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DO CORAÇÃO DA AMAZÔNIA
PARA O TOPO DO MUNDO
Por Érika Fernandes Pinto e Benki Piyãko Ashaninka
Ajude a viabilizar esta iniciativa e
participe desta conquista
Érika Fernandes Pinto
Benki Piyãko Ashaninka
Profundo conhecedor da floresta, Benki é liderança indígena e agente agroflorestal
do Povo Ashaninka da Terra Indígena Kampa do Rio Amônia, região do Alto Juruá,
Acre, próximo à fronteira do Brasil com o Peru. É o idealizador e coordenador do
Centro Yorenka Antame (que significa "Saberes da Floresta"), que desde 1997 vem
realizando uma série de atividades de formação e intercâmbio entre povos
indígenas e extrativistas, contribuindo com a formação política e ambiental das
novas gerações, resgatando e adaptando conhecimentos tradicionais e valorizando
as práticas espirituais associadas à conservação da natureza.
Bióloga de formação e atuante na área socioambiental, Érika sempre esteve
envolvida com Povos Indígenas e comunidades tradicionais na luta por seus direitos
culturais e territoriais. Foi coordenadora das Reservas Extrativistas e gerente de
Gestão Socioambiental pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade – órgão ligado ao Ministério do Meio Ambiente. Atualmente
estudante de doutorado na Universidade Federal do Rio de Janeiro, desenvolve um
projeto de pesquisa junto com lideranças do Povo Ashaninka para o reconhecimento
e proteção dos sítios naturais sagrados no Brasil e pela incorporação de valores
espirituais na conservação da natureza.
BUTÃO O REINO
ENCANTADO DOS HIMALAIAS
Pouco conhecido pelos brasileiros, o Butão ou "Reino do Dragão", é retratado como um
país de contos de fadas, cheio de encanto e magia. Situado no sul da Ásia, no extremo
leste da Cordilheira do Himalaia, mistura paisagens de grande beleza natural e um povo
caloroso e acolhedor com tradição, devoção e harmonia.
Um dos últimos reinos budistas do mundo, sua política de desenvolvimento tem como
meta criar um ambiente propício para o florescimento da felicidade. Um país
predominantemente agrícola (em que apenas o cultivo orgânico é permitido), que tem
ainda 3/4 do seu território coberto por florestas e onde a conservação ambiental e a
promoção cultural são pilares da filosofia de vida e da administração pública.
Neste país sui generis será realizado, em junho de 2014, um evento internacional sobre
conhecimentos tradicionais e proteção da diversidade biocultural - o “14º.
International Congress of Ethnobiology”, promovido pela Sociedade Internacional de
Etnobiologia, que reunirá pesquisadores e lideranças indígenas de várias partes do
mundo para que compartilhem seus conhecimentos, idéias e experiências e discutam
estratégias comuns.
Além disso, no Butão será realizada a entrega do “Prêmio Darrell Posey de
Etnoecologia e Direito aos Recursos Tradicionais”, do qual Benki foi o
ganhador.
Este Prêmio, de reconhecimento mundial, tem como objetivo promover a
compreensão das relações dinâmicas e complexas entre as pessoas e o
ambiente e dar apoio a populações indígenas e comunidades locais na
gestão sustentável dos recursos naturais e na garantia dos direitos
tradicionais.
Três trabalhos escritos em parceria por Érika e Benki foram
selecionados para serem apresentados no Congresso.
São eles:
Sítios Naturais Sagrados do Brasil: potencialidades e
perspectivas
Os direitos dos Povos Indígenas no Brasil e a luta do Povo
Ashaninka do Rio Amônia (Amazônia – Brasil)
Jovens Guerreiros da Floresta em busca de um futuro melhor
(Alto Juruá – Amazônia – Brasil)
É a primeira vez que uma liderança brasileira é escolhida como
ganhadora do Prêmio Darrell Posey.
APRESENTAÇÃO DE TRABALHOS
E PRÊMIO INTERNACIONAL
Os trabalhos de Érika e
Benki foram as únicas
participações brasileiras
selecionadas para o
congresso.
Faça parte
desta
história
Como você pode ajudar?
com doação financeira para ajudar a arcar com os gastos da viagem
e da estadia no Butão;
com a divulgação da participação brasileira no evento e da
conquista do Prêmio Darrell Posey em mídias diversas e redes
sociais;
com apoio na prestação de serviços;
com contatos de pessoas e organizações que podem colaborar.
AJUDE A VIABILIZAR ESTA INICIATIVA E
PARTICIPE DESTA CONQUISTA
A participação no evento no Butão representa uma oportunidade única de apresentar perante
pesquisadores e lideranças indígenas de várias partes do mundo a importância dos Povos Indígenas do
Brasil e os desafios para a garantia dos direitos tradicionais e para a conservação da natureza a partir da
perspectiva das comunidades locais.
