2. A pintura “A Verdade saindo do poço” (1896), é de autoria de Jean-Léon
Gérôme, escultor e pintor francês, e está ligada a esta parábola.
O texto abaixo é atribuído a uma parábola judaica do século XIX sobre a
verdade e a mentira. Por certo reproduz muitas das situações que
diariamente enfrentamos em nosso cotidiano, em que os cenários que se
nos apresentam nem sempre são aquilo que aparentam ser. Por isso,
considerei oportuna sua transcrição. Ei-la, pois.
Segundo esta parábola, a Verdade e a Mentira se encontram um dia. A
Mentira diz à Verdade: "Hoje está um dia maravilhoso!" Zelosa de seu
caráter, a Verdade, ouvindo tal exclamação, foi conferir se realmente era
um dia maravilhoso.
3. Olhou para o alto e não viu nuvens de chuva; não havia nenhum vestígio
de fumaça na mata; havia pássaros cantando; tudo parecia perfeito. E
tendo se assegurado de que era um bom dia, suspirando, disse para a
Mentira: o dia está realmente lindo. Então, a Mentira prosseguiu: - está
muito calor hoje, não é mesmo? Realmente o dia estava quente demais.
Deste modo, a Verdade, percebendo que a mentira estava certa pela
segunda vez, relaxou, baixou a guarda. Por qual razão haveria de
desconfiar, se a Mentira parecia tão cordial e verdadeira? Elas passaram
muito tempo juntas, e, chegando finalmente ao lado de um poço, diante de
um calor insuportável, A Mentira, num gesto de amizade, diz à Verdade:
“A água está muito boa, vamos tomar um banho juntas?”
4. A Verdade, mais uma vez desconfiada, testa a água e descobre que
realmente está muito gostosa. A mentira então despiu-se de suas vestes,
pulou na água e insistiu: - Venha, verdade, a água está muito boa,
simplesmente maravilhosa. O convite parecia irrecusável. Assim sendo,
sem suspeitar da intensão da Mentira, tirou suas vestes, pulou na água num
bom mergulho. Ao ver que a Verdade havia saltado na água, rapidamente a
Mentira pulou para fora, vestiu-se rapidamente com as vestes da Verdade
que estavam à margem e se mandou sorrateira. Tendo suas roubas furtadas,
a Verdade sai da água e ciosa de sua reputação, por sua vez, recusa-se a
vestir-se com as roupas da Mentira, deixadas para trás.
5. Certa de sua pureza e inocência, nada tendo do que se envergonhar, não
tendo outra opção, saiu nua, a correr pelas ruas e vilas, para pegar suas
roupas de volta. A pobre Verdade volta ao poço e desaparece para sempre,
escondendo nele sua vergonha. Desde então, a Mentira viaja ao redor do
mundo, vestida como a verdade, satisfazendo as necessidades da
sociedade. Aos olhos das pessoas, ficou mais fácil aceitar a Mentira
vestida com vestes da Verdade. O Mundo não nutre nenhum desejo de
encontrar a Verdade nua. " É mais fácil aceitar a MENTIRA vestida com a
roupa da VERDADE, do que a VERDADE NUA E CRUA".
Existe, também, outra versão da parábola:
6. A verdade marcou um encontro com a mentira. A verdade chegou na hora,
pontual e certa. A mentira chegou atrasada e se justificou: "Minhas pernas
são curtas e bambas. Mas não conte a ninguém". A verdade nada disse.
Apenas sorriu. A mentira prosseguiu: "O que você quer de mim? Eu sou
bonita, você é feia, eu sou jovem, você é velha, eu sou extrovertida, você é
tímida, eu sou agradável, você é desagradável, eu sou, enfim, aquilo que as
pessoas querem. Posso ser qualquer coisa, estar em qualquer lugar, posso
fazer tudo o que quero e francamente, não vejo porquê de estar aqui, nesse
momento, perdendo meu tempo com alguém que não é bem-aceita em
todos os lugares. O que você quer de mim afinal?" disse a mentira com a
voz ligeiramente esganiçada.
7. A verdade com voz límpida e cristalina, respondeu apenas: "Quero lhe
dizer que, apesar de sua beleza e formosura, eles querem a mim. As
pessoas buscam a mim, mesmo quando encontram você". Na hora de ir
embora, sempre apressada, a mentira botou o casaco da verdade e saiu
correndo. A verdade, para não passar frio, botou a roupa da mentira. E
todo mundo achou que a verdade era a mentira e a mentira era a verdade.
Mas foi só por um tempo. Logo um vento soprou revelando as pernas
curtas e bambas da mentira disfarçada.
REFLEXÃO:
O que entendemos por Verdade e Mentira?
O que é, pois, a Verdade?
8. A Verdade é aquilo que está de acordo com os fatos e observações;
respostas lógicas resultante do exame de todos os fatos e dados; uma
conclusão baseada na evidência, não influenciada pelo desejo, autoridade
ou preconceitos; um fato inevitável, sem importar como se chegou a ele.
O que é a mentira?
A mentira é um relato que não corresponde ao real vivido, mas sim uma
estratégia verbal, muitas vezes, para enganar a outra pessoa ou a nós
mesmos. Aliás, na maioria das vezes, a nós mesmos. O mais enganado é a
própria pessoa que mente.
