PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
Enem 2011 2º dia
1. LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS
TECNOLOGIAS E REDAÇÃO
PROPOSTA DE REDAÇÃO
Com base na leitura dos textos motivadores seguintes e
nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação,
redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão
de língua portuguesa sobre o tema VIVER EM REDE
NO SÉCULO XXI: OS LIMITES ENTRE O
PÚBLICO E O PRIVADO, apresentando proposta de
conscientização social que respeite os direitos humanos.
Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa,
argumentos e fatos para a defesa de seu ponto de vista.
Liberdade sem fio
A ONU acaba de declarar o acesso à rede um direito fun-
damental do ser humano – assim como saúde, moradia e
educação. No mundo todo, pessoas começam a abrir seus
sinais privados de wi-fi, organizações e governos se mobi-
lizam para expandir a rede para espaços públicos e regiões
onde ela ainda não chega, com acesso livre e gratuito.
ROSA, G.; SANTOS, P. Galileu. N.o 240. jul. 2011 (fragmento).
A internet tem ouvidos e memória
Uma pesquisa da consultoria Forrester Research revela
que, nos Estados Unidos, a população já passou mais
tempo conectada à internet do que em frente à televisão.
Os hábitos estão mudando. No Brasil, as pessoas já gastam
cerca de 20% de seu tempo on-line em redes sociais. A
grande maioria dos internautas (72%, de acordo com o
Ibope Mídia) pretende criar, acessar e manter um perfil
em rede. “Faz parte da própria socialização do indivíduo
do século XXI estar numa rede social. Não estar equivale
a não ter uma identidade ou um número de telefone no
passado”, acredita Alessandro Barbosa Lima, CEO da
e.Life, empresa de monitoração e análise de mídias.
As redes sociais são ótimas para disseminar ideias, tornar
alguém popular e também arruinar reputações. Um dos
maiores desafios dos usuários de internet é saber ponderar
o que se publica nela. Especialistas recomendam que não
se deve publicar o que não se fala em público, pois a
internet é um ambiente social e, ao contrário do que se
pensa, a rede não acoberta anonimato, uma vez que
mesmo quem se esconde atrás de um pseudônimo pode
ser rastreado e identificado. Aqueles que, por impulso, se
exaltam e cometem gafes podem pagar caro.
Disponível em: http://www.terra.com.br. Acesso em:
30 jun. 2011 (adaptado).
DAHMER, A. Disponível em:
http://malvados.worldpress.com. Acesso em: 30 jun. 2011.
ENEM – OUTUBRO/2011
2. Comentário à proposta de Redação
O tema proposto foi Viver em rede no século XXI:
os limites entre o público e o privado. Além de posicio-
nar-se em relação ao tema, o candidato deveria apre-
sentar “proposta de conscientização social”, ou seja,
indicar possíveis formas de promover a coexistência
harmoniosa do público e do privado nas redes sociais.
Cabe louvar a iniciativa da Banca Examinadora
pela escolha de tema tão familiar aos jovens brasi-
leiros, em sua maioria internautas adeptos de redes
sociais como Facebook e Twitter, entre outras.
Para produzir sua dissertação, o candidato contou
com três “textos motivadores”. O primeiro (Liberdade
sem fio) anuncia decisão da ONU (Organização das
Nações Unidas) de universalizar o acesso à rede,
tratado a partir de julho do ano corrente como “direi-
to fundamental”. Já o segundo texto (A Internet tem
ouvidos e memória), ao mesmo tempo em que come-
mora o crescente número de brasileiros
“socializados”, alerta para os riscos inerentes à
exposição inconsequente ao que é propagado na rede.
No terceiro texto, apresentado na forma de uma tira,
o indivíduo reclama inutilmente do monitoramento a
que é exposto o tempo todo, propondo uma luta
inglória contra a “Sociedade do Controle”. Além
desses textos, o tema também foi abordado em
algumas questões da prova de Linguagens, Códigos e
suas Tecnologias.
De posse desses estímulos, o estudante deveria
proceder à própria análise de tal fenômeno, objeto de
preocupação de educadores e especialistas. Caberia,
primeiramente, reconhecer o caráter definitivo das
redes sociais no cotidiano da sociedade, sobretudo dos
jovens, que têm encontrado nessas formas de intera-
ção oportunidades não apenas de ampliar seu círculo
de relações, mas também de se mobilizarem em torno
de causas sociais e políticas, a exemplo das recentes
marchas contra a corrupção, idealizadas inicialmente
nas redes sociais. Feita essa constatação, seria
apropriado refletir sobre até que ponto os internautas,
entusiasmados com tais inovações, estariam tomando
precauções para preservar sua intimidade – poupan-
do-se assim da sanha de indivíduos mal-intencio-
nados – ou se, em busca de popularidade, estariam se
expondo sem reservas, alheios aos riscos decorrentes
desse comportamento.
Na conclusão de suas considerações, o candidato
deveria propor uma possível saída para o embate
apresentado. Qualquer que fosse sua posição, porém,
discernimento e equilíbrio deveriam pautar a deli-
mitação do que seja público e do que seja privado, ora
separados por fronteira tênue, quase indistinguível.
Questões de 91 a 95 (opção inglês)
ENEM – OUTUBRO/2011
3. 91 E
“My report is about how important it is to save
paper, electricity, and other resources.
I’ll send it to you telepathically.”
GLASBERGEN, R. Today’s cartoon.
Disponível em: http://www.glasbergen.com
Acesso em: 23 jul. 2010.
Na fase escolar, é prática comum que os professores
passem atividades extraclasse e marquem uma data para
que as mesmas sejam entregues para correção. No caso da
cena da charge, a professora ouve uma estudante
apresentando argumentos para
a) discutir sobre o conteúdo do seu trabalho já entregue.
b) elogiar o tema proposto para o relatório solicitado.
c) sugerir temas para novas pesquisas e relatórios.
d) reclamar do curto prazo para entrega do trabalho.
e) convencer de que fez o relatório solicitado.
Resolução
A aluna apresenta argumentos para convencer a
professora de que fez o relatório solicitado no prazo.
Tradução da tirinha:
“Meu relatório é sobre a importância de economi-
zarmos papel, eletricidade e outros recursos. Eu o
enviarei à senhora telepaticamente.”
ENEM – OUTUBRO/2011
4. 92 E
Going to university seems to reduce the risk of dying
from coronary heart disease. An American study that
involved 10 000 patients from around the world has found
that people who leave school before the age of 16 are five
times more likely to suffer a heart attack and die than
university graduates.
World Report News. Magazine Speak Up. Ano XIV, n. 170.
º
Editora Camelot, 2001.
Em relação às pesquisas, a utilização da expressão
university graduates evidencia a intenção de informar que
a) as doenças do coração atacam dez mil pacientes.
b) as doenças do coração ocorrem na faixa dos dezesseis
anos.
c) as pesquisas sobre doenças são divulgadas no meio
acadêmico.
d) jovens americanos são alertados dos riscos de doenças
do coração.
e) maior nível de estudo reduz riscos de ataques do
coração.
Resolução
A utilização da expressão university graduates
evidencia a intenção de informar que maior nível de
estudo reduz riscos de ataques do coração.
Lê-se no texto:
“An American study that involved 10 000 patients
from around the world has found that people who
leave school before the age of 16 are five times more
likely to suffer a heart attack and die than university
graduates.”
* likely = prováveis
ENEM – OUTUBRO/2011
5. 93 D
How’s your mood?
For an interesting attempt to measure cause and effect try
Mappiness, a project run by the London School of
Economics, which offers a phone app that prompts you
to record your mood and situation.
The Mappiness website says: “We’re particularly
interested in how people’s happiness is affected by their
local environment – air pollution, noise, green spaces, and
so on – which the data from Mappiness will be absolutely
great for investigating.”
Will it work? With enough people it might. But there are
other problems. We’ve been using happiness and well-
being interchangeably. Is that ok? The difference comes
out in a sentiment like: “We were happier during the war.”
But was our well-being also greater then?
Disponível em: http://www.bbc.co.uk
Acesso em: 27 jun. 2011 (adaptado).
O projeto Mappiness, idealizado pela London School of
Economics, ocupa-se do tema relacionado
a) ao nível de felicidade das pessoas em tempos de
guerra.
b) a dificuldade de medir o nível de felicidade das pessoas
a partir de seu humor.
c) ao nível de felicidade das pessoas enquanto falam ao
celular com seus familiares.
d) à relação entre o nível de felicidade das pessoas e o
ambiente no qual se encontram.
e) à influência das imagens grafitadas pelas ruas no
aumento do nível de felicidade das pessoas.
Resolução
O projeto Mappiness, idealizado pela London School
of Economics, ocupa-se do tema relacionado à relação
entre o nível de felicidade das pessoas e o ambiente no
qual se encontram.
Lê-se no texto:
“The Mappiness website says: “We’re particularly
interested in how people’s happiness is affected by
their local environment – air pollution, noise, green
spaces, and so on – which the data from Mappiness
will be absolutely great for investigating.”
* environment = ambiente
ENEM – OUTUBRO/2011
6. 94 B
War
Until the philosophy which holds one race superior
And another inferior
Is finally and permanently discredited and abandoned,
Everywhere is war – Me say war.
That until there is no longer
First class and second class citizens of any nation,
Until the color of a man’s skin
Is of no more significance than the color of his eyes –
Me say war.
[…]
And until the ignoble and unhappy regimes
that hold our brothers in Angola, in Mozambique,
South Africa, sub-human bondage have been toppled,
Utterly destroyed –
Well, everywhere is war – Me say war.
War in the east, war in the west,
War up north, war down south –
War – war – Rumors of war.
And until that day, theAfrican continent will not know
peace.
We, Africans, will fight – we find it necessary –
And we know we shall win
As we are confident in the victory.
[…]
MARLEY, B. Disponível em: http://www.sing365.com
Acesso em: 30 jun. 2011 (fragmento)
Bob Marley foi um artista popular e atraiu muitos fãs com
suas canções. Ciente de sua influência social, na música
War, o cantor se utiliza de sua arte para alertar sobre
a) a inércia do continente africano diante das injustiças
sociais.
b) a persistência da guerra enquanto houver diferenças
raciais e sociais.
c) as acentuadas diferenças culturais entre os países
africanos.
d) as discrepâncias sociais entre moçambicanos e angola-
nos como causa de conflitos.
e) a fragilidade das diferenças raciais e sociais como
justificativas para o início de uma guerra.
Resolução
Bob Marley utiliza-se de sua arte para alertar sobre a
persistência da guerra enquanto houver diferenças
raciais e sociais.
Em relação à diferença social, lê-se na primeira
estrofe:
ENEM – OUTUBRO/2011
7. “Until the philosophy which holds one race superior
And another inferior
Is finally and permanently discredited and abandoned,
Everywhere is war – Me say war.”
Em relação à diferença racial, lê-se na segunda estrofe:
“That until there is no longer
First class and second class citizens of any nation,
Until the color of a man’s skin
Is of no more significance than the color of his eyes –
Me say war.”
95 D
Disponível em: http://www.garfield.com
Acesso em: 29 jul. 2010.
A tira, definida como um segmento de história em qua-
drinhos, pode transmitir uma mensagem com efeito de
humor. A presença desse efeito no diálogo entre Jon e
Garfield acontece porque
a) Jon pensa que sua ex-namorada é maluca e que
Garfield não sabia disso.
b) Jodell é a única namorada maluca que Jon teve, e
Garfield acha isso estranho.
c) Garfield tem certeza de que a ex-namorada de Jon é
sensata, o maluco é o amigo.
d) Garfield conhece as ex-namoradas de Jon e considera
mais de uma como maluca.
e) Jon caracteriza a ex-namorada como maluca e não
entende a cara de Garfield.