O Prêmio Darrell Posey, mais do que um reconhecimento pessoal do trabalho de Benki, representa uma
conquista de todos aqueles envolvidos nesta luta, pela construção de um mundo melhor, mais justo e
sustentável.
Para tanto, buscamos apoio e incentivo de pessoas e organizações engajados nesta causa e que querem
compartilhar deste sonho e desta conquista.
CONTATOS
MAIORES
INFORMAÇÕES
Benki Piyãko
benkipiyanko@yahoo.com.br
Tel. 61 83504374
Érika Fernandes Pinto
erikalencois@yahoo.com.br
Tel. 61 81751865
Sobre o congresso e sobre o Prêmio Darrell Posey :
no website da ISE (ethnobiology.net)
Sobre a comunidade Ashaninka e seus projetos de
desenvolvimento: no website da Associação
APIWTXA (apiwtxa.blogspot.com.br) e do Centro
Yorenka Antame (saberesdafloresta.blogspot.com.br)
DADOS PARA
DEPÓSITOS
BANCÁRIOS
Erika F. Pinto
CPF: 021309339-12
Banco do Brasil
Agência 1244-0
Conta 20.326-2
Conheça mais sobre os
trabalhos que serão
apresentados no
Congresso
SÍTIOS NATURAIS SAGRADOS NO BRASIL
- POTENCIALIDADES E PERSPECTIVAS –
Povos Indígenas e outros grupos tradicionais que manejam os recursos naturais para o
seu sustento e reprodução social expressam uma grande riqueza em diversidade
biocultural. Usualmente, estes grupos, além de possuírem um profundo conhecimento
sobre as espécies biológicas e os ecossistemas com os quais interagem e convivem,
atribuem à natureza valores culturais e espirituais, interpretando os elementos naturais
como uma manifestação sagrada ou divina. Estes valores freqüentemente estão
arraigados em locais com especificidades marcantes, denominados "sítios naturais
sagrados" (SNS).
Os SNS, apesar de serem reconhecidos na história da humanidade desde épocas muito
remotas, apenas nas últimas três décadas começaram a ser abordados em políticas
públicas internacionais e nas pesquisas acadêmicas. Com base no contexto descrito, este
trabalho objetiva apresentar um panorama geral do cenário internacional sobre SNS e as
potencialidades e perspectivas deste debate no contexto brasileiro, especialmente na
interface com as áreas protegidas.
O Brasil, com sua grande dimensão territorial e diversidade de ambientes, é considerado
um dos cinco países do mundo com maior diversidade biológica e se destaca também
como o país que possui o maior número de áreas protegidas instituídas pela esfera
governamental. Aliada à riqueza natural, o país possui uma expressiva diversidade sócio-
cultural, representada por mais de 235 etnias indígenas e centenas de grupos tradicionais
remanescentes de quilombos e extrativistas como pescadores, seringueiros, ribeirinhos,
entre outros.
Considerando-se que os SNS são uma expressão da diversidade biológica e cultural, pode-
se estimar que o Brasil seja um dos países do mundo com maior potencial para a
ocorrência de SNS no seu território. Entretanto, esta temática é praticamente
desconhecida no país e são raros os estudos científicos que a abordam, além da
participação brasileira no debate internacional sobre o assunto ser ainda incipiente.
Embora o país seja um ícone em diversidade biocultural, as políticas públicas e os
programas governamentais não parecem expressar ainda esta realidade. As legislações
nacionais sobre conservação da natureza e sobre os direitos dos povos indígenas e outros
grupos tradicionais têm sido construídas e implementadas de forma fragmentada, com
limitada convergência de ações e políticas, o que vem fomentando um cenário
conflituoso de disputa territorial, degradação ambiental e ameaças e pressões sobre os
grupos tradicionais.
Este cenário se agrava no contexto das áreas protegidas, onde estima-se que mais de 80%
abranjam populações tradicionais residentes no seu interior e verifica-se que as ações,
estratégias e diretrizes administrativas para gestão parecem estar em contradição com as
principais tendências internacionais.
Assim, introduzir o debate sobre a importância dos valores culturais e espirituais dos
povos indígenas e grupos tradicionais para a proteção da natureza e iniciar esforços de
reconhecimento dos SNS no Brasil, representam caminhos essenciais para a construção
de uma nova política de conservação e de desenvolvimento, mais adequada à realidade
socioambiental do país, onde o futuro da biodiversidade seja inseparável do futuro da
diversidade cultural.
O Brasil, com sua grande dimensão territorial e diversidade de ambientes, é considerado um dos países
do mundo com maior diversidade biológica e se destaca também pela expressiva diversidade sócio-
cultural, representada por mais de 235 etnias indígenas e centenas de outros grupos tradicionais não-
indígenas.
