SlideShare a Scribd company logo
1 of 5
Download to read offline
TERROR ALÉM DO MEDO
Ivanir França*1
MONSTER. Produção Isabel Perez; Annmeree Bell.
Direção: Jennifer Kent. 20052
.
Um menino (Samuel) vestido de cavaleiro Cruzado salta da cama, empunha sua espada de
madeira, imobiliza seu inimigo – inerte no chão – com o pé esquerdo e desfere vários golpes
ao indefeso boneco de pano. Com um grito estridente, típico de crianças menores de 10 anos,
o garoto “finaliza” seu adversário com uma panelada.
A cena, corriqueira da brincadeira é cortada pelo título do filme: Monster. Há, neste pequeno
trecho inúmeros elementos narrativos suficientes para posicionar o espectador sobre a
abordagem do curta.
A textura desaturada da película, filmada em preto e branco, dá ao curta - de Jennifer Kent -
um tom de filme dos anos 30, década em que o terror teve seu boom. Stephen King comenta
em seu livro Dança Macabra (2012) que os anos 30 deram vazão ao gênero, principalmente
como escape à grande depressão.
Desde então o terror consagrou-se como um dos gêneros mais “atraentes” do cinema.
Contudo, o que nos atrai a ele? King (2012) comenta: “O terror nos atrai porque ele diz, de
uma forma simbólica, coisas que teríamos medo de falar abertamente, aos quatro ventos; ele
nos dá a chance de exercitar emoções que a sociedade nos exige manter sob controle”. Em
outras palavras, você pode chafurdar no obscuro da sua alma ao ver um feixe de luz emitido
por um projetor, desde que eles “realmente” não existam.
É essa concepção que Jennifer parece querer quebrar. Ela utiliza-se de uma linguagem já
usada e reusada no gênero e ao mesmo tempo confronta essas ideias por meio de uma
abordagem de terror psicológico, não carregando a película de estereótipos clássicos do
1 Jornalista graduado pelo Centro Universitário Estácio de Sá; pós graduando em Cinema pela
Universidade Tuiuti do Paraná e mestrando em Literatura pela Universidade Federal de Santa
Catarina.
2 Resenha crítica apresentada como Trabalho de Conclusão do Curso para a obtenção do título de
Pós graduação em Cinema pela Universidade Tuiuti do Paraná.
1
terror. Isto é, partindo dos conceitos de King (2012), uma mescla entre o mal interior
(vontade consciente de se praticar o mal) e o mal exterior (maldade predestinada, que é
atribuída a você).
O filme ‘recomeça’ com um plano geral externo. O espectador visualiza a mãe de Samuel em
frente à pia com louças sujas e ao fundo ele corre pela casa, com espada em punho, aos urros.
Entre os gritos, há frases em referência ao monstro – até então representado pelo boneco.
Além disso, uma tomada rápida sobre um prato com sobras de comida mostra insetos
alimentando-se dos restos. Trata-se de uma cena característica de filmes de terror, onde
constrói-se a ideia de elementos demoníacos ou possessões. No entanto, a cena é confrontada
com uma tomada da mãe olhando o vazio em transe.
Sua concentração é quebrada por um grito de horror do menino. A tomada mostra Samuel
olhando por entre a porta entreaberta do armário. A cena é interessante, pois o garoto não
está horrorizado, mas sim curioso. Essa evocação, contrastando elemento sonoro e visual,
provoca no espectador uma dúvida sobre a real intenção do garoto.
Sua mãe aparece, ele corre aos seus braços. Há por parte dela o revés, a negação à existência
do monstro. O garoto se desvencilha dos braços dela e corre a outro cômodo. Ela afirma: “é
só um boneco”. Ele, em tom de curiosidade e desafio, dispara: “Não, ele existe de verdade!”.
Algumas partes da cena são filmadas em primeira pessoa – pelo vão da porta do armário – o
que sugere ao espectador que há algo ali. E, ele está ao lado de quem, em posição de voyer,
visualiza a cena na segurança proporcionada pela quarta parede. A tomada segue com a mãe
abrindo o armário e o garoto a interpelando com a frase: “Ele disse que vai me devorar”. A
mãe tem uma reação imediata, violenta, sacudindo o garoto e mandando-o parar. Pós