Resolução
A presença do efeito de humor na história em
quadrinhos acontece porque Garfield conhece as ex-
namoradas de Jon e considera mais de uma como
maluca.
Tradução da história em quadrinhos:
Jon: “Você se lembra da minha antiga namorada
Joddel?”
Jon: “Você sabe… a maluca”
Garfield: “Você terá de ser mais específico”
ENEM – OUTUBRO/2011
8. Questões de 91 a 95 (opção espanhol)
91 B
Los fallos de software en aparatos médicos, como
marcapasos, van a ser una creciente amenaza para la salud
pública, según el informe de Software Freedom Law
Center (SFLC) que ha sido presentado hoy en Portland
(EEUU), en la Open Source Convention (OSCON).
La ponencia “Muerto por el código: transparencia de
software en los dispositivos médicos implantables”
aborda el riesgo potencialmente mortal de los defectos
informáticos en los aparatos médicos implantados en las
personas.
Según SFLC, millones de personas con condiciones
crónicas del corazón, epilepsia, diabetes, obesidad e,
incluso, la depresión dependen de implantes, pero el
software permanece oculto a los pacientes y sus médicos.
La SFLC recuerda graves fallos informáticos ocurridos
en otros campos, como en elecciones, en la fabricación
de coches, en las líneas aéreas comerciales o en los
mercados financieros.
Disponível em: http://elpais.com
Acesso em 24 jul. 2010 (adaptado)
O título da palestra, citado no texto, antecipa o tema que
será tratado e mostra que o autor tem a intenção de
a) relatar novas experiências em tratamento de saúde.
b) alertar sobre os riscos mortais de determinados
softwares de uso médico para o ser humano.
c) denunciar falhas médicas na implantação de softwares
em seres humanos.
d) divulgar novos softwares presentes em aparelhos
médicos lançados no mercado.
e) apresentar os defeitos mais comuns de softwares em
aparelhos médicos.
Resolução
O título da palestra: “Morto pelo código: transparên-
cia do software dos dispositivos médicos implantados”
antecipa o tema dos riscos mortais de determinados
softwares de uso médico para o ser humano.
A alternativa a se refere a novas experiências; a c, a
falhas médicas; a d, à divulgação de novos softwares;
a e, a aparelhos médicos em geral. Temas não mencio-
nados no título da palestra.
ENEM – OUTUBRO/2011
9. 92 D
Bienvenido a Brasilia
El Gobierno de Brasil, por medio del Ministerio de la
Cultura y del Instituto del Patrimonio Histórico y
Artístico Nacional (IPHAN), da la bienvenida a los
a
participantes de la 34. Sesión del Comité del Patrimonio
Mundial, encuentro realizado por la Organizácion de las
Naciones Unidas para la Educación, la Ciencia y la
Cultura (UNESCO).
Respaldado por la Convención del Patrimonio Mundial,
a
de 1972, el Comité reúne en su 34. sesión más de 180
delegaciones nacionales para deliberar sobre las nuevas
candidaturas y el estado de conservación y de riesgo de
los bienes ya declarados Patrimonio Mundial, con base
en los análisis del Consejo Internacional de Monumentos
y Sitios (lcomos), del Centro Internacional para el Estudio
da la Preservación y la Restauración de Patrimonio
Cultural (ICCROM) y de la Unión Internacional para la
Conservarción de la Naturaleza (IUCN).
Disponível em: http://www.34whc.brasilia2010.org.br
Acesso em: 28 jul. 2010.
O Comitê do Patrimônio Mundial reúne-se regularmente
para deliberar sobre ações que visem à conservação e à pre-
servação do patrimônio mundial. Entre as tarefas atribuí-
das às delegações nacionais que participaram da 34.ª
Sessão do Comitê do Patrimônio Mundial, destaca-se a
a) participação em reuniões do Conselho Internacional de
Monumentos e Sítios.
b) realização da cerimônia de recepção da Convenção do
Patrimônio Mundial.
c) organização das análises feitas pelo Ministério da
Cultura brasileiro.
d) discussão sobre o estado de conservação dos bens já
declarados patrimônios mundiais.
e) estruturação da próxima reunião do Comitê do Patri-
mônio Mundial.
Resolução
Entre as tarefas atribuídas, pode-se destacar a discus-
são sobre o estado de conservação dos bens já declara-
dos patrimônios mundiais. As outras alternativas
referem-se à participação em reuniões, realização da
cerimônia de recepção, organização das análises e
estruturação da próxima reunião, tarefas que não são
especificadas no texto.
ENEM – OUTUBRO/2011
10. 93 D
‘Desmachupizar’ el turismo
Es ya un lugar común escuchar aquello de que hay que
desmachupizar el turismo en Perú y buscar visitantes en
las demás atracciones (y son muchas) que tiene el país,
naturales y arqueológicas, pero la ciudadela inca tiene un
imán innegable. La Cámara Nacional de Turismo
considera que Machu Picchu significa el 70% de los
ingresos por turismo en Perú, ya que cada turista que tiene
como primer destino la ciudadela inca visita entre tres y
cinco lugares más (la ciudad de Cuzco, la de Arequipa,
las líneas de Nazca, el Lago Titicaca y la selva) y deja en
el país un promedio de 2 200 dólares (unos 1 538 euros).
Carlos Canales, presidente de Canatur, señaló que la
ciudadela tiene capacidad para recibir más visitantes que
en la actualidad (un máximo de 3 000) con un sistema
planificado de horarios y rutas, pero no quiso avanzar una
cifra. Sin embargo, la Unesco ha advertido en varias
ocasiones que el monumento se encuentra cercano al
punto de saturación y el Gobierno no debe emprender
ninguna política de captación de nuevos visitantes, algo
con lo que coincide el viceministro Roca Rey.
Disponível em: http://www.elpais.com
Acesso em: 21 jun. 2011.
A reportagem do jornal espanhol mostra a preocupação
diante de um problema no Peru, que pode ser resumido
pelo vocábulo “desmachupizar”, referindo-se
a) à escassez de turistas no país.
b) ao difícil acesso ao lago Titicaca.
c) à destruição da arqueologia no país.
d) ao excesso de turistas na terra dos incas.
e) à falta de atrativos turísticos em Arequipa.
Resolução
A reportagem mostra a preocupação diante do excesso
de turistas que visita Machu Picchu.
As demais alternativas referem-se a temas que não
foram abordados na reportagem.
ENEM – OUTUBRO/2011
11. 94 C
El tango
Ya sea como danza, música, poesía o cabal expresión de
una filosofia de vida, el tango posee una larga y valiosa
trayectoria, jalonada de encuentros y desencuentros.
amores y odios, nacida desde lo más hondo de la historia
argentina.
El nuevo ambiente es el cabaret, su nuevo cultor la clase
media porteña, que ameniza sus momentos de diversión
con nuevas composiciones, sustituyendo el carácter
malevo del tango primitivo por una nueva poesia más
acorde con las concepciones estéticas provenientes de
Londres y Paris.
Ya en la década del '20 el tango se anima incluso a
traspasar las fronteras del país, recalando en lujosos
salones parisinos donde es aclamado por públicos selectos
que adhieren entusiastas a la sensualidad del nuevo baile.
Ya no es privativo de los bajos fondos porteños; ahora se
escucha y se baila en salones elegantes, clubs y casas
particulares.
El tango revive con juveniles fuerzas en ajironadas
versiones de grupos rockeros, presentaciones en elegantes
reductos de San Telmo, Barracas y La Boca y películas
foráneas que lo divulgan por el mundo entero.
Disponível em: http://www.elpolvorin.over-blog.es
Acesso em: 22 jun. 2011 (adaptado)
Sabendo-se que a produção cultural de um país pode
influenciar, retratar ou, inclusive, ser reflexo de aconteci-
mentos de sua história, o tango, dentro do contexto
histórico argentino, é reconhecido por
a) manter-se inalterado ao longo de sua história no país.
b) influenciar os subúrbios, sem chegar a outras regiões.
c) sobreviver e se difundir, ultrapassando as fronteiras do
país.
d) manifestar seu valor primitivo nas diferentes camadas
sociais.
e) ignorar a influência de países europeus, como Ingla-
terra e França.
Resolução
O tango, dentro do contexto histórico argentino, é
reconhecido por sobreviver e difundir-se ultrapas-
sando as fronteiras do país.
Ele recebe diferentes versões, sai da periferia e se
adapta a concepções provenientes de Londres e Paris.
ENEM – OUTUBRO/2011
12. 95 A
Es posible reducir la basura
En Mexico se producen más de 10 millones de m3 de
basura mensualmente, depositados en más de 50 mil
tiraderos de basura legales y clandestinos, que afectan de
manera directa nuestra calidad de vida, pues nuestros
recursos naturales son utilizados desproporcionalmente,
como materias primas que luego desechamos y tiramos
convirtiéndolos en materiales inútiles y focos de
infección.
Todo aquello que compramos y consumimos tiene una
relación directa con lo que tiramos. Consumiendo racio-
nalmente, evitando el derroche y usando sólo lo indispen-
sable, directamente colaboramos con el cuidado del ambiente.
Si la basura se compone de varios desperdicios y si como
desperdicios no fueron basura, si los separamos adecuada-
mente, podremos controlarlos y evitar posteriores pro-
blemas. Reciclar se traduce en importantes ahorros de
energía, ahorro de agua potable, ahorro de materias
primas, menor impacto en los ecosistemas y sus recursos
naturales y ahorro de tiempo, dinero y esfuerzo.
Es necesario saber para empezar a actuar…
Disponível em: http://tododecarton.com
Acesso em: 27 abr. 2010 (adaptado)
A partir do que se afirma no último parágrafo: “Es
necesario saber para empezar a actuar...”, pode-se
constatar que o texto foi escrito com a intenção de
a) informar o leitor a respeito da importância da recicla-
gem para a conservação do meio ambiente.
b) indicar os cuidados que se deve ter para não consumir
alimentos que podem ser focos de infecção.
c) denunciar o quanto o consumismo é nocivo, pois é o
gerador dos dejetos produzidos no México.
d) ensinar como economizar tempo, dinheiro e esforço a
partir dos 50 mil depósitos de lixo legalizados.
e) alertar a população mexicana para os perigos causados
pelos consumidores de matéria-prima reciclável.
Resolução
A partir do que se afirma no último parágrafo, pode-
se constatar que o texto foi escrito com a intenção de
informar o leitor a respeito da importância, para o
meio ambiente, da reciclagem.
O texto não apresenta dados que justifiquem as
afirmações das demais alternativas.
ENEM – OUTUBRO/2011
13. 96 E
Na modernidade, o corpo foi descoberto, despido e modelado
pelos exercícios físicos da moda. Novos espaços e práticas
esportivas e de ginástica passaram a convocar as pessoas a
modelarem seus corpos. Multiplicaram-se as academias de
ginástica, as salas de musculação e o número de pessoas correndo
pelas ruas.
Secretaria da Educação,
Caderno do professor: educação física. São Paulo, 2008.
Diante do exposto, é possível perceber que houve um
aumento da procura por
a) exercícios físicos aquáticos (natação/hidroginástica),
que são exercícios de baixo impacto, evitando o atrito
(não prejudicando as articulações), e que previnem o en-
velhecimento precoce e melhoram a qualidade de vida.
b) mecanismos que permitem combinar alimentação e
exercício físico, que permitem a aquisição e manuten-
ção de níveis adequados de saúde, sem a preocupação
com padrões de beleza instituídos socialmente.
c) programas saudáveis de emagrecimento, que evitam
os prejuízos causados na regulação metabólica, função
imunológica, integridade óssea e manutenção da
capacidade funcional ao longo do envelhecimento.
d) exercícios de relaxamento, reeducação postural e alon-
gamentos, que permitem um melhor funcionamento do
organismo como um todo, bem como uma dieta alimen-
tar e hábitos saudáveis com base em produtos naturais.
e) dietas que preconizam a ingestão excessiva ou restrita
de um ou mais macronutrientes (carboidratos, gorduras
ou proteínas), bem como exercícios que permitem um
aumento de massa muscular e/ou modelar o corpo.