O reconhecimento da identidade dos Povos Indígenas no Brasil e o direito à demarcação de suas terras
tradicionalmente ocupadas são frutos de lutas históricas de afirmação territorial e cultural promovidas
por lideranças indígenas e seringueiras através do movimento que se iniciou na década de 1980 e ficou
conhecido como “Aliança dos Povos da Floresta”. Estes direitos foram incorporados na legislação
nacional apenas a partir de 1988, com a nova Constituição Federal, e representaram uma grande
conquista coletiva.
O Brasil conta hoje com mais de 600 Terras Indígenas demarcadas mas, apesar dos avanços das últimas
duas décadas, ainda carece de muitas ações concretas para sua efetiva implementação e passa por um
contexto atual de grandes ameaças, tanto por propostas de mudanças jurídicas nos ritos de
demarcação das áreas quanto pelo impacto da construção de grandes obras de infra-estrutura.
OS DIREITOS DOS POVOS INDÍGENAS NO
BRASIL E A LUTA DO POVO ASHANINKA
DO RIO AMÔNIA (AMAZÔNIA - BRASIL)
O Povo Indígena Ashaninka do Rio Amônia vive na região do Alto Rio Juruá, no Estado do
Acre, próximo à fronteira do Brasil com o Peru, no coração da maior floresta tropical do
mundo, a Floresta Amazônica. Este grupo vem atuando diretamente nesta luta histórica,
buscando não só a garantia dos direitos do seu povo, mas de todos os povos indígenas do
Brasil, bem como a construção de um modelo diferenciado de desenvolvimento econômico e
social, pautado na valorização dos saberes tradicionais e na espiritualidade, reconhecendo a
dimensão sagrada da natureza.
Este trabalho objetiva mostrar um pouco desta história, as ações atuais e as perspectivas para
o futuro, a partir da visão de um de seus líderes. Desde 1992, quando foi demarcada a Terra
Indígena Ashaninka no território brasileiro, foram intensas as ações de recuperação do
território e de combate à atividades degradantes.
Organizados na Associação APIWTXA, o Povo Ashaninka construiu para a sua área e para o
entorno, uma política ambiental que hoje é reconhecida como uma nova maneira de manejar
e recuperar a floresta e as águas, criando sustentabilidade alimentar, melhorando a qualidade
ambiental e recuperando espécies nativas. A organização tem criado projetos inovadores com
sua maneira de trabalho, transformando sonhos em realidade e mostrando uma maneira de
viver em harmonia com a floresta e em parceria com outros povos. Uma destas ações foi a
implementação do Centro Yorenka Ãtame (Saberes da Floresta), inaugurado em 2007, com o
objetivo de produzir, registrar e difundir práticas de manejo sustentável dos recursos naturais,
baseadas em experiências e no conhecimento das populações tradicionais.
Estas iniciativas tem servido de exemplo para outras comunidades da região e para Povos
Indígenas de várias partes do Brasil, alcançando também um significativo reconhecimento
internacional. Através do resgate e da valorização das culturas indígenas e de seus valores
sagrados, este e outros povos transformam a sua história, a história do país e constroem
juntos um futuro melhor para toda a humanidade.
JOVENS GUERREIROS DA FLORESTA
EM BUSCA DE UM FUTURO MELHOR
(ALTO JURUÁ - AMAZÔNIA -
BRASIL)
Localizado no coração da Floresta Amazônica e em uma das áreas de maior biodiversidade do mundo, nas
proximidades da fronteira do Brasil com o Peru, o município de Marechal Taumaturgo/Estado do Acre,
tem também uma grande riqueza sociocultural, representada por Povos Indígenas, comunidades
ribeirinhas, extrativistas e agricultores familiares, sendo a maior parte do seu território constituído de
Áreas Protegidas.
Apesar da grande riqueza biocultural, a região carece de alternativas de trabalho que valorizem a floresta
e os saberes tradicionais e este é hoje um dos municípios do Brasil com maiores carências sociais e menor
índice de desenvolvimento humano. A falta de alternativas econômicas social e ambientalmente
sustentáveis, aliada a pressões do crescimento demográfico, transformações no modo de ocupação e uso
do território e dinâmicas transfronteiriças, ameaçam a integridade dos territórios protegidos e colocam
em risco a sobrevivência da população indígena e não indígena da região.
Não obstante os avanços na organização social e as conquistas históricas dos movimentos populares,
principalmente com a demarcação das Terras Indígenas e a Reserva Extrativista, as associações e
organizações comunitárias ainda encontram dificuldades para elaboração e proposição de projetos, para
gestão, participação e controle de políticas públicas. Os jovens, em especial, são os que sofrem mais
diretamente as conseqüências da falta de oportunidades profissionais e da perda de valores
socioculturais, que geram degradação ambiental e cultural.
Mas, da força da floresta e dos Povos que lutaram contra este modelo e que ainda resistem,
brotaram sementes de um outro caminho possível. Estas sementes encontraram solo fértil e
rico no coração de jovens de valor, guerreiros em busca de um futuro melhor, que se uniram
na construção de um projeto coletivo de resgate e sustentabilidade social, econômica,
ambiental e cultural.
