento da Universidade. Foi ainda Diretor da Associação Brasileira de Engenharia de Produção e Secretário de Planejamento do Município de Volta Redonda.
  • 5. 5 A Gestão do E&P e a Disciplina de Custos Por André Luiz Brandão Gerente de Planejamento e Controle PETROBRAS/ UN-RIO/ PM/ PLC A pesar de sua história poder ser contada a partir da primeira concessão de extração de betume dada pelo Marques de Olinda a José de Barros Pimentel em 1858, a exploração de petróleo no Brasil confunde-se com a história da Petrobras. Desde sua criação através da lei 2004 de 03 de outubro de 1953 o desafio de afirmação doquepareciaumsonhopodehojesercompreendido em três grandes períodos. Em sua primeira etapa, um grande esforço em capacitar brasileiros para uma empreitada profundamente enraizada no conhecimento técnico até então de domínio de poucas nações do mundo. Até o início do século XX a única nação do hemisfério sul a participar ativamente da corrida do petróleo era a Argentina. Capacitar-se em um mundo de alta tecnologia e conhecimento, era então o início da atividade de Exploração e Produção (E&P) que se concretizava timidamente nos campos de terra no nordeste brasileiro e em algumas incursões em exploração marítima desde sua fundação até a década de 60. Em seu segundo período, a E&P no Brasil sofre um grande salto com a descoberta dos campos marítimos no litoral norte do Estado do Rio. O Campo de Garoupa em 1974 marcou o início de sucessivas gerações de sistemas de produção até as atuais superplataformas de produção em profundidades de água de cerca de 2000 metros e capacidade de produção de 180 mil barris de petróleo por dia. Em sua terceira fase a E&P passou a lidar com uma intrincada rede de interações advindas da quebra do monopólio do petróleo pela lei 9478 de 6 de agosto de 1997. Uma curiosa característica da recente queda repentina de preços do petróleo a partir de junho de 2008 a diferencia das demais cinco grandes crises mundiais do petróleo nos últimos 40 anos. Nessas, os preços tiveram altas de até 1000% como na crise de 1979. Atualmente o pleno aquecimento das atividades de investimento em exploração e desenvolvimento da produção a partir da descoberta das reservas de óleo do pré-sal coincide com a queda do preço do petróleo. Além deste entrave, a indefinição do marco regulatório e do aperfeiçoamento dos mecanismos e instituições de controles externos compõem um cenário complexo onde a gestão necessita assumir toda sua maturidade. O sucesso exploratório e tecnológico em E&P sozinhos não podem mais assegurar a sustentabilidade de uma organização global de petróleo. Nos períodos heróicos de afirmação da indústria brasileira de Exploração e produção de petróleo o esforço foi muito maior do que a simples nacionalização de competências ou de equipamentos. A partir de 1984 com a descoberta dos primeiros campos gigantes em águas consideradas profundas, o desafio envolvia uma tomada de independência para a indústria brasileira com o desenvolvimento de soluções de produção ainda não disponíveis na indústria mundial. Adaptar sistemas de produção para onde apontavam as descobertas era uma questão de sobrevivência. No final da década de 90 o êxito tecnológico da Petrobras já era mundialmente reconhecido quando o novo século trouxe maus presságios. Como garantir uma história de sucesso num ambiente completamente novo de competição estratégica e em um mercado integrado e global? A resposta viria com uma revolução na gestão do negócio a partir de 2001. Práticas e técnicas de gerenciamento de projetos, benchmarking, qualidade, e atualmente os mais modernos conceitos de Lean operation, Six Sigma, “Essa batalha dos custos que se intensificará após o Peak Oil só será ganha com muita tecnologia de gestão e ação ágil e integradora.” análise de riscos, governança corporativa, variadas técnicas de orçamento além dos sistemas integrados de gestão fazem parte da recente