O documento discute como o Design de Serviços pode ser usado para promover inovação social. Dois exemplos são apresentados: o "Walking Bus" na Itália, que promove caminhadas seguras para escola, e os "Jardins de Ceres" na França, que conectam fazendeiros diretamente a consumidores de alimentos orgânicos. O Design de Serviços é descrito como uma abordagem centrada no ser humano para criar novas soluções sustentáveis.
1. Inovação social através do Design de Serviços
*texto publicado na minha coluna do portal Eco-Desenvolvimento.
Em meu último artigo citei a importância de se projetar soluções para a
sustentabilidade levando em consideração a cultura, problemas, restrições e
costumes locais. Mostrei a importância do processo de design thinking nesse
caminho e citei como o Design de Serviços tem sido uma arma poderosa
para projetar soluções inovadoras em comunidades da África e Ásia.
Nesse artigo pretendo mostrar no entanto que a aplicação dessa estratégia
está longe de estar limitada ao trabalho com comunidades carentes, podendo
ser utilizada como base estratégica para a realização de mudanças
profundas na sociedade como conhecemos, levando inclusive à adoção de
hábitos mais saudáveis de vida.
Dessa vez quero trazer dois casos que, por sua diversidade de cenário e
impacto em diferentes elementos sociais e culturais, ilustram de forma clara
que a inovação está longe de estar necessariamente conectada a
complicados modelos estratégicos, estando na verdade ligada a estratégias
que permitam uma abordagem empática e participativa.
O primeiro caso é o “Walking Bus”, projeto desenvolvido na Itália que faz
parte de uma série de iniciativas para tornar Roma uma cidade mais
confortável para as crianças.
O projeto torna possível que as crianças andem para as suas escolas sob a
supervisão de dois “motoristas” adultos, um que vai na frente do grupo e o
outro atrás. O chamado “ônibus” é na verdade um grupo de caminhada que
possui pontos de parada para adicionar passageiros ao grupo e rotas
seguras e pré-definidas que garantem que a criança possa interagir com o
meio ambiente, aprender sobre a cidade, ganhar consciência sobre
elementos da vida urbana, se socializar com outras crianças e se exercitar.
(saiba mais sobre esse projeto aqui:
http://www.euro.who.int/document/che/24itaweb.pdf).
O segundo caso que quero ilustrar é o chamado ʻLes Jardins de Ceres” e
consiste em uma associação de consumidores que se reúnem para fechar
acordos com fazendeiros locais para que produzam alimentos orgânicos
seguindo as suas especificações. Esses consumidores participam ativamente
de diversas atividades na fazenda, auxiliando inclusive os fazendeiros no
cultivo e colheita dos alimentos que serão consumidos.
O resultado da criação dessa cadeia de serviços que conecta o fazendeiro
diretamente ao cliente final é, para o consumidor, o acesso a melhores
preços no consumo de alimentos orgânicos produzidos localmente.
Para o fazendeiro é a oportunidade de produzir alimentos orgânicos e
comercializá-los a um preço justo, reduzindo a necessidade do uso de
substâncias para aumento de performance nas colheitas, antes necessárias
para atender às demandas e preços baixos de grandes redes intermediárias,
2. o que acaba por gerar a chamada industrialização do campo. (Saiba mais
sobre esse projeto aqui: http://sustainable-everyday.net/cases/?p=45 )
Esses são dois clássicos exemplos de projetos de design de serviços que
produziram inovação em sua mais natural forma: Idéias empáticas
implementadas com sucesso, que causam quebra no “status quo” e
produzem valor que é reconhecido por todos os participantes da
cadeia.
O design de serviços é uma disciplina que permite a criação sistemática de
inovações sustentáveis em serviços, e cujo foco principal reside em melhorar
as experiências das pessoas. E, claro, por sua característica “centrada no ser
humano”, conforme menciono em meu artigo anterior, é uma arma poderosa
no desenvolvimento de inovações sociais junto a comunidades locais pois
permite a criação de novos pontos de vista para abordar velhos problemas
complicados.
* Atualmente estamos trabalhando com a IDEO na adaptação da versão para
a América Latina do método criado por eles e financiado pela fundação Bill &
Melinda Gates, para implementação de cultura de inovação em ONGʼs
chamado de HCD (Human Centered Design). Em breve poderemos distribuir
e treinar nossas ONGʼs nessa poderosa ferramenta, aguardem.
Tennyson Pinheiro
Ceo da Design Loyalty, consultoria pioneira no Brasil em
projetos de Service Design para inovação de serviços.
http://www.designloyalty.com.br
Blog: (pt) http://designdeservicosbrasil.blogspot.com :: (en)
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