Criado em outubro de 2004, de caráter voluntário e agregando cerca de 30 jovens, o grupo
"jovens guerreiros da floresta em busca de um futuro melhor” vem atuando, sob orientação
do líder indígena e agente agroflorestal Benki Piyãko Ashaninka, aliando a conservação e
recuperação ambiental com a valorização espiritual do ser humano e da floresta.
No final de 2012 o grupo foi formalizado através de uma associação legalmente constituída
e está implantando um centro, chamado de “Sonho do Beija-Flor no Raio de Sol”, voltado
para a organização, formação e fortalecimento de jovens lideranças do município e para o
desenvolvimento de modelos e práticas de recuperação ambiental, produção e manejo
sustentável, resgatando e adaptando conhecimentos tradicionais e valorizando a medicina
tradicional e as práticas espirituais associadas à conservação da natureza.
O Centro está sendo formado em uma área dentro de um assentamento de reforma agrária
que atualmente tem grande parte da sua área convertida em pasto para produção de gado.
Esta iniciativa contribuirá para levar para as famílias assentadas e para a população não
indígena uma nova prática e uma nova forma de se relacionar com a natureza. Este projeto
é parte do sonho coletivo, da união e do trabalho de jovens da Amazônia brasileira que
estão construindo não só o seu futuro, mas dando o exemplo para toda a humanidade.
Prêmio Darrell Posey de Etnoecologia e Direito aos
Recursos Tradicionais (ISE)
Benki Piyãko Ashaninka, foi o ganhador do "The Darrell Posey Fellowship for
Ethnoecology and Traditional Resource Rights“, promovido pela Sociedade
Internacional de Etnobiologia (ISE), para o período 2014-2016 na categoria
bolsa de campo.
Profundo conhecedor da floresta, Benki Piyãko, desde muito jovem assumiu um
papel de liderança frente ao seu povo na sua organização social e na luta pela
consolidação de seus direitos étnicos e territoriais, pela preservação da floresta,
pela manutenção e fortalecimento das identidades indígenas. Já conduziu uma
série de projetos voltados para a recuperação florestal e o manejo sustentável
do território indígena, para a sustentabilidade e autonomia da comunidade.
Benki possui uma forte atuação em ações de articulação política entre povos indígenas, com
instituições públicas e organizações da sociedade civil e na formulação de políticas públicas. Atua na
linha de frente contra ameaças à integridade da floresta amazônica da fronteira do Brasil com o Peru -
como a invasão de madeireiras clandestinas e o avanço do narcotráfico na região.
Benki visitou vários países da Europa e das Américas e participou de uma série de eventos nacionais e
internacionais, levando para o mundo uma profunda mensagem de despertar de uma nova consciência
quanto à importância da diversidade cultural, dos conhecimentos dos povos tradicionais e dos valores
espirituais na relação entre os seres humanos e destes com a natureza.
Ele pode ser considerado atualmente um dos principais porta-vozes dos povos indígenas da Amazônia e
um dos líderes indígenas mais conhecidos no Brasil e no mundo, participando ativamente de uma série
de fóruns, conselhos e comissões estaduais, nacionais e internacionais.
Dentre estes eventos, destaca-se sua atuação recente na Conferência Internacional sobre o Meio
Ambiente (Rio +20), realizada no Brasil em junho de 2012, onde fez uma palestra ao lado da líder indiana
Vandana Shiva e foi ganhador do “Prêmio E” de sustentabilidade, na categoria “E-brigader”. Em
dezembro de 2013, Benki Piyãko recebeu o Prêmio de Direitos Humanos da cidade alemã de Weimar,
como reconhecimento de seu engajamento social e ambiental.
Enquanto liderança política e espiritual, Benki Piyãko não conta com nenhum tipo de apoio regular para
seu trabalho nem possui emprego formal. As atividades, em sua maioria, são realizadas através do
empenho voluntário das pessoas envolvidas e, esporadicamente, também com recursos viabilizados por
projetos de curta duração ou doações pontuais. O apoio do "The Darell Posey Fellowship" representa um
instrumento de vital importância para que Benki e as demais pessoas envolvidas nas ações possam não
só dar seguimento a esses trabalhos, como intensificar algumas ações e o envolvimento de outras
pessoas, abrindo novas perspectivas.
Benki possui um amplo reconhecimento e respeito não só pela sua habilidade em identificar problemas e
propor soluções inovadoras, como pela excepcional capacidade de torná-las realidade. Mais do que o
profundo conhecimento e sabedoria que exaltam em seus discursos cativantes, é o seu exemplo prático
que melhor reflete a grandeza de sua missão.
Através do resgate e da valorização das culturas indígenas e de seus valores sagrados, Benki Piyãko
Ashaninka representa um líder indígena que, junto com seu povo, transformou a sua realidade, e que
junto com outros povos e parceiros de luta, mudam a história do país e constroem juntos um futuro
melhor para toda a humanidade. Estes são os verdadeiros ambientalistas, aqueles que protegem a
floresta com suas próprias vidas, e que como Benki, merecem e necessitam de maior reconhecimento.