9. Muitos o fazem para não lidar com a responsabilidade, para escapar das
correções, das punições, do julgamento de alguém ou mesmo para
alcançar um melhor conceito sobre si diante dos outros. Muitas vezes,
utilizamos a mentira para esconder um comportamento que temos, que não
é aceito nem esperado. Muitos aprenderam a mentir no decorrer da vida,
foram exercitando o ato de mentir. Em outras situações, às vezes, a pessoa
se sente insatisfeita com a própria vida e, por isso, cria uma vida paralela,
ou seja, cria uma vida que gostaria de viver ou mesmo uma pessoa que
gostaria de ser. Existe aquela pessoa que apresenta autoestima baixa, que
precisa provar para os outros algo que ela ainda não conseguiu ter ou ser.
10. A mentira pode ser a ponta do iceberg, pode esconder uma história, um
autoconceito negativo ou um conceito negativo sobre as outras pessoas. A
pessoa que mente fica presa a sua mentira, uma vez que não poderá jamais
esquecer o que relatou, pois terá de a sustentar. Que situação! O cérebro
humano parece não ter sido criado para a mentira. Para mentir é preciso,
primeiro, que o mentiroso saiba da verdade e, depois, crie uma história
falsa. Portanto, o cérebro vai levar mais tempo para fazer esse processo.
Primeiro, a verdade é memorizada e posteriormente a mentira é criada. O
problema é manter arquivada uma memória de um fato que não aconteceu.
11. Por isso, o esforço para manter a mentira é muito grande, a verdade tem o
registro do fato ocorrido e será mais fácil lembrarmos dela. Podemos
observar que a mentira infelizmente faz parte do nosso cotidiano, a
mentira se torna cada vez mais presente no meio político, onde escândalos
aparecem quase todo dia e mesmo assim eles negam, mesmo com várias
provas sendo apresentadas para a sociedade. Observamos que as crianças
mesmo sendo instruídas a não mentir, elas mentem para fugir de um
castigo, de apanhar, de levar uma severa punição, etc... A mentira tem
como objetivo ocultar, transferir culpa, e até tirar proveito de uma
situação, ela se torna uma questão de conveniência quando ela se torna um
hábito na vida da pessoa.
12. Não podemos deixar a mentira fazer parte do nosso cotidiano, pois a
verdade por mais dura que seja sempre vai prevalecer e não há nada que
por mais bem feito, planejado, sempre vai vir à tona algum dia e aí vai ser
tarde para tentar explicar ou se desculpar do que foi feito. A relação das
pessoas com a mentira e a verdade é ambivalente. Como regra geral, todos
dizemos (ou acreditamos) preferir a verdade. Mas quando a verdade que
ouvimos ou compartilhamos é dolorosa ou complicada, pode gerar um
grande conflito psicológico. Optar pela mentira é, por via de regra, um
sintoma de desconfiança na capacidade própria ou alheia para lidar com os
problemas.
13. Em outros momentos, escolher a falsidade significa se comportar como
uma pessoa sem escrúpulos que deseja obter um ganho com determinada
situação. Em qualquer caso, aprender a lidar com a verdade continua
sendo uma questão em aberto na nossa sociedade, a qual equilibra uma
balança que deveria ter como vencedoras a verdade e a honestidade. Em
nosso mundo às vezes é difícil distinguir entre a verdade e a mentira, pois
as coisas não raramente estão sujeitas a subjetividades ou interpretações
pessoais. Os sábios sabem que a verdade e a mentira são irmãs gêmeas.
Muitas vezes as pessoas optam pela mentira sinceramente acreditando que
aquela é a verdade, e não por não desejaram a verdade.
14. Concluindo, podemos afirmar que isto é o que vemos ao nosso redor; as
pessoas têm dificuldade em aceitar a "verdade nua e crua" O ser humano
não quer se ver de verdade pois ele se assusta consigo mesmo.
Diferença entre a Verdade e a Mentira: A Verdade quando é dita faz você
se sentir em paz com sua alma, enquanto que a mentira não deixa sua alma
descansar em paz. A Verdade acontece naturalmente, enquanto que a
mentira deixa de ser uma atitude natural. A Verdade não deixa dúvidas,
enquanto que a mentira se alimenta dela. Até mesmo as inverdades
aparentemente inofensivas podem ter consequências imprevisíveis. A
Filosofia adverte que elas podem nos levar a um caminho sem volta.
15. Pois, depois das primeiras mentiras, as outras podem vir mais facilmente.
Daí, podermos concluir que o silêncio diante da verdade é compreensão.
Diante da mentira é cumplicidade. Na epístola de Erasto aos lioneses,
publicada na Revista Espírita de 1861, ele fez a famosa advertência sobre
a necessidade de a verdade ser respeitada de forma absoluta, afirmando
textualmente: “melhor repelir dez verdades momentaneamente do que
admitir uma só mentira, uma única teoria falsa”. Repetia assim, em
linguagem própria para a ocasião, o milenar ensinamento do Sermão do
Monte, quando Jesus recomendou, expressa e taxativamente: “Seja,
porém, o vosso falar: Sim, sim; Não, não; porque o que passa disto é de
procedência maligna.” (Mateus, 5:37)
16. Muita Paz!
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