O documento descreve os principais gêneros narrativos e seus elementos estruturais. Resume os seguintes pontos: 1) Define o termo "narrar" e explica a origem do gênero narrativo no épico; 2) Apresenta os principais gêneros narrativos como romance, novela, conto, fábula e crônica; 3) Descreve elementos comuns a textos narrativos como personagens, tempo, espaço e enredo.
2. TEXTO NARRATIVO
O termo “narrar” vem do latim “narratio” e quer
dizer o ato de narrar acontecimentos reais ou fictícios.
Surgiu dentro do gênero épico (narrativa feita
em versos, num longo poema que ressalta os feitos de
um herói ou as aventuras de um povo ).
O gênero narrativo apresenta concepções de prosa
com características diferentes, o que fez com que
surgissem divisões de outros gêneros literários .
Todas as obras narrativas possuem elementos
estruturais e estilísticos em comum e devem
responder a questionamentos como: quem?, o quê?
quando? onde? por quê?
Os Lusíadas, de Luís de Camões, Ilíada e Odisseia, de Homero.
3. ROMANCE
Tempo, espaço e personagens bem definidos
Origens - Idade Média (Dom Quixote de
Cervantes)
Forma atual desenvolveu-se a partir do século
XVII
Narrativa longa, geralmente dividida em
capítulos
Personagens variadas em torno das quais
acontece a estória principal e estórias paralelas a
esta
4. NOVELA
Texto caracterizado por ser intermediário
entre a longevidade do romance e a
brevidade do conto. Ex: O Alienista,
de Machado de Assis.
É dividida em episódios, são contínuos e
não têm interrupções.
Há a valorização de um evento, um corte
mais limitado da vida, a passagem do tempo
é mais rápida e o narrador assume uma maior
importância como contador de um fato
passado.
5. CONTO
É um texto narrativo breve, e de ficção,
geralmente em prosa, que conta situações
rotineiras
Gira em torno de um só conflito, com
poucos personagens.
Inicialmente, fazia parte da literatura oral.
Boccacio foi o primeiro a reproduzi-lo de
forma escrita com a publicação
de Decamerão.
6. FÁBULA
Texto de caráter fantástico que busca ser
inverossímil.
Une o lúdico e o pedagógico (com fundo
didático, que tem como objetivo transmitir
uma lição moral).
animais como personagens
Apólogo- personagens são seres inanimados,
objetos.
o primeiro grande nome da fábula foi Esopo,
um escravo grego que teria vivido no século
VI a.C.
7. O primeiro grande nome da fábula foi
Esopo, um escravo grego que teria vivido no
século VI a.C.
La Fontaine, poeta francês que viveu de
1621 a 1695- retomada de várias fábulas de
Esopo.
Brasil: Monteiro Lobato .
8. CRÔNICA
Origem: grego “Chronos” (tempo).
Narrativa informal .
Linguagem coloquial.
Humor e crítica.
Relato pessoal do autor sobre determinado
fato da vida cotidiana.
9. CRÔNICA
“ A crônica é um jeito que o brasileiro descobriu
para fazer poesia à paisana, contos à paisana,
romances à paisana. É um golpe civil. Crônica
tem uma superficialidade enganosa: por ser
curta e de temas prosaicos, parece que é
inofensiva. Sua profundidade reside no tom
baixo de amizade. Sua agressividade é a ternura.
Escrever crônicas é fazer amizades, contar
segredos e confidências, é ajudar
verdadeiramente as pessoas a não se
conformarem”.
Fabrício Carpinejar- 05/01/2012
10. LENDA
Narrativa fantasiosa transmitida pela tradição
oral através dos tempos.
Combinam fatos reais e históricos com fatos
irreais que são meramente produto da
imaginação humana.
Geralmente fornecem explicações plausíveis, e
até certo ponto aceitáveis, para coisas que não
têm explicações científicas comprovadas, como
acontecimentos misteriosos ou sobrenaturais.
Pelo fato de serem repassadas oralmente de
geração a geração, sofrem alterações à medida
que vão sendo recontadas.
11. Miniconto, microconto
ou nanoconto
Muito mais importante que mostrar, é
sugerir, deixando ao leitor a tarefa de
"preencher" as elipses narrativas e entender
a estória por trás da estória escrita.
Exemplos:
•Quando acordou o dinossauro ainda estava
lá”.(Augusto Monterroso- 37 letras)
•:”Vende-se: sapatos de bebê, sem
uso”.(Ernest Hemingway- 26 letras)
12. Miniconto
Brasil : Ah,é? (1994, Dalton Trevisan) - ponto de
partida do miniconto no seu formato contemporâneo.
