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RESENHA: As Leis da Física segundo Feynman (The Laws of Physics according to Feynman) 126
As Leis da Física segundo Feynman
(The Laws of Physics according to Feynman)
M.B.D.S.M. Porto1
CAp-UERJ
Sobre as Leis da Física: Richard Feyn-
man (Editora PUC-Rio, 2012) 180p. Este
livro reúne uma série de palestras proferidas
pelo físico americano Richard Feynman na
Universidade de Cornell, nos Estados Uni-
dos, nas quais ele analisa as características
gerais das leis físicas. As palestras foram
gravadas e publicadas em uma primeira
edição americana, em 1965. A edição brasi-
leira, lançada em 2012, revela principalmen-
te que as palestras continuam tão atuais
quanto na época em que foram proferidas.
Os conceitos e pensamentos físicos são a-
bordados com uma compreensão profunda,
com alguns aprofundamentos matemáticos
e levam o leitor a refletir sobre vários temas
da física, guiados pela simplicidade, pelos
exemplos e pelas analogias feitas pelo au-
tor.
Todas as palestras são apresentadas de
forma bastante original.
Na primeira palestra, Feynman se pro-
põe a discutir o que é uma lei física e, para
que a discussão não se torne demasiada-
mente filosófica e o seminário possa ser
entendido com precisão, utiliza como exem-
plo a Gravitação Universal de Newton (como
em todas as demais palestras do livro). São
destacadas as contribuições históricas de
Kepler, a explicação do fenômeno das marés
e o experimento de Cavendish, que compro-
vou a lei da Gravitação. Feynman preocupa-
se em destacar que essa lei tem um domínio
de validade, salientando que Einstein preci-
sou modificá-la e que há conflito entre ela e
a Mecânica Quântica.
Na palestra “A relação entre a física e a
matemática”, Feynman destaca a impossibi-
lidade de se explicar a natureza sem o co-
nhecimento da matemática. Utilizando a
matemática, Feynman mostra que a lei Gra-
vitação da Universal traz como consequên-
cia o fato de que no movimento planetário,
são varridas áreas iguais, em intervalos de
tempos iguais, o que corresponde à 2a
lei de
Kepler, bastando que a força gravitacional
que age sobre o planeta seja inversamente
proporcional ao quadrado da distância entre
ele e o Sol e esteja na direção deste último.
Para o leitor não familiarizado com a mate-
mática essas afirmações tornam-se áridas e
as leis perdem muito da sua beleza.
Feynman coloca que muitas vezes a
quantidade de conhecimento de um físico
sobre um fenômeno natural é pequena. É a
matemática que lhe permite desenvolver as
consequências e expressar as leis de dife-
rentes maneiras, chegando a obter enuncia-
dos equivalentes. Nesta palestra, Feynman
questiona se existe na física um ponto a
partir do qual todas as leis podem ser dedu-
zidas. Analisando a história da matemática,
Feynman argumenta que não existe um
caminho único através do qual os seus re-
sultados podem ser obtidos. Na verdade,
esses diversos resultados possuem interco-
nexões por meio das quais podemos passar
de um a outro, sem que haja um encadea-
RESENHA: As Leis da Física segundo Feynman (The Laws of Physics according to Feynman) 127
mento preferencial. Na física ocorre algo
muito semelhante: muitas vezes podemos
deduzir, a partir de determinadas hipóteses,
um enunciado cuja validade ultrapassa o
domínio das hipóteses adotadas na sua de-
monstração. Feynman cita como exemplo a
conservação da grandeza chamada momen-
to angular que, no caso do movimento pla-
netário, pode ser deduzida a partir da Lei da
Gravitação, mas tem validade muito mais
geral do que apenas nesta situação.
As Leis de Conservação na Física, bem
como os Princípios de Simetria a elas asso-
ciados, constituem justamente o tema das
palestras três e quatro. Feynman dedica
especial ênfase à conexão entre simetrias e
leis de conservação na Mecânica Quântica.