explosão, há o tradicional arrependimento pela agressividade e o convite para passar a noite
no quarto com a ela.
A tensão da cena é quebrada pelo chio de uma panela sem água sobre o fogo. O corte
providencial tem como objetivo levar o espectador a outro ambiente, fora da cena
visualizada. A mulher joga a panela vazia na água e o espectador é levado com ela ao
banheiro, com Samuel mergulhado na banheira brincando com aviões e navios de guerra.
2
A cena dura alguns segundos e enquanto Samuel rende-se à brincadeira, a mãe vai até o
armário buscar roupas. A tomada, gravada no contra luz, traz ao espectador a silhueta do
rosto da mãe escolhendo as roupas.
Ao finalizar a tarefa, ela detém-se e olha ao fundo do armário e vê o monstro pela primeira
vez. Também, entre curiosidade e medo ela dá alguns passos para trás, e a porta do armário
se fecha. Um pouco receosa ela volta a abri-lo, para notar com alívio que não há nada ali.
Essa estrutura de terror não é explícita, quer dizer, não há elementos suficientes de impacto
no ecrã que divulguem ao espectador o horror vivenciado na cena. São sutis pontos que
fazem com que o espectador atue na montagem do que está acontecendo. King (2012)
defende: “o trabalho de terror se transforma realmente em uma dança – uma busca ritmada,
em movimento. E o que ela procura é o lugar onde você, o espectador ou leitor, viva no seu
nível mais primário”.
A assertiva de King (2012) é comprovada no ato final do curta. No quarto, ao lado da
pretensa segurança da mãe, Samuel distrai-se com a história dos três porquinhos, narrada
pela progenitora. Dá-se início à parte mais carregada do filme, onde o terror explícito
trabalha em parceria com o terror psicológico.
Ouve-se barulhos vindos de fora do quarto, a mãe levanta-se e abre a porta. E pela primeira
vez explicitamente vemos o monstro. A mãe depara-se com ele cara a cara e ele some.
Samuel grita. A mãe fecha a porta, olha para ele e diz: “está tudo bem!”. Ele responde com
um sussurro: “embaixo da cama”. Ela volta a abrir a porta e sai do quarto. À suas costas a luz
apaga-se e Samuel emite um grito de terror.
Note que, embora o espectador já tenha ficado frente a frente com o monstro, ele ainda é um
ser obscuro, distante. Que age nas sombras. King (2012) salienta que este processo é o que
torna o terror uma arte, pois ele está em busca de alcançar algo além do que é visual. “Está
procurando pelo que eu chamaria de pontos de pressão fóbica. A boa história de terror vai se
embrenhar no seu centro mais vital e encontrar a porta secreta para a sala que você
acreditava que ninguém além de você conhecia”.
3
E é nesse ponto que Jennifer surpreende. A tomada final do filme é primordial e ao mesmo
tempo completamente aterrorizadora. A mãe volta ao quarto, o monstro está sobre a cama,
Samuel no chão encolhido com a cabeça entre as pernas. A mãe resolve confrontar o
monstro. E em um ato de “coragem” ameaça-o de morte: “Se você voltar aqui, sem minha
autorização, eu vou matá-lo”.
A cena que segue e a frase dão ao espectador elementos narrativos suficientes para entender
que o monstro que aterroriza o garoto é um monstro criado pela mãe. A mãe vai até o armário
e encarando o monstro fecha-o ali. Samuel, alheio ao que ocorreu neste lapso temporal,
dorme tranquilamente.
O dia amanhece, a mãe levanta-se e numa referência ao que menciona King (2012), esconde
seu monstro no lugar mais escuro da casa – armário -, mas o alimenta com um copo de leite.
Ou seja, retornamos ao terceiro parágrafo: “O terror nos atrai porque ele diz, de uma forma
simbólica, coisas que teríamos medo de falar abertamente, aos quatro ventos; ele nos dá a
chance de exercitar emoções que a sociedade nos exige manter sob controle”.
4
REFERÊNCIAS
KING, Stephen, Dança Macabra. 1. ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.
MONSTER. Produção Isabel Perez; Annmeree Bell. Direção: Jennifer Kent. 2005.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=s6n7MpB8xdU>. Acesso em 15 fev.
2015.
5

