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Acta Pediatr. Port., 2003; IV° 3; Vol. 34: 147-148
PONTO DE VISTA
Casuísticas, Amostras e Populações
DANIEL VI R ELLA
Unidade de Vigilãncia Pediátrica da SPP
Os artigos de opinião da Acta Pediátrica Portuguesa
são um forum privilegiado para a troca de pontos de vista
entre os pediatras. Foi com interesse que li o artigo de Ana
Isabel Lopes, "Reflexões sobre a Investigação Clínica
Hospitalar - da Necessidade aos Requisitos"' (Acta Pediatr.
Port., 2002,6(33):389-92), sobre a necessidade e obrigação
da investigação clínica em centros pediátricos de referên-
cia. Apraz-me vêr que vão surgindo mais vozes procla-
mando esta carência, particularmente entre os visados. É
bom que estas opiniões sejam expressas e que a SPP as
divulgue.
Como se supõe, concordo com a maioria das opiniões
expressas, discordando pontualmente de aspectos menores,
devidos provavelmente a pontos de vista diferentes, moti-
vados pelos diversos precursor profissionais de cada um. O
que motiva este texto é outro aspecto do artigo.
Não é desejável que um artigo visando um efeito
pedagógico e de sensibilização dos leitores (o que me
parece conseguido), tenha alguns erros de léxico, particu-
larmente de léxico epidemiológico, que importa corrigir,
para evitar a sua propagação.
O texto faz referência repetidamente à importância das
Unidades de referência aproveitarem "casuísticas represen-
tativas", constituídas pelos casos dos doentes acompa-
nhados nessas instituições. O erro não está, obviamente, na
necessidade de aproveitar o manancial de saber propor-
cionado pelo material humano (e não só) destas Unidades.
É claro que isso é correcto e desejável. O erro é de termi-
nologia e, talvez, de confusão de conceitos. Receio que
esta confusão se transmita também aos leitores.
A linguagem científica deve ser precisa, concisa e
informativa; a sua utilização correcta facilita que o nosso
pensamento também o seja e assim sejamos mais facil-
mente compreendidos.
Quer quando se desenha um estudo, quer quando ana-
lisamos dados do nosso trabalho clínico (ou de outros), é
fundamental saber claramente a proveniência da infor-
mação, de modo a aproveitá-la e processá-la correcta-
mente. Consoante a proveniência, um conjunto de indiví-
duos tem denominações concretas, que não só devem ser
utilizadas adequadamente como condicionam o tipo de
estudo a efectuar.
A Epidemiologia baseia todo o seu processo lógico na
associação de três parâmetros: o indivíduo, o espaço e o
tempo. É com base nestes parâmetros que definimos a
metodologia dos nossos estudos, os dados que procuramos
e os resultados que obtemos.
Considera-se "Universo" ou "População" uma colecção
completa de unidades2, i.e., a totalidade dos indivíduos que
partilham uma determinada característica definitória, num
determinado momento e abrangendo todo o espaço geográ-
fico. Estas "unidades" não são necessariamente apenas
indivíduos: podem ser também instituições, registos ou
acontecimentos2. Apesar de serem sinónimos, o termo
"População" aplica-se preferentemente ao conjunto de indi-
víduos existentes num espaço geográfico amplo mas limi-
tado, como um continente, região ou país.
O conhecimento directo de todas as unidades consti-
tuintes de um "Universo" ou "População" é quase sempre
impossível ou inexequível na prática, o que condiciona a
impossibilidade de conhecimento directo e completo das
características do conjunto. Apenas quando as característi-
cas definitórias se referem a acontecimentos raros ou
pouco frequentes, é potencialmente possível um conheci-
mento directo e completo de todos os elementos de uma
população (através dum sistema de vigilância e registo).
Para suprir as necessidades de informação sobre popu-
lações muito numerosas, desenvolveram-se o conceito de
"amostra" e as técnicas de "amostragem". Uma "amostra"
é uma parte seleccionada de uma população (ou universo)2.
148 Casuísticas Amostras e Populações
A "amostragem" é o processo de selecção de um certo
número de indivíduos ou sujeitos de uma dada população2.
As conclusões tiradas com base no estudo de essa selecção
(a "amostra") podem, em certas circunstâncias, generalizar-
-se à população total submetida a esse processo, como é o
caso das amostras aleatórias probabilísticas. Neste caso,
diz-se que a • amostra é representativa da população2.