GRATIDÃO
Érika & Benki

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Do coração da Amazônia para o topo do mundo

  • 1. DO CORAÇÃO DA AMAZÔNIA PARA O TOPO DO MUNDO Por Érika Fernandes Pinto e Benki Piyãko Ashaninka Ajude a viabilizar esta iniciativa e participe desta conquista
  • 2. Érika Fernandes Pinto Benki Piyãko Ashaninka Profundo conhecedor da floresta, Benki é liderança indígena e agente agroflorestal do Povo Ashaninka da Terra Indígena Kampa do Rio Amônia, região do Alto Juruá, Acre, próximo à fronteira do Brasil com o Peru. É o idealizador e coordenador do Centro Yorenka Antame (que significa "Saberes da Floresta"), que desde 1997 vem realizando uma série de atividades de formação e intercâmbio entre povos indígenas e extrativistas, contribuindo com a formação política e ambiental das novas gerações, resgatando e adaptando conhecimentos tradicionais e valorizando as práticas espirituais associadas à conservação da natureza. Bióloga de formação e atuante na área socioambiental, Érika sempre esteve envolvida com Povos Indígenas e comunidades tradicionais na luta por seus direitos culturais e territoriais. Foi coordenadora das Reservas Extrativistas e gerente de Gestão Socioambiental pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – órgão ligado ao Ministério do Meio Ambiente. Atualmente estudante de doutorado na Universidade Federal do Rio de Janeiro, desenvolve um projeto de pesquisa junto com lideranças do Povo Ashaninka para o reconhecimento e proteção dos sítios naturais sagrados no Brasil e pela incorporação de valores espirituais na conservação da natureza.
  • 3. BUTÃO O REINO ENCANTADO DOS HIMALAIAS Pouco conhecido pelos brasileiros, o Butão ou "Reino do Dragão", é retratado como um país de contos de fadas, cheio de encanto e magia. Situado no sul da Ásia, no extremo leste da Cordilheira do Himalaia, mistura paisagens de grande beleza natural e um povo caloroso e acolhedor com tradição, devoção e harmonia. Um dos últimos reinos budistas do mundo, sua política de desenvolvimento tem como meta criar um ambiente propício para o florescimento da felicidade. Um país predominantemente agrícola (em que apenas o cultivo orgânico é permitido), que tem ainda 3/4 do seu território coberto por florestas e onde a conservação ambiental e a promoção cultural são pilares da filosofia de vida e da administração pública. Neste país sui generis será realizado, em junho de 2014, um evento internacional sobre conhecimentos tradicionais e proteção da diversidade biocultural - o “14º. International Congress of Ethnobiology”, promovido pela Sociedade Internacional de Etnobiologia, que reunirá pesquisadores e lideranças indígenas de várias partes do mundo para que compartilhem seus conhecimentos, idéias e experiências e discutam estratégias comuns.
  • 4. Além disso, no Butão será realizada a entrega do “Prêmio Darrell Posey de Etnoecologia e Direito aos Recursos Tradicionais”, do qual Benki foi o ganhador. Este Prêmio, de reconhecimento mundial, tem como objetivo promover a compreensão das relações dinâmicas e complexas entre as pessoas e o ambiente e dar apoio a populações indígenas e comunidades locais na gestão sustentável dos recursos naturais e na garantia dos direitos tradicionais. Três trabalhos escritos em parceria por Érika e Benki foram selecionados para serem apresentados no Congresso. São eles: Sítios Naturais Sagrados do Brasil: potencialidades e perspectivas Os direitos dos Povos Indígenas no Brasil e a luta do Povo Ashaninka do Rio Amônia (Amazônia – Brasil) Jovens Guerreiros da Floresta em busca de um futuro melhor (Alto Juruá – Amazônia – Brasil) É a primeira vez que uma liderança brasileira é escolhida como ganhadora do Prêmio Darrell Posey. APRESENTAÇÃO DE TRABALHOS E PRÊMIO INTERNACIONAL Os trabalhos de Érika e Benki foram as únicas participações brasileiras selecionadas para o congresso.
  • 5. Faça parte desta história Como você pode ajudar? com doação financeira para ajudar a arcar com os gastos da viagem e da estadia no Butão; com a divulgação da participação brasileira no evento e da conquista do Prêmio Darrell Posey em mídias diversas e redes sociais; com apoio na prestação de serviços; com contatos de pessoas e organizações que podem colaborar. AJUDE A VIABILIZAR ESTA INICIATIVA E PARTICIPE DESTA CONQUISTA A participação no evento no Butão representa uma oportunidade única de apresentar perante pesquisadores e lideranças indígenas de várias partes do mundo a importância dos Povos Indígenas do Brasil e os desafios para a garantia dos direitos tradicionais e para a conservação da natureza a partir da perspectiva das comunidades locais. O Prêmio Darrell Posey, mais do que um reconhecimento pessoal do trabalho de Benki, representa uma conquista de todos aqueles envolvidos nesta luta, pela construção de um mundo melhor, mais justo e sustentável. Para tanto, buscamos apoio e incentivo de pessoas e organizações engajados nesta causa e que querem compartilhar deste sonho e desta conquista.