Resolução
Chegou-se à resposta por eliminação das alternativas
que contêm dados que extrapolam o texto ou são
incongruentes em relação a ele. A alternativa de respos-
ta não está contida no texto, mas pode ser entendida
como decorrência dele. As dietas não são mencionadas
no texto, mas ajustam-se à atitude que ele descreve.
ENEM – OUTUBRO/2011
14. 97 D
COSTA, C. Superinteressante. Fev. 2011 (adaptado).
Os amigos são um dos principais indicadores de bem-
estar na vida social das pessoas. Da mesma forma que em
outras áreas, a internet também inovou as maneiras de
vivenciar a amizade. Da leitura do infográfico, depreen-
dem-se dois tipos de amizade virtual, a simétrica e a
assimétrica, ambas com seus prós e contras. Enquanto a
primeira se baseia na relação de reciprocidade, a segunda
a) reduz o número de amigos virtuais, ao limitar o acesso
à rede.
b) parte do anonimato obrigatório para se difundir.
c) reforça a configuração de laços mais profundos de ami-
zade.
d) facilita a interação entre pessoas em virtude de inte-
resses comuns.
e) tem a responsabilidade de promover a proximidade
física.
Resolução
Como a relação assimétrica dispensa permissão da
pessoa “adicionada” ou “seguida” como amigo, ela
“facilita a interação entre pessoas” que partilhem
algum interesse.
ENEM – OUTUBRO/2011
15. 98 D
Quem é pobre, pouco se apega, é um giro-o-giro no vago
dos gerais, que nem os pássaros de rios e lagoas. O senhor
vê: o Zé-Zim, o melhor meeiro meu aqui, risonho e
habilidoso. Pergunto: – Zé-Zim, por que é que você não
cria galinhas-d’angola, como todo o mundo faz? – Quero
criar nada não... – me deu resposta: -Eu gosto muito de
mudar. […] Belo um dia, ele tora. Ninguém discrepa. Eu,
tantas, mesmo digo. Eu dou proteção. […] Essa não faltou
também à minha mãe, quando eu era menino, no
sertãozinho de minha terra. […] Gente melhor do lugar
eram todos dessa família Guedes, Jidião Guedes; quando
saíram de lá, nos trouxeram junto, minha mãe e eu.
Ficamos existindo em território baixio da Sirga, da outra
banda, ali onde o de – Janeiro vai no São Francisco, o se-
nhor sabe.
ROSA, J. G. Grande Sertão: Veredas. Rio de Janeiro: José
Olympio (fragmento).
Na passagem citada, Riobaldo expõe uma situação
decorrente de uma desigualdade social típica das áreas
rurais brasileiras marcadas pela concentração de terras e
pela relação de dependência entre agregados e fazen-
deiros. No texto, destaca-se essa relação porque o
personagem-narrador
a) relata a seu interlocutor a história de Zé-Zim,
demonstrando sua pouca disposição em ajudar seus
agregados, uma vez que superou essa condição graças
à sua força de trabalho.
b) descreve o processo de transformação de um meeiro –
espécie de agregado – em proprietário de terra.
c) denuncia a falta de compromisso e a desocupação dos
moradores, que pouco se envolvem no trabalho da
terra.
d) mostra como a condição material da vida do sertanejo
é dificultada pela sua dupla condição de homem livre
e, ao mesmo tempo, dependente.
e) mantém o distanciamento narrativo condizente com
sua posição social, de proprietário de terras.
Resolução
Este teste é exemplo de extrapolação sociológica que,
partindo da identificação discutível (para dizer o
mínimo!) entre “meeiro” e “agregado”, aplica ao ser-
tão o esquema analítico que Roberto Schwarz aplicou
a Machado de Assis e a sociedade representada em
seus romances. Segundo o examinador, a condição de
agregado, homem de situação simultaneamente livre e
servil, repetir-se-ia no sertão na situação do meeiro.
Admite-se que ele pense assim, mas é absurdo que
imponha tal análise forçada aos candidatos do Enem,
pois estes não têm por que identificar uma relação
comercial, ainda que de exploração (meeiro), com um
vínculo de puro favor (agregado).
ENEM – OUTUBRO/2011
16. 99 D
A discussão sobre “o fim do livro de papel” com a
chegada da mídia eletrônica me lembra a discussão
idêntica sobre a obsolescência do folheto de cordel. Os
folhetos talvez não existam mais daqui a 100 ou 200 anos,
mas mesmo que isso aconteça, os poemas de Leandro
Gomes de Barros ou Manuel Camilo dos Santos
continuarão sendo publicados e lidos – em CD-ROM, em
livro eletrônico, em “chips quânticos”, sei lá o quê. O
texto é uma espécie de alma imortal, capaz de reencarnar
em corpos variados: página impressa, livro em Braille,
folheto, “coffee-table book”, cópia manuscrita, arquivo
PDF... Qualquer texto pode se reencarnar nesses (e em
outros) formatos, não importa se é Moby Dick ou Viagem
a São Saruê, se é Macbeth ou O Livro de Piadas de
Casseta & Planeta.
TAVARES, B. Disponível em:
http://jornaldaparaiba.globo.com.
Ao refletir sobre a possível extinção do livro impresso e
o surgimento de outros suportes em via eletrônica, o
cronista manifesta seu ponto de vista, defendendo que
a) o cordel é um dos gêneros textuais, por exemplo, que
será extinto com o avanço da tecnologia.
b) o livro impresso permanecerá como objeto cultural
veiculador de impressões e de valores culturais.
c) o surgimento da mídia eletrônica decretou o fim do
prazer de se ler textos em livros e suportes impressos.
d) os textos continuarão vivos e passíveis de reprodução
em novas tecnologias, mesmo que os livros desapa-
reçam.
e) os livros impressos desaparecerão e, com eles, a
possibilidade de se ler obras literárias dos mais
diversos gêneros.
Resolução
O autor afirma que “qualquer texto pode se reen-
carnar” em qualquer dos formatos possibilitados
pelas novas ou velhas tecnologias: “página impressa,
livro em Braille, folheto, coffe-table book, cópia
manuscrita, arquivo PDF”.
ENEM – OUTUBRO/2011
17. 100 A
TEXTO I
Onde está a honestidade?
Você tem palacete reluzente
Tem joias e criados à vontade
Sem ter nenhuma herança ou parente
Só anda de automóvel na cidade...
E o povo já pergunta com maldade:
Onde está a honestidade?
Onde está a honestidade?
O seu dinheiro nasce de repente
E embora não se saiba se é verdade
Você acha nas ruas diariamente
Anéis, dinheiro e felicidade...
Vassoura dos salões da sociedade
Que varre o que encontrar em sua frente
Promove festivais de caridade
Em nome de qualquer defunto ausente...
ROSA, N. Disponível em: http://www.mpbnet.com.br.
Acesso em: abr. 2010.
TEXTO II
Um vulto da história da música popular brasileira,
reconhecido nacionalmente, é Noel Rosa. Ele nasceu em
1910, no Rio de Janeiro; portanto, se estivesse vivo,
estaria completando 100 anos. Mas faleceu aos 26 anos de
idade, vítima de tuberculose, deixando um acervo de
grande valor para o patrimonio cultural brasileiro. Muitas
de suas letras representam a sociedade contemporânea,
como se tivessem sido escritas no século XXI.
Disponivel em: http://www.mpbnet.com.br
Acesso em: abr. 2010.
Um texto pertencente ao patrimônio literário-cultural
brasileiro é atualizável, na medida em que ele se refere a
valores e situações de um povo. A atualidade da canção
Onde está a honestidade?, de Noel Rosa, evidencia-se
por meio
a) da ironia, ao se referir ao enriquecimento de origem
duvidosa de alguns.
b) da crítica aos ricos que possuem joias, mas não têm
herança.
c) da maldade do povo a perguntar sobre a honestidade.
d) do privilégio de alguns em clamar pela honestidade.
e) da insistência em promover eventos beneficentes.
Resolução
Ao lado de uma questão que exige do candidato a ade-
são ao pensamento sociológico especioso e discutível
do Examinador (teste sobre o texto de Guimarães
Rosa), este é um teste que pede do candidato apenas
que não seja ingênuo e entenda que a ironia do texto
pode rererir-se à corrupção atual como se refere à do
passado.
ENEM – OUTUBRO/2011
18. 101 C
TEXTO I
O meu nome é Severino,
não tenho outro de pia.
Como há muitos Severinos,
que é santo de romaria,
deram então de me chamar
Severino de Maria;
como há muitos Severinos
com mães chamadas Maria,
fiquei sendo o da Maria
do finado Zacarias,
Mas isso ainda diz pouco:
há muitos na freguesia,
por causa de um coronel
que se chamou Zacarias
e que foi o mais antigo
senhor desta sesmaria.
Como então dizer quem falo
ora a Vossas Senhorias?
MELO NETO, J. C. Obra Completa.
Rio de Janeiro: Aguilar, 1994 (fragmento).
TEXTO II
João Cabral, que já emprestara sua voz ao rio, transfere-a, aqui
,ao retirante Severino, que, como o Capibaribe, também segue
no caminho do Recife. A autoapresentação do personagem, na
fala inicial do texto, nos mostra um Severino que, quanto mais
se define, menos se individualiza, pois seus traços biográficos
são sempre partilhados por outros homens.
SECCHIN, A. C. João Cabral: a poesia do menos.
Rio de Janeiro: Topbooks, 1999 (fragmento).
Com base no trecho de Morte e Vida Severina (Texto I) e
na análise crítica (Texto II), observa-se que a relação entre
o texto poético e o contexto social a que ele faz referência
aponta para um problema social expresso literariamente
pela pergunta “Como então dizer quem fala / ora a Vossas
Senhorias?”. A resposta à pergunta expressa no poema é
dada por meio da
a) descrição minuciosa dos traços biográficos do perso-
nagem-narrador.
b) construção da figura do retirante nordestino como um
homem resignado com a sua situação.
c) representação, na figura do personagem-narrador, de
outros Severinos que compartilham sua condição.
d) apresentação do personagem-narrador como uma
projeção do próprio poeta, em sua crise existencial.
e) descrição de Severino, que, apesar de humilde, orgu-
lha-se de ser descendente do coronel Zacarias.
Resolução
Quem fala em Morte e Vida Severina é o retirante,
Severino, que é símbolo de todos os excluídos que
migram para buscar melhor condição de vida: “há
muitos Severinos”.
ENEM – OUTUBRO/2011
19. 102 D
Disponível em: www.ccsp.com.br.
Acesso em: 26 jul. 2010 (adaptado)
O anúncio publicitário está internamente ligado ao ideário
de consumo quando sua função é vender um produto. No
texto apresentado, utilizam-se elementos linguísticos e
extralinguísticos para divulgar a atração “Noites do
Terror”, de um parque de diversões. O entendimento da
propaganda requer do leitor
a) a identificação com o público-alvo a que se destina o
anúncio.
b) a avaliação da imagem como uma sátira às atrações de
terror.
c) a atenção para a imagem da parte do corpo humano
selecionada aleatoriamente.
d) o reconhecimento do intertexto entre a publicidade e
um dito popular.
e) a percepção do sentido literal da expressão “noites do
terror”, equivalente à expressão “noites de terror”.
