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Controle de Intervalo QTc para prevenção de arritmias cardíacas
por síndrome de QT longo adquirido em paciente tratados por
protocolo para tratamento de COVID-19 com cloroquina /
hidroxicloroquina com ou sem azitromicina
Núcleo de Arritmia – InCor – HCFMUSP - Versão 1 – 02/04/2020
1) Introdução
A terapia farmacológica com cloroquina/hidroxicloroquina e/ou azitromicina tem
sido considerada na atual pandemia por COVID-19. Embora estas medicações tenham
adequado perfil de segurança, ambos os fármacos bloqueiam o canal de potássio hERG,
podendo prolongar a repolarização ventricular e até causarem Torsades de pointes
(TdP). O subgrupo da população com maior risco de eventos potencialmente fatais são
os pacientes com múltiplas comorbidades ou em cuidados intensivos, justamente os
pacientes com maior propensão a má evolução pela infecção por COVID-19, sujeitos a
interações medicamentosas (uso conjunto de outras drogas que prolongam o intervalo
QT) e/ou distúrbios eletrolíticos, além dos portadores da síndrome do QT longo
congênito (1:2000 pessoas). A avaliação do risco antes do tratamento e o
monitoramento do intervalo QTc é fundamental para prevenção de eventos arrítmicos.
2) Definição
O intervalo QT, é a medida da duração do início do complexo QRS até o final da
onda T (Figura 1). O intervalo QT longo pode estar associado a arritmias ventriculares
polimórficas/TdP (Figura 2). O intervalo QT deve ser corrigido pela frequência cardíaca
(QTc) e, na população adulta, é considerado normal quando  440ms em homens e 
460ms em mulheres.
Figura 1 – Intervalo QT (em azul)
Figura 2 – Intervalo QT longo com arritmia ventricular ou Torsades de Pointes
3) Como Medir Intervalo QTc
O intervalo QT pode ser medido pelo método de tangente (Figura 3) ou visual
(quando o final da onda T for de fácil definição), utilizando intervalo RR precedente,
preferencialmente em derivações DII ou V5. Como o intervalo QT é modulado pela
frequência cardíaca, a medida deve sempre correlacionado com frequência cardíaca de
base. A correção pela frequência cardíaca pode ser feita pela fórmula de Bazett (QTc=
intervalo QT/raiz quadrada do intervalo RR), disponível em calculadoras de sites (QTc
calculadora) ou Apps (por exemplo: EP Mobile ou MedCalX).
Figura 3. Exemplos de determinação do intervalo QT pelo método de tangente.
4) Monitoramento do intervalo QTc durante o tratamento com Hidroxicloroquina
/ Azitromicina
Os pacientes podem ser estratificados conforme risco de desenvolver TdP, do menor
risco (verde) ao maior risco (vermelho), após avaliação do ECG inicial com medida de
intervalo QTc basal. A monitorização após início do tratamento pode ser feita pelo ECG
convencional ou ECG apenas com derivações periféricas ou pela telemetria ou
dispositivos, para minimizar a exposição de profissionais de saúde e de equipamentos
ao vírus. Sugerimos que a frequência de monitorização eletrocardiográfica e o método
(ECG ou telemetria ou dispositivos) sejam determinados pelo o risco do paciente, que
sempre terá avaliado um QTc inicial (admissional).
➢ Quanto à avaliação de risco inicial do paciente para o tratamento pela medida
do QT:
ECG basal de 12 derivações com medida de intervalo QTc.
Em casos de dúvidas ou medidas limítrofes para risco elevado ao longo do
tratamento, poderá ser optado o uso isolado de hidroxicloroquina/azitromicina ou uso
escalonado hidroxicloroquina / Azitromicina. (Sugerimos decisão compartilhada com a
equipe de cardiologia do hospital).
- Se < 450ms – Liberado para o uso;
- Se 450ms-470ms – Cautela no uso, ou somente em
regime hospitalar;
- Se >470ms <500ms – Evitar o uso, ou somente em
hospitalar com telemetria.
