O documento discute a importância da semântica na educação básica brasileira. Apresenta o autor Celso Ferrarezi Junior e seu livro "Semântica para a educação básica", que defende uma abordagem que relacione a língua materna dos alunos à sua cultura. Também discute como os sentidos das palavras estão em constante transformação e devem ser compreendidos dentro de cada contexto cultural.
Resenha do Livro: Semântica para a Educação Básica de Celso Ferrarezi
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A SEMÂNTICA E A PRÁTICA NA EDUCAÇÃO BÁSICA
Ana Fabyely Kams
Ferrarezi Junior, Celso, 1968 – Semântica para a educação básica / Celso Ferrarezi
Junior. -1 Ed. – São Paulo : Parábola Editorial; 2008 - (Estratégias de ensino;7)
CREDENCIAL DO AUTOR
CELSO FERRAREZI JUNIOR é graduado em Letras Português – Inglês (UFRO – 1989);
Mestre em Linguística – Semântica (USP – 1997); Doutor em Linguística – Semântica
(UFRO – 1998) e Pós-Doutor em Semântica (USP – 2005). Atualmente trabalha como
professor associado na UFRO.
A linguística é apresentada ao curso de Letras como uma ciência estruturada de
valor reconhecido. É por meio dela que as línguas naturais de todo o mundo foram
destrinchadas e assumindo então um caráter de grande visibilidade dado à Semântica,
pois ela consiste primordialmente na essência do ‘significado’. No entanto, o ensino na
educação básica brasileira sofre com pesar a existência do despeito aos avanços na
língua. Isso porque esta mesma educação segue estagnada numa geração anterior, o
que afeta o desenvolvimento e expansão na formação nesta área.
Com isso, a Educação Básica e o ensino de Língua Materna são colocados pelo
autor e subsidiado pela LDBN como a época mais significativa da vida escolar, pois
abrange a infância e a juventude dos alunos. Por meio dela que é repassada a
aprendizagem para ir ao nível superior. O autor coloca alguns dados sobre a Educação
Básica, do MEC e PCN para enfatizar que o professor tem liberdade para definir como os
conteúdos serão ministrados em sala. No entanto, os currículos em maioria regem certa
‘ditadura’; o que torna uma reconstrução na abordagem da língua materna na escola, um
processo longo e penoso.
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A Semântica é colocada como ciência que estuda o significado. Onde a
compreensão e definição do significado levaram a vários conceitos diferentes da
semântica. Dentre esses conceitos, a semântica de contextos e cenários – scc foi a que
instaura o conteúdo categórico no livro de Ferrarezi. A scc envolve a ideia de que a língua
natural é um sistema de representação do mundo e de seus eventos. Ela interliga a língua
e a cultura, afirmando que ambos são formados em conjunto, que não são independentes,
e necessitam serem associados às palavras, assim como outros sinais para fortalecer
esta representação.
Ele, o autor, traz ainda uma proposta teórica de como utilizar a scc na prática
docente: relacionando o uso da língua que o aluno fala com a cultura. Com isso, o aluno é
induzido na sala de aula a utiliza sua própria língua materna – a utilizada no cotidiano –
diferente a variante ‘culta’ exigida pelas escolas; Visualizar sua língua materna e cultura
como algo que é valorizado pela instituição em que estuda; ampliar a língua e conhecer
os fenômenos linguísticos presentes neles, assim como aceita-los melhor em si e na
utilizada pelos colegas. Aceitabilidade da variação e por fim, compreensão deste objeto
tão fascinante que é a língua: sua prática e funcionamento. Estas vantagens traduzem um
novo meio que desenvolve um novo alicerce que fuja às regras do ensino tradicional
ainda muito aplicado nos estabelecimentos de ensino.
O aluno deve compreender o sentido da palavra além de ‘um sinal para representar
alguma coisa’. Devem-se considerar também os gestos, as melodias, o posicionamento
do corpo, fisionomia, e uma infinidade de sinais que por vezes, substituem uma palavra
representada graficamente. Ferrarezi, afirma que estes sentidos estão mudando, e o sinal
denominado ‘palavra’ funciona apenas porque está enrijecido em situações culturalmente
definidas. Como os sentidos estão sempre em transformação, nenhuma palavra possui
um sentido fixo, que fique enraizado nela e para sempre nela. Essa associação vem de
nós que a adequamos a um sentido exigido para determinado momento.
Dessa forma, o autor elabora um brilhante texto que percorre toda essa área da
semântica de forma idônea, denominando os conceitos, motivos para qual estudar e como
estudar. Os temas são relacionados aos métodos de como manter a língua materna à
cultura. Diria ainda que é um manual, que de início é apresentado os conceitos
fundamentais para o professor e em sequência, os temas de trabalho, com tópicos
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explicativos e argumentativos, que buscam suprir a carência na prática docente. E que
embora, o objetivo seja ir além de mostrar esse vazio imposto pelo tradicional, a
exposição dos métodos para supri-lo, que o autor inova, sim, pois coloca essa deficiência
como uma parte que existe na língua. Assim, percebe-se que há ainda como trabalhar
com o que se gosta. Levar esse gosto ao aluno e fazê-lo sentir a beleza em sua língua e
assimila assim como parte dos sentidos.
Portanto, a lacuna existente por práticas que não se permitem novos caminhos, é o
que definiu a apresentação deste livro a professores, futuros professores e interessados
no tema para que estes abram os olhos para essa realidade tão presente nas instituições,
que carregam nomes, alunos para um mundo alheio a essa liberdade de junção com a
cultura e a língua materna.
Material produzido por: Ana Fabyely Kams
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