história da E&P. Alémdetervividoemtodasuahistóriaaameaçaintrínseca da incerteza geológica e do seu ciclo não renovável de produção, a indústria do petróleo tem se habituado a incorporar uma constante ameaça que parece fechar um tripé de insustentabilidade. O grande potencial poluidor de seus principais derivados, aliado às crescentes pressões ambientais, favorece a viabilização de iniciativas, embora tímidas, de substitutos energéticos ao combustível fóssil. Na contabilidade de custos, tradicionalmente voltada aos insumos de produção, custos como proteção a ecossistemas, compensação social, fomento a pesquisas, 5
  • 6. 6 complexos processos de prontidão e monitoramento de impactos ambientais, demandam estruturas de gerenciamento de custo cada vez mais sofisticadas. A atuação em parceria talvez seja um dos maiores desafios que se apresentam à gestão de custos de E&P no País. Dos atuais 550 blocos em exploração e produção no Brasil, 45,8% estão operados por outras que não a PETROBRAS. Outro exemplo do crescimento das parcerias está na Bacia de Santos, palco das acumulações recentemente descobertas no Pré-sal. Das 69 concessões exploratórias, apenas 28% pertencem exclusivamente à PETROBRAS. Outras 30% a Petrobras opera prestando contas a diversos parceiros. Em 17% outras empresas são operadoras tendo a Petrobras como sócia. Os 25% restantes são operados por outras empresas sem a participação da Petrobras. Devido ao seu caráter não renovável, as acumulações de petróleo seguem uma curva em forma de sino (curva de Hubbert) onde se observa que, para um mesmo nível de produção na parte ascendente da curva, os custos de produção são significativamente mais baixos que na sua parte descendente. O polêmico evento de alcance do pico mundial de produção (Peak Oil) denunciaria profundascrisesqueresultariamemumcrescentecusto de produção. Se tomarmos estes e outros tantos fatores que afetam a indústria de petróleo e, em especial, a área de E&P, o gerenciamento de custos demanda cada vez mais o mesmo tratamento estratégico que temos dedicado ao desenvolvimento tecnológico. Gerir processos e, por conseguinte, custos, deixam longe a era dos pioneiros e heróicos gestores com “petróleo nas veias” dos primeiros tempos. A motivação e o entusiasmo devem ser os mesmos, mas os resultados não dependem exclusivamente desse engajamento. A nossa conhecida contabilidade gerencial necessita de novas tecnologias de gestão que a torne uma espécie de “contabilidade operacional”. Não bastam mais elaboradas táticas de guerra. A gestão de custos se vence também na guerrilha. Essa batalha dos custos que se intensificará após o Peak Oil só será ganha com muita tecnologia de gestão e ação ágil e integradora.
  • 7. 7 A Metodologia de Projetos do PMI e o Programa Seis Sigma no Auxílio da Estratégia Por Ruben H. Gutierrez Pesquisador Sênior LABCEO / CIP E&P 1. Introdução. A busca das Organizações por uma vantagem competitiva sustentável se tornou um fator de sobrevivência em um mundo globalizado e com constantes mudanças. Cada vez mais as Organizações demandam velocidade e agilidade em suas implementações estratégicas, para isso buscam metodologias de acordo com suas necessidades, cultura e momento econômico. O Programa Seis Sigma e a metodologia de projetos do PMI, tomando como base a pesquisa bibliográfica dos seus principais conceitos, e considerando as dimensões Foco, Benefícios, Metodologia e Barreiras foi desenvolvida pelo autor e pesquisadores da UFF, analisando os pontos comuns e contrários a ambas metodologias. Hoje, além da preocupação com suas margens de lucratividade, redução de custos e despesas, aumento de receita, penetração de mercado, produtividade, satisfação de clientes, colaboradores e acionistas; preservação da marca e garantia da qualidade, as lideranças empresariais, ainda precisa conciliar essas variáveis com uma atenção a responsabilidade social, ética e preservação