More Related Content

Viewers also liked

Sports Sector Book
Sports Sector BookSports Sector Book
Sports Sector BookMark Ludtka
 
Tableau & MongoDB: Visual Analytics at the Speed of Thought
Tableau & MongoDB: Visual Analytics at the Speed of ThoughtTableau & MongoDB: Visual Analytics at the Speed of Thought
Tableau & MongoDB: Visual Analytics at the Speed of ThoughtMongoDB
 
Revolução Francesa - Daniel Silva
Revolução Francesa - Daniel SilvaRevolução Francesa - Daniel Silva
Revolução Francesa - Daniel SilvaTurma Olímpica
 
Gabaritos exercícios do livro revolução francesa e napoleão
Gabaritos exercícios do livro revolução francesa e napoleãoGabaritos exercícios do livro revolução francesa e napoleão
Gabaritos exercícios do livro revolução francesa e napoleãoProfessoresColeguium
 
Atividades de História: Revolução Francesa
Atividades de História: Revolução FrancesaAtividades de História: Revolução Francesa
Atividades de História: Revolução FrancesaDoug Caesar
 
Atividades Revolução Francesa Charges
Atividades Revolução Francesa ChargesAtividades Revolução Francesa Charges
Atividades Revolução Francesa ChargesDoug Caesar
 
Palavras cruzadas revolução francesa
Palavras cruzadas revolução francesaPalavras cruzadas revolução francesa
Palavras cruzadas revolução francesaDoug Caesar
 
A revolução francesa em imagens
A revolução francesa em imagensA revolução francesa em imagens
A revolução francesa em imagensAnderson Torres
 
Henze Hallmark Transcript
Henze Hallmark TranscriptHenze Hallmark Transcript
Henze Hallmark TranscriptJohn Henze
 
Herramientas tic
Herramientas ticHerramientas tic
Herramientas ticItive1960
 
Apresentação da NEXUS
Apresentação da NEXUSApresentação da NEXUS
Apresentação da NEXUSnexusbr
 

Viewers also liked (20)

Sports Sector Book
Sports Sector BookSports Sector Book
Sports Sector Book
 
Happen
HappenHappen
Happen
 
Revolução francesa
Revolução francesaRevolução francesa
Revolução francesa
 
Revolucao francesa
Revolucao francesaRevolucao francesa
Revolucao francesa
 
Revolução francesa
Revolução francesaRevolução francesa
Revolução francesa
 
Tableau & MongoDB: Visual Analytics at the Speed of Thought
Tableau & MongoDB: Visual Analytics at the Speed of ThoughtTableau & MongoDB: Visual Analytics at the Speed of Thought
Tableau & MongoDB: Visual Analytics at the Speed of Thought
 
Revolução Francesa - Daniel Silva
Revolução Francesa - Daniel SilvaRevolução Francesa - Daniel Silva
Revolução Francesa - Daniel Silva
 
Gabaritos exercícios do livro revolução francesa e napoleão
Gabaritos exercícios do livro revolução francesa e napoleãoGabaritos exercícios do livro revolução francesa e napoleão
Gabaritos exercícios do livro revolução francesa e napoleão
 
Atividades de História: Revolução Francesa
Atividades de História: Revolução FrancesaAtividades de História: Revolução Francesa
Atividades de História: Revolução Francesa
 
Atividades Revolução Francesa Charges
Atividades Revolução Francesa ChargesAtividades Revolução Francesa Charges
Atividades Revolução Francesa Charges
 
Palavras cruzadas revolução francesa
Palavras cruzadas revolução francesaPalavras cruzadas revolução francesa
Palavras cruzadas revolução francesa
 
2 ano revolucao francesa
2 ano   revolucao francesa2 ano   revolucao francesa
2 ano revolucao francesa
 
Revolucao francesa 2014
Revolucao francesa 2014Revolucao francesa 2014
Revolucao francesa 2014
 
A revolução francesa em imagens
A revolução francesa em imagensA revolução francesa em imagens
A revolução francesa em imagens
 
Henze Hallmark Transcript
Henze Hallmark TranscriptHenze Hallmark Transcript
Henze Hallmark Transcript
 
Herramientas tic
Herramientas ticHerramientas tic
Herramientas tic
 
Aula 1
Aula 1Aula 1
Aula 1
 
Recanto Mais Taquara
Recanto Mais Taquara Recanto Mais Taquara
Recanto Mais Taquara
 
Registro teresinha
Registro teresinhaRegistro teresinha
Registro teresinha
 
Apresentação da NEXUS
Apresentação da NEXUSApresentação da NEXUS
Apresentação da NEXUS
 

Similar to TERROR ALÉM DO MEDO

Violência e desenhos animados
Violência e desenhos animadosViolência e desenhos animados
Violência e desenhos animadossaracdamasioo
 
3096 dias de cativeiro
3096 dias de cativeiro3096 dias de cativeiro
3096 dias de cativeiroAnaGomes40
 
