O documento apresenta resumos de trabalhos acadêmicos apresentados em dois eventos sobre filosofia realizados na UFU: o X Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU e o I Encontro de Pós-Graduação em Filosofia da UFU. Os resumos abordam uma variedade de temas filosóficos e foram divididos entre trabalhos de graduação e pós-graduação.
Resumos do X Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU e do I Encontro de Pós-Graduação em Filosofia da UFU
1. RESUMOS DO X ENCONTRO NACIONAL
DE PESQUISA EM FILOSOFIA DA UFU E DO I
ENCONTRO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
FILOSOFIA DA UFU
ISSN 2358-615X Junho de 2016
Volume 10 – número 10 IFILO - UFU
2. ISSN 2358-615X
Resumos do X Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU e
do I Encontro de Pós-Graduação em Filosofia da UFU
Volume 10 – número 10
Junho de 2016
IFILO – UFU
Organizadores:
Marcos César Seneda
Anselmo Tadeu Ferreira
Fernando Tadeu Mondi Galine
Henrique Florentino Faria Custódio
3. X ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM FILOSOFIA DA UFU E I ENCONTRO DE
PÓS-GRADUAÇÃO EM FILOSOFIA DA UFU
O Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da Universidade Federal de Uberlândia
(UFU) é um evento regular de pesquisa, que visa a fortalecer a inserção regional e nacional da
comunidade filosófica representada pelos grupos e núcleos de pesquisa agregados ao Instituto de
Filosofia (IFILO). O propósito do evento é a intensificação da integração dos estudantes – da
graduação e da pós-graduação – e dos docentes do ensino médio com a comunidade filosófica
nacional. Ao mesmo tempo, o evento pretende atuar decisivamente como fonte de incentivo para
que os estudantes apresentem seus primeiros trabalhos e adquiram, por esse meio, um pouco da
prática da produção de pesquisa especializada. Acentua nossa satisfação, ao organizá-lo anualmente,
o fato de o evento ter se ampliado e se tornado uma mostra significativa do diversificado e
consistente trabalho de pesquisa dos estudantes.
Esse ano, particularmente, é marcado por uma alteração importante no formato do evento.
Dada a grande participação dos estudantes nessa mostra de trabalhos acadêmicos, decidimos separar
as apresentações da graduação e da pós-graduação, dando assim origem a dois eventos destinados a
apresentação de trabalhos de discentes, a saber: o X Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da
UFU e o I Encontro de Pós-Graduação em Filosofia da UFU. Contando com mais de cinquenta
trabalhos inscritos, o I Encontro de Pós-Graduação em Filosofia da UFU principia como um evento
promissor, capaz de congregar a pesquisa no nível de pós-graduação e de promover a discussão
acadêmica especializada e qualificada.
O presente caderno, portanto, apresenta o resultado de duas significativas mostras da
pesquisa acadêmica nacional, e pretende ser um incentivo para a sua produção e um veículo de sua
divulgação.
4. ISSN 2358-615X
Comissão Técnico-Científica:
Ana Maria Said
Anselmo Tadeu Ferreira
Dennys Garcia Xavier
Diego de Souza Avendaño
Fábio Baltazar do Nascimento Junior
Fillipa Carneiro Silveira
José Benedito de Almeida Jr.
Lucas Nogueira Borges
Marcos César Seneda
Maria Socorro Remos Militão
Olavo Calábria Pimenta
Rafael Cordeiro Silva
Suellen Caroline Teixeira
Periodicidade: Anual
INSTITUTO DE FILOSOFIA DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DE UBERLÂNDIA (IFILO – UFU)
Campus Santa Mônica - Bloco 1U - Sala 125
Av. João Naves de Ávila, 2.121 - Bairro Santa Mônica
Uberlândia - MG - CEP 38408-100
Telefone: (55) 34 3239-4185
http://www.ifilo.ufu.br/
5. Sumário
Graduação
Adrissiane Chaves............................................................................................................................9
Alberto Yuri Santos Peixoto...........................................................................................................10
Ana Cláudia Teodoro Sousa...........................................................................................................11
Antonio José Franco de Souza Pêcego...........................................................................................12
Brenda Aparecida de Souza Ferreira..............................................................................................13
Bruno Pereira Rodrigues................................................................................................................14
Carlos Eduardo Nicodemos............................................................................................................15
Carolina Miziara Passaglia e Silva.................................................................................................16
Danielle Oliveira Marques.............................................................................................................17
Eduardo Leite Neto.........................................................................................................................18
Emely Eleen Sbaraini Verona.........................................................................................................19
Everson Rodrigues Carrijo.............................................................................................................20
Fernanda Lima Cró Rossi...............................................................................................................21
Fernando Tadeu Mondi Galine.......................................................................................................22
Franciele Laura Silva......................................................................................................................23
Frederico Gonçalves.......................................................................................................................24
Gabriel Cerceau Flausino...............................................................................................................25
Gabriel Galbiatti Nunes..................................................................................................................26
Guilherme de Morais Damaceno....................................................................................................27
Gustavo Maciel Cardoso................................................................................................................28
Igor de Souza Cesário.....................................................................................................................29
Jackeline de Melo Feitosa..............................................................................................................30
Jordanna Sander Ribeiro de Paiva..................................................................................................31
Laís Oliveira Rios...........................................................................................................................32
Lorena Carvalho Ribeiro................................................................................................................33
Lorena Fernandes Magalhães.........................................................................................................34
Lorena Fiungo da Silva..................................................................................................................35
Lucas Alves de Oliveira..................................................................................................................36
Mariana Fernandes Parreira............................................................................................................37
Marina Barbosa Sá.........................................................................................................................38
Matheus Antonio Ceará..................................................................................................................39
Menissa Nayara Nascimento Silva.................................................................................................40
Michelle Cardoso Montoya............................................................................................................41
Nelson Perez de Oliveira Junior.....................................................................................................42
Núbio Raules de Oliveira...............................................................................................................43
Pablo Silva Prado...........................................................................................................................44
Pâmela Teles Bonfim......................................................................................................................45
Raphaela Christina Martins Ferreira Pinto.....................................................................................46
Renan Henrique de Chaves............................................................................................................47
Rener Marques Vilela André Voigt.................................................................................................48
Sideia Glaucia Silva Machado Borges...........................................................................................49
6. Terolly leina da Silva......................................................................................................................50
Victor Hugo de Oliveira Saldanha..................................................................................................51
Vinícius Goulart de Melo...............................................................................................................52
Vitória de Oliveira Cirino...............................................................................................................53
Yasmim Sócrates do Nascimento...................................................................................................54
Pós-Graduação
Adriano Eurípedes Medeiros Martins............................................................................................56
Alexandre Cherulli Marçal.............................................................................................................57
Ana Carolina Gomes Araújo..........................................................................................................58
Ana Paula da Silva Santos..............................................................................................................59
André Cardoso de Araújo...............................................................................................................60
André Luís Bonfim Sousa..............................................................................................................61
Arthur Damasceno Ribeiro de Oliveira Leite.................................................................................62
Bruno Gonçalves Borges................................................................................................................63
Campo Elías Flórez Pabón.............................................................................................................64
Ciro Lourenço Borges Júnior.........................................................................................................65
Cristiano Rodrigues Peixoto...........................................................................................................66
Danilo Borges Medeiros.................................................................................................................67
Diego de Souza Avendano..............................................................................................................68
Felipe Ribeiro.................................................................................................................................69
Fernanda Tatiani de Oliveira..........................................................................................................70
Fernando Honorato de Oliveira......................................................................................................71
Filipi Oliveira.................................................................................................................................72
Flávia Santos da Silva....................................................................................................................73
Gabriel Reis Pires Ribeiro..............................................................................................................74
Gilzane Silva Naves.......................................................................................................................75
Gustavo Rodrigues Rosato.............................................................................................................76
Harley Juliano Mantovani..............................................................................................................77
João Batista Freire..........................................................................................................................78
João Paulo Andrade Dias................................................................................................................79
José André Ribeiro.........................................................................................................................80
José Vander Vieira do Nascimento.................................................................................................81
Jose Vladimir Rojas Tineo..............................................................................................................82
Juan Guillermo Diaz Bernal...........................................................................................................83
Kellen Ferreira de Moraes..............................................................................................................84
Laércio de Jesus Café.....................................................................................................................85
Leander Alfredo da Silva Barros....................................................................................................86
Leandro Nazareth Souto.................................................................................................................87
Lorena Silva Oliveira.....................................................................................................................88
Lourenço Fernandes Neto e Silva...................................................................................................89
Marcelo Gonçalves de Souza.........................................................................................................90
Marcelo Lacerda Ferreira...............................................................................................................91
Marcelo Rosa Vieira.......................................................................................................................92
Marvin Sebastián Estrada López....................................................................................................93
Maryane Stella Pinto......................................................................................................................94
Mauro Dela Bandera Arco Júnior...................................................................................................95
7. Natália Amorim do Carmo.............................................................................................................96
Paula Bettani Mendes de Jesus.......................................................................................................97
Pedro Clemente Bessa Prado Lippmann........................................................................................98
Pedro Henrique Ciucci da Silva.....................................................................................................99
Rafael Gonçalves Queiroz............................................................................................................100
Rebert Borges Santos....................................................................................................................101
Regiani Cristina Jacinto Ferreira..................................................................................................102
Sabrina Paradizzo Senna..............................................................................................................103
Sara Gonçalves Rabelo.................................................................................................................104
Sarah Sumiê Rocha Mandai.........................................................................................................105
Silvia Cristina Fernandes Lima....................................................................................................106
Thiago Vargas...............................................................................................................................107
Wagner Lafaiete de Oliveira Júnior..............................................................................................108
William Costa...............................................................................................................................109
Yasmin Nigri.................................................................................................................................110
8. Graduação
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∙ Resumos do X Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU e do I Encontro de Pós-Graduação em
Filosofia da UFU, V. 10, n. 10, jun. 2016. ISSN 2358-615X ∙
9. O conceito de príncipe em Maquiavel
Adrissiane Chaves
Orientador: Batiste Angeloni
A presente comunicação é um estudo sobre o conceito de “príncipe” contido no livro do
mesmo titulo. Nosso objetivo geral visa compreender como este conceito se dá. Em O Príncipe
(1532) (palavra que designa todos os governantes), Maquiavel declara explicitamente que está
escrevendo um manual de conselhos para os príncipes. De modo particular, faz referência ao novo
príncipe de Florença (Lourenço de Médici), acerca de como manter o controle sobre um principado
e de como governá-lo, na esperança de conseguir um cargo na nova administração. A política não é
vista mais mediante um fundamento exterior a ela própria (como Deus, a razão ou a natureza), mas,
como uma atividade humana. O que move a política, segundo Maquiavel, é a luta pela conquista e
pela manutenção do poder. A contribuição mais marcante que Maquiavel deixou como cientista
político foi, talvez, a maneira franca como separa a esfera política da esfera religiosa. A política, que
tradicionalmente, não era uma atividade autônoma e nem com tantos conceitos de governança.
