Este documento discute a interpretação das sete cabeças mencionadas no Apocalipse. Argumenta que elas representam sete governos opressivos desde os dias de Ninrode: 1) Babilônia antiga, 2) Império Medo-Persa, 3) Grécia, 4) Roma pagã, 5) Roma papal, 6) o ateísmo da Revolução Francesa, 7) o liberalismo e a apostasia moderna.
1. As Sete Cabeças
Por George McCready Price
Alguns dos símbolos proféticos podem ser interpretados de duas maneiras diferentes,
vistos sob ângulos diferentes. O dragão representa de início a Satanás, mas também
significa Roma imperial ou pagã, que era o poder mundial dominante ao tempo da
concessão das visões do Apocalipse. O mesmo princípio do significado duplo será de
auxílio na compreensão das sete cabeças mencionadas várias vezes nas profecias de
Daniel e do Apocalipse. O número sete indica geralmente perfeição ou algo concluído;
e como as sete cabeças sucedem umas às outras em Apoc. 17:9,10, representam com
certeza nações sucessivas, através das quais Satanás tem tentado controlar com
relativo êxito os negócios nacionais, com o fito de opor-se à obra de Deus, obstruindo-
a. Em outras palavras, as sete cabeças significam todos os governos civis, opressivos e
tirânicos da história humana, desde os dias de Ninrode até o fim do tempo.
Tal seria em sentido mais amplo o que os teólogos chamam de o significado
apotelesmático da profecia, "sub specie aeternitatis" – a maneira de as inteligências
celestiais a verem. Deve haver entretanto, também uma percepção proléptica, que se
apliquem a sete casos específicos. O passo "cinco caíram, um existe, e o outro ainda
não chegou" (v. 10) obviamente indica sete poderes mundiais específicos em
seqüência. Daí a necessidade de estudarmos com muito cuidado a fim de
descobrirmos que nações sucessivas são mencionadas.
Até não há muito o capítulo dezessete do Apocalipse era o mais misterioso de todo o
livro, se não de toda a Bíblia. Nosso expositor profético pioneiro, Uriah Smith, teve
muitíssimo pouco a dizer acerca do mesmo. Os protestantes compreenderam que em
linhas gerais o capítulo trata do assunto de uma aliança ímpia entre igreja e estado – o
que corresponde apenas ao ABC da matéria. Porém seus números e outros
pormenores têm sido um perfeito enigma mesmo para Adventistas do Sétimo Dia.
Até a última parte do capítulo, onde são mencionados os dez reis que terão um só
pensamento e oferecerão à besta o poder e a autoridade que possuem tem sido
incompreendida, julgando-se fazer ela referência à idade média, a despeito da
afirmação de Ellen G. White que assinala ser esta uma confederação das últimas horas
do tempo com seu significado óbvio.
Porém a razão para essa incompreensão contínua parece não ser tão obscura. Talvez a
ocasião para sua compreensão não era oportuna. Esse capítulo está em íntima relação
com o alto clamor de Apoc. 18:4 "Retirai-vos dela, povo meu"; e, como muito do livro
de Daniel estava fechado e selado até o tempo do fim, pode ter sido designado pela
providência divina, que o capítulo 17 de Apocalipse não fosse compreendido, até que a
mensagem do alto clamor estivesse pronta para ser proclamada ao mundo. Tal
2. mensagem no entanto é própria agora. Portanto o interdito foi levantado, e cada
pormenor deste capítulo está claro diante de nós.
Por muitos séculos a Igreja Católica teve sua própria interpretação para esse capítulo,
como pode ser encontrado nas explicações de sua Bíblia de Douay. Seus teólogos,
seguidos de perto pela crítica moderna, asseveram que o tempo mencionado na
explicação dada pelo anjo a João era o dos imperadores romanos. De acordo com isto,
eles sempre introduziram o Egito e a Assíria, seguidos na relação pelos nomes de
Babilônia, Medo-Pérsia e Grécia, a fim de terem cinco "reis" ou impérios que naquela
ocasião haviam "caído", como mencionado no verso 10. Roma pagã estava então no
poder, e seria o nº 6 da série. Com certeza o próximo, o de nº 7, que naquele tempo
ainda não havia vindo, seria o horrível anticristo. Este era também o ensino dos pais da
igreja.