ambiental. Tudo isso tem levado as organizações a recorrerem a diversos tipos de metodologias que garantam uma velocidade na implantação de suas estratégias corporativas e sua efetiva aplicabilidade. Na maioria das vezes estratégias têm sido implementadas sob forte pressão de fatores como agencias reguladoras, padrões nacionais ou internacionais, equipes terceirizadas, meio ambiente, melhores resultados, alteração do mercado, mudança no comportamento do cliente, aumento de competitividade e busca pela inovação entre outros. Queinstrumentospodempossibilitarasorganizaçõesuma garantiadequeaimplementaçãodesuaestratégiaatinjaos resultados desejados dentro de um ciclo pré-estabelecido de gestão? Como garantir que a estratégia a ser adotada atinja e integre a atual cadeia de valor da organização? Os antigos indicadores podem garantir os resultados futuros? Mediante tal desafio, as organizações se vêem na busca de novas metodologias para garantia da implantação de suas estratégias seja através de Programas de Qualidade, Gerenciamento pelas Diretrizes, Gestão por Processos, Balanced Score Card, six sigma etc. 2. Seis Sigma. Pode a Gestão por Seis Sigma contribuir de forma efetiva para garantir uma eficiente implantação Estratégica? SegundoWerkema(2002),aorigemdoSeisSigmaremonta a 1981, e depois que a Motorola recebeu o Prêmio da Qualidade Norte Americano Malcolm Baldrige em 1988, o SeisSigmapassouaserreconhecidoetevediversosgigantes do mundo corporativo adotando-o, empresas como GE, Allied Signal, Toyota, Kodak, Xerox nos EUA e no Brasil empresas como Belgo-Mineira, Ambev, Grupo Gerdau e CimentosVotorantimjáfazemautilização dessePrograma. A priori seu conceito não é absolutamente novo, pois combina diversas ferramentas da qualidade com ferramentas estatísticas provocando rupturas no pensamento gerencial e estratégico das organizações, podendo encontrar seus fundamentos nas idéias de Shewhart, Deming e Juran entre muitos pensadores e consultores da qualidade. Para Pande (2001) o termo Seis Sigma refere-se a um alvo, uma meta de desempenho de se operar com apenas 3,4 defeitos para cada milhão de atividades chamadas de oportunidades. Entendendo por “defeito” qualquer coisa que signifique o não atendimento a uma necessidade do cliente, chegamos à definição de Peter Pande que demonstra o alcance e a flexibilidade desse Programa, segundo Pande (2001, p.13) trata-se de um “sistema abrangente e flexível para alcançar, sustentar e maximizar o sucesso empresarial” e ainda “... representa uma estreita compreensão das necessidades dos clientes, disciplina no uso de fatos, análise estatística com foco na melhoria e reinvenção dos processos de negócios”. A essência da palavra Sigma trás em si um conceito de variaçãojáquesetratadeumaletragregaqueosestatísticos usam para representar desvio-padrão de uma amostra, ondequantomaioravariaçãomaiorodesviopadrão,então para Reshulski e Carvalho (2004), caso o processo aceite uma variação de Seis Sigma significará que 99,99966 por cento de unidades estarão dentro dos limites específicos, não havendo mais que 3,4 defeitos por milhão de
  • 8. 8 oportunidades(DPMO)paraquequalquerdefeitoretorne. 2.1. O programa seis sigma (pss). Cada vez mais o alinhamento estratégico nas organizações vem se tornando fator crucial para alavancagem dos negócios, sejam empresas focadas em produto ou em serviços. Conforme aponta Carvalho, Ho e Pinto (2007, pg. 488) sobre o PSS, “O foco estratégico pode ser evidenciado na forma de mensuração direta dos benefícios do programa, no apoio da alta administração da empresa e no alinhamento do portfolio de projetos Seis Sigma às estratégias organizacionais”. Deixado de ser considerado como um modismo, o PSS medianteosresultadosproduzidospelasempresas(Pande, 2001), vem ganhando adeptos devido a sua forte ligação com a estratégia da empresa, onde a implementação do Programa deve se basear em um fluxo