- Se > 500ms – Evitar o uso. Considerar
risco/benefício.
➢ Quanto ao controle dos efeitos pró-arrítmicos durante o tratamento
hospitalar:
ECG de controle para medidas de Intervalo QTc
➢ Intensificar controle de QT nas seguintes condições:
- Se houver fatores de risco associados (Tabela 1).
- Na presença de complicações cardiovasculares como miocardite e isquemia
miocárdica.
Tabela 1 – Fatores de risco para prolongamento de QT e TdP
- Idade > 65 anos
- Mulheres
- Distúrbios eletrolíticos (hipocalcemia, hipocalemia, hipomagnesemia)
- Uso concomitante de mais medicações que prolongam QT (crediblemeds.org)
- Insuficiência Coronariana Aguda
- ICC ou FEVE<40%
- Cardiomiopatia Hipertrófica
- Síndrome do QT longo congênito ou outra susceptibilidade genética
- Diabetes Mellitus
- IRC dialítica
- Anorexia ou inanição
- Hipoglicemia
- Feocromocitoma
- Pós parada cardiorrespiratória recente
- Pós hemorragia subaracnóidea, Acidente vascular cerebral ou traumatismo crânio
encefálico (1º semana).
➢ Sinais de alerta
Aumento de QTc > 60 ms e/ou mais de 10% em relação ao basal ou ao ECG
anterior.
Maior cuidado se QTc acima de 520 ms no seguimento, avaliar suspensão do
tratamento, desde que sejam excluídos uso concomitante de fármacos com efeito
sinérgico não desejável ou distúrbio eletrolítico.
Necessidade de adicionar medicações que prolongam o intervalo QT, conforme
evolução clínica do paciente
Presença de arritmia ventricular e/ou bradicardia associada -> escolher os
fármacos que podem ser suspensos conforme o balanço risco X benefícios.
Nessas situações, há necessidade de manter o paciente em telemetria.
Cuidados adicionais para prevenção de TdP
➢ Quanto ao controle de eletrólitos na admissão:
A dosagem de cálcio, potássio e magnésio, fundamentais na estabilidade da
repolarização ventricular, deve ser realizada para todos os pacientes elegíveis para o
tratamento com hidroxicloroquina/azitromicina.
- Manter K+
> 4,0
- Manter Mg++
>2,0
- Evitar hipocalcemia
Obs.: mesmo em paciente com nível de magnésio normal, manter reposição empírica
de magnésio via oral, exceto paciente com insuficiência renal (ClCr < 30ml/min).
➢ Quanto ao controle de eletrólitos na evolução:
A rotina de monitorização de eletrólitos deve ser realizada a critério clínico, sempre
que necessitar de ajustes para manter os níveis ideais ou desejáveis durante o
tratamento, principalmente nos pacientes com intervalo QTc >470ms de base.
➢ Quanto ao uso de medicações concomitantes:
Supervisione e evite outros medicamentos dispensáveis, que prologuem o intervalo
QT. Há muitas medicações utilizadas em pacientes internados que podem bloquear o
canal hERG, prolongar o tempo de repolarização e facilitar a ocorrência de TdP. Se
possível, a supervisão de farmacêuticos é também desejável para garantir a segurança
do paciente.
Na tabela 2 elencamos as medicações de risco baixo (verde), risco aceitável (azul),
risco possível (laranja) e alto risco (vermelho) de prolongamento do intervalo QT/TdP.
Assim, sempre que possível, utilizar medicações adicionais de baixo risco, pois a
hidroxicloroquina e azitromicina já são listadas como de alto risco de TdP.
Outros medicamentos podem aumentar o risco de TdP por outros mecanismos ou
de maneira indireta, como a hipocalemia induzida por diuréticos. A lista completa de
interações medicamentosa deve ser checada diariamente pelo site crediblemeds.org.