Resolução
O sentido da mensagem publicitária em questão
depende da associação de seu texto ao do dito popular
“quem é vivo sempre aparece”.
ENEM – OUTUBRO/2011
20. 103 E
O hipertexto refere-se à escritura eletrônica não sequencial e
não linear, que se bifurca e permite ao leitor o acesso a um
número praticamente ilimitado de outros textos a partir de
escolhas locais e sucessivas, em tempo real. Assim, o leitor tem
condições de definir interativamente o fluxo de sua leitura a
partir de assuntos tratados no texto sem se prender a uma
sequência fixa ou a tópicos estabelecidos por um autor. Trata-
se de uma forma de estruturação textual que faz do leitor simul-
taneamente coautor do texto final. O hipertexto se caracteriza,
pois, como um processo de escritura/leitura eletrônica multili-
nearizado, multisequencial e indeterminado, realizado em um
novo espaço de escrita. Assim, ao permitir vários níveis de
tratamento de um tema, o hipertexto oferece a possibilidade de
múltiplos graus de profundidade simultaneamente, já que não
tem sequência definida, mas liga textos não necessariamente
correlacionados.
MARLUSCHI, L. A. Disponível em: http://www.pucsp.br.
Acesso em: 29 jun. 2011.
O computador mudou nossa maneira de ler e escrever, e
o hipertexto pode ser considerado como um novo espaço
de escrita e leitura. Definido como um conjunto de blocos
autônomos de texto, apresentado em meio eletrônico
computadorizado e no qual há remissões associando entre
si diversos elementos, o hipertexto
a) é uma estratégia que, ao possibilitar caminhos
totalmente abertos, desfavorece o leitor, ao confundir
os conceitos cristalizados tradicionalmente.
b) é uma forma artificial de produção da escrita, que, ao
desviar o foco da leitura, pode ter como consequência
o menosprezo pela escrita tradicional.
c) exige do leitor um maior grau de conhecimentos
prévios, por isso deve ser evitado pelos estudantes nas
suas pesquisas escolares.
d) facilita a pesquisa, pois proporciona uma informação
específica, segura e verdadeira, em qualquer site de
busca ou blog oferecidos na internet.
e) possibilita ao leitor escolher seu próprio percurso de
leitura, sem seguir sequência predeterminada, consti-
tuindo-se em atividade mais coletiva e colaborativa.
Resolução
O hipertexto possibilita que o receptor escolha a
sequência do que vai ler. Ele não segue uma ordem
linear, nem se prende a um único autor. O receptor
seleciona o seu próprio percurso.
ENEM – OUTUBRO/2011
21. 104 B
IMODESTO. “As colunas do Alvorada podiam ser
mais fáceis de construir, sem aquelas curvas.
Mas foram elas que o mundo inteiro copiou.”
Brasília 50 anos. Veja. N.° 2 138, nov. 2009.
Utilizadas desde a Antiguidade, as colunas, elementos
verticais de sustentação, foram sofrendo modificações e
incorporando novos materiais com ampliação de possibi-
lidades. Ainda que as clássicas colunas gregas sejam
retomadas, notáveis inovações são percebidas, por exem-
plo, nas obras de Oscar Niemeyer, arquiteto brasileiro
nascido no Rio de Janeiro em 1907. No desenho de
Niemeyer, das colunas do Palácio da Alvorada, observa-
se
a) a presença de um capitel muito simples, reforçando a
sustentação.
b) o traçado simples de amplas linhas curvas opostas,
resultando em formas marcantes.
c) a disposição simétrica das curvas, conferindo saliência
e distorção à base.
d) a oposição de curvas em concreto, configurando certo
peso e rebuscamento.
e) o excesso de linhas curvas, levando a um exagero na
ornamentação.
Resolução
Nas duas figuras simétricas, nota-se “o traçado sim-
ples de amplas linhas curvas opostas”. A forma mar-
cante da curva é o fundamento da arquitetura de
Niemeyer.
ENEM – OUTUBRO/2011
22. 105 B
Conceitos e importância das lutas
Antes de se tornarem esporte, as lutas ou as artes marciais
tiveram duas conotações principais: eram praticadas com o
objetivo guerreiro ou tinham um apelo filosófico como
concepção de vida bastante significativo.
Atualmente, nos deparamos com a grande expansão das artes
marciais em nível mundial. As raízes orientais foram se
disseminando, ora pela necessidade de luta pela sobrevivência
ou para a “defesa pessoal”, ora pela possibilidade de ter as artes
marciais como própria filosofia de vida.
CARREIRO, E. A. Educação Física na escola:
Implicações para a prática pedagógica. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2008 (fragmento).
Um dos problemas da violência que está presente
principalmente nos grandes centros urbanos são as brigas
e os enfrentamentos de torcidas organizadas, além da
formação de gangues, que se apropriam de gestos das
lutas, resultando, muitas vezes, em fatalidades. Portanto,
o verdadeiro objetivo da aprendizagem desses movi-
mentos foi mal compreendido, afinal as lutas
a) se tornaram um esporte, mas eram praticadas com o
objetivo guerreiro a fim de garantir a sobrevivência.
b) apresentam a possibilidade de desenvolver o autocon-
trole, o respeito ao outro e a formação do caráter.
c) possuem como objetivo principal a “defesa pessoal”
por meio de golpes agressivos sobre o adversário.
d) sofreram transformações em seus princípios filosóficos
em razão de sua disseminação pelo mundo.
e) se disseminaram pela necessidade de luta pela sobrevi-
vência ou como filosofia pessoal de vida.
Resolução
As lutas, além do caráter de agressão, tinham também
um “apelo filosófico”, pois exprimiam uma “concep-
ção de vida”. Esse aspecto das lutas implica a possibi-
lidade de desenvolvimento do autocontrole e formação
do caráter, características opostas ao espírito presente
nas brigas de gangues ou torcidas organizadas.
ENEM – OUTUBRO/2011
23. 106 E
O tema da velhice foi objeto de estudo de brilhantes filósofos
ao longo dos tempos. Um dos melhores livros sobre o assunto
foi escrito pelo pensador e orador romano Cícero: A Arte do
Envelhecimento. Cícero nota, primeiramente, que todas as idades
têm seus encantos e suas dificuldades. E depois aponta para um
paradoxo da humanidade. Todos sonhamos ter uma vida longa,
o que significa viver muitos anos. Quando realizamos a meta,
em vez de celebrar o feito, nos atiramos a um estado de
melancolia e amargura. Ler as palavras de Cícero sobre
envelhecimento pode ajudar a aceitar melhor a passagem do
tempo.
NOGUEIRA, P. Saúde & Bem-Estar Antienvelhecimento.
Época 25 abr. 2009.
O autor discute problemas relacionados ao envelheci-
mento, apresentando argumentos que levam a inferir que
seu objetivo é
a) esclarecer que a velhice é inevitável.
b) contar fatos sobre a arte de envelhecer.
c) defender a ideia de que a velhice é desagradável.
d) influenciar o leitor para que lute contra o envelheci-
mento.
e) mostrar às pessoas que é possível aceitar, sem angústia,
o envelhecimento.
Resolução
O autor, ao comentar a obra mencionada de Cícero,
mostra que é possível ver a chegada da velhice como
uma celebração das realizações da vida, aliviando,
assim, o estado de melancolia e de amargura que
envolve a senilidade.
ENEM – OUTUBRO/2011
24. 107 C
Não tem tradução
[...]
Lá no morro, se eu fizer uma falseta
A Risoleta desiste logo do francês e do inglês
A gíria que o nosso morro criou
Bem cedo a cidade aceitou e usou
[...]
Essa gente hoje em dia que tem mania de exibição
Não entende que o samba não tem tradução no idioma francês
Tudo aquilo que o malandro pronuncia
Com voz macia é brasileiro, já passou de português
Amor lá no morro é amor pra chuchu
As rimas do samba não são I love you
E esse negócio de alô, alô boy e alô Johnny
Só pode ser conversa de telefone
ROSA, N. in: SOBRAL, João J. V. A tradução dos bambas
Revista Língua Portuguesa. Ano 4, n.º 54. São Paulo.
Segmento. abr. 2010 (fragmento).
As canções de Noel Rosa, compositor brasileiro de Vila
Isabel, apesar de revelarem uma aguçada preocupação do
artista com seu tempo e com as mudanças político-
culturais no Brasil, no início dos anos 1920, ainda são
modernas. Nesse fragmento do samba Não tem tradução,
por meio do recurso da metalinguagem, o poeta propõe
a) incorporar novos costumes de origem francesa e
americana, juntamente com vocábulos estrangeiros.
b) respeitar e preservar o português padrão como forma
de fortalecimento do idioma do Brasil.
c) valorizar a fala popular brasileira como patrimônio
linguístico e forma legítima de identidade nacional.
d) mudar os valores sociais vigentes à época, com o
advento do novo e quente ritmo da música popular
brasileira.
e) ironizar a malandragem carioca, aculturada pela
invasão de valores étnicos de sociedades mais
desenvolvidas.
Resolução
A canção “Não tem tradução” valoriza a fala popular
brasileira (“Tudo aquilo que o malandro pronuncia /
Com voz macia é brasileiro, já passou de português”)
e, assim, vai ao encontro da proposta literária da
Primeira Geração Modernista (1922-1930), que
propunha o registro popular brasileiro como a base
da escrita literária.
ENEM – OUTUBRO/2011
25. 108 A
A dança é um importante componente cultural da
humanidade. O folclore brasileiro é rico em danças que
representam as tradições e a cultura de várias regiões do
país. Estão ligadas aos aspectos religiosos, festas, lendas,
fatos históricos, acontecimentos do cotidiano e brincadeiras
e caracterizam-se pelas músicas animadas (com letras
simples e populares), figurinos e cenários representativos.
SECRETARIA DA EDUCAÇÃO. Proposta Curricular do
Estado de São Paulo. Educação Física, São Paulo 2008
(adaptado).
A dança, como manifestação e representação da cultura
rítmica, envolve a expressão corporal própria de um povo.
Considerando-a como elemento folclórico, a dança revela
a) manifestações afetivas, históricas, ideológicas, intelec-
tuais e espirituais de um povo, refletindo seu modo de
expressar-se no mundo.
b) aspectos eminentemente afetivos, espirituais e de entre-
tenimento de um povo, desconsiderando fatos
históricos.
c) acontecimentos do cotidiano, sob influência mitológica
e religiosa de cada região, sobrepondo aspectos políti-
cos.
d) tradições culturais de cada região, cujas manifestações
rítmicas são classificadas em um ranking das mais
originais.
e) lendas, que se sustentam em inverdades históricas, uma
vez que são inventadas, e servem apenas para a vivên-
cia lúdica de um povo.
Resolução
O texto menciona todas as características atribuídas
à dança na alternativa a, inclusive o seu caráter
afetivo, que é possível deduzir do que o texto informa,
e ideológico, pois o texto se refere à religião.
ENEM – OUTUBRO/2011
26. 109 A
Cultivar um estilo de vida saudável é extremamente
importante para diminuir o risco de infarto, mas também
de problemas como morte súbita e derrame. Significa que
manter uma alimentação saudável e praticar atividade
física regularmente já reduz, por si só, as chances de
desenvolver vários problemas. Além disso, é importante
para o controle da pressão arterial, dos níveis de colesterol
e de glicose no sangue. Também ajuda a diminuir o
estresse e aumentar a capacidade física, fatores que,
somados, reduzem as chances de infarto. Exercitar-se,
nesses casos, com acompanhamento
ATALIA, M. Nossa vida. Época, 23 mar. 2009.
