O documento discute a exclusão social sob três dimensões: a ética da injustiça, a objetiva da desigualdade social e a subjetiva do sofrimento. Também aborda como o capitalismo gera contingentes populacionais marginais através das relações de produção e como a dialética inclusão-exclusão gesta subjetividades. A psicologia comunitária é apresentada como forma de trabalhar com as comunidades a partir de suas necessidades e potencializar sua conscientização.
1. AS ARTIMANHAS DA EXCLUSÃO
SOCIAL E PSICOLOGIA SOCIAL
COMUNITÁRIA
Fabiana Maiorino
TPS
2. Concepções e reflexões
• EXCLUSÃO SOCIAL – análises
centradas nos aspectos econômicos e
abordam a exclusão como sinônimo
de pobreza, a visões centradas em
teorias sociais que privilegiam a
discriminação
• Ambas visões não realizam uma
discussão adequada sobre a questão
da INJUSTIÇA SOCIAL
3. EXCLUSÃO SOCIAL
• Necessário observá-la como um processo sócio
histórico que atinge as diferentes esferas da vida
das pessoas, em seus sonhos, sentimentos e
ações.
• 3 dimensões:
• 1) dimensão ética da injustiça
• 2) dimensão objetiva da desigualdade social
• 3)dimensão subjetiva do sofrimento
4. CAPITALISMO- engrenagem
social
• RELAÇÕES PRODUTIVAS
QUE CRIAM O REFUGO
HUMANO
• Produção de contingentes
populacionais marginais –
necessário a engrenagem
econômica
• Exército de mão obra barata e
de reserva
5. CONTRADIÇÕES DO SISTEMA
CAPITALISTA
• Capitalismo emerge num sistema contraditório
• A sociedade exclui para incluir
• Todos estamos inseridos de algum modo, nem
sempre decente ou digno
• Visão da dialética exclusão e inclusão- a dialética
gesta subjetividades que vão desde sentir-se
incluído até o sentir-se discriminado
• Exclusão – dimensão política- há um
descompromisso político com o sofrimento do
outro ( invisibilidade social)
6.
7. DIALÉTICA INCLUSÃO E EXCLUSÃO
• Dialeticamente cresce a distância entre os
excluídos e incluídos, mas ao mesmo tempo,
essa distância é pequena, porque devido a
convivência em uma realidade tão desigual e
frágil socialmente, os incluídos estão
permanentemente ameaçados de perder os
direitos adquiridos.
8. EXCLUSÃO SOCIAL
• Teorias que vão explicá-la a partir das restrições
impostas pelas transformações do mundo do
trabalho , que geram desigualdades absurdas na
qualidade de vida.
• Rene Lenoir ( 1974) concepção de exclusão não
no escopo individual mas SOCIAL , cujos
princípios deveriam ser buscado na
compreensão do sistema moderno de produção.
• Motivos- rápido e desordenado crescimento
urbano, , inadaptação social, desenraizamento
profissional a partir da desigualdade de renda.
• Análise dos proletariados
9.
10. Martine Xiberras – uma visão
• ― EXCLUÍDOS SÃO
TODOS AQUELES
QUE SÃO
REJEITADOS DE
NOSSOS MERCADOS
MATERIAIS OU
SIMBOLICOS , DE
NOSSOS VALORES‖
11. Exclusão social
• Contextualização para explicar a exclusão – por
ex, no primeiro mundo ela está ligada a:
• Crise do Estado providência
• Transformações do mundo do trabalho
• Crise da sociedade salarial
• Desemprego estrutural
12. Visão do Robert Castell
• Fez uma análise histórica e antropológica sobre
a questão social centrada na sociedade salarial
• Emergência relação contratual de trabalho e os
que dela eram excluídos;
• Expõe a vulnerabilidade da situação dos pobres
e a exclusão do ponto de vista do não trabalho
• Caracterizar a exclusão como DESAFILIAÇÃO
13. BORDIEU
• Debruçou-se sobre a grande miséria do mundo
• Enfoque na dificuldade de acesso a simbolização
do mundo urbano , como os lugares de
hierarquização urbano e social , não acesso dos
vulneráveis a esses locais, com a subsequente
formação dos guetos e favelas
14. PROPOSTA DE JOSÉ DE SOUZA MARTINS
• Políticas neo liberais- promover políticas de
inclusão social fragéis e precárias—ao invés de
sobressair processos de exclusão, é um
mecanismo ideológico que destaca a inclusão
mas aquela que interessa ao Estado produtivo.
• Ex- consumismo e a força midiática
• Homem rico e consumidor- padrão para ser
consumido e repetido- mimetiza-los – nisso
reside ideologicamente a igualdade.
15. Apartação social
• Cristóvão Buarque ( 1993) – processo pelo qual
denomina-se o OUTRO como um ser à parte-
não apenas como um desigual mas como um não
semelhante, é um ser expulso do gênero
humano.
• Situação de INTOLERANCIA SOCIAL
• Transmutação direito em FAVOR –
apadrinhamento social e tutela assistencialista
16. APARTAÇÃO SOCIAL
• TAMBÉM GERA-SE UM SOCIABILIDADE DA
APARTAÇÃO E DO CONFINAMENTO
ATRAVÉS DA COMUNICAÇÃO MEDIÁTICA ,
NAS REDES , QUE PARECEM SUBSTITUIR A
CONSTRUÇÃO DE UM ESPAÇO PÚBLICO
SIGNIFICATIVO E ENRAIZADOR
• ESPETACULARIZAÇÃO DA POLÍTICA E DOS
EVENTOS PÚBLICOS
• CPIS E REALITY SHOWS
17. FENOMENO DA POBREZA
• FENÔMENO MULTIDIMENSIONAL- é
construída social e relativamente, seu sentido é
atribuído pelo conjunto da sociedade.