estratégico que observe a identificação das plataformas de valor para empresa, dos fluxos de valor das unidades de negócio e da priorização de projetos que maximizem valor (George, 2004), sem deixar de priorizar uma forte estrutura de treinamento e de responsabilidades, além da clara identificação pela organização dos atores do Seis Sigma. O alinhamento do PSS à gestão do Portfolio de Projetos e às estratégias de negócio tem como objetivo identificar e alocar os melhores recursos na gestão desses projetos no sentido de garantir que o Programa esteja integrado aos objetivos estratégicos e metas de negócio (Carvalho, Ho e Pinto (2007)). Os benefícios do PSS que atraem as empresas para sua adoção podem ser identificados de acordo com Pande (2001) como: • Sucesso sustentado gerado. • Meta de desempenho para todos determinada. • Valor para o Cliente intensificado. • Taxa de melhoria acelerada • ConceitodeOrganizaçãoqueaprendepromovido. • Mudanças estratégicas executadas. 2.2. Os atores do programa seis sigma Todo Programa que queira estar alinhado às estratégias corporativas de uma organização precisa se internalizar na cultura, valores, visão e missão dessa organização. Isso nãoseriadiferentenoSeisSigma.Videempresasdeclasse mundial como Xerox, Dupont, Ge, Motorola entre outras e de acordo com a literatura sobre o Programa, George (2004),Breyfogle(2003),Pande(2001)eRotondaro(2002). Nesta literatura, aparece uma estrutura de papéis chave com funções determinadas no Programa Seis Sigma, como Patrocinador, Comitê de Gestão do Programa, Diretores Estratégicos, Líder de Implementação (gerente do progrma), Mestre em Faixa Preta, Faixa Preta, Faixa verde, Proprietário do processo, Equipe de projeto, Faixa amarela etc. O termo “Faixa-Preta” surgiu na Motorola no início dos anos 90 para designar colaboradores com alto conhecimento em melhoria de processos e estatística e foi retirado das artes marciais devido a sua ligação com altas habilidades e forte disciplina. Segundo Breyfogle (2003) o sucesso do Programa está diretamente ligado a capacidade desse grupo de endereçar, alinhar e transformar corretamente as principais necessidades estratégicas e de negócio da organização em projetos que estabeleçam um alto retorno sobre os investimentos com intuito de atingir os planos estabelecidos. 2.3. A metodologia seis sigma Os modelos mais difundidos pelo PSS são o DMAIC (Define, Measure, Analyse, Improve e Control) e o DFSS (Design for Six Sigma), sendo o primeiro destinado a gestão dos processos chave e o segundo a qualidade em projetos de produtos e serviços. Segundo Reshulski e Carvalho (2004) as semelhanças entre os dois métodos estão nas três primeiras fases (Definir, Medir e Analisar) enquanto que as diferenças estão nas duas últimas fases, já que no primeiro há a Melhoria e o Controle enquanto que no segundo ocorre o Projetar e Verificar. Conforme aponta Kessler (2004), o PSS está apoiado em uma estrutura de Gerenciamento de Projetos, onde temos objetivos com foco financeiro, cronogramas de acompanhamento e formação de equipes, além de reuniões de validação para cada término de fase (Tollgate do termo em inglês cancela, pedágio). Conforme Santos e Martins (2003) “a importância do PSS alinhado aos objetivos estratégicos da empresa está relacionada à possibilidade de um feedback estratégico sobre a medição de desempenho e não apenas tático/operacional”. 3. Resultados As evidências dos resultados no mundo dos negócios da utilização do Programa Seis Sigma como forma de se implantar uma estratégia começaram a se tornar visíveis apósgigantesdomundocorporativocomeçaremaganhar seus prêmios nacionais de qualidade, como a Motorola utilizando o Seis Sigma nos EUA ou a Petrobrás no Brasil