Na quinta palestra, “A distinção entre
passado e futuro”, Feynman faz uma discus-
são acerca do fato de os fenômenos da na-
tureza serem irreversíveis no tempo e busca
uma explicação para essa irreversibilidade.
O autor propõe a seguinte experiência: con-
sideremos um recipiente contendo tinta
branca e azul separadas por uma divisória;
ao removermos a divisória, o sistema tende-
ria para uma coloração uniforme. No entan-
to, se começássemos com a mistura de co-
loração uniforme, o sistema não se separa-
ria. As leis da física até permitem tal separa-
ção espontânea, mas ela é extremamente
improvável. A mistura uniforme se origina
do movimento dos átomos. Não podíamos
esperar que o movimento dos átomos sepa-
rasse a tinta branca da tinta azul. Assim, a
aparente irreversibilidade da natureza vem
do fato de que, ao começarmos com um
sistema ordenado, a natureza faz com que
ele caminhe para a situação mais desorde-
nada. Estamos nos referindo à entropia do
Universo, que sempre aumenta.
Feynman também coloca a questão da
disponibilidade de energia. O fato de a e-
nergia se conservar não significa que toda a
energia existente esteja disponível para a-
proveitamento humano. Além disso, a mes-
ma lei da física que estabelece que os fe-
nômenos naturais espontaneamente ocor-
rem sempre no sentido do aumento da de-
sordem, determina que todo processo natu-
ral provoca um aumento da parcela não
utilizável de energia.
É feita então a seguinte colocação: Às
leis da física, que são reversíveis no tempo,
deve ser acrescentada a hipótese de que o
Universo era mais ordenado no passado.
Essa hipótese é necessária para que possa-
mos compreender a irreversibilidade dos
fenômenos.
A palestra seis é dedicada à visão quân-
tica da natureza. É mencionada a história da
luz, com destaque para o seu comportamen-
to dual, ou seja, para o fato de que, depen-
dendo do fenômeno observado, a luz pode-
rá ser tratada como onda eletromagnética
ou como partícula, determinada fóton.
Feynman também menciona os elétrons,
que quando foram descobertos foram trata-
dos como partículas, mas para os quais,
posteriormente, foram detectados padrões
de difração, algo que é característico de
ondas. Enfim, todos os objetos microscópi-
cos apresentavam comportamento dual.
Essa dualidade constitui a base da mecânica
quântica.
A última palestra é a mais desafiadora e
a mais abrangente de todas. O autor aborda
as relações da física com diversos outros
ramos do conhecimento e elementos da
cultura humana. Feynman discute ainda o
atual status da física, colocando, de forma
geral, aquilo que julga estar ainda por ser
descoberto na ciência.
RESENHA: As Leis da Física segundo Feynman (The Laws of Physics according to Feynman) 128
Este livro é indicado, sobretudo, para
graduandos em física e leitores que tenham
conhecimento da Física Clássica e noções de
Física Moderna. Dizemos isso porque é mui-
to frequente o estudante que está concluin-
do o seu curso de graduação já ter tido con-
tato com os diversos conceitos e ideias que
são abordados neste livro, mas ainda não
tiveram oportunidade de amadurecê-los.
Uma ideia interessante seria indicar a sua
leitura aos estagiários de Licenciatura em
Física e, ao final do semestre, solicitar que
os estagiários promovessem uma discussão
com plenária sobre os assuntos estudados.
1
beatrizrj@mail.com - Graduada em Física pela
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
(1988), Mestre em Física pela Universidade Fe-
deral do Rio de Janeiro (1991) e Doutora em
Física pela Universidade Federal do Rio de Janei-
ro (1997). Atualmente é Professora Adjunta da
Universidade do Estado do Rio de Janeiro / Insti-
tuto de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira
– CAp-UERJ. Tem experiência na área de Física,
com ênfase em Teoria Geral de Partículas e
Campos, tendo atuado principalmente nos se-
guintes temas: teoria supersimétrica de CSKR,
corda cósmica, derivadas de ordem superior,
quantização simplética e supersimetria. A partir
do ano de 2006 passou também a atuar nas
áreas de História da Ciência e Ensino de Física.