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∙ Resumos do X Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU e do I Encontro de Pós-Graduação em
Filosofia da UFU, V. 10, n. 10, jun. 2016. ISSN 2358-615X ∙
10. A crítica de Hume sobre a ciência
Alberto Yuri Santos Peixoto
A presente comunicação tem por objetivo trazer a baila uma perspectiva humeana,
especificamente a da relação entre causa e efeito dos fatos, a partir da qual se possa permitir o
enfraquecimento da ciência em alguns aspectos. Isso se deve, ao fato de que a ciência vem
ganhando cada vez mais poder e autoridade no quesito de expor verdades, muitas vezes, tidas como
inquestionáveis, indiscutíveis e até absolutas. Expor tal perspectiva permite ampliar a capacidade
dessa problematização. Por consequência, havendo assim um aumento nos parâmetros de tal
discussão, em que possivelmente se permitam elucidar alguns pontos importantes, esses possam ser
revistos. Pois, a ciência vem ocupando um espaço que revela verdades, assim como a religião. Não
obstante, vem ganhando muitos seguidores fanáticos com um senso crítico mínimo, em que a defesa
de uma tese é feita mais emocionalmente do que racionalmente. Assim não é possível uma
discussão madura entre os seus interlocutores. Portanto, a perspectiva de Hume serve para apontar
alguns pontos que não são levados em conta, e que podem ajudar a esclarecer o limite até o qual a
ciência pode avançar, quais seus problemas, dentre outros. Ou seja, tem em vista uma defesa que
não se baseie numa crença cega.
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11. O exercício metodológico de Descartes e suas implicações para o conhecimento
Ana Cláudia Teodoro Sousa
Orientador: Olímpio José Pimenta Neto
Pretendemos abordar nesta comunicação as principais ideias elaboradas por René Descartes
(1596-1650) acerca do conhecimento. Partiremos principalmente das três primeiras meditações das
suas Meditações Metafísicas (1641), a partir da qual nos propomos recriar o pensamento cartesiano
acerca do conhecimento, desde sua crítica à tradição filosófica e às ciências da época, que se
mostravam incertas e obscuras, passando pela dúvida hiperbólica metodológica. Ou seja,
analisaremos o “argumento do erro dos sentidos” e “a hipótese do Gênio Maligno”; como também a
descoberta de uma verdade inabalável; o “penso, logo existo” e outras verdades deduzidas dessa
noção; alcançando, por fim, a prova da existência de Deus. Deste modo, queremos esclarecer que o
conhecimento, segundo Descartes, é possível desde que se tenham fundamentos sólidos e certos
que, conforme o autor, são os fundamentos metafísicos. E, que só por meio destes seria possível
construir uma ciência segura em que se pudesse conduzir o espírito a conhecer todas as coisas
acessíveis a este, desde que “um método” e a “ordem das razões” fossem seguidos.
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12. Eutanásia e o domínio da vida
Antonio José Franco de Souza Pêcego
A eutanásia é uma prática milenar e de natureza multidisciplinar, que envolve o direito à
vida, à dignidade humana, à autonomia da vontade, à liberdade e a uma morte digna, em que a mera
subsunção não nos permite um atuar com justiça e respeito a direitos e garantias constitucionais, de
acordo com a ética e com a moral. Tanto regras quanto princípios são normas que expressam um
“dever ser”, podendo os princípios atuar como referencial interpretativo nos hard cases, apontando
um caminho a ser observado na motivação de uma decisão, como na concepção deontológica de
Ronald Dworkin ou na não-axiológica de Robert Alexy, na qual os princípios são mandados de
otimização. Uma leitura diversa nos permite indagar o que pode ser mais ou menos importante em
determinado caso, ao invés de se discutir o que é devido ou mesmo a quem pertence o domínio da
vida. Nesse sentido, uma leitura dworkiana da questão permite encontrarmos as respostas devidas
para os casos daqueles que se encontram em estado terminal e de doença irreversível, sofrendo por
dores físicas e psíquicas terríveis, e expressam a sua última vontade. Para tanto, se faz necessário
compreender eticamente a posição dos atores envolvidos, ao buscarem o alcance da
autodeterminação para o pleno exercício da liberdade negativa perante a liberdade positiva em uma
democracia, para que uma eventual decisão como essa não se torne um ato de tirania.
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13. O conceito de Mais-Valia para o filósofo Karl Heinrich Marx
Brenda Aparecida de Souza Ferreira
Orientadora: Maria Socorro Ramos Militão
Esta comunicação tem como objetivo apresentar e analisar o conceito de “Mais-Valia” para
o filósofo Karl Heinrich Marx e, a partir deste, os conceitos fundamentais, necessários ao nosso
entendimento, que se apresentam, a partir de um conceito essencial para se compreender o processo
de acumulação de capital: a exploração do trabalho de uma classe por outra; bem como a questão do
desemprego; dos problemas sociais; econômicos; e políticos; causados pelo contínuo processo de
extração de Mais-Valia. Serão também analisados, ainda os conceitos de “Mais-Valia absoluta” e
“Mais-Valia relativa”, tendo em vista os reflexos que a extração destas causam ao trabalhador.
Podemos postular que a expropriação é gerada pelo fato de o trabalhador ser desprovido dos meios
de produção e, porque tem apenas sua força de trabalho como forma de subsistência para si e seus
dependentes. Nosso propósito é demonstrar como a “Mais-Valia” contribui para o enriquecimento
da classe burguesa, e consequentemente, para o empobrecimento dos trabalhadores e como esta tem
relação direta com a diminuição da extração de “Mais-Valia”, com as crises do capital e com a
diminuição da capacidade de expansão do capital. O método que orientará nosso estudo é o
materialismo histórico-dialético.
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Filosofia da UFU, V. 10, n. 10, jun. 2016. ISSN 2358-615X ∙
14. O homem absurdo na sociedade administrada
Bruno Pereira Rodrigues
Theodoro Adorno, em seu ensaio intitulado Tempo-livre (1969), caracteriza o tempo como
interdependente do seu oposto, da não-liberdade, do trabalho. Isto, quando o analisamos na
sociedade regida por relações de produção. Nessa sociedade administrada cultivam-se meros
“hobbies”: que são atividades absurdas que produzem satisfações compensatórias, estas com o
intuito de escamotear frustrações da vida cotidiana. Nesta trágica perspectiva, a organização
moderna do mundo, no qual as relações de produção prescrevem as regras de existência, o “tempo-
livre” se torna um fardo. Se em Albert Camus (1941), a pedra empurrada por Sísifo representa o
infrutífero trabalho incessante e o absurdo em que estamos inseridos, demonstrando a antinomia e a
contradição humana frente ao mundo indecifrável – em Adorno – o tempo-livre também possui
estreitas relações com o fardo que fomos condenados a empurrar colina acima, sabendo que tais
esforços serão inúteis e a pedra rolará novamente à planície. É a partir deste enfoque na condição
humana moderna, que pretendo relacionar os dois autores, cujas percepções possuem muito em
comum. Esta comunicação visa estabelecer laços possíveis entre a teoria de Camus quanto ao
sentimento do absurdo, tendo como representante Sísifo – mimetizando a condições atual humana –
e o conceito de “tempo-livre”, desenvolvido por Adorno no ensaio de mesmo nome.
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15. O conceito de totalitarismo e a destruição da condição humana
Carlos Eduardo Nicodemos
Orientadora: Ana Maria Said
Este trabalho tem como objetivo apresentar o pensamento de Hannah Arendt sobre o
totalitarismo consolidado na Europa no século XX. Em As Origens do Totalitarismo (1951), obra
central para desenvolver este trabalho, Arendt nos apresenta sua visão de como o totalitarismo
conquistou sua hegemonia na forma de disseminação do terror. Baseado numa organização
burocrática das massas, o totalitarismo se consolidou no emprego do terror não só como ideologia.
Ao passo que, o sistema totalitário se instalava no continente europeu, esta vitória coincide com a
destruição da humanidade, a projeção do terror, seja qual for a forma como ele tenha imperado. Na
institucionalização do terror e do medo, os campos de concentração, vistos como meios de
extermínio de homens, de mulheres e de crianças, tiveram como objetivo destruir todos os espaços
de convivência da vida humana e todo o conjunto de organização social dos indivíduos. O trabalho
aqui proposto pretende desvendar os elementos do autoritarismo de opressão. Como também
compreender em que momento de crise econômica ele está mais presente. Em suma: a sua cruel
finalidade, qual seja: a destruição da condição humana.
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16. A origem das ideias de igualdade e retidão em David Hume: a aparência como fundamento
da geometria
Carolina Miziara Passaglia e Silva
Orientador: Marcos César Seneda
O objetivo deste trabalho é analisar como Hume alicerça os fundamentos da geometria nas
aparências dos objetos. Assim, examinaremos o percurso argumentativo apresentado na seção IV da
parte II do livro I do Tratado da Natureza Humana (1738), no qual o filósofo escocês se dedica a
responder as objeções feitas contra a sua conceituação de espaço. Este trabalho será apresentado em
duas partes. De inicio, trataremos das contradições, apontadas por Hume, entre as definições
matemáticas de superfície, linha e ponto, e as demonstrações propostas pela teoria da infinita
divisibilidade, evidenciando a impossibilidade da composição do espaço por partes infinitamente
divisíveis. Deste modo, o filósofo arrimado nas definições matemáticas, reafirma sua tese de que o
espaço é composto por pontos matemáticos dotados de cor e solidez. Em seguida, iremos analisar a
investigação empreendida por Hume acerca dos critérios de igualdade e retidão, e a consequente
determinação dos fundamentos geométricos no âmbito empírico.