Tabela 2 - Lista de medicações a serem evitadas (em vermelho e laranja)
Alto risco Moderado risco Baixo risco ou NC
Antiarrítmicos Amiodarona
Sotalol
Propafenona Lidocaína
Propranolol
Sulfato Mg
Isoproterenol
Antipsicóticos Haloperidol Risperidona Benzodiazepínico
Clorpromazina Quetiapina
Levomepromazine Prometazina
Olanzapina
Sedativos Propofol Dexmedetomidina Midazolam
Fentanil
Antieméticos
e pró-cinéticos
Ondasentrona
Domperidona
Bromoprida
Cisaprida
Cimetidina
Granisetrona
Metoclopramida
Dimenidrato
Antibióticos Quinolonas Piperaciclina-
tazobactam
Sulfametoxazole-
trimetropim
Teicoplamida
Vancomicina
Antifúngicos Fluconazol Anfotericina
Itraconazol
Voriconazol
IBP Pantoprazol
Omeprazol
Esomeprazol
Lanzoprazol
Antialérgicos Prometazina Fexofenadina
Hidroxizina
Difenidramina
Loratadina
Pandemia Cloroquina
Azitromicina
Oseltamivir
Broncodilatadores Salbutamol
Fenoterol
Formoterol
Terbutalina
Anticolinesterázicos Donepezila Galantamina
Antidepressivos Citalopram
Escitalopram
Fluoxetina
Paroxetina
Mirtazapina
Tricíclicos
Sertralina
Venlafaxina
Outros Cilostazol
Metadona
Tramadol
Loperamida Fenitoína
Cuidados especiais
Diuréticos Cuidados com espoliação de eletrólitos
NC – Não classificada, ou seja, sem evidência de prolongar o intervalo QT com base nos
estudos publicados.
➢ Em caso de arritmia ventricular ou Tdp
- Lidocaína é o antiarrítmico de escolha no tratamento da TV polimórfica/ TdP
Dose de ataque – 1,0 a 1,5mg/kg IV com doses repetidas em bolus de 0,5-0,75mg/kg
em bolus até 3mg/kg.
Manutenção – 20 mcg/kg/min IV
- Sulfato de magnésio- 2 a 4 g IV
- Isoprotenerol em TdP bradicardia mediada
Dose de ataque: 1 a 2 mcg IV
Manutenção; 0,15mcg/min e titular até 0,3mcg/min de acordo com a resposta ou
necessidade clínica.
- Marcapasso provisório podem ser utilizados em pacientes bradicárdicos, com
recorrência de TdP, iniciando com 90 bpm com ajuste de acordo com a resposta clinica
Lista de checagem pré-tratamento
Data do início: ______/______/______
Identificação – Nome ______________________/ RG___________
- Data de Nascimento: _____/_____/_______
- Idade – _____ anos (> 65 anos)
- Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino
- Peso - ______ Kg
- Uso concomitante de fármacos que prolongue QT (crediblemeds.org)
( ) Não ( ) Sim , Qual(is)? ______________________
Eletrólitos e Função Renal Inicial
- Creatinina - ____mg/dL
- Potássio - _____ mEq/L ( ) <3,5 ( ) 3,5-4,0 ( ) > 4,0
- Magnésio - _____ mg/dL ( ) <1,8 ( ) 1,8-2,0 ( ) > 2,0
- Cálcio - ____mg/dL (risco se <8,9) ou Ca Iônico - ____ mMol/L (risco se<1,15)
Intervalo QTc Admissional- ____ms (em D2) ou ___ms (em V5) ou ____ms (outra)
( ) < 450ms ( ) 450 – 470ms ( ) >470ms<500ms ( ) > 500ms
História familiar de morte súbita em menores de 45 anos ou Síndrome do QT longo
conhecida?