A outra volta do parafuso análise cinema.pptx
A outra volta do parafuso análise cinema.pptxA outra volta do parafuso análise cinema.pptx
A outra volta do parafuso análise cinema.pptxLeandro Zago
 
E vai rolar a festa... monet127 - outubro2013
E vai rolar a festa...   monet127 - outubro2013E vai rolar a festa...   monet127 - outubro2013
E vai rolar a festa... monet127 - outubro2013Raquel Temistocles
 
Dossier de pré produção
Dossier de pré produçãoDossier de pré produção
Dossier de pré produçãoRui Cardoso
 
Análise Semiótica - O Labirinto do Fauno - Primeira e Última Cena
Análise Semiótica - O Labirinto do Fauno - Primeira e Última CenaAnálise Semiótica - O Labirinto do Fauno - Primeira e Última Cena
Análise Semiótica - O Labirinto do Fauno - Primeira e Última CenaDaniel Caldas
 
Adaptação do livro supernatural monstros, espíritos, demônios e ghouls(http...
Adaptação do livro supernatural   monstros, espíritos, demônios e ghouls(http...Adaptação do livro supernatural   monstros, espíritos, demônios e ghouls(http...
Adaptação do livro supernatural monstros, espíritos, demônios e ghouls(http...douglassamurai
 
Cinema & psiquiatria IPUB/UFRJ
Cinema & psiquiatria IPUB/UFRJCinema & psiquiatria IPUB/UFRJ
Cinema & psiquiatria IPUB/UFRJIpub Ufrj
 
Revista medo
Revista medoRevista medo
Revista medosylvio612
 
Os destaques da segunda parte de A Torre InversaA
Os destaques da segunda parte de  A Torre InversaAOs destaques da segunda parte de  A Torre InversaA
Os destaques da segunda parte de A Torre InversaAAlexVieira3705
 
2014 união da ponte
2014   união da ponte2014   união da ponte
2014 união da ponteLelioGomes
 
Trabalho de apresentaçao mult. Dara e Ingrid
Trabalho de apresentaçao mult. Dara e IngridTrabalho de apresentaçao mult. Dara e Ingrid
Trabalho de apresentaçao mult. Dara e IngridDara Franzen Genehr
 

Similar to TERROR ALÉM DO MEDO (20)

Violência e desenhos animados
Violência e desenhos animadosViolência e desenhos animados
Violência e desenhos animados
 
3096 dias de cativeiro
3096 dias de cativeiro3096 dias de cativeiro
3096 dias de cativeiro
 
A outra volta do parafuso análise cinema.pptx
A outra volta do parafuso análise cinema.pptxA outra volta do parafuso análise cinema.pptx
A outra volta do parafuso análise cinema.pptx
 
E vai rolar a festa... monet127 - outubro2013
E vai rolar a festa...   monet127 - outubro2013E vai rolar a festa...   monet127 - outubro2013
E vai rolar a festa... monet127 - outubro2013
 
Dossier de pré produção
Dossier de pré produçãoDossier de pré produção
Dossier de pré produção
 
Falando sobre cinema
Falando sobre cinemaFalando sobre cinema
Falando sobre cinema
 
Análise Semiótica - O Labirinto do Fauno - Primeira e Última Cena
Análise Semiótica - O Labirinto do Fauno - Primeira e Última CenaAnálise Semiótica - O Labirinto do Fauno - Primeira e Última Cena
Análise Semiótica - O Labirinto do Fauno - Primeira e Última Cena
 
Zumbisinos
ZumbisinosZumbisinos
Zumbisinos
 
Historias de terror
Historias de terrorHistorias de terror
Historias de terror
 
Adaptação do livro supernatural monstros, espíritos, demônios e ghouls(http...
Adaptação do livro supernatural   monstros, espíritos, demônios e ghouls(http...Adaptação do livro supernatural   monstros, espíritos, demônios e ghouls(http...
Adaptação do livro supernatural monstros, espíritos, demônios e ghouls(http...
 