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17. Análise do modelo educacional proposto por Marx e Gramisci
Danielle Oliveira Marques
Orientadora: Maria Socorro R. Militão
O presente trabalho tem como objetivo analisar a concepção de educação dos filósofos Karl
Marx e Antonio Gramsci, tendo como método o materialismo histórico-dialético. A investigação se
insere no contexto do capitalismo e buscará mostrar que a educação faz parte de um contexto
dialético entre a estrutura e superestrutura. Por isso mesmo, a educação capitalista é dicotômica,
visto que há um modelo que prima pela formação integral do estudante – e este é destinado aos
filhos das elites – e há um outro, um que visa formar o aluno trabalhador especialmente para o
mercado de trabalho. Em razão disso, não há investimentos no ensino público, o qual apresenta todo
tipo de precarização. É contra esse modelo de educação, endereçado aos subalternos, que irão se
contrapor tanto Marx como Gramsci, que apresentarão uma proposta de educação que ofereça uma
formação capaz de desenvolver todas as habilidades e capacidades dos subalternos. Uma formação
omnilateral tal como defende Marx, ou politécnica como sugere Gramsci, e que deve ser gratuita e
garantida pelo Estado. Ambos sugerem um modelo de educação pública e gratuita que promova a
abolição dos monopólios culturais ou do conhecimento, combinando a educação com a produção
material, sendo esta capaz de assegurar o desenvolvimento integral da personalidade, atribuindo de
maneira efetiva à comunidade um considerável papel no processo educacional, implicada numa
relação mais aberta entre escola e sociedade. A análise se desenvolverá no campo da Filosofia da
Educação e buscará amparo nas contribuições feitas pelos teóricos previamente citados.
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18. O problema da origem das línguas e das letras em Giambattista Vico
Eduardo Leite Neto
Orientador: Humberto Aparecido de Oliveira Guido
Este trabalho tem como finalidade a exposição do problema acerca da origem das línguas
sob a interpretação de Giambattista Vico. É sabido que no âmbito dos estudos filológicos, há
diversos estudos acerca de sua própria gênese. Vico em suas pesquisas atesta que a causa da
dificuldade dos estudos acerca desta matéria foi originada por doutos que consideraram como coisas
separadas a origem das letras e a origem das línguas, que por sua natureza estavam interligadas, e a
isso se merecia atenção especial a partir das palavras ‘’gramática’’ e ‘’caracteres’’. Pois, partindo da
definição de ‘’gramática’’ como arte de falar, e γραμματα (grammata) como sendo as letras, seria
melhor defini-la como arte de escrever, tal como Aristóteles a definiu, e assim, como ela de fato se
originou. Será exposto aqui, na visão de Vico, que todas as nações primeiras falavam pela escrita,
assim como as nações que começaram mudas. Posteriormente, que ‘’caracteres’’ quer dizer
‘’ideias’’, ‘’formas’’, ‘’modelos’’ e afirmada por aqueles poetas que foram anteriores aos poetas dos
sons, ou seja, aos dos mitos, criados a partir de onomatopeias pelos povos primitivos.
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19. Determinações sobre o valor e qualidade de vida em Richard Hare
Emely Eleen Sbaraini Verona
Orientador: Alcino Eduardo Bonella
Os sujeitos de uma vida, sejam eles animais ou seres humanos, possuem determinados
valores intrínsecos de sua existência. Para que a vida valha a pena ser vivida, é necessário que pelo
menos parte desses valores sejam então supridos. Na teoria de Hare, o valor da vida deve ser
entendido dentro de circunstâncias práticas em que se tomam decisões sobre a vida e a morte, e
sobre a qualidade de vida. Ter saúde, ser feliz, ter autonomia, ter liberdade, ter os desejos
razoavelmente satisfeitos parecem ser características que acrescentam valor a vida, além disso, as
preferências dos envolvidos também devem ser levadas em conta antes de agir. Se a possibilidade
de ter uma vida valiosa estiver então vedada, ao menos essa razão contaria contra manter a vida.
Quais seriam as possibilidades de se refletir sobre a possibilidade de deixar de viver, dentro deste
quadro? O propósito desse trabalho é identificar tais valores intrínsecos de sua reflexão apropriada e
cuidadosa da ética, bem como sua importância para resolver problemas em casos de uso de
embriões, eutanásia, animais em abatedouros, dentre outros aspectos.
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20. Exercícios espirituais filosóficos em Pierre Hadot
Everson Rodrigues Carrijo
Orientador: Rubens Garcia Nunes Sobrinho
O trabalho visa introduzir, de forma concisa, os primeiros conhecimentos em relação aos
exercícios espirituais da filosofia, conforme eram praticados pelos filósofos, do que atualmente
convencionou-se chamar Filosofia Antiga, segundo a visão de Pierre Hadot. Faremos também uma
reflexão sobre alguns dos fatos que levaram ao afastamento entre o viver filosófico e a filosofia
como técnica do pensamento, e também sobre os fatores relevantes ao exercício do viver filosófico
como comunidade na atualidade, comparativamente ao modelo das primeiras comunidades
filosóficas. No desenvolvimento do trabalho buscaremos delimitar o que sejam os exercícios
espirituais filosóficos, de acordo com Hadot, incluindo uma breve exposição sobre a pertinência do
termo “exercícios espirituais”. Discorreremos sobre como surgiram algumas das primeiras
comunidades filosóficas, seu funcionamento e exemplos de diferenças entre algumas das primeiras
escolas com seu desenvolvimento até a Idade Média, incluindo as teses de Pierre Hadot e as de
Michel Foucault sobre a ruptura entre o modo de vida e o discurso filosófico. Em conclusão
desenvolveremos uma reflexão sobre os maiores obstáculos à retomada, na atualidade, de uma
comunidade de “viver filosófico” a partir do ambiente acadêmico, considerando o modelo atual de
produção e de continuidade da filosofia.
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∙ Resumos do X Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU e do I Encontro de Pós-Graduação em
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21. A fundamentação da moral Kantiana no conceito de felicidade
Fernanda Lima Cró Rossi
Orientador: Marcos César Seneda
O presente trabalho visa analisar a fundamentação da moral kantiana no conceito de
felicidade. Na moral Kantiana, a “boa vontade” é entendida como um bem moral, porque somente
ela pode ser boa sem limitação, e a felicidade não é um bem incondicionado, sendo considerado um
bem relativo. A “boa vontade” se refere às ações praticadas por dever, e não em conformidade com
o dever, seja por propósito interesseiro ou inclinação imediata. Uma ação por dever tem como
máxima um teor moral, que tem o comando da razão prática. Segundo Kant, uma ação por dever
tem seu valor por meio da máxima segundo a qual é decidida: o princípio do querer. A vontade está
numa bifurcação, ou seja, bem no meio do seu princípio a priori, que é formal, e sua mola
propulsora a posteriori, que é material, e obedece a razão se for constrangida por ela. Assim, as leis
da razão se apresentam à vontade do ser humano como deveres, na forma de imperativos, sendo que
apenas a boa vontade determina a moralidade da ação. Portanto, pretendemos discutir neste trabalho
a “boa vontade” como o bem supremo na moral Kantiana e a condição essencial até mesmo para a
felicidade.
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22. Processo de Formação da Propriedade e sua Relação com as Formas Administrativas segundo
o Materialismo Histórico
Fernando Tadeu Mondi Galine
Orientadora: Ana Maria Said
O objetivo da presente comunicação é explanar a relação existente entre as formas de
propriedade e as formas de administração das comunidades humanas surgidas no decorrer da
história, segundo o Materialismo Histórico. Ao observarmos esse processo e a relação entre forma
de propriedade e forma administrativa das comunidades humanas, desde a pré-história até a
atualidade, podemos perceber que, com o surgimento da propriedade, surge a necessidade de que a
forma de administração da comunidade se adapte à forma de propriedade, o que expõe uma relação
dialética existente entre Propriedade e Governo. Pretendemos analisar, por conseguinte, como o
desenvolvimento da forma de propriedade determina o topo de administração necessária às
comunidades humanas, e como o tipo de administração interfere e pode até ajudar a modificar o
tipo de propriedade, bem como o fato de que propriedade sempre se refere à propriedade dos meios
de produção da vida material dos homens, e que é esta propriedade que determina as relações
políticas, jurídicas e sociais dos homens. A comunicação será feita tendo por base, principalmente,
os trabalhos de Karl Marx, Friederich Engels e Antonio Gramsci.
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Filosofia da UFU, V. 10, n. 10, jun. 2016. ISSN 2358-615X ∙
23. As tecno-imagens e o futuro da escrita
Franciele Laura Silva
Orientadora: Cíntia Vieira da Silva
Na obra O Mundo Codificado (2007) o filósofo Vilém Flusser nos envolve em uma questão
sobre o futuro da escrita e da imagem, sendo a "nova civilização da imagem" produtora de uma
cultura imaterial em um "totalitarismo programado", donde "produzir é “informar". Sendo assim, se
trata de um sistema filosófico relacionado a uma nova cultura das imagens e da escrita, em que
ainda não sabemos como serão os novos escritores, e ainda como essas novas imagens compostas
por linhas de programação e superfícies moventes apontam para um momento pós-histórico.
Dispondo de uma investigação fundamental para o desdobramento de um estudo sobre a
comunicação e a tecnologia, trata-se de propor, a partir da análise da série britânica Black Mirror
criada por Charlie Brooker, um determinado uso do conceito de “caixa preta” que constitui uma
peça chave para compreender de que modo a humanidade tem sido programada por superfícies.