As "casuísticas" são um tipo particular de amostra, em
que a selecção é feita pelo facto de serem a totalidade dos
indivíduos com determinadas características definitórias
atendidos numa determinada instituição, num determinado
periodo de tempo ("casos"). Não se trata, portanto, de uma
selecção feita por meio de métodos probabilísticos, nem
mesmo sistemáticos, apenas eventualmente de conveniên-
cia, pelo que os resultados obtidos da sua análise não são
garantidamente generalizáveis à população à qual per-
tencem. Não devem ser habitualmente consideradas como
"representativas". Apenas em espaços geográficos em que
haja um sistema de referenciação efectivo, sendo todos os
casos que nele surjam atendidos numa só instituição ou,
quando sendo várias as instituições, é possível analizar o
conjunto de todos os casos, poderemos aspirar à represen-
tatividade e generalização dos resultados.
Assim, não é correcto falar de "casuísticas representa-
tivas" (como faz Ana Isabel Lopes), quando nos referimos
apenas aos casos atendidos numa das possíveis instituições
a que podem recorrer, no mesmo espaço geográfico. Na
acepção que pretende dar a Autora, é mais recomendável
utilizar os termos "grandes séries" ou "grandes casuísti-
cas".
Uma das formas de obter a representatividade dos
dados obtidos a partir de grandes casuísticas é utilizar sis-
temas de vigilância e registo, nacionais ou regionais, como
por exemplo a Unidade de Vigilância Pediátrica da
Sociedade Portuguesa de Pediatria' ou o Registo Nacional
do Muito Baixo Peso, da Secção de Neonatologia4.
Bibliografia:
1.Grupo Nacional do Muito Baixo Peso. Secção de Neonatologia da
Sociedade Portuguesa de Pediatria. Registo Nacional dos Recém-
-nascidos de Muito Baixo Peso. Rede de Investigação Neonatal
Nacional. Acta Pediatr Port 1999; 6 (30): 485-91.
2. Last JM. Um Dicionário de Epidemiologia (Editado para a
Associação Internacional de Epidemiologia). Oxford University
Press, 1988. Edição do Ministério da Saúde, Departamento de
Estudos e Planeamento da Saúde, Lisboa, 1995.
3. Lopes AI. Reflexões sobre a Investigação Clínica Hospitalar - da
Necessidade aos Requisitos. Acta Pediatr Port, 2002;6(33):389-92.
4. Primeiros seis meses de actividade da UVP-SPP''. Boletim da UVP--
SPP, 2001; 2:11-14.

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  • 1. Acta Pediatr. Port., 2003; IV° 3; Vol. 34: 147-148 PONTO DE VISTA Casuísticas, Amostras e Populações DANIEL VI R ELLA Unidade de Vigilãncia Pediátrica da SPP Os artigos de opinião da Acta Pediátrica Portuguesa são um forum privilegiado para a troca de pontos de vista entre os pediatras. Foi com interesse que li o artigo de Ana Isabel Lopes, "Reflexões sobre a Investigação Clínica Hospitalar - da Necessidade aos Requisitos"' (Acta Pediatr. Port., 2002,6(33):389-92), sobre a necessidade e obrigação da investigação clínica em centros pediátricos de referên- cia. Apraz-me vêr que vão surgindo mais vozes procla- mando esta carência, particularmente entre os visados. É bom que estas opiniões sejam expressas e que a SPP as divulgue. Como se supõe, concordo com a maioria das opiniões expressas, discordando pontualmente de aspectos menores, devidos provavelmente a pontos de vista diferentes, moti- vados pelos diversos precursor profissionais de cada um. O que motiva este texto é outro aspecto do artigo. Não é desejável que um artigo visando um efeito pedagógico e de sensibilização dos leitores (o que me parece conseguido), tenha alguns erros de léxico, particu- larmente de léxico epidemiológico, que importa corrigir, para evitar a sua propagação. O texto faz referência repetidamente à importância das Unidades de referência aproveitarem "casuísticas represen- tativas", constituídas pelos casos dos doentes acompa- nhados nessas instituições. O erro não está, obviamente, na necessidade de aproveitar o manancial de saber propor- cionado pelo material humano (e não só) destas Unidades. É claro que isso é correcto e desejável. O erro é de termi- nologia e, talvez, de confusão de conceitos. Receio que esta confusão se transmita também aos leitores. A linguagem científica deve ser precisa, concisa e informativa; a sua utilização correcta facilita que o nosso pensamento também o seja e assim sejamos mais facil- mente compreendidos. Quer quando se desenha um estudo, quer quando ana- lisamos dados do nosso trabalho clínico (ou de outros), é fundamental saber claramente a proveniência da infor- mação, de