Supernatural
SupernaturalSupernatural
Supernatural
 
Filmes Psicologia - Que Todo Psicólogo Assiste
Filmes Psicologia - Que Todo Psicólogo AssisteFilmes Psicologia - Que Todo Psicólogo Assiste
Filmes Psicologia - Que Todo Psicólogo Assiste
 
Documento5
Documento5Documento5
Documento5
 
Cinema & psiquiatria IPUB/UFRJ
Cinema & psiquiatria IPUB/UFRJCinema & psiquiatria IPUB/UFRJ
Cinema & psiquiatria IPUB/UFRJ
 
Revista medo
Revista medoRevista medo
Revista medo
 
Os destaques da segunda parte de A Torre InversaA
Os destaques da segunda parte de  A Torre InversaAOs destaques da segunda parte de  A Torre InversaA
Os destaques da segunda parte de A Torre InversaA
 
2014 união da ponte
2014   união da ponte2014   união da ponte
2014 união da ponte
 
Trabalho de apresentaçao mult. Dara e Ingrid
Trabalho de apresentaçao mult. Dara e IngridTrabalho de apresentaçao mult. Dara e Ingrid
Trabalho de apresentaçao mult. Dara e Ingrid
 
R.l.styne
R.l.styneR.l.styne
R.l.styne
 
R.L.Styne
R.L.StyneR.L.Styne
R.L.Styne
 

Recently uploaded

Caderno de exercícios Revisão para o ENEM (1).pdf
Caderno de exercícios Revisão para o ENEM (1).pdfCaderno de exercícios Revisão para o ENEM (1).pdf
Caderno de exercícios Revisão para o ENEM (1).pdfJuliana Barbosa
 
M0 Atendimento – Definição, Importância .pptx
M0 Atendimento – Definição, Importância .pptxM0 Atendimento – Definição, Importância .pptx
M0 Atendimento – Definição, Importância .pptxJustinoTeixeira1
 
Historia de Portugal - Quarto Ano - 2024
Historia de Portugal - Quarto Ano - 2024Historia de Portugal - Quarto Ano - 2024
Historia de Portugal - Quarto Ano - 2024Cabiamar
 
Aula 25 - A america espanhola - colonização, exploraçãp e trabalho (mita e en...
Aula 25 - A america espanhola - colonização, exploraçãp e trabalho (mita e en...Aula 25 - A america espanhola - colonização, exploraçãp e trabalho (mita e en...
Aula 25 - A america espanhola - colonização, exploraçãp e trabalho (mita e en...MariaCristinaSouzaLe1
 
Apresentação | Dia da Europa 2024 - Celebremos a União Europeia!
Apresentação | Dia da Europa 2024 - Celebremos a União Europeia!Apresentação | Dia da Europa 2024 - Celebremos a União Europeia!
Apresentação | Dia da Europa 2024 - Celebremos a União Europeia!Centro Jacques Delors
 
Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...
Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...
Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...azulassessoria9
 
Sistema articular aula 4 (1).pdf articulações e junturas
Sistema articular aula 4 (1).pdf articulações e junturasSistema articular aula 4 (1).pdf articulações e junturas
Sistema articular aula 4 (1).pdf articulações e junturasrfmbrandao
 
aprendizagem significatica, teórico David Ausubel
aprendizagem significatica, teórico David Ausubelaprendizagem significatica, teórico David Ausubel
aprendizagem significatica, teórico David Ausubeladrianaguedesbatista
 
MESTRES DA CULTURA DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
MESTRES DA CULTURA DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdfMESTRES DA CULTURA DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
MESTRES DA CULTURA DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdfprofesfrancleite
 
ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024azulassessoria9
 
ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024azulassessoria9
 
Falando de Física Quântica apresentação introd
Falando de Física Quântica apresentação introdFalando de Física Quântica apresentação introd
Falando de Física Quântica apresentação introdLeonardoDeOliveiraLu2
 
atividade-de-portugues-paronimos-e-homonimos-4º-e-5º-ano-respostas.pdf
atividade-de-portugues-paronimos-e-homonimos-4º-e-5º-ano-respostas.pdfatividade-de-portugues-paronimos-e-homonimos-4º-e-5º-ano-respostas.pdf
atividade-de-portugues-paronimos-e-homonimos-4º-e-5º-ano-respostas.pdfAutonoma
 
Sistema de Bibliotecas UCS - Cantos do fim do século
Sistema de Bibliotecas UCS  - Cantos do fim do séculoSistema de Bibliotecas UCS  - Cantos do fim do século
Sistema de Bibliotecas UCS - Cantos do fim do séculoBiblioteca UCS
 
Aula 1 - Psicologia Cognitiva, aula .ppt
Aula 1 - Psicologia Cognitiva, aula .pptAula 1 - Psicologia Cognitiva, aula .ppt
Aula 1 - Psicologia Cognitiva, aula .pptNathaliaFreitas32
 
O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...
O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...
O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...azulassessoria9
 