Destarte, a aposta que move este ensaio consiste em perceber como o distanciamento em relação
aos códigos lineares, via mediação tecnológica, pode conceder autonomia às tecno-imagens.
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24. A relação paradoxal entre a consciência e o corpo na construção do gesto dançado
Frederico Gonçalves
Orientadora: Cíntia Vieira da Silva
Este estudo trata acerca da ontologia da dança. Como o bailarino constrói o seu gesto? Em
que ele se difere de um gesto comum? Segundo Gil (2004), no gesto comum a causa do movimento
é exterior ao corpo, já no gesto dançado a causa do movimento está no interior do bailarino. “A arte
da dança consiste assim em criar o máximo de instabilidade, desarticular as articulações, em
segmentar os movimentos, em separar os órgãos e os membros a fim de transformar o seu corpo
num amplificador dos movimentos microscópicos do corpo, nomeadamente sinestésicos, sobre os
quais a consciência só pode ter algum controle concentrando-se neles”. (GIL, 2004). Se o sistema-
corpo em equilíbrio “contém” espírito, parece ser o caso de que, este é o elemento que o torna
menos pesado. O equilíbrio não é físico, senão virtual, pois é o corpo virtual que dança não o corpo
de músculos. Se a consciência integra o sistema-corpo, agindo sobre ele age sobre si mesma, e
assim o movimento dançado também age sobre a consciência, criando uma “consciência
inconsciente”, que define o estado de consciência do bailarino. O bailarino é conduzido pela
consciência do corpo, e apesar de não controlá-la, esta constitui todo o domínio do seu movimento.
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25. Experiências místico-religiosas e a justificação para a crença teísta em William Alston
Gabriel Cerceau Flausino
São muitos os argumentos e razões que surgem com a intenção de sustentar a crença em um
deus. Um dos indícios é o relato de experiências místico-religiosas, ou seja, experiências de contato
com a figura de Deus, que são ricamente encontrados ao longo da literatura bíblica, em relatos de
santos e de místicos. Contudo, um conjunto de características presente neste gênero de experiências
as tornaram especialmente complicadas. Uma experiência mística, em grande maioria, tem caráter
pessoal e interno, possui vagueza explicativa, e é diretamente afetada pelos inúmeros credos e
crenças. Sendo assim, é possível justificar a crença teísta com base na experiência místico-
religiosa? Segundo William Alston (1921-2009), uma experiência de contato com Deus não passa
de uma experiência perceptual, logo, da mesma forma que aceitamos e usamos crenças perceptuais
para justificar o mundo externo, é possível também aceitar a experiência místico-religiosa como
justificação da crença em uma deidade. Nesta comunicação pretendo discutir o problema da
justificação teísta com base na experiência, discutida em Perceiving God: the Epistemology of
Religious Experience (1991) por Alston como uma possível resposta a esse problema.
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26. A Ação Psicoterapêutica dos Encantamentos Musicais no Timeu de Platão
Gabriel Galbiatti Nunes
Orientador: Rubens Garcia Nunes Sobrinho
Em um de seus primeiros diálogos, o Cármides (157b – 157c), Platão correlaciona a cura
para os males do corpo com os efeitos combinados do phármakon e das suas encantações musicais.
No diálogo, segundo o relato de um médico pitagórico, o grande problema dos médicos gregos era
tentar curar a parte doente sem levar em conta o equilíbrio e a harmonia do todo ao qual ele faz
parte. Isto é, não se deve curar a parte doente sem levar em conta a totalidade da qual ele faz parte:
corpo e alma. Quando o todo vai mal, é impossível que a parte esteja bem. Contudo, cabe a nós nos
questionarmos: Por que Platão atribuiu aos encantamentos musicais a capacidade de harmonizar e
equilibrar corpo e alma, de forma que, seja ela talvez mais útil que o tratamento convencional dos
médicos gregos, que leva em consideração apenas a parte doente, qual seja: a do corpo? Quais
argumentos, no núcleo de sua filosofia, justificam essas afirmações? Nesta comunicação, pretendo,
ao ter como alicerce textual o diálogo Timeu, expor os argumentos que justificam a capacidade
psicoterapêutica dos encantamentos musicais na psykhé humana.
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27. Ciborgue: Uma introdução ao advento do Pós-humano
Guilherme de Morais Damaceno
Orientador: Jairo Dias Carvalho
Projeto:FAPEMIG: APQ- 00 297-14
Diante do cenário tecnológico e convergente em que a humanidade se encontra, renomados
pesquisadores, filósofos, cientistas sociais e artistas, afirmam que a sociedade humana está
passando por uma profunda e importante transição. Isto é, com o desenvolvimento do século XXI,
uma nova era emerge, e com ela grandes consequências culturais, éticas, políticas, principalmente
para aquilo que se denomina “ser humano”. Para certos pensadores, incluindo o filósofo Max More,
a espécie humana pode ser entendida como um processo, e seu próximo estágio será o hibridismo
entre a máquina e o biológico. Ou seja, diante das invenções tecnológicas, do mundo digital e da
cibernética, a espécie não dependerá mais do processo evolutivo (considerado lento), ou “seleção
natural”, para a sua evolução. É nesse panorama que emerge a importante figura do “ciborgue”
(cib-ernético mais org-anismo). A partir disso, e tendo em vista que o ser humano como o
conhecemos está se tornando cada vez mais obsoleto, o objetivo deste trabalho se constitui numa
tentativa, ainda que em linhas gerais, de expor o debate acerca do ciborgue, bem como suas
implicações filosóficas e raízes transumanistas.
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28. O argumento da Minima Sensibilia na fundamentação da ideia de espaço em Hume
Gustavo Maciel Cardoso
Orientador: Marcos César Seneda
O objetivo deste trabalho é mostrar como David Hume é capaz de concatenar seu sistema
binário da correspondência entre impressões e ideias com a geometria e a noção de espaço. Apesar
de não se interessar piamente pela matemática, Hume formula uma resposta para seu debate com as
vertentes clássicas acerca do infinito e da percepção espacial, que remonta pelo menos desde Zenão
de Eléia, passa por Aristóteles alcançando Pierre Bayle. Na segunda parte do livro I do Treatise of
Human Nature (1738), o filósofo faz uma decomposição da nossa ideia de espaço, e usa o
argumento da “minima sensibilia” sob uma dupla função: em primeiro lugar, para refutar a
possibilidade de uma divisibilidade infinita do espaço, salientando a limitação da mente humana;
em segundo lugar, para construir uma tese que prova como essa ideia corresponde às impressões
diretamente apreendidas pelos sentidos. Desse modo, temos uma chave de leitura para entender
como esse processo condiz com a classificação de ideia abstrata do filósofo escocês. Assim, Hume
fornece uma explicação empirista para a concepção de espaço, e defende que sem duas fontes
empíricas primordiais, isto é, o tato e a visão, a nossa noção espacial, tal como ela se configura,
seria impossível.
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29. Ceticismo e fundacionalismo no Da Certeza de Wittgenstein
Igor de Souza Cesário
Orientador: Guilherme Ghisoni
Na obra Da certeza (1969), Wittgenstein dialoga com o ceticismo, e trata acerca da
possibilidade de haver um ceticismo tão crítico a ponto de duvidar de tudo, inclusive sobre a
questão dos fundamentos do conhecimento. Por outro lado, a partir da leitura de tal obra, pode-se
levantar questões acerca da posição do autor em relação ao fundacionalismo. O objetivo deste
trabalho é, portanto, analisar a argumentação wittgensteiniana a fim de traçar qual seria uma
possível posição do autor em relação ao ceticismo e ao fundacionalismo, isto é, analisar tanto as
considerações do autor em relação ao ceticismo epistemológico e as suas contribuições para esse
debate, quanto em relação a uma possível leitura fundacionalista de sua obra. Buscaremos também
analisar como o conceito de “jogos de linguagem” é fundamental para toda a filosofia do autor,
mais precisamente, como esse conceito é empregado em tal obra afim de fundamentar sua visão
acerca do ceticismo. E, também, como o autor trata de nossas certezas direcionando à esfera
gramatical o problema do regresso ao infinito.
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30. Harmonia ou número? Gênese e constituição da alma para os pitagóricos
Jackeline de Melo Feitosa
Orientador: Rubens Garcia Nunes Sobrinho
Dentre as várias interpretações e explicações da natureza e do caminho ao qual a alma está
sujeita, os pitagóricos desenvolveram uma filosofia que, além de se manter ativa como um estilo de
vida destes homens, respeitava as possíveis conexões da alma com os corpos vivos. A transmigração
da alma tornou-se então um caminho longo de purificação que, como acreditavam os órficos,
possibilitava a ascensão da alma ao seu estado natural, ao divino. Tal crença, remonta aos costumes
dos pitagóricos que se abstinham ao consumo de carne, respeitando o caminho da alma que habita o
corpo de um animal. Ainda assim, existem outras interpretações da filosofia pitagórica sobre a alma,
entre elas se destaca a de Aristóteles que afirmou que, para os pitagóricos, a alma é “número” e
“harmonia”. Todavia, esta afirmação encontra alguns problemas quando contrastada com outras
fontes da filosofia pitagórica. Por isso, esta comunicação se propõe a apresentar algumas
concepções da transmigração da alma e da harmonia, contrapondo a afirmação de Aristóteles aos
fragmentos de Filolau de Crotona, tentando buscar uma relação entre o orfismo e o pitagorismo
acerca da crença na eternidade da alma.
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31. A filosofia como exercício de morte e o canto do cisne
Jordanna Sander Ribeiro de Paiva
Orientador: Rubens Garcia Nunes Sobrinho
A filosofia como explicada no Fédon, é uma atopía (estranheza) que consiste em morrer, em
estar morto, um gênero de vida incompreensível á maioria dos homens. Ela (a filosofia) exerce uma
ação purificadora na psykhé (Fédon, 82d), afastando-a do que Sócrates define como o “mal
supremo”, isto quando se tomam desejos mais intensos e violentos como se fossem o que há de
mais evidente e mais verdadeiro (83c). O objetivo desse trabalho, portanto, é demonstrar que, por
isso, aquele que se entrega aos cuidados da filosofia não teme a morte, mas, a compreende com uma
“feliz esperança” porque a considera, como diz Sócrates, como nada mais que “a separação da alma
e corpo” (64d), e que, dessa forma o discurso do filósofo perante a morte é análogo ao canto do
cisne, ave consagrada a Apolo e símbolo de pureza (84e – 85b). Assim, a figura de Sócrates
representa o cisne de Apolo, cujo canto não teme a morte, mas, que diante dela é mais belo e
frequente, porque sabe que não deve temê-la.
