O neuroblastoma é um câncer raro que afeta principalmente crianças pequenas. Ele se origina nas células nervosas simpáticas e pode se desenvolver nos gânglios linfáticos ou suprarrenais. Os sintomas variam de acordo com a localização e estágio do tumor. O diagnóstico envolve exames de imagem, laboratoriais e biópsia. O tratamento inclui cirurgia, quimioterapia, radioterapia e transplantes de medula óssea dependendo do estágio e risco da doença. Novas ter
3. O que é Neuroblastoma
O neuroblastoma é um câncer que se inicia em certos tipos de células nervosas do
sistema nervoso simpático encontradas no embrião ou feto. Este tipo de câncer
ocorre em lactentes e crianças pequenas. Raramente é encontrado em crianças com
mais de 10 anos. Cerca de 30% dos neuroblastomas começam nas glândulas
suprarrenais. Aproximadamente 25% se iniciam nos gânglios linfáticos do sistema
nervoso simpático no abdome. O restante começa nos gânglios simpáticos próximos
à coluna cervical, torácica e lombar.
4. Causas do Neuroblastoma
As causas do neuroblastoma não são completamente conhecidas. Mas, os pesquisadores
descobriram diferenças importantes entre as células do neuroblastoma e os neuroblastos
normais a partir do qual eles se desenvolvem. Na maioria dos casos, as células do
neuroblastoma têm algum tipo de alteração cromossômica que provavelmente afeta
determinados genes. Mudanças hereditárias no oncogene ALK parece ser a causa da
maioria dos casos de neuroblastoma hereditário. Uma pequena fração de
neuroblastomas hereditários é provocada por alterações no PHOX2B, um gene que
normalmente ajuda as células nervosas a amadurecer. Ainda assim, a maioria dos
neuroblastomas não é causada por alterações hereditárias no DNA. Eles são resultados de
alterações genéticas que ocorrem no início do desenvolvimento da criança, muitas vezes
antes do nascimento.
5. Sinais e Sintomas
Os sinais e sintomas do neuroblastoma variam com o tamanho e localização do tumor,
disseminação da doença e se as células tumorais secretam (ou não) hormônios.
• Sinais ou sintomas causados pelo tumor - Tumor localizado no abdome causa
inchaço, falta de apetite, perda de peso, dor abdominal, problemas urinários, diarreia
ou constipação. Tumor no tórax pode provocar inchaço na face, pescoço, braços e
parte superior do tórax, dores de cabeça, tonturas e alteração de consciência. tosse e
dificuldade para respirar ou engolir.
• Sinais ou sintomas causados pela disseminação do tumor - Cerca de 60% dos casos de
neuroblastoma já se disseminaram para os linfonodos ou outros órgãos quando
diagnosticados, causando inchaço. O neuroblastoma frequentemente se espalha para
os ossos. Uma criança maior pode se queixar de dor nos ossos.
6. Diagnóstico de Neuroblastoma: Imagem
Os principais exames utilizados para o diagnóstico ou estadiamento do
neuroblastoma são:
• Ultrassom.
• Radiografia de tórax.
• Tomografia computadorizada.
• Ressonância magnética.
• Cintilografia com MIBG.
• Tomografia por emissão de pósitrons (PET scan).
• Cintilografia óssea.
7. Diagnóstico de Neuroblastoma: Laboratório
Os neuroblastomas podem ser encontrados através da detecção de catecolaminas no
sangue ou na urina. As células nervosas simpáticas normalmente liberam hormônios
denominados catecolaminas, como a epinefrina (adrenalina) e a norepinefrina
(noradrenalina). O corpo quebra essas catecolaminas em pedaços pequenos
denominados metabolitos, que são eliminados pela urina. Os exames para detecção
de metabólitos de catecolaminas, na maioria das vezes, são: ácido homovanílico
(HVA) e ácido vanilmandélico (VMA). Se existe suspeita ou foi confirmado o
neuroblastoma, o médico provavelmente solicitará exames de sangue para verificar a
contagem das células sanguíneas, função hepática e renal, bem como eletrólitos no
corpo. O exame de urina pode também ser solicitado para verificar a função renal.