As ideias veiculadas no texto se organizam estabelecendo
relações que atuam na construção do sentido. A esse
respeito, identifica-se, no fragmento, que
a) a expressão “Além disso” marca uma sequenciação de
ideias.
b) o conectivo “mas também” inicia oração que exprime
ideia de contraste.
c) o termo “como”, em “como morte súbita e derrame”,
introduz uma generalização.
d) o termo “Também” exprime uma justificativa.
e) o termo “fatores” retoma coesivamente “níveis de
colesterol e de glicose no sangue”.
Resolução
A locução além disso expressa a ideia de continuidade
na enumeração dos benefícios de um estilo de vida
saudável, com prática regular de exercícios físicos e
alimentação equilibrada.
ENEM – OUTUBRO/2011
27. 110 C
TEXTO I
Toca do Salitre – Piauí.
Disponível em: http://www.fundham.org.br
Acesso em: 27 jul. 2010.
TEXTO II
Arte Urbana. Foto: Diego Singh.
Disponível em: http://www.diaadia.pr.gov.br
Acesso em: 27 jul. 2010.
O grafite contemporâneo, considerado em alguns mo-
mentos como uma arte marginal, tem sido comparado às
pinturas murais de várias épocas e às escritas pré-his-
tóricas. Observando as imagens apresentadas, é possível
reconhecer elementos comuns entre os tipos de pinturas
murais, tais como
a) a preferência por tintas naturais, em razão de seu efeito
estético.
b) a inovação na técnica de pintura, rompendo com
modelos estabelecidos.
c) o registro do pensamento e das crenças das sociedades
em várias épocas.
d) a repetição dos temas e a restrição de uso pelas classes
dominantes.
e) o uso exclusivista da arte para atender aos interesses
da elite.
Resolução
Tanto o grafite contemporâneo como as pinturas
murais de tempos remotos refletem valores de grupos
sociais das respectivas épocas. Para chegar à resposta,
o candidato deveria ter o conhecimento de que a arte
reflete valores de um grupo ou de uma sociedade.
Critique-se, nesse teste, a total inutilidade das imagens
do texto I e II para a sua resolução.
ENEM – OUTUBRO/2011
28. 111 D
LEIRNER, N. Tronco com cadeira (detalhe), 1964.
Disponível em: http://www.itaucultural.org.br
Acesso em: 27 jul. 2010.
Nessa estranha dignidade e nesse abandono, o objeto foi
exaltado de maneira ilimitada e ganhou um significado
que se pode considerar mágico. Daí sua “vida inquietante
e absurda”. Tornou-se ídolo e, ao mesmo tempo, objeto de
zombaria. Sua realidade intrínseca foi anulada.
JAFFÉ, A. O simbolismo nas artes plásticas.
In: JUNG, C. G. (org.). O homem e os seus símbolos.
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008.
A relação observada entre a imagem e o texto apresen-
tados permite o entendimento da intenção de um artista
contemporâneo. Neste caso, a obra apresenta caracterís-
ticas
a) funcionais e de sofisticação decorativa.
b) futuristas e do abstrato geométrico,
c) construtivistas e de estruturas modulares.
d) abstracionistas e de releitura do objeto.
e) figurativas e de representação do cotidiano.
Resolução
Embora haja, na obra fotografada, a figura de uma
cadeira, objeto cotidiano, tal figura perde seu sentido
prático, cotidiano, e ganha contornos abstratos,
associada à outra figura da obra – a do tronco bruto.
Assim, ocorre o que o Examinador denomina uma
“releitura do objeto”.
ENEM – OUTUBRO/2011
29. 112 A
No Capricho
O Adãozinho, meu cumpade, enquanto esperava pelo
delegado, olhava para um quadro, a pintura de uma senhora.
Ao entrar a autoridade e percebendo que o cabôco admirava
tal figura, perguntou: “Que tal? Gosta desse quadro?”
E o Adãozinho, com toda a sinceridade que Deus dá ao
cabôco da roça: “Mas pelo amor de Deus, hein, dotô! Que
muié feia! Parece fiote de cruis-credo, parente do deus-
me-livre, mais horriver que briga de cego no escuro.”
Ao que o delegado não teve como deixar de confessar,
um pouco secamente: “É a minha mãe.” E o cabôco, em
cima da bucha, não perde a linha: “Mais dotô, inté que é
uma feiura caprichada.”
BOLDRIN. R. Almanaque Brasil de Cultura Popular.
São Paulo: Andreato Comunicação e
Cultura. n.o 62.. 2004 (adaptado).
Por suas características formais, por sua função e uso, o
texto pertence ao gênero.
a) anedota, pelo enredo e humor característicos.
b) crônica, pela abordagem literária de fatos do cotidiano.
c) depoimento, pela apresentação de experiências pessoais.
d) relato, pela descrição minuciosa de fatos verídicos.
e) reportagem, pelo registro impessoal de situações reais.
Resolução
As características que definem o gênero anedota são a
narrativa breve e a presença de humor, ambas encon-
tradas no texto que faz parte do Almanaque Brasil de
Cultura Popular.
ENEM – OUTUBRO/2011
30. 113 B/C - Te s t e d e f e i t u o s o
Estrada
Esta estrada onde moro, entre duas voltas do caminho,
Interessa mais que uma avenida urbana.
Nas cidades todas as pessoas se parecem.
Todo mundo é igual. Todo o mundo é toda a gente.
Aqui, não: sente-se bem que cada um traz a sua alma.
Cada criatura é única.
Até os cães.
Estes cães da roça parecem homens de negócios:
Andam sempre preocupados.
E quanta gente vem e vai!
E tudo tem aquele caráter impressivo que faz meditar:
Enterro a pé ou a carrocinha de leite puxada por um
bodezinho manhoso.
Nem falta o murmúrio da água, para sugerir, pela voz dos
símbolos,
Que a vida passa! que a vida passa!
E que a mocidade vai acabar.
BANDEIRA, M. O ritmo dissoluto. Rio de Janeiro: Aguilar, 1967.
A lírica de Manuel Bandeira é pautada na apreensão de
significados profundos a partir de elementos do cotidiano.
No poema Estrada, o lirismo presente no contraste entre
campo e cidade aponta para
a) desejo do eu lírico de resgatar a movimentação dos
centros urbanos, o que revela sua nostalgia com
relação à cidade.
b) a percepção do caráter efêmero da vida, possibilitada
pela observação da aparente inércia da vida rural.
c) a opção do eu lírico pelo espaço bucólico como
possibilidade de meditação sobre a sua juventude.
d) a visão negativa da passagem do tempo, visto que esta
gera insegurança.
e) a profunda sensação de medo gerada pela reflexão
acerca da morte.
Resolução
Nenhuma das alternativas corresponde ao sentido do
texto. As mais próximas são b e c, mas a primeira se
refere à “aparente inércia da vida rural”, quando o
texto apresenta um quadro dinâmico da “roça”;
quanto à c, o erro está na referência à “meditação
sobre sua juventude”, quando o autor apenas a
menciona brevemente.
ENEM – OUTUBRO/2011
31. 114 A
PICASSO, P. Guernica. Óleo sobre tela. 349 x 777 cm.
Museu Reina Sofia, Espanha, 1937.
Disponível em: http://www.fddreis.files.wordpress.com.
Acesso em: 26 jul. 2010.
O pintor espanhol Pablo Picasso (1881-1973), um dos
mais valorizados no mundo artístico, tanto em termos
financeiros quanto históricos, criou a obra Guernica em
protesto ao ataque aéreo à pequena cidade basca de
mesmo nome. A obra, feita para integrar o Salão
Internacional de Artes Plásticas de Paris, percorreu toda
a Europa, chegando aos EUA e instalando-se no MoMA,
de onde sairia apenas em 1981. Essa obra cubista
apresenta elementos plásticos identificados pelo
a) painel ideográfico, monocromático, que enfoca várias
dimensões de um evento, renunciando à realidade,
colocando-se em plano frontal ao espectador.
b) horror da guerra de forma fotográfica, com o uso da
perspectiva clássica, envovendo o espectador nesse
exemplo brutal de crueldade do ser humano.
c) uso das formas geométricas no mesmo plano, sem
emoção e expressão, despreocupado com o volume, a
perpespectiva e a sensação escultórica.
d) esfacelamento dos objetos abordados na mesma
narrativa, minimizando a dor humana a serviço da
objetividade, observada pelo uso do claro-escuro.
e) uso de vários ícones que representam personagens
fragmentados bidimensionalmente, de forma fotográ-
fica livre de sentimentalismo.
Resolução
Despreocupado com o retrato clássico da realidade,
Pablo Picasso explora, em Guernica, imagens mono-
cromáticas de desespero, compostas de figuras enqua-
dradas de forma triangular, em um mesmo plano e
sem preocupação com a profundidade, características
do cubismo, movimento do qual Picasso é um dos
principais representantes.
ENEM – OUTUBRO/2011
32. 115 D
No Brasil, a condição cidadã, embora dependa da leitura
e da escrita, não se basta pela enunciação do direito, nem
pelo domínio desses instrumentos, o que, sem dúvida,
viabiliza melhor participação social. A condição cidadã
depende, seguramente, da ruptura com o ciclo da pobreza,
que penaliza um largo contingente populacional.
Formação de leitores e construção da cidadania, memória
e presença do PROLER. Rio de Janeiro: FBN, 2008.
Ao argumentar que a aquisição das habilidades de leitura
e escrita não são suficientes para garantir o exercício da
cidadania, o autor
a) critica os processos de aquisição da leitura e da escrita.
b) fala sobre o domínio da leitura e da escrita no Brasil.
c) incentiva a participação efetiva na vida da
comunidade.
d) faz uma avaliação crítica a respeito da condição cidadã
do brasileiro.
e) define instrumentos eficazes para elevar a condição
social da população do Brasil.
Resolução
No texto, o autor considera que a “condição cidadã”
depende primeiramente de transformações sociais,
com o rompimento do ciclo da pobreza, para que, a
partir de então, as habilidades de leitura e escrita
possam servir como instrumentos de melhor partici-
pação social. Portanto, há uma avaliação crítica a
respeito do direito à cidadania no Brasil.
ENEM – OUTUBRO/2011
33. 116 B
É água que não acaba mais
Dados preliminares divulgados por pesquisadores da
Universidade Federal do Pará (UFPA) apontaram o
Aquífero Alter do Chão como o maior depósito de água
potável do planeta. Com volume estimado em 86 000
quilômetros cúbicos de água doce, a reserva subterrânea
está localizada sob os estados do Amazonas, Pará e
Amapá. “Essa quantidade de água seria suficiente para
abastecer a população mundial durante 500 anos”, diz
Milton Matta, geólogo da UFPA. Em termos compa-
rativos, Alter do Chão tem quase o dobro do volume de
água do Aquífero Guarani (com 45 000 quilômetros
cúbicos). Até então, Guarani era a maior reserva
subterrânea do mundo, distribuída por Brasil, Argentina,
Paraguai e Uruguai.
Época. N.º 623, 26 abr. 2010.
Essa notícia, publicada em uma revista de grande
circulação, apresenta resultados de uma pesquisa cientí-
fica realizada por uma universidade brasileira. Nessa
situação específica de comunicação, a função referencial
da linguagem predomina, porque o autor do texto prioriza
a) as suas opiniões, baseadas em fatos.
b) os aspectos objetivos e precisos.
c) os elementos de persuasão do leitor.
d) os elementos estéticos na construção do texto.
e) os aspectos subjetivos da mencionada pesquisa.
Resolução
A notícia tem como principal objetivo informar o
leitor; portanto, há o predomínio da função
referencial da linguagem. Para isso, o autor “prioriza
aspectos objetivos”, como o resultado de pesquisa
realizada na Universidade Federal do Pará e a opinião
de uma autoridade no assunto, o geólogo Milton
Matta.