Há alguns anos, antes que se compreendesse a linguagem paradoxal deste capítulo,
mesmo alguns escritores adventistas foram enganados por esta parte do vinho de
Babilônia. Adotaram a interpretação católica da mais vital de todas as profecias,
provavelmente por pensarem poder fazer deste número 7 da série o símbolo do
grande anticristo. Eles ignoraram o fato de que Egito e Assíria jamais foram
mencionados em nenhuma profecia seriada de Daniel. Eles também esqueceram o
fato histórico bem conhecido que a Babilônia de Nabucodonosor e de Daniel com
freqüência é chamado o império Neobabilônico ou o segundo império Babilônico;
porquanto o primeiro curso de Babilônia antedata ambos, Egito e Assíria, remontando
aos dias de Ninrode, logo após o Dilúvio.
Como veremos nos últimos capítulos, no conflito dos séculos, o fator religioso é
imensamente mais importante do que o político, e aquele é a maior preocupação da
profecia bíblica. Este era o caso em tempos antigos. Jamais o Egito e nem a Assíria,
embora fossem cruéis e opressivos, exerceram uma influência tão fascinante, sedutora
ou enganadora como o fizeram sobre as nações circunvizinhas os cultos e sacerdócios
centralizados na "santa" Babilônia durante todos os séculos desde Ninrode até
Belsazar e muito depois. A. H. Sayce relata que desde os dias do império de Hamurábi
em diante, Babilônia "continuava sendo a Capital do império Babilônico e a santa
cidade da Ásia Ocidental". (Encic. Brit. 11ª. Ed., vol. III, pág. 98). De fato, ambos, Egito e
Assíria, eram relativamente insignificantes quanto à sua influência religiosa e cultural
sobre o resto do mundo.
Os advogados do Egito e Assíria desconsideraram a clara afirmação profética de que o
número 7 da série, teria apenas uma carreira muito breve – "e quando chegar, tem de
durar pouco" (v. 10), ou "deve permanecer por um instante" (R.S.V.), ou "sua
permanência deve ser breve" (Goodspeed). Porém todos sabem que a Igreja Católica
tem permanecido quase tanto tempo quanto todos em conjunto.
Estas são objeções sérias indicativas que esta não pode ser a interpretação correta. A
visão completa não envolve nenhuma negação de fatos. Necessitamos de uma
interpretação sensível, consistente deste capítulo, para podermos dar a derradeira
mensagem evangélica de maneira inteligente "sai dela povo Meu". Apoc, 18:4.
A dragão vermelho do capítulo 12, a besta semelhante ao leopardo do capítulo 13, e a
besta escarlate do capítulo 17 todos são descritos como tendo sete cabeças.
Necessitamos encontrar um significado que se aplique a todos. Isto poderemos fazer
se olharmos para a seqüência desde o princípio, a começar com a Babilônia de
Ninrode, e daí em diante, divisando as mais ou menos bem sucedidas tentativas de
3. Satanás para assumir o controle da humanidade, compelindo-a a executar suas ordens,
em oposição à obra e ao povo de Deus.
O primeiro e segundo império babilônicos devem ser considerados como uma unidade.
Por conseguinte, Babilônia, Medo-Persa, Grécia e Roma Imperial constituem as
primeiras quatro cabeças, como em todas as profecias de Daniel; Roma Papal torna-se
a quinta cabeça nesta sucessão, que recebe sua ferida mortal ou o golpe de morte em
1798. Estes são os cinco "que caíram" ao tempo mencionado pelo anjo no v. 10. E o
período depois disto, "o tempo do fim" que dura já há século e meio, e não sabemos
até quando irá, é obviamente considerado nesta profecia como a atualidade, o ponto a
partir do qual a interpretação é dada pelo anjo.
Nesse tempo, disse o anjo, a besta satânica da intolerância "era e não é" (vs. 8)
correspondendo ao período da ferida mortal; contudo o anjo continua afirmando que
uma das cabeças "existe" (vs. 10) ou "está reinando" (Goodspeed). Esta deve ser o
número 6 do grupo. Em outras palavras, o número 6 deve existir ou reinar em nossos
dias, a partir de 1798. Tal raciocínio parece estar correto. De acordo com isto, devemos
procurar no mundo moderno, se possível, a identificação do poder mundial a que se
refere de maneira tão clara a profecia.