( ) Não ( ) Sim
- Comorbidades
( ) Bradicardia ou bradiarritmia – FC < 45 bpm
( ) Insuficiência Cardíaca (FEVE <40% ou descompensação)
( ) Síndrome coronariana aguda
( ) Cardiomiopatia hipertrófica
( ) Asma
( ) QT longo congênito ou cardiopatia hereditárias
( ) Outras cardiopatias . Qual ______
( ) Diabetes Mellitus
( ) Insuficiência Renal Cl Cr < 30ml/min ( ) IRC dialítica
( ) Anorexia Nervosa ou Caquexia / Inanição
( ) Hipoglicemia
( ) Feocromocitoma
( ) Status pós PCR
( ) Status pós Síncope / Convulsão
( ) Status pós AVC, Hemorragia subaracnóidea ou TCE
Lista de checagem – Seguimento
Data do início: ___/___/___
Identificação – Nome ______________________/ RG___________
- Adicionou alguma fármacos que prolongue QT? (www.crediblemeds.com)
( ) Não ( ) Sim , Qual(is)? ______________________
Eletrólitos e Função Renal
- Creatinina - ____mg/dL
- Potássio - _____ mEq/L ( ) <3,5 ( ) 3,5-4,0 ( ) > 4,0
- Magnésio - _____ mg/dL ( ) <1,8 ( ) 1,8-2,0 ( ) > 2,0
- Cálcio - ____mg/dL (risco se <8,9) ou Ca Iônico - ____ mMol/L (risco se<1,15)
Intervalo QTc – em D2 (preferível) ou V5 ou na derivação medida no basal
Data: ______/_________/________ Hora ___:____
______ms ( ) < 450ms ( ) 450 – 470ms ( ) >470<500ms ( ) > 500ms
Data: ______/_________/________ Hora ___:____
______ms ( ) < 450ms ( ) 450 – 470ms ( ) >470<500ms ( ) > 500ms
Data: ______/_________/________ Hora ___:____
______ms ( ) < 450ms ( ) 450 – 470ms ( ) >470ms<500 ( ) > 500ms
Data: ______/_________/________ Hora ___:____
______ms ( ) < 450ms ( ) 450 – 470ms ( ) > 470ms <500 ( ) > 500ms
Data: ______/_________/________ Hora ___:____
______ms ( ) < 450ms ( ) 450 – 470ms ( ) > 470ms<500 ( ) > 500ms
Contatos
Maurício I Scanavacca – mauricio.scanavacca@gmail.com
Francisco Darrieux – frdarrieux@gmail.com
Denise Hachul – denise.hachul@gmail.com
Tan Chen Wu - tanchen.cardio@gmail.com
Sissy Lara de Melo – sissy.lara@gmail.com
Cristiano Pisani – cristianopisani@gmail.com
Luciana Sacilotto – lu.sacilotto@gmail.com
Savia Bueno – savia_bueno@hotmail.com
Carina Hardy – hardycarina@gmail.com
Esteban Rivarola – eteban@hotmail.com
Muhieddine Omar Chokr – muhieddinechokr@hotmail.com
Referências bibliográficas
1- Postema PG, Wilde AAM. The Measurement of the QT Interval. Curr Cardiol
Reviews, 2014. 10:287-294.
2- Urgent Guidance for Navigating and Circumventing the QTc Prolonging and
Torsadogenic Potential of Possible Pharmacotherapies for COVID-19. Giudicessi
JR, Noseworthy PA, Friedman PA, Ackerman MJ. Mayo Clinic Proceedings March
25, 2020.
3- Nota Informativa Nº5/2020-DAF/SCTIE/MS
4- Tisdale JE, Jayes HA, Kingery JR, et al. Development and validation of a risk score
to predict QT interval prolongation in hospitalized patients. Circ Cardiovasc Qual
Outcomes. 2013;6:479-487.
5- Vandael E, Vandenberk B, vandenberghe J, Willems R, Foulon V. Risk Factors for
QTc-prolongation:s systematic review of the evidence. Int J Clin Pharm. 2017.
39:16-25
6- El-Sherif N, Turitto G, Boutjdir M. Acquired Long QT Syndrome and
Electrophysiology of Torsade de Pointes. Arrhythm Electrophysiol Rev.