ENEM – OUTUBRO/2011
34. 117 A
Pequeno concerto que virou canção
Não, não há por que mentir ou esconder
A dor que foi maior do que é capaz meu coração
Não, nem há por que seguir cantando só para explicar
Não vai nunca entender de amor quem nunca soube amar
Ah, eu vou voltar pra mim
Seguir sozinho assim
Até me consumir ou consumir toda essa dor
Até sentir de novo o coração capaz de amor
VANDRÉ, G. Disponível em: http://www.letras.terra.com.br
Acesso em: 29 jun. 2011.
Na canção de Geraldo Vandré, tem-se a manifestação da
função poética da linguagem, que é percebida na elabo-
ração artística e criativa da mensagem, por meio de
combinações sonoras e rítmicas. Pela análise do texto,
entretanto, percebe-se, também, a presença marcante da
função emotiva ou expressiva, por meio da qual o emissor
a) imprime à canção as marcas de sua atitude pessoal,
seus sentimentos.
b) transmite informações objetivas sobre o tema de que
trata a canção.
c) busca persuadir o receptor da canção a adotar um certo
comportamento.
d) procura explicar a própria linguagem que utiliza para
construir a canção.
e) objetiva verificar ou fortalecer a eficiência da mensa-
gem veiculada.
Resolução
Observa-se a função emotiva da linguagem no uso da
primeira pessoa para expressar os sentimentos do eu
lírico: “Ah, eu vou voltar pra mim / Seguir sozinho
assim / Até me consumir ou consumir toda essa dor”.
ENEM – OUTUBRO/2011
35. 118 E
Quando os portugueses se instalaram no Brasil, o país era
povoado de índios. Importaram, depois, da África, grande
número de escravos. O Português, o Índio e o Negro
constituem, durante o período colonial, as três bases da
população brasileira. Mas no que se refere à cultura, a
contribuição do Português foi de longe a mais notada.
Durante muito tempo o português e o tupi viveram lado
a lado como línguas de comunicação. Era o tupi que
utilizavam os bandeirantes nas suas expedições. Em 1694,
dizia o Padre Antônio Vieira que “as famílias dos
portugueses e índios em São Paulo estão tão ligadas hoje
umas com as outras, que as mulheres e os filhos se criam
mística e domesticamente, e a língua que nas ditas
famílias se fala é a dos Índios, e a portuguesa a vão os
meninos aprender à escola.”
TEYSSIER, P. História da língua portuguesa. Lisboa:
Livraria Sá da Costa, 1984 (adaptado).
A identidade de uma nação está diretamente ligada à
cultura de seu povo. O texto mostra que, no período
colonial brasileiro, o Português, o Índio e o Negro
formaram a base da população e que o patrimônio lin-
guístico brasileiro é resultado da
a) contribuição dos índios na escolarização dos brasilei-
ros.
b) diferença entre as línguas dos colonizadores e as dos
indígenas.
c) importância do padre Antônio Vieira para a literatura
de língua portuguesa.
d) origem das diferenças entre a língua portuguesa e as
línguas tupi.
e) interação pacífica no uso da língua portuguesa e da
língua tupi.
Resolução
De acordo com Padre Vieira, citado no texto, a convi-
vência entre a língua portuguesa e a língua tupi era
pacífica. Ambas eram utilizadas como línguas de
comunicação durante o Período Colonial – a primeira
como língua oficial e de cultura (da escola); a segunda,
como língua doméstica e geral.
ENEM – OUTUBRO/2011
36. 119 C
Abatidos pelo fadinho harmonioso e nostálgico dos
desterrados, iam todos, até mesmo os brasileiros, se
concentrando e caindo em tristeza; mas, de repente, o
cavaquinho de Porfiro, acompanhado pelo violão do
Firmo, romperam vibrantemente com um chorado baiano.
Nada mais que os primeiros acordes da música crioula
para que o sangue de toda aquela gente despertasse logo,
como se alguém lhe fustigasse o corpo com urtigas
bravas. E seguiram-se outras notas, e outras, cada vez
mais ardentes e mais delirantes. Já não eram dois
instrumentos que soavam, eram lúbricos gemidos e
suspiros soltos em torrente, a correrem serpenteando,
como cobras numa floresta incendiada; eram ais
convulsos, chorados em frenesi de amor: música feita de
beijos e soluços gostosos; carícia de fera, carícia de doer,
fazendo estalar de gozo.
AZEVEDO, A. O Cortiço. São Paulo: Ática, 1983
(fragmento).
No romance O Cortiço (1890), de Aluízio Azevedo, as
personagens são observadas como elementos coletivos
caracterizados por condicionantes de origem social, sexo
e etnia. Na passagem transcrita, o confronto entre
brasileiros e portugueses revela prevalência do elemento
brasileiro, pois
a) destaca o nome de personagens brasileiras e omite o
de personagens portuguesas.
b) exalta a força do cenário natural berasileiro e considera
o do português inexpressivo.
c) mostra o poder envolvente da música brasileira, que
cala o fado português.
d) destaca o sentimentalismo brasileiro, contrário à
tristeza dos portugueses.
e) atribui aos brasileiros uma habilidade maior com
instrumentos musicais.
Resolução
O determinismo é um dos elementos mais importantes
na composição da narrativa de O Cortiço. A música,
manifestação cultural do povo, carrega as caracterís-
ticas essenciais que o formam. A música brasileira
seria mais envolvente porque repleta de sensualidade
exacerbada, fruto de uma terra exuberante e quente.
O fado português, ao contrário, conteria uma tristeza
considerada típica de seu povo.
ENEM – OUTUBRO/2011
37. 120 E
Guardar
Guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la.
Em cofre não se guarda coisa alguma.
Em cofre perde-se a coisa à vista.
Guardar uma coisa é olhá-la, fitá-la, mirá-la por
admirá-la, isto é, iluminá-la ou ser por ela iluminado.
Guardar uma coisa é vigiá-la, isto é, fazer vigília por ela,
isto é, velar por ela, isto é, estar acordado por ela,
isto é, estar por ela ou ser por ela.
Por isso melhor se guarda o voo de um pássaro
Do que um pássaro sem voos.
Por isso se escreve, por isso se diz, por isso se publica,
por isso se declara e declama um poema:
Para guardá-lo:
Para que ele, por sua vez, guarde o que guarda:
Guarde o que quer que guarda um poema:
Por isso o lance do poema:
Por guardar-se o que se quer guardar.
MACHADO, G, in: MORICONI, I. (org.).
Os cem melhores poemas brasileiros do século.
Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
A memória é um importante recurso do patrimônio
cultural de uma nação. Ela está presenta nas lembranças
do passado e no acervo cultural de um povo. Ao tratar o
fazer poético como uma das maneiras de se guardar o que
se quer, o texto
a) ressalta a importância dos estudos históricos para a
construção da memória social de um povo.
b) valoriza as lembranças individuais em detrimento das
narrativas populares ou coletivas.
c) reforça a capacidade da literatura em promover a
subjetividade e os valores humanos.
d) destaca a importância de reservar o texto literário
àqueles que possuem maior repertório cultural.
e) revela a superioridade da escrita poética como forma
ideal de preservação da memória cultural.
Resolução
A alternativa de resposta contém imprecisão (“revela”
onde se esperaria “afirma”), mas é a mais próxima do
sentido do poema apresentado, incorretamente atri-
buído a G. (Gilka) Machado, quando na verdade é de
Antônio Cícero.
ENEM – OUTUBRO/2011
38. 121 E - Te s t e d e f e i t u o s o
Lépida e leve
Língua do meu Amor velosa e doce,
que me convences de que sou frase,
que me contornas, que me vestes quase,
como se o corpo meu de ti vindo me fosse.
Língua que me cativas, que me enleias
os surtos de ave estranha,
em linhas longas de invisíveis teias,
de que és, há tanto, habilidosa aranha...
[...]
Amo-te as sugestões gloriosas e funestas,
amo-te como todas as mulheres
te amam, ó língua-lama, ó língua-resplendor,
pela carne de som que à ideia emprestas
e pelas frases mudas que proferes
nos silêncios de Amor!...
MACHADO, G. in: MORICONI, I. (org.). Os cem melhores
poemas brasileiros do século. Rio de Janeiro: Objetiva,
2001 (fragmento).
A poesia de Gilka Machado identifica-se com as
concepções artísticas simbolistas. Entretanto, o texto
selecionado incorpora referências temáticas e formais
modernistas, já que, nele, a poeta
a) procura desconstruir a visão metafórica do amor e
abandona o cuidado formal.
b) concebe a mulher como um ser sem linguagem e
questiona o poder da palavra.
c) questiona o trabalho intelectual da mulher e antecipa a
construção do verso livre.
d) propõe um modelo novo de erotização na lírica
amorosa e propõe a simplificação verbal.
e) explora a construção da essência feminina, a partir da
polissemia de “língua”, e inova o léxico.
Resolução
A alternativa e parece a mais aceitável, embora não se
entenda o sentido de “explora a construção da
essência feminina”.
ENEM – OUTUBRO/2011
39. Texto para as questões 122 e 123.
O Conar existe para coibir
os exageros na propaganda.
E ele é 100% eficiente nesta
missão
Nós adoraríamos dizer que somos perfeitos. Que somos
infalíveis. Que não cometemos nem mesmo o menor
deslize. E só não falamos isso por um pequeno detalhe:
seria uma mentira. Aliás, em vez de usar a palavra
“mentira”, como acabamos de fazer, poderíamos optar
por um eufemismo. “Meia-verdade”, por exemplo, seria
um termo muito menos agressivo. Mas nós não usamos
esta palavra simplesmente porque não acreditamos que
exista uma “Meia-verdade”. Para o Conar, Conselho
Nacional de Autorregulamentação Publicitária, existem a
verdade e a mentira. Existem a honestidade e a
desonestidade. Absolutamente nada no meio. O Conar
nasceu há 29 anos (viu só? não arredondamos para 30)
com a missão de zelar pela ética na publicidade. Não
fazemos isso porque somos bonzinhos (gostaríamos de
dizer isso, mas, mais uma vez, seria mentira). Fazemos
isso porque é a única forma da propaganda ter o máximo
de credibilidade. E, cá entre nós, para que serviria a
propaganda se o consumidor não acreditasse nela
Qualquer pessoa que se sinta enganada por uma peça
publicitária pode fazer uma reclamação ao Conar. Ele
analisa cuidadosamente todas as denúncias e, quando é o
caso, aplica a punição.
Anúncio veiculado na Revista Veja. São Paulo: Abril.
Ed. 2120, ano 42, n.o 27, 8 jul. 2009.
122 A
Considerando autoria e a seleção lexical desse texto, bem
como os argumentos nele mobilizados, constata-se que o
objetivo do autor do texto é
a) informar os consumidores em geral sobre a atuação do
Conar.
b) conscientizar publicitários do compromisso ético ao
elaborar suas peças publicitárias.
c) alertar chefes de família, para que eles fiscalizem o
conteúdo das propagandas veiculadas pela mídia.
d) chamar a atenção de empresários e anunciantes em
geral para suas responsabilidades ao contratarem
publicitários sem ética.
e) chamar a atenção de empresas para os efeitos nocivos
que elas podem causar à sociedade, se compactuarem
com propagandas enganosas.
Resolução
O texto, contendo informações sobre a atuação do
Conar, tem como público-alvo os consumidores, o que
se pode comprovar tanto pelo último parágrafo, em
que há um alerta para que o consumidor denuncie
propaganda enganosa, quanto pelo veículo que a
divulgou, a revista Veja.