  • 6. CONTATOS MAIORES INFORMAÇÕES Benki Piyãko benkipiyanko@yahoo.com.br Tel. 61 83504374 Érika Fernandes Pinto erikalencois@yahoo.com.br Tel. 61 81751865 Sobre o congresso e sobre o Prêmio Darrell Posey : no website da ISE (ethnobiology.net) Sobre a comunidade Ashaninka e seus projetos de desenvolvimento: no website da Associação APIWTXA (apiwtxa.blogspot.com.br) e do Centro Yorenka Antame (saberesdafloresta.blogspot.com.br) DADOS PARA DEPÓSITOS BANCÁRIOS Erika F. Pinto CPF: 021309339-12 Banco do Brasil Agência 1244-0 Conta 20.326-2
  • 7. Conheça mais sobre os trabalhos que serão apresentados no Congresso
  • 8. SÍTIOS NATURAIS SAGRADOS NO BRASIL - POTENCIALIDADES E PERSPECTIVAS – Povos Indígenas e outros grupos tradicionais que manejam os recursos naturais para o seu sustento e reprodução social expressam uma grande riqueza em diversidade biocultural. Usualmente, estes grupos, além de possuírem um profundo conhecimento sobre as espécies biológicas e os ecossistemas com os quais interagem e convivem, atribuem à natureza valores culturais e espirituais, interpretando os elementos naturais como uma manifestação sagrada ou divina. Estes valores freqüentemente estão arraigados em locais com especificidades marcantes, denominados "sítios naturais sagrados" (SNS). Os SNS, apesar de serem reconhecidos na história da humanidade desde épocas muito remotas, apenas nas últimas três décadas começaram a ser abordados em políticas públicas internacionais e nas pesquisas acadêmicas. Com base no contexto descrito, este trabalho objetiva apresentar um panorama geral do cenário internacional sobre SNS e as potencialidades e perspectivas deste debate no contexto brasileiro, especialmente na interface com as áreas protegidas. O Brasil, com sua grande dimensão territorial e diversidade de ambientes, é considerado um dos cinco países do mundo com maior diversidade biológica e se destaca também como o país que possui o maior número de áreas protegidas instituídas pela esfera governamental. Aliada à riqueza natural, o país possui uma expressiva diversidade sócio- cultural, representada por mais de 235 etnias indígenas e centenas de grupos tradicionais remanescentes de quilombos e extrativistas como pescadores, seringueiros, ribeirinhos, entre outros.
  • 9. Considerando-se que os SNS são uma expressão da diversidade biológica e cultural, pode- se estimar que o Brasil seja um dos países do mundo com maior potencial para a ocorrência de SNS no seu território. Entretanto, esta temática é praticamente desconhecida no país e são raros os estudos científicos que a abordam, além da participação brasileira no debate internacional sobre o assunto ser ainda incipiente. Embora o país seja um ícone em diversidade biocultural, as políticas públicas e os programas governamentais não parecem expressar ainda esta realidade. As legislações nacionais sobre conservação da natureza e sobre os direitos dos povos indígenas e outros grupos tradicionais têm sido construídas e implementadas de forma fragmentada, com limitada convergência de ações e políticas, o que vem fomentando um cenário conflituoso de disputa territorial, degradação ambiental e ameaças e pressões sobre os grupos tradicionais. Este cenário se agrava no contexto das áreas protegidas, onde estima-se que mais de 80% abranjam populações tradicionais residentes no seu interior e verifica-se que as ações, estratégias e diretrizes administrativas para gestão parecem estar em contradição com as principais tendências internacionais. Assim, introduzir o debate sobre a importância dos valores culturais e espirituais dos povos indígenas e grupos tradicionais para a proteção da natureza e iniciar esforços de reconhecimento dos SNS no Brasil, representam caminhos essenciais para a construção de uma nova política de conservação e de desenvolvimento, mais adequada à realidade socioambiental do país, onde o futuro da biodiversidade seja inseparável do futuro da diversidade cultural.