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32. A ética da indústria de alimentos: incorreção e especismo
Laís Oliveira Rios
Orientador: Alcino Eduardo Bonella
O objetivo deste trabalho é elucidar, a partir da teoria singeriana, a incorreção ética da
utilização de animais para fins alimentícios, tanto na indústria da carne como também na de
derivados. Analisando a situação de crueldade, exploração, falta de qualidade de vida, bem estar, e
consequentemente, a morte a que os animais são expostos diariamente nas indústrias e fazendas,
apesar de serem considerados sencientes, seres de uma vida e que, portanto, estes devem ter seus
interesses preservados. Esta incorreção é objetiva, mesmo que o fim dessa prática vá de encontro
com interesses secundários de outras espécies, como a espécie humana, configurando o conceito
singeriano de “especismo”. Além de explorar pontualmente em quais âmbitos a indústria que utiliza
animais para fins alimentícios é considerada eticamente incorreta, o trabalho almeja também
explorar meios eticamente corretos que enfrentem essa situação de exploração, já há muito
difundida culturalmente, que vão desde dietas vegetarianas até a mudança completa no estilo de
vida que evolui para uma alimentação completamente vegana, um meio alimentício que além de
um posicionamento ideológico é também uma forma de ativismo contra a prática da exploração
animal.
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33. Filosofia, gênero, performance e identidade
Lorena Carvalho Ribeiro
Orientadora: Georgia Amitrano
O presente trabalho visa uma interpretação, mediante a leitura de Judith Butler, acerca da
performatividade masculina e da performatividade feminina como um problema filosófico que
incide diretamente no conceito de “Homem Universal” e, consequentemente, na distinção deste em
relação ao conceito de “Mulher”. Ora, os problemas de gênero são questões criteriosas nas mais
diferentes áreas do conhecimento. As questões sobre o gênero, contudo, são anteriores ao seu
próprio conceito. Por isso, torna-se necessário entender o que é o feminino e o que é o masculino, o
quando e o como da elaboração desta divisão. Cientes que fomos divididos em macho e fêmea e que
esta divisão provocou separações que vão para além do aspecto biológico, podemos, então, pensar
que “Ser homem” ou “Ser mulher” não é uma divisão apenas de sexo, obrigações comportamentais,
orientação sexual ou da perspectiva de como se “deve ser”. Diante disso, é importante demarcar
alguns pontos relevantes, em especial, o conceito de “performance” e “performatividade”. Na obra
“Problemas de Gênero - Feminismo e Subversão da Identidade” (1990), Butler expõe a
possibilidade de não se ter apenas uma identidade; afinal: “ O que faz o homem ser homem e a
mulher ser mulher? ” E, é acerca dessa questão que nosso trabalho tratará.
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34. A representação feminina na mitologia: uma análise dos mitos de origem e amor
Lorena Fernandes Magalhães
Orientadora: Georgia Cristina Amitrano
O pensamento mitológico cumpre, dentre as suas funções, o papel de organizar as relações
sociais, por meio de uma narrativa baseada na autoridade e na confiabilidade da pessoa do narrador.
Este tipo de narrativa, além de explicar uma determinada situação, consegue legitimar e determinar
um complexo sistema de permissões e proibições. Os mitos estão presentes em diferentes
sociedades e carregam em suas narrativas explicações referentes à criação do mundo, à origem da
humanidade e a relação desta com a natureza. Os fatos narrados pelos mitos trazem em suas
composições elementos sobrenaturais e também elementos naturais – como os animais, o sol, a lua,
dentre outros. Este trabalho analisa a representação da identidade feminina na consciência
mitológica, buscando compreender de que modo os mitos serviram para corroborar nas
desigualdades culturais e econômicas entre homens e mulheres, assim como para a ascensão de um
pensamento patriarcal. Para tal compreensão, a investigação percorrerá, mediante um resgate
cronológico, o modo sob o qual a identidade feminina é retratada pelo pensamento mitológico. O
corpus desta análise consiste nos mitos relacionados às origens dos seres humanos e também
àqueles relacionados ao amor.
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35. O Racionalismo na Filosofia de David Hume
Lorena Fiungo da Silva
Orientador: Samuel José Simon Rodrigues
Analisou-se até que ponto é possível falar de racionalismo na filosofia de David Hume. Por
um lado, Hume defende que o conhecimento humano se origine na experiência, sendo, portanto,
falibilista, ou seja, pode-se ter dúvidas acerca do conhecimento originado na empiria. No entanto,
por outro lado, Hume não negou a possibilidade de um conhecimento seguro, mesmo sendo este
constituído a partir da experiência. Esse conhecimento seguro e certo (intuitivo e demonstrativo),
expressa-se na matemática. Concluiu-se que, de fato, pode-se falar de um elemento a priori na
filosofia de Hume e, este estaria fundamentado na matemática. Estes fundamentos são estabelecidos
pelo “Princípio de Não-contradição”, que, segundo Hume, nos coloca frente à impossibilidade de
negar o conhecimento matemático. A pesquisa explanará os pontos principais que culminaram nos
argumentos decisivos quanto à relevância da teoria do conhecimento em Hume, ao se traçarem os
caminhos da filosofia da ciência. Os fundamentos da filosofia da ciência humeana, particularmente
o que se poderia chamar de uma “filosofia da matemática”, e seus vínculos com uma teoria do
conhecimento. Admite-se a tese não somente de um racionalismo, mas também de certo apriorismo
na filosofia de David Hume, ao contrário do que admitem muitos autores, ao considerarem apenas
um Hume cético.
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36. O problema da indução no fundamento do conhecimento científico
Lucas Alves de Oliveira
Orientador: Fábio Baltazar do Nascimento Júnior
A comunicação pretende abordar uma noção acerca da ciência e analisá-la, principalmente,
no que se refere ao método pelo qual ela procede. Tal análise consistirá, a princípio, em estabelecer
qual seria o fundamento que estruturaria toda a ciência. E, deste modo, investigar a seguinte noção:
se houver algo em que a ciência se paute fundamentalmente, isso seria encontrado na experiência,
visto que a ciência, segundo esta noção, depende inteiramente dos dados empíricos em sua forma de
proceder. Portanto, se a ciência, sob este prisma, tem como base a experiência, caberá à filosofia
analisar como se dá a relação entre os dados empíricos e a formação de teorias. E, a partir dessa
relação empreender uma análise lógica do método científico, logo, lidar com o problema da
indução. Ao longo da comunicação, na abordagem de todo contexto acerca da origem do problema
da indução, serão tratadas também algumas posições sobre o referido problema, a fim de se
apresentarem algumas justificativas para tal. Enfim, o foco da comunicação está na problemática
que envolve a indução, apresentando-a, deste modo, em seu cerne, ou seja, mediante a carência de
justificação lógica do método indutivo na base da ciência, pela perspectiva epistemológica acerca
do problema.
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37. A estética como sentimento de estranheza
Mariana Fernandes Parreira
Orientador: Humberto Guido
O objetivo desta comunicação é apresentar considerações acerca do livro O mundo como
vontade e representação (1818), Parte III, de Arthur Schopenhauer. A análise está calcada na sua
reflexão sobre a concepção de arte como “suspensão da vontade”, que é vista pelo filósofo como
irracional e inconsciente. Os conceitos fundamentais que serão abordados são: as influências que
arte tem no alívio do sofrimento mundano e a transformação que vem ocorrendo nas últimas
décadas nos critérios que estão sendo estabelecidos como arte. Ao apresentarmos a afirmativa de
que a estética provoca o sentimento do “sublime” em quem a contempla, iremos contrapor a nova
concepção de arte, em que a beleza deixou de ser critério eliminatório e o sentimento do “sublime”
foi substituído por um sentimento de estranheza. Essa nova definição da arte elege o culto ao feio e
ao pragmatismo, o valor da arte passa a ser “chocar o outro”. A proposta é apontar como a mudança
que ocorre na concepção da arte, provoca discussões na filosofia desenvolvida por Schopenhauer,
que considera a contemplação estética, como a música, a obra de arte, a poesia e tudo que é belo,
como uma suspensão momentânea do sofrimento.
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38. Marcuse e O Homem Unidimensional
Marina Barbosa Sá
A presente comunicação tem por objetivo, a partir da obra O Homem Unidimensional- a
ideologia da sociedade industrial (1964) de Marcuse, investigar como a alta produtividade de bens
nas sociedades industriais avançadas está intimamente ligada ao comportamento de servidão e à
geração de pensamento. Pretendemos explorar como o sistema de produção dessas sociedades é
responsável pela unidimensionalização da existência humana. Pois, ao mesmo tempo que o sistema
de produção e as corporações são responsáveis pela produção dos homens unidimensionais, os
próprios homens também produzem a si mesmos como unidimensionais, devido a essa passividade
com que aceitam a realidade opressora estabelecida. Além desse primeiro objetivo, este trabalho
pretende também, analisar as alternativas que Marcuse propõe a esse controle exercido pelo modo
de vida da sociedade unidimensional, ao dar enfoque, principalmente, na arte como forma de
oposição. De acordo com Marcuse, a arte possui o potencial de implodir o pensamento
unidimensional e de criar uma nova realidade social.