ENEM – OUTUBRO/2011
40. 123 D
O recurso gráfico utilizado no anúncio publitário – de
destacar a potencial supressão de trecho do texto – reforça
a eficácia pretendida, revelada na estratégia de
a) ressaltar a informação no título, em detrimento do
restante do conteúdo associado.
b) incluir o leitor por meio do uso da 1.a pessoa do plural
no discurso.
c) contar a história da criação do órgão como argumento
de autoridade.
d) subverter o fazer publicitário pelo uso de sua meta-
linguagem.
e) impressionar o leitor pelo jogo de palavras no texto.
Resolução
O anúncio publicitário do Conar subverte as peças
publicitárias tradicionais, que costumam referir-se ao
seu próprio produto, de maneira enganosa, como
“100% eficiente”. Ao fazê-lo, ele se utiliza da lingua-
gem da publicidade, não de sua metalinguagem, como
equivocadamente pretende o Examinador, em confu-
são devida ao fato de esta crítica da linguagem publi-
citária ser ela mesma, uma operação metalinguística.
ENEM – OUTUBRO/2011
41. 124 D
Disponível em: http://www.ccsp.com.br
Acesso em: 27 jul. 2010 (adaptado).
O texto é uma propaganda de um adoçante que tem o
seguinte mote: “Mude sua embalagem”. A estratégia que
o autor utiliza para o convencimento do leitor baseia-se
no emprego de recursos expressivos, verbais e não
verbais, com vistas a
a) ridicularizar a forma física do possível cliente do
produto anunciado, aconselhando-o a uma busca de
mudanças estéticas.
b) enfatizar a tendência da sociedade contemporânea de
buscar hábitos alimentares saudáveis, reforçando tal
postura.
c) criticar o consumo excessivo de produtos industria-
lizados por parte da população, propondo a redução
desse consumo.
d) associar o vocábulo “açúcar” à imagem do corpo fora
de forma, sugerindo a substituição desse produto pelo
adoçante.
e) relacionar a imagem do saco de açúcar a um corpo
humano que não desenvolve atividades físicas, incen-
tivando a prática esportiva.
Resolução
O produto anunciado é um adoçante e, para provocar
no consumidor o desejo de mudar seus hábitos alimen-
tares, a propaganda sugere um físico fora de forma,
com a implicação de que o açúcar fosse o responsável
por essa condição que a imagem ridiculariza.
ENEM – OUTUBRO/2011
42. 125 C
TEXTO I
O Brasil sempre deu respostas rápidas através da solida-
riedade do seu povo. Mas a mesma força que nos motiva
a ajudar o próximo deveria também nos motivar a ter
atitudes cidadãs. Não podemos mais transferir a culpa
para quem é vítima ou até mesmo para a própria natureza,
como se essa seguisse a lógica humana. Sobram
desculpas esfarrapadas e falta competência da classe
política.
Cartas. Isto é. 28 abr. 2010.
TEXTO II
Não podemos negar ao povo sofrido todas as hipóteses
de previsão dos desatres. Demagogos culpam os
moradores; o governo e a prefeitura apelam para as
pessoas saírem das áreas de risco e agora dizem que será
compulsória a realocação. Então temos a realocar o Brasil
inteiro! Criemos um serviço, similiar ao SUS, com
alocação obrigatória de recursos orçamentários com rede
de atendimento preventivo, onde participariam arquitetos,
engenheiros, geólogos. Bem ou mal, esse “SUS” orga-
nizaria brigadas nos locais. Nos casos da dengue, por
exemplo, poderia verificar as condições de acontecer
epidemias. Seriam boas ações preventivas.
Carta do Leitor. Carta Capital. 28 abr. 2010 (adaptado).
Os textos apresentados expressam opiniões de leitores
acerca de relevante assunto para a sociedade brasileira.
Os autores dos dois textos apontam para a
a) necessidade de trabalho voluntário contínuo para a
resolução das mazelas sociais.
b) importância de ações preventivas para evitar catástro-
fes, indevidamente atribuídas aos políticos.
c) incapacidade política para agir de forma diligente na
resolução das mazelas sociais.
d) urgência de se criarem novos órgãos públicos com as
mesmas características do SUS.
e) impossibilidade de o homem agir de forma eficaz ou
preventiva diante das ações da natureza.
Resolução
Ambos os textos apontam a ineficácia dos políticos
para solucionar problemas sociais e gerenciar cala-
midades.
ENEM – OUTUBRO/2011
43. 126 E
SE NO INVERNO É DIFÍCIL ACORDAR,
IMAGINE DORMIR.
Com a chegada do inverno, muitas pessoas perdem o
sono. São milhões de necessitados que lutam contra a
fome e o frio. Para vencer esta batalha, eles precisam de
você. Deposite qualquer quantia. Você ajuda milhares de
pessoas a terem uma boa noite e dorme com a consciência
tranquila.
VEJA. 05 set. 1999 (adaptado).
O produtor de anúncios publicitários utiliza-se de
estratégias persuasivas para influenciar o comportamento
de seu leitor. Entre os recursos argumentativos
mobilizados pelo autor para obter a adesão do público à
campanha, destaca-se nesse texto
a) a oposição entre individual e coletivo, trazendo um
ideário populista para o anúncio.
b) a utilização de tratamento informal com o leitor, o que
suaviza a seriedade do problema.
c) o emprego de linguagem figurada, o que desvia a
atenção da população do apelo financeiro.
d) o uso dos numerais “milhares” e “milhões”
responsável pela supervalorização das condições dos
necessitados.
e) o jogo de palavras entre “acordar” e “dormir”, o que
relativiza o problema do leitor em relação ao dos
necessitados.
Resolução
É comum a queixa dos brasileiros de que é difícil
acordar no inverno. Ao fazer uso desse lugar-comum,
aliado ao jogo de palavras entre “acordar” e “dor-
mir”, o autor da mensagem publicitária sugere a
comparação do pequeno problema dos leitores com os
enormes problemas das pessoas carentes. Esse con-
traste sensibiliza o leitor a contribuir financeiramente
com a campanha em questão.
ENEM – OUTUBRO/2011
44. 127 B
Entre ideia e tecnologia
O grande conceito por trás do Museu da Língua é
apresentar o idioma como algo vivo e fundamental para
o entendimento do que é ser brasileiro. Se nada nos define
com clareza, a forma como falamos o português nas mais
diversas situações cotidianas é talvez a melhor expressão
da brasilidade.
SCARDOVELI, E. Revista Língua Portuguesa. São Paulo:
Segmento. Ano II, n.o 6, 2006.
O texto propõe uma reflexão acerca da língua portuguesa,
ressaltando para o leitor a
a) inauguração do museu e o grande investimento em
cultura no país.
b) importância da língua para a construção da identidade
nacional.
c) afetividade tão comum ao brasileiro, retratada através
da língua.
d) relação entre o idioma e as políticas públicas na área de
cultura.
e) diversidade étnica e linguística existente no território
nacional.
Resolução
A língua de um povo é reflexo de sua história. O
conjunto de variantes linguísticas que compõe o
português brasileiro resulta de diferentes substratos
fornecidos pelas distintas etnias que constituem o
Brasil. Essa variação nos confere uma identidade que
nos constitui como nação.
ENEM – OUTUBRO/2011
45. 128 C
Palavra indígena
A história da tribo Sapucaí, que traduziu para o idioma
guarani os artefatos da era da computação que
ganharam importância em sua vida, como mouse (que
eles chamam de angojhá) e windows (oventã)
Quando a Internet chegou àquela comunidade, que abriga
em torno de 400 guaranis, há quatro anos, por meio de
um projeto do Comitê para Democratização da
Informática (CDI), em parceria com a ONG Rede Povos
da Floresta e com antena cedida pela Star One (da
Embratel), Potty e sua aldeia logo vislumbraram as
possibilidades de comunicação que a web traz.
Ele conta que usam a rede, por enquanto, somente para
preparação e envio de documentos, mas perceberam que
ela pode ajudar na preservação da cultura indígena.
A apropriação da rede se deu de forma gradual, mas os
guaranis já incorporaram a novidade tecnológica ao seu
estilo de vida. A importância da internet e da computação
para eles está expressa num caso de rara incorporação: a
do vocabulário.
— Um dia, o cacique da aldeia Sapucaí me ligou.
“A gente não está querendo chamar computador de
“computador”. Sugeri a eles que criassem uma palavra
em guarani. E criaram aiú irú rive, “caixa pra acumular a
língua”. Nós, brancos, usamos mouse, windows e outros
termos, que eles começaram a adaptar para o idioma
deles, como angojhá (rato) é oventã (janela) – conta
Rodrigo Baggio, diretor do CDI.
Disponível em: http://www.revistalingua.uol.com.br
Acesso em: 22 jul. 2010.
O uso das novas tecnologias de informação e comuni-
cação fez surgir uma série de novos termos que foram
acolhidos na sociedade brasileira em sua forma original,
como: mouse, windows, download, site, homepage, entre
outros. O texto trata da adaptação de termos da informá-
tica à língua indígena como uma reação da tribo Sapucaí,
o que revela
a) a possibilidade que o índio Potty vislumbrou em
relação à comunicação que a web pode trazer a seu
povo e à facilidade no envio de documentos e na
conversação em tempo real.
b) o uso da internet para preparação e envio de docu-
mentos, bem como a contribuição para as atividades
relacionadas aos trabalhos da cultura indígena.
c) a preservação da identidade, demonstrada pela conser-
vação do idioma, mesmo com a utilização de novas
teonologias características da cultura de outros grupos
sociais.
d) adesão ao projeto do Comitê para Democratização da
Informática (CDI), que, em parceria com a ONG Rede
Povos da Floresta, possibilitou o acesso à web, mesmo
em ambiente inóspito.
ENEM – OUTUBRO/2011
46. e) a apropriação da nova tecnologia de forma gradual,
evidente quando os guaranis incorporaram a novidade
tecnológica ao seu estilo de vida com a possibilidade
de acesso à internet.
Resolução
O fato de uma tribo indígena traduzir para o idioma
guarani termos de computação indica que os indí-
genas dão importância à preservação de sua cultura e
identidade.
129 B
Há certos usos consagrados na fala, e até mesmo na escrita,
que, a depender do estrato social e do nível de escolaridade
do falante, são, sem dúvida, previsíveis. Ocorrem até
mesmo em falantes que dominam a variedade padrão, pois,
na verdade, revelam tendências existentes na língua em seu
processo de mudança que não podem ser bloqueadas em
nome de um “ideal linguístico” que estaria representado
pelas regras da gramática normativa. Usos como ter por
haver em construções existenciais (tem muitos livros na
estante), o do pronome objeto na posição de sujeito (para
mim fazer o trabalho), a não concordância das passivas com
se (aluga-se casas) são indícios da existência, não de uma
norma única, mas de uma pluralidade de normas,
entendida, mais uma vez, norma como conjunto de hábitos
linguísticos, sem implicar juízo de valor.
CALLOU, D.Gramática, variação e normas. In: VIEIRA, S. R.;
BRANDÃO, S. (orgs). Ensino de gramática: descrição e uso. São
Paulo: Contexto, 2007 (fragmento).
Considerando a reflexão trazida no texto a respeito da
multiplicidade do discurso, verifica-se que
a) estudantes que não conhecem as diferenças entre
língua escrita e língua falada empregam, indistinta-
mente, usos aceitos na conversa com amigos quando
vão elaborar um texto escrito.
b) falantes que dominam a variedade padrão do português
do Brasil demonstram usos que confirmam a diferença
entre a norma idealizada e a efetivamente praticada,
mesmo por falantes mais escolarizados.
c) moradores de diversas regiões do país que enfrentam
dificuldades ao se expressarem na escrita revelam a
constante modificação das regras de emprego de
pronomes e os casos especiais de concordância.
d) pessoas que se julgam no direito de contrariar a
gramática ensinada na escola gostam de apresentar
usos não aceitos socialmente para esconderem seu
desconhecimento da norma padrão.
e) usuários que desvendam os mistérios e sutilezas da
língua portuguesa empregam formas do verbo ter
quando, na verdade, deveriam usar formas do verbo
haver, contrariando as regras gramaticais.