Também se destaca João Gilberto Noll que apresenta
obras voltadas para o tema.
Características :
• Concisão
•Narratividade (muitos dos ditos minicontos são, na
verdade, tiradas líricas)
•Totalidade (um miniconto não é uma story line)
•Subtexto
•Ausência de descrição
•Retrato de "pedaços da vida"
13. Dez dicas para escrever minicontos
1. Miniconto é um conto pequeno, portanto deve ter
as características do conto: narratividade, ou seja,
narrador, personagens, espaço e tempo. Efeito.
Intensidade. Tensão.
2. Isso tudo em um número limitado de caracteres.
Muitos autores chamam de minicontos aqueles com
até 200 caracteres, microcontos com até 150
caracteres e nanocontos com até 50 caracteres.
3. Caracter é qualquer letra, sinal de pontuação ou
espaço em branco. O título não entra na contagem.
4. Os minicontos são ficção e têm como objetivo
envolver o leitor no enredo.
5. Use um bom título, ele é uma isca para seu leitor.
6. Pode ter humor, mas não é uma piada.
14. 7. O subtexto é o melhor do miniconto, é o que
não está dito, aquilo que cabe ao leitor
descobrir, imaginar.
8. Quanto mais leituras possíveis, melhor o
miniconto.
9. Qualquer assunto pode ser inspiração para um
bom miniconto: contos maiores, notícias de
jornal, a observação da própria vida. Mas
sobretudo a leitura, o conhecimento.
10. Para finalizar, faça tudo diferente, tente,
invente, o miniconto é também a síntese da
criatividade.
http://minicontosanamello.blogspot.com.br/2010/03/dez-dicas-para-escrever-
minicontos.html
15. CARACTERÍSTICAS DO TEXTO NARRATIVO
Contado por um narrador, que pode ser
um narrador-personagem ou um narrador-
observador.
Os fatos contados são vividos por
personagens em um determinado espaço e
tempo.
Normalmente costuma caracterizar as
personagens de uma estória, uma
paisagem, uma cena, objetos etc.
16. ELEMENTOS DO TEXTO NARRATIVO
1 - Foco narrativo: presença de um elemento que
relata a história como participante (1ª pessoa)ou
como observador (3ª pessoa). E também há o
narrador onisciente.
2 - Enredo: é a sequência de fatos, podendo seguir a
ordem cronológica em que eles ocorrem (sucessão
temporal dos fatos), ou a ordem psicológica (sucessão
dos fatos, seguindo as lembranças ou evocações das
personagens, apresentando, muitas vezes flashbacks
ou voltas ao passado).
3- Personagens: seres criados pelo autor com
características físicas e psicológicas determinadas.
4 - Campo e espaço: o momento e o local em que os
fatores são narrados e onde se desenrolam.
17. ELEMENTOS DO TEXTO NARRATIVO
5- Conflito: situação de tensão entre os
elementos da narrativa.
6 - Clímax: a situação criada pelo narrador vai
progressivamente aumentando sua
dramaticidade até que chega ao clímax, ao
ponto máximo.
7 - Desfecho: momento que recebe o clímax,
no qual se finaliza a história e cada
personagem se encaminha para seu "destino
18. “Abriu a janela no exato momento em
que a garrafa com a mensagem passava,
levada pelo vento. Pegou-a pelo gargalo e,
sem tirar a rolha, examinou-a
cuidadosamente. Não tinha endereço, não
tinha remetente.
Certamente, pensou, não era para ele”.
Fonte: COLASANTI, Marina. Contos de amor rasgados. Rio de Janeiro:
Rocco, 1986.
19. “Quando Ana me deixou, eu fiquei muito tempo parado na sala do
apartamento, cerca de oito horas da noite, com o bilhete dela nas mãos.
No horário de verão, pela janela aberta da sala, à luz das oito horas da
noite podiam-se ainda ver uns restos de dourado e vermelho deixados
pelo sol atrás dos edifícios, nos lados de Pinheiros. Eu fiquei muito
tempo parado no meio da sala do apartamento, o último bilhete de Ana
nas mãos, olhando pela janela os vermelhos e os dourados do céu. E
lembro que pensei agora o telefone vai tocar, e o telefone não tocou, e
depois de algum tempo em que o telefone não tocou, e podia ser
Lucinha da agência ou Paulo do cineclube ou Nelson de Paris ou minha
mãe do Sul, [...] então pensei agora a campainha vai tocar. Podia ser o
porteiro entregando alguma correspondência, a vizinha de cima à
procura da gata persa que costumava fugir pela escada, ou mesmo
alguma dessas criancinhas meio monstros de edifício, que adoram
apertar as campainhas alheias, depois sair correndo. Ou simples engano,
podia ser. Mas a campainha também não tocou, e eu continuei por
muito tempo sem salvação parado ali no centro da sala que começava a
ficar azulada pela noite, feito o interior de um aquário, o bilhete de Ana
nas mãos, sem fazer absolutamente nada além de respirar”.