  • 10. O Brasil, com sua grande dimensão territorial e diversidade de ambientes, é considerado um dos países do mundo com maior diversidade biológica e se destaca também pela expressiva diversidade sócio- cultural, representada por mais de 235 etnias indígenas e centenas de outros grupos tradicionais não- indígenas. O reconhecimento da identidade dos Povos Indígenas no Brasil e o direito à demarcação de suas terras tradicionalmente ocupadas são frutos de lutas históricas de afirmação territorial e cultural promovidas por lideranças indígenas e seringueiras através do movimento que se iniciou na década de 1980 e ficou conhecido como “Aliança dos Povos da Floresta”. Estes direitos foram incorporados na legislação nacional apenas a partir de 1988, com a nova Constituição Federal, e representaram uma grande conquista coletiva. O Brasil conta hoje com mais de 600 Terras Indígenas demarcadas mas, apesar dos avanços das últimas duas décadas, ainda carece de muitas ações concretas para sua efetiva implementação e passa por um contexto atual de grandes ameaças, tanto por propostas de mudanças jurídicas nos ritos de demarcação das áreas quanto pelo impacto da construção de grandes obras de infra-estrutura. OS DIREITOS DOS POVOS INDÍGENAS NO BRASIL E A LUTA DO POVO ASHANINKA DO RIO AMÔNIA (AMAZÔNIA - BRASIL)
  • 11. O Povo Indígena Ashaninka do Rio Amônia vive na região do Alto Rio Juruá, no Estado do Acre, próximo à fronteira do Brasil com o Peru, no coração da maior floresta tropical do mundo, a Floresta Amazônica. Este grupo vem atuando diretamente nesta luta histórica, buscando não só a garantia dos direitos do seu povo, mas de todos os povos indígenas do Brasil, bem como a construção de um modelo diferenciado de desenvolvimento econômico e social, pautado na valorização dos saberes tradicionais e na espiritualidade, reconhecendo a dimensão sagrada da natureza. Este trabalho objetiva mostrar um pouco desta história, as ações atuais e as perspectivas para o futuro, a partir da visão de um de seus líderes. Desde 1992, quando foi demarcada a Terra Indígena Ashaninka no território brasileiro, foram intensas as ações de recuperação do território e de combate à atividades degradantes. Organizados na Associação APIWTXA, o Povo Ashaninka construiu para a sua área e para o entorno, uma política ambiental que hoje é reconhecida como uma nova maneira de manejar e recuperar a floresta e as águas, criando sustentabilidade alimentar, melhorando a qualidade ambiental e recuperando espécies nativas. A organização tem criado projetos inovadores com sua maneira de trabalho, transformando sonhos em realidade e mostrando uma maneira de viver em harmonia com a floresta e em parceria com outros povos. Uma destas ações foi a implementação do Centro Yorenka Ãtame (Saberes da Floresta), inaugurado em 2007, com o objetivo de produzir, registrar e difundir práticas de manejo sustentável dos recursos naturais, baseadas em experiências e no conhecimento das populações tradicionais. Estas iniciativas tem servido de exemplo para outras comunidades da região e para Povos Indígenas de várias partes do Brasil, alcançando também um significativo reconhecimento internacional. Através do resgate e da valorização das culturas indígenas e de seus valores sagrados, este e outros povos transformam a sua história, a história do país e constroem juntos um futuro melhor para toda a humanidade.
  • 12. JOVENS GUERREIROS DA FLORESTA EM BUSCA DE UM FUTURO MELHOR (ALTO JURUÁ - AMAZÔNIA - BRASIL) Localizado no coração da Floresta Amazônica e em uma das áreas de maior biodiversidade do mundo, nas proximidades da fronteira do Brasil com o Peru, o município de Marechal Taumaturgo/Estado do Acre, tem também uma grande riqueza sociocultural, representada por Povos Indígenas, comunidades ribeirinhas, extrativistas e agricultores familiares, sendo a maior parte do seu território constituído de Áreas Protegidas. Apesar da grande riqueza biocultural, a região carece de alternativas de trabalho que valorizem a floresta e os saberes tradicionais e este é hoje um dos municípios do Brasil com maiores carências sociais e menor índice de desenvolvimento humano. A falta de alternativas econômicas social e ambientalmente sustentáveis, aliada a pressões do crescimento demográfico, transformações no modo de ocupação e uso do território e dinâmicas transfronteiriças, ameaçam a integridade dos territórios protegidos e colocam em risco a sobrevivência da população indígena e não indígena da região. Não obstante os avanços na organização social e as conquistas históricas dos movimentos populares, principalmente com a demarcação das Terras Indígenas e a Reserva Extrativista, as associações e organizações comunitárias ainda encontram dificuldades para elaboração e proposição de projetos, para gestão, participação e controle de políticas públicas. Os jovens, em especial, são os que sofrem mais diretamente as conseqüências da falta de oportunidades profissionais e da perda de valores socioculturais, que geram degradação ambiental e cultural.