INTERTEXTUALIDADE atividade muito boa para
INTERTEXTUALIDADE   atividade muito boa paraINTERTEXTUALIDADE   atividade muito boa para
INTERTEXTUALIDADE atividade muito boa paraAndreaPassosMascaren
 
apostila filosofia 1 ano 1s (1).pdf 1 ANO DO ENSINO MEDIO . CONCEITOSE CARAC...
apostila filosofia 1 ano  1s (1).pdf 1 ANO DO ENSINO MEDIO . CONCEITOSE CARAC...apostila filosofia 1 ano  1s (1).pdf 1 ANO DO ENSINO MEDIO . CONCEITOSE CARAC...
apostila filosofia 1 ano 1s (1).pdf 1 ANO DO ENSINO MEDIO . CONCEITOSE CARAC...SileideDaSilvaNascim
 
ATIVIDADE 3 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 3 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024ATIVIDADE 3 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 3 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024azulassessoria9
 

Recently uploaded (20)

Caderno de exercícios Revisão para o ENEM (1).pdf
Caderno de exercícios Revisão para o ENEM (1).pdfCaderno de exercícios Revisão para o ENEM (1).pdf
Caderno de exercícios Revisão para o ENEM (1).pdf
 
M0 Atendimento – Definição, Importância .pptx
M0 Atendimento – Definição, Importância .pptxM0 Atendimento – Definição, Importância .pptx
M0 Atendimento – Definição, Importância .pptx
 
Historia de Portugal - Quarto Ano - 2024
Historia de Portugal - Quarto Ano - 2024Historia de Portugal - Quarto Ano - 2024
Historia de Portugal - Quarto Ano - 2024
 
Aula 25 - A america espanhola - colonização, exploraçãp e trabalho (mita e en...
Aula 25 - A america espanhola - colonização, exploraçãp e trabalho (mita e en...Aula 25 - A america espanhola - colonização, exploraçãp e trabalho (mita e en...
Aula 25 - A america espanhola - colonização, exploraçãp e trabalho (mita e en...
 
Apresentação | Dia da Europa 2024 - Celebremos a União Europeia!
Apresentação | Dia da Europa 2024 - Celebremos a União Europeia!Apresentação | Dia da Europa 2024 - Celebremos a União Europeia!
Apresentação | Dia da Europa 2024 - Celebremos a União Europeia!
 
Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...
Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...
Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...
 
Sistema articular aula 4 (1).pdf articulações e junturas
Sistema articular aula 4 (1).pdf articulações e junturasSistema articular aula 4 (1).pdf articulações e junturas
Sistema articular aula 4 (1).pdf articulações e junturas
 
aprendizagem significatica, teórico David Ausubel
aprendizagem significatica, teórico David Ausubelaprendizagem significatica, teórico David Ausubel
aprendizagem significatica, teórico David Ausubel
 
MESTRES DA CULTURA DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
MESTRES DA CULTURA DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdfMESTRES DA CULTURA DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
MESTRES DA CULTURA DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
 
ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
 
ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
 
Falando de Física Quântica apresentação introd
Falando de Física Quântica apresentação introdFalando de Física Quântica apresentação introd
Falando de Física Quântica apresentação introd
 
atividade-de-portugues-paronimos-e-homonimos-4º-e-5º-ano-respostas.pdf
atividade-de-portugues-paronimos-e-homonimos-4º-e-5º-ano-respostas.pdfatividade-de-portugues-paronimos-e-homonimos-4º-e-5º-ano-respostas.pdf
atividade-de-portugues-paronimos-e-homonimos-4º-e-5º-ano-respostas.pdf
 
Sistema de Bibliotecas UCS - Cantos do fim do século
Sistema de Bibliotecas UCS  - Cantos do fim do séculoSistema de Bibliotecas UCS  - Cantos do fim do século
Sistema de Bibliotecas UCS - Cantos do fim do século
 
Aula 1 - Psicologia Cognitiva, aula .ppt
Aula 1 - Psicologia Cognitiva, aula .pptAula 1 - Psicologia Cognitiva, aula .ppt
Aula 1 - Psicologia Cognitiva, aula .ppt
 
O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...
O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...
O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...
 