Fonte: ABREU, Caio Fernando. Sem Ana, Blues. In: CAIO 3D: o essencial da
década de 1980. Rio de Janeiro: Agir, 2005
20. MINICONTO
Ela procurava o príncipe. Ele procurava a
próxima. Ela olhava pra ele. Ele olhava pra
todas. Ela queria ELE. Ele queria UMA. Ela
fazia planos. Ele destruía . Ela pensou que ele
era único. Ele pensou que ela era só mais
uma. Ela sonhava acordada. Ele tinha insônia.
Ela desistiu. Ele se arrependeu. Então, Ela
descobriu que Ele era só mais um... E Ele
descobriu que ela era ÚNICA.
21. O COVEIRO
Millôr Fernandes
Ele foi cavando, cavando, cavando, pois sua profissão - coveiro -
era cavar. Mas, de repente, na distração do ofício que amava, percebeu
que cavara demais.Tentou sair da cova e não conseguiu. Levantou o olhar
para cima e viu que sozinho não conseguiria sair. Gritou. Ninguém
atendeu. Gritou mais forte. Ninguém veio. Enrouqueceu de gritar, cansou
de esbravejar, desistiu com a noite. Sentou-se no fundo da cova,
desesperado. A noite chegou, subiu, fez-se o silêncio das horas tardias.
Bateu o frio da madrugada e, na noite escura, não se ouviu um som
humano, embora o cemitério estivesse cheio de pipilos e coaxares
naturais dos matos. Só pouco depois da meia-noite é que vieram uns
passos. Deitado no fundo da cova o coveiro gritou. Os passos se
aproximaram. Uma cabeça ébria apareceu lá em cima, perguntou o que
havia: -O que é que há? O coveiro então gritou, desesperado:- Tire-me
daqui, por favor. Estou com um frio terrível! -Mas, coitado! - condoeu-se
o bêbado - Tem toda razão de estar com frio. Alguém tirou a terra de
cima de você, meu pobre mortinho! E, pegando a pá, encheu-a e pôs-se a
cobri-lo cuidadosamente.
Reflexão: Nos momentos graves é preciso verificar muito bem para quem
se apela.
22. DISCURSO DIRETO XDISCURSO INDIRETO
• Presente
A enfermeira afirmou:
-É uma menina
• Futuro do presente
Pedrinho gritou:
- Não sairei do carro.
• Pretérito perfeito
-Já esperei demais,
retrucou com indignação.
• Pretérito imperfeito
A enfermeira afirmou que
era uma menina.
• Futuro do pretérito
Pedrinho gritou que não
sairia do carro.
•Pretérito mais-que-
perfeito
Retrucou com indignação
que já esperara (ou tinha
esperado) demais.
23. DISCURSO DIRETO XDISCURSO INDIRETO
•Imperativo
Olhou-a e disse
secamente:
- Deixe-me em paz.
• Primeira ou segunda
pessoa
Maria disse:
- Não quero sair com
Roberto
•
• Pretérito imperfeito do
subjuntivo
Olhou-a e disse
secamente que ela o
deixasse em paz.
• Terceira pessoa
Maria disse que não
queria sair com Roberto.
24. DISCURSO DIRETO XDISCURSO INDIRETO
• DEMONSTRATIVO ESTE OU ESSE
Retirou o livro da estante e
acrescentou:
- Este é o melhor
• VOCATIVO
-Você quer café, João?
-Perguntou a prima
• FORMA INTERROGATIVA OU
IMPERATIVA
Abriu o estojo, contou os lápis
e depois perguntou ansiosa:
- E o amarelo?
• DEMONSTRATIVO AQUELE
Retirou o livro da estante e
acrescentou que aquele era o
melhor.
• OBJETO INDIRETO NA ORAÇÃO
PRINCIPAL
A prima perguntou a João se ele
queria café.
• FORMA DECLARATIVA
Abriu o estojo, contou os lápis e
depois perguntou ansiosa pele
amarelo.
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