• Não resulta apenas da falta de renda
• Precário acesso aos serviços públicos
• Ausência de poder social
• Privação do poder representacional social
• Inúmeras trajetórias de desvinculação social
• Fragilidade de vínculos familiares, comunidade
• Isolamento social e solidão
18. EXCLUSÃO E GLOBALIZAÇÃO
• A Exclusão contemporânea é
diferente das formas
anteriores de discriminações,
cria-se hoje
internacionalmente indivíduos
inteiramente desnecessários
ao universo produtivo, para os
quais parece não haver mais
possibilidades de inserção.
19. EXCLUSÃO E HUMILHAÇÃO
• Exclusão gera o sentimento de humilhação- não
pertencimento – impede qualquer sentimento de
pertinência- o que aumenta consideravelmente o
risco de isolamento entre os membros.
• Processo de desqualificação social – que os
empurra para a esfera da inatividade e da
dependência dos serviços sociais.
• Desqualificação social é uma relação de
interdependência entre os pobres e o resto da
sociedade – situação instável, os incluídos
temem ser excluídos.
20. Ruptura dos vínculos sociais
• Recentes pesquisas na França demonstram que
que a precariedade da vida profissional está
correlacionada com uma diminuição da
sociabilidade:
• Os desempregados tendem a ter relações mais
distantes com os membros da sua família
• Encontram menor ajuda do seu meio social
• Desclassificação social é uma experiência
humilhante, ela desastabiliza as relações com o
outro, levando o indivíduo a fechar-se sobre si
mesmo
• Degradação da saúde mental e física
21. A discussão da exclusão a partir da
dimensão afetiva e psicológica
(SAWAIA)
• Bader Sawaia tem demonstrado que é necessário
examinar a dialética exclusão e inclusão, a partir das
dimensões sofrimento e felicidade como
sentimentos intrínsecos a essa relação.
• Refletir a exclusão a partir da AFETIVIDADE e de
qualificá-la como ético política, recuperando o
indivíduo perdido nas análises econômicas e
políticas.
• Bordieu- combater a tecnocracia e propoe a
substituição da economia de visão curta pela
economia da felicidade.
22. Afetividade e exclusão
• Espinoza- a paixão constitui o caminho à
compreensão e ao combate da servidão e da tirania-
é a base da ética, da sabedoria e da ação coletiva.
• Espinoza- apresenta um sistema de idéias onde o
psi, social e o política se entrelaçam e se revertem
uns nos outros.
• Agnes Heller- vai falar do SOFRIMENTO que é a
dor mediada pelas injustiças sociais- precisamos nos
reapropriar desse sofrimento.
• Prática da Felicidade ético política- é sentida
quando se ultrapassa a prática do individualismo e
do corporativismo para abrir-se à humanidade.
(Simone Weil)
23. Espinoza e potência de ação
• Filosofia política de Espinosa é ética e remete à
humanidade- potência de libertação
acompanhada por afeto, pressupõe o
desenvolvimento de valores éticos na forma de
sentimentos e necessidades, para superar o
sofrimento ético político, a ética so aparece no
homem qdo ele percebe que o que maior bem faz
para o seu ser, é um OUTRO SER humano.
24. Como trabalhar com a psi social?
• Histórica da Psicologia comunitária: meados da
déc 60, utilização de teorias e métodos da
psicologia em comunidades de baixa renda
• Desilitizar a profissão
• Melhoria das condições de vida da população
trabalhadora
• Locus- bairros populares, favelas, associações de
bairro, comunidades eclesiais, movimentos
populares.
25. HISTÓRICO DA PSI COMUNITÁRIA
• Dec 40 e 50- mudanças no modelo produtivo no
Brasil , saindo do agropecuário e ingressando no
modelo industrial
• Preparação dos setores populares para inserção
no mundo do trabalho – mão de obra baratas
• Crescimento urbano, contradições capitalistas
• Crescimento da inflação, desemprego, e pobreza
em ritmo acelerado.
26. HISTÓRICO DA PSI COMUNITÁRIA
• Surgimento da psi comunitária na déc 70 como
reação da opressão política e dominação
econômica e ideológica que caracterizaram o
período militar.
• Ações de cunho social assistencialista
• Dec 60 – preocupação com a educação popular,
tendo como meta a conscientização da
população.
• Trabalhos comunitários na zona rural
27. Dec 90 – psicologia da comunidade
• São práticas desenvolvidas em postos de saúde,
secretária do bem estar ou institucional
• Questões ligadas à saúde mental, bem estar,
qualidade de vida
28. PSICOLOGIA COMUNITÁRIA
• Partem de um levantamento das necessidades e
carências vividas pelos grupos clientes,
principalmente as condições de saúde, educação
e saneamento básico.
• Métodos e técnicas de conscientização
• Construir com os sujeitos uma política de
conscientização – tornar os sujeitos ativos
• Busca de soluções ativas frente as necessidades
• Desenvolver práticas cooperativas
29. Valores norteadores da Psi Comunitária
• Os trabalhos de psicologia comunitária
enfatizam sobretudo a ética da solidariedade , os
direitos humanos fundamentais e a busca de
melhoria da qualidade de vida.
• Questionam-se as formas de opressão e
dominação
• Práticas de auto gestão cooperativa
30. PSI COMUNITÁRIA
• Góis- define a psi comunitária como uma área
da psicologia social que estuda a atividade do
psiquismo decorrente do modo de vida do lugar
comunidades, estuda o sistema de relações e
representações, identidade, níveis de
consciência, identificação e pertinência dos
indivíduos ao lugar comunidade.
• Transformar o indivíduo em SUJEITO