Novena de Pentecostes com textos de São João Eudes
Novena de Pentecostes com textos de São João EudesNovena de Pentecostes com textos de São João Eudes
Novena de Pentecostes com textos de São João Eudes
 
INTERTEXTUALIDADE atividade muito boa para
INTERTEXTUALIDADE   atividade muito boa paraINTERTEXTUALIDADE   atividade muito boa para
INTERTEXTUALIDADE atividade muito boa para
 
apostila filosofia 1 ano 1s (1).pdf 1 ANO DO ENSINO MEDIO . CONCEITOSE CARAC...
apostila filosofia 1 ano  1s (1).pdf 1 ANO DO ENSINO MEDIO . CONCEITOSE CARAC...apostila filosofia 1 ano  1s (1).pdf 1 ANO DO ENSINO MEDIO . CONCEITOSE CARAC...
apostila filosofia 1 ano 1s (1).pdf 1 ANO DO ENSINO MEDIO . CONCEITOSE CARAC...
 
ATIVIDADE 3 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 3 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024ATIVIDADE 3 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 3 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
 

TERROR ALÉM DO MEDO

  • 1. TERROR ALÉM DO MEDO Ivanir França*1 MONSTER. Produção Isabel Perez; Annmeree Bell. Direção: Jennifer Kent. 20052 . Um menino (Samuel) vestido de cavaleiro Cruzado salta da cama, empunha sua espada de madeira, imobiliza seu inimigo – inerte no chão – com o pé esquerdo e desfere vários golpes ao indefeso boneco de pano. Com um grito estridente, típico de crianças menores de 10 anos, o garoto “finaliza” seu adversário com uma panelada. A cena, corriqueira da brincadeira é cortada pelo título do filme: Monster. Há, neste pequeno trecho inúmeros elementos narrativos suficientes para posicionar o espectador sobre a abordagem do curta. A textura desaturada da película, filmada em preto e branco, dá ao curta - de Jennifer Kent - um tom de filme dos anos 30, década em que o terror teve seu boom. Stephen King comenta em seu livro Dança Macabra (2012) que os anos 30 deram vazão ao gênero, principalmente como escape à grande depressão. Desde então o terror consagrou-se como um dos gêneros mais “atraentes” do cinema. Contudo, o que nos atrai a ele? King (2012) comenta: “O terror nos atrai porque ele diz, de uma forma simbólica, coisas que teríamos medo de falar abertamente, aos quatro ventos; ele nos dá a chance de exercitar emoções que a sociedade nos exige manter sob controle”. Em outras palavras, você pode chafurdar no obscuro da sua alma ao ver um feixe de luz emitido por um projetor, desde que eles “realmente” não existam. É essa concepção que Jennifer parece querer quebrar. Ela utiliza-se de uma linguagem já usada e reusada no gênero e ao mesmo tempo confronta essas ideias por meio de uma abordagem de terror psicológico, não carregando a película de estereótipos clássicos do 1 Jornalista graduado pelo Centro Universitário Estácio de Sá; pós graduando em Cinema pela Universidade Tuiuti do Paraná e mestrando em Literatura pela Universidade Federal de Santa Catarina. 2 Resenha crítica apresentada como Trabalho de Conclusão do Curso para a obtenção do título de Pós graduação em Cinema pela Universidade Tuiuti do Paraná. 1
  • 2. terror. Isto é, partindo dos conceitos de King (2012), uma mescla entre o mal interior (vontade consciente de se praticar o mal) e o mal exterior (maldade predestinada, que é atribuída a você). O filme ‘recomeça’ com um plano geral externo. O espectador visualiza a mãe de Samuel em frente à pia com louças sujas e ao fundo ele corre pela casa, com espada em punho, aos urros. Entre os gritos, há frases em referência ao monstro – até então representado pelo boneco. Além disso, uma tomada rápida sobre um prato com sobras de comida mostra insetos alimentando-se dos restos. Trata-se de uma cena característica de filmes de terror, onde constrói-se a ideia de elementos demoníacos ou possessões. No entanto, a cena é confrontada com uma tomada da mãe olhando o vazio em transe. Sua concentração é quebrada por um grito de horror do menino. A tomada mostra Samuel olhando por entre a porta entreaberta do armário. A cena é interessante, pois o garoto não está horrorizado, mas sim curioso. Essa evocação, contrastando elemento sonoro e visual, provoca no espectador uma dúvida sobre a real intenção do garoto. Sua mãe aparece, ele corre aos seus braços. Há por parte dela o revés, a negação à existência do monstro. O garoto se desvencilha dos braços dela e corre a outro cômodo. Ela afirma: “é só um boneco”. Ele, em tom de curiosidade e desafio, dispara: “Não, ele existe de verdade!”