1. No ano de 1866 o mundo é abalado por um acontecimento fantástico: no mar, vários navios
haviam cruzado com um enorme objeto, longo e fusiforme, às vezes fosforescente, muito maior
do que qualquer animal marítimo e com uma velocidade de locomoção incrível. O que mais
assombrava, no entanto, eram os acidentes que ele supostamente provocava, levando alguns
navios a pique e deixando outros com sérias avarias. O professor adjunto do Museu de História
Natural de Paris, Pedro Aronnax, tentando decifrar a identidade do monstro, criou a hipótese de
que seria um enorme narval. Narval ou não, o fato é que era perigoso, sendo necessária a sua
captura. Com esta finalidade uma veloz fragata chamada Abraão Lincoln parte pelos mares à
procura do monstro. Aronnax é convidado para esta viagem e, junto com seu fiel ajudante
Conselho partem. À bordo conhecem Ned Land, o rei dos arpoadores. Canadense de quase 2
metros de altura, aspecto sisudo, às vezes violento. Depois de percorrerem os mares à procura
do narval, finalmente o encontraram e, após várias tentativas de atingi-lo com arpões e
granadas, a estranha criatura provoca duas enormes trombas - d’água que inundam a fragata
derrubando homens e rebentando os massames dos mastros. O professor, Conselho e Ned
Land se perdem da fragata e vão parar em cima do monstro, que para surpresa dos três
tratava-se de um submarino. Eles são recolhidos por tripulantes e conhecem o estranho e
fascinante capitão Nemo. Homem de estatura elevada, testa larga, mãos finas e alongadas,
olhar altivo e calmo, versado em diferentes línguas, seu sotaque, no entanto, não deixava
transparecer sua nacionalidade. Falava com a tripulação numa língua diferente que os três
náufragos não compreendiam. Apresentou-se como sendo dono e capitão do Náutilo, seu
submarino. O capitão conta que é um homem muito rico e que construiu o submarino em total
sigilo numa ilha deserta. Ele e a tripulação partiram da terra para nunca mais voltarem. Fica
claro o sentimento de ódio que o capitão nutre pela sociedade em geral. A sua vida agora é
nas profundezas da água, e é daí que ele retira alimento, roupas e outras riquezas. Para
preservar sua sigilosa existência Nemo decide manter os três a bordo do Náutilo, negando-lhes
a possibilidade de voltarem à terra. A partir de então inicia-se uma grande aventura pelos
mares do planeta. Partindo do oceano Pacífico nas costas do Japão, o Náutilo navega ainda
pelo Índico, Mar Vermelho, Mediterrâneo, Atlântico, os mares austrais e boreais, percorrendo
um total de 20 mil léguas. Chegam até mesmo ao Pólo Sul, terra até então nunca visitada pelo
homem. E vão encontrando maravilhas e desvendando mistérios, com uma narração tão
perfeita que torna possível ao leitor sentir-se como se estivesse a bordo. O principal mistério,
no entanto não é revelado: a história do capitão Nemo. Após um violento massacre no qual o
Náutilo afunda um navio de guerra exterminando toda a tripulação, o professor Aronnax decide
que está na hora de fugir, e junto com seus amigos promovem uma fuga bastante perigosa.
Sem que soubessem, o Náutilo estava próximo ao maelstrom, o irresistível turbilhão do qual
nenhum navio pôde sair. Por fim, Ned, Conselho e o professor conseguem se safar. O destino
do Náutilo é desconhecido. O autor Julio Verne acreditava no progresso da humanidade e
pressagiou muitos avanços científicos – submarino, televisão, viagem espacial – recebendo o
título de criador da ficção científica. Suas histórias possuem uma riqueza cultural
impressionante, pois Verne narra com exatidão as mais distantes regiões do planeta.
Curiosamente, o autor nunca saiu da França.