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39. A teoria estética de Herbert Marcuse
Matheus Antonio Ceará
Este trabalho tem como objetivo analisar a crítica à estética ortodoxa elaborada por Herbert
Marcuse em seu último trabalho intitulado A Dimensão estética, escrito em 1977. Marcuse utiliza
como campo de estudo para sua crítica a estética e a literatura dos séculos XVIII e XIX, as quais
trazem consigo uma autenticidade artística capaz de configurar os interesses de determinadas
classes no contexto das relações sociais. A contribuição da crítica de Marcuse se mostra
contundente, na medida em que nosso autor propõe que a arte é capaz de se emancipar das relações
sociais, isto porque é capaz de exprimir sua função política na própria dimensão artística, que é, no
caso, autônoma perante às relações de classe. O potencial emancipatório da arte está na qualidade
de suas formas estéticas que são capazes de romper com as relações sociais, transcendendo-as e ao
mesmo tempo estabelecendo com essas uma relação política. Desse modo, é a forma dada ao
conteúdo que implica na autenticidade da arte revolucionária, ao apresentar expressões substanciais
que atravessam a história, subvertendo as formas dominantes da percepção e da compreensão em
sua própria dimensão estética.
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40. Que tipo de órgãos-máquinas são os órgãos sexuais dessa espécie que hoje denominamos pós-
humana?
Menissa Nayara Nascimento Silva
Este trabalho pretende esboçar o desenvolvimento de um conjunto de tecnologias
relacionadas com a produção do orgasmo feminino que, segundo Beatriz Preciado (2014), nos
permitirá a demonstração de dois pontos: em primeiro lugar, a intervenção tecnológica e por meio
dela a produção da sexualidade que fora uma prática constante na modernidade; em segundo lugar,
que essas tecnologias se mostram falidas a partir de sua perversão e apropriação a partir do que a
autora chamará, seguindo as intuições de Foucault, de distintas “práxis de resistência". O "prazer
sexual feminino" é o resultado do trabalho de dois dispositivos opostos que operam de forma
paralela desde fins do século XVIII até meados do século XX: por um lado técnicas relacionadas à
repressão da masturbação, por outro, pelas técnicas da cura da histeria (PRECIADO, 2014, p. 99).
No entanto, ainda que esse desenvolvimento aconteça paralelamente, me deterei na análise das
técnicas relacionadas principalmente à repressão da masturbação e suas tecnologias, que em algum
momento serão subvertidas e recontextualizadas no interior de sistemas queer da relação “corpo-
objeto”.
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41. Ontologia em Quine: a concepção de objetos como segmentos temporais
Michelle Cardoso Montoya
Orientador: Dirk Greimann
O presente trabalho pretende abordar a concepção ontológica quineana de objetos, a partir de
Sobre o que há (1953), bem como de seu artigo Falando de Objetos (1980). Segundo Quine,
diferentemente do que preconizava a tradição, objetos não teriam substância, mas seriam eventos,
isto é, segmentos temporais representativos com propriedades físicas. Os eventos seriam conteúdos
presentes no espaço/tempo. Em Falando de Objetos, Quine afirma que por meio de critérios de
identidade e quantificação, dizemos que “x” objeto está presente. Estes critérios, por sua vez, são
apreendidos ao modo das ciências naturais, logo, intersubjetivamente. Sendo assim, este trabalho
pretende abordar de que maneira apreendemos esses critérios de identidade e quantificação, estes
que são necessários para podermos dar estatuto de existência a objetos. Todavia, antes de realizar tal
abordagem, pretende-se expor também a maneira pela qual adquirimos o domínio e uso de termos
individuadores no processo de aquisição linguística. Veremos assim, que a partir deste processo, o
estatuto existencial que atribuímos a objetos, é, na verdade, uma transposição de critérios que
estabelecemos durante a aquisição da linguagem para nossa própria concepção ontológica. Logo,
poderíamos falar de objetos a partir da transposição de critérios linguísticos para critérios
ontológicos.
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42. A hierarquia dos elementos e a salvação/purificação da alma no Fédon
Nelson Perez de Oliveira Junior
Orientador: Dennys Garcia Xavier
O presente trabalho pretende pesquisar o roteiro de purificação/salvação da alma que realiza
uma jornada por uma hierarquia dos elementos: terra, água, fogo, ar e éter. No Mito da Terra
narrado por Sócrates no Fédon há uma clara definição da ascensão da alma e de sua capacidade de
conhecer, conforme esta se eleva dos elementos menos puros para os mais puros. Os elementos
inferiores são menos puros porque eles sedimentam a corrupção da terra, já os superiores são mais
puros porque estão mais distantes da corrupção. É um caminho definido pela pureza dos elementos.
Portanto, ao empreender a jornada da alma rumo ao conhecimento das estruturas superiores da terra,
o homem deve se purificar de sua corrupção, tanto pelo seu esforço individual, quanto pelo contato
com o que é mais puro. Desta forma, alma vai deixando as coisas do corpo para trás, segundo seu
elemento, ou seja, vai morrendo em um meio dominado por um elemento e renascendo em outro
ambiente dominado por outro elemento. Retomando o roteiro do orfismo/pitagorismo
(morte/esquecimento e renascimento/rememoração), Platão define no Fédon a filosofia como um
exercício de separação da alma do corpo, um exercício de morte, representado dramaticamente pela
morte de Sócrates.
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43. Hobbes: sobre o homem e o estado natural
Núbio Raules de Oliveira
Orientador: Humberto Aparecido de Oliveira Guido (UFU)
Este trabalho tem como proposta apresentar alguns aspectos, tais como: a igualdade entre os
homens, a liberdade e o medo. Elementos esses que permeiam a imensa teoria política de Thomas
Hobbes, principalmente no que versa sobre as questões do homem no seu estado natural, a dita
guerra de todos contra todos. Apresentando o modo o qual o autor utiliza para expor sua teoria de
que os homens não são absolutamente iguais, mas que são iguais em seu estado natural, ao ponto
que nenhum deles consiga subjugar inteiramente o outro de forma totalmente reta e absoluta. O
homem livre é aquele que graças a sua força e astúcia consegue atingir os atos e anseios de sua
vontade e os homens não se reúnem pelo amor que sentem uns pelos outros, mas sim em benefício
próprio. Seguindo suas paixões e buscando alcançar seus objetivos é o medo, ou mais
especificamente, o medo da morte, que reuni os homens numa vontade comum. E por fim,
relacionar todas essas questões, demonstrando a posição hobbesiana acerca da natureza humana.
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44. O “Não-ser” de Parmênides e O “Outro” de Derrida
Pablo Silva Prado
Orientadora: Georgia Amitrano
A idade contemporânea da filosofia é marcada por eventos que dizem sobre sua constituição,
mas suas características marcantes diferem do que se pode chamar de contemporâneo. Essa
diferença é encontrada essencialmente na noção do que se entende por história e assim a relação dos
indivíduos e do contemporâneo. Em vista disso partiremos da leitura de Giorgio Agamben para
entender melhor a contemporaneidade e é utilizado do método arqueológico de Michael Foucault
para refletir sobre a noção de história de Friedrich Hegel e sobre o contemporâneo enquanto tempo
histórico. No decorrer deste percurso é descoberto que um dos temas mais atuais e emergentes do
tempo é a alteridade, e assim procuramos encontrar pensamentos e pensadores dessa relação com o
“Outro” que antecedem o tempo dito circunscrito da filosofia contemporânea . Desta maneira
encontramos Parmênides, o qual Jacques Derrida dialoga e por isso é arriscado uma atualização
desses pensamentos a fim de encontra-los, e refletir acerca deste tema que envolve tantas outras
questões.
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45. A ética do ato de matar: quando a vida se reduz a um instrumento
Pâmela Teles Bonfim
Orientador: Alcino Eduardo Bonella
A vida estabelece o seu valor inerente quando os seres que a possuem se caracterizam como
sujeitos de uma vida. Nesse sentido, a capacidade de conscientemente experimentar situações no
mundo institui aos sujeitos valores intrínsecos a sua existência e, consequentemente, seres humanos
e animais não humanos se configuram sujeitos detentores de uma vida valorável. Todavia,
determinadas ações reduzem o valor intrínseco da vida a um valor instrumental, isto é, a vida
começa a ser entendida como um meio para variados fins e o ato de matar também se situa nesse
domínio. Matar animais para obtenção de alimentos e usar a vida como um instrumento para o
terror são ações em que a morte banaliza o valor da vida e faz dela seu instrumento. Nesse quadro, a
ressignificação da vida, quando o assunto é ética, é identificada como um ato moralmente
condenável e insuficientemente defensável, pois, matar reduz e converte a vida a um meio. Tendo
isto em vista, o escopo deste trabalho é discutir, a partir da perspectiva kantinana, a dinâmica entre
o valor da vida e o ato de matar, avaliando o problema moral que advém da redução do valor
intrínseco da vida a um valor instrumental.
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46. Uma breve abordagem ao debate do patriotismo proposto por MacIntyre
Raphaela Christina Martins Ferreira Pinto
Atualmente muitas são as visões sobre o que é patriotismo e qual o papel dele na sociedade.
Embora seja um erro assumir que existem apenas dois claros, simples e mutuamente opostos pares
de crenças, podemos colocar as visões conflitantes existentes em dois polos opostos. De um lado
está a visão, tida como certa por praticamente todos no Século XIX, de que ‘patriotismo’ nomeia
uma virtude. Por outro lado, a contrastante visão, expressa algumas vezes com chocante clareza nos
anos sessenta, de que ‘patriotismo’ nomeia um vício. O autor Alasdair MacIntyre, que inicia seu
texto Is Patriotism a Virtue? com uma breve explicação de qual é o papel do filósofo moral, não
pretende fornecer razões para adotar como verdadeira uma visão e não outra. Pretende apenas
esclarecer as questões que as dividem. Tendo isso em mente, nosso principal objetivo com essa
comunicação é fazer uma breve explicação das ideias expostas por MacIntyre em seu texto.
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47. Dante e Homero: sobre a poética das nações
Renan Henrique de Chaves
A Scienza Nuova de Vico propõe que Homero e as duas obras a ele atribuídas, Ilíada e
Odisséia, foram responsáveis pela forma que os homens da antiguidade estabeleceram as primeiras
nações civis. Segundo a teoria viconiana da história e tendo Homero enquanto ilustração de sua
teoria, todas as nações passam por ciclos de coirsi e ricorsi, períodos nos quais oscilam entre
barbárie e humanidade. Na concepção de Vico é trabalhada a forma como as nações perpassam este
curso e como a poética contribui para a civilidade das gentes. Dante Alighieri, apesar de se situar
numa época madura do desenvolvimento das línguas e das nações civis, com sua principal obra, A
Divina Comédia, também apresenta as características da poética discutida por Vico. O presente
trabalho se ocupará de demonstrar como A Divina Comédia de Dante, assim como Homero em sua
poética contempla a história grega pode ser entendida como um período de queda humana à
barbárie e como retrato da história da Itália.