2019;8(2):122–130. doi:10.15420/aer.2019.8.3.

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Controle QTc para prevenção de arritmias em COVID-19

  • 1. Controle de Intervalo QTc para prevenção de arritmias cardíacas por síndrome de QT longo adquirido em paciente tratados por protocolo para tratamento de COVID-19 com cloroquina / hidroxicloroquina com ou sem azitromicina Núcleo de Arritmia – InCor – HCFMUSP - Versão 1 – 02/04/2020 1) Introdução A terapia farmacológica com cloroquina/hidroxicloroquina e/ou azitromicina tem sido considerada na atual pandemia por COVID-19. Embora estas medicações tenham adequado perfil de segurança, ambos os fármacos bloqueiam o canal de potássio hERG, podendo prolongar a repolarização ventricular e até causarem Torsades de pointes (TdP). O subgrupo da população com maior risco de eventos potencialmente fatais são os pacientes com múltiplas comorbidades ou em cuidados intensivos, justamente os pacientes com maior propensão a má evolução pela infecção por COVID-19, sujeitos a interações medicamentosas (uso conjunto de outras drogas que prolongam o intervalo QT) e/ou distúrbios eletrolíticos, além dos portadores da síndrome do QT longo congênito (1:2000 pessoas). A avaliação do risco antes do tratamento e o monitoramento do intervalo QTc é fundamental para prevenção de eventos arrítmicos. 2) Definição O intervalo QT, é a medida da duração do início do complexo QRS até o final da onda T (Figura 1). O intervalo QT longo pode estar associado a arritmias ventriculares polimórficas/TdP (Figura 2). O intervalo QT deve ser corrigido pela frequência cardíaca (QTc) e, na população adulta, é considerado normal quando  440ms em homens e  460ms em mulheres. Figura 1 – Intervalo QT (em azul)
  • 2. Figura 2 – Intervalo QT longo com arritmia ventricular ou Torsades de Pointes 3) Como Medir Intervalo QTc O intervalo QT pode ser medido pelo método de tangente (Figura 3) ou visual (quando o final da onda T for de fácil definição), utilizando intervalo RR precedente, preferencialmente em derivações DII ou V5. Como o intervalo QT é modulado pela frequência cardíaca, a medida deve sempre correlacionado com frequência cardíaca de base. A correção pela frequência cardíaca pode ser feita pela fórmula de Bazett (QTc= intervalo QT/raiz quadrada do intervalo RR), disponível em calculadoras de sites (QTc calculadora) ou Apps (por exemplo: EP Mobile ou MedCalX). Figura 3. Exemplos de determinação do intervalo QT pelo método de tangente.
  • 3. 4) Monitoramento do intervalo QTc durante o tratamento com Hidroxicloroquina / Azitromicina Os pacientes podem ser estratificados conforme risco de desenvolver TdP, do menor risco (verde) ao maior risco (vermelho), após avaliação do ECG inicial com medida de intervalo QTc basal. A monitorização após início do tratamento pode ser feita pelo ECG convencional ou ECG apenas com derivações periféricas ou pela telemetria ou dispositivos, para minimizar a exposição de profissionais de saúde e de equipamentos ao vírus. Sugerimos que a frequência de monitorização eletrocardiográfica e o método (ECG ou telemetria ou dispositivos) sejam determinados pelo o risco do paciente, que sempre terá avaliado um QTc inicial (admissional). ➢ Quanto à avaliação de risco inicial do paciente para o tratamento pela medida do QT: ECG basal de 12 derivações com medida de intervalo QTc. Em casos de dúvidas ou medidas limítrofes para risco elevado ao longo do tratamento, poderá ser optado o uso isolado de hidroxicloroquina/azitromicina ou uso escalonado hidroxicloroquina / Azitromicina. (Sugerimos decisão compartilhada com a equipe de cardiologia do hospital). - Se < 450ms – Liberado para o uso; - Se 450ms-470ms – Cautela no uso, ou somente em regime hospitalar; - Se >470ms <500ms – Evitar o uso, ou somente em hospitalar com telemetria. - Se > 500ms – Evitar o uso. Considerar risco/benefício.
