O documento discute as poéticas e estéticas contemporâneas na obra do fotógrafo André Brito, analisando diversas imagens sob a ótica de vários autores. A estudante explora como Brito representa o corpo humano e como diferentes perspectivas podem ser evocadas por uma única imagem.
1. Faculdade Cásper Líbero
Mestrado em Comunicação
Disciplina: Poéticas e Estéticas Contemporâneas
Prof. Dulcília Buitoni
Aluna: Janaíra França
Novembro de 2010
2. 1
A busca...
Como todo fotógrafo que espera a imagem perfeita sob o
encontro ideal entre ângulo, luz e objeto... Assim foi minha busca
pelo objeto deste trabalho...
Abandonei a ideia de perfeição do objeto ao perceber que o mais
interessante era a possibilidade de encontrar diversos olhares
numa mesma imagem...
5. 4
“Os olhos amam a beleza e a variedade das formas, o
brilho e a amenidade das cores [...] não me dando
descanso [...] esta luz que se derrama por tudo que vemos
e por todos os lugares [...] Se se ausenta por muito
tempo, minha alma cobre-se de tristeza”
(Santo Agostinho)
6. 5
A escolha...
Galeria de trabalhos do fotógrafo lusitano André Brito
7. 6
As imagens produzidas por André Brito possuem caráter
publicitário e forte presença de erotismo, ao mesmo tempo que ele
atua com binômio luz e corpo.
8. 7
A proposta do trabalho...
Analisar as diversas imagens produzidas pelo fotógrafo que tem
como tema: o corpo, o movimento, a luz e o espaço; sob a ótica
de alguns autores estudados na disciplina.
O desafio...
“O olhar apalpa as coisas, repousa sobre elas, viaja no meio delas,
mas delas não se apropria. Resume e ultrapassa os outros sentidos
porque os realiza naquilo que lhes é vedado pela finitude do corpo,
a saída de si, sem precisar de mediação alguma, e a volta a si, sem
sofrer qualquer alteração material. É essa imaterialidade da
operação visual que a torna tão propícia ao espírito. [...] O espírito
dirá que os olhos não sabem ver”.
(Novaes, 1988)
9. 8
A percepção e imaginação: dualidade semântica da imagem – a
imagem simples e a imagem que pode ser evocada.
(SANTAELLA & NOTH, 2008)
10. 9
“Embora toda imagem incorpore uma maneira de ver, nossa
percepção ou apreciação de uma imagem depende de nosso próprio
modo de ver”.
(BERGER, 1999)
11. 10
“Quanto mais criativa for a obra, mais profundamente ela nos
permite compartilhar da experiência que o artista tem do visível”.
(BERGER, 1999)
12. 11
A fotografia permite a contemplação estética do corpo humano em
todos os seus ângulos, como também sua reprodutibilidade, é a
multiplicação de superfícies, aparências e faces que o fotógrafo
propicia pelo seu trabalho.
(SANTAELLA, 2004)
13. 12
As diversas faces de uma imagem...
Conforme Català:
“Sin más elaboraciones, estas
imágenes trasmitiríam, como
mucho, el conglomerado de
visiones que pueden existir sobre
uma persona: la visión del autor, la
del sujeto sobre sí mismo, la que
que el sujeito quiere representar, la
visíon social, etc.
14. 13
Com a fotografia, não nos
é mais possível pensar a
imagem fora do ato que a
faz ser. [...] é um
verdadeiro ato icônico, do
ato da produção (gesto da
tomada), como também o
ato de sua recepção e de
sua contemplação.
(DUBOIS, 1994)
15. 14
Para empezar, la imagen ya no existe, en todo caso, las imágenes, siempre no
plural... Podemos afirmar que existe um conglomerado, prácticamente sin límites,
de percepciones, de recuerdos, de ideas.
[...] Las imagénes contemporáneas difícilmente se perciben de maneira aislada, ya
sea porque ellas mismas se presentam conjuntamente.
(CATALÀ, 2005)
16. 15
“Toda fotografía es uma ficción que se presenta como verdadera. [...]
La fotografía miente siempre [...] es el controle ejercido por el fotógrafo
para imponer uma dirección ética a su mentira”
(FONTCUBERTA,1997)
17. 16
A pose para Barthes (1980)
“A imobilidade, fixação de um instante através da pose, é o que constitui a natureza
da fotografia. A pose eterniza uma ficção e não uma realidade. A ficção decorre do
fato de que a pose do fotografado é uma imagem criada, é a imagem que se quer
passar, aquilo que imaginamos ser e não o que somos”.
18. 17
O fotógrafo exercita um
trabalho intelectual.
Raciocina, sente e produz
por meio de seu intelecto
criativo, padrão cultural,
técnica e experiência de
vida. A boa fotografia é
resultado de árduo
projeto e não um mero
"acidente fotográfico”.
(Prof. Ênio Leite)
20. Bibliografia inicial...
CATALÀ, Josep M. La imagen compleja: la fenomenologia de las imágens em la
era de la cultura visual. Barcelona: Servei Publicacions, 2005.
BARTHES, Roland. A Câmera Clara. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1980.
______________. A Mensagem Fotográfica. Teoria de Cultura de Massas,
Adordo et al. Luis Costa Lima, (org) . Rio de Janeiro: Ed. Paz e Terra, 1982.
_______________. La Torre Eiffel: textos sobre la imagem. Barcelona: Pardóis,
2001.
BERGER, John. Modos de ver. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.
DUBOIS, Phillip. O ato fotográfico. Campinas: Ed. Papirus, 1994.
FONTCUBERTA, Joan. El bejo de Judas: fotografia y verdad. Barcelona: Editorial
Gustavo Gili, 1997.
NOVAES, Adauto. O olhar. São Paulo: Cia das Letras, 1988.
SANTAELLA, Lucia. Corpo e comunicação. São Paulo: Paulus, 2004.
________________. Imagem: cognição, semiótica e mídia. São Paulo Iluminuras,
2008.
Todas as fotos usadas neste trabalho são de autoria de André Brito e estão disponíveis no site:
olhares.com/abrito.