Ocupa, atualmente, o cargo de Vice-Diretora do
Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues da
Silveira – CAp-UERJ.

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  • 1. RESENHA: As Leis da Física segundo Feynman (The Laws of Physics according to Feynman) 126 As Leis da Física segundo Feynman (The Laws of Physics according to Feynman) M.B.D.S.M. Porto1 CAp-UERJ Sobre as Leis da Física: Richard Feyn- man (Editora PUC-Rio, 2012) 180p. Este livro reúne uma série de palestras proferidas pelo físico americano Richard Feynman na Universidade de Cornell, nos Estados Uni- dos, nas quais ele analisa as características gerais das leis físicas. As palestras foram gravadas e publicadas em uma primeira edição americana, em 1965. A edição brasi- leira, lançada em 2012, revela principalmen- te que as palestras continuam tão atuais quanto na época em que foram proferidas. Os conceitos e pensamentos físicos são a- bordados com uma compreensão profunda, com alguns aprofundamentos matemáticos e levam o leitor a refletir sobre vários temas da física, guiados pela simplicidade, pelos exemplos e pelas analogias feitas pelo au- tor. Todas as palestras são apresentadas de forma bastante original. Na primeira palestra, Feynman se pro- põe a discutir o que é uma lei física e, para que a discussão não se torne demasiada- mente filosófica e o seminário possa ser entendido com precisão, utiliza como exem- plo a Gravitação Universal de Newton (como em todas as demais palestras do livro). São destacadas as contribuições históricas de Kepler, a explicação do fenômeno das marés e o experimento de Cavendish, que compro- vou a lei da Gravitação. Feynman preocupa- se em destacar que essa lei tem um domínio de validade, salientando que Einstein preci- sou modificá-la e que há conflito entre ela e a Mecânica Quântica. Na palestra “A relação entre a física e a matemática”, Feynman destaca a impossibi- lidade de se explicar a natureza sem o co- nhecimento da matemática. Utilizando a matemática, Feynman mostra que a lei Gra- vitação da Universal traz como consequên- cia o fato de que no movimento planetário, são varridas áreas iguais, em intervalos de tempos iguais, o que corresponde à 2a lei de Kepler, bastando que a força gravitacional que age sobre o planeta seja inversamente proporcional ao quadrado da distância entre ele e o Sol e esteja na direção deste último. Para o leitor não familiarizado com a mate- mática essas afirmações tornam-se áridas e as leis perdem muito da sua beleza. Feynman coloca que muitas vezes a quantidade de conhecimento de um físico sobre um fenômeno natural é pequena. É a matemática que lhe permite desenvolver as consequências e expressar as leis de dife- rentes maneiras, chegando a obter enuncia- dos equivalentes. Nesta palestra, Feynman questiona se existe na física um ponto a partir do qual todas as leis podem ser dedu- zidas. Analisando a história da matemática, Feynman argumenta que não existe um caminho único através do qual os seus re- sultados podem ser obtidos. Na verdade, esses diversos resultados possuem interco- nexões por meio das quais podemos passar de um a outro, sem que haja um encadea-
  • 2. RESENHA: As Leis da Física segundo Feynman (The Laws of Physics according to Feynman) 127 mento preferencial. Na física ocorre algo muito semelhante: muitas vezes podemos deduzir, a partir de determinadas hipóteses, um enunciado cuja validade ultrapassa o domínio das hipóteses adotadas na sua de- monstração. Feynman cita como exemplo a conservação da grandeza chamada momen- to angular que, no caso do movimento pla- netário, pode ser deduzida a partir da Lei da Gravitação, mas tem validade muito mais geral do que apenas nesta situação. As Leis de Conservação na Física, bem como os Princípios de Simetria a elas asso- ciados, constituem justamente o tema das palestras três e quatro. Feynman dedica especial ênfase à conexão entre simetrias e leis de conservação na Mecânica Quântica. Na quinta palestra, “A distinção entre passado e futuro”, Feynman faz uma discus- são acerca do fato de os fenômenos