  • 4. ➢ Quanto ao controle dos efeitos pró-arrítmicos durante o tratamento hospitalar: ECG de controle para medidas de Intervalo QTc ➢ Intensificar controle de QT nas seguintes condições: - Se houver fatores de risco associados (Tabela 1). - Na presença de complicações cardiovasculares como miocardite e isquemia miocárdica. Tabela 1 – Fatores de risco para prolongamento de QT e TdP - Idade > 65 anos - Mulheres - Distúrbios eletrolíticos (hipocalcemia, hipocalemia, hipomagnesemia) - Uso concomitante de mais medicações que prolongam QT (crediblemeds.org) - Insuficiência Coronariana Aguda - ICC ou FEVE<40% - Cardiomiopatia Hipertrófica - Síndrome do QT longo congênito ou outra susceptibilidade genética - Diabetes Mellitus - IRC dialítica - Anorexia ou inanição - Hipoglicemia - Feocromocitoma - Pós parada cardiorrespiratória recente - Pós hemorragia subaracnóidea, Acidente vascular cerebral ou traumatismo crânio encefálico (1º semana).
  • 5. ➢ Sinais de alerta Aumento de QTc > 60 ms e/ou mais de 10% em relação ao basal ou ao ECG anterior. Maior cuidado se QTc acima de 520 ms no seguimento, avaliar suspensão do tratamento, desde que sejam excluídos uso concomitante de fármacos com efeito sinérgico não desejável ou distúrbio eletrolítico. Necessidade de adicionar medicações que prolongam o intervalo QT, conforme evolução clínica do paciente Presença de arritmia ventricular e/ou bradicardia associada -> escolher os fármacos que podem ser suspensos conforme o balanço risco X benefícios. Nessas situações, há necessidade de manter o paciente em telemetria. Cuidados adicionais para prevenção de TdP ➢ Quanto ao controle de eletrólitos na admissão: A dosagem de cálcio, potássio e magnésio, fundamentais na estabilidade da repolarização ventricular, deve ser realizada para todos os pacientes elegíveis para o tratamento com hidroxicloroquina/azitromicina. - Manter K+ > 4,0 - Manter Mg++ >2,0 - Evitar hipocalcemia Obs.: mesmo em paciente com nível de magnésio normal, manter reposição empírica de magnésio via oral, exceto paciente com insuficiência renal (ClCr < 30ml/min). ➢ Quanto ao controle de eletrólitos na evolução: A rotina de monitorização de eletrólitos deve ser realizada a critério clínico, sempre que necessitar de ajustes para manter os níveis ideais ou desejáveis durante o tratamento, principalmente nos pacientes com intervalo QTc >470ms de base. ➢ Quanto ao uso de medicações concomitantes: Supervisione e evite outros medicamentos dispensáveis, que prologuem o intervalo QT. Há muitas medicações utilizadas em pacientes internados que podem bloquear o canal hERG, prolongar o tempo de repolarização e facilitar a ocorrência de TdP. Se
  • 6. possível, a supervisão de farmacêuticos é também desejável para garantir a segurança do paciente. Na tabela 2 elencamos as medicações de risco baixo (verde), risco aceitável (azul), risco possível (laranja) e alto risco (vermelho) de prolongamento do intervalo QT/TdP. Assim, sempre que possível, utilizar medicações adicionais de baixo risco, pois a hidroxicloroquina e azitromicina já são listadas como de alto risco de TdP. Outros medicamentos podem aumentar o risco de TdP por outros mecanismos ou de maneira indireta, como a hipocalemia induzida por diuréticos. A lista completa de interações medicamentosa deve ser checada diariamente pelo site crediblemeds.org.