8. Diagnóstico de Neuroblastoma: Biópsia
Os principais tipos de biópsias para diagnóstico do neuroblastoma são:
• Biópsia incisional - Na maior parte dos casos em que existe uma suspeita de um
neuroblastoma é realizada a biópsia incisional. Em adolescentes e adultos com
anestésico local, mas em crianças sob anestesia geral.
• Biópsia por agulha - Este procedimento consiste na retirada de uma amostra de
tecido para análise por meio de agulhas. É geralmente guiado por tomografia
computadoriza e realizado sob anestesia local.
• Biópsia e aspiração da medula óssea - São usadas para verificar se as células
cancerígenas se espalharam para a medula óssea e partes moles internas de certos
ossos.
9. Estágios do Neuroblastoma
O sistema de estadiamento utilizado para o neuroblastoma é o sistema de estadiamento
internacional para neuroblastoma (INSS). Os estágios desse sistema são:
• 1 - Tumor localizado onde se originou. Todo o tumor visível é totalmente removido por
cirurgia.
• 2A - Tumor localizado onde começou, mas nem todo o tumor visível pode ser removido por
cirurgia.
• 2B - Tumor localizado de um lado do corpo e pode (ou não) ser totalmente removido por
cirurgia.
• 3 - Tumor não se espalhou para outros órgãos.
• 4 - Tumor se espalhou para outras partes do corpo, como linfonodos, ossos, fígado, pele,
medula óssea ou outros órgãos, mas a criança não cumpre os critérios para o estágio 4S.
• 4S - A criança tem menos de 1 ano. Tumor localizado apenas de um lado do corpo e os exames
de imagem não mostram disseminação para os ossos e/ou medula óssea.
10. Grupos de Risco para Neuroblastoma
O Childrens Oncology Group (COG) classifica as crianças com neuroblastomas em 3
grupos de risco: baixo, intermediário e alto. A classificação internacional dos grupos de
risco para neuroblastoma (INRG) está em fase de estudo e em breve deverá substituir o
sistema COG. A nova classificação se baseia no sistema INRGSS, que inclui os fatores de
risco definidos nas imagens, bem como fatores prognósticos, como: idade da criança,
histologia do tumor, presença (ou não) do gene MYCN, algumas alterações no
cromossomo 11, ploidia de DNA. Essa classificação usa esses fatores para classificar as
crianças em 16 diferentes grupos de pré-tratamento (letras: A até R). Cada um desses
grupos de pré-tratamento cai em um de quatro grupos globais de risco: risco muito
baixo, risco baixo, risco intermediário e risco alto.
11. Tratamento: Cirurgia
A cirurgia pode ser realizada tanto no diagnóstico como no tratamento do
neuroblastoma. Para os tumores menores que não se espalharam, a cirurgia pode ser o
único tratamento necessário.
• Cirurgia como biópsia - Em muitos casos, é necessária uma amostra do tumor para
confirmação do diagnóstico antes de definir as opções de tratamento.
• Cirurgia como tratamento - Após o diagnóstico da doença, a cirurgia é realizada
para remover o máximo possível do tumor. Em alguns casos, é possível a retirada de
todo o tumor e se obter a cura da doença.
Mas, se o tumor estiver localizado próximo de estruturas vitais ou em torno dos vasos
sanguíneos principais é menos provável que todo o tumor seja retirado.
12. Tratamento: Radioterapia
Os tipos de radioterapia usados no tratamento de crianças com neuroblastoma são:
• Radioterapia externa ou convencional - Consiste em irradiar o órgão alvo com
doses fracionadas. O tratamento é realizado cinco vezes na semana, durante um
período de cerca de algumas semanas.
• Radioterapia com MIBG - Em doses mais altas é usado para tratar algumas crianças
com neuroblastoma avançado, muitas vezes junto com outros tratamentos. Após
ser injetado na corrente sanguínea, o MIBG se concentra no local da doença em
qualquer parte do corpo, irradiando o tumor. A criança ficará em um quarto
especial por alguns dias após a injeção até que a maior parte da radiação seja
eliminada
13. Tratamento: Quimioterapia
Algumas crianças com neuroblastoma são tratadas com quimioterapia, antes da
cirurgia (quimioterapia neoadjuvante) ou após a cirurgia (quimioterapia adjuvante).