Foram sugeridos dois candidatos. A besta de dois chifres, ou o falso profeta, tem com
toda a probabilidade um lugar neste grupo de potências mundiais. No capítulo 13 ela
surge exatamente após a inflição de ferida mortal na besta semelhante ao leopardo.
Porém em 1798 ela era ainda muito jovem e semelhante ao cordeiro. Naquela época
não se podia ver nela como a uma potência mundial dominante. El algumas outras
profecias é mencionado com antecipação do quê um poder será posteriormente; este
parece ser o caso em tela. Pode-se argumentar muito bem de que esta besta de dois
chifres não tem as qualificações das cabeças deste conjunto até que ela comece a falar
como dragão, porque todas as cabeças são descritas como antagônicas a Deus e Sua
verdade; porém no seu estágio semelhante ao cordeiro, ela é gentil e inofensiva.
Escrevo àqueles que estão bem familiarizados com este assunto. Não me dirijo a
ignorantes em assuntos bíblicos. Cada um que conhece as profecias de Daniel e
Apocalipse sabe que numa sucessão de eventos, o que segue é sempre indicado como
causa da queda do seu predecessor. De acordo com isto, no caso em tela,
necessitamos considerar a causa da inflição da ferida mortal em 1798, o que ainda a
impede de ser curada.
Não foi a monarquia histórica da França, o filho mais velho da Igreja, que ocasionou a
queda do Papado em 1798. Foi porém o que o livro O Grande Conflito, na pág. 268
chama de "uma nova manifestação do poder satânico", e o que a Bíblia diz ser a besta
do profundo abismo. Deu-se o nome de "o diretório" ao grupo de cinco homens que
governaram de 1795 até 1799; foram eles que enviaram Berthier para prender o papa
e trazê-lo para a França. E foi o ateísmo fanático e organizado, que eles
representaram, que trouxe o desbaratamento de cada governo católico através do
mundo, naqueles dias e logo depois. Em nossos dias a mesma besta do profundo
abismo, exteriormente mais moderada e polida, evidenciando por fora menos
fanatismo, que ainda mantém a ferida mortal incurada.
Por favor, não me compreendam mal. Constitui uma política sábia a completa
separação de Igreja e Estado. Liberdade civil e religiosa, ambas são boas. Porém os
chefes da Revolução Francesa roubaram dos americanos de uma geração anterior
esses ideais celestiais, e usaram-nos para camuflarem sua propaganda contra Deus e a
4. Bíblia que se propagou no universo naquele tempo. A alta crítica bíblica e o liberalismo
dos nossos dias, a filosofia evolucionista ou a moderna apostasia anti-Gênesis, agora
universais através do mundo ocidental, são exatamente a mesma manifestação do
poder satânico, embora no estilo do século vinte. Tal era novidade em 1798, porém
desenvolveu-se tanto, que já estamos acostumados e o tomamos como normal.
E isto, na minha opinião, é o que significa a sexta cabeça. É sem dúvida o que
ocasionou a ferida mortal em 1798. Naquele tempo bem se podia chamá-lo de uma
nova manifestação do poder satânico, porque não se conhecia nada similar na história
das nações. Porém daqueles dias até os nossos, sob várias mudanças e camuflagens,
ela se tornou o poder intelectual dominante através do mundo ocidental. É esta
apostasia anti-Gênesis que ainda impede que seja curada a ferida mortal, o que nos
indica que ela e a sucessora profética da quinta cabeça, da sucessão de sete, e ainda
deve ser qualificada como a sexta.
O que diremos porém da besta de dois chifres, ou seja o falso profeta, que como
Adventistas temos ensinado por aproximadamente cem anos representar os Estados
Unidos e também constituir a sétima cabeça desse conjunto? A profecia descreve-a
como tendo "dois chifres parecendo cordeiro", que o livro O Grande Conflito afirma "a
propósito" representar o caráter deste país nos seus dias primitivos, quando foi dito
"ao profeta ao profeta como estando a "subir" em 1798" (pág. 441). Por certo sua
amabilidade e inocência ainda caracterizam a América em matéria de liberdade civil e
religiosa. Isto nos parece indicar que nesta etapa de sua carreira a América não pode
ser qualificada como uma das sete cabeças, porque todas são oponentes a Deus e ao
Seu povo.