  • 7. Tabela 2 - Lista de medicações a serem evitadas (em vermelho e laranja) Alto risco Moderado risco Baixo risco ou NC Antiarrítmicos Amiodarona Sotalol Propafenona Lidocaína Propranolol Sulfato Mg Isoproterenol Antipsicóticos Haloperidol Risperidona Benzodiazepínico Clorpromazina Quetiapina Levomepromazine Prometazina Olanzapina Sedativos Propofol Dexmedetomidina Midazolam Fentanil Antieméticos e pró-cinéticos Ondasentrona Domperidona Bromoprida Cisaprida Cimetidina Granisetrona Metoclopramida Dimenidrato Antibióticos Quinolonas Piperaciclina- tazobactam Sulfametoxazole- trimetropim Teicoplamida Vancomicina Antifúngicos Fluconazol Anfotericina Itraconazol Voriconazol IBP Pantoprazol Omeprazol Esomeprazol Lanzoprazol Antialérgicos Prometazina Fexofenadina Hidroxizina Difenidramina Loratadina Pandemia Cloroquina Azitromicina Oseltamivir Broncodilatadores Salbutamol Fenoterol Formoterol Terbutalina Anticolinesterázicos Donepezila Galantamina Antidepressivos Citalopram Escitalopram Fluoxetina Paroxetina Mirtazapina Tricíclicos Sertralina Venlafaxina Outros Cilostazol Metadona Tramadol Loperamida Fenitoína Cuidados especiais Diuréticos Cuidados com espoliação de eletrólitos NC – Não classificada, ou seja, sem evidência de prolongar o intervalo QT com base nos estudos publicados.
  • 8. ➢ Em caso de arritmia ventricular ou Tdp - Lidocaína é o antiarrítmico de escolha no tratamento da TV polimórfica/ TdP Dose de ataque – 1,0 a 1,5mg/kg IV com doses repetidas em bolus de 0,5-0,75mg/kg em bolus até 3mg/kg. Manutenção – 20 mcg/kg/min IV - Sulfato de magnésio- 2 a 4 g IV - Isoprotenerol em TdP bradicardia mediada Dose de ataque: 1 a 2 mcg IV Manutenção; 0,15mcg/min e titular até 0,3mcg/min de acordo com a resposta ou necessidade clínica. - Marcapasso provisório podem ser utilizados em pacientes bradicárdicos, com recorrência de TdP, iniciando com 90 bpm com ajuste de acordo com a resposta clinica
  • 9. Lista de checagem pré-tratamento Data do início: ______/______/______ Identificação – Nome ______________________/ RG___________ - Data de Nascimento: _____/_____/_______ - Idade – _____ anos (> 65 anos) - Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino - Peso - ______ Kg - Uso concomitante de fármacos que prolongue QT (crediblemeds.org) ( ) Não ( ) Sim , Qual(is)? ______________________ Eletrólitos e Função Renal Inicial - Creatinina - ____mg/dL - Potássio - _____ mEq/L ( ) <3,5 ( ) 3,5-4,0 ( ) > 4,0 - Magnésio - _____ mg/dL ( ) <1,8 ( ) 1,8-2,0 ( ) > 2,0 - Cálcio - ____mg/dL (risco se <8,9) ou Ca Iônico - ____ mMol/L (risco se<1,15) Intervalo QTc Admissional- ____ms (em D2) ou ___ms (em V5) ou ____ms (outra) ( ) < 450ms ( ) 450 – 470ms ( ) >470ms<500ms ( ) > 500ms História familiar de morte súbita em menores de 45 anos ou Síndrome do QT longo conhecida? ( ) Não ( ) Sim - Comorbidades ( ) Bradicardia ou bradiarritmia – FC < 45 bpm ( ) Insuficiência Cardíaca (FEVE <40% ou descompensação) ( ) Síndrome coronariana aguda ( ) Cardiomiopatia hipertrófica
