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Introdução à Medicina Baseada em Evidência (MBE)
Desde 1992, surgiu um novo paradigma na prática clínica: A Medicina Baseada em Evidências (MBE).
Como lembramos no famoso artigo: “Evidence Based Medicine: a new approach to teaching the practice of
medicine”(Medicina Baseada em Evidências: uma nova abordagem para ensinar a prática clínica) de Gordon
Guyatt e Dave Sackett, a base do paradigma encontra-se no desenvolvimento da pesquisa clínica nos últimos
40 anos. Em 1960, os estudos clínicos randomizados eram raros. “Aceita-se que hoje é praticamente
impossível que um fármaco seja introduzido na prática clínica sem uma demonstração de sua segurança e
eficácia através de estudos clínicos”. O mesmo está ocorrendo com os produtos para a saúde.
O que é MBE?: “O uso consciencioso, explícito e criterioso da melhor evidência atual na tomada de
decisões sobre o tratamento do indivíduo. Isso significa integrar a experiência clínica individual com a
melhor evidência clínica externa disponível proveniente da busca sistemática de informações.” (Sackett D,
1996)
A MBE incorpora 3 elementos igualmente importantes:
• A melhor evidência científica disponível
• A experiência clínica do profissional da saúde
• Os valores e preferências do paciente
Estes elementos podem ser sintetizados para dar suporte à tomada de decisão médica e a uma metodologia centraliza
Devemos lembrar as interpretações equivocadas da MBE:
- A MBE ignora a experiência clínica e a intuição médica – Correção: pelo contrário, a MBE é uma
ferramenta para melhorar as habilidades médicas da atual prática clínica, com a contribuição da literatura
médica e dos avanços tecnológicos diários.
- Entender a pesquisa e patofisiologia básica não faz parte da MBE - Correção: É necessário entender a
patofisiologia fundamental, para a interpretação das observações clínicas e para a aplicação e interpretação
adequada dos resultados da evidência, especialmente na decisão da representatividade dos resultados para a
prática clínica (Generalização).
- A MBE ignora os aspectos padrão do treinamento clínico, como o exame físico - Correção: Levantar
cuidadosamente o histórico médico e realizar o exame físico fornece muitas evidências, sendo geralmente a
melhor para o diagnóstico e decisões diretas do tratamento.
Diversos níveis de evidência podem dar suporte a cada aspecto de produtos e procedimentos, para fornecer
aos médicos, profissionais da saúde e tomadores de decisão, os argumentos de seu uso adequado,
melhorando assim a prática clínica.
Para classificar os diferentes estudos clínicos de acordo com sua metodologia, uma das escalas (score)
existentes é o do Centro de Medicina Baseada em Evidências de Oxford (Exemplo: um estudo
randomizado e controlado não é o mesmo que a opinião de especialista). O nível de evidência varia
dependendo da metodologia do estudo clínico.
Para avaliar a qualidade dos estudos clínicos, podem ser utilizadas escalas como as propostas por Jadad e,
para avaliar a qualidade dos estudos de Coorte e Casos-Controles, podem ser usadas as escalas como a
Newcastle-Ottawa Scale (NOS) (Exemplo: um estudo clínico randomizado com 20 pacientes é diferente de
outro com 1.000 pacientes, dependendo dos desfechos (endpoints) e objetivos do estudo).
Definições da classificação de estudos:
• Metanálise: Técnica estatística de pooling e combinação de resultados de certo número de estudos, que
respondem a mesma pergunta clínica, para gerar um resultado resumido.
• Revisões Sistemáticas: Busca sistemática e identificação de estudos relevantes, que avaliam criticamente
sua qualidade, usando uma metodologia científica (critérios de inclusão/exclusão, termos de busca) e resume
os resultados.
• Estudo Randomizado e Controlado: Estudo experimental em que os pacientes têm diferentes tratamentos
ou exposições designadas aleatoriamente, para comparar os resultados e tentar obter as conclusões mais
confiáveis.
• Estudo Não Randomizado e Controlado: Estudo experimental em que os pacientes têm diferentes
tratamentos ou exposições designadas não aleatoriamente, para comparar os resultados; pode introduzir
tendenciosidade (vieses).
• Estudos de Coorte: Os pacientes são observados sem nenhum tratamento designado, buscando diferenças
entre grupos naturais e de acordo com os distintos fatores de risco ou exposição.
• Estudos de Caso-Controle: Estudo retrospectivo e descritivo que compara os pacientes com e sem o
resultado, para determinar a possível exposição aos fatores de risco/proteção, que podem conduzir ao
resultado estudado.
• Relato de Caso, Série de Casos: Relato descritivo de um único caso ou uma série de casos com
características específicas, que podem relacioná-los.
• Consenso, Painel de Especialistas, Opinião de Especialistas: Opinião subjetiva de um autor ou autores
com base principalmente na especialidade e experiência clínica.
* Avaliação de Qualidade
• Jadad AR, Moore A, Carroll D, et al. Assessing the quality of randomized clinical trials: Is blinding
necessary? Controlled Clin Trials 1996;17:1-12.
• Wells GA, Shea B, O´Connell, et al. Newcastle-Ottawa Scale (NOS) for assessing the quality of
nonrandomized studies / http://www.ohri.ca/programs/clinical_epidemiology/oxford.htm
**Nível de Evidência (Oxford): http://www.cebm.net/index.aspx?o=1025 – Oxford
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http://www.jjmii.com.br/bibliotecavirtual/introducao-medicina-baseada-em-evidencia >.