  • 9. 9 comautilizaçãodaMetodologiaporProjetos,porexemplo. No recente estudo de benchmarking em Gerenciamento de Projetos realizado pelo PMI junto a 200 empresas instaladas no Brasil e conforme figura 02 observa- se que 92% das empresas alinham seus projetos ao Planejamento Estratégico e que dentro dessas 50% já possuem uma efetiva preocupação nesse sentido. Obs: Gráfico da perspectiva geral encontra-se no final do texto. 4. Análise comparativa entre as metodologias Para Rebelato e Oliveira (2006) “o Seis Sigma tem sua meta muito concreta que é a de registrar menos de 3,4 erros por milhão de oportunidades de errar em produtos e serviços enfocando a redução nas variações dos processos organizacionais”. Ao ser utilizado como uma metodologia para dar velocidade à implantação estratégica e sob o formato de projetos o PSS se apresentou muito eficaz trazendo resultados expressivos a empresas como Xerox, Motorola, GE, Ford entre outras, porém no Brasil esse Programa ainda é visto como uma metodologia da qualidade. De acordo com o Estudo de Benchmarking de 2006 realizado pelo PMI o Gerenciamento de Projetos vem sendo muito utilizado pelas organizações no Brasil tendo apresentado no estudo um índice de 81% quando perguntado com que freqüência os projetos realizados têm alcançado seus objetivos de negócio. Segundo Santos e Martins (2003) com a evolução do conceitodequalidadeasorganizaçõespassaramaentender oProgramaSeisSigmacomoumassuntoestratégicoquea tornacapacitadaaelevarseupotencialcompetitivo,sendo o PSS “um dos sistemas mais bem sucedidos em priorizar a obtenção dos resultados financeiros por intermédio de um método estruturado”, Santos e Martins (2003). Com base na fundamentação teórica da pesquisa, os autores apresentam análise comparativa, considerando as dimensões Foco, Benefícios, Metodologia e Barreiras e a análise dos pontos comuns e contrários. Obs: Tabela com comparativo entre as metodologias do Programa Six Sigma e do Gerenciameno de Projetos encontra-se no final do texto. Conformeapontadopelaanálisecomparativademonstrada na tabela 5, observa-se que existem semelhanças e diferenças nos modelos apresentados, ambas metodologias podem se completar com aproveitamento das partes semelhantes e da utilização das diferenças para preencher as lacunas existentes. Organizações que pretendem implementar estratégias de mudanças e rupturas em seus negócios podem se utilizar de ambas metodologiasbastandoparaissoconcentrarsuasdecisões nas dimensões de foco e benefícios aqui apresentadas. Enquanto o foco de um Programa voltado para o Seis Sigma se direciona para transformação do negócio o Gerenciamento de Projetos procura estruturar a estratégia para uma implantação. Os benefícios do Seis Sigma estão em garantir uma meta de desempenho e a redução da variabilidade dos processos de negócio, já o Gerenciamento de Projetos disponibiliza monitorações constantes da implantação e sua velocidade. Observa-se também que as barreiras são bem parecidas passando desde a necessidade de uma estrutura voltada para projetos a busca de uma maior integração com o negócio. Quanto à metodologia percebe-se que enquanto o Programa Seis Sigma possui fases onde se busca a medição e análise profunda com métodos estatísticos, o Gerenciamento de Projetos possui uma melhor definição e declaração de escopo e com uma atenção maior ao monitoramento das fases do projeto. Os pontos em comuns e divergentes demonstram que essas metodologias possuem complementaridades e que as organizações também podem utilizá-las de forma conjunta, integrando em um único programa que pode ser chamado de Gestão Seis Sigma de Projetos. Esse modelo integraria as fases de Medição, Análise e Controle do PSS às fases de Concepção, Planejamento e Execução do Gerenciamento de Projetos, ficando uma seqüência que poderia ser chamada de CPMAEC, onde teríamos as fases de Concepção e Planejamento, Medição e Analise, Execução e Controle. Nesse modelo integraríamos as ferramentas estatísticas do PSS, seu foco em analise de valor, planos de controle, o proprietário do processo e suas reuniões de tollgate, com a estrutura analítica de projeto, a Curva S, os softwares de gestão e os escritórios de projeto (PMO) do Gerenciamento de Projeto. 