Todavia, após a primeira menção dos dois chifres da besta, como de um cordeiro, cada
afirmação seguinte é má, terrivelmente má. Ela é descrita como um enganador sagaz e
fraudulento, o mais completo e perigoso de toda a história da humanidade. E no
clímax de sua insidiosa carreira, ela falará "como dragão"; porém na acusação
pormenorizada contra ela, é mencionada uma lista de enganos espetaculares
mediante os quais ela induz o povo a fazer uma imagem à besta semelhante ao
leopardo (a quinta do grupo), e depois leva cada um a homenagear a primeira besta,
trazendo-a de novo à vida, curando sua ferida mortal. Isto significa com certeza, trazer
de volta do abismo profundo, o estado de morte, a besta da intolerância e da
perseguição religiosa, como é predito em Apoc. 17:8.
Quando Deus tomar nas mãos o caso, esta besta de dois chifres será lançada viva no
primeiro lago de fogo por ocasião da segunda vinda de Cristo.
A transformação surpreendente no caráter e na conduta destes chifres de cordeiro na
voz do dragão, será considerado mais tarde. Agora estamos apenas preocupados em
identificar de maneira correta a sucessão das sete cabeças.
Uma tradução recente de Apocalipse 17:11 esclarece alguns aspectos do problema. "A
besta que era e não é mais, é um oitavo na contagem, embora seja um dos sete
anteriores a ele – e é ele que vai para a destruição". (John Wick Bowman, The Drama
of the Book of Revelation, pág. 114).
A afirmação acima torna claro que o papado rejuvenescido é o número oito do grupo,
e sugere de maneira inequívoca que a imagem da besta (a fase do dragão da besta de
dois chifres), deve ser o número 7 com a apostasia anti-Gênesis dos nossos dias como
o número 6. Isto não descarta a possibilidade do aparecimento pessoal de Satanás,
personificando a Cristo, o que poderá significar o número 8 do conjunto de cabeças.
5. Deste rápido esboço inferimos com clareza que nas profecias de Daniel e Apocalipse
encontramos várias espécies de animais rapinantes, empregados como símbolos de
organizações humanas que operam contra Deus e Seu povo. Nos dias primitivos,
quando Deus tinha um grupo político ou uma nação como Seu representante na terra,
as bestas que se lhe opunham, eram também nações. Porém Deus e todos os
habitantes do céu estão sempre mais interessados na difusão de idéias ou doutrinas
do que na mudança de fronteiras nacionais ou políticas. Por conseguinte, no decurso
dos séculos, quando a obra de Deus se tornou internacional em sua extensão, a
oposição organizada de Satanás, também se tornou mais universal. Por esta razão, as
bestas simbólicas que representam a obra satânica em nossos dias, o tempo do fim,
devem representar de preferência influências universais ou ideológicas, em vez de
meros grupos nacionais ou políticos. Hoje podemos observá-lo em base mundial.
É verdade que em primeiro lugar é sempre mostrado o diabo na pessoa de seus títeres
humanos, quando são apresentados os símbolos proféticos. Os animais, por exemplo,
são como que peças de jardim de infância dados para nossa instrução. Sempre
devemos recordar-nos do duplo sentido atrás de tudo isto, porquanto quase todos são
passíveis de aplicação dupla. Podemos aplicá-los onde for apropriado; e onde quer que
forem apropriados, podemos usá-los. Foi-nos dito que "conquanto o dragão
represente primeiramente Satanás, é, em sentido secundário, símbolo de Roma pagã".
(GC. 438). Os expectantes anjos celestiais compreendem que o arqui-rebelde é
descrito em todos estes símbolos; mas nós aqui na terra entendemos que eles
representam entidades humanas através das quais Satanás realiza seus intentos.