  • 13. Mas, da força da floresta e dos Povos que lutaram contra este modelo e que ainda resistem, brotaram sementes de um outro caminho possível. Estas sementes encontraram solo fértil e rico no coração de jovens de valor, guerreiros em busca de um futuro melhor, que se uniram na construção de um projeto coletivo de resgate e sustentabilidade social, econômica, ambiental e cultural. Criado em outubro de 2004, de caráter voluntário e agregando cerca de 30 jovens, o grupo "jovens guerreiros da floresta em busca de um futuro melhor” vem atuando, sob orientação do líder indígena e agente agroflorestal Benki Piyãko Ashaninka, aliando a conservação e recuperação ambiental com a valorização espiritual do ser humano e da floresta. No final de 2012 o grupo foi formalizado através de uma associação legalmente constituída e está implantando um centro, chamado de “Sonho do Beija-Flor no Raio de Sol”, voltado para a organização, formação e fortalecimento de jovens lideranças do município e para o desenvolvimento de modelos e práticas de recuperação ambiental, produção e manejo sustentável, resgatando e adaptando conhecimentos tradicionais e valorizando a medicina tradicional e as práticas espirituais associadas à conservação da natureza. O Centro está sendo formado em uma área dentro de um assentamento de reforma agrária que atualmente tem grande parte da sua área convertida em pasto para produção de gado. Esta iniciativa contribuirá para levar para as famílias assentadas e para a população não indígena uma nova prática e uma nova forma de se relacionar com a natureza. Este projeto é parte do sonho coletivo, da união e do trabalho de jovens da Amazônia brasileira que estão construindo não só o seu futuro, mas dando o exemplo para toda a humanidade.
  • 14. Prêmio Darrell Posey de Etnoecologia e Direito aos Recursos Tradicionais (ISE) Benki Piyãko Ashaninka, foi o ganhador do "The Darrell Posey Fellowship for Ethnoecology and Traditional Resource Rights“, promovido pela Sociedade Internacional de Etnobiologia (ISE), para o período 2014-2016 na categoria bolsa de campo. Profundo conhecedor da floresta, Benki Piyãko, desde muito jovem assumiu um papel de liderança frente ao seu povo na sua organização social e na luta pela consolidação de seus direitos étnicos e territoriais, pela preservação da floresta, pela manutenção e fortalecimento das identidades indígenas. Já conduziu uma série de projetos voltados para a recuperação florestal e o manejo sustentável do território indígena, para a sustentabilidade e autonomia da comunidade. Benki possui uma forte atuação em ações de articulação política entre povos indígenas, com instituições públicas e organizações da sociedade civil e na formulação de políticas públicas. Atua na linha de frente contra ameaças à integridade da floresta amazônica da fronteira do Brasil com o Peru - como a invasão de madeireiras clandestinas e o avanço do narcotráfico na região. Benki visitou vários países da Europa e das Américas e participou de uma série de eventos nacionais e internacionais, levando para o mundo uma profunda mensagem de despertar de uma nova consciência quanto à importância da diversidade cultural, dos conhecimentos dos povos tradicionais e dos valores espirituais na relação entre os seres humanos e destes com a natureza. Ele pode ser considerado atualmente um dos principais porta-vozes dos povos indígenas da Amazônia e um dos líderes indígenas mais conhecidos no Brasil e no mundo, participando ativamente de uma série de fóruns, conselhos e comissões estaduais, nacionais e internacionais.
  • 15. Dentre estes eventos, destaca-se sua atuação recente na Conferência Internacional sobre o Meio Ambiente (Rio +20), realizada no Brasil em junho de 2012, onde fez uma palestra ao lado da líder indiana Vandana Shiva e foi ganhador do “Prêmio E” de sustentabilidade, na categoria “E-brigader”. Em dezembro de 2013, Benki Piyãko recebeu o Prêmio de Direitos Humanos da cidade alemã de Weimar, como reconhecimento de seu engajamento social e ambiental. Enquanto liderança política e espiritual, Benki Piyãko não conta com nenhum tipo de apoio regular para seu trabalho nem possui emprego formal. As atividades, em sua maioria, são realizadas através do empenho voluntário das pessoas envolvidas e, esporadicamente, também com recursos viabilizados por projetos de curta duração ou doações pontuais. O apoio do "The Darell Posey Fellowship" representa um instrumento de vital importância para que Benki e as demais pessoas envolvidas nas ações possam não só dar seguimento a esses trabalhos, como intensificar algumas ações e o envolvimento de outras pessoas, abrindo novas perspectivas. Benki possui um amplo reconhecimento e respeito não só pela sua habilidade em identificar problemas e propor soluções inovadoras, como pela excepcional capacidade de torná-las realidade. Mais do que o profundo conhecimento e sabedoria que exaltam em seus discursos cativantes, é o seu exemplo prático que melhor reflete a grandeza de sua missão. Através do resgate e da valorização das culturas indígenas e de seus valores sagrados, Benki Piyãko Ashaninka representa um líder indígena que, junto com seu povo, transformou a sua realidade, e que junto com outros povos e parceiros de luta, mudam a história do país e constroem juntos um futuro melhor para toda a humanidade. Estes são os verdadeiros ambientalistas, aqueles que protegem a floresta com suas próprias vidas, e que como Benki, merecem e necessitam de maior reconhecimento.