5. CONCLUSÃO. CadavezmaisoProgramaSeisSigmavemganhandoadeptos em todo mundo com muitas organizações utilizando sua metodologia para dar mais qualidade à implantação de suas estratégias. São muitos os artigos publicados sobre o tema e diversas derivações, mesmo porque com as constantes mudanças no mundo dos negócios, com foco cada vez mais em resultado, as organizações não podem se fixar em apenas uma ou duas formas de gerenciar seus projetos ou de implantação de suas estratégias. A pesquisa concluiu que a Gestão por Seis Sigma e a
  • 10. 10 metodologia de projetos PMI, contribuem de forma efetiva para garantir uma eficiente implantação estratégica com agilidade, flexibilidade e com extrema facilidade para integrar sua cadeia de valor, bastando para isso que a liderança organizacional saiba utilizar ambos os Programas de forma lógica e sabendo explorar o melhor de suas funções, foco e benefícios. Percebe-se este Programa pode ser utilizado como instrumento para garantir implementações estratégias dentro de ciclos pré-estabelecidos de gestão, bastando para isso a criação de um ambiente de projetos que possibilite a ação dos respectivos atores de cada Programa conforme exposto na pesquisa. Observa-se que o seis sigma pode atuar em conjunto com a metodologia de projetos do PMI a fim de se atingir uma eficácia estratégica, desde que as organizações invistam em saber integrar o que há de vantagens no modelo PSS ao modelo de Gerenciamento de Projetos aplicando assim o CPMAEC. REFERÊNCIAS BÁSICAS BREYFOGLE, Forest W. Implementing Six Sigma: smarter solutions using statistical methods. New Jersey, EUA: John Wiley & Sons, Inc., 2003. CARVALHO, Marly Monteiro; HO, Linda Lee; PINTO, Silvia Helena Boarin. Implementação e Difusão do Programa Seis Sigma no Brasil. Scientific Eletronic Library On-line. Produção, V.17, n. 3, p.486-501, set- dez. 2007. Disponível em http://www.scielo.br/pdf/ prod/v17n3/a07v17n3.pdf. Acesso em 01/03/2008. CRUZ, Amaury Bordalho; FERNANDES, Elton; LIMA, Solange; ARAUJO, Renato S.B. de. Uma abordagem comparativa do gerenciamento da qualidade do projeto. XXVI ENEGEP – Encontro Nacional de Engenharia de Produção. Fortaleza, CE - 2006. Disponível em http://www.abepro.org.br/biblioteca/ENEGEP2006_ TR470319_7487.pdf. Acesso em 10/03/2008. DINSMORE, Paul Campbell; Neto Fernando Henrique da Silveira. Gerenciamento de Projetos: como gerenciar seu projeto com qualidade, dentro do prazo e custos previstos. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2004. PMBOK Guia. Guia do Conjunto de conhecimentos em gerenciamento de projetos. Terceira Edição. Project Management Institute, Four Campus Boulevard, Newton Square. EUA. 2004. PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE, Rio de Janeiro. Estudo de Benchmarking em Gerenciamento de Projetos Brasil 2006. Rio de Janeiro: PMIRIO 2007. Disponível em http:// www.pmirio.org.br. Versão 2.0. Acesso em 19/01/2008. GEORGE, Michael. Lean Seis Sigma para serviços. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2004. KESSLER, Rafael Motta. A Implantação do Seis Sigma em organizações:motivaçõesdeescolhaeresultadosobtidos. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio GrandedoSul–EscoladeAdministração.PortoAlegre-2004. MORONI, Marco Aurélio; HANSEN, Peter Bent. Gestão por Processos e a Gestão de Projetos: Um modelo gerencial para alocação de recursos. Revista Gestão Industrial, Universidade Federal do Paraná. Paraná: v.02, n.01, p. 47-58, jan-mar.2006. PANDE, Peter S. Estratégia seis sigma: como a GE, a Motorola e outras grandes empresas estão aguçando seu desempenho. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2001. REBELATO, Marcelo Giroto; OLIVEIRA, Iraci Sobral de. Um estudo comparativo entre a gestão da qualidade Total (TQM), O Seis Sigma e a ISO 9000. Revista Gestão Industrial, Universidade Federal do Paraná. Paraná: v.02, n.01, p. 106-116, jan-mar.2006. RESHULSKI, Denise Kaufmam; CARVALHO, Marly Monteiro; Programas de Qualidade Seis Sigma – Características distintivas do modelo DMAIC e DFSS. Publicação da Produção em Iniciação Científica da Escola Politécnica da USP. São Paulo, PIC-EPUSP Número 02, 2004. Disponível em http://www.pro. poli.usp.br/graduacao/atividades-academicas-extra- curriculares/inciacao-cientifica/producao-em-iniciacao- cientifica-2004/programas.pdf. Acesso em 15/03/2008. ROTONDARO, Roberto G. Seis Sigma – Estratégia gerencial para melhoria de processos, produtos e serviços. São Paulo: Atlas, 2002. SANTOS, Adriana Barbosa; MARTINS, Manoel Fernando. A implementação dos projetos seis sigma contribuindo para o direcionamento estratégico e para o aprimoramento do sistema de medição. XXIII ENEGEP (Encontro Nacional de Engenharia de Produção). Ouro Preto. MG. 2003. Disponível em http://www.abepro.org.br/biblioteca/ ENEGEP2003-TR0201-0447.pdf. Acesso em 01/03/2008. WERKEMA, Maria Cristina Catarino. Criando a cultura seis sigma. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2002. 10
  • 11. 11 Figura 1 – Nível de alinhamento dos projetos com o planejamento estratégico da Organização. Fonte: Estudo de Benchmarking em Gerenciamento de Projetos Brasil 2006. PMI. Rio. Tabela 1 – Comparativo entre as Metodologias do Programa Seis Sigma e do Gerenciamento de Projetos. Fonte: Os autores. 11 TABELA COMPARATIVA PERSPECTIVA GERAL
  • 12. 12 A Tripla Restrição da Carreira do Gerente de Projetos Fonte: Marcos Pires / Projetizado P ara que um projeto seja considerado um sucesso ao seu final, a tripla restrição deve ser atendida. Lembrando que a tripla restrição é composta pelo Escopo, Tempo, Custo e também Qualidade. Ou seja, são quatro as restrições que compões a “Tripla Restrição”. Fazendo esta analogia para a carreira de um gerente de projetos, podemos considerar que para que um profissional desta área tenha maiores chances de sucesso, ele também tenha que atender a Tripla Restrição para a carreira. Vamos a elas: 1ª.Restrição–Domíniodadisciplinadegerenciamento de projetos: Da mesma forma que um padre deve conhecer a Bíblia, o gerente de projetos, principalmente os certificados ou aspirantes a certificados PMP devem conhecer a fundo o PMBOK. É importante mencionar aqui, que apesar desta publicação do PMI ser a mais reconhecida principalmente no Brasil, ela não é a única. Modelos como o PRINCE2, SCRUM (Metodologias ágeis) e a publicação do IPMA (International Project Management Association) são modelos interessantes e que merecem ser analisados – Em um Blog futuro estarei trazendo em mais detalhes sobre estes modelos. Mas voltando ao PMBOK, dominar não somente as 9 áreas de conhecimento (seus processos e ferramentas) mas possuir um entendimento bem sólido dos 3 primeiros capítulos do Guia é essencial para um profissional de gerenciamento de projetos. Ter clareza sobre modelos de estruturas organizacionais, entender as dimensões Programas e Portifólio, Planejamento estratégico e o que vem a ser Escritório de Projetos e seus tipos é algo essencial. Muitos profissionais de projetos às vezes não enxergam o contexto maior na qual um projeto esta envolvido, limitando o seu desenvolvimento como profissional. Portanto tem uma visão do que chamamos de Governança de projetos é essencial. “Da mesma forma que um padre deve conhecer a Bíblia, o gerente de projetos, principalmente os certificados ou aspirantes a certificados PMP devem conhecer a fundo o PMBOK.” 