da na- tureza serem irreversíveis no tempo e busca uma explicação para essa irreversibilidade. O autor propõe a seguinte experiência: con- sideremos um recipiente contendo tinta branca e azul separadas por uma divisória; ao removermos a divisória, o sistema tende- ria para uma coloração uniforme. No entan- to, se começássemos com a mistura de co- loração uniforme, o sistema não se separa- ria. As leis da física até permitem tal separa- ção espontânea, mas ela é extremamente improvável. A mistura uniforme se origina do movimento dos átomos. Não podíamos esperar que o movimento dos átomos sepa- rasse a tinta branca da tinta azul. Assim, a aparente irreversibilidade da natureza vem do fato de que, ao começarmos com um sistema ordenado, a natureza faz com que ele caminhe para a situação mais desorde- nada. Estamos nos referindo à entropia do Universo, que sempre aumenta. Feynman também coloca a questão da disponibilidade de energia. O fato de a e- nergia se conservar não significa que toda a energia existente esteja disponível para a- proveitamento humano. Além disso, a mes- ma lei da física que estabelece que os fe- nômenos naturais espontaneamente ocor- rem sempre no sentido do aumento da de- sordem, determina que todo processo natu- ral provoca um aumento da parcela não utilizável de energia. É feita então a seguinte colocação: Às leis da física, que são reversíveis no tempo, deve ser acrescentada a hipótese de que o Universo era mais ordenado no passado. Essa hipótese é necessária para que possa- mos compreender a irreversibilidade dos fenômenos. A palestra seis é dedicada à visão quân- tica da natureza. É mencionada a história da luz, com destaque para o seu comportamen- to dual, ou seja, para o fato de que, depen- dendo do fenômeno observado, a luz pode- rá ser tratada como onda eletromagnética ou como partícula, determinada fóton. Feynman também menciona os elétrons, que quando foram descobertos foram trata- dos como partículas, mas para os quais, posteriormente, foram detectados padrões de difração, algo que é característico de ondas. Enfim, todos os objetos microscópi- cos apresentavam comportamento dual. Essa dualidade constitui a base da mecânica quântica. A última palestra é a mais desafiadora e a mais abrangente de todas. O autor aborda as relações da física com diversos outros ramos do conhecimento e elementos da cultura humana. Feynman discute ainda o atual status da física, colocando, de forma geral, aquilo que julga estar ainda por ser descoberto na ciência.
  • 3. RESENHA: As Leis da Física segundo Feynman (The Laws of Physics according to Feynman) 128 Este livro é indicado, sobretudo, para graduandos em física e leitores que tenham conhecimento da Física Clássica e noções de Física Moderna. Dizemos isso porque é mui- to frequente o estudante que está concluin- do o seu curso de graduação já ter tido con- tato com os diversos conceitos e ideias que são abordados neste livro, mas ainda não tiveram oportunidade de amadurecê-los. Uma ideia interessante seria indicar a sua leitura aos estagiários de Licenciatura em Física e, ao final do semestre, solicitar que os estagiários promovessem uma discussão com plenária sobre os assuntos estudados. 1 beatrizrj@mail.com - Graduada em Física pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (1988), Mestre em Física pela Universidade Fe- deral do Rio de Janeiro (1991) e Doutora em Física pela Universidade Federal do Rio de Janei- ro (1997). Atualmente é Professora Adjunta da Universidade do Estado do Rio de Janeiro / Insti- tuto de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira – CAp-UERJ. Tem experiência na área de Física, com ênfase em Teoria Geral de Partículas e Campos, tendo atuado principalmente nos se- guintes temas: teoria supersimétrica de CSKR, corda cósmica, derivadas de ordem superior, quantização simplética e supersimetria. A partir do ano de 2006 passou também a atuar nas áreas de História da Ciência e Ensino de Física. Ocupa, atualmente, o cargo de Vice-Diretora do Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira – CAp-UERJ.