  • 10. ( ) Asma ( ) QT longo congênito ou cardiopatia hereditárias ( ) Outras cardiopatias . Qual ______ ( ) Diabetes Mellitus ( ) Insuficiência Renal Cl Cr < 30ml/min ( ) IRC dialítica ( ) Anorexia Nervosa ou Caquexia / Inanição ( ) Hipoglicemia ( ) Feocromocitoma ( ) Status pós PCR ( ) Status pós Síncope / Convulsão ( ) Status pós AVC, Hemorragia subaracnóidea ou TCE
  • 11. Lista de checagem – Seguimento Data do início: ___/___/___ Identificação – Nome ______________________/ RG___________ - Adicionou alguma fármacos que prolongue QT? (www.crediblemeds.com) ( ) Não ( ) Sim , Qual(is)? ______________________ Eletrólitos e Função Renal - Creatinina - ____mg/dL - Potássio - _____ mEq/L ( ) <3,5 ( ) 3,5-4,0 ( ) > 4,0 - Magnésio - _____ mg/dL ( ) <1,8 ( ) 1,8-2,0 ( ) > 2,0 - Cálcio - ____mg/dL (risco se <8,9) ou Ca Iônico - ____ mMol/L (risco se<1,15) Intervalo QTc – em D2 (preferível) ou V5 ou na derivação medida no basal Data: ______/_________/________ Hora ___:____ ______ms ( ) < 450ms ( ) 450 – 470ms ( ) >470<500ms ( ) > 500ms Data: ______/_________/________ Hora ___:____ ______ms ( ) < 450ms ( ) 450 – 470ms ( ) >470<500ms ( ) > 500ms Data: ______/_________/________ Hora ___:____ ______ms ( ) < 450ms ( ) 450 – 470ms ( ) >470ms<500 ( ) > 500ms Data: ______/_________/________ Hora ___:____ ______ms ( ) < 450ms ( ) 450 – 470ms ( ) > 470ms <500 ( ) > 500ms Data: ______/_________/________ Hora ___:____ ______ms ( ) < 450ms ( ) 450 – 470ms ( ) > 470ms<500 ( ) > 500ms
  • 12.
  • 13.
  • 14.
  • 15. Contatos Maurício I Scanavacca – mauricio.scanavacca@gmail.com Francisco Darrieux – frdarrieux@gmail.com Denise Hachul – denise.hachul@gmail.com Tan Chen Wu - tanchen.cardio@gmail.com Sissy Lara de Melo – sissy.lara@gmail.com Cristiano Pisani – cristianopisani@gmail.com Luciana Sacilotto – lu.sacilotto@gmail.com Savia Bueno – savia_bueno@hotmail.com Carina Hardy – hardycarina@gmail.com Esteban Rivarola – eteban@hotmail.com Muhieddine Omar Chokr – muhieddinechokr@hotmail.com Referências bibliográficas 1- Postema PG, Wilde AAM. The Measurement of the QT Interval. Curr Cardiol Reviews, 2014. 10:287-294. 2- Urgent Guidance for Navigating and Circumventing the QTc Prolonging and Torsadogenic Potential of Possible Pharmacotherapies for COVID-19. Giudicessi JR, Noseworthy PA, Friedman PA, Ackerman MJ. Mayo Clinic Proceedings March 25, 2020. 3- Nota Informativa Nº5/2020-DAF/SCTIE/MS 4- Tisdale JE, Jayes HA, Kingery JR, et al. Development and validation of a risk score to predict QT interval prolongation in hospitalized patients. Circ Cardiovasc Qual Outcomes. 2013;6:479-487. 5- Vandael E, Vandenberk B, vandenberghe J, Willems R, Foulon V. Risk Factors for QTc-prolongation:s systematic review of the evidence. Int J Clin Pharm. 2017. 39:16-25 6- El-Sherif N, Turitto G, Boutjdir M. Acquired Long QT Syndrome and Electrophysiology of Torsade de Pointes. Arrhythm Electrophysiol Rev. 2019;8(2):122–130. doi:10.15420/aer.2019.8.3.