4. O QUE É HAICAI Haicai é um poema de origem japonesa, que chegou ao Brasil no início do século 20 e hoje conta com muitos praticantes e estudiosos brasileiros. No Japão, e na maioria dos países do mundo, é conhecido como Haiku.o Haicai clássico japonês obedece a quatro regras:
5. # Consiste em 17 sílabas japonesas, divididas em três versos de 5, 7 e 5 sílabas # Contém alguma referência à natureza (diferente da natureza humana) # Refere-se a um evento particular (ou seja, não é uma generalização) # Apresenta tal evento como "acontecendo agora", e não no passado.
6. HAICAI Grécia engana-se quem vê na velha pedra branca pretexto para ensolarado tour matinal desculpa para disparo de máquina digital à pedra alva coube ser pedra-ponte que se faz agora e todo sempre pedra-cálida que agrega azuis pedra-terra que tempera atmosferas pedra-seca que funde urina e sol e ossos
7. mesmo o mítico mar que todos sabem: é azul-esverdeado de doer é icônico é belo é referencial mesmo o decantado mar heróico que pediu e cumpriu potências que guarda ouro em leito museu este épico mar só pôde ser forma por autorização da pedra
8. o ar de cada ilha pode ser doce se a pedra quiser exalar a mulher envoluma-se de sensuais se sua pele é pedra lazuli a baleia quer retornar ao cemitério da pedra porosa o velho ri e muito ejacula pois sua potência sorve pedra a areia na pele do bebê sãos grãos de força-pedra engana-se quem só acredita ver mera pedra instrumental: os sentidos da alma foram esculpidos à pedra
9. Soneto É um poema de forma fixa, composto por 14 versos . Pode ser apresentado em 3 formas de distribuição dos versos: Soneto italiano ou petrarquiano : apresenta duas estrofes de 4 versos (quartetos) e duas de 3 (tercetos) Soneto inglês ou "Shakespeareano" : três quartetos e um dístico Soneto monostrófico : Apresenta uma única estrofe de 14 versos.
10. SONETO O que mais dói Patativa do Assaré O que mais dói não é sofrer saudade Do amor querido que se encontra ausente, Nem a lembrança que o coração sente Dos belos sonhos da primeira idade. Não é também a dura realidade Do falso amigo, quando engana a gente, Nem os martírios de uma dor latente, Quando a moléstia o nosso corpo invade.
11. O que mais dói e o peito nos oprime, E nos revolta mais que o próprio crime, Não é perder da posição um grau. É ver os votos de um país inteiro, Desde o praciano ao camponês roceiro, Para eleger um presidente mau.
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13. O que é balada É UM POEMA NARRATIVO DE TEMA E CARATER MELANCÓLICO
14. A FESTA DA NATUREZA Chegando o tempo do inverno, Tudo é amoroso e terno, Sentindo o Pai Eterno Sua bondade sem fim. O nosso sertão amado, Estrumicado e pelado, Fica logo transformado No mais bonito jardim.
15. Neste quadro de beleza A gente vê com certeza Que a musga da natureza Tem riqueza de incantá. Do campo até na floresta As ave se manifesta Compondo a sagrada orquesta Desta festa naturá.
16. Tudo é paz, tudo é carinho, Na construção de seus ninho, Canta alegre os passarinho As mais sonora canção. E o camponês prazentero Vai prantá fejão ligero, Pois é o que vinga premero Nas terras do meu sertão.
18. O que é Vilancete E ra uma forma poética comum na Península Ibérica , na época da Renascença . Os vilancetes podiam também ser adaptados para música: muitos compositores ibéricos dos séculos XV e XVI , como Juan del Encina ou o português Pedro de Escobar compuseram vilancetes musicais. Este tipo de poema tem um mote - o início do poema que, na música, funciona como refrão - seguido de uma ou mais estrofes - as voltas , coplas ou glosas - cada uma com 7 versos. A diferença entre o vilancete e a cantiga depende do número de versos no mote: se houver 2 ou 3 é um vilancete , se houver 4 ou mais é uma cantiga .
19. Esperança Enforquei minha Esperança; Mas Amor foi tão madraço, Que lhe cortou o baraço. Foi a Esperança julgada Por setença da Ventura Que, pois me teve à pendura, Que fosse dependurada: Vem Cupido com a espada, Corta-lhe cerce o baraço. Cupido, foste madraço.