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MBE introdução

  • 1. Introdução à Medicina Baseada em Evidência (MBE) Desde 1992, surgiu um novo paradigma na prática clínica: A Medicina Baseada em Evidências (MBE). Como lembramos no famoso artigo: “Evidence Based Medicine: a new approach to teaching the practice of medicine”(Medicina Baseada em Evidências: uma nova abordagem para ensinar a prática clínica) de Gordon Guyatt e Dave Sackett, a base do paradigma encontra-se no desenvolvimento da pesquisa clínica nos últimos 40 anos. Em 1960, os estudos clínicos randomizados eram raros. “Aceita-se que hoje é praticamente impossível que um fármaco seja introduzido na prática clínica sem uma demonstração de sua segurança e eficácia através de estudos clínicos”. O mesmo está ocorrendo com os produtos para a saúde. O que é MBE?: “O uso consciencioso, explícito e criterioso da melhor evidência atual na tomada de decisões sobre o tratamento do indivíduo. Isso significa integrar a experiência clínica individual com a melhor evidência clínica externa disponível proveniente da busca sistemática de informações.” (Sackett D, 1996) A MBE incorpora 3 elementos igualmente importantes: • A melhor evidência científica disponível • A experiência clínica do profissional da saúde • Os valores e preferências do paciente Estes elementos podem ser sintetizados para dar suporte à tomada de decisão médica e a uma metodologia centraliza Devemos lembrar as interpretações equivocadas da MBE: - A MBE ignora a experiência clínica e a intuição médica – Correção: pelo contrário, a MBE é uma ferramenta para melhorar as habilidades médicas da atual prática clínica, com a contribuição da literatura médica e dos avanços tecnológicos diários. - Entender a pesquisa e patofisiologia básica não faz parte da MBE - Correção: É necessário entender a patofisiologia fundamental, para a interpretação das observações clínicas e para a aplicação e interpretação adequada dos resultados da evidência, especialmente na decisão da representatividade dos resultados para a prática clínica (Generalização). - A MBE ignora os aspectos padrão do treinamento clínico, como o exame físico - Correção: Levantar cuidadosamente o histórico médico e realizar o exame físico fornece muitas evidências, sendo geralmente a melhor para o diagnóstico e decisões diretas do tratamento. Diversos níveis de evidência podem dar suporte a cada aspecto de produtos e procedimentos, para fornecer
  • 2. aos médicos, profissionais da saúde e tomadores de decisão, os argumentos de seu uso adequado, melhorando assim a prática clínica. Para classificar os diferentes estudos clínicos de acordo com sua metodologia, uma das escalas (score) existentes é o do Centro de Medicina Baseada em Evidências de Oxford (Exemplo: um estudo randomizado e controlado não é o mesmo que a opinião de especialista). O nível de evidência varia dependendo da metodologia do estudo clínico. Para avaliar a qualidade dos estudos clínicos, podem ser utilizadas escalas como as propostas por Jadad e, para avaliar a qualidade dos estudos de Coorte e Casos-Controles, podem ser usadas as escalas como a Newcastle-Ottawa Scale (NOS) (Exemplo: um estudo clínico randomizado com 20 pacientes é diferente de outro com 1.000 pacientes, dependendo dos desfechos (endpoints) e objetivos do estudo). Definições da classificação de estudos: • Metanálise: Técnica estatística de pooling e combinação de resultados de certo número de estudos, que respondem a mesma pergunta clínica, para gerar um resultado resumido. • Revisões Sistemáticas: Busca sistemática e identificação de estudos relevantes, que avaliam criticamente
  • 3. sua qualidade, usando uma metodologia científica (critérios de inclusão/exclusão, termos de busca) e resume os resultados. • Estudo Randomizado e Controlado: Estudo experimental em que os pacientes têm diferentes tratamentos ou exposições designadas aleatoriamente, para comparar os resultados e tentar obter as conclusões mais confiáveis. • Estudo Não Randomizado e Controlado: Estudo experimental em que os pacientes têm diferentes tratamentos ou exposições designadas não aleatoriamente, para comparar os resultados; pode introduzir tendenciosidade (vieses). • Estudos de Coorte: Os pacientes são observados sem nenhum tratamento designado, buscando diferenças entre grupos naturais e de acordo com os distintos fatores de risco ou exposição. • Estudos de Caso-Controle: Estudo retrospectivo e descritivo que compara os pacientes com e sem o resultado, para determinar a possível exposição aos fatores de risco/proteção, que podem conduzir ao resultado estudado. • Relato de Caso, Série de Casos: Relato descritivo de um único caso ou uma série de casos com características específicas, que podem relacioná-los. • Consenso, Painel de Especialistas, Opinião de Especialistas: Opinião subjetiva de um autor ou autores com base principalmente na especialidade e experiência clínica. * Avaliação de Qualidade • Jadad AR, Moore A, Carroll D, et al. Assessing the quality of randomized clinical trials: Is blinding necessary? Controlled Clin Trials 1996;17:1-12. • Wells GA, Shea B, O´Connell, et al. Newcastle-Ottawa Scale (NOS) for assessing the quality of nonrandomized studies / http://www.ohri.ca/programs/clinical_epidemiology/oxford.htm **Nível de Evidência (Oxford): http://www.cebm.net/index.aspx?o=1025 – Oxford Imprimir
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