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MARCAS DA IDEOLOGIA TRABALHISTA DE VARGAS EM CANÇÕES DA MPB
Fabiana Fernanda Steigenberger, Luiz Carlos Fernandes
Resumo
No final da década de 1930 Getúlio Vargas cria o DIP (Departamento de
Imprensa e Propaganda) – órgão responsável por censurar e orientar toda
criação artística nacional incluindo a música popular brasileira. Diante disso, os
compositores são orientados a enfatizarem, no discurso lítero-musical, temas de
incentivo e valorização do trabalho, evitando referências a
comportamentos associados à malandragem. Nessa perspectiva, com base no
referencial teórico da Análise do Discurso de linha francesa, temos como
propósito analisar as marcas discursivas reveladoras das mudanças ocorridas
nesse quadro sócio-histórico. Tais marcas são decorrentes da coerção ideológica
exercida por essa política governamental no que se refere às questões
trabalhistas. Dessa forma, compreendemos que os sentidos produzidos no
gênero da música popular, espaço de ocorrência de tantas práticas discursivas
cotidianas, a repetição constante, estabelece e determina os limites de cada
formação discursiva. Procuramos destacar também, no presente estudo, a
importância das marcas de adesão ou distanciamento do sujeito enunciador em
relação ao discurso outro.
O governo de Getúlio Vargas tem grande importância para a
consolidação da música popular brasileira, especificamente o
samba, no cenário sócio-históriconacional. Segundo Luna, na
década de 30, “começou o processo de invenção social que
transformou o Brasil na ‘terra do samba’ – dentro da perspectiva
varguista da inserção do samba em seus projetos-ideológicos.”
(http://www.multirio.rj.gov.br/sec21/chave_artigo.asp?cod_artigo=1951).
Dessa forma, o Estado procurou construir uma identidade brasileira
condizente com os seus interesses por meio de canções da MPB
como o samba. Esse gênero musical até então se identificava com
influências culturais africanas, com a boêmia e a malandragem,
conforme nos indica Pereira:
As produções dos sambistas se referiam ao amor, ao jogo, a
malandragem e criticavam o trabalho. No entanto, com Vargas no
poder, em 1939, é criado o Departamento de Imprensa e
Propaganda – o DIP.
Esse órgão possuía poderes de censura sobre toda a criação
artística nacional, incluindo a música popular. Portanto, censurava
e orientava os compositores a divulgarem os preceitos político-
ideológicos varguistas de valorização do trabalho, da ordem, do
civismo e do desenvolvimento, impondo a eles um discurso
moralista de elogio às questões trabalhistas.
“Meu chapéu do lado
Tamanco arrastando
Lenço no pescoço
Navalha no bolso
Eu passo gingando
Provoco e desafio
Eu tenho orgulho
Em ser tão vadio
Sei que eles falam
Deste meu proceder
Eu vejo quem trabalha
Anda no miserê
Anda no miserê
Eu sou vadio
Porque tive inclinação
Eu me lembro, era criança
Tirava samba-canção
(Comigo não
Eu quero ver quem tem razão)
E ele toca
E você canta
E eu não tô
(Pori boré, pori boré)”
A primeira composição a ser analisada, intitula-se “Lenço no
Pescoço”, de Wilson Batista, gravada em 1933 por Sílvio Caldas:
Essa composição é considerada o hino da malandragem.
A partir desse contexto histórico-social, com os conteúdos das
canções sendo fiscalizados pelo DIP e censurados para evitar que
pudessem influenciar o público contrariamente àquelas idéias
impostas pelo Estado Novo, as canções da MPB, que aderiam a
formação discursiva da malandragem, passam a assumir um novo
caráter. Distanciam-se dessa formação discursiva e se aproximam,
devido às coerções ideológicas, de uma formação discursiva que
incentiva continuamente o trabalho. É o que podemos verificar em
uma das músicas disseminadas em 1941, intitulada “Eu trabalhei”,
de Roberto Roberti e Jorge Faraj, gravada por Orlando Silva:
“Eu hoje tenho tudo, tudo que um homem quer
Tenho dinheiro, automóvel e uma mulher!
Mas pra chegar até o ponto em que cheguei
Eu trabalhei, trabalhei, trabalhei.
Eu hoje sou feliz
E posso aconselhar:
Quem faz o que eu já fiz
Só pode melhorar...
E quem diz que o trabalho não dá camisa a ninguém
Não tem razão, não tem, não tem.”