Em outros casos, especialmente quando a doença se disseminou para outros órgãos a
quimioterapia é o principal tratamento. Alguns dos medicamentos comumente
utilizados no tratamento do neuroblastoma incluem: ciclofosfamida ou ifosfamida,
cisplatina ou carboplatina, vincristina, doxorrubicina, etoposide, topotecano,
busulfan e melfalano. A combinação mais comum de medicamentos para tratar o
neuroblastoma inclui carboplatina, ciclofosfamida, doxorrubicina e etoposido, mas
outros podem ser utilizados.
14. Tratamento: Imunoterapia
Os anticorpos monoclonais são proteínas produzidas pelo sistema imunológico para
combater um alvo muito específico. Essas moléculas podem ser injetadas no corpo
para detectar e atacar as células cancerígenas. O anticorpo monoclonal ch14.18 se
liga ao gangliósido GD2, uma substância encontrada na superfície das células do
neuroblastoma. Este anticorpo pode ser administrado em combinação com
citoquinas, como GM-CSF e interleucina-2 para ajudar o sistema imunológico da
criança a reconhecer e destruir as células de neuroblastoma. Este anticorpo faz parte
do tratamento de rotina para crianças de alto risco, muitas vezes após o transplante
de células estaminais.
15. Tratamento: Terapia Retinóide
Os retinóides são produtos químicos que estão relacionados à vitamina A. Eles são
conhecidos como agentes de diferenciação, porque se acredita que possam ajudar
algumas células cancerígenas a diferenciar-se em células normais. Em crianças com
neuroblastoma de alto risco, o tratamento com o ácido 13-cis-retinóico reduz o risco
de recidiva após altas doses de quimioterapia e transplante de células estaminais. A
maioria dos médicos recomenda 6 meses de ácido 13-cis-retinóico, após o
transplante. É administrado via oral.
16. Tratamento: Transplante de Medula Óssea
O transplante de medula óssea ou transplante de células estaminais envolve a colheita
de células estaminais saudáveis para reabastecer a medula óssea do paciente. As novas
células estaminais assumem a produção das células sanguíneas. Os transplantes são
normalmente recomendados se:
• O receptor do transplante tem um estado de saúde geral bom.
• O doador seja irmão (ã) do receptor, o que reduz as chances do transplante ser
rejeitado ou a doença enxerto hospedeiro.
• Não estiver havendo resposta a outras formas de tratamento ou considera-se que
existe um risco elevado da doença retornar se o transplante não for realizado.
• Considerar que os benefícios do transplante superam os riscos.
17. Vivendo com Neuroblastoma
Muitas crianças com neuroblastoma têm uma boa probabilidade de sobrevida longa
depois do tratamento. Durante e após o tratamento do neuroblastoma, as principais
preocupações para a maioria das famílias são os efeitos imediatos e de longo prazo do
tumor e seu tratamento, além da preocupação de uma recidiva ou metástase.
Pergunte para seu médico quaisquer dúvidas, a informação é um direito seu. Quando
o tratamento termina, os médicos acompanharão a criança de perto por alguns anos.
Por isso é muito importante levar seu filho a todas as consultas de acompanhamento.
18. Novos Tratamentos
• Genética - Nos últimos anos, foi realizado um grande avanço para descobrir quais
neuroblastomas são susceptíveis de serem curados com o tratamento padrão e quais
necessitarão um tratamento mais agressivo.
• Quimioterapia - Várias drogas em uso para tratamento de outros tipos de câncer, como o
topotecano, irinotecano e temozolamida, estão em estudo para uso com o neuroblastoma.
• Transplantes de células estaminais - Os pesquisadores estão tentando melhorar a taxa de
sucesso com altas doses de químio e transplante de células tronco, com diferentes
combinações de quimioterapia, radioterapia, retinóides e outros tratamentos.
• Retinóides – Retinóides potencialmente mais eficazes, como a fenretinide, estão sendo
estudados em protocolos clínicos.
• Outras formas - Estão em andamento estudos com novas terapias alvo, que visam as células
do neuroblastoma, como as drogas que inibem a via ALK ou a via aurora A. Um exemplo é o
crizotinibe, uma droga que age nas células com alterações no gene ALK. Até 15% dos
neuroblastomas têm alterações neste gene.