. Algumas partes da cena são filmadas em primeira pessoa – pelo vão da porta do armário – o que sugere ao espectador que há algo ali. E, ele está ao lado de quem, em posição de voyer, visualiza a cena na segurança proporcionada pela quarta parede. A tomada segue com a mãe abrindo o armário e o garoto a interpelando com a frase: “Ele disse que vai me devorar”. A mãe tem uma reação imediata, violenta, sacudindo o garoto e mandando-o parar. Pós explosão, há o tradicional arrependimento pela agressividade e o convite para passar a noite no quarto com a ela. A tensão da cena é quebrada pelo chio de uma panela sem água sobre o fogo. O corte providencial tem como objetivo levar o espectador a outro ambiente, fora da cena visualizada. A mulher joga a panela vazia na água e o espectador é levado com ela ao banheiro, com Samuel mergulhado na banheira brincando com aviões e navios de guerra. 2
  • 3. A cena dura alguns segundos e enquanto Samuel rende-se à brincadeira, a mãe vai até o armário buscar roupas. A tomada, gravada no contra luz, traz ao espectador a silhueta do rosto da mãe escolhendo as roupas. Ao finalizar a tarefa, ela detém-se e olha ao fundo do armário e vê o monstro pela primeira vez. Também, entre curiosidade e medo ela dá alguns passos para trás, e a porta do armário se fecha. Um pouco receosa ela volta a abri-lo, para notar com alívio que não há nada ali. Essa estrutura de terror não é explícita, quer dizer, não há elementos suficientes de impacto no ecrã que divulguem ao espectador o horror vivenciado na cena. São sutis pontos que fazem com que o espectador atue na montagem do que está acontecendo. King (2012) defende: “o trabalho de terror se transforma realmente em uma dança – uma busca ritmada, em movimento. E o que ela procura é o lugar onde você, o espectador ou leitor, viva no seu nível mais primário”. A assertiva de King (2012) é comprovada no ato final do curta. No quarto, ao lado da pretensa segurança da mãe, Samuel distrai-se com a história dos três porquinhos, narrada pela progenitora. Dá-se início à parte mais carregada do filme, onde o terror explícito trabalha em parceria com o terror psicológico. Ouve-se barulhos vindos de fora do quarto, a mãe levanta-se e abre a porta. E pela primeira vez explicitamente vemos o monstro. A mãe depara-se com ele cara a cara e ele some. Samuel grita. A mãe fecha a porta, olha para ele e diz: “está tudo bem!”. Ele responde com um sussurro: “embaixo da cama”. Ela volta a abrir a porta e sai do quarto. À suas costas a luz apaga-se e Samuel emite um grito de terror. Note que, embora o espectador já tenha ficado frente a frente com o monstro, ele ainda é um ser obscuro, distante. Que age nas sombras. King (2012) salienta que este processo é o que torna o terror uma arte, pois ele está em busca de alcançar algo além do que é visual. “Está procurando pelo que eu chamaria de pontos de pressão fóbica. A boa história de terror vai se embrenhar no seu centro mais vital e encontrar a porta secreta para a sala que você acreditava que ninguém além de você conhecia”. 3
  • 4. E é nesse ponto que Jennifer surpreende. A tomada final do filme é primordial e ao mesmo tempo completamente aterrorizadora. A mãe volta ao quarto, o monstro está sobre a cama, Samuel no chão encolhido com a cabeça entre as pernas. A mãe resolve confrontar o monstro. E em um ato de “coragem” ameaça-o de morte: “Se você voltar aqui, sem minha autorização, eu vou matá-lo”. A cena que segue e a frase dão ao espectador elementos narrativos suficientes para entender que o monstro que aterroriza o garoto é um monstro criado pela mãe. A mãe vai até o armário e encarando o monstro fecha-o ali. Samuel, alheio ao que ocorreu neste lapso temporal, dorme tranquilamente. O dia amanhece, a mãe levanta-se e numa referência ao que menciona King (2012), esconde seu monstro no lugar mais escuro da casa – armário -, mas o alimenta com um copo de leite. Ou seja, retornamos ao terceiro parágrafo: “O terror nos atrai porque ele diz, de uma forma simbólica, coisas que teríamos medo de falar abertamente, aos quatro ventos; ele nos dá a chance de exercitar emoções que a sociedade nos exige manter sob controle”. 4
  • 5. REFERÊNCIAS KING, Stephen, Dança Macabra. 1. ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012. MONSTER. Produção Isabel Perez; Annmeree Bell. Direção: Jennifer Kent. 2005. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=s6n7MpB8xdU>. Acesso em 15 fev. 2015. 5