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48. A “barbárie” como contradição da “Democracia Consensual”: breve diálogo com os Direitos
Humanos aclamados pós 1945
Rener Marques Vilela André Voigt
A prática da barbárie pelos Estados Totalitários na 2ª Guerra Mundial, a qual em sua etapa
final propiciou a derrocada dos regimes totalitaristas, fez emergir o fortalecimento da democracia
consensual no mundo após os anos de 1945, interpelando as políticas mundiais ao estabelecimento
de um diálogo com a reanimação dos princípios dos Direitos Humanos. Baseando-se em Jacques
Rancière, a emergência do regime democrático deveria representar a garantia de formas políticas de
justiça, porém, a apropriação da democracia como regime de Estado coloca em xeque a própria
democracia, apresentando a crítica à concepção e perspectiva de uma democracia universalizadora
promovedora dos Direitos Humanos. Nada obstante, podemos constatar historicamente que diversos
movimentos progressistas que utilizavam prerrogativas e discursos democratas e humanistas
acabaram praticando a barbárie e ações de terror, processos que podem estar inseridos em um
universo nacional e/ou internacional, no trabalho da visão de Rancière, se conota que há neste
processo a reincorporação terrorista e totalitária.
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49. O cosmopolitismo como passagem – do individual para o coletivo, do particular para o
universal. Uma leitura a partir da obra: Sobre a Pedagogia de Immanuel Kant
Sideia Glaucia Silva Machado Borges
Orientador: Marcos Cesar Seneda
Esta comunicação objetiva apontar o modo como o cosmopolitismo está presente dentro da
obra Sobre a Pedagogia. Kant afirma que o projeto educacional deve ser executado de modo
cosmopolita, isto é, o cosmopolitismo requer o outro, sobretudo, o modo como devemos passar pelo
outro. A partir dessa afirmação procuraremos identificar na obra em questão o momento que melhor
elucida a execução do projeto educacional cosmopolita. Esse estudo se justifica a partir do
momento em que compreendemos que o projeto educacional de Kant é também um projeto político.
O ideal de homem a ser pensado e buscado por meio da educação só é possível através da noção de
cosmopolitismo. Nesse aspecto, faremos uso da pesquisa teórica bibliográfica, com ênfase no texto
Sobre a Pedagogia e também textos auxiliares. Para realizar esse trabalho primeiramente iremos
fazer reflexão entre Kant e o pensador Rousseau no contexto da Revolução Francesa. No intuito de
evidenciar de que modo Kant procura resolver o problema do falso cosmopolitismo. O próximo
passo desse estudo visa compreender o cosmopolitismo na concepção kantiana como passagem que
requer outro não como meio, mas como fim em si mesmo. Desse modo, essa via possibilita pensar a
passagem do homem à humanidade.
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50. Materialismo Marxista
Terolly leina da Silva
Orientadora: Maria Socorro Ramos Militão
Este estudo pretende discutir, do ponto de vista marxiano, o funcionamento da sociedade
capitalista, bem como a sua organização produtiva com ênfase na força de trabalho humana. O
objetivo é explicitar a relação conflituosa entre trabalho e capitalismo, tendo por base a concepção
de trabalho concebida por Karl Marx em sua obra O capital (Livro I, Vol. I) publicado em 1865.
Esta obra enfatiza as origens da desigualdade social, e evidencia as vantagens que o sistema
econômico aufere sobre o trabalhador. Este por sua vez, se torna objeto de acumulação de riquezas
ante a extração de mais-valia, estando submetido a jornadas de trabalho, que no século XIX beirava
a escravidão. O trabalhador, por ter apenas a sua força de trabalho como forma de subsistência, se
vê obrigado a se submeter à exploração capitalista. A análise se justifica frente à necessidade de
compreender como é dado o processo de trabalho no modo de produção capitalista e refletir sobre
os problemas atuais, que são concernentes ao trabalho e o seu processo de desenvolvimento, a fim
de averiguar a complexidade do processo de produção atual e seus reflexos na vida do operariado.
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51. A instauração do estado civil, segundo Thomas Hobbes
Victor Hugo de Oliveira Saldanha
Orientador: Jakob Hans Josef Schneider
O objetivo do estudo proposto consiste na exposição do movimento de transição de um
estado hipotético denominado estado de natureza para o estado civil, conforme a perspectiva do
filósofo inglês Thomas Hobbes em sua magnum opus, Leviatã. Esta exposição se organiza em um
percurso argumentativo tripartite: no primeiro momento, pretende definir, no que tange ao problema
da origem da sociedade, a concepção contratualista de Hobbes por oposição à concepção naturalista
de Aristóteles e Tomás de Aquino. Em seguida, aduzir o postulado hobbesiano de um tempo em que
os homens, sendo encontrados fora da égide do Estado e da lei, são conduzidos pelo direito natural
(ius naturale) a autopreservação e pela sua condição natural de igualdade à guerra de todos contra
todos (bellum omnium contra omnes). Por último, intenta explicitar como os homens, abandonando
tal estado de guerra, são levados pelas suas paixões e pela razão à instauração da sociedade ou do
estado civil.
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52. O problema da ideia de causa a partir do mito de Édipo
Vinícius Goulart de Melo
Orientador: José Benedito Almeida Júnior
Pretende-se, com este trabalho, demonstrar o problema filosófico do conceito de Causa,
valendo da fala de Kant, que todo movimento possui uma causa. Pretende-se aqui, pensar a ideia de
causa e oferecer argumentos, tendo como referência o mito de Édipo, da Trilogia Tebana, as
questões que envolvem a ideia de Causa e a partir dela, que se siga pela lógica um determinado
efeito. Após esta primeira demonstração geral, pretende-se sustentar aqui as posições dos
pensadores em relação ao conceito de Causa. Sendo assim, ela poderia ser um primeiro motor, que
faz um movimento do passado para o futuro; ela poderia ser imanente, uma causa instantânea,
presente (ou, talvez, acausal); ou ela poderia ser destino podendo estar no futuro, como dirá
Leibniz, na imaginação de Deus, sendo, portanto, tudo que se segue um determinismo absoluto
predito pelo futuro. Sendo assim, coloca-se no trabalho, após isso, o problema do determinismo e da
liberdade, ou seja, se procede ou não falar em liberdade, uma vez que ela pode ou não depender de
uma causa.
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53. A liberdade em Rousseau
Vitória de Oliveira Cirino
Orientador: José Benedito de Almeida Júnior
O texto possui o objetivo de mostrar que o Contrato Social, de Jean-Jacques Rousseau, é, na
verdade, uma medida da liberdade dos povos e não apenas uma enunciação dos ideais do direito. Só
é possível ocorrer liberdade em um contexto político, ou seja, há apenas a liberdade política; disso
se segue que será preciso definir conceitos políticos rousseaunianos, contidos no Contrato Social,
para que se possa entender o que é a liberdade em Rousseau. Portanto, explicaremos o pacto social,
a partir do qual se forma o soberano e todas as condições necessárias para que se tenha a liberdade,
como a instauração das leis, as quais asseguram a justiça, a igualdade de direitos e a liberdade. É
necessário ainda fazer a diferenciação entre cidadão e súdito, tão importante para a inteligibilidade
desse conceito, descrito por Rousseau e a distinção dos três tipos de sistemas políticos: a
democracia direta, a democracia indireta e a tirania, nos quais é possível perceber os diferentes
graus de liberdade. Ademais, o texto Considerações sobre o governo da Polônia, também de
Rousseau, será usado como um exemplo concreto sobre a sua tese relativa a liberdade.
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54. O Projeto Pedagógico de Platão: uma nova concepção educacional
Yasmim Sócrates do Nascimento
Orientador: Fabio Amorim de Mattos Junior
O modelo educacional veiculado pela poesia, na antiguidade, fundamentava-se na
memorização, na imitação e na polimatia. Nesse sentido, o programa de estudos estipulado pela
educação poética exigia que o indivíduo fosse capaz de memorizar as narrativas poéticas, de se
reconhecer em situação semelhante aos personagens daquelas mesmas narrativas e, por fim, de
reproduzir igualmente as ações expressas naquelas narrativas. Assim, a poesia orientava o indivíduo
na construção civil, na ética e, sobretudo, na religião. Contudo, para Platão, o conhecimento
ministrado pela poesia não estava fixado em bases sólidas. Mas, se mantinha no domínio da simples
opinião (dóxa). Portanto, o filósofo dedicou muitas de suas obras ao combate desse sistema
educacional e à sua substituição por uma educação sistematizada. Antes do cumprimento deste
propósito – que culmina com a ilustre passagem da República em que Platão expulsa o poeta da
cidade –, a poesia ainda apresenta alguma relevância para a educação. Logo, Platão seleciona os
elementos que merecem ser substituídos na educação poética. Sendo assim, o presente trabalho se
debruçará sobre a República, com o intuito de investigar o primeiro momento da crítica à poesia por
Platão e, portanto, evidenciar os seus primeiros esforços para substituir a educação poética pelo seu
sistema filosófico.