2ª. Restrição – Conhecimentos da área de atuação: Há um ditado no nosso mundo de gerenciamento de projetos que diz que o gestor que conhece bem metodologias, processos, ferramentas e melhores práticas de gestão de projetos pode “tocar” qualquer tipo de projeto. Isso no fundo é mesmo verdade, mas dentro de um contexto que deve ser considerado como, por exemplo, possuir uma boa equipe ao seu lado. Um gerente especialista em liderar projetos de software, por exemplo, poderia sim gerenciar um projetos de infraestrutura ou até mesmo a construção de um prédio, mas desde que ele tenha em sua equipe profissionais “tecnicamente” gabaritados para atuarem em lideranças técnicas e também no apoio a gestão. Mas um grande diferencial que o mercado valoriza, além claro dos conhecimentos e experiência em gerenciamento de projetos é o domínio técnico do segmento de atuação. Como exemplo, podemos citar que Gerentes de projetos com alto conhecimento técnico em desenvolvimento de software é muito valorizado neste segmento e na competição de mercado, quanto mais visãotécnicaumgestortem,maiorsetornaseudiferencial. 3ª. Restrição – Habilidades interpessoais, de comunicações e etc …: Esta restrição é indispensável para qualquer profissional de sucesso, pois relacionamento com equipe, clientes e fornecedores, além de habilidades de negociação e motivação são fatores que determinam o sucesso de um gestor em qualquer ramo de atividade, principalmente em projetos. 12
  • 13. 13 Segundo o PMI, 90% do tempo de um gerente de projeto é utilizado em comunicações (aliás, pergunta de caí no exame do PMP). Reuniões, acompanhamento, status report, feedbacks e outras atividades diárias de comunicação fazem parte o trabalho diário de um gestor, principalmente em projetos complexos onde a quantidade de interessados é significante. Talvez de todas as restrições, esta seja a mais difícil para um profissional reconhecer e se desenvolver, pois certamenteseashabilidadesinterpessoais,comunicações, negociações e liderança forem pontos fracos do gerente, este fato pode colocar o próprio gerente de projetos como o maior risco em um projeto. Mas a boa notícia é que isso pode ser desenvolvido e melhorado. Mas o profissional precisa reconhecer e trabalhar bem este aspecto. 4ª. Restrição – Gostar do que faz: Se esta restrição não estiver no sangue do profissional de gerenciamento de projetos, certamente as outras três estarão comprometidas. A profissão de gerenciamento de projetos para muitos é algo apaixonante (e é mesmo). Para alguns se torna quase que uma religião que extrapola os limites profissionais e é parte integrante da vida pessoal. Conheço profissionais que para tudo usam o raciocínio orientado em processos e boas práticas de gerenciamento de projetos. É simplesmente algo fantástico e que faz toda a diferença em relação aos “profissionais comuns” que simplesmente “tocam” projetos. Pois como disse no início, a gestão de projetos para muitos esta no sangue, é natural e faz parte inclusive do cotidiano. A profissão de gerenciamento de projetos é desafiadora, muitas vezes dura e até em certos momentos ingrata. Mas para quem consegue sobreviver nesta carreira, ela traz muitas recompensas não só do ponto de vista profissional, mas como também pessoal. É uma profissão que permite um crescente desenvolvimento de habilidades pessoais, interpessoais, negociação, liderança e muito mais. Sem contaroqueaprendemoscomas9áreasdeconhecimento do PMBOK e com as questões da ética profissional. Para finalizar, deixo aqui uma visão que já mencionei em um Blog passado: “As boas práticas de gestão de projetos não são apenas para o mundo profissional. Elas se aplicam perfeitamente para nossas vidas pessoais, mas isso só funciona para aqueles que realmente conhecem, gostam e sabem dos benefícios que ela pode nos trazer”. Alguns Eventos Maria José Moreira e Rogério Toscano CSC - Computer Science Corporation Dia: 09/09/09 Horário: 9:00h Local: Faculdade de Engenharia Rua Passo da Pátria, 156 - sala 104 - Bloco D - São Domingos - Niterói - RJ - 24.240-260 Fernando Goldman Presidente SBGC / RJ Dia: 30/09/09 Horário: 9:00h Local: Faculdade de Engenharia Rua Passo da Pátria, 156 - sala 104 - Bloco D - São Domingos - Niterói - RJ - 24.240-260