Resolução
Segundo o texto, mesmo falantes escolarizados utili-
zam linguagem que revela “tendências existentes na
língua”, ou seja, formas que contrariam a variedade
padrão, mas que se fixaram no uso.
ENEM – OUTUBRO/2011
47. 130 A
MANDIOCA – mais um presente da Amazônia
Aipim, castelinha, macaxeira, maniva, maniveira. As
designações da Manihot utilissima podem variar de
região, no Brasil, mas uma delas deve ser levada em conta
em todo o território nacional: pão-de-pobre – e por
motivos óbvios.
Rica em fécula, a mandioca – uma planta rústica e nativa
da Amazônia disseminada no mundo inteiro, especial-
mente pelos colonizadores portugueses – é a base de
sustento de muitos brasileiros e o único alimento dis-
ponível para mais de 600 milhões de pessoas em vários
pontos do planeta, e em particular em algumas regiões da
África.
O melhor do Globo Rural. Fev. 2005 (fragmento).
De acordo com o texto, há no Brasil uma variedade de
nomes para a Manihot utilissima, nome científico da
mandioca. Esse fenômeno revela que
a) existem variedades regionais para nomear uma mesma
espécie de planta.
b) mandioca é nome específico para a espécie existente
na região amazônica.
c) “pão-de-pobre” é designação específica para a planta
da região amazônica.
d) os nomes designam espécies diferentes da planta,
conforme a região.
e) a planta é nomeada conforme as particularidades que
apresenta.
Resolução
Muito popular no Brasil e em várias partes do mundo,
a Manihot utilissima é uma planta brasileira utilizada
como base alimentar de muitas pessoas. Como o
território brasileiro é muito vasto, linguisticamente é
previsível que essa planta tenha tantas denominações
diferentes.
ENEM – OUTUBRO/2011
48. 131 C
Motivadas ou não historicamente, normas prestigiadas ou
estigmatizadas pela comunidade sobrepõem-se ao longo
do território, seja numa relação de oposição, seja de
complementaridade, sem, contudo, anular a interseção de
usos que configuram uma norma nacional distinta da do
português europeu. Ao focalizar essa questão, que opõe
não só as normas do português de Portugal às normas do
português brasileiro, mas também as chamadas normas
cultas locais às populares ou vernáculas, deve-se insistir
na ideia de que essas normas se consolidaram em
diferentes momentos da nossa história e que só a partir
do século XVII se pode começar a pensar na bifurcação
das variantes continentais, ora em consequência de
mudanças ocorridas no Brasil, ora em Portugal, ora,
ainda, em ambos os territórios.
CALLOU, D. Gramática, variação e normas. In: VIEIRA,
S.R.; BRANDÃO, S. (orgs). Ensino de gramática: descrição
e uso. São Paulo: Contexto, 2007 (adaptado).
O português do Brasil não é uma língua uniforme. A
variação linguística é um fenômeno natural, ao qual todas
as línguas estão sujeitas. Ao considerar as variedades
linguísticas, o texto mostra que as normas podem ser
aprovadas ou condenadas socialmente, chamando a
atenção do leitor para a
a) desconsideração da existência das normas populares
pelos falantes da norma culta.
b) difusão do português de Portugal em todas as regiões
do Brasil só a partir do século XVIII.
c) existência de usos da língua que caracterizam uma
norma nacional do Brasil, distinta da de Portugal.
d) inexistência de normas cultas locais e populares ou
vernáculas em um determinado país.
e) necessidade de se rejeitar a ideia de que os usos
frequentes de uma língua devem ser aceitos.
Resolução
Segundo o texto, é possível observar-se que a Língua
Portuguesa consolidou ao longo do tempo normas ver-
náculas e populares e diferenças de sentido em pala-
vras empregadas em Portugal e no Brasil. No entanto,
a partir do século XVIII, notou-se uma bifurcação das
normas, o que proporcionou o surgimento de varian-
tes linguísticas distintas aos dois países.
ENEM – OUTUBRO/2011
49. 132 B
VERÍSSIMO, L.F. As cobras em: Se Deus existe que eu seja
atingido por um raio. Porto Alegre: L&PM, 1997.
O humor da tira decorre da reação de uma das cobras com
relação ao uso de pronome pessoal reto, em vez de
pronome oblíquo. De acordo com a norma padrão da
língua, esse uso é inadequado, pois
a) contraria o uso previsto para o registro oral da língua.
b) contraria a marcação das funções sintáticas de sujeito
e objeto.
c) gera inadequação na concordância com o verbo.
d) gera a ambiguidade na leitura do texto.
e) apresenta dupla marcação de sujeito.
Resolução
De acordo com a norma culta da Língua Portuguesa,
os pronomes pessoais do caso reto são empregados na
função de sujeito e, na tirinha, eles seria objeto direto
do verbo arrasar, sendo, portanto, adequado o uso do
pronome oblíquo átono os (arrasá-los).
ENEM – OUTUBRO/2011
50. Imagem para as questões 133 e 134.
133 A
O argumento presente na charge consiste em uma metá-
fora relativa à teoria evolucionista e ao desenvolvimento
tecnológico. Considerando o contexto apresentado, verifi-
ca-se que o impacto tecnológico pode ocasionar
a) o surgimento de um homem dependente de um novo
modelo tecnológico.
b) a mudança do homem em razão dos novos inventos
que destroem sua realidade.
c) a problemática social de grande exclusão digital a
partir da interferência da máquina.
d) a invenção de equipamentos que dificultam o trabalho
do homem, em sua esfera social.
e) o retrocesso do desenvolvimento do homem em face
da criação de ferramentas como lança, máquina e
computador.
Resolução
A charge reproduz a evolução do homem, desde os
primatas até os dias atuais, e a associação de sua
existência a instrumentos que facilitaram a vida
humana, sendo um deles o computador, o “novo
modelo tecnológico” do qual a humanidade se tornou
dependente.
ENEM – OUTUBRO/2011
51. 134 E
O homem evoluiu. Independentemente de teoria, essa
evolução ocorreu de várias formas. No que concerne à
evolução digital, o homem percorreu longo trajeto da pedra
lascada ao mundo virtual. Tal fato culminou em um
problema físico habitual, ilustrado na imagem, que propicia
uma piora na qualidade de vida do usuário, uma vez que
a) a evolução ocorreu e com ela evoluíram as dores de
cabeça, o estresse e a falta de atenção à família.
b) a vida sem o computador tornou-se quase inviável, mas
se tem diminuído problemas de visão cansada.
c) a utilização demasiada do computador tem propor-
cionado o surgimento de cientistas que apresentam
lesão por esforço repetitivo.
d) o homem criou o computador, que evoluiu, e hoje
opera várias ações antes feitas pelas pessoas, tornando-
as sedentárias ou obesas.
e) o uso contínuo do computador de forma inadequada
tem ocasionado má postura corporal.
Resolução
O desenho da charge possibilita observar a postura
física do homem no percurso de sua evolução, eviden-
ciando-se um retrocesso do homem contemporâneo à
postura semelhante à do primata.
ENEM – OUTUBRO/2011
52. 135 E
O que é possível dizer em 140 caracteres?
Sucesso do Twitter no Brasil é oportunidade única de
compreender a importância da concisão nos gêneros de
de escrita
A máxima “menos é mais” nunca fez tanto sentido
como no caso do microblog Twitter, cuja premissa é dizer
algo – não importa o quê – em 140 caracteres. Desde que
o serviço foi criado, em 2006, o número de usuários da
ferramenta é cada vez maior, assim como a diversidade de
usos que se faz dela. Do estilo “querido diário” à literatura
concisa, passando por aforismos, citações, jornalismo,
fofoca, humor etc., tudo ganha o espaço de um tweet
[“pio” em inglês] e entender seu sucesso pode indicar um
caminho para o aprimoramento de um recurso vital à
escrita: a concisão.
Disponível em:http://revistalingua.uol.com.br.
Acesso em: 28 abr. 2010 (adaptado).
O Twitter se presta a diversas finalidades, entre elas, à
comunicação concisa, por isso essa rede social
a) é um recurso elitizado, cujo público precisa dominar a
língua padrão.
b) constitui recurso próprio para a aquisição da moda-
lidade escrita da língua.
c) é restrita à divulgação de textos curtos e pouco signi-
ficativos e, portanto, é pouco útil.
d) interfere negativamente no processo de escrita e acaba
por revelar uma cultura pouco reflexiva.
e) estimula a produção de frases com clareza e objeti-
vidade, fatores que potencializam a comunicação
interativa.
Resolução
Segundo o texto, o Twitter estimula a comunicação por
meio de poucas e precisas palavras, em textos
marcados pela concisão.
ENEM – OUTUBRO/2011
53. M AT E M Á T I C A E SUAS TECNOLOGIAS
136 B
Um mecânico de uma equipe de corrida necessita que as
seguintes medidas realizadas em um carro sejam obtidas
em metros:
a) distância a entre os eixos dianteiro e traseiro;
b) altura b entre o solo e o encosto do piloto.
Ao optar pelas medidas a e b em metros, obtêm-se,
respectivamente:
a) 0,23 e 0,16. b) 2,3 e 1,6. c) 23 e 16.
d) 230 e 160. e) 2 300 e 1 600.
Resolução
a = 2 300 mm = 230 cm = 23 dm = 2,3 m
b = 160 cm = 16 dm = 1,6 m
ENEM – OUTUBRO/2011
54. 137 A
O medidor de energia elétrica de uma residência,
conhecido por “relógio de luz”, é constituído de quatro
pequenos relógios, cujos sentidos de rotação estão
indicados conforme a figura:
Disponível em: http:/www.enersul.com.br. Acesso em: 26 abr
2010.
A medida é expressa em kWh. O número obtido na leitura
é composto por 4 algarismos. Cada posição do número é
formada pelo último algarismo ultrapassado pelo pon-
teiro.
O número obtido pela leitura em kWh, na imagem, é
a) 2 614. b) 3 624. c) 2 715.
d) 3 725. e) 4 162.
Resolução
O ponteiro indicador dos milhares está entre o 2 e o 3,
indicando 2 milhares.
O ponteiro indicador das centenas está entre o 6 e o 7,
indicando 6 centenas.
O ponteiro indicador das dezenas está entre 1 e 2,
indicando 1 dezena.
O ponteiro indicador das unidades está entre 4 e 5,
indicando 4 unidades.
Assim, a leitura, em kWh, é 2 614.
ENEM – OUTUBRO/2011
55. 138 E
O dono de uma oficina mecânica precisa de um pistão das
partes de um motor, de 68 mm de diâmetro, para o
conserto de um carro. Para conseguir um, esse dono vai
até um ferro velho e lá encontra pistões com diâmetros
iguais a 68,21 mm; 68,102 mm; 68,001 mm; 68,02 mm e
68,012 mm.
Para colocar o pistão no motor que está sendo consertado,
o dono da oficina terá de adquirir aquele que tenha o
diâmetro mais próximo do que precisa.
Nessa condição, o dono da oficina deverá comprar o
pistão de diâmetro
a) 68,21 mm. b) 68,102 mm. c) 68,02 mm.
d) 68,012 mm. e) 68,001 mm.
Resolução
Sabe-se que:
68 < 68,001 < 68,012 < 68,02 < 68,102 < 68,21
Portanto, o dono da oficina deverá comprar o pistão
com o diâmetro de 68,001 mm.
ENEM – OUTUBRO/2011