modo a aproveitá-la e processá-la correcta- mente. Consoante a proveniência, um conjunto de indiví- duos tem denominações concretas, que não só devem ser utilizadas adequadamente como condicionam o tipo de estudo a efectuar. A Epidemiologia baseia todo o seu processo lógico na associação de três parâmetros: o indivíduo, o espaço e o tempo. É com base nestes parâmetros que definimos a metodologia dos nossos estudos, os dados que procuramos e os resultados que obtemos. Considera-se "Universo" ou "População" uma colecção completa de unidades2, i.e., a totalidade dos indivíduos que partilham uma determinada característica definitória, num determinado momento e abrangendo todo o espaço geográ- fico. Estas "unidades" não são necessariamente apenas indivíduos: podem ser também instituições, registos ou acontecimentos2. Apesar de serem sinónimos, o termo "População" aplica-se preferentemente ao conjunto de indi- víduos existentes num espaço geográfico amplo mas limi- tado, como um continente, região ou país. O conhecimento directo de todas as unidades consti- tuintes de um "Universo" ou "População" é quase sempre impossível ou inexequível na prática, o que condiciona a impossibilidade de conhecimento directo e completo das características do conjunto. Apenas quando as característi- cas definitórias se referem a acontecimentos raros ou pouco frequentes, é potencialmente possível um conheci- mento directo e completo de todos os elementos de uma população (através dum sistema de vigilância e registo). Para suprir as necessidades de informação sobre popu- lações muito numerosas, desenvolveram-se o conceito de "amostra" e as técnicas de "amostragem". Uma "amostra" é uma parte seleccionada de uma população (ou universo)2.
  • 2. 148 Casuísticas Amostras e Populações A "amostragem" é o processo de selecção de um certo número de indivíduos ou sujeitos de uma dada população2. As conclusões tiradas com base no estudo de essa selecção (a "amostra") podem, em certas circunstâncias, generalizar- -se à população total submetida a esse processo, como é o caso das amostras aleatórias probabilísticas. Neste caso, diz-se que a • amostra é representativa da população2. As "casuísticas" são um tipo particular de amostra, em que a selecção é feita pelo facto de serem a totalidade dos indivíduos com determinadas características definitórias atendidos numa determinada instituição, num determinado periodo de tempo ("casos"). Não se trata, portanto, de uma selecção feita por meio de métodos probabilísticos, nem mesmo sistemáticos, apenas eventualmente de conveniên- cia, pelo que os resultados obtidos da sua análise não são garantidamente generalizáveis à população à qual per- tencem. Não devem ser habitualmente consideradas como "representativas". Apenas em espaços geográficos em que haja um sistema de referenciação efectivo, sendo todos os casos que nele surjam atendidos numa só instituição ou, quando sendo várias as instituições, é possível analizar o conjunto de todos os casos, poderemos aspirar à represen- tatividade e generalização dos resultados. Assim, não é correcto falar de "casuísticas representa- tivas" (como faz Ana Isabel Lopes), quando nos referimos apenas aos casos atendidos numa das possíveis instituições a que podem recorrer, no mesmo espaço geográfico. Na acepção que pretende dar a Autora, é mais recomendável utilizar os termos "grandes séries" ou "grandes casuísti- cas". Uma das formas de obter a representatividade dos dados obtidos a partir de grandes casuísticas é utilizar sis- temas de vigilância e registo, nacionais ou regionais, como por exemplo a Unidade de Vigilância Pediátrica da Sociedade Portuguesa de Pediatria' ou o Registo Nacional do Muito Baixo Peso, da Secção de Neonatologia4. Bibliografia: 1.Grupo Nacional do Muito Baixo Peso. Secção de Neonatologia da Sociedade Portuguesa de Pediatria. Registo Nacional dos Recém- -nascidos de Muito Baixo Peso. Rede de Investigação Neonatal Nacional. Acta Pediatr Port 1999; 6 (30): 485-91. 2. Last JM. Um Dicionário de Epidemiologia (Editado para a Associação Internacional de Epidemiologia). Oxford University Press, 1988. Edição do Ministério da Saúde, Departamento de Estudos e Planeamento da Saúde, Lisboa, 1995. 3. Lopes AI. Reflexões sobre a Investigação Clínica Hospitalar - da Necessidade aos Requisitos. Acta Pediatr Port, 2002;6(33):389-92. 4. Primeiros seis meses de actividade da UVP-SPP''. Boletim da UVP-- SPP, 2001; 2:11-14.