Eu te amo meu Brasil – Dom e Ravel
As praias do Brasil ensolaradas
O chão onde o país de elevou
A mão de Deus abençoou
Mulher que nasce aqui
Tem muito mais amor
O céu do meu Brasil tem mais estrelas
O sol do meu pais mais esplendor
A mão de Deus abençoou
Em terras brasileiras
Vou plantar amor
Eu te amo meu brasil, eu te amo
Meu coração e verde, amarelo e branco, azul anil
Eu te amo meu Brasil, eu te amo
Ninguém segura a juventude do Brasil
Pra Frente Brasil (Copa de 1970)
Noventa milhões em ação
Pra frente Brasil
Do meu coração
Todos juntos vamos
Pra frente Brasil
Salve a Seleção
De repente é aquela corrente pra frente
Parece que todo o Brasil deu a mão
Todos ligados na mesma emoção
Tudo é um só coração!
Todos juntos vamos
Pra frente Brasil, Brasil
Salve a Seleção
Todos juntos vamos
Pra frente Brasil, Brasil
Salve a Seleção
Brasil abre a cortina do passado
Tira a mãe preta do cerrado
Bota o rei congo no congado
Brasil! Pra mim!
Brasil! Pra mim!
Deixa cantar de novo o trovador
A merencória luz da lua
Toda canção do meu amor
Quero ver a sá dona caminhando
Pelos salões arrastando
O seu vestido rendado
Brasil! Pra mim, pra mim, pra mim!
Aquarela do Brasil
http://www.youtube.com/watch?v=8sIBMafJ42s
Baseado em um livro polêmico que conta que a
partir dos anos 40, a música brasileira começou a
impressionar o mundo pelo seu potencial. Os
sucessos de Ari Barroso, Carmem Miranda e Tom
Jobim deixaram as corporações artísticas
espantadas e com medo do Brasil dominar o
mundo. A partir daí, foi criada uma corporação
secreta com um único objetivo: destruir a música
brasileira.
http://www.youtube.com/watch?v=QR5uH6mrYmM
“Falta poesia da MPB. Falta poesia na arte. Aliás, hoje
em dia falta poesia nas pessoas. No mundo inteiro”.
Zizi Possi.
A cantora declarou que vê com certa tristeza a lógica
do mercado, sempre ávidos por sucessos imediatos. Para
Zizi, esse mecanismo empobreceu a música brasileira e
banalizou a produção sonora. “Há um imediatismo. O
mercado lança pessoas ao estrelato e os hits duram um
verão. Depois disso, os artistas e seus hits empobrecidos
são esquecidos. São substituídos por outros tão pobre ou
até mais pobres”.
Jornal correio da Paraíba 04 de agosto de 2013.
Integrantes do Grupo:
- José Jandui Costa de Araújo
- Kleber Victor do Monte Santos
- Lise Maria Torres de Melo
- Lindailton Gonçalves Trajano Júnior
- Josenice Pereira de Lucena Brito
- Jucélio de Barros Souza

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Marcas da ideologia trabalhista de Vargas na MPB

  • 2.
  • 3. MARCAS DA IDEOLOGIA TRABALHISTA DE VARGAS EM CANÇÕES DA MPB Fabiana Fernanda Steigenberger, Luiz Carlos Fernandes Resumo No final da década de 1930 Getúlio Vargas cria o DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda) – órgão responsável por censurar e orientar toda criação artística nacional incluindo a música popular brasileira. Diante disso, os compositores são orientados a enfatizarem, no discurso lítero-musical, temas de incentivo e valorização do trabalho, evitando referências a comportamentos associados à malandragem. Nessa perspectiva, com base no referencial teórico da Análise do Discurso de linha francesa, temos como propósito analisar as marcas discursivas reveladoras das mudanças ocorridas nesse quadro sócio-histórico. Tais marcas são decorrentes da coerção ideológica exercida por essa política governamental no que se refere às questões trabalhistas. Dessa forma, compreendemos que os sentidos produzidos no gênero da música popular, espaço de ocorrência de tantas práticas discursivas cotidianas, a repetição constante, estabelece e determina os limites de cada formação discursiva. Procuramos destacar também, no presente estudo, a importância das marcas de adesão ou distanciamento do sujeito enunciador em relação ao discurso outro.
  • 4. O governo de Getúlio Vargas tem grande importância para a consolidação da música popular brasileira, especificamente o samba, no cenário sócio-históriconacional. Segundo Luna, na década de 30, “começou o processo de invenção social que transformou o Brasil na ‘terra do samba’ – dentro da perspectiva varguista da inserção do samba em seus projetos-ideológicos.” (http://www.multirio.rj.gov.br/sec21/chave_artigo.asp?cod_artigo=1951). Dessa forma, o Estado procurou construir uma identidade brasileira condizente com os seus interesses por meio de canções da MPB como o samba. Esse gênero musical até então se identificava com influências culturais africanas, com a boêmia e a malandragem, conforme nos indica Pereira:
  • 5. As produções dos sambistas se referiam ao amor, ao jogo, a malandragem e criticavam o trabalho. No entanto, com Vargas no poder, em 1939, é criado o Departamento de Imprensa e Propaganda – o DIP. Esse órgão possuía poderes de censura sobre toda a criação artística nacional, incluindo a música popular. Portanto, censurava e orientava os compositores a divulgarem os preceitos político- ideológicos varguistas de valorização do trabalho, da ordem, do civismo e do desenvolvimento, impondo a eles um discurso moralista de elogio às questões trabalhistas.