20. CORDEL O termo Literatura de Cordel deve-se ao fato de que os folhetos ficavam expostos à venda pendurados num barbante (cordão, cordel). A origem do folheto de Cordel, segundo Luís da Câmara Cascudo, deve-se à iniciativa dos cantadores de viola em imprimir e vender a sua poesia e à "adaptação à poesia das histórias em prosa que vieram de Portugal e da Espanha".
21. Em Portugal, o folheto era conhecido por "Literatura de Cego", devido a uma lei promulgada por Dom João VI que limitava a sua venda à Irmandade do Menino Jesus dos Homens Cegos de Lisboa. O folheto em Portugal era escrito em forma de prosa. Ao chegar ao Brasil, passou a ser escrito em sextilhas de versos de sete sílabas. O primeiro brasileiro a publicar um romance de Cordel foi, provavelmente, Sílvio Pirauá (1848/1913), famoso cantador de viola paraibano. Os poetas populares do Nordeste dividem a Literatura de Cordel em dois tipos: Romance (ficção) e Folheto de Época (narrativa de fatos).
22. CORDEL SOLIDÁRIO Ao Poeta Carlos Aires Eu me faço solidário Porque os versos matutos Cumprem bem o seu fadário E o Repentista na rima Faz gorjeio de canário. O dom que tem o poeta Não se encontra em armário A poucos foi reservado Um perfeito estuário Que supera a Ciência E qualquer vocabulário.
23. Não podemos aviltar Esse dom do Repentista Consagrado pelo mundo Através do sertanista E que vem pela escrita Nas letras dum cordelista. Carlos Aires faz cultura Sendo assim bom sertanejo Ao retratar o Sertão Com seu verso benfazejo Pra quem nunca foi migrante E pra quem virou andejo.
24. A Escola do Repente Tem o nome de “SERTÃO” O diploma que se tira Tem o nome de “CONDÃO” E na rima você tem A mais bela “PROFISSÃO”. O Cordel é um arauto Da CULTURA POPULAR Não precisa de requinte Pra sucesso conquistar E a mensagem do campônio
26. História do Patativa Antônio Gonçalves da Silva , dito Patativa do Assaré, nasceu a 5 de março de 1909 na Serra de Santana, pequena propriedade rural, no município de Assaré, no Sul do Ceará. É o segundo filho de Pedro Gonçalves da Silva e Maria Pereira da Silva. Foi casado com D. Belinha, de cujo consórcio nasceram nove filhos. Publicou Inspiração Nordestina, em 1956, Cantos de Patativa, em 1966. Em 1970, Figueiredo Filho publicou seus poemas comentados Patativa do Assaré. Tem inúmeros folhetos de cordel e poemas publicados em revistas e jornais.
27. Cresceu ouvindo histórias, os ponteios da viola e folhetos de cordel. Em pouco tempo, a fama de menino violeiro se espalhou. Com oito anos trocou uma ovelha do pai por uma viola. Dez anos depois, viajou para o Pará e enfrentou muita peleja com cantadores. Quando voltou, estava consagrado: era o Patativa do Assaré. Nessa época os poetas populares vicejavam e muitos eram chamados de 'patativas' porque viviam cantando versos. Ele era apenas um deles. Para ser melhor identificado, adotou o nome de sua cidade.Filho de pequenos proprietários rurais, Patativa, nascido Antônio Gonçalves da Silva em Assaré, a 490 quilômetros de Fortaleza, inspirou músicos da velha e da nova geração e rendeu livros, biografias, estudos em universidades estrangeiras e peças de teatro. Também pudera. Ninguém soube tão bem
28. Como todo bom sertanejo, Patativa começou a trabalhar duro na enxada ainda menino, mesmo tendo perdido um olho aos 4 anos. No livro 'Cante lá que eu canto cá', o poeta dizia que no sertão enfrentava a fome, a dor e a miséria, e que para 'ser poeta de vera é preciso ter sofrimento'. Patativa só passou seis meses na escola. Isso não o impediu de ser Doutor Honoris Causa de pelo menos três universidades. Não teve estudo, mas discutia com maestria a arte de versejar. Desde os 91 anos de idade com a saúde abalada por uma queda e a memória começando a faltar, Patativa dizia que não escrevia mais porque, ao longo de sua vida, 'já disse tudo que tinha de dizer'. Patativa morreu em 08 de julho de 2002 na cidade que lhe emprestava o nome.