Há três símbolos que compreendem toda a obra do maligno durante as últimas horas
do tempo. O dragão, a besta semelhante ao leopardo, e a besta de dois chifres, ou o
falso profeta, dos quais se fala em Apoc. 16:13, 14 como representantes de todas as
forças que se unem contra Deus e Seu povo bem no fim. Por conseguinte parece justo
concluir que esses símbolos devem ser entendidos no seu sentido mais lato como
representando três ideologias globais que nos últimos dias controlarão o pensamento
e as ações de grandes massas da humanidade. Por exemplo, podemos distinguir no
dragão o símbolo da infidelidade organizada como no comunismo de Karl Marx. A
besta semelhante ao leopardo representa o Catolicismo Romano quanto ao seu
aspecto universal, que por certo não é uma nação na acepção da palavra, mas a
religião como um todo, tão atuante na Nova Zelândia e na América como na Itália.
Igualmente o falso profeta não está confinado aos Estados Unidos. Representa os
aspectos modernos do protestantismo apostatado, que já foi intitulado de a
"americanização da religião". Este pode ser encontrado na Austrália, na África do Sul
ou na Alemanha tanto quanto na América do Norte.
O que foi dito acima enfatiza que fronteiras nacionais não entram em consideração
nos dias de hoje. Estes três poderes apostatados se misturam e se interligam. E as
profecias divinas afirmam que eles representam todas as potências da terra que nos
últimos instantes da história da terra combinar-se-ão para guerrearem contra Deus e
Sua igreja, e esta estará também espalhada ao redor do globo.
Cumpre lembrar-nos que as profecias seriadas de Daniel apresentam as nações então
dominantes que uma após outra mantinham o povo de Deus em sujeição, após a
apostasia de Israel e Judá, quando perderam a independência. Esta sucessão de nações
dominadoras representa os esforços de Satanás, temporariamente bem sucedidos,
para ajustar os negócios humanos à sua vontade. Os três símbolos principais do
6. Apocalipse – o dragão, a besta semelhante ao leopardo, e a mulher montada na besta
escarlate – todos recapitulam o que já havia sido dado por Daniel, todavia ampliam a
descrição das condições que existirão exatamente nos últimos dias. Os sete estágios
sucessivos do controle parcial de Satanás sobre a terra, são apresentados pelas sete
cabeças que aparecem nos três animais mencionados, nos capítulos 12, 13 e 17 de
Apocalipse. Estes três animais simbólicos repetem de maneira sucinta a história
anterior mas concentram-se nos eventos dos últimos dias do tempo.
Todos os três símbolos – o dragão, a besta semelhante ao leopardo, e a besta escarlate
– cobrem historicamente o mesmo terreno embora fossem mostrados ao apóstolo
como se realizando em três estágios sucessivos da historia do mundo. O dragão evoca
o domínio satânico sob o ponto de vista do tempo dos Césares. A besta semelhante ao
leopardo dá-o do ponto vista da Idade Média. A besta escarlate de Apocalipse 17
mostra a situação do mundo como observada no tempo do fim, ou seja, dos dias
modernos. Entretanto cada um dos três tem as mesmas sete cabeças e dez chifres,
com variações pormenorizadas, provando que se trata de linhas proféticas
equivalentes, embora a ênfase seja posta em três épocas sucessivas sob o ponto de
vista de tempo.
O número sete denota sempre em profecia algo completo ou a totalidade; e as sete
cabeças nos três animais simbólicos cobrem o período inteiro da história humana, a
começar pela usurpação de Satanás do domínio do mundo nos dias de Ninrode até o
seu fim ignominioso. Porém cada um desses três símbolos, embora vistos por João sob
três aspectos diferentes Roma Imperial, a Idade Média e nossos próprios dias –
recapitulam o passado na sucessão das sete cabeças. Na verdade as três séries de sete
cabeças devem significar a mesma coisa e devem cobrir o mesmo espaço de tempo
desde o Éden perdido até os acontecimentos iniciais do Éden restaurado e o fim da
história humana.
Por fim, estes animais simbólicos são todos descritos em contraste antitético com o
cordeiro, inocente, inofensivo, indefeso, que através de toda a Bíblia é usado como o
símbolo dos métodos e do caráter de Cristo, e de Seu estilo de organização.
O glorioso coro mencionado no fim do capítulo 5 de Apocalipse, mencionado pela
figura literária da "prolepse" (antecipação), é um quadro esplêndido da final e
completa vitória do Cordeiro de Deus sobre toda a oposição e todos os enganos do
inimigo.