  • 6. “Meu chapéu do lado Tamanco arrastando Lenço no pescoço Navalha no bolso Eu passo gingando Provoco e desafio Eu tenho orgulho Em ser tão vadio Sei que eles falam Deste meu proceder Eu vejo quem trabalha Anda no miserê Anda no miserê Eu sou vadio Porque tive inclinação Eu me lembro, era criança Tirava samba-canção (Comigo não Eu quero ver quem tem razão) E ele toca E você canta E eu não tô (Pori boré, pori boré)” A primeira composição a ser analisada, intitula-se “Lenço no Pescoço”, de Wilson Batista, gravada em 1933 por Sílvio Caldas: Essa composição é considerada o hino da malandragem.
  • 7. A partir desse contexto histórico-social, com os conteúdos das canções sendo fiscalizados pelo DIP e censurados para evitar que pudessem influenciar o público contrariamente àquelas idéias impostas pelo Estado Novo, as canções da MPB, que aderiam a formação discursiva da malandragem, passam a assumir um novo caráter. Distanciam-se dessa formação discursiva e se aproximam, devido às coerções ideológicas, de uma formação discursiva que incentiva continuamente o trabalho. É o que podemos verificar em uma das músicas disseminadas em 1941, intitulada “Eu trabalhei”, de Roberto Roberti e Jorge Faraj, gravada por Orlando Silva:
  • 8. “Eu hoje tenho tudo, tudo que um homem quer Tenho dinheiro, automóvel e uma mulher! Mas pra chegar até o ponto em que cheguei Eu trabalhei, trabalhei, trabalhei. Eu hoje sou feliz E posso aconselhar: Quem faz o que eu já fiz Só pode melhorar... E quem diz que o trabalho não dá camisa a ninguém Não tem razão, não tem, não tem.”
  • 9. Eu te amo meu Brasil – Dom e Ravel As praias do Brasil ensolaradas O chão onde o país de elevou A mão de Deus abençoou Mulher que nasce aqui Tem muito mais amor O céu do meu Brasil tem mais estrelas O sol do meu pais mais esplendor A mão de Deus abençoou Em terras brasileiras Vou plantar amor Eu te amo meu brasil, eu te amo Meu coração e verde, amarelo e branco, azul anil Eu te amo meu Brasil, eu te amo Ninguém segura a juventude do Brasil
  • 10. Pra Frente Brasil (Copa de 1970) Noventa milhões em ação Pra frente Brasil Do meu coração Todos juntos vamos Pra frente Brasil Salve a Seleção De repente é aquela corrente pra frente Parece que todo o Brasil deu a mão Todos ligados na mesma emoção Tudo é um só coração! Todos juntos vamos Pra frente Brasil, Brasil Salve a Seleção Todos juntos vamos Pra frente Brasil, Brasil Salve a Seleção
  • 11.
  • 12. Brasil abre a cortina do passado Tira a mãe preta do cerrado Bota o rei congo no congado Brasil! Pra mim! Brasil! Pra mim! Deixa cantar de novo o trovador A merencória luz da lua Toda canção do meu amor Quero ver a sá dona caminhando Pelos salões arrastando O seu vestido rendado Brasil! Pra mim, pra mim, pra mim! Aquarela do Brasil
  • 14. Baseado em um livro polêmico que conta que a partir dos anos 40, a música brasileira começou a impressionar o mundo pelo seu potencial. Os sucessos de Ari Barroso, Carmem Miranda e Tom Jobim deixaram as corporações artísticas espantadas e com medo do Brasil dominar o mundo. A partir daí, foi criada uma corporação secreta com um único objetivo: destruir a música brasileira.
  • 16.
  • 17. “Falta poesia da MPB. Falta poesia na arte. Aliás, hoje em dia falta poesia nas pessoas. No mundo inteiro”. Zizi Possi. A cantora declarou que vê com certa tristeza a lógica do mercado, sempre ávidos por sucessos imediatos. Para Zizi, esse mecanismo empobreceu a música brasileira e banalizou a produção sonora. “Há um imediatismo. O mercado lança pessoas ao estrelato e os hits duram um verão. Depois disso, os artistas e seus hits empobrecidos são esquecidos. São substituídos por outros tão pobre ou até mais pobres”. Jornal correio da Paraíba 04 de agosto de 2013.
  • 18.
  • 19. Integrantes do Grupo: - José Jandui Costa de Araújo - Kleber Victor do Monte Santos - Lise Maria Torres de Melo - Lindailton Gonçalves Trajano Júnior - Josenice Pereira de Lucena Brito - Jucélio de Barros Souza