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55. Pós-Graduação
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56. A autobiografia na filosofia de Jean-Jacques Rousseau
Adriano Eurípedes Medeiros Martins
Orientador: José Benedito de Almeida Júnior
O sujeito que escreve sobre si mesmo e sua obra: seria esta a essência das obras
confessionais e autobiográficas de Jean-Jacques Rousseau? Ora, escrever um texto autobiográfico
ou confessional não foi nenhuma novidade criada na história da filosofia ou da literatura por este
cidadão de Genebra. Mas, neste tipo de texto o que é que sobressai pela escrita? O homem. Uma
ficção. Um romance. Uma mentira. Uma autocrítica. Vaidade. Ou tudo ou nada disto? Logo, os
materiais autobiográficos que temos em nossas mãos expressam efetivamente o quê? Os outros
escritos podem auxiliar no entendimento dos textos confessionais? Rousseau foi um homem que
conflitou com seus pares e contemporâneos, estes últimos não poderiam nos indicar uma melhor
imagem do Genebrino do que aquela difusa da autobiografia? Antes de qualquer coisa, o fato é que
se trata de um gênero literário difuso, tanto que a mera análise etimológica do termo ‘autobiografia’
não nos diz muita coisa. Diante de tal dificuldade optamos por uma reconfiguração conceitual
ancorada na tríade entre o sujeito, a vida e a sua obra.
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57. Sobre o sentido da recepção francesa de Hegel
Alexandre Cherulli Marçal
Orientador: Cláudio Oliveira
O objeto da comunicação é tecer uma breve leitura sobre o sentido da recepção francesa de
Hegel na França do século XX, partindo do período pós primeira guerra. Para tanto, é preciso
perceber a importância de três autores fundamentais para a recepção francesa de Hegel: Jean Wahl,
Alexandre Koyré e Kojève. Através de seus trabalhos e de seu ensino, eles promoveram a
reintrodução da filosofia hegeliana em território francês e contribuíram para um certo tipo de
abordagem do pensamento de Hegel que caracterizará as linhas principais de sua compreensão e o
modo específico que essa filosofia tenderá a ser lida na França ao longo do século XX. Ao final, a
partir de contribuições de Malabou e Zizek, tentarei oferecer uma rápida interpretação para o
sentido dessa recepção, mostrando como esses autores inauguram um modo de recepção da filosofia
hegeliana que tem como saldo final duas compreensões divergentes da noção de negatividade. Esse
antagonismo provocaria um curto circuito não dialetizável no interior da própria dialética, o que, em
última instância, atestaria o fracasso do projeto hegeliano. Assim, esperamos evidenciar alguns
traços centrais que poderiam ser identificador em filósofos contemporâneos franceses no que diz
respeito à compreensão da filosofia hegeliana.
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58. Cinema do Tempo em Deleuze
Ana Carolina Gomes Araújo
Orientador: Paulo Vieira Neto
Deleuze na década de 80 escreveu dois livros sobre cinema, a propósito, dois livros de
filosofia em diálogo com o cinema. Nestes o autor se propõe a uma taxinomia das imagens
cinematográficas. Entretanto, a imersão no Imagem-movimento e no Imagem-tempo revelam
bifurcações conceituais que exigem um trato duplo de composição entre a história da filosofia e a
jovem história do cinema, sobretudo ao considerar que Deleuze remete a mais de 150 filmes ao
longo dos livros, bem como traz insistentemente Bergson como aliado conceitual. No segundo livro
escrito em 1985, Imagem-tempo, o francês lança a noção que nomeou de um cinema do tempo,
referindo-se diretamente ao filme Cidadão Kane (1941) de Orson Welles. Um cinema do tempo
caracterizado não mais por uma vista pragmática longitudinal e sim por uma visão puramente ótica,
vertical, em outros termos, visão de profundidade. É diante desse apontamento que propomos uma
comunicação cujo objetivo perpassa a relação entre cinema do tempo e profundidade de campo na
perspectiva teórica deleuziana.
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59. A problemática existencial em Guimarães Rosa e Adélia Prado: uma leitura heideggeriana
Ana Paula da Silva Santos
Orientador: Humberto Aparecido de Oliveira Guido
Este estudo objetiva aplicar o conceito de inautenticidade do ser, suscitado pelo filósofo
alemão Heidegger, na análise crítica dos textos literários A Terceira Margem do Rio e O Espelho, de
João Guimarães Rosa; Sem Enfeite Nenhum e O Terceiro Olho, de Adélia Prado. Para tanto, o
referencial teórico desta investigação segue as perspectivas da pesquisa qualitativa, de acordo com
Chizzotti (2005) e Bardin (1977), e se orienta pela a composição teórica de autores, como
Heidegger (2015), Ghiraldelli Jr. (2010) e Ghiraldelli Jr. (2011), Nunes (2002), Reé (2000),
Michelazzo (2010), Remak (1994), Carvalhal (2006), dentre outros, já que se encontra em fase
inicial de desenvolvimento. De modo geral, esses quatro escritos, cada um a seu modo, descrevem
situações relacionadas ao ser de seus personagens no mundo e com o mundo - o Dasein - e, de
maneira explícita ou implícita, parecem suscitar reflexões sobre esse estar no mundo, sobre o que é
ser ou não ser com autenticidade.
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60. Considerações sobre forma lógica: por uma lógica da representação
André Cardoso de Araújo
Orientador: Walter Gomide do Nascimento Júnior
A partir da investigação da teoria da figuração, se aborda o problema filosófico sobre a
relação linguagem-mundo, mais especificamente a perspectiva lógico-proposicional. Se a
linguagem em sua expressão proposicional pretende dar conta de um juízo verdadeiro ou falso sobre
o mundo é necessário perguntar sobre a legitimidade dessa relação linguagem-mundo, o que conduz
á questão da representação. Para Wittgenstein (do Tractatus) tal relação é fundamental e se dá
através da Figuração. O intuito é propor e demonstrar a seguinte hipótese: I) o conceito de mundo
wittgensteiniano é demasiadamente reduzido pela forma lógica de afiguração; P1) A perspectiva
lógica clássica é restritiva - em aspectos importantes - se comparada à perspectiva não-clássica; P2)
A teoria da figuração independe da perspectiva lógica subjacente; P3) A teoria da figuração, por ser
independente, suporta lógicas não-clássicas; P4) Propõe-se ampliação do conceito de mundo em
direção ao contra-senso (sinnlos). O ponto de partida, obviamente, trata-se da exposição da teoria
figurativa tal qual exposta no Tractatus. Esta se caracteriza por admitir que: “2.1 figuramos os fatos;
2.2 a figuração tem em comum com o afigurado a forma lógica de afiguração e 3.0 a figuração
lógica dos fatos é o pensamento”.
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61. Naturalismo e pampsiquismo em David Chalmers
André Luís Bonfim Sousa
Por vezes a consciência é confundida e relacionada, por exemplo, com estado de vigília ou
mesmo com comportamento deliberado. Tais exemplos, todavia, não se referem a estados
conscientes? Não seriam aspectos funcionais da experiência consciente? No presente trabalho temos
como objetivo apresentar o modo como David Chalmers, no livro The Conscious Mind: In search
of a fundamental theory, de 1996, argumenta acerca da irredutibilidade da consciência a estados
físicos. Em primeiro lugar, procuramos identificar como o filósofo, ao tratar de experiências
conscientes, ressalta que tais estados referem-se não apenas a estados subjetivos, mas adquirem uma
instância ontológica: referem-se a própria característica fundamental do mundo (do mesmo jeito que
massa, carga eletromagnética e espaço-tempo). Tal possibilidade defendida por Chalmers confunde-
se com o pampsiquismo: toda matéria tem algum grau de consciência. Em segundo, esmiuçamos os
aspectos gerais dessa teoria naturalista da consciência. Conclui-se explicando a alternativa de
Chalmers em compreender o universo como uma rede de entidades básicas que obedecem um
conjunto de leis e a consciência pode ser explicada a partir destas, de modo que a consciência,
portanto, seria um traço fundamental do próprio universo.
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62. A metafórica fronteira entre literatura, filosofia e política nos Cadernos e nas Cartas do
Cárcere de Antônio Gramsci: emergir de uma vida-obra
Arthur Damasceno Ribeiro de Oliveira Leite
Orientadora: Ana Maria Said
O presente texto encerra apontamentos oriundos da minha pesquisa de mestrado sobre a vida
e a obra de Antônio Gramsci. Intentamos demonstrar nesse espaço como chegamos à metáfora vida-
obra e como esta metáfora serviu para que pudéssemos delimitar nossa incógnita: explorar a
intersecção entre filosofia, política e literatura nos Cadernos e nas Cartas do Cárcere. Nesse
sentido, utilizamos como balizas para a nossa pesquisa o estudo das categorias Tradutibilidade e
Nacional-popular, que nos ajudaram a entender como pensamento e ação, filosofia e política são
aspectos tradutíveis de um mesmo fenômeno no pensamento de Gramsci, e como a filosofia quando
traduzida em política pela filosofia da práxis constitui instrumento de produção revolucionário para
os subalternos, que através dela tomam consciência do mundo e da sua condição no mundo.
Portanto, aspiramos demonstrar como a vida-obra de Gramsci encerra a metafórica fronteira entre
filosofia, política e literatura: a própria filosofia da práxis.
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63. A biopedagogia a partir da filosofia da experiência de Deleuze
Bruno Gonçalves Borges
Orientador: Márcio Danelon
Gilles Deleuze (1925-1995), filósofo do conceito, do acontecimento, do direito ao desejo,
não escreveu textos específicos com a temática educativa, mas seu pensamento alimenta diversos
estudos e pesquisas sobre a formação. O potencial revolucionário de suas escrituras, palestras e
entrevistas, motivou a apresentação deste trabalho tomando Deleuze não apenas como uma
inspiração ou método, mas como uma abertura, caminho e fuga. Por isso, deleuzear. Não se trata,
portanto, de partir do filósofo para se chegar à educação, mas envolver-se com ele e engendrar a
educação no pensamento. Especificamente, esta pesquisa pretende mapear, evidenciar e,
posteriormente, problematizar a desconstrução do valor vital da experiência e a valoração da
arte/técnica do experimento, responsável por estruturar a pedagogia como saber “legítimo” da
formação a partir do paradigma natural/biológico. O filósofo francês é responsável por oferecer
elementos cruciais para a pesquisa, na medida em que sua própria filosofia se ocupa
especificamente da experiência e não do problema do ser. O seu pensamento acerca da importância
do conceito funcional, da sua fabricação, dos usos e desusos é fundamental para lidar com a
temática